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Uma homenagem aos 150 anos de
“A Origem das Espécies” e aos 200 anos
  do nascimento de Charles Darwin
Plano da palestra
I. O que é uma teoria científica?
II.Ferramentas para detectar falácias.
III.A ideia revolucionária de Darwin.
IV.Confusões e mitos em torno da
  teoria da evolução.
V.A origem da vida, do universo e de
  tudo mais...




                                         2
I
  O que é uma
teoria científica?


                     3
Ciência: um empreendimento recente
●   Alhazen (965 – 1039), pioneiro
    do método experimental: “Livro
    de Ótica”, 1000 dC.
●    Andreas Vesalius (1514 - 1564):
    “Sobre a organização do corpo
    humano” (1543).
●   Nicolau Copérnico (1473 - 1543):
    “Sobre as revoluções das esferas
    celestes” (1543).

                                       4
O método científico




                      5
O problema de Hume (1711 - 1776)
●   Relações causais não são
    encontradas pela razão, mas
    pela indução (experimental).
●   Contudo, como justificar
    experimentalmente a
    indução?
●   Circularidade!

                                   6
O resposta de Hume

    “Embora não existam meios para se
 demonstrar a validade dos procedimentos
 indutivos, a constituição psicológica dos
  seres humanos é tal que não lhes resta
  alternativa a não ser pensar em termos
                indutivos.”


                                             7
A resposta de Popper (1902 - 1994)
●   Não importa quantos cisnes
    brancos possamos ter observado
    na vida, isso não justifica a
    conclusão de que todos os cisnes
    são brancos.
●   Contudo, a observação de um
    único cisne negro significa que
    nem todos os cisnes são brancos.

                                       8
O princípio da refutabilidade
●   Teorias científicas devem
    ser formuladas de
    maneira a se exporem
    abertamente à refutação.
●   Uma teoria só deve ser
    aceita enquanto não tiver
    sido refutada.


                                9
Popper e Einstein
 “...(o experimento) nunca diz 'sim' a
       uma teoria. Nos casos mais
     favoráveis, ele diz 'talvez' e, na
      grande maioria dos casos, diz
 simplesmente 'não'. Provavelmente,
toda teoria algum dia experimentará o
 seu 'não' – a maioria delas, logo após
            sua concepção.”
   Albert Einstein (1879 – 1955),
      escrevendo em 1922.

                                          10
Exemplo de enunciado irrefutável
●   O bule de chá de Russel:

    “Existe um bule de chá
    orbitando o Sol, entre as
    órbitas da Terra e de
    Marte”.

    (Bertrand Russel,
    1872 - 1970)
                                   11
Outro exemplo
●   O dragão de Sagan:

    “Existe um dragão
    indetectável morando na
    minha garagem”.

    (Carl Sagan, 1934 - 1996)

                                12
II
Ferramentas para
 detectar falácias


                     13
1 – Argumento de autoridade
●   O poder e o prestígio de
    uma autoridade não
    podem ser tomados como
    evidência a favor dos
    enunciados por ela feitos.
●   “Nullius in verba” - lema da
    Royal Society of London,
    fundada em 1661.


                                   14
Exemplo de argumento de autoridade

   “...em toda a minha experiência nunca estive em
  nenhum acidente...de qualquer tipo digno de menção.
  Só vi uma única embarcação em perigo em todos os
  meus anos no mar. Nunca vi um náufrago nem nunca
  naufraguei, tampouco enfrentei qualquer contratempo
  que ameaçasse terminar em qualquer tipo de desastre.”

                           (Edward John Smith)


                                                          15
Edward John Smith (1850 - 1912)
●   Edward John Smith cometeu um único erro,...
●   ...ao comandar o RMS Titanic.




                                              16
2 – A falácia da evidência silenciosa
●   Diágoras (sec. V a.C., apud Cicero):
    “Onde estão as imagens
    daqueles que invocaram
    os deuses e ainda assim
    se afogaram?”
●   A história é escrita pelos
    vencedores!


