Este documento discute a prática profissional e a interdisciplinaridade no serviço social. Ele explica que a prática profissional deve ser baseada na teoria e na práxis para promover a emancipação humana de forma ética. Também discute a importância da interdisciplinaridade para ampliar os conhecimentos e melhorar os resultados, trabalhando em equipe de forma horizontal.
Especialização em Gestão Social: Prática Profissional e Interdisciplinaridade
1. ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO SOCIAL: POLÍTICAS PÚBLICAS,
REDES E DEFESAS DE DIREITOS.
PLANEJAMENTO SOCIAL, INTERDICIPLINARIDADE, PRÁTICA
PROFISSIONAL E METODOLOGIA DE TRABALHO.
Cleusa Lago Londero. Santa Maria – RS. 2013.
Trabalho de Especialização em Gestão Social: Políticas Públicas, Redes e Defesas de Direitos,
apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção de
média bimestral na disciplina Módulo lV – Planejamento Social, Interdisciplinaridade, Prática
Profissional e Metodologia de Trabalho.
Orientador: Prof. MS Rodrigo Eduardo Zambon
(A cópia é permitida desde que citada a fonte)
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho é o resumo do conhecimento adquirido nas disciplinas estudadas no
Módulo lV – Planejamento Social, Interdisciplinaridade, Prática Profissional e
Metodologia de Trabalho, as quais são: “Planejamento Social e Formulação de
Projetos de Intervenção; Prática Profissional e Interdisciplinaridade e Metodologias
de Trabalho Integrado e Protagonismo Popular: agentes sociais, territorialização e
família” enfatizando neste trabalho a temática referente a “Prática Profissional e
Interdisciplinaridade” tendo como ponto de partida as discussões e o material
didático disponibilizados nas disciplinas acima referidas, com embasamento especial
na disciplina “Prática Profissional e Interdisciplinaridade” tema no qual me
aprofundarei neste estudo, considerando a orientação pertinente de escolha de uma
das temáticas estudadas neste módulo do curso, o qual conjectura sobre a práxis do
gestor social no dia a dia da profissão.
2. 2 DESENVOLVIMENTO
Prática Profissional é o fazer profissional utilizando-se referenciais próprios. Neste
texto refere-se ao fazer dos profissionais do Serviço Social, atuando na realidade e
sobre ela através de planejamentos mais efetivos e execução de ações por onde as
atitudes são legitimadas apresentando seu objeto de reconhecimento como
profissão frente às demandas para a sua intervenção profissional. É na prática que
se identifica a maneira de ser daquele profissional o qual se preparou
academicamente, com embasamento teórico e prática via estágio, para exercer a
profissão de forma ética utilizando as técnicas apreendidas. Esta é a prática
profissional relacionada ao conceito de trabalho, que segundo Marx, é o exercício
transformador da natureza humanizada, do materialismo dialético, é algo da
existência natural do ser humano e se insere no cotidiano profissional.
É na prática que se identifica o modo de ser de uma profissão, seja pelo viés do
projeto profissional ou societário. A prática tem que fazer a ligação entre aquilo que
é imediato e aquilo que é mediato, o que equivale a uma visão além do senso
comum, a um olhar mais especificado, contudo, mais abrangente do todo. No
entanto, para isso é imprescindível um intenso rigor teórico-metodológico, assim,
nós trabalhadores da área social devemos pensar uma prática que esteja vinculada
a emancipação do ser humano, de modo a utilizar a "práxis”, ou seja, o
conhecimento adquirido e elaborado entre a prática e a teoria, a propor, planejar,
executar, avaliar ações e seus resultados, de acordo com os referencias e valores
ideológicos ao mesmo tempo em que os expressa, definindo a categoria profissional.
Contudo, o profissional com sua prática social deve ter um posicionamento ético-
político frente à questão social para que haja clareza da direção a ser tomada na
prática, como por exemplo: o Código de Ética do Serviço Social ou o Projeto Ético-
Político do Serviço Social. Estes expressam os aspectos valorativos de sua prática
profissional, de liberdade, protagonismo, autonomia, buscando uma sociedade mais
justa, igualitária, e politizada. Assim como, a dimensão ético-operativa a qual tem
relação com o conhecimento do conjunto de habilidades e instrumental técnico que
dá razão, credibilidade, efetividade a prática profissional realizada. Deste modo, se
3. observa que para uma prática profissional mais assertiva é necessário a
equivalência entre teoria e prática onde o resultado deve ser uma práxis,
reinventada, equilibrada entre a própria prática e a teoria feita de mais atitudes e
menos conversa. A Práxis deve ser o fundamento para quem trabalha na área social
senão só reproduziria uma prática sem resultados eficazes. E, para que possa no
decorrer da prática social haver uma “catarse”, esta que é uma nítida ampliação e
melhoramento do fazer profissional e do resultado social a sua demanda, a qual é o
próprio ser humano como ser racional em desenvolvimento. A nossa práxis
profissional deve ser formativa gerando protagonismo, investigativa ao ser crítica a
realidade, sócio política ao originar autonomia e participação, num contra-projeto aos
projetos societários vigentes que são o resultado do pensar e agir dessa coletividade
justificando os valores sociais que a atual sociedade apresenta e impõe.
