1. O documento discute os princípios da psicofarmacologia, incluindo a farmacocinética, farmacodinâmica e como as medicações psiquiátricas atuam no cérebro e são metabolizadas e eliminadas pelo corpo.
2. É importante considerar a fase da doença ao desenvolver um plano de tratamento para garantir a duração adequada da intervenção farmacológica.
3. As interações entre medicações devem ser antecipadas para evitar efeitos adversos graves, considerando tanto os
2. Farmacodinâmica: efeitos da medicação no
corpo – inclui os efeitos terapêuticos
desejados e os efeitos adversos
Farmacocinética: efeitos do corpo sobre a
medicação – absorção, metabolização e
excreção
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3. Sistema de transporte da medicação
O coração, os vasos sangüíneos e o sangue são o
sistema de transporte do corpo
O sangue carrega o oxigênio e nutrientes aos
órgão e traz de volta os resíduos para
eliminação. Os medicamentos usam o mesmo
“sistema de auto-estradas interno” para
viajarem pelo corpo.
1. Entrando na circulação sanguinea: depende de como
é tomada; existem várias vias. A rota de
administração determina quanto da medicação
chegará ao cérebro, e com que rapidez vai fazê-lo.
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5. A mais comum é a via oral, que é a mais lenta e a menos
eficiente.
Boa parte do que é ingerido passa direto pelo tubo
gastrointestinal sem ser absorvido, e boa parte do resto é
inativado pelo fígado.
Usamos essa via porque é a mais fácil e barata.
Ex. cocaína
2. Escolta na corrente sangüínea: Para que a substância não
seja metabolizada, necessita ser escoltada por proteínas
específicas, entretanto durante este percurso ela não
pode também deixar a corrente sangüínea.
A maioria dos medicamentos psiquiátricos é altamente
ligada a proteínas. 80% ou mais do que foi ingerido é
capturado pelas proteínas escolta (conjugação), sendo
apenas o restante possível de sair da corrente sangüínea
e atingir o órgão alvo.
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6. Quando alguém toma mais de uma medicação, essas
proteínas podem ser disputadas por estas drogas, o
que elevará a fração livre, aumentando a quantidade
que chega ao cérebro (órgão alvo).
3. Saindo do corrente sangüínea: Medicações, nutrientes
e outras substâncias estão sempre saindo da corrente
circulatória. Onde esta medicação vai sair é que
determinará seu efeito.
Se sair no fígado, será inativada ou metabolizada; se
sair no rim, será eliminada. Nossa preocupação maior
é com o cérebro, como ela entra nele.
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7. A barreira hematoencefálica é que determina isso.
Composta pelos capilares e as células adjacentes a
eles (astrócitos). É especialmente difícil para as
substâncias que se dissolvem na água cruzarem essa
barreira. As substâncias devem ser lipofílicas para
ultrapassarem com facilidade, com excessão do lítio,
que o faz por ser apenas um átomo.
Passada a barreira, finalmente a medicação chega a
seu destino e realiza sua função.
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8. Sistema de eliminação de medicação
Os órgãos chave nesse sistema são o fígado e o
rim.
1. Fígado: processamento químico.
Existem muitas substâncias perigosas nos alimentos
e medicações, que são inativadas pelo fígado, cujo
papel é convertê-las em compostos solúveis em
água, sendo assim mais facilmente filtradas e
eliminadas pelo rim. Esse trabalho, feito por
enzimas que retiram ou adicionam partes da
molécula, se chama metabolização, e a molécula
resultante é chamada metabólito. Às vezes este
metabólito é tão ativo quanto a molécula original,
às vezes esta última só é ativada quando
metabolizada.
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9. Em pacientes idosos, ou com hepatopatias,
substâncias com metabólitos ativos são mais difíceis
de eliminar, e se acumulam perigosamente.
Do sangue que deixa o coração para viajar pelo corpo,
somente 30% passam pelo fígado, sendo só essa
pequena parcela depurada em primeira mão. A
medicação que é tomada pela boca e absorvida no
intestino, porém, entra na corrente que vai
diretamente para o fígado, passando 100% por este.
Este fenômeno é chamado de metabolismo de
primeira passagem. Explica porque as doses são tão
diferentes por uma e outra via, para fazerem o mesmo
efeito.
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10. 2. Rins: Eliminação química
Os rins são o sistema de filtragem do corpo. Para ser
filtrada por eles, a molécula deve ser relativamente
pequena e solúvel em água. A maioria das
medicações psiquiátricas não o são, devendo ser
bastante metabolizadas para serem filtradas.
Por isso deve-se ter muito cuidado ao administrar
medicações a pacientes com doença renal.se os rins
são lentos para eliminar, isso pode fazer com que o
fígado também lentifique a metabolização,
aumentando a concentração da droga ativa no
corpo.
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11. Como a medicação psiquiátrica produz seus
efeitos?
Quando discutimos esta questão sempre
estaremos falando sobre seu efeito na
neurotransmissão.
Medicamentos psiquiátricos atuam modulando a
neurotransmissão química na sinapse.
1. Início e adaptação. Muitas medicações não atuam
diretamente sobre a sinapse, por isso custam
algum tempo até agirem. Ao mudarem a
neurotransmissão de forma sustentada,
desencadeiam uma sequência de eventos no
cérebro, que vão alterando gradativamente a
neuroquímica, até que se tornam evidentes.
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12. Outras medicações, porém, atuam em seguida de
tomadas, como os benzodiazepínicos e os estimulantes.
Se assim é, assumimos que este efeito é uma
conseqüência direta da “iniciação” na sinapse.