                                           17
3 – Ataque pessoal (“Ad Hominem”)
●   Em um debate devemos
    atacar apenas os
    argumentos, não as
    pessoas que os fazem.




                                    18
Exemplo extremo de ataque pessoal
●   “Einstein obrou fora do vaso
    sanitário, na ótica, que é o
    tapete persa da física. Além
    disso, era mau pai e não
    tomava banho!”


    (Cesar Lattes, 1924-2005, em
    declaração por volta de 1980)


                                    19
4 – A Navalha de Occam
●   Guilherme de Occam (1288 - 1348).
●   Ao analisarmos duas hipóteses
    concorrentes e que façam
    as mesmas previsões,
    devemos escolher aquela
    que for mais simples.



                                        20
5 – “Non Sequitur” (não se segue que)
●   Dizemos “non sequitur”
    quando a conclusão não se
    segue logicamente das
    premissas.
●   Exemplo:
       –   Q: qual o sentido da vida, do
            universo e de tudo mais?
       –   R: 42.

                                           21
6 – Correlação não implica causação
●   A correlação estatística
    entre duas variáveis não
    prova automaticamente
    que uma causa a outra.
●   Possibilidades:
       –   Terceiro fator.
       –   Coincidência.


                                      22
Exemplo
III
   A ideia
revolucionária
  de Darwin

                 24
Três das melhores ideias da ciência
●   Heliocentrismo
    (Copérnico, 1543).
●   Evolução das espécies
    por seleção natural
    (Charles Darwin e Alfred
    Wallace, 1859).
●   Deriva dos continentes
    (Alfred Wegener, 1912).
                                      25
Pontos em comum entres as três ideias
●   Muitos dados sem explicação antes do advento da teoria.
●   Grandes mentes fracassaram na tentativa de explicação
    (Ptolomeu, Lamarck, Franklin, etc.).
●   A teoria correta havia sido sugerida antes.
●   Uma explicação intuitiva, largamente adotada durante
    muito tempo (paradigma antigo), evitou que a resposta
    correta fosse percebida.
●   Após muito debate e acúmulo de evidências, a nova teoria
    tornou-se universalmente aceita (novo paradigma).

                                                               26
A viagem de Darwin (1831 a 1836)




                                   27
O bico do tentilhão
●   Ao voltar para a
    Inglaterra, Darwin
    percebeu que os bicos
    dos tentilhões de
    Galápagos variavam
    de acordo com o
    alimento disponível
    em cada ilha.

                            28
As cinco principais teorias de Darwin
I. As espécies são mutáveis.
II.Todos os organismos descendem de um
  ancestral comum.
III.A evolução é gradual.
IV.As espécies tendem a se multiplicar.
V.Os indivíduos de uma espécie estão sujeitos
 à seleção natural.

                                                29
A axiomática de Darwin
●   Se as espécies variam.
●   Se existe luta pela vida.
●   Se os poucos indivíduos que sobrevivem passam a
    seus descendentes aquelas características que lhes
    permitiram sobreviver.
●   Então os descendentes serão mais bem adaptados
    àquelas circunstâncias nas quais seus pais
    viveram.

                                                         30
Em outras palavras...
●   Variação + Seleção +
    Hereditariedade =
    Adaptação.
●   Uma nova espécie é o
    resultado de incontáveis
    ciclos de variação,
    seleção e adaptação.


                               31
Exemplo: o Arqueopterix
●   Período Jurássico, 140 a 145 milhões de anos.
●   Penas e asas de pássaro.
●   Dentes e bico de réptil.
●   Cauda óssea e esqueleto
    mais pesado do que os
    das aves modernas.




                                                    32
Problemas com a teoria original
●   A falta de uma teoria para a
    hereditariedade (Mendel e
    Darwin não se conheceram).
●   Para a evolução funcionar, a
    Terra deveria ser muito antiga
    (mas Lord Kelvin havia
    calculado que a idade da Terra
    estaria entre 20 e 40 milhões de
    anos).
                                       33
O outro Lord Kelvin...
A síntese moderna (1936 a 1947)
●   Ronald A. Fisher, J.B.S.
    Haldane, Sewall Wright,
    Ernst Mayr, Theodosius
    Dobzhansky e outros.
●   Síntese moderna (grosso
    modo) = seleção natural
    darwiniana + hereditariedade
    mendeliana.
                                   35
“Nada em biologia faz
 sentido, a não ser à
  luz da evolução.”

