O documento resume a evolução da arquitetura e urbanismo no Brasil desde o período colonial até o desenvolvimento de Brasília. A arquitetura refletia as classes sociais e foi se modernizando com a industrialização e importação de equipamentos. Problemas atuais como transporte e habitação social ainda precisam de soluções planejadas e integradas ao desenvolvimento urbano.
1. CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA
ARQUITETURA E URBANISMO
RAFAEL DOMINGOS GOMES
RESENHA
QUADRO DA ARQUITETURA NO BRASIL
Nestor Goulart Reis Filho
Brasília – DF
2016
2. CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA
ARQUITETURA E URBANISMO
Disciplina: Arquitetura Brasileira
Prof.: Andréa Gonçalves Moreira Bernardes
Aluno: Rafael Domingos Gomes Matrícula: 1321140004
RESENHA
QUADRO DA ARQUITETURA NO BRASIL
Nestor Goulart Reis Filho
Brasília – DF
Março de 2016
3. RESENHA
REIS FILHO, Nestor Goulart. Lote urbano e arquitetura no Brasil In: Quadro da
arquitetura no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1973, 211 págs.
Por Rafael Domingos Gomes, estudante de Arquitetura e Urbanismo do Centro
Universitário IESB. Arquitetura Brasileira.
A obra mostra as mudanças arquitetônicas no Brasil desde o período colonial
até o desenvolvimento planejado de Brasília. O autor, em muitos pontos, busca
relacionar a arquitetura implantada no lote e o desenvolvimento do urbanismo. O
modo de vida dos brasileiros, incluindo os hábitos e comportamentos, os materiais e
o desenvolvimento tecnológico, entre outras variáveis de cada período, deixa claro o
reflexo que teve na arquitetura e urbanismo do país. Isto mostra que as mudanças
históricas modificaram a arquitetura, a forma de implantação, e por consequência o
urbanismo. O que era informal, tradicional e imposto, com o tempo passou a ser
racional e planejado, atendendo outras funções e necessidades, com adaptações e
evoluções permanentes.
Uma das características que chama a atenção são as ilustrações que facilitam
a compreensão do texto de maneira rápida e clara; entretanto foram pouco utilizadas.
O assunto é abordado de maneira cronológica contando os fatos e as modificações
arquitetônicas e urbanísticas, sempre destacando os motivos das transformações.
As construções durante o período colonial ocorrem com a mão de obra escrava,
com tecnologia precária, sem equipamentos adequados e seguindo tradições que
garantia a aparência das casas portuguesas. A arquitetura e o lote urbano, seguiam
padrões rígidos tornando as cidades uniformes e monótonas. As vias públicas eram
sem calçamento e passeios. As coberturas eram de duas aguas e evita-se utilizar
calhas. Com o passar do tempo os padrões passaram a ser menos rígidos e as
modificações foram acontecendo aos poucos, como o desenvolvimento da cobertura
de quatro aguas, a substituição de beiras por calhas ou condutores, além do uso de
platibandas e a multiplicação de ruas, calçadas e passeios.
A separação de classes sociais refletida na arquitetura. Pessoas mais
importantes tinham suas casas construídas de pedra e barro e normalmente viviam
nos sobrados com piso de assoalho (casas de porão alto e sobrado com porão);
pessoas mais pobres viviam em casas térreas com piso de chão batido. Raramente
4. se utilizava tijolo ou pedra e cal e as técnicas construtivas eram de pau-a-pique, adobe
ou taipa de pilão.
A distância entre as classes sociais perdura e aumenta a cada dia. Mesmo com
a decadência da escravidão e o trabalho remunerado, a riqueza está sob o poder de
poucas pessoas e o domínio que antes acontecia com a escravidão ocorre agora,
século XXI, através do endividamento e com o desrespeito as condições de trabalho.
Ainda hoje a classe média tenta copiar as casas dos mais ricos, como
aconteceu no século XIX, momento em que a arquitetura passou a ser desenvolvida
por profissionais e, por influência de estrangeiros, houve o incentivo e o
desenvolvimento dos bairros jardins. No século atual os bairros passam a ser
condomínios fechados, com muros altos, criando literalmente barreiras e
distanciamento maior entre ricos e pobres.
A monocultura, no período colonial, gerava dificuldades de abastecimento e por
isso muitos proprietários de moradas urbanas resolviam tal problema com a plantação
de pomares, criação de aves e porcos, cultivo da mandioca e outro legume. Por sua
vez, as chácaras, situada na periferia, eram mais utilizadas por proporcionarem maior
conforto devido a facilidade de abastecimento de cursos d’aguas.
O Brasil tem passado pela crise da falta de agua, principalmente devido à má
distribuição. Problemas de gestão pública e planejamento de infraestrutura também
são motivos causadores da falta de abastecimento. O impacto deste problema pode
ser catastrófico, atrasando ainda mais o desenvolvimento do país. Uma das soluções
são as diversas obras que deveriam ter sido feitas no sistema de abastecimento, além
da preservação, administração e utilização eficiente não apenas da agua, mas dos
diversos recursos naturais.
Com a integração do país no mercado mundial, a abertura dos portos permitiu
a importação de equipamentos e por consequência a alteração da aparência das
construções, além do aumento da imigração e o aperfeiçoamento das técnicas
construtivas. O desenvolvimento da imigração ajudou a difundir a arquitetura
neoclássica, com tipos mais refinados de construção e aos poucos foi-se
abandonando as velhas soluções coloniais.
