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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES


                           Universidade Federal de Santa Catarina
                    Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
                          Disciplina: Profissionais da de Informação
                             Professora: Miriam Vieira da Cunha
                                   Aluna: Alessandra Galdo


Resumo de: RODRIGUES, M.L. Sociologia das profissões. Oeiras, Portugal: Celta Editora,
2002.

Abbott e a abordagem sistêmica do fenômeno das profissões

Autores dos diferentes paradigmas são unânimes em considerar o livro de Abbott (1988), The
System of Professions: An Essay on Division of Expert Labor, um marco na história da disciplina.

A abordagem de Abbott faz uma síntese de vários paradigmas presentes na sociologia das
profissões. Embora o autor se reclame tributário, sobretudo de Hughes e do interacionismo
simbólico, é muito evidente a presença de contributos de outras escolas.

Os cinco principais pressupostos:

     1) o estudo das profissões deve centrar-se nas áreas de atividade sobre as quais detêm o
     direito de controlar a prestação de serviços – jurisdições;
     2) as disputas, os conflitos e a competição em áreas jurisdicionais constituem a dinâmica
     de desenvolvimento profissional;
     3) as profissões existem no conjunto do sistema ocupacional e não como entidades
     isoladas, pelo que a sua abordagem deve considerar o sistema de interdependência nas
     relações entre os grupos profissionais;
     4) o principal recurso na disputa jurisdicional, e a característica que melhor define
     profissão, é o conhecimento abstrato: a abstração confere capacidade de sobrevivência,
     uma vez que só um sistema de conhecimento abstrato permite redefinir e dimensionar
     novos problemas e tarefas;
     5) os processos de desenvolvimento profissional são multidirecionais, não se podem
     sustentar as teses de tendência (profissionalização ou desprofissionalização).

A proposta teórico-metodológica de Abbott (1988) desenvolve-se em três níveis de análise
do fenômeno:

     1) o processo e as condições do estabelecimento efetivo e da manutenção de jurisdição,
     de que são elementos fundamentais a natureza do trabalho profissional e as estruturas
     que sustentam as jurisdições;
     2) as fontes de mudança no interior do sistema: as profissões são internamente
     diferenciadas e mudanças na sua composição interna podem afetar ou introduzir
     transformações no poder e na legitimidade dessas mesmas profissões;
     3) as fontes de mudança localizadas no exterior do sistema, isto é, no contexto
     sociocultural, nomeadamente as mudanças macros sociais no conhecimento, nas
     tecnologias e nas organizações.




                    Página 1 de ALESSANDRA GALDO
A natureza do trabalho

(...) a natureza do trabalho profissional ajuda a determinar a vulnerabilidade das jurisdições
perante a interferência dos grupos competidores.

Diagnóstico, tratamento, inferência e conhecimento acadêmico constituem a maquinaria
cognitiva da jurisdição.

O diagnóstico e o tratamento são atos de mediação, isto é, de gestão de informação, tendo na
base sistemas de classificação de problemas (que vão do comum ao esotérico).

A inferência, ao contrário, é um ato puramente profissional, atua quando a conexão entre
diagnóstico e tratamento é obscura, por exclusão ou por construção.
(...) a vulnerabilidade jurisdicional resulta do grau de predominância de inferência versus rotina
na conexão do diagnóstico com o tratamento.

O conhecimento acadêmico é um elemento-chave do sistema; o caráter abstrato do sistema de
classificação, do sistema de conhecimento que formaliza o saber-fazer profissional é ditado
pelos acadêmicos, cujo critério não é o da clareza prática e da eficácia, mas o da consistência
lógica e da racionalidade. Possibilita o desenvolvimento/produção de novos diagnósticos,
tratamentos e métodos de inferência.

