Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Ensino Superior
1.
2. Reforma Universitária é discutida há cinco anos
Postado por Dinheiro Vivo em 25 junho 2009 às 18:30
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LILIAN MILENA
Da Redação - ADV
Anteprojeto de Lei da Reforma da Educação Universitária chega ao quinto ano sem aprovação do Congresso Nacional. Em dezembro de 2004, o
Ministério da Educação (MEC) apresentou a proposta, como forma de favorecer a expansão e adequação do modelo nacional, lançando discussões
para o desenvolvimento de um modelo institucional para o século XXI.
Acesse aqui o anteprojeto na íntegra
Em junho de 2006, o documento foi entregue ao Congresso Nacional. Desde então, a proposta continua em aberto e governo, instituições de
ensino e organizações sem fins lucrativos voltadas à educação superior, não entram em consenso.
O bom desempenho da educação superior determina a formação de mão de obra mais qualificada e aumento da produção científica no país, daí a
necessidade de investimentos para expansão e aprimoramento de modelos de gestão nacional.
A socióloga e professora adjunta da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, Maria do Carmo de Lacerda Peixoto,
explica que a construção de um sistema moderno universitário no Brasil foi feita paulatinamente, desde a década de 1970.
O objetivo do governo militar, ao consolidar as propostas da lei nº 5.540/68, era desenvolver um modelo amplamente difundido na Europa e em
universidades dos Estados Unidos (como Harvard e Yale): o humboldtiano, entendendo que o ensino deveria vir acompanhado da pesquisa de
forma a sistematizar a produção de novos conhecimentos por meio da investigação.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que atualmente apenas 11,5% dos jovens de 17 a 24 anos conseguem
ingressar em cursos superiores, mas a porcentagem que permanece nas salas de aula, e se forma, é de quase 3% levantando questões quanto a
eficiência das políticas governamentais nesse sentido.
Peixoto acrescenta que na década de 1990 o governo estimulou reformas de educação superior a partir da diversificação de fontes de
financiamento para as instituições públicas, diferenciação institucional e expansão da rede privada. O resultado foi o aumento das preocupações de
questões empresariais e de competitividade operacional por parte das universidades públicas – em 2005, o Brasil contava com 176 instituições de
ensino superior, sendo 86 privadas e 90 públicas.
Autonomia
Dentre as principais discussões referentes à lei do ensino superior está a seguridade da autonomia das instituições. Se por um lado, não é função
das universidades implementarem políticas públicas, por outro o Estado deve criar normas gerais para regulamentar o reconhecimento de cursos e
3. disciplinas nas instituições garantindo a possibilidade de intercâmbio de docentes e a mobilidade dos alunos, como defende a Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência (SBPC).
Conheça pontos polêmicos do Anteprojeto, aqui.
Outro ponto, discutido pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES), é a criação de cinco novas
universidades federais. A organização se coloca contra a medida por acreditar que serão alocados recursos desnecessários a partir do
desmembramento de federais já existentes.
Em nota preliminar, divulgada pela diretoria da ANDES, a associação diz que a versão atual do anteprojeto não apresenta mudanças profundas.
“As nervuras principais da contra-reforma já estão definidas pelo conjunto das medidas colocadas em prática pelo governo, em especial o Prouni
[Programa Universidades para Todos], o Sinaes [Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior] a Inovação Tecnológica e a reforma de
profissional e tecnológica”, apontam no relatório.
Acesse:“Versão definida do anteprojeto de lei da educação superior”, publicado pela ANDES -
Discussões abertas
No artigo “A República em termos de reforma universitária: o desafio do governo Lula”, o conselheiro da Câmara de Educação Superior do
Conselho Nacional de Educação (CNE), Hélgio Trindade, enfatiza a necessidade do país superar três impasses:
- Entender qual é o papel real do Estado na reforma de um sistema superior equilibrado nas ralações entre público e privado, dentro de uma
economia mundializada;
- Descobrir até que ponto o nível de massificação pode chegar no sistema público sem comprometer as atividades inovadoras na pesquisa básica e
aplicada;
- E a função estratégica das universidades para a construção de uma nação soberana e inserida na competição internacional pela geração de
conhecimento científico e tecnológico – papel, há muito tempo entendido por países como Estados Unidos e Japão.
O impasse enfrentado pelo governo estaria resumido no trinômio: avaliação/autonomia/financiamento. A intenção do Ministério da Educação a
partir da publicação do anteprojeto educação superior, seria o de responder a essas questões.
Membro da diretoria da SBPC, Isaac Roitman, ressalta que apesar do tema educação ser presente em todos os discursos políticos, está entre os
maiores problemas que o Brasil ainda precisa solucionar. “Não temos conhecimento das articulações que estão sendo feitas entre os vários atores
da educação superior no Brasil. Se ocorrem, não estão sendo publicadas de forma explicita”, completa.
O pró-reitor de graduação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Maerbal Marinho, tem uma visão diferente entendendo que o MEC vem
aumentando a interlocução com as entidades envolvidas no país, com relação ao anteprojeto. “Creio que o REUNI (Programa de Apoio a Planos
de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) faz parte de um processo de amadurecimento e serve como exemplo”, explica.
O anteprojeto pretende estabelecer normas gerais para a educação superior. Mas alguns mecanismos podem prejudicar a autonomia das
instituições de ensino, sobretudo com relação aos gastos orçamentários e a dependência das instituições federais em relação à Advocacia Geral da
União (AGU). Os resultados da aprovação dessas medidas recairão sobre todas as instituições, sejam privadas ou públicas, estaduais ou federais.
Leia as propostas da SBPC na íntegra
Reforma Universitária - As propostas da SBPC
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4. Universidades precisam de modelo mais democrático
Postado por Dinheiro Vivo em 25 junho 2009 às 18:30
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ROBERTA SALES
Da Redação - ADV
O recente confronto entre a Tropa de Choque da Polícia Militar e estudantes, professores e funcionários da Universidade de São Paulo (USP)
despertou discussões sobre a universidade pública, dentre elas, o modelo atual de governança e processo de escolha dos reitores. Questões quanto
a participação das comunidades acadêmicas no processo eleitoral e exclusividade de candidatura a professores titulares, surgem como entraves
para um processo mais democrático.
Eleições
Nas universidades estaduais de São Paulo – USP, Unicamp e Unesp - a eleição para reitores ocorre de quatro em quatro anos. Os candidatos são
votados pela comunidade acadêmica – conselhos universitários, com representantes dos diferentes setores da universidade e sociedade civil, e
congregações representando as unidades – que escolhem candidatos para participar do segundo turno. Nesse turno, somente o Conselho
Universitário tem voz para definir uma lista tríplice que é encaminha para o governador do Estado que indica o novo reitor. Só podem participar
do processo professores titulares.
Para Sylvio Barros Sawaya, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, o problema não está na participação do governo no
processo, mas na estrutura de representação das universidades, na qual a presença massiva de professores titulares tira o poder de participação dos
demais professores e escolas, pois “há várias categorias de professores que poderiam estar mais articuladas em função da eleição”.
A falta de envolvimento da comunidade acadêmica, também é apontada como problema pelo professor João Vergílio Gallerani Cuter da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, pois parte expressiva dos professores acompanha o processo de longe e é apenas
comunicado da decisão. O nome escolhido, segundo ele, “não encarna nenhuma espécie de movimento nascido na comunidade acadêmica, nem se
sente devedor de satisfação a ela”. Além do déficit participativo, Vergílio, comenta sobre o esvaziamento do processo eleitoral, já que não há
visibilidade para os problemas da universidade, que deveriam ser trazidos à tona e discutidos antes da indicação dos nomes à lista tríplice.
Como caminho para tornar o processo mais democrático, o professor Vergílio, sugere pensar em um processo semelhante ao das universidades
federais, cujo modelo de votação é mais participativo e a concorrência não é limitada a professores titulares. Para Sawaya, “a idéia seria recompor
os colegiados de forma mais expressiva e verdadeira”.
Ronaldo Tadeu Pena, reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), defende a importância de um processo eleitoral baseado na
apresentação e discussão de propostas e projetos para a instituição. Posto isso, cabe aos conselhos superiores a regulamentação e consulta junto à
comunidade, sem interferir na opinião. Entretanto, segundo o reitor, a opinião dos professores não deve ser única, mas predominante, atendendo
ao regulamento legal, 70% de participação.
5. Gestão
A gestão administrativa e financeira das universidades estaduais também é questionada. Referente a indicação de acadêmicos para cargos
departamentais, por exemplo, o professor Vergílio, defende uma avaliação mais criteriosa. Segundo ele, há cargos estritamente acadêmicos, a
exemplo da comissão de pesquisa, e outros que seriam geridos com qualidade por profissionais experientes. “Que sentido tem colocar professores,
por exemplo, na Comissão de Gestão e Patrimônio?”, questiona.
Para Sawaya, o processo híbrido de professores assumindo papéis de administradores precisa ser revisto, pois o modelo atual “apresenta
congestionamento executivo, já que o reitor não tem tempo de atender a todos e não há organização entre as pró-reitorias”.
Na opinião do professor Vergílio, outra questão importante é a falta de transparência e prestação de contas na gestão das universidades públicas,
onde o desperdício de verba e descaso, gerados pela falta de planejamento e cobrança de resultados, é visível.
Reuni
As universidades federais, não se diferenciam somente no processo de eleição, mas contam com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação
e Expansão das Universidades Federais (REUNI), plano com diretrizes para a elaboração de projetos de reestruturação universitária, que sendo
aprovado pelo MEC, será também por ele financiado.
6. Estrutura do MEC e Universidades Públicas
Postado por Dinheiro Vivo em 25 junho 2009 às 20:00
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LILIAN MILENA
Da Redação - ADV
O Ministério da Educação (MEC) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) aprovaram recentemente medida
para que o mestrado profissional tenha normas próprias de credenciamento e avaliação. Dentre os quesitos, anunciados no Diário Oficial da União,
do dia 23 de junho, está a necessidade de que parte do corpo docente seja composto não apenas por mestres e doutores, mas por professores com
formação específica na área em que lecionam.