Theodosius Dobzhansky
     (1900 - 1975)
                        36
IV
Confusões e mitos
em torno da teoria
  da evolução
                     37
Mito 1
A teoria da evolução é
  falsa, pois trata-se
  “apenas” de uma
         teoria.
                         38
Teorias científicas não são “chutes”
●   Para um leigo, uma “teoria” é uma especulação,
    um palpite, um “chute”.
●   Para o cientista, uma teoria
    é um conjunto de hipóteses
    e enunciados dela derivados,
    sujeitos à verificação (refuta-
    ção) experimental.



                                                     39
A escala de teorias de Penrose (1989)
1. Teorias experimentais (especulativas):
  supercordas, supersimetria, GUTs.
2. Teorias úteis: cromodinâmica quântica
  (QCD), unificação eletrofraca.
3. Teorias soberbas: Relatividade, eletrodinâ-
  mica clássica, eletrodinâmica quântica
  (QED), teoria sintética da evolução.

                                                 40
Mito 2
  Uma vez aceita, a
 teoria da evolução
    conduziria ao
“darwinismo social”.
                       41
Darwinismo social?
●   Herbert Spencer (1820 – 1903):
    “sobrevivência do mais apto”.
●   Confusão entre sucesso
    econômico e sucesso biológico.
●   Confusão entre “aqui que é” e
    aquilo que “gostaríamos que
    fosse” (guilhotina de Hume).
●   Justificativa para o
    imperialismo europeu.
                                     42
Mito 3
A teoria da evolução
significa que tudo em
biologia acontece por
        acaso.
                        43
A evolução se dá em duas etapas
1. Variações (mutações) ocorrem de maneira
  aleatória.
2. Os indivíduos portadores das mutações
  mais vantajosas são selecionados.


●   Embora as mutações sejam aleatórias, o
    processo de seleção é determinístico.

                                             44
Mito 4
  A teoria da evolução é
falsa, pois a simplicidade
 não pode dar origem à
      complexidade.
                         45
A complexa vida das formigas
●   A rainha é uma reprodutora,
    não uma administradora.
●   Formigas individuais não são
    muito inteligentes e odebecem
    a regras muito simples.
●   Formigueiros são exemplos de
    sistemas adaptativos
    complexos.


                                    46
Emergência
●   Emergência é a capacidade
    de sistemas complexos
    surgirem a partir de uma
    multiplicidade de interações
    simples.
●   Comportamento emergente.
●   A complexidade não é
    irredutível!

                                   47
Lembre-se:
 “A evolução é mais
esperta do que você!”

Leslie Orgel, 1927-2007
                          48
V
A origem da vida,
do universo e de
   tudo mais...
                    49
Três problemas fundamentais
1. A origem do universo.
2. A origem da mente.
3. A origem da vida.




                              50
1 – A origem do universo
●   Se a teoria das supercordas
    estiver correta, o espaço, o
    tempo e a matéria podem
    ser vistos como proprie-
    dades emergentes das
    supercordas e do boson de
    Higgs.


                                   51
2 – A origem da mente
●   Em um primeiro nível, a mente
    pode ser vista como um
    comportamento emergente
    das conexões neurais.
●   Em um segundo nível, a
    emergência se dá também a
    partir da linguagem e das
    relações sociais.
                                    52
3 – A origem da vida (abiogênese)
●   Abiogênese aristotélica
    (geração espontânea): a vida
    surgiria constantemente a
    partir de matéria não viva.
●   Abiogênese moderna: a
    vida surgiu uma ou mais
    vezes, há 3,8 bilhões de
    anos.
                                    53
Importante:
abiogênese e teoria da
  evolução são dois
problemas diferentes e
      separados!
                         54
Abrangência da teoria da evolução




                                    55
DNA (Ácido Desoxirribonucleico)
●   Ácido nucleico que contém toda a
    informação genética dos seres
    vivos.
●   Genes são segmentos de DNA.
●   Componentes (bases nitrogenadas):
    adenina-timina, guanina-citosina.
●   Nucleotídeo = base nitrogenada +
    fosfato + açúcar.