Com as mudanças nos códigos, ocorrem mudanças nas implantações e
dimensões dos lotes. Os recuos das casas passaram a ser mais frequentes, com
esquemas de implantação afastados dos vizinhos e com jardins laterais. A entrada foi
transferida para a lateral e a introdução do paisagismo trouxe mais arejamento e
5. iluminação. Nota-se o desaparecimento da uniformidade marcante do período colonial
e o desenvolvimento do Ecletismo, além da introdução da Art Nouveau e Neocolonial,
movimentos modernistas que trouxeram renovações nas formas de implantação. As
cidades passaram a ter serviços de agua, redes de esgoto, abastecimento, iluminação
e transporte coletivo. A melhora na higiene com as instalações hidráulicas mudou os
costumes e passou-se a instalar banheiros com agua corrente nas residências. As
casas passaram a ser mais afastada em relação as vias públicas e com o
desenvolvimento das calçadas, jardins começaram a ser incorporados. O
aperfeiçoamento permanente, principalmente com o aumento da experimentação,
buscando melhor aproveitamento de uso, ocorreu por conta dos benefícios da
industrialização que acompanhava as transformações da tecnologia e dos costumes.
Apesar da “necessidade” dos Planos Diretores e diversos outras leis e normas
que devem ser seguidas pelos arquitetos e urbanistas também nos dias atuais, muitas
críticas são apontadas na aplicação de tais documentos. Com a leitura do livro
percebemos que mudanças nos códigos são capazes de mudar e até melhorar o tipo
de habitação. Por trás desses Planos existem mais interesses políticos em detrimento
de interesses sociais capazes de promover o crescimento e melhoria das cidades. Em
outros países, percebemos que planos de habitação social permitem que os arquitetos
sejam criativos e desenvolvam projetos inovadores, que passam a ser valorizados
pelos moradores. O programa “Minha casa, minha vida” do governo brasileiro, por sua
vez, com suas inúmeras restrições e principalmente com a grande influência das
empreiteiras e imobiliárias que tem interesse apenas com os lucros dos imóveis, não
permitem o desenvolvimento e participação criativa dos arquitetos, quanto mais a
participação dos futuros habitantes. Percebemos que os programas sociais brasileiros
de habitação, com algumas exceções, têm se tornado favelas, pouco conservadas
pelos moradores, aumentando problemas de violência e caos no trânsito.
Com o desenvolvimento da indústria aparecerem os arranha céus. Todavia, a
indústria brasileira ainda era fraca no século XIX, e muitos equipamentos e materiais
ainda eram importados. O aumento de operários devido a industrialização fez surgir
os bairros e as vilas operárias para acomodação. As construções eram feitas pelos
proprietários, amigos e vizinhos, com padrões mínimos de construção e higiene. O
surgimento das favelas ocorre por conta das dificuldades sociais e econômicas, além
da rigidez e atraso na formulação dos lotes. Nota-se a despreocupação com aspectos
6. urbanísticos e o distanciamento do progresso entre pequenos centros e grandes
centros, além da desatualização das vias de transporte.
Um dos maiores problemas enfrentados pelas grandes cidades atualmente está
relacionado as vias de trânsito e os meios de transporte. Assim como ocorreu o
crescimento, o excesso e a concentração populacional, séculos passados, hoje a
ineficiência no sistema de transporte público, entre outros fatores, contribuem para o
excesso de automóveis nas vias, responsáveis pelos longos congestionamentos e
entre outros problemas. A verticalização e a multiplicação dos conjuntos de
construções foram a solução para atender as novas necessidades e funções do século
XIX até o momento. Soluções para os transportes também estão surgindo, como
corredores expressos para ônibus e por consequência mudanças na infraestrutura
urbana e viária, porém ainda estão aquém de uma solução efetiva.
O desenvolvimento de uma nova paisagem urbana, como é a cidade de
Brasília, exigiu a racionalização do sistema viário, sem desconsiderar o pedestre. Com
propostas renovadoras, através da divisão da cidade em setores, nos mostra uma
nova perspectiva, sendo exemplo de uma cidade planejada e integradora. Apesar
disso, o planejamento é permanente, buscando sempre soluções urbanísticas mais
avançadas e atualizadas, capazes de garantir o mínimo de conforto, seja
externamente através dos parques e jardins ou internamente com iluminação e
ventilação favorável, por exemplo, devendo envolver diversos profissionais.
O desenvolvimento urbano deve ser racional, em que cada área territorial
possui funções, formando um conjunto de acordo com a finalidade. Seguindo este
princípio, o autor mostra que deve haver controle das relações entre arquitetura e
urbanismo, e o fio condutor para a racionalização das estruturas urbanas e o
relacionamento entre cada elemento ou conjunto é feita através das vias de
circulação.
Por ser um livro que relata fatos, ele continua atual e objetivo para todos
aqueles que tenham interesse no desenvolvimento e mudanças ocorridas na
arquitetura e urbanismo do país. Assim como hoje, a dinâmica dos acontecimentos,
seja ela política, econômica, comportamental e cultural nos mostra que tudo isso tem
impacto nas construções arquitetônicas e por consequência na infraestrutura urbana.
Analisando o passado podemos tentar imaginar as tendências para o futuro,
buscando, antecipadamente, as soluções arquitetônicas e urbanísticas, sempre
fazendo a conexão entre as mais diversas áreas, como foi feito pelo autor.