A aplicação dessa portaria exemplifica a função do Estado em atuar na legislação e concepção das universidades. Mas, para entender até onde o
poder público deve se colocar, para definir critérios de avaliação e administração, é preciso destacar órgãos públicos criados para organizar as
Instituições de Ensino Superior (IES). O MEC é a maior instância nesse sentido, por meio da Secretaria de Educação Superior (Sesu), planeja,
orienta e supervisiona o processo de formulação e implementação da Política Nacional de Educação Superior.
Conheça a estrutura organizacional do MEC
7. FONTE: site do Ministério da Educação
A Sesu também realiza a supervisão, o desenvolvimento e a manutenção das Instituições Públicas Federais de Ensino Superior (Ifes), além da
supervisão das instituições privadas, apoiada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
Além da Sesu, o MEC responde pela Capes, que tem o papel de conceder recursos para a formação de pós-graduados stricto sensu (mestrado e
doutorado). Em 2008, o órgão havia fornecido cerca de 41 mil bolsas – em 1995, quando criado, beneficiou próximo de 15.600 estudantes. O
CAPES é responsável pelo investimento da formação de recursos humanos fora do país e de contratos de cooperação científica internacional – em
2008 foram concedidas cerca de 4.200 bolsas no exterior.
O MEC gerencia, ainda, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela produção de estudos, pesquisas e
avaliações das universidades. O Censo da Educação Superior é fruto de levantamentos realizados por esse órgão a partir do preenchimento do
formulário eletrônico, avaliado posteriormente pelo Inep.
O Inep relaciona os dados das IES com os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) – criado em 1995, e realizado a cada
três anos. O sistema é composto por três outros mecanismos do MEC: Avaliação das Condições de Ensino; Avaliação Institucional, e Exame
nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).
Com base nos resultados do Enade, a Sesu e o Inep chegam ao Índice Geral de Cursos da Instituição (IGC) que variam de 1 a 5 (1 e 2 são notas
consideradas ruins). Por fim, a Sesu é quem irá responder pelo credenciamento ou revalidação dos cursos superiores.
Estrutura universitária: dois modelos
UFBA
A Universidade Federal da Bahia, fundada em 1808, tem hoje mais de 150 cursos, de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado), e 24 mil
alunos matriculados. O laboratório Cybermetrics 2009, do Centro de Informações e Documentação (CINDOC), do Conselho Nacional de Pesquisa
da Espanha (CSIC) classificou a instituição na 692ª entre as IES que mais produzem material científico – em âmbito nacional, a UFBA é a 17ª
colocada.
Recentemente a universidade aderiu ao REUNI, tendo apresentado a maior proposta de expansão entre instituições federais que pediram recursos
do programa.
Estima-se que a universidade receberá o financiamento de R$ 90 milhões a serem aplicados durante os 4 anos de duração do REUNI, além do
custo adicional de R$ 69 milhões entregues em 2008. O pró-reitor de graduação da UFBA, Maerbal Marinho, explica que entre os objetivos da
instituição estão a construção de 80 mil metros quadrados de infra-estrutura, aquisição de 10 mil novos computadores, contratação de 533
professores em dedicação exclusiva e aumento de 90% da taxa de alunos concluindo os cursos de graduação.
“A universidade não conseguiria responder a um projeto de expansão como esse sem recursos adicionais. Cabe ao governo ter propostas de
políticas públicas. Os projetos são feitos pelas universidades mantendo a autonomia delas em relação às propostas oferecidas pelo Estado”,
completa. Em 2009 a instituição ofereceu 7 mil vagas, ou 2.800 acima do registrado no ano anterior.
Acesse artigo da UFBA em relação a ranking Cybermetric
Estrutura Organizacional
8. FONTE: Relatório de Gestão 2008 - UFBA
USP
A Universidade Estadual de São Paulo, fundada em 1934, oferece atualmente 229 cursos para mais de 56 mil alunos. Por ser uma instituição não-
federal, a USP não participa das propostas do REUNI, mas devido ao histórico de pesquisas e programas de expansão, é considerada a principal
universidade do país e da América Latina.
O ranking “The Times”, formado pelas 200 instituições de maior relevância mundial, classificou a universidade brasileira, em 2008, no 196º lugar.
Já no índice Cybermetric, a USP foi reconhecida na 113ª colocação entre todas as IES do mundo – hoje respondendo por 28% da produção
científica nacional.
Estrutura organizacional
10. Pós-graduação no Brasil:10 vezes abaixo do ideal
Postado por Dinheiro Vivo em 25 junho 2009 às 19:00
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DAYANA AQUINO
Da Redação - ADV
Essencial à formação de novos profissionais para atividade docente e fomentar desenvolvimento científico e tecnológico, a capacitação dos
profissionais em pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) está muito aquém do desejado no Brasil. Com base na população, Produto
Interno Bruto (PIB), extensão territorial e na comparação com outros países, estamos 10 vezes abaixo do ideal. A afirmação é do presidente da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes), Jorge Almeida Guimarães.
A constatação de Guimarães não se refere apenas aos tempos atuais. A falta de especialização dos egressos de universidades já foi pauta de três
edições do Plano Nacional de Pós Graduação (PNPG), além da versão mais recente, PNPG 2005-2010. Este último documento, sintetiza as
diretrizes que norteiam as políticas públicas de qualificação de pessoal em nível de mestrado e doutorado, cujo principal objetivo é expandir a pós-
graduação no país.
Entre as metas, estão a redução da disparidade regional – o Sudeste concentra mais de 50% dos alunos de pós-graduação –, o fortalecimento da
cooperação internacional e uma maior adesão de doutores no meio acadêmico. O esforço do governo em melhorar a educação superior já
conseguiu elevar o patamar de doutorandos para 10 mil por ano, e a meta para formação de mestres em 2010 é de 45 mil.
Perspectivas
Já está em andamento um levantamento das ações realizadas no âmbito do PNPG 2005-2010, antes mesmo de seu término. Guimarães conta que o
objetivo é evitar que haja tempo ocioso até uma próxima ação para mestrado e doutorado pelo próximo governo. Entre o PNPG III e o atual, se
passaram 15 anos. Em agosto será realizado um seminário para verificar todas as medidas tomadas e os seus efetivos resultados.
Guimarães adianta que uma das sugestões para o próximo governo é continuar a capacitação dos estudantes das áreas menos favorecidas, como a
Amazônia. Segundo ele é preciso investir na formação e especialização das pessoas dessas localidades, além de criar subsídios para sua
permanência na região. Também será necessário melhorar a infra-estrutura das instituições locais, permitindo maior tecnologia para a realização
de pesquisas.
Neste sentido, o Ministério da Educação (MEC) possui ações para a interiorização das universidades e expansão do ensino superior. Uma ação,
por exemplo, é a Universidade Aberta do Brasil (UAB) que surge para alcançar as regiões menos favorecidas com a educação superior. Criada em
2005, a instituição de ensino é uma articulação entre universidades estaduais, federais e institutos federais de educação, ciência e tecnologia (Ifets)
para levar ensino superior público aos municípios brasileiros que não possuem cursos de formação superior, ou cujas ofertas são insuficientes para
atender a todos, segundo informou a assessoria de comunicação da Capes.
Outra indicação para medidas futuras é a cooperação internacional, com vistas a moldar o profissional necessário ao mercado globalizado. A
11. parceria com a França, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos deverá ser reforçada, bem como com países do Mercosul.
Além disso, discussões sobre a alteração da pós-graduação - projeção de vagas e novas áreas e, até mesmo, a possibilidade de ser deslocada da
faculdade – estão em início de discussão. Guimarães ressalta, porém, que essas sugestões são preliminares, e ainda precisam ser minuciosamente
estruturadas.
A ampliação da criação de bolsas integrais ou parciais para profissionais da Educação Básica - área prioritária para o governo -, também deverá
ser abordada somente no próximo governo.
Histórico
Para a elaboração do PNPG 2005-2010, institui-se uma comissão, formada por representantes de todos os segmentos que atuam na pós-graduação:
universidades e pró-reitorias, sociedades científicas, coordenadores de programas e cursos de pós-graduação, representantes de área da Capes,
comitês assessores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), comitês gestores dos fundos setoriais do
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Associação Nacional de Pós-Graduandos e setor empresarial.
Os planos anteriores forneceram subsídios para verificar as deficiências passadas, medidas tomadas para sua correção e os resultados. Em alguns
pontos, as abordagens dos planos anteriores se repetiram. Veja algumas das metas de todos os planos:
PNPG (1975-1979)
-Institucionalizar o sistema, consolidando-o como atividade regular no âmbito das universidades e garantindo-lhe financiamento estável;
-Elevar os atuais padrões de desempenho e racionalizar a utilização de recursos;
-Planejar a sua expansão, tendo em vista uma estrutura mais equilibrada entre áreas e regiões.
PNPG (1982-1985)
-Expandir a capacidade docente;
-Elevar a qualidade da capacitação dos cursos de pós-graduação;
-Envolver a comunidade científica no processo.
PNPG (1986-1989)
- Desenvolver a pesquisa pela universidade;
- Integração da pós-graduação ao sistema de ciência e tecnologia.
Veja aqui o PNPG 2005-2010 na íntegra
Plano Nacional de Pós-Graduação (2005-2010)
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12. Academia e mercado disputam talentos
Postado por Dinheiro Vivo em 25 junho 2009 às 19:30
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DAYANA AQUINO
Da Redação - ADV
A absorção imediata de profissionais graduado, feita pelo mercado, tem provocado retração nas metas estipuladas pelo Plano Nacional de Pós-
Graudação (PNPG) 2005-2010, cujo objetivo era encerrar 2010 com 16,1 mil doutorandos, número teto proposto pelo plano. Entretanto, de acordo
com as projeções o número real não deve superar o piso de 13 mil. Para 2009, o número de doutores com base nas previsões da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES) deve ficar em 12 mil.