                                        56
RNA (Ácido Ribonucleico)
●   Intermediário no processo de
    síntese de proteínas.
●   Tipos: mensageiro, ribos-
    sômico, transportador, etc.
●   Componentes: adenina-
    uracila, guanina-citosina.



                                   57
DNA e proteínas
●   A vida depende do DNA.
●   O DNA é feito de
    proteínas, mas...
●   O DNA também é o
    responsável por
    codificar as proteínas.



                              58
Hipótese do mundo do RNA
●   Alexander Rich (1963), Carl
    Woese (1968), Walter
    Gilbert (1986) e outros.
●   O mundo do DNA foi
    precedido por um mundo
    mais simples: o mundo do
    RNA autorreplicante.


                                  59
Síntese de aminoácidos
●   Stanley L. Miller, Harold
    C. Urey (1952).
●   Simulação da atmosfera
    primitiva.
●   Água + metano +
    amônia + hidrogênio +
    energia = aminoácidos
    (glicina e outros).
                                60
Síntese de Citosina e Uracila
●   John Sutherland et al., maio de 2009.
●   Cadeia complexa de reações produz 2-amino-oxazol, uma
    molécula estável e volátil, ligada a um pedaço de base nit.
●   Vaporização e condensação permite acúmulo de
    moléculas purificadas e posterior formação de açúcares e
    bases nitrogenadas completas, ligados um ao outro.
●   Radiação UV elimina nucleotídeos “errados”, deixando
    apenas aqueles da Citosina e Uracila.
●   Falta descobrir um caminho para Adenina e Guanina.

                                                                  61
A vida emerge da matéria não viva
Probabilidade: menor do que uma em um trilhão.




Contudo, eventos improváveis acontecem o tempo
todo...
                                                 62
Conclusão
   A resposta para a
pergunta sobre a vida, o
universo e tudo mais é:
    comportamento
      emergente!
                           63
Para saber mais
●   “O quark e o jaguar – as aventuras no simples e
    no complexo”, Murray Gell-Mann, 1994.




                                                      64
Ufa! É o
 Fim!

Obrigado

           65

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A origem das espécies e Darwin: 150 anos de evolução