     (...) De fato, o verdadeiro uso do saber profissional acadêmico é menos prático do que
     simbólico. O conhecimento acadêmico legitima o trabalho profissional através da
     clarificação das suas fundamentações e traça os mais elevados valores culturais. Na
     maioria das profissões modernas, estes são os valores da racionalidade, da lógica e da
     ciência. (…) A clareza e o caráter cientificamente lógico do trabalho profissional, legitimam
     o trabalho no contexto de valores mais amplos. (Abbott, 1988:53-54).

     O sistema de conhecimento acadêmico de uma profissão realiza geralmente três tarefas –
     legitimação, investigação e instrução (Abbott, 1988:56-57).

No entanto, construir a expertise, o saber-fazer, e justificá-los cognitivamente não é suficiente
para a definição da jurisdição: É necessário o reconhecimento social da estrutura cognitiva.

A fixação de jurisdição – proibição legal de outros grupos ou indivíduos desenvolverem o
trabalho – (pode ser total, por subordinação, interdependência de grupos ou controle). A
jurisdição total é normalmente baseada no poder do conhecimento abstrato.
      A subordinação: delegar ou transferir o trabalho de rotina.
      A interdependência de grupos: divisão de jurisdição ou divisão do trabalho entre
      profissões estabelecidas refletem o desenvolvimento complexo de tarefas.
      A estrutura interna ou organização social de uma profissão tem três componentes:
          os grupos ou segmentos (com diversas formas e características);
          as instituições de controle (escolas, licenças, códigos de ética);
          as situações de trabalho.

Em síntese:

A fixação de jurisdição por parte dos grupos profissionais incorpora controle social e cognitivo.
O controle cognitivo atualiza-se no trabalho com o desenvolvimento das tarefas, sendo
legitimado pelo conhecimento formal que segue valores fundamentais; o controle social
atualiza-se em reivindicações nos campos da opinião pública, legal ou nos locais de trabalho.



                         Página 2 de ALESSANDRA GALDO
Dinâmica e equilíbrio do sistema das profissões: Fontes de mudanças no
interior e no exterior do sistema



Forças internas:
   desenvolvimento de novos conhecimentos ou saberes;
   mudanças na estrutura social das profissões, como grupos novos ou já existentes que
     procuram desenvolver-se.
Forças externas:
   decorrentes de alterações na tecnologia ou nas organizações, de fatos naturais ou de
     fatos culturais.
   fortalecem ou enfraquecem áreas de jurisdição, introduzem mudanças que provocam
     uma cadeia de distúrbios/perturbações que se propagam através do sistema.



    As diferenças internas são um dos principais mecanismos da dinâmica do sistema.

    Grupos organizadas de indivíduos:
    Diferentes atividades
    diferentes locais de trabalho
    diferentes clientes
    diferentes carreiras,

    Essas diferenças geram e absorvem perturbações, afetam a interconexão entre profissões.

    Existem quatro grandes tipos de diferenças internas:

• Estatuto intraprofissional
       estratificação no interior dos grupos profissionais:
     - os profissionais que recebem dos pares mais alto estatuto são os que trabalham mais
       próximo do conhecimento aplicado: acadêmicos, consultores, etc.
       inversamente, situam-se no fim da escala os que estão mais afastados do conhecimento e
       mais próximos dos clientes.


• Clientes
        quot;O problema central é que os profissionais orientados para quot;clientes específicosquot; são
        vulneráveis ao destino dos seus clientes, o qual é estabelecido fora do sistema . Esta
        ligação é particularmente forte quando a diferenciação do cliente conduziu à
        diferenciação de tarefas.quot; (Abbott, 1988)

• Organização do trabalho
       relação profissional
       estatuto jurídico
       dimensão da organização


• Padrões de carreira
       muitas profissões têm carreiras típicas; existem padrões de carreira oficiais e outras não
       oficiais
       diferentes carreiras refletem diversos estatutos e podem estar associadas à necessidade
       de maiores ou menores períodos de formação.