Na análise de Jorge Almeida Guimarães, presidente da CAPES, a redução na formação de doutores está relacionada a demanda de mão de obra
qualificada enfrentada pelo mercado. Segundo ele, as áreas ligadas a tecnologias, como engenharia e informática, estão contratando pessoal por
altos salários, assim que os mesmos deixam a graduação. Um dos exemplos é a Petrobras, cujo desenvolvimento de novos projetos demandará
profissionais dessas áreas.
Se por um lado a busca por profissionais graduados é boa para a empregabilidade no país, por outro, pode reduzir o número de especialistas em
pesquisas importantes para o desenvolvimento científico e tecnológico e, até mesmo, o número de docentes para os cursos de pós-graduação.
Guimarães ressalta que a previsão de engenharia para a Capes era de 20%, porém o registrado é de 13%, justamente pela concorrência com as
empresas.
Ao mesmo tempo, enquanto muitos profissionais são absorvidos pelo mercado, há um movimento de retorno de pessoas graduadas e empregadas
para pós-graduação. A opinião é da Sub-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Mônica
Heilbron. Para ela, a aproximação da indústria é benéfica, pois traz um equilíbrio para as universidades mesclando mestrandos e doutorandos
dedicados à área acadêmica e à indústria.
Na avaliação do Presidente da Comissão de Implantação da Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab), Paulo Speller, a
absorção de profissionais pela iniciativa privada é natural, pois são estas mesmas empresas que geram empregos e tributos, garantindo que o
governo custeie as bolsas dos programas de pós-graduação. Para Speller a iniciativa privada poderia absorver mais profissionais do que tem feito
atualmente, mas concorda que faltam pós-graduados na área de engenharias.
Bolsas
Em 2003, o número de bolsistas de mestrado e doutorado era de 20 mil. Hoje, são 60 mil bolsistas, dos quais 52 mil são financiados pela Capes.
Guimarães explica que todo o planejamento de criação de bolsas é feito com base em diferentes cenários, portanto, já prevendo futuras demandas.
Em relação à ampliação das bolsas, Guimarães esclarece que o processo é meritocrático. Dos 170 mil estudantes de pós-graduação, um terço
possui bolsa de estudos. Outro um terço têm vínculo empregatício, perdendo o direito à bolsa, e outro um terço busca financiamento em outras
agências de fomento, bancos e etc.
13. O baixo valor do incentivo – bolsa – favorece a migração dos alunos para a iniciativa privada, na opinião de Heilbron. Hoje, por meio das duas
agências federais (Capes e CNPq), a bolsa para mestrado é de R$ 1.200 e, para doutorado, R$ 2.000. Os valores podem ser suficientes para
algumas áreas, mas não para a área tecnológica, por exemplo, pois as propostas salariais são atraentes.
Para Heilbron o número de bolsas é razoável e provoca concorrência entre os candidatos. Os cursos, que duram dois e quatro anos,
respectivamente, sugerem comprometimento do aluno, e este filtro deve ser feito desde o momento da seleção.
Já para Angela Uller, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), o número de bolsas
não é suficiente e não acompanha os programas do governo que incentivam os alunos a buscarem especialização. Há aumento de procura, mas o
número de bolsas tem se mantido constante. A professora ressalta que os novos cursos começam com número reduzido de bolsas, sendo apenas
duas vagas. A cada três anos os cursos são avaliados, e se subirem de nível, são contemplados com mais bolsas.
Uller avalia positivamente as estratégias do governo para melhorar a educação superior no país, explica que alguns avanços já foram percebidos,
mas poderá levar algumas décadas para perceber resultados reais. Algumas medidas surtem impacto no curto prazo, segundo Uller, a exemplo do
reajuste do benefício concedido aos bolsistas, cuja revisão não acompanha o aumento dos custos do aluno e deve ser revista pelo Congresso.
Capacitação de professores
O plano prevê investimentos globais de R$ 3,2 bilhões até 2010. Destes, R$ 1,6 bilhão será direcionados apenas a formação de novos docentes.
Como as projeções traçadas são baseadas em diferentes cenários, a meta de docentes absorvidos pela pós-graduação é de 4,7 mil a 2,8 mil.
De acordo com a Capes, para atuar na formação de professores para a educação básica, o Ministério da Educação (MEC) criou em 2005 a
Universidade Aberta do Brasil (UAB), fruto da articulação entre universidades estaduais, federais e institutos federais de educação, ciência e
tecnologia (Ifets). O objetivo é levar ensino superior público de qualidade aos municípios brasileiros nos quais não há cursos de formação
superior, ou cujas ofertas são insuficientes para atender a todos. A medida também vai ajudar a reduzir as diferenças regionais.
Na avaliação de Speller, as universidades têm demandado um bom número de profissionais mestres e doutores, conforme últimos concursos
lançados pelo Governo Federal. Ele acredita que a defasagem possa estar na demanda por profissionais qualificados na própria inciativa privada,
em áreas como ciências sociais.
Uller pondera que, embora haja uma demanda por profissionais com pós-graduação no setor acadêmico, essas oportunidades estão mais
concentradas nos cursos novos. Nos cursos mais antigos, há maior presença de profissionais sênior- com mais tempo de experiência e muitos
próximos a aposentadoria -, a renovação ainda é pequena. Ela acredita ser necessário um programa de incentivo aos professores, para ampliar os
cursos mais antigos e suprir a demanda futura por novos profissionais.
Leia mais sobre pós-graduação na matéria "Pós-graduação no Brasil: 10 vezes abaixo do ideal"
Tags: capes, ciência, mercado, pesquisa, pós-graduação
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14. Enem gera discussões no meio acadêmico
Postado por Dinheiro Vivo em 25 junho 2009 às 19:00
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DAYANA AQUINO
Da Redação - ADV
Substituir o tradicional vestibular nas universidades, servir de ferramenta de comparabilidade e fomentar a reestruturação do ensino médio. Esses
são os principais objetivos do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O projeto, lançado pelo Ministério do Educação (MEC), em março
deste ano, ainda gera muita polêmica em torno da eficácia de suas propostas e alcance de suas intenções.
O modelo único de avaliação permitiria reorganizar os currículos das escolas em nível nacional, que é maior objetivo da iniciativa. De acordo com
o ministério, por intermédio de sua assessoria de imprensa, o vestibular nos moldes de hoje produz efeitos nocivos sobre o currículo do ensino
médio, que está cada vez mais voltado para o acúmulo excessivo de conteúdos.
Os novos exames combinariam a abrangência de conteúdo do vestibular tradicional com o modelo de questões do Enem. O MEC aponta algumas
vantagens do novo modelo:
- Avaliação da capacidade analítica e de raciocínio dos alunos;
- Sinalização ao ensino médio um novo tipo de formação, que privilegie uma educação voltada ao raciocínio e capacidade analítica, e não apenas
no acúmulo de dados
- Avaliação do desenvolvimento das instituições de ensino médio e superior;
- Democratização do acesso às universidades através da centralização dos processos seletivos;
- Redução de despesas de locomoção e taxas com inscrições, pois será apenas um processo seletivo;
- E aumento da mobilidade, pois o estudante, após fazer o exame, poderá escolher até cinco instituições em todo o país.
Modelo
O ENEM tem causado discussões no meio acadêmico. Há consenso quanto à necessidade de melhorar o sistema de ensino no país, entretanto as
opiniões divergem quanto ao modelo adotado para atingir tal objetivo.
Para o Presidente da Comissão de Implantação da Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab), professor Paulo Speller, a
seleção através do Enem vai auxiliar na reestruturação de alguns pontos do ensino médio, mas não vai solucionar os problemas. Speller é
favorável ao modelo de prova, pois a metodologia privilegia a totalidade do ensino e, por essa característica, induz a uma nova formação
curricular nas escolas e cursos de pré-vestibular.
Por outro lado, o professor acredita na melhoria do ensino médio independente das discussões sobre o ENEM. Em sua opinião, é necessário um
esforço específico no país em relação ao assunto, com ações que foquem o fortalecimento e melhoria do ensino médio no país.
15. O professor da Universidade de São Paulo (USP) e ex-diretor do Inep, José Marcelino Rezende Pinto, também observar que as melhoras no
currículo do ensino médio poderiam contar com medidas mais produtivas. A implantação de aulas práticas de biologia, física e química, por
exemplo, faria com que escolas públicas e privadas investissem em laboratórios, complementando o aprendizado, diz ele.
Impactos
Outro aspecto comentado por Rezende é quanto à democratização do acesso. Segundo ele, estudos apontam que o impacto do Enem no ingresso
da USP e UNESP é quase nulo no sentido de alterar o perfil dos alunos ingressantes. Enem é um tipo de exame para o qual o aluno precisa ser
treinado e as escolas privadas têm mais condições de propiciar um treinamento, assim como já acontece com o vestibular tradicional.
Speller, também avalia o acesso, mas no âmbito de mobilidade territorial. Para ele, apesar das alegações das supostas vantagens de alunos de
regiões desenvolvidas sobre os de regiões carentes, há aqui a possibilidade de bons candidatos disputarem de igual para igual. Por exemplo, alunos
bem pontuados do Nordeste concorrem vagas com alunos do Sul. No caso do vestibular, complementa Speller, bons candidatos podiam ser
ofuscados devido a alta nota de corte de sua região.
Vestibular Seriado
O mérito da proposta está em trazer á tona o debate sobre o vestibular no Brasil, que é uma questão dramática. Mas um sistema de acesso à
universidade baseado em uma única prova, não tem como ser democrático. A opinião é do presidente da União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas (Ubes), Ismael Cardoso.
Cardoso considera que o grande problema do vestibular e do Enem é fazer uma única avaliação, ao fim do período escolar, pois não acompanha o
processo de formação do estudante. A prova é aplicada no fim de uma educação ruim. A questão poderia ser solucionada, ou amenizada, se o
exame fosse aplicado uma vez ao ano, durante todo o ensino médio, permitindo que o aluno que se saísse mal na primeira prova, pudesse
recuperar a pontuação nas demais. O método também serviria como ferramenta de avaliação do governo pelo ensino médio, em condições muito
ruins atualmente, em sua opinião.