Observando que a sociedade é uma totalidade em que cada situação do cotidiano
social só pode ser considerada em sua particularidade, mas jamais isoladamente,
contudo a nossa práxis profissional pode e deve modificar esse projeto societário a
partir do projeto profissional que apresente valores, objetivos, funções, técnicas e
práticas que normatizem o fazer profissional e balizem a relação “profissional-
usuário”, “profissional-outras áreas”, “profissional-organizações públicas e privadas.”
No entanto, o saber acumulado é igual ao senso comum e é importante apenas
como base para futuras análises, assim devemos quebrar paradigmas sem
reproduzi-los, pensar além do que é rotulo, estereótipo, pois, como sociedade somos
uma totalidade, e não podemos naturalizar as coisas, principalmente a barbárie do
capital. E nessa visão geral de naturalização das coisas, os projetos coletivos se dão
produzindo uma determinada imagem de sociedade como a que temos hoje. E
através de nossas ideias e ações diferentes sejam de modo geral e/ou profissional é
que fazemos as escolhas políticas, capazes de representar um “projeto societário ou
coletivo” diverso para nossa sociedade, se é que queremos transformar o que está
posto, ou do contrário, consentimos que continue o sistema vigente.
No entanto, há que se sistematizar a prática profissional a começar pelas dimensões
teórico-metodológica e técnico-operativa da profissão, a saber, a concepção da
profissão em que se atua, quais os referenciais teóricos para análise da realidade,
metodologia utilizada, estratégias, objeto, avaliação de resultados, para que se
4. otimize as análises do objeto reflexionando a respeito de experiências, formando
novos conhecimentos, bem como, podem surgir a partir dessa análise novas
propostas de políticas sociais e de atuação profissional. Destarte, a prática
profissional no serviço social se exemplifica pelas competências gerais, as quais são
fundamentais na compreensão do contexto sócio-histórico em que se situa a
intervenção. Esta deve acontecer através do exame crítico dos processos sociais de
produção e reprodução das relações sociais numa perspectiva de totalidade,
analisando o movimento histórico da sociedade brasileira. Deve ainda, considerar as
particularidades regionais, compreendendo o significado social da profissão para a
transformação da realidade, pensando novos questionamentos, novos projetos como
resposta as demandas presentes, analisando as novas articulações entre poder
público e privado buscando sempre a sistematização da prática.
Deste modo, o profissional da área social deve ter habilidade para lidar com
diferentes pessoas nas diversas relações do cotidiano profissional, observando
os conceitos, por exemplo, de práxis, de totalidade, intrínsecas a atuação teórico-
metodológica, além da atuação individual, mas especialmente interdisciplinarmente.
A interdisciplinaridade em seu processo histórico teve sua gênese com os
movimentos estudantis a partir da década de 1960, os quais buscavam maior
relação entre as disciplinas, através de seminários, pelos avanços teóricos, e
também pelo próprio contexto de crise e posterior expansão do capital, por meio do
neoliberalismo que provocou esgotamento do Estado de Bem-Estar Social,
priorizando o Estado Mínimo e perpetrando privatizações. Igualmente, incutiu no
mercado o método toyotista, onde tudo deve ser produzido e/ou estocado no seu
tempo e na quantidade certa, com a exigência de qualidade, colaboradores
polivalentes, multifuncionais, força física aliada à inteligência, visando o aumento do
lucro. Deste modo, no trabalho em equipe, a técnica de cada profissional deve ser
somada a técnica de outros profissionais de tal equipe, de maneira que amplifique
os conhecimentos da mesma, norteando-os a resultados de maior efetividade. De
acordo com Mioto e Mangini (2009);
[...] a difusão do conceito de interdisciplinaridade, as exigências de trabalho
em equipe, competência, polivalência, multifuncionalidade,
desespecialização, ganhando respaldo acadêmico/científico, ou seja, base
5. teórico-metodológica. A não absorção desses conceitos, somada a falta de
conhecimentos técnicos, por sua vez, geram motivos para que se aumente
o numero de demissões no mercado de trabalho.