  • 1. Uma homenagem aos 150 anos de “A Origem das Espécies” e aos 200 anos do nascimento de Charles Darwin
  • 2. Plano da palestra I. O que é uma teoria científica? II.Ferramentas para detectar falácias. III.A ideia revolucionária de Darwin. IV.Confusões e mitos em torno da teoria da evolução. V.A origem da vida, do universo e de tudo mais... 2
  • 3. I O que é uma teoria científica? 3
  • 4. Ciência: um empreendimento recente ● Alhazen (965 – 1039), pioneiro do método experimental: “Livro de Ótica”, 1000 dC. ● Andreas Vesalius (1514 - 1564): “Sobre a organização do corpo humano” (1543). ● Nicolau Copérnico (1473 - 1543): “Sobre as revoluções das esferas celestes” (1543). 4
  • 6. O problema de Hume (1711 - 1776) ● Relações causais não são encontradas pela razão, mas pela indução (experimental). ● Contudo, como justificar experimentalmente a indução? ● Circularidade! 6
  • 7. O resposta de Hume “Embora não existam meios para se demonstrar a validade dos procedimentos indutivos, a constituição psicológica dos seres humanos é tal que não lhes resta alternativa a não ser pensar em termos indutivos.” 7
  • 8. A resposta de Popper (1902 - 1994) ● Não importa quantos cisnes brancos possamos ter observado na vida, isso não justifica a conclusão de que todos os cisnes são brancos. ● Contudo, a observação de um único cisne negro significa que nem todos os cisnes são brancos. 8
  • 9. O princípio da refutabilidade ● Teorias científicas devem ser formuladas de maneira a se exporem abertamente à refutação. ● Uma teoria só deve ser aceita enquanto não tiver sido refutada. 9
  • 10. Popper e Einstein “...(o experimento) nunca diz 'sim' a uma teoria. Nos casos mais favoráveis, ele diz 'talvez' e, na grande maioria dos casos, diz simplesmente 'não'. Provavelmente, toda teoria algum dia experimentará o seu 'não' – a maioria delas, logo após sua concepção.” Albert Einstein (1879 – 1955), escrevendo em 1922. 10
  • 11. Exemplo de enunciado irrefutável ● O bule de chá de Russel: “Existe um bule de chá orbitando o Sol, entre as órbitas da Terra e de Marte”. (Bertrand Russel, 1872 - 1970) 11
  • 12. Outro exemplo ● O dragão de Sagan: “Existe um dragão indetectável morando na minha garagem”. (Carl Sagan, 1934 - 1996) 12
  • 14. 1 – Argumento de autoridade ● O poder e o prestígio de uma autoridade não podem ser tomados como evidência a favor dos enunciados por ela feitos. ● “Nullius in verba” - lema da Royal Society of London, fundada em 1661. 14
  • 15. Exemplo de argumento de autoridade “...em toda a minha experiência nunca estive em nenhum acidente...de qualquer tipo digno de menção. Só vi uma única embarcação em perigo em todos os meus anos no mar. Nunca vi um náufrago nem nunca naufraguei, tampouco enfrentei qualquer contratempo que ameaçasse terminar em qualquer tipo de desastre.” (Edward John Smith) 15
  • 16. Edward John Smith (1850 - 1912) ● Edward John Smith cometeu um único erro,... ● ...ao comandar o RMS Titanic. 16
  • 17. 2 – A falácia da evidência silenciosa ● Diágoras (sec. V a.C., apud Cicero): “Onde estão as imagens daqueles que invocaram os deuses e ainda assim se afogaram?” ● A história é escrita pelos vencedores! 17
  • 18. 3 – Ataque pessoal (“Ad Hominem”) ● Em um debate devemos atacar apenas os argumentos, não as pessoas que os fazem. 18
  • 19. Exemplo extremo de ataque pessoal ● “Einstein obrou fora do vaso sanitário, na ótica, que é o tapete persa da física. Além disso, era mau pai e não tomava banho!” (Cesar Lattes, 1924-2005, em declaração por volta de 1980) 19
  • 20. 4 – A Navalha de Occam ● Guilherme de Occam (1288 - 1348). ● Ao analisarmos duas hipóteses concorrentes e que façam as mesmas previsões, devemos escolher aquela que for mais simples. 20
  • 21. 5 – “Non Sequitur” (não se segue que) ● Dizemos “non sequitur” quando a conclusão não se segue logicamente das premissas. ● Exemplo: – Q: qual o sentido da vida, do universo e de tudo mais? – R: 42. 21