Vagas
O professor Speller pondera que o Brasil está atrasado nesta discussão, pois vários países já usam o exame nacional como forma de acesso à
universidade e considera que o país cresceu pouco no que diz respeito ao número de vagas disponíveis no ensino superior, questão que está
diretamente ligada ao ensino médio.
Sobre o aumento da oferta de vagas no ensino superior, o MEC informou que conta com programas específicos, como o Programa de
Reestruturação e Expansão da Rede Federal de Ensino Superior (Reuni). Este projeto elevou o número de vagas ofertadas a cada ano de 113 mil,
em 2003, para 227 mil, em 2009, nas 55 universidades federais brasileiras.
Mais quatro novas universidades federais aguardam aprovação pelo Congresso Nacional. São elas: Universidade Federal da Integração Latino-
Americana-UNILA, Universidade Federal da Integração Amazônica – UNIAM, Universidade Luso Afro-Brasileira-Universidade-UNILAB e
Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS.
Histórico
Originalmente concebido para ser uma ferramenta de avaliação dos estudantes de ensino médio, o Enem foi criado em 1998, no Governo
Fernando Henrique Cardoso, pelo então ministro da Educação Paulo Renato Souza. Os dados coletados pelo exame seriam utilizados para
melhorar ou criar políticas públicas para a área.
Em 2005, já no governo de Luis Inácio Lula da silva, o Enem passou a ser utilizado como forma de ingresso no recém criado Programa
Universidade Para Todos (Prouni), cujo objetivo é conceder bolsas integrais ou parciais a estudantes.
A nota do Enem pode ser usada de quatro formas: como fase única; como primeira fase; como fase única para as vagas remanescentes, após o
vestibular; ou combinado ao atual vestibular da instituição. Neste último caso, a universidade definirá o percentual da nota do Enem a ser utilizado
para a construção de uma média junto com a nota do vestibular.
As instituições têm autonomia para optar pela modalidade e divulgar em seus editais qual formato participará cada curso. A migração para o
sistema será acompanhada por um grupo de pesquisa constituído pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep), como forma de analisar as reações ocasionadas pelo novo método de ingresso e, se necessário, propor adequações.
Até junho, das 55 universidades federais, 42 já haviam aderido ao novo Enem. A expectativa do MEC é que todas instituições federais adotem de
alguma forma o exame como seleção de alunos.
Veja o mapa das instituições que aderiram: Observe o mapa das adesões por estado
16. Programa pretende melhorar o sistema educacional
Postado por Dinheiro Vivo em 25 junho 2009 às 18:57
Exibir blog de Dinheiro Vivo
DAYANA AQUINO
Da Redação - ADV
Criado com objetivo de melhorar a qualidade do ensino do país e envolver a sociedade na construção de um melhor sistema educacional, o Plano
de Desenvolvimento da Educação (PDE) foi lançado em 2007, pelo Ministério da Educação (MEC). O projeto também tem o intuito de atuar
como ferramenta de prestação de contas à sociedade, tornando mais transparentes as ações do ministério e assegurar que suas ações cheguem às
salas de aula.
O Plano abarca uma série de medidas já em andamento no MEC e ações novas, levando em consideração toda a cadeia do processo educacional.
As atividades vão desde a implementação da avaliação para crianças de seis a oito anos de idade - para verificar o processo de alfabetização dos
alunos a tempo de solucionar possíveis distorções -, até a formação de professores.
A alfabetização de jovens e adultos é contemplada por meio do Programa Brasil Alfabetizado, que propõe a ampliação de turmas nas regiões do
interior do país. As atividades do projeto envolvem a criação de material didático específico para esse público. No âmbito da educação
profissional, o PDE tem como objetivo criar institutos federais de educação em locais estratégicos, para contribuir com o desenvolvimento das
cidades próximas. Também está previsto o acompanhamento e assessoria aos municípios com baixos indicadores de ensino
De acordo com o MEC, as iniciativas foram no sentido de criar um piso salarial aos professores e ampliar o acesso desses educadores à
universidade. Questões relacionadas à infra-estrutura, como eletrificação de escolas públicas e acesso escolar também foram abordadas. Várias
outras ações foram envolvidas no PDE, que teve a colaboração de professores, pesquisadores e ex-ministros da educação em sua elaboração.
17. Programa amplia vagas nas universidades
Postado por Dinheiro Vivo em 25 junho 2009 às 18:30
Exibir blog de Dinheiro Vivo
FERNANDA BERTONCINI
Da Redação - ADV
A política nacional de expansão da educação superior pública ganhou nova ferramenta para ser definitivamente consolidada. O Programa de
Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), instituído pelo Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007,
atende às exigências previstas no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado pelo governo federal, que estabelece a provisão da
oferta de educação superior para – pelo menos – 30% dos jovens entre 18 e 24 anos, até o final da década.
O decreto deve colaborar na erradicação da falta de vagas no ensino público. Para se ter uma idéia, segundo o Censo da Educação Superior de
2005, o Brasil contava com 176 universidades, das quais 90 eram públicas, sendo 52 do sistema federal, 33 estaduais e cinco municipais.
Neste ano, o sistema público acolhia um total de 1.192.189 matrículas de graduação. O setor privado compreendia 1.934 instituições, dentre elas
86 universidades, com 3.260.967 matrículas de graduação. Atualmente, a cada ano ingressam 1.700.000 novos estudantes de graduação, na
modalidade presencial, no sistema nacional de educação superior (INEP, 2005).
Dessa forma, a meta global do programa é elevar gradativamente a taxa de conclusão média dos cursos presenciais para 90% e da relação de
alunos de graduação em cursos presenciais por professor para 18, ao final de cinco anos, a contar do início de cada plano.
O modelo reforça as iniciativas para a ampliação de vagas e a evolução da qualidade da educação no país, com foco na ampliação de políticas de
inclusão e de assistência estudantil, como forma de oferecer igualdade de oportunidades para o estudante com condições sócio-econômicas
desfavoráveis.
Adicionalmente, os projetos apresentados ao REUNI terão suas consistências avaliadas frente às exigências do decreto que compõe o programa. A
implementação do programa por parte das universidades federais será por adesão e as propostas apresentadas devem atender ao seguinte conjunto
de indicadores:
• Ampliação da Oferta de Educação Superior Pública: aumento de vagas de ingresso, especialmente no período noturno, e redução das taxas de
evasão e ocupação de vagas ocasionais.
• Reestruturação Acadêmico-Curricular: revisão da estrutura acadêmica para elevar a qualidade do ensino; reorganização dos cursos de graduação;
diversificação das modalidades de graduação; implantação de regimes curriculares e sistemas de títulos que possibilitem a construção de
itinerários formativos e previsão de modelos de transição.
• Renovação Pedagógica da Educação Superior: articulação da educação superior com a educação básica, profissional e tecnológica; atualização
de metodologias de ensino e previsão de programas de capacitação pedagógica.
18. • Modalidade Intra e Inter-Institucional: promoção da ampla mobilidade estudantil mediante o aproveitamento de créditos e a circulação de
estudantes entre cursos e programas, e entre instituições de educação superior.
• Compromisso Social da Instituição: política de inclusão; programas de assistência estudantil e políticas de extensão universitária.
• Suporte da pós-graduação ao desenvolvimento e aperfeiçoamento qualitativo dos cursos de graduação: articulação da graduação com a pós-
graduação; expansão quali-quantitativa da pós-graduação orientada para a renovação pedagógica da educação superior.
Em cada uma das dimensões, a universidade deverá propor ações para subitens e, caso ainda queira propor alguma ação em um aspecto não
contemplado nessas diretrizes, mas inserido no escopo do programa, poderá fazê-lo em espaço apropriado para cada dimensão da reestruturação
proposta.
Todas as propostas encaminhadas deverão contemplar um aumento mínimo de 20% nas matrículas de graduação projetadas para a universidade,
além de atender as demais diretrizes do programa.
Além disso, os planos de reestruturação apresentados pelas instituições de ensino públicas e aprovados pelo Ministério da Educação, terão sua
exeqüibilidade financeira garantida pelo MEC já a partir de 2008, mediante termo de pactuação de metas a ser firmado entre o MEC e as
universidades participantes.
Outros detalhes podem ser conferidos na íntegra do documento:
REUNI
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19. 12/06/2009 - 09:39
Um discussão sobre a Universidade pública
Vamos pegar a deixa do João Vergílio e começar a discutir seriamente a USP. Colocarei algumas premissas,
para tentar organizar um pouco a pauta.
Elemento 1 - a missão da Universidade.
Nos anos 90 houve grande discussão. De um lado, os que achavam que a Universidade deveria atender o
mercado; do outro, os que consideravam que o único compromisso era com a ciência. E, para cumprir essa
LUIS NASSIF
missão, o pesquisador deveria ficar solto, sem se amarrar a metas e avaliações.
Introdutor do jornalismo de
serviços e do jornalismo
Em um estudo clássico, o então reitor da UNICAMP, Britto Cruz, colocou a discussão nos devidos termos. O eletrônico no país. Vencedor do
papel da Universidade é formar alunos e fazer ciência, prospectar as fronteiras do conhecimento. Aqueles Prêmio de Melhor Jornalista de
alunos com vocação empreendedora, com tendência a desenvolver tecnologia, deveriam ser estimulados a Economia da Imprensa Escrita
montar sua empresa (as incubadoras), registrar suas patentes e ser colocado em contato com empresas. do site Comunique-se em 2003,
Escritórios de patentes foram criados na UNICAMP e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 2005 e 2008, em eleição direta
da categoria. Prêmio iBest de
Uma das maiores asneiras propagadas nos anos 90 - especialmente pelo ex-Ministro Paulo Renato - é que os Melhor Blog de Política, em
eleição popular e da Academia
governos deveriam se preocupar apenas com o ensino básico, deixando Universidades para segundo plano.
iBest.
