2. A primeira fase, conhecida como
heroica, compreende o período de 1922
a 1930 e apresenta o desejo de
liberdade, de ruptura e de destruição do
passado como características
marcantes. Os principais autores são:
Oswald de Andrade,
Mário de Andrade,
Manuel Bandeira
Alcântara Machado.
3. Essa primeira fase foi
predominantemente poética, entretanto,
encontramos também alguns textos em
prosa.
Neste período nós encontramos
como grandes marcas a negação do
passado, a valorização poética do
cotidiano, o nacionalismo e a liberdade
linguística, basicamente através da
incorporação da linguagem coloquial e
o Anarquismo.
4. ROMPIMENTO COM TODAS AS ESTRUTURAS DO
PASSADO
CARÁTER ANÁRQUICO E DESTRUIDOR
BUSCA DO MODERNO, DO ORIGINAL E DO
POLÊMICO
VOLTA ÀS ORIGENS DO PAÍS
PROCURA DE UMA “LÍNGUA BRASILEIRA”
5. PARÓDIAS, HUMOR
VALORIZAÇÃO DO ÍNDIO VERDADEIRAMENTE
BRASILEIRO
DUAS VERTENTES DO NACIONALISMO: DE UM
LADO, O CRÍTICO, LIDERADO POR OSWALD DE
ANDRADE; POR OUTRO, UM NACIONALISMO
UFANISTA, LIDERADO POR PLÍNIO SALGADO
6. PRINCIPAIS OBRAS E REPRESENTANTES
MÁRIO DE ANDRADE
“Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquisila,
Porém essa culpa é fácil
De se acabar de uma vez:
E só tirar a cortina
Que entra luz nesta
escuridez.”
(A Costela de Grão Cão)
7. MÁRIO DE ANDRADE
Foi um apaixonado pela cidade de São Paulo.
Era um escritor irreverente e criativo. Em seus textos
buscou romper as estruturas até então tidas como
modelos.
Buscava o resgate da linguagem cotidiana, do popular
e do folclórico. Com seu texto Pauliceia desvairada, é
que temos como primeiro livro totalmente
modernista. Vejamos o prefácio desse livro:
Leitor:
8. Está fundado o Desvairismo.
Este prefácio, apesar de interessante, inútil.
(...)
Alguns dados. Nem todos. Sem conclusões.
Para quem me aceita são inúteis ambos.
Os curiosos terão prazer em descobrir minhas
conclusões, confrontando obra e dados.
Para quem me rejeita trabalho perdido explicar o que,
antes De ler, já não aceitou.
(...)
Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar
tudo o que meu inconsciente me grita.
Penso depois: não só para corrigir, como para justificar
o que escrevi. Daí a razão deste prefácio
Interessantíssimo.
9. Esse ar de deboche presente no prefácio
se estende por todo o livro, mas Mário de
Andrade não escreveu só poesias, pois
escreveu em prosa, e ele escreveu um
romance muito conhecido, Macunaíma, que
não apresenta as característica de um
romance como nós conhecemos.
10. O livro Macunaíma que apresenta o subtítulo
herói sem nenhum caráter é um romance rapsódia,
que discute a nacionalidade brasileira.
E o que é uma rapsódia? É uma composição
que mistura elementos musicais com elementos do
folclore da cultura popular e, é justamente isso que
Mario de Andrade faz em Macunaíma.
No livro ele conta a história do índio que de
preto virou branco, a história de Macunaíma que
significava um grande mal.
11. “No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de
nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite.
Houve um momento em que o silêncio foi tão grande
escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia
tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que
chamara Macunaíma. Já na meninice fez coisas de
sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não
falando. Si o incitavam a falar, exclamava: _ Ai! que
preguiça! ... e não dizia mais nada. Ficava no canto da
maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho
dos outros e principalmente os dois manos que tinha,
Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O
divertimento dele era decepar cabeça de saúva.Vivia
deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma
dandava pra ganhar vintém. E também espertava quando
a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus (...) No
mucambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer
festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela,
cunhatã se afasta (...)”
12. Macunaíma era debochado, malandro, um garoto
terrível, bem diferente da imagem que tínhamos de
um herói, tanto que Macunaíma é considerado um
anti-herói se comparado aos heróis românticos.
Macunaíma mexia com todo mundo, era
preguiçoso, não queria saber de trabalhar. Esse texto
é considerado o grande marco do modernismo, tanto
que volta e meia, ele aparece nos grandes
vestibulares do Brasil.
13. EU SOU TREZENTOS...
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh ! Pirineus ! Ôh caiçaras !
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro !
Abraço no meu leito as milhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis,
nas camarinhas seus próprios beijos !
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
Mas um dia afinal toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.
Mário de Andrade
14. DESCOBRIMENTO
Abancado à escrivaninha em São
Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por
dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra
mim.
Não vê que me lembrei que lá no
Norte, meu Deus!
muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo
escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a
borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu.
Mário de Andrade
15. OSWALD DE ANDRADE
Oswald de Andrade é considerado o autor mais
irreverente, combativo e polêmico da 1ª fase
modernista. Foi o idealizador dos principais
manifestos que ocorreram nesse período.
Sua obra é toda marcada pela ironia, pelo
humor, pois é o mais debochados dos poetas
modernistas. Ele inova ao trazer o elemento
nacional para a literatura sob a roupagem
modernista. É o criador do poema piada,
poema pílula, ou seja, textos curtos, mas que
carregam uma grande carga poética.
16. Erro de português
Quando o português
chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom
branco
Da nação brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
17. Perceberam a diferença e o humor. Muito diferente
dos poemas parnasianos.
Oswald também escreveu em prosa, e tem como
um de seus maiores livros Memória sentimentais de
João Miramar - Nesse livro, Oswald rompe com os
esquemas tradicionais da narrativa