  • 22. 6 – Correlação não implica causação ● A correlação estatística entre duas variáveis não prova automaticamente que uma causa a outra. ● Possibilidades: – Terceiro fator. – Coincidência. 22
  • 24. III A ideia revolucionária de Darwin 24
  • 25. Três das melhores ideias da ciência ● Heliocentrismo (Copérnico, 1543). ● Evolução das espécies por seleção natural (Charles Darwin e Alfred Wallace, 1859). ● Deriva dos continentes (Alfred Wegener, 1912). 25
  • 26. Pontos em comum entres as três ideias ● Muitos dados sem explicação antes do advento da teoria. ● Grandes mentes fracassaram na tentativa de explicação (Ptolomeu, Lamarck, Franklin, etc.). ● A teoria correta havia sido sugerida antes. ● Uma explicação intuitiva, largamente adotada durante muito tempo (paradigma antigo), evitou que a resposta correta fosse percebida. ● Após muito debate e acúmulo de evidências, a nova teoria tornou-se universalmente aceita (novo paradigma). 26
  • 27. A viagem de Darwin (1831 a 1836) 27
  • 28. O bico do tentilhão ● Ao voltar para a Inglaterra, Darwin percebeu que os bicos dos tentilhões de Galápagos variavam de acordo com o alimento disponível em cada ilha. 28
  • 29. As cinco principais teorias de Darwin I. As espécies são mutáveis. II.Todos os organismos descendem de um ancestral comum. III.A evolução é gradual. IV.As espécies tendem a se multiplicar. V.Os indivíduos de uma espécie estão sujeitos à seleção natural. 29
  • 30. A axiomática de Darwin ● Se as espécies variam. ● Se existe luta pela vida. ● Se os poucos indivíduos que sobrevivem passam a seus descendentes aquelas características que lhes permitiram sobreviver. ● Então os descendentes serão mais bem adaptados àquelas circunstâncias nas quais seus pais viveram. 30
  • 31. Em outras palavras... ● Variação + Seleção + Hereditariedade = Adaptação. ● Uma nova espécie é o resultado de incontáveis ciclos de variação, seleção e adaptação. 31
  • 32. Exemplo: o Arqueopterix ● Período Jurássico, 140 a 145 milhões de anos. ● Penas e asas de pássaro. ● Dentes e bico de réptil. ● Cauda óssea e esqueleto mais pesado do que os das aves modernas. 32
  • 33. Problemas com a teoria original ● A falta de uma teoria para a hereditariedade (Mendel e Darwin não se conheceram). ● Para a evolução funcionar, a Terra deveria ser muito antiga (mas Lord Kelvin havia calculado que a idade da Terra estaria entre 20 e 40 milhões de anos). 33
  • 34. O outro Lord Kelvin...
  • 35. A síntese moderna (1936 a 1947) ● Ronald A. Fisher, J.B.S. Haldane, Sewall Wright, Ernst Mayr, Theodosius Dobzhansky e outros. ● Síntese moderna (grosso modo) = seleção natural darwiniana + hereditariedade mendeliana. 35
  • 36. “Nada em biologia faz sentido, a não ser à luz da evolução.” Theodosius Dobzhansky (1900 - 1975) 36
  • 37. IV Confusões e mitos em torno da teoria da evolução 37
  • 38. Mito 1 A teoria da evolução é falsa, pois trata-se “apenas” de uma teoria. 38
  • 39. Teorias científicas não são “chutes” ● Para um leigo, uma “teoria” é uma especulação, um palpite, um “chute”. ● Para o cientista, uma teoria é um conjunto de hipóteses e enunciados dela derivados, sujeitos à verificação (refuta- ção) experimental. 39
  • 40. A escala de teorias de Penrose (1989) 1. Teorias experimentais (especulativas): supercordas, supersimetria, GUTs. 2. Teorias úteis: cromodinâmica quântica (QCD), unificação eletrofraca. 3. Teorias soberbas: Relatividade, eletrodinâ- mica clássica, eletrodinâmica quântica (QED), teoria sintética da evolução. 40
  • 41. Mito 2 Uma vez aceita, a teoria da evolução conduziria ao “darwinismo social”. 41
  • 42. Darwinismo social? ● Herbert Spencer (1820 – 1903): “sobrevivência do mais apto”. ● Confusão entre sucesso econômico e sucesso biológico. ● Confusão entre “aqui que é” e aquilo que “gostaríamos que fosse” (guilhotina de Hume). ● Justificativa para o imperialismo europeu. 42
