1. O uso da Metáfora na percepção do
professor de LE: refletindo o ‘fazer’ docente
Suellen do Nascimento Barbosa
SME/RJ - NEL/UERJ – PG/CEFET - PRD/CPII - CAPES
Cláudia Valéria Vieira Nunes Farias, Ms.
Orientadora
BARBOSA, 2013
2. BARBOSA, 2013
INTRODUÇÃO
• A complexidade do contexto da sala de aula de LE
pode interferir no processo de ensino-
aprendizagem;
• As concepções que o professor possui sobre o seu
“fazer” podem interferir nesse processo;
• Uma prática reflexiva do professor de LE pode
contribuir para melhoria de sua prática;
• o estudo da Metáfora pode contribuir para a
compreensão de como professor e aluno se
compreendem no processo de ensino/aprendizagem.
“To reach a port, we must sail -
sail, not tie at anchor - sail, not
drift.” - Franklin D. Roosevelt
3. BARBOSA, 2013
• Figura de Linguagem?
• Ornamento Linguístico?
• Recurso Figurativo?
• Comparação?
O que é Metáfora?
“A metáfora é a guardiã da
realidade.” - Adélia Prado
4. BARBOSA, 2013
Metáfora: de ornamento linguístico a
operação cognitiva
Da antiguidade clássica até
meados do século XX, a
metáfora era vista
exclusivamente como
figura de linguagem que
servia ao embelezamento
de textos e discursos;
Considerava-se
indesejável o uso das
metáforas nos discursos
científicos e filosóficos;
Século XX: realidade = construto social; apoio
nos discursos por ela proferidos e legitimados;
5. BARBOSA, 2013
A linguagem figurada não
é vista mais como mero
ornamento, mas também
a constrói;
A metáfora apresenta um
domínio em termos de outro,
não sendo apenas uma mera
comparação;
DISCUSSÃO É GUERRA =
Domínio
6. BARBOSA, 2013
“...a metáfora está
infiltrada na vida
cotidiana, não somente
na linguagem, mas
também no pensamento
e ação.” (p.45)
“Os conceitos que governam nosso
pensamento não são meras
questões do intelecto. Eles
governam também a nossa
atividade cotidiana até nos
detalhes mais triviais. Eles
estruturam o que percebemos,
a maneira como nos
comportamos no mundo e o
modo como nos relacionamos
com outras pessoas.” (p.45)
Lakoff & Johnson (1980/2002):
“Metaphor is a way of
thought long before it is a
way with words”. - James
Geary
7. BARBOSA, 2013
Metáfora Conceptual
(Almeida, 2005)
“Longe de ser mero
ornamento, ela (metáfora)
é uma operação cognitiva
e possui natureza
conceitual, pois é essencial
para nossa
compreensão/construção
de mundo.”
“Não se trata de uma
comparação disfarçada
entre dois domínios
diferentes, mas de um
mapeamento cognitivo
de um domínio em
termos de outros.”
DOMÍNIO: Área do conhecimento ou experiência
humana (Sardinha, 2007)
VIDA É VIAGEM
“Metáfora é uma imagem que não
é a coisa, mas que me ajuda a ver
a coisa.” - Rubem Alves.
8. BARBOSA, 2013
VIDA
VIAGEM
DOMÍNIO-ALVO: É aquele que
desejamos conceitualizar (domínio
abstrato)
DOMÍNIO-FONTE: É aquele a partir
do qual conceitualizamos algo
metaforicamente. (domínio concreto)
Deixa a vida me levar!
Vamos seguir a vida juntos?
Nossos caminhos se cruzaram.
Só tenho aluno mala!
Algumas Expressões Metafóricas:
9. BARBOSA, 2013
Não suma da minha vista!
O navio está entrando no meu campo de visão.
Ele está fora da visão agora.
Eu não posso vê-lo; a árvore está no caminho.
Mais Enunciados Metafóricos:
CAMPOS VISUAIS SÃO
RECIPIENTES
10. BARBOSA, 2013
Conhecimento, Linguagem e Práticas
Pedagógicas: Metáforas em Disputa
A partir de 1980:
presença de
concepções sobre o
‘fazer’ e ‘pensar’
pedagógico no
discurso e prática dos
professores;
A situação pode ser
descrita remetendo-se a
três metáforas do
conhecimento:
11. BARBOSA, 2013
Metáfora mais tradicional: O
CONHECIMENTO É UMA
SUBSTÂNCIA / O CÉREBRO É
UM RECIPIENTE (Lakoff e
Johnson, 1980/2002), AS
PALAVRAS SÃO RECIPIENTES E
A LINGUAGEM É UM CANAL.
(Réddy, 2000).