                             Página 3 de ALESSANDRA GALDO
O poder em Abbott.


Mesmo fora do sistema pode haver recursos de poder, nomeadamente a proteção do Estado
ou alianças com determinadas classes sociais.

No entanto, Abbott acredita na capacidade de realização do conhecimento, assim como na
eficiência e eficácia como principais mecanismos reguladores do mercado.

     quot;A existência de um poder dominante e de um sistema conservador não pode ser posta
     em dúvida; a questão depende do seu grau. Como qualquer modelo competitivo e
     equilibrado, este reconhece as forças que retardam o equilíbrio em curto prazo. Mas
     acredita-se que em longo prazo as forças de equilíbrio prevalecem, pressupondo que
     nenhuma profissão proporcionando maus serviços possa aguentar-se indefinidamente
     contra competidores externos, por muito poderosa que seja.quot; (Abbott)

O poder é exercido nos três campos de jurisdição: legal, público e situação de trabalho.



Em síntese…
Abbott conceitualiza uma abordagem dinâmica do fenômeno das profissões.

Se idealmente a harmonia e o equilíbrio existem, realizando cada uma das ocupações um
conjunto particular de tarefas distintas e complementares, na realidade ocorrem inúmeros
conflitos de disputa de áreas de atividade, sendo através da resolução de tais conflitos que se
redefinem as relações entre as ocupações.

Das teorias funcionalistas, Abbott recupera a importância e centralidade do conhecimento
como atributo ou traço característico das profissões: analisa o papel do conhecimento abstrato
na fixação, manutenção e fortalecimento de jurisdições;

Do interacionismo, Abbott recupera os conceitos de segmentação intraprofissional e de processo,
analiticamente pertinentes para compreender a base social dos conflitos interprofissionais.

Do paradigma do poder, recupera o próprio conceito de poder, os de auto-interesse e de ação
política, mais do que sugestivos para a análise da resolução de conflitos.




REFERÊNCIAS:

RODRIGUES, M.L. Sociologia das profissões. Oeiras, Portugal: Celta Editora, 2002.

ABBOTT, A. The system of professions: an essay on the division of expert labour. Chicago:
The University of Chicago Press, 1988.




                         Página 4 de ALESSANDRA GALDO

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Sociologia Das Profissões

  • 1. SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação Disciplina: Profissionais da de Informação Professora: Miriam Vieira da Cunha Aluna: Alessandra Galdo Resumo de: RODRIGUES, M.L. Sociologia das profissões. Oeiras, Portugal: Celta Editora, 2002. Abbott e a abordagem sistêmica do fenômeno das profissões Autores dos diferentes paradigmas são unânimes em considerar o livro de Abbott (1988), The System of Professions: An Essay on Division of Expert Labor, um marco na história da disciplina. A abordagem de Abbott faz uma síntese de vários paradigmas presentes na sociologia das profissões. Embora o autor se reclame tributário, sobretudo de Hughes e do interacionismo simbólico, é muito evidente a presença de contributos de outras escolas. Os cinco principais pressupostos: 1) o estudo das profissões deve centrar-se nas áreas de atividade sobre as quais detêm o direito de controlar a prestação de serviços – jurisdições; 2) as disputas, os conflitos e a competição em áreas jurisdicionais constituem a dinâmica de desenvolvimento profissional; 3) as profissões existem no conjunto do sistema ocupacional e não como entidades isoladas, pelo que a sua abordagem deve considerar o sistema de interdependência nas relações entre os grupos profissionais; 4) o principal recurso na disputa jurisdicional, e a característica que melhor define profissão, é o conhecimento abstrato: a abstração confere capacidade de sobrevivência, uma vez que só um sistema de conhecimento abstrato permite redefinir e dimensionar novos problemas e tarefas; 5) os processos de desenvolvimento profissional são multidirecionais, não se podem sustentar as teses de tendência (profissionalização ou desprofissionalização). A proposta teórico-metodológica de Abbott (1988) desenvolve-se em três níveis de análise do fenômeno: 1) o processo e as condições do estabelecimento efetivo e da manutenção de jurisdição, de que são elementos fundamentais a natureza do trabalho profissional e as estruturas que sustentam as jurisdições; 2) as fontes de mudança no interior do sistema: as profissões são internamente diferenciadas e mudanças na sua composição interna podem afetar ou introduzir transformações no poder e na legitimidade dessas mesmas profissões; 3) as fontes de mudança localizadas no exterior do sistema, isto é, no contexto sociocultural, nomeadamente as mudanças macros sociais no conhecimento, nas tecnologias e nas organizações. Página 1 de ALESSANDRA GALDO
  • 2. A natureza do trabalho (...) a natureza do trabalho profissional ajuda a determinar a vulnerabilidade das jurisdições perante a interferência dos grupos competidores. Diagnóstico, tratamento, inferência e conhecimento acadêmico constituem a maquinaria cognitiva da jurisdição. O diagnóstico e o tratamento são atos de mediação, isto é, de gestão de informação, tendo na base sistemas de classificação de problemas (que vão do comum ao esotérico). A inferência, ao contrário, é um ato puramente profissional, atua quando a conexão entre diagnóstico e tratamento é obscura, por exclusão ou por construção. (...) a vulnerabilidade jurisdicional resulta do grau de predominância de inferência versus rotina na conexão do diagnóstico com o tratamento. O conhecimento acadêmico é um elemento-chave do sistema; o caráter abstrato do sistema de classificação, do sistema de conhecimento que formaliza o saber-fazer profissional é ditado pelos acadêmicos, cujo critério não é o da clareza prática e da eficácia, mas o da consistência lógica e da racionalidade. Possibilita o desenvolvimento/produção de novos diagnósticos, tratamentos e métodos de inferência. (...) De fato, o verdadeiro uso do saber profissional acadêmico é menos prático do que simbólico. O conhecimento acadêmico legitima o trabalho profissional através da clarificação das suas fundamentações e traça os mais elevados valores culturais. Na maioria das profissões modernas, estes são os valores da racionalidade, da lógica e da ciência. (…) A clareza e o caráter cientificamente lógico do trabalho profissional, legitimam o trabalho no contexto de valores mais amplos. (Abbott, 1988:53-54). O sistema de conhecimento acadêmico de uma profissão realiza geralmente três tarefas – legitimação, investigação e instrução (Abbott, 1988:56-57). No entanto, construir a expertise, o saber-fazer, e justificá-los cognitivamente não é suficiente para a definição da jurisdição: É necessário o reconhecimento social da estrutura cognitiva. A fixação de jurisdição – proibição legal de outros grupos ou indivíduos desenvolverem o trabalho – (pode ser total, por subordinação, interdependência de grupos ou controle). A jurisdição total é normalmente baseada no poder do conhecimento abstrato. A subordinação: delegar ou transferir o trabalho de rotina. A interdependência de grupos: divisão de jurisdição ou divisão do trabalho entre profissões estabelecidas refletem o desenvolvimento complexo de tarefas. A estrutura interna ou organização social de uma profissão tem três componentes:  os grupos ou segmentos (com diversas formas e características);  as instituições de controle (escolas, licenças, códigos de ética);  as situações de trabalho. Em síntese: A fixação de jurisdição por parte dos grupos profissionais incorpora controle social e cognitivo. O controle cognitivo atualiza-se no trabalho com o desenvolvimento das tarefas, sendo legitimado pelo conhecimento formal que segue valores fundamentais; o controle social atualiza-se em reivindicações nos campos da opinião pública, legal ou nos locais de trabalho. Página 2 de ALESSANDRA GALDO
  • 3. Dinâmica e equilíbrio do sistema das profissões: Fontes de mudanças no interior e no exterior do sistema Forças internas:  desenvolvimento de novos conhecimentos ou saberes;  mudanças na estrutura social das profissões, como grupos novos ou já existentes que procuram desenvolver-se. Forças externas:  decorrentes de alterações na tecnologia ou nas organizações, de fatos naturais ou de fatos culturais.  fortalecem ou enfraquecem áreas de jurisdição, introduzem mudanças que provocam uma cadeia de distúrbios/perturbações que se propagam através do sistema. As diferenças internas são um dos principais mecanismos da dinâmica do sistema. Grupos organizadas de indivíduos: Diferentes atividades diferentes locais de trabalho diferentes clientes diferentes carreiras, Essas diferenças geram e absorvem perturbações, afetam a interconexão entre profissões. Existem quatro grandes tipos de diferenças internas: • Estatuto intraprofissional estratificação no interior dos grupos profissionais: - os profissionais que recebem dos pares mais alto estatuto são os que trabalham mais próximo do conhecimento aplicado: acadêmicos, consultores, etc. inversamente, situam-se no fim da escala os que estão mais afastados do conhecimento e mais próximos dos clientes. • Clientes quot;O problema central é que os profissionais orientados para quot;clientes específicosquot; são vulneráveis ao destino dos seus clientes, o qual é estabelecido fora do sistema . Esta ligação é particularmente forte quando a diferenciação do cliente conduziu à diferenciação de tarefas.quot; (Abbott, 1988) • Organização do trabalho relação profissional estatuto jurídico dimensão da organização • Padrões de carreira muitas profissões têm carreiras típicas; existem padrões de carreira oficiais e outras não oficiais diferentes carreiras refletem diversos estatutos e podem estar associadas à necessidade de maiores ou menores períodos de formação. Página 3 de ALESSANDRA GALDO
  • 4. O poder em Abbott. Mesmo fora do sistema pode haver recursos de poder, nomeadamente a proteção do Estado ou alianças com determinadas classes sociais. No entanto, Abbott acredita na capacidade de realização do conhecimento, assim como na eficiência e eficácia como principais mecanismos reguladores do mercado. quot;A existência de um poder dominante e de um sistema conservador não pode ser posta em dúvida; a questão depende do seu grau. Como qualquer modelo competitivo e equilibrado, este reconhece as forças que retardam o equilíbrio em curto prazo. Mas acredita-se que em longo prazo as forças de equilíbrio prevalecem, pressupondo que nenhuma profissão proporcionando maus serviços possa aguentar-se indefinidamente contra competidores externos, por muito poderosa que seja.quot; (Abbott) O poder é exercido nos três campos de jurisdição: legal, público e situação de trabalho. Em síntese… Abbott conceitualiza uma abordagem dinâmica do fenômeno das profissões. Se idealmente a harmonia e o equilíbrio existem, realizando cada uma das ocupações um conjunto particular de tarefas distintas e complementares, na realidade ocorrem inúmeros conflitos de disputa de áreas de atividade, sendo através da resolução de tais conflitos que se redefinem as relações entre as ocupações. Das teorias funcionalistas, Abbott recupera a importância e centralidade do conhecimento como atributo ou traço característico das profissões: analisa o papel do conhecimento abstrato na fixação, manutenção e fortalecimento de jurisdições; Do interacionismo, Abbott recupera os conceitos de segmentação intraprofissional e de processo, analiticamente pertinentes para compreender a base social dos conflitos interprofissionais. Do paradigma do poder, recupera o próprio conceito de poder, os de auto-interesse e de ação política, mais do que sugestivos para a análise da resolução de conflitos. REFERÊNCIAS: RODRIGUES, M.L. Sociologia das profissões. Oeiras, Portugal: Celta Editora, 2002. ABBOTT, A. The system of professions: an essay on the division of expert labour. Chicago: The University of Chicago Press, 1988. Página 4 de ALESSANDRA GALDO