Cometeu um crime contra a educação, a ciência e a tecnologia nacionais.
Para enviar emails a Luís Nassif
Elemento 2 - os agentes da Universidade. clique aqui.
Definidos os fins (formar alunos e fazer ciência), há que se trabalhar os meios. Todas as análises de meio
deverão ter como foco central os fins.
Os professores - Quem produz conhecimento e forma alunos são os professores. Eles devem trabalhar em
um local que, numa ponta, forneça as melhores condições de trabalho. Na outra, modelos de avaliação que
meçam sua produtividade e grau de excelência. Publicação de papers é um modo, mas não apenas isso.
Geração de patentes é outro, mas não pode ser o foco. Análise do que aconteceu com seus ex-alunos, um
terceiro indicador, mas não exclusivo. A reputação acadêmica do departamento, outro. A avaliação dos alunos
e funcionários, outro.
Os alunos - são os receptadores do conhecimento transmitido pelos professores. Por isso mesmo, devem ser BUSCA
um agente ativo de avaliação dos mestres e das condições oferecidas pela Universidade. Tempos atrás, fui
buscar
convidado para ser ombudsman de um jornal da ECA/USP, muito bem feito, por sinal. Havia reportagens
acachapantes sobre as más condições de funcionamento da USP, falta de manutenção, restaurantes caindo
aos pedaços etc. Obviamente, há limites para a atuação dos alunos. O caminho é a definição de fóruns
adequados de manifestação mas, principalmente, de clareza sobre a busca permanente da excelência
CRÔNICA
universitária. ECONOMIA
Os funcionários - o papel dos funcionários é fornecer a retaguarda administrativa e de serviços para os
professores. Sua estrutura, tamanho, custo deve seguir estritamente o que for necessário para o bom
funcionamento da Universidade. Mas, em fóruns adequados, deve opinar sobre temas a que estão ligados, ÚLTIMOS POSTS
como as condições de trabalho, as sugestões para melhorias, os compromissos de melhorias contínuas. Lembranças do capitão Galvão
A tragédia de Jackson
Mais pragmatismo, menos ideologia
A direção - há três instâncias de poder na Universidade: os departamentos, o Conselho Universitário e a
Médicos dizem que Dilma está
Reitoria. curada
Pedro Simon, o Catão
Vamos, primeiro, discutir o modelo de gestão na Universidade, antes de retomar essa questão da governança. Fora de Pauta
A tradução do Global Trends
O prêmio da Unesco
Elemento 3 - a governança na Universidade.
A morte de Michael Jackson
Trivial dos 40 anos do Pasquim
Gerir uma Universidade é tarefa muitíssimo mais complexa do que administrar uma grande corporação. Na Um texto imperdível sobre Simonal
20. empresa, há objetivos definidos (produzir, gerar lucros), cadeia de comando verticalizada (a ordem vem de A morte da deusa dos dentes
abundantes
cima e se impõe sobre os departamentos), e formas conhecidas de articulação dos departamentos. A lógica da
Filhas da crise
Universidade é outra e exige um modelo de governança diferente. A culpa não foi do piloto
As denúncias permanentemente
Mas o que existe hoje em dia é o caos. disponíveis
A primeira instância de poder são os departamentos.
CALENDÁRIO
Junho 2009
Em geral, são caixas pretas. Alguns buscam a excelência, outros são arenas de disputas entre os professores.
A politização começa por ali. S T Q Q S S D
Diria que nas Exatas há maior compromisso com a busca de excelência, com a contratação de professores 1 2 3 4 5 6 7
que tragam mais reputação para os departamentos. Em outros campos, a marmelada começa nos próprios 8 9 10 11 12 13 14
concursos para professores, em um sistema de compadrio que compromete a missão da Universidade. 15 16 17 18 19 20 21
22 23 24 25 26 27 28
A indicação de acadêmicos para cargos departamentais é uma excrescência que impõe duas perdas: mata-se 29 30
o acadêmico e cria-se um mau gestor. « Mai
Por outro lado, as regras do MEC - especialmente para as federais - não estimula nenhuma forma de
aprimoramento de gestão. Se um departamento conseguir economizar em atividades-meio, não terá como Clique aqui para ler os textos
utilizar os recursos para atividades-fim. No ano seguinte, esses recursos serão retirados por serem antigos de Luis Nassif.
considerados excedentes.
A segunda instância é o Conselho Universitário.
Direito de
A implantação de eleição direta nas Universidades gerou, em muitas delas, o populismo acadêmico, de
atendimento das demandas de professores e funcionários, deixando de lado a busca da excelência. No fundo,
Resposta
Se foi atacado pela mídia e não teve
me parece ser um arquipélago de ilhas isoladas, cada qual buscando apenas o que interessa a si. direito de resposta, clique aqui para
colocar a sua versão.
A terceira instância é a reitoria.
Veja bem, estamos falando em um desafio que o melhor CEO do país teria dificuldades em conduzir. Definir
missão, enquadrar os departamentos em objetivos claros, criar modelos gerenciais (para as atividades-meio)
que desobriguem os professores de serem atropelados pelas pequenas demandas do dia-a-dia, criar
instâncias para as manifestações dos alunos e funcionários, ser o representante do contribuinte perante a
comunidade universitária, cumprindo contratos de gestão, com objetivos claros. ARQUIVOS
Longe de mim criticar a reitora Suely - que foi orientadora da Ruiva e de quem ela tem a melhor das junho 2009
impressões. Mas não há a menor lógica de colocar uma boa pesquisadora, uma mestra exemplar, uma maio 2009
acadêmica premiada para um desafio de tal ordem, que nada tem a ver com sua formação. abril 2009
março 2009
fevereiro 2009
Sem fóruns adequados, sem canais de comunicação, funcionários se organizam em torno do Sindicato, alunos janeiro 2009
em torno das Assembléias - legitimando seu ativismo com a barbeiragem dos gestores. dezembro 2008
agosto 2007
Vou parando por aqui para começarmos o debate. julho 2007
junho 2007
maio 2007
Temas sugeridos:
abril 2007
março 2007
1. Modelo de governança. fevereiro 2007
janeiro 2007
No modelo atual - Universidade com autonomia total (inclusive sem a obrigação de prestar contas), dezembro 2006
departamentos com autonomia total, professores que, depois de empossados, não são obrigados a manter o novembro 2006
ritmo anterior de produção - é impossível romper esse círculo vicioso. outubro 2006
setembro 2006
agosto 2006
Minha proposta é que as Universidades passem a ser administradas por gestores acadêmicos - não um CEO
julho 2006
de empresa, mas pessoas do meio, com conhecimento sobre a lógica da Universidade e que saibam manejar junho 2006
ferramentas de gestão. Não se trata de gerir a Universidade como uma empresa privada, isso é bobagem. O maio 2006
gestor tem que entender todas as especificidades, as necessidades operacionais, as características da setembro 2005
produção acadêmica e prover os meios necessários. Mas tem que responder ao contribuinte com resultados. 0
Dizer isso é fácil. Difícil é definir um modelo de governça que permita a discussão da missão, da
CATEGORIAS
implementação de planos por sobre a estrutura de poder interno.
CULTURA
Arquitetura
2. Modelo de departamentos. Artes Gráficas
Cinema
Costumes
Na era da interdepartamentalidade, é necessário pensar um novo modelo que acabe com as caixas pretas dos Crônica
Fotografia
departamentos. De certo modo, eles estratificam o poder, como as velhas cátedras, impedem a renovação, o
Poesia
dinamismo, as novas ideias, os novos valores. Regional
Televisão
3. Modelo de financiamento.
DIPLOMACIA
A USP está presa, há anos, à questão dos aposentados, comendo cada vez mais seu orçamento, sem que o
governo do Estado se proponha a agir. As Federais estão amarradas a procedimentos burocráticos que
ECONOMIA
impedem a busca da eficiência na alocação de recursos. Agricultura
Cabeção
21. Há que se aproveitar o momento para amarrar a questão do financiamento a novas formas de gestão Coluna Econômica
Crise
acadêmica. Energia
Logística
Matemática Financeira
É muita coisa a discutir. Lanço aí as primeiras provocações. Negócios
Novo Modelo
Enviado por: luisnassif - Categoria(s): Novo Modelo, Universidade
Tags relacionadas: deparamentos, Gestão, Universidade
ESPORTES
Xadrez
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FORA DE PAUTA
64 comentários para "Um discussão sobre a Universidade pública"
GESTÃO
Cidades
Corrupção
12/06/2009 - 10:05
Enviado por: João Maria Fernandes
GESTÃO PÚBLICA
Nassif: Licitação
a palavra “pelego” está no index?
HISTÓRIA
Bom dia. Brasileira
JUSTIÇA
12/06/2009 - 10:09
Enviado por: Lima
MEIO AMBIENTE
O apadriamento nao existe so na escolha de professores. Infelizmente, tambem na escolha de alunos para os cursos de
po´sgraduaçao stritus. Se a linha de pesquisa do aluno nao contemplar a politica dos orientadores ele jamais entrara na
universidade. Mesmo quando a pesquisa e de extrema relevancia para o desenvolvimento da sociedade. Me candidatei a uma
vaga no mestrado da UFAL, passei nas 4 fases (avaliaçao do projeto, prova escrita, entrevista e proficiencia em ligua estrangeira) MÍDIA
mas não consegui a vaga. Colegas que ja haviam passado pela mesma situação me disseram que o problema foi o meu projeto Blogs
contemplar as dificuldades que os gestores das escolas publicas enfrentam na condução do eixo-pedagogico. logo, tal pesquisa
nao contemplava a linha de pesquisa dos orientadores que estao voltados para pesquisas relacionadas com a propria
unversidade. Pergunto: A UNIVERSIDADE TEM A RESPONSABILIDADE DE BUSCAR CONHECIMENTO QUE MELHORE A
QUALIDADE DA EDUCAÇAO BASICA, OU SÓ DA EDUCAÇAO SUPERIOR? MÚSICA
Bossa Nova
Choro
Erudita Brasileira
12/06/2009 - 10:30 Erudita Internacional
Enviado por: miope Jazz
MPB
Pop
Modelo departamental Rádios virtuais
Violão
O modelo departamental segue a logica disciplinar. E.g. temos a disciplina de fisica, e um departamento de fisica.