Crítica de Paulo Freire
(2003):
Educação
Bancária
12. BARBOSA, 2013
• Piaget, Emília Ferreiro, Vygotsky
e Luria (construtivismo): O
CONHECIMENTO É UMA
CONSTRUÇÃO;
• O aluno deixa de ser um
receptor passivo e passa a ativo
construtor do seu
conhecimento;
• O professor deixa de ser o
transmissor do saber, passando
a facilitador do processo de
aprendizagem.
13. BARBOSA, 2013
• CONHECIMENTO É UMA REDE DE
SIGNIFICAÇÕES (Machado, 1995);
• Significados = feixes de relações;
• Conhecer seria entrelaçar os fios das
diversas experiências humanas;
• Rejeita a ideia de acúmulo de conhecimento;
14. BARBOSA, 2013
Metáforas para o Ato de Ensinar
(Cortazzi e Jin, 1999 apud Sardinha, 2007)
ENSINAR É....
....UMA VIAGEM: (Você não sabe onde vai
chegar);
....COMIDA/BEBIDA/CULINÁRIA:
(Ingredientes na medida certa);
....CULTIVAR:
....UMA HABILIDADE: (Malabarismo);
....UMA OUTRA PROFISSÃO: (Juiz, Padre)
....ENTRETENIMENTO: (Sala de aula como
palco)
....GUERRA: (Batalha entre professores e
alunos)
....CONSTRUIR: (Erguer paredes sobre
alicerces seguros).
15. BARBOSA, 2013
Metáforas do Professor
(Sardinha, 2007)
Professor como
Operário ou
Entregador
Professor como
Competidor
18. BARBOSA, 2013
Ensinar LE é....
OBJETIVO: Investigar as
concepções que o professor
de LE tem sobre o seu ‘fazer’
docente e se a forma como
ele se compreende como
parte integrante do
processo de ensino-
aprendizagem está de
acordo com essas
percepções.
INFORMANTES:
30 Professores de
Línguas Estrangeiras
(Inglês, Francês e
Espanhol).
CONTEXTO
EDUCACIONAL:
Rede Pública,
Particular e Cursos
de Idiomas.
19. BARBOSA, 2013
O Questionário
O questionário objetiva
identificar as metáforas
usadas pelos informantes
quando se referem ao
processo de
ensino/aprendizagem e à sua
atuação no dito processo.
20. BARBOSA, 2013
Primeiro Momento
1. Qual Língua Estrangeira você leciona?
2. Qual sua titulação?
( ) Graduação
( ) Especialização
( ) Mestrado
( ) Doutorado
( ) Outros: __________
3. Em qual faixa etária você se encaixa?
( ) 20 a 30 anos
( ) 31 a 40 anos
( ) 41 a 50 anos
( ) acima de 50 anos
4. Selecione o sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
5. Informe o tempo de magistério, na Língua Estrangeira.
6. Informe o local (ou locais) onde leciona:
7. No momento, você faz algum curso de Formação Continuada? Em caso
afirmativo, informe qual:
21. BARBOSA, 2013
Segundo Momento:
8. Por favor, complete: Ser professor de Língua Estrangeira é:
9. Você consegue ser o professor de LE que definiu acima? Em caso
negativo, justifique:
10. Como professor de LE, eu sou, primordialmente....
( ) ....preocupado(a) em terminar todo o conteúdo a tempo de cumprir
o cronograma. Acho importante que meus alunos cheguem ao final do
ano com a maior quantidade de matéria possível.
( ) ....a autoridade máxima da sala de aula. Consigo me impor na turma
e fazer com os alunos respeitem a minha autoridade.
( ) ....um(a) transmissor(a) de conhecimento para meus alunos. Consigo
dar minha aula e manter a atenção dos alunos focada em mim.
22. BARBOSA, 2013
( ) ....amável, paciente e gosto de cuidar de cada aluno
individualmente, oferecendo condições para que eles se
desenvolvam.
( ) .... um apoio para que meu aluno possa construir seu
conhecimento, usando diferentes estratégias para que ele possa
alcançar o nível desejado.
( )...divertido(a). Acredito que os alunos aprendem melhor quando
estão descontraídos, por isso faço das minhas aulas as mais divertidas
possíveis.
11. Relate alguma experiência, de sua prática docente, que comprove
a opção acima escolhida:
23. BARBOSA, 2013
Apresentação dos Dados e Resultados
Questionário Aplicados aos Professores de LE
Primeira Parte: P1 P2
Qual LE você leciona? Inglês Espanhol
Qual sua titulação? Doutorado Graduação
Faixa Etária: 31 a 40 anos 20 a 30 anos
Selecione o sexo: Feminino Feminino
Informe o tempo de magistério,
na Língua Estrangeira:
13 anos 7 anos
Informe o local (ou locais) onde
leciona:
Faculdades Souza
Marques
FAETEC
Marinha do Brasil
(cursos de
especialização de
cabos e sargentos)
CCAA
Curso de Formação Continuada? Não Não
24. BARBOSA, 2013
Questionário Aplicados aos Professores de LE
Segunda Parte: P1 P2
Ser professor de LE é.... Ajudar o aluno dentro daquilo que
ele necessita: na faculdade é ensinar
alunos a se expressarem a aprimorarem
as suas 4 habilidades do inglês; nas
outras instituições é auxiliar o aluno a
entender aquilo que ele vai precisar
lidar na sua vida profissional.
conectar culturas.Ensinar uma L.E
não é somente ensinar a se
comunicar mas sim apresentar
Diferenças culturais. Gostaria
muito de saber que, um dia,
alunos de Escolas também terão
esta conexão.
Você consegue ser o
professor que definiu
acima? Em caso negativo,
justifique:
Acredito que sim. Acredito que sim, mesmo sabendo
que dependemos também do
grupo que temos.
Como professor de LE, eu
sou, primordialmente:
Um(a) transmissor(a) de conhecimento
para meus alunos. Consigo dar minha
aula e manter a atenção dos alunos
focada em mim.
Amável, paciente e gosto de
cuidar de cada aluno
individualmente,oferecendo
condições para que eles se
desenvolvam.
Relate alguma experiência,
de sua prática docente, que
comprove a opção acima
escolhida:
Não fico presa somente ao livro didático
ou apostila, acredito que trazer textos
diferentes ou até mesmo
contar"causos“ engraçados e
interessantes, mas ligados à matéria,
ajudam a manter o interesse.
Tenho uma aluna de 63 anos, que
na escola só estudou até a 3ªsérie,
possui muitas dificuldades mas em
3 anos e meio, ela se forma e com
louvor. Posso dizer que foi a união
de sua perseverança, minha
paciencia e a metodologia de
ensino.
25. BARBOSA, 2013
Considerações Finais
A complexidade do contexto da sala de aula de Línguas Estrangeiras
pode interferir de forma negativa no ensino-aprendizagem. O
professor, ao refletir sobre o seu papel nesse processo e associar
essa reflexão à concepção que compartilha sobre como a língua deve
ser ensinada e/ou aprendida, pode contribuir ainda mais para seus
objetivos de educador. Sendo assim, uma prática reflexiva em que o
professor de LE possa verbalizar suas ações, suas concepções de
ensino e, principalmente, a maneira como se compreende sua
atuação, pode auxiliar possíveis mudanças.
26. BARBOSA, 2013
Referências
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cognitivas. In: Revista Línguas & Letras, v. 8, nº 14, p. 129-146, 2007. Disponível em: <www.novoportal.unemat.br>. Acesso
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UFF, 2009. 186 p. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, Faculdade de Letras,
Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2009.
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ARISTÓTELES. Arte Poética. São Paulo: Martin-Claret. 2003.
BARCELOS, Ana Maria Ferreira. Reflexões acerca da mudança de crenças sobre ensino e aprendizagem de línguas. In:
Rev. Brasileira de Lingüística Aplicada, v. 7, n. 2, 2007.
CARVALHO, Maurício Brito; SOUZA, Ana Cláudia. As metáforas e sua relevância no processo de ensino-aprendizagem de
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CARVALHO, Sérgio Nascimento de. A guerra nas palavras: uma análise crítica da metáfora conceptual na retórica do
presidente G. W. Bush Jr e de seus colaboradores. Niterói: UFF, 2006. 148 p. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-
Graduação em Linguística Aplicada, Faculdade de Letras, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2006.
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27. BARBOSA, 2013
CELANI, Maria Antonieta Alba. Concepções de Linguagem de Professores de Inglês e suas Práticas em Sala de Aula. In:
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GOMES JUNIOR, Ronaldo Corrêa. Metáforas na rede: mapeamento conceituais de estudantes universitários sobre
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LAKOFF, George & JOHNSON, Mark. Metáforas da vida cotidiana. Trad.: Grupo de Estudos da Indeterminação e da
Metáfora (sob a coordenação de Maria Sophia Zanotto) e Vera Maluf. Campinas-SP: Mercado de Letras; São Paulo: Educ,
2002
PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira e. Metáforas, metonímias e hipertextos em narrativas multimodais de
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SARDINHA, Tony Berber. Metáfora. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
VEREZA, Solange Coelho. Metáfora e Argumentação: Uma Abordagem Cognitiva-Discursiva. In: Linguagem em (Dis)curso
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<www.cch.ufv.br>. Acesso em 10 de setembro de 2012.
28. BARBOSA, 2013
Suellen do Nascimento Barbosa
suellenrrj@gmail.com
“A metáfora é pra gente
como a água é para os
peixes: está em toda
parte.” - Raymond Gibbs