  • 43. Mito 3 A teoria da evolução significa que tudo em biologia acontece por acaso. 43
  • 44. A evolução se dá em duas etapas 1. Variações (mutações) ocorrem de maneira aleatória. 2. Os indivíduos portadores das mutações mais vantajosas são selecionados. ● Embora as mutações sejam aleatórias, o processo de seleção é determinístico. 44
  • 45. Mito 4 A teoria da evolução é falsa, pois a simplicidade não pode dar origem à complexidade. 45
  • 46. A complexa vida das formigas ● A rainha é uma reprodutora, não uma administradora. ● Formigas individuais não são muito inteligentes e odebecem a regras muito simples. ● Formigueiros são exemplos de sistemas adaptativos complexos. 46
  • 47. Emergência ● Emergência é a capacidade de sistemas complexos surgirem a partir de uma multiplicidade de interações simples. ● Comportamento emergente. ● A complexidade não é irredutível! 47
  • 48. Lembre-se: “A evolução é mais esperta do que você!” Leslie Orgel, 1927-2007 48
  • 49. V A origem da vida, do universo e de tudo mais... 49
  • 50. Três problemas fundamentais 1. A origem do universo. 2. A origem da mente. 3. A origem da vida. 50
  • 51. 1 – A origem do universo ● Se a teoria das supercordas estiver correta, o espaço, o tempo e a matéria podem ser vistos como proprie- dades emergentes das supercordas e do boson de Higgs. 51
  • 52. 2 – A origem da mente ● Em um primeiro nível, a mente pode ser vista como um comportamento emergente das conexões neurais. ● Em um segundo nível, a emergência se dá também a partir da linguagem e das relações sociais. 52
  • 53. 3 – A origem da vida (abiogênese) ● Abiogênese aristotélica (geração espontânea): a vida surgiria constantemente a partir de matéria não viva. ● Abiogênese moderna: a vida surgiu uma ou mais vezes, há 3,8 bilhões de anos. 53
  • 54. Importante: abiogênese e teoria da evolução são dois problemas diferentes e separados! 54
  • 55. Abrangência da teoria da evolução 55
  • 56. DNA (Ácido Desoxirribonucleico) ● Ácido nucleico que contém toda a informação genética dos seres vivos. ● Genes são segmentos de DNA. ● Componentes (bases nitrogenadas): adenina-timina, guanina-citosina. ● Nucleotídeo = base nitrogenada + fosfato + açúcar. 56
  • 57. RNA (Ácido Ribonucleico) ● Intermediário no processo de síntese de proteínas. ● Tipos: mensageiro, ribos- sômico, transportador, etc. ● Componentes: adenina- uracila, guanina-citosina. 57
  • 58. DNA e proteínas ● A vida depende do DNA. ● O DNA é feito de proteínas, mas... ● O DNA também é o responsável por codificar as proteínas. 58
  • 59. Hipótese do mundo do RNA ● Alexander Rich (1963), Carl Woese (1968), Walter Gilbert (1986) e outros. ● O mundo do DNA foi precedido por um mundo mais simples: o mundo do RNA autorreplicante. 59
  • 60. Síntese de aminoácidos ● Stanley L. Miller, Harold C. Urey (1952). ● Simulação da atmosfera primitiva. ● Água + metano + amônia + hidrogênio + energia = aminoácidos (glicina e outros). 60
  • 61. Síntese de Citosina e Uracila ● John Sutherland et al., maio de 2009. ● Cadeia complexa de reações produz 2-amino-oxazol, uma molécula estável e volátil, ligada a um pedaço de base nit. ● Vaporização e condensação permite acúmulo de moléculas purificadas e posterior formação de açúcares e bases nitrogenadas completas, ligados um ao outro. ● Radiação UV elimina nucleotídeos “errados”, deixando apenas aqueles da Citosina e Uracila. ● Falta descobrir um caminho para Adenina e Guanina. 61
  • 62. A vida emerge da matéria não viva Probabilidade: menor do que uma em um trilhão. Contudo, eventos improváveis acontecem o tempo todo... 62
  • 63. Conclusão A resposta para a pergunta sobre a vida, o universo e tudo mais é: comportamento emergente! 63
  • 64. Para saber mais ● “O quark e o jaguar – as aventuras no simples e no complexo”, Murray Gell-Mann, 1994. 64
  • 65. Ufa! É o Fim! Obrigado 65