Alguns efeitos adversos também ocorrem em seguida de
uma simples tomada e são considerados efeitos diretos na
sinapse: náuseas, diarréia, com os ISRS; distonias, com os
antipsicóticos típicos.
Os efeitos de adptação, porém, podem ser de diferente
índole. A cocaína, por ex., administrada repetidamente,
produz alterações de longa duração no sistema de
recompensa, que levam à perda da sensação de euforia e
à dependência (craving).
Já os antidepressivos tomados de forma repetida,
conforme estudos laboratoriais, provocam alterações no
número e distribuição de alguns receptores,
provavelmente causados pela alteração no tempo de
reposição destes. O mesmo acontece com os
estabilizadores do humor e anti-psicóticos.
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13. Alguns efeitos adversostambém ocorrem somente após
administração prolongada, e também são efeito de
adaptação, p. ex. as discinesias causadas por anti-
psicóticos atípicos, efeito de mudanças na densidade
e/ou sensibilidade de receptores dopaminérgicos nas
regiões relacionadas aos movimentos.
Início: Ação na sinapse
Basicamente psicofármacos atuam promovendo ou
inibindo a neurotransmissão, mas o fazem por
diferentes maneiras.
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14. Podem incrementar a neurotransmissão:
1. Bloqueando enzimas que destróem os
neurotransmissores (IMAO e anticolinesterases)
2. Bloqueando a recaptação, como os ISRS.
3. Bloqueando o feed-back negativo, realizado pelos
auto-receptores presentes no axonio e corpo do
neurônio pré-sináptico (mirtazapina)
4. Estimulando receptores pós-sinápticos, mimetizando a
ação dos neurotransmissores.
5. Aumentando a oferta de precurssores dos
neurotransmissores, o que é uma maneira muito
ineficiente de incrementar a neurotransmissão (L-
DOPA)
6. Estimulando a liberação de neurotransmissores, como
o metilfenidato.
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15. Podem diminuir a neurotransmissão em certos
circuitos, bloqueando diretamente os receptores
(nefazodona) ou aumentando a liberação de
neurotransmissores inibitórios (estabilizadores do
humor).
Prevendo os efeitos da medicação
Os efeitos para os quais a medicação é prescrita são
chamados efeitos terapêuticos, os demais são
chamados efeitos colaterais. P. ex. os anti-
histamínicos – causam sonolência, ganho de peso e
ressecamento nasal. Se um deles é prescrito para
ajudar um paciente com insônia, a sonolência é um
efeito terapêutico, e a secura nasal e ganho de peso,
efeitos colaterais; se é prescrito para alergias sazonais
(nariz escorrendo), a secura nasal é o efeito
terapêutico e a sonolência o efeito colateral.
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16. Alguns psicofármacos causam múltiplos efeitos por
que atuam sobre diferentes neurotransmissores, sendo
chamados “drogas sujas”. Os ISRS, por exemplo,
substituiram os antidepressivos tricíclicos por este
motivo.
Em algumas circunstâncias isto pode diminuir o efeito,
como no caso dos antipsicóticos atípicos, que
justamente são mais eficazes por atuar sobre
múltiplos neurotransmissores.
Há ainda outra razão: os mesmos receptores estão
localizados em diferentes regiões do cérebro, como é
o caso dos antagonistas dopaminérgicos.
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17. Prevendo interações entre drogas
Nem todas são ruins. Por ex. alguns antibióticos e
alguns antidepressivos
Outras podem ser desastrosas, como no caso do anti-
histamínico astamizole e o antibiótico eritromicina, o
segundo interferindo na metabolização hepática do
primeiro, elevando muito sua concentração no sangue,
o que causa arritmias. Separados são seguros, juntos é
perigoso.
Interações farmacodinâmicas:
Duas medicações com o mesmo efeito adverso,
podem se somar, o que pode ser vantajoso em
alguns casos: antidepressivos; ou pode ser ruim se
causarem ambos sedação.
Podem também antagonizar efeitos: alucinações
com LDOPA e antipsicóticos típicos.
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18. Interações farmacocinéticas:
Algumas podem mudar a maneira como o corpo
interage com a outra. Isto pode ocorres de duas
maneira: no sistema transportador ou no sistema de
eliminação.
Competição pelas proteínas de conjugação, causando
maior concentração da droga livre no sangue
Enzimas do citocromo P450: uma medicação pode inibir
o efeito da enzima que metaboliza outra droga, o que
deve ser antecipado por aquele que prescreve, baseado
nas informações fornecidas pelos laboratórios.
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20. 1. A avaliação diagnóstica, sujeita a revisões,
é fundamental para o nosso modelo.
2. A farmacoterapia isolada é geralmente
insuficiente para a completa recuperação.
3. A fase da doença (p. ex. aguda,
manutenção, profilaxia) é de importância
crítica em termos de intervenção e duração
do tratamento
4. A relação risco/benefício deve sempre ser
considerada para o desenvolvimento da
estratégia do tratamento
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21. 5. História pessoal prévia (e possivelmente
familiar) de boa ou má resposta a um agente
específico usualmente indica a primeira linha
de escolha para um episódio subsequente.
6. É importante delinear sintomas específicos que
sirvam como marcadores para a psicopatologia
subjacente e monitorar sua presença ou
ausência em um determinado período de
tempo.
7. É necessário observar o desenvolvimento de
efeitos adversos durante todo o tratamento.
Esta monitoração frequentemente envolve
técnicas laboratoriais de segurança, assim
como de eficácia.
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