Ocorre que a ciencia moderna evolui em torno de problemas. E.g. combustiveis renovaveis precisam de solucoes da quimica e POLÍTICA
da biologia. Surge entao interdisciplinas: e.g. bioquimica. Eleições
Internacional
Movimentos Sociais
Louve-se dois novos campi e uma nova universidades montadas em torno do conceito interdisciplinar: USP Leste, Universidade Novo Mundo
Federal do ABC e Unicamp Limeira.
Abracos,
POLÍTICAS SOCIAIS
Educação
miope Fome
Habitação
Previdência
PS: feliz pelo 5o lugar no campeonato mundial da seguranca aerea (Santos Dumont deve estar rindo de orelha a orelha…)
Saneamento
Saúde
Segurança
Terceiro Setor
12/06/2009 - 10:39
Enviado por: Maína
Sugiro a leitura do artigo do professor Vladimir Saflate publicado hoje na Folha de São Paulo sobre o desastre causado não pelos RELIGIÃO
estudantes como o J. Virgilio quer acreditar e que já foi bem debatido lá no Biscoito Fino e a Massa do Idelber Avelar.
Link para quem não assina o UOL: http://docs.google.com/View?id=dhhkd6qk_16fvt2fxhm SEM CATEGORIA
Segue o link para quem tem FSP: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1206200908.htm
TECNOLOGIA
C&T
Ciência
12/06/2009 - 10:44 Defesa
Enviado por: Marko Internet
Software
Universidade
Nassif, excelente levantamento de algumas questôes fundamentais. Sou professor, formado em escola pública e trabalhando
numa estadual de Sp e numa particular. Da forma que está, tanto o modelo das públicas quanto o das privadas está falido. As
públicas não dão conta da sua missão, não inovam na velocidade que o país demanda, não são de fato “públicas” (pois são
cooptadas o tempo todo para demandas privadas, como é de notório conhecimento) e não conseguem se financiar
adequadamente. As privadas, mesmo as melhores, decidiram nivelar por baixo, vivendo só de mensalidade, e muitas abriram
mão de qualquer qualidade em favor do lucro imediato. Acho que as universidades públicas precisam de uma devassa como a
que estamos fazendo com o congresso nacional, e muitos dos vícios seriam os mesmos. Não se pode continuar a financiar
pesquisa com dinheiro público sem chegar a algum acordo quanto a avaliação dos resultados (por parte de alunos, e por parte de
TAGS
indicadores de resultados das pesquisas). Mas a questão do financiamento é um nó que precisa ser desatado. Venho Banco Central câmbio China crise
conversando informalmente com colegas sobre o modelo de “endowments” usado nas universidades americanas, que eu conheci
Daniel Dantas Gaza
de perto e ajudam a tornar essas instituições as líderes no mundo, tanto em excelência acadêmica quanto em geração de
inovação tecnológica e lucros (patente, etc). Uma coisa que seria interessante você analisar é a diferença entre as nossas Gilmar Mendes internet Israel
fundações (que não conheço bem, mas muitos criticam) e os endowments, que são fundos 100% atrelados a atividades José Serra juros Lula Mídia Obama
específicas (financiam cadeiras, laboratórios, etc). A questão da gestão, como você colocou, é central também, mas é uma Petrobras Protógenes São Paulo
questão cultural, de apropriação privada do público, que perpassa toda a nossa estrutura de estado, então acho muito difícil
mudar de uma vez. Mas com certeza, se isso não muda, o resto também não. Satiagraha STF Veja
22. 12/06/2009 - 11:09
Enviado por: Eduardo Petrucci Gigante
E os departamentos, embora unidades de apoio administrativos, são capitaneados por docentes. No mais das vezes, sem
treinamento. Por que?
Com as novas exigências de doutorados nos concursos, os professores já entram, nas federais, em “fim de carreira”, visto que
professor adjunto é o cargo máximo da carreira. Professor titular o é por um concurso a parte. Assom, entrando no fim de
carreira, com o intuito de ganhar algum a mais, docentes tornam-se ocupantes de cargos eminentemente administrativos. Sem os
conhecimentos e habilidades necessários, no mais das vezes. E lembremo-nos que mestrados e doutorados são voltados para a
pesquisa. E administrar pesquisa é muito deferente de administrar universidades. Enquanto a primeira tem início, meio e fim, a
segunda deve sobreviver a todos os que dela fazem parte.
Vai ser uma discussão longa!
12/06/2009 - 11:11
Enviado por: Marcos Moura Baptista dos Santos
LINKS
Nassif, RELACIONADOS
tua proposta de discussão é boa e bastante bem elaborada para as rodadas iniciais. Espero que o debate e os comentáqrios não Argemiro Ferreira
fiquem no flaXflu nem se restrinjam a elencar a série de problemas e equívocos de gestão das universidades (não só brasileitras,
diga-se de passagem) e para ta para o propositivo. Particularmente, penso que as IFES teriam muito a ganhar se olhássemos Blog do Mello
para o que vem fazendo em termos de gestão universitária o grupo de IES reunidos no COMUNG (Consórcio das Universidades Comunidade de Gestão
Comunitárias Gaúchas), especialmente a Universidade de Santa Cruz do Sul. Sobre o tema postei na comunidade há alguns Comunidade Verso e Prosa
meses minha dissertação demestrado que trata justamente da governança na Unisc.
Abraço Leandro Fortes
Caco Baptista Luiz Carlos Azenha
O Biscoito Fino e a Massa
O Caso de Veja
12/06/2009 - 11:13 Portal Luís Nassif
Enviado por: mauricio
E as ciências humanas? Nesse pique de querer ciencia e prospecção e resultados, vai acabar acontecendo que ninguém quer LUIS NASSIF INDICA
financiar pesquisas sobre filosofia, historia, literatura etc. É preciso relevar isso e não adotarmos um modelo “capitalista” ou
“mercadista” de universidade. Argemiro Ferreira
Blog do Mello
Comunidade de Gestão
12/06/2009 - 11:15 Comunidade Verso e Prosa
Enviado por: Hans Bintje Leandro Fortes
Luiz Carlos Azenha
O Luis Nassif fez uma ótima descrição do “Modelo Alice”. Do livro de “Alice no País das Maravilhas”: “Alice encontra um gato e O Biscoito Fino e a Massa
pergunta: Como posso sair daqui? O gato responde: Isso depende muito de para onde você quer ir. Alice explica: Não quero ir O Caso de Veja
para lugar nenhum. Apenas, sair daqui. O gato retruca: Se você não vai para lugar nenhum, qualquer direção serve.”
Portal Luís Nassif
Cito um exemplo de como assuntos universitários são tratados na Europa. Trecho de artigo da revista
“Brasileiros” ( http://www.revistabrasileiros.com.br/edicoes/10/textos/31/ ):
“Em 1969, um grupo de estudos do qual Luciano fazia parte passou por um concurso público para a construção de um novo
hospital psiquiátrico, na cidade de Bérgamo. Começava a se questionar na Itália o papel dos hospitais psiquiátricos e Luciano
entrou de cabeça nessa questão. ‘Chegamos a abrir as portas de hospitais psiquiátricos e a fazer passeatas pela cidade, junto
com os loucos, reivindicando tratamentos mais humanos.’
Foi o estopim que desencadeou a consciência nos estudantes de arquitetura de que nunca teriam resolvido o real problema dos
doentes mentais propondo um belíssimo e novo hospital. Era necessário levá-lo como um problema político. ‘Nesse período, do
ponto de vista da nossa formação humana, houve uma revolução. Abrimos as nossas cabeças ali no provincianismo de Torino.’
Passeatas, salas de aula fechadas e cabeças abertas. Mudanças eram necessárias para seguir. (…)
‘Vivi aos 24 anos a magia de descobrir um mundo diferente e possível. Aprendi que só se podia resolver as coisas a partir de um
pressuposto político.’ No entanto, passado o fervor desse rompante, a vida começou a tomar os seus velhos trilhos, embora
algumas partes tenham descarrilado das antiquadas linhas.
A efervescência estudantil se abrandou, alguns professores tidos antes como ‘imortais’ deixaram suas cátedras, a grade
curricular se adaptou em partes às reivindicações estudantis, a política psiquiátrica foi repensada e reformulada.”
Eu pergunto ao Luis Nassif:
1) Você acredita que se a maneira de tratar os “loucos” não tivesse sido contestada pelos estudantes unversitários, haveria
alguma mudança na política psiquiátrica, melhores hospitais teriam sido construídos e organizados?
2) O gato questionaria: “Para onde você quer ir” com a Universidade?
12/06/2009 - 11:21
Enviado por: ?
Alguns pontos básicos:
1 - Há uma HISTÓRIA da USP que não envolve esse tipo de idéia sobre a “missão” da universidade (a questão é importante,
mas seria preciso recolocar o problema de forma adequada…). Pode-se começar lendo os textos de Franklin Leopoldo e Silva e
de Irene de Arruda Ribeiro Cardoso sobre o assunto.
2 - “Os alunos - são os receptadores do conhecimento transmitido pelos professores.” é uma péssima idéia sobre educação e
pesquisa… os estudantes PRODUZEM pesquisas também, e aí a discussão de patentes fica bastante complicada… e nem é seu
maior problema. Temos bons estudos sobre o tema na própria USP, e sugiro o trabalho de Maria Carlotto (sociologia) sobre o
tema (que inclui análises sobre a lei de inovação tecnológica). O “controle” via NÚMERO de publicações (como “medir” a
qualidade?) é muito questionado na academia (com argumentos racionais…) e não atende às especificidades de diferentes
áreas.
Falta perspectiva política nessa discussão toda.
