Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Super Cana
1. 11/05/2015 Super cana - 10/05/2015 - Mercado - Folha de S.Paulo
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Super cana
Desenvolvida após melhoramentos genéticos, planta, que pode atingir 6 m de altura,
tem alto índice de fibras e biomassa e visa a produção de energia
MARCELO TOLEDO DE RIBEIRÃO PRETO
Ela é enorme --pode atingir seis metros de altura--, tem potencial para produzir 300
toneladas por hectare e representa uma nova era no setor sucroenergético.
A cana energia, ou "supercana", desenvolvida após melhoramentos genéticos, está em
fase avançada de pesquisa e já gera novos desafios. Num setor em crise, a colheita da
variedade irá demandar novos equipamentos ou adaptações nos atuais.
Desenvolvida nos últimos seis anos pelo Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico
de Campinas), ela tem como principais caracterís- ticas um alto índice de fibras e de
biomassa, diferentemente da cana tradicional, que possui mais sacarose e é utilizada
para produzir açúcar.
Daí ser chamada de cana energia, por ser mais própria para produzir energia elétrica
ou etanol de segunda geração, a partir da palha e do bagaço da cana.
A previsão é que chegue ao mercado em três anos, de acordo com o pesquisador
Mauro Xavier, do Centro de Cana.
Em relação à cana-de-açúcar comum, a diferença visual é clara: a "supercana" é mais
grossa e chega a quase o triplo de altura --a tradicional atinge até 2,2 m. O rendimento
também é muito maior, já que a convencional atinge a média de 80 toneladas por
hectare.
ESPÉCIE SELVAGEM
Para chegar à variedade, pesquisadores partiram de uma espécie selvagem. Foram
feitos cruzamentos com canas tradicionais, e os "descendentes" foram selecionados
até chegar ao material com esse perfil.
Se ela emplacar no mercado, um desafio será encontrar colheitadeiras e maquinário
que tenham condições de cortá-la e levá-la até as usinas.
Uma possibilidade discutida é evitar que ela atinja a altura e peso máximos e, com
isso, em vez de uma safra a cada 12 meses, poderia ser colhida em sete ou oito
meses, com duas safras em 15 meses.
"É um grande desafio", afirma Xavier. A contrata- ção de boias-frias para a
"supercana" foi descartada pelo setor.
Embora tenha como foco a energia, ela até pode ser usada para fabricar açúcar, mas
o rendimento será menor.
2. 11/05/2015 Super cana - 10/05/2015 - Mercado - Folha de S.Paulo
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"É como colocar o Neymar, atacante, para jogar no gol. Nela, a sacarose não é tão
essencial. O melhoramento teve como meta acumu- lar biomassa rapidamente e elevar
a fibra", afirma o pesquisador.
CIÊNCIA
A "supercana" é apenas uma das variedades desenvolvidas por órgãos como IAC,
CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) e Ridesa (rede interuniversitária), além da
gigante de biotecnologia Monsanto.
A ciência tem invadido cada vez mais os canaviais e, em 12 anos, foram liberadas no
mercado mais de 90 plantas, algumas regionalizadas.
Com o avanço da mecanização, foram criadas variedades com capacidade de brotar
sob a palha que é deixada pelas máquinas no solo após a colheita.
O CTC está focado em ampliar a produtividade e o teor de açúcar, com tolerância a
doenças e para colhei- ta mecanizada, de acordo com o gerente de melhoramento
genético, Hugo Campos de Quiroz.
As variedades mais recentes foram feitas para o cerrado. "Precisam de boas
condições climáticas e devem ser resistentes ao florescimento."
Arnaldo Jardim, secretário da Agricultura de São Paulo, afirmou que o foco das novas
variedades --não só de cana-de-açúcar, mas também de culturas como algodão, milho
e feijão-- deve ser buscar resistência ao estresse hídrico, devido à seca histórica que
atinge o Estado.
Apesar das opções, menos de dez variedades são as mais usadas, fato que precisa
mudar, segundo Xavier. "Uma praga que dá em uma variedade pode não atingir outra."
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