A interdisciplinaridade, se da então através da articulação de diversos ramos do
saber reunidos com uma determinada finalidade motivando novas dimensões de
investigação, facilitando-nos e provocando-nos a sairmos da nossa zona de conforto
e segurança, embora, nos colocando a viver o drama da incerteza, impondo-nos
uma atitude de humildade frente às diferentes profissões de uma equipe
interdisciplinar, pois nesse espaço descobrimos os limites do pensar individualizado.
Contudo, uma equipe interdisciplinar deve primar por estabelecer conceitos-chave
facilitando a comunicação, delimitando o problema a ser resolvido, dividindo tarefas,
onde a interdisciplinaridade se desenvolve a partir do desenvolvimento das próprias
disciplinas. A interdisciplinaridade pode se apresentar através de vários conceitos
correlacionados os quais são:
Multidisciplinaridade - a troca e cooperação entre as disciplinas do saber acontecem
de forma mais amena e isolada.
Pluridisciplinaridade - cada profissional decide particularmente sua ação a partir de
uma troca entre as disciplinas.
Interdisciplinaridade auxiliar - uma disciplina coordena as demais e prevalece sobre
estas.
Interdisciplinaridade - as relações de poder, de troca de conhecimentos e busca de
resultados com estratégias em comum acontecem em nível de horizontalidade.
Transdisciplinaridade - todas as disciplinas operacionalizam a coordenação
ampliando-se o campo de autonomia técnica.
Em resumo, trabalhar interdisciplinarmente, denota trabalhar com pessoas com
ideias, conceitos, técnicas diferenciadas que foram sendo moldadas sócio-
históricamente e que podem gerar conflitos relacionais dentro de suas equipes, mas
que tais profissionais devem estar preparados para interagir a começar no mínimo
com respeito mútuos.
6. 3 CONCLUSÃO
Cada vez mais, no dia a dia contemporâneo a Prática Profissional e a
Interdisciplinaridade se arranjam necessária e intrinsecamente tanto para uma maior
efetividade do trabalho realizado, quanto do resultado obtido. Para isso, o
profissional deve ter formação compromissada com o desenvolvimento do cidadão o
qual é um ser sócio-histórico educando para o protagonismo, liberdade e autonomia,
na conquista de uma sociedade mais justa, igualitária, e politizada, onde o fazer
profissional é fundamentado em aprendizagem constante, com embasamento
teórico aliado a prática para que o resultado seja uma práxis com maior efetividade.
E, nunca deixar que a acomodação tome conta da prática profissional, mantendo a
postura de inquietação, insatisfação e luta não se deixando habituar pelas inúmeras
dificuldades do dia a dia. Onde, por exemplo, a corrupção que se mostra
escancarada e onde o povo continua a pagar as contas e fica acomodado, sem se
dar conta da legítima força de transformação da realidade social que tem em suas
mãos, ou seja; a união. Tanto que, deixa-se manipular pela miragem que a mídia a
serviço do capitalismo neoliberal exibe e orquestra diariamente, naturalizando as
barbáries do mesmo. A partir disto, os trabalhadores da área social não devem se
deixar acomodar, mas estar sempre atentos à realidade e não achar que é tudo
natural, de modo a chamar a atenção da coletividade para uma análise mais crítica
dessa realidade. Embora, a oferta de “pão e circo” pelos donos do capital, aliados
aos governos inibem propositada e fortemente a grande “massa populacional” a ser
mais individualista e indiferente, enquanto a manipula feito uma marionete. Então,
com isso, é necessário que comecemos a estranhar o natural para não
naturalizarmos o estranho.
REFERÊNCIAS
Ética e Prática Profissional na Perspectiva da Interdisciplinaridade. Disponível
em: <http://www2.forumseguranca.org.br/node/22750>. Acesso em 28/05/2013.
Interdisciplinaridade: identificando concepções e limites para a sua prática em um
serviço de saúde. Disponível em:
7. <http://www.fen.ufg.br/fen_revista/v11/n1/pdf/v11n1a15.pdf>. Acesso em
02/05/2013.
GONÇALVES, Amanda Bóza. Curso de Pós-graduação em gestão social:
políticas públicas, redes, e defesas de direitos: prática profissional e
interdisciplinaridade: prática social, prática profissional e atuação
interdisciplinar. Profa. Amanda Bóza Gonçalves – 27/04/2013 – Módulo 4, 1º
Semestre de 2013, Aula 1, Noturno.Disponível em:
<http://www.unopar.br/bibliotecadigital/>. Acesso em 03/05/2013.