3 - o organograma da USP não é tão simples (ou, é mais complexo ainda…). Há as congregações, por exemplo, ou seja,
diretorias de faculdades - são institutos independentes entre si, de certa forma. Enfim, seria preciso colocar novamente o
problema, com informações corretas.
Para efetivamente propor uma discussão a respeito da Universidade pública (ou da USP, especificamente?), de modo que saiam
de cena acusações banais e genéricas como em relação às eleições diretas, é preciso escrever outro ou outros posts…
23. “Diria que nas Exatas há maior compromisso com a busca de excelência” - é uma acusação seríssima, que supõe um idéia muito
particular de excelência… e uma capacidade de julgamento incrível…
Decepção.
12/06/2009 - 11:32
Enviado por: Eduardo Petrucci Gigante
E mais, as universidades novas, federais, que vem sendo criadas, mantém os mesmos moldes, basicamente, e vícios. Perde-se
uma oportunidade ímpar de desenvolver uma nova forma de governança.
O “problema” é que gestão implica em mensuração e controle. Os docentes sentem-se “ameaçados” com cobranças. Cobranças
descabidas, segundo eles, como a presença física nos horários de trabalho, aulas bem fundamentadas e com conteúdo ao invés
de pesquisas de valor discutível… e por aí vai.
12/06/2009 - 11:33
Enviado por: Paulo
No elemento 1
A respeito da asneira de Paulo Renato, além de propagar a centralização das preocupações no ensino básico, ele ainda
distorceu o FUNDEB (proposta dos educadores após mais de 8 anos de discussão, que tramitava na câmara desde o Gov
Itamar, e previa atuar: na quantidade, aumentando o acesso às escolas públicas, e na qualidade da “Educação Básica”. Para isso
haveria uma previsão de 3,5 Bilhões de Reais por ano a ser bancado pelas três esferas).
O grupo do Sr paulo renato mandou retirar do congresso projeto do FUNDEB e enfiou “guela abaixo” da sociedade o tal do
FUNDEF (que atou principalmente no quesito quantidade, para atender as exigências dos organismos da ONU e assim manter
as “aparências”- puro marketing - e que passou a prever 500 milhões por ano para o fundo. Os outros 3 bilhões “devem ter ido”
para o mercado finaneceiro ou para financiar o PDV em que os principais cientistas das universidades públicas pularam fora e
foram para as faculdades pariculares dos amiguinos de FHC). Se não fossem as atuações dos municípios, que tiveram que a
função de gerir o ensino fundamental e com poucos recursos, nem mesmo o ensino fundametal teria sido contemplado nessa
época.
No elemento 2
Cabe acrescentar a necessidade de uma remuneração digna aos educadores, que lhes dê tranquilidade para sair de casa e ficar
em tempo integral na universidade não só atuando em pesquisa, mas também, gerando novas idéias e conceitos além de
estarem à disposição dos alunos para orientação.
A respeito da avaliação, concordo plenamente. Só tem que se tomar o cuidado de não fazer com está hoje com os alunos do
ensino médio, estudando apenas para vestibular (Acredito que seja por isso que o MEC esteja tentando mudar o modo de acesso
à Universidade).
Dependendo do foco tomado para as avaliações, poderá forçar o educador a centralizar suas ações e conhecimentos apenas
para passar na avaliação em detrimento de suas pesquisas e criação de suas idéias.
No que tange os alunos, com certeza a Universidade tem sim de manter um ambiente propício para que os alunos exerçam a sua
“vida acadêmica” com o máximo de qualidade. Tive sorte de estudar em uma Escola Técnica Federal-ETF (isso antes de FHC
tentar desmantelá-las) em que eu passava o dia todo estudando. Havia refeição aos alunos de manhã, tarde e noite. Tinha uma
biblioteca de ótima qualidade tanto para estudo de grupo quanto individual (alunos de faculdades particulares deixavam de
estudar nas bibliotecas de lá para ir estudar na da ETF). Para os alunos mais pobres, havia a possibilidade de serem monitore
(recebiam 70% do salário mínimo, mais vale transporte). Praticamente todas as semanas tinham palestras, teatro, mesas
redondas em que se discutiam de tudo. Pude assim aprender não só o conteúdo específico de minha área profissional
(telecomunicações), mas também cresci como pessoa. Hoje ela é uma CEFET e ministra cursos de nível superior (tecnólogo).
Acredito queas faculdades devam tratar seus alunos como a ETF (em que eu estudei) tratava, lógico que o ambiente é outro,
mais profundo no que tange conhecimento, e portanto deverá ter suas peculiaridades.
12/06/2009 - 11:38
Enviado por: rita
para lima:
aconteceu isso comigo tambem. fui candidata ao mestrado e venci todas as etapas de provas. mas nao conquistei a vaga. estava
num terreno no qual não conhecia ninguém, mas arrisquei ainda assim. cometi um erro enorme.
12/06/2009 - 11:40
Enviado por: André
Caro Nassif,
Creio que o ponto de partida para discussão deve ser exatamente a administração da universidade ou, se prefere, o modelo de
governança.
“Universidade com autonomia total (inclusive sem a obrigação de prestar contas), departamentos com autonomia total,
professores que, depois de empossados, não são obrigados a manter o ritmo anterior de produção - é impossível romper esse
círculo vicioso.”
Quem tem total autonomia é a Reitoria, apoiada pelo Co (abreviatura de Conselho Universitário).
Realmente, falta “prestação de contas” tanto das ações quanto dos gastos.
No passado, os aumentos eram limitados pela disponibilidade orçamentária, estabelecendo-se como teto o limite de 85% do
orçamento.
Hoje não se tem mais informações sobre compromentimento do orçamento com a folha de pagamentos e o reajuste de 6,05% foi
concedido sem apresentação e discussão dos dados financeiros, como era no passado.
(vide comunidado dos reitores em http://www.reitoria.usp.br/reitoria/index.php?q=node/2&nome=noticia&codntc=24167)
Retomando o ponto central, novos rumos para a Universidade, evidentemente a maior barreira à mudança está no caráter
burocrático e autoritário da administração universitária, que precisa ser modificado.
Rompendo esta barreira, abrem-se espaço para o debate democrático do modelo de universidade que queremos.
24. Abraços
12/06/2009 - 11:43
Enviado por: rogerio nacai
Lima,
a admissão em programa de mestrado NÃO poderia estar atrelada às linhas de pesquisa dos possíveis futuros orientadores,
mas, sim, ser função das qualificações e do mérito dos candidatos.
12/06/2009 - 11:43
Enviado por: romério rômulo
nassif:
há um trabalho denso,produzido pela unesco,sobre universidade.não pode ser desconsiderado.vou tentar localizá-lo (aqui em
casa isso é uma aventura)
e te comunico.
romério
12/06/2009 - 11:44
Enviado por: Rui Daher
Nassif, reproduzo artigo meu, escrito há 5 anos, que mostra como pouca coisa mudou:
MOMENTO DA INTERAÇÃO
Não é de hoje que se ouve falar na dificuldade de interação entre a pesquisa desenvolvida nas
universidades e o setor produtivo nacional. Depois de tanto tempo, seria de se supor que o problema estivesse resolvido ou, pelo
menos, amenizado. Pois não é bem assim. Mesmo ampliadas as ações no sentido dessa aproximação, sobretudo por parte da
universidade com a criação de agências, órgãos, núcleos e redes de pesquisa, o resultado obtido ainda é bastante incipiente.
Em dezembro de 2003, organismos ligados ao assunto promoveram o seminário “Caminhos da Inovação Tecnológica na USP”.
Nele, especialistas brasileiros e do exterior, na presença de pesquisadores da USP e de outras universidades e instituições de
pesquisas, bem como de representantes da iniciativa privada, discutiram evoluções no sentido de superar o problema.
Vários foram os assuntos expostos: casos reais de transferência de tecnologia; a estrutura das agências de inovação -
particularmente a da USP; aspectos da política e gestão tecnológicas; o estágio da P&D na indústria brasileira; os aspectos
legais da obtenção de patentes. Enfim, mostrava-se que há pessoas preocupadas com o assunto e quais organismos foram
criados para catalisar essa aproximação.
Apesar disso, a tônica, ao final de cada uma das exposições, recaía no fato de que os resultados práticos dessas ações eram
muito pequenos, e que a universidade e o setor produtivo, em suas tarefas de gerar conhecimento para o desenvolvimento
econômico, ainda mantinham uma distância abissal.
Nos países mais desenvolvidos, o setor produtivo e a universidade interagem em expectativas que partem das duas pontas. Num
sentido, a percepção das empresas de suas necessidades de novas tecnologias faz com que elas se juntem ao governo para
investir em geração de conhecimento pelos pesquisadores. No sentido inverso, a pesquisa espontânea gerada nas universidades
é percebida e apropriada pelo setor produtivo e transformada em novos produtos, processos e serviços. Não foi isso o que
aconteceu no Brasil.
Do lado do setor produtivo, a convivência com modelos econômicos fechados, reservando mercado e protegendo a indústria com
benefícios, incentivos fiscais e barreiras alfandegárias, em nada estimulou a procura por novas tecnologias. E se, por acaso,
alguma empresa delas precisasse, optava por comprá-las fora. Se naquela época já eram poucos os departamentos de P&D nas
empresas, quase sempre desfocados pelo ambiente econômico, com os anos de estagnação que se seguiram, eles acabaram
empobrecendo ou, simplesmente, desapareceram.
Do lado da universidade, se o resultado do crescimento econômico da década de 70 ainda pôde garantir que as verbas
concedidas pelo governo fossem suficientes para o desenvolvimento de novas pesquisas, essas eram apenas destinadas à
publicação e à obtenção de graduações internas à universidade, pois, mal informadas pelo setor produtivo, desconheciam e, por
isso desconsideravam, as necessidades da sociedade e do mercado.
Na verdade, aquele foi um período em que a universidade priorizou o seu papel de aparelho de resistência à ditadura, o que a
fazia, em determinados momentos, inclusive, a se opor à indústria.
Pois é justamente esse o quadro que mudou de forma radical. Ao mesmo tempo em que, com o final da ditadura militar, a
universidade exorcizou esses demônios e voltou a priorizar o seu papel histórico de gerar conhecimento para melhorar a
sociedade, as transformações nas economias nacional e mundial fizeram com que ela tivesse que olhar para fora na procura de
novos investidores, até porque duas décadas de estagnação já não permitiam mais uma irrigação de verbas que atendesse às
suas necessidades.
As empresas, por sua vez, não mais protegidas, combalidas por seguidos anos de crise econômica e que, antes, a arriscar,
preferiam acomodar-se apenas ao já existente, agora, diante de um sistema econômico competitivo e internacional, não mais
poderiam concorrer se não coadjuvadas pela geração de novas tecnologias.
Hoje, já não é mais apenas recomendável que universidade e empresa se integrem, mas sim questão de sobrevivência para
ambas, o que supõe, mesmo que as condições de crescimento da economia não estejam completamente asseguradas, urgência
numa interação capaz de converter conhecimento científico em retorno financeiro.
12/06/2009 - 11:45
Enviado por: wilson cunha junior
Longe de mim nâo achar que discutir a Universidade Pública seja importante. Mas como simpatizante do blog lamento apenas
que ela ocupe o lugar de uma discussão a meu ver mais crucial que é a forma do governo paulista lidar com problemas socias.
Ainda mais quando o governador em questão é o favorito pra ser o nosso presidente daqui a um ano e meio.
O que aconteceu na USP foi tão grave que só se assemelha ao que acontecia nos anos de chumbo.
Nessa pauta quem está justamente indignado com a repressão do governo paulista acaba sendo rotulado como “netos e viúvas
de 68″. Mas tudo bem. É do jogo.
Mas para os que sentem que 68 nunca vai acabar aqui vai uma missiva:
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2009/06/aos-que-vieram-depois-de-nos.html
Topo
25. “Os que sobrevivemos, ainda amargamos a incompreensão dos que se puseram a falar sobre nossas fraquezas, sem pensarem
nos tempos sem sol de que tiveram a sorte de escapar.”
12/06/2009 - 11:47
Enviado por: Ana Dias
Nassif,
gostaria de dar o meu “pitaco” como professora de universidade federal e ex-aluna da USP. A questão é muito complexa. Sobre a
função da universidade pública, você já colocou muito bem a questão. Não se trata de só formar pessoas para o mercado, mas
de pensar a “ponta”, ou seja, formar ideias, criar tecnologias e produtos e formar pessoas (pesquisadores, professores,
empreendedores) que pensem a sociedade “para frente”, e não para como está hoje. Agora, a vida real. Com relação aos
professores e aos alunos, a única forma de avaliação que temos é a publicação de papers. Na universidade em que trabalho, no
momento da matrícula, todos os alunos devem avaliar os professores do período anterior, por meio de questionário online. O que
é feito dessa avaliação? Nada, absolutamente nada. Simplesmente não somos avaliados quanto ao ensino. Claro que também
não seria correto utilizar somente a avaliação dos alunos para avaliar um bom professor (há N vieses possíveis na avaliação feita
pelos alunos), porém seria um primeiro indicador, que afinal já está disponível. No meu departamento, ministrar aulas para a
graduação é claramente visto como um castigo. Claro: aulas para a graduação dificilmente geram papers, ao contrário da pós-
graduação. Portanto, ainda que o professor goste de ministrar aulas na graduação, o fato é que, quanto mais se dedicar a isso,
pior para sua carreira. Como você escreveu, e eu concordo, a avaliação por produtividade em papers deve existir, mas não deve
ser a única forma de avaliação, como é hoje. Isso dá um gancho para explicar ao comentarista Lima que, se você quer entrar
num programa de pós, e posso garantir que isso acontece em qualquer programa de pós do país, precisa, sim, ter um projeto que
case direitinho com as linhas de pesquisa do programa. Para entender, é só saber como a CAPES avalia os cursos: número de
papers/professor, número de papers produzidos por alunos e egressos e tempo total do aluno no programa são os indicadores
principais. Portanto, é lógico que um aluno que esteja totalmente fora das linhas de pesquisa, provavelmente, levará mais tempo
até a defesa e publicará menos do que alguém que entre já adequado às pesquisas que estejam sendo realizadas (se o
postulante já estiver participando de alguma dessas pesquisas, melhor ainda!). Vale lembrar que os papers considerados pela
CAPES são só aqueles publicados em revistas chanceladas pelo comitê de cada área na CAPES, que muitas vezes vai
totalmente contra as tendências de um mundo transdisciplinar, mas isso é outra discussão. Quanto aos professores como
administradores, de qualquer forma será um problema, acho. O ideal seria mesmo um acadêmico com formação de gestor,
porque, como você bem coloca, uma universidade não é uma empresa; geri-la é muito diferente de gerir uma empresa, portanto.
O gestor precisa entender muito bem as idiossincrasias da universidade, seus pontos fortes e problemas, tarefa difícil por si só.
Mas é fato que as reitorias e outros cargos de direção, com raras e honrosas exceções, são vistos como passo para uma carreira
para fora da universidade (ou seja, quem está na reitoria quer visibilidade externa e não necessariamente melhorar a situação
interna). E, por mais que a Ruiva admire a Suely Vilela, é preciso lembrar que ela não foi colocada lá contra a vontade, né? Com
relação ao financiamento, no caso das federais, tem-se outro dilema. Por causa de “escândalos das lixeiras” e que tais, por
exemplo, a tendência é sempre burocratizar mais e mais a gestão dos recursos. É evidente que deve-se ter controle sobre o
dinheiro público, mas é fato que é preciso repensar o controle burocrático, que só torna mais difícil o trabalho de quem quer
trabalhar e, principalmente, não impede quem quer desviar recursos de fazê-lo! Esse é um debate que a sociedade precisa fazer.
As pesquisas de ponta podem ser muito prejudicadas por causa dessa burocracia burra (o Miguel Nicolelis falou disso na FSP
essa semana), e o trabalho do dia a dia também (comprar computadores para as tarefas mais simples é uma dor de cabeça
terrível! e eu só consegui uma cadeira decente para trabalhar com o dinheiro de um projeto de pesquisa financiado por uma
empresa). Enfim, essa é uma discussão importante e há muitos pontos mais que eu nem mencionei; espero para ler as opiniões
dos comentaristas de dentro e de fora das universidades.
12/06/2009 - 11:51
Enviado por: romeo
Desculpe, Nassif, mas acho que seu texto, como proposta de discussão, deveria ser isento de observações do tipo:
1. “Diria que nas Exatas há maior compromisso com a busca de excelência, com a contratação de professores que tragam mais
reputação para os departamentos. Em outros campos, a marmelada começa nos próprios concursos para professores, em um
sistema de compadrio que compromete a missão da Universidade.”
- esse tipo de generalização pode obstruir e/ou tornar emocional a discussão. Quem lhe garante que nas Exatas não ocorram
marmeladas e compadrios? Com que base você afirma que o compromisso das demais áreas da Usp não é com o padrão de
excelência?
2. “Longe de mim criticar a reitora Suely - que foi orientadora da Ruiva e de quem ela tem a melhor das impressões. Mas não há
a menor lógica de colocar uma boa pesquisadora, uma mestra exemplar, uma acadêmica premiada para um desafio de tal
ordem, que nada tem a ver com sua formação.”
- ao que se sabe, a atual reitora candidatou-se ao cargo de livre e espontânea vontade. Ou não?
Meus reparos decorrem do fato de que sua proposta de administração da universidade por gestores acadêmicos já é
suficientemente provocativa. A questão do financiamento das universidades também já vai dar muito pano pra manga.
Para começar, não seria interessante analisar os modos e os mecanismos de gestão atualmente disponíveis, levando-se em
conta a questão da autonomia das universidades públicas? E ver se, onde e por que não funcionam?
Outra questão de ordem prática: como e por que os “gestores acadêmicos” deverão ter mais sucesso do que no modelo atual de
gestão, no que se refere a fazer com que os governos de plantão cumpram a Constituição, destinando às universidades as
dotações orçamentárias de direito? E as fundações dentro das universidades, como são e como é que ficariam no modelo
proposto? Que outras formas de captação de dinheiro seriam desejáveis, sem ferir a autonomia acadêmica e intelectual, para
que as universidades pudessem depender menos das agências estaduais e federais de fomento à pesquisa?
Pode mandar as sugestões.
12/06/2009 - 11:55
Enviado por: hugo
“Aqueles alunos com vocação empreendedora, com tendência a desenvolver tecnologia, deveriam ser estimulados a montar sua
empresa (as incubadoras), registrar suas patentes e ser colocado em contato com empresas.”
Ok, e as empresas vão pagar royalties a USP pelo desenvolvimetno e pesquisa?Ou vai continuar a patifaria da univesrersidade
gastar tempo e dinheiro em pesquisa e desnvolvimento para entregar o “produto” pronto para as empresas apenas conabilizarem
os lucros?
Na Unicamp e na UFMG a universidade participa. De qualquer modo, é um ganho para o país.
12/06/2009 - 11:58
Enviado por: Ana Dias
Apenas para responder ao comentário do Eduardo Petrucci: atualmente, professor adjunto não é mais o fim da carreira; pode-se
passar a professor associado (para isso, há uma avaliação de memorial e arguição em banca). De qualquer forma, professor
titular continua a ser uma realidade muito distante, realmente. Quanto aos cargos de chefia de departamento: o adicional
recebido é muito pouco. Não compensa a quantidade de problemas (nem sempre passíveis de resolução no âmbito do
Departamento) e o tempo perdido (que poderia ser empregado em pesquisa, publicação…). No meu departamento, os
professores “correm” dos cargos de chefia! Na última eleição, só apareceu um candidato e, mesmo assim, na última hora. Por
isso, repito: em muitos casos (com exceções), onde há disputa pelos cargos de chefia, ela acontece por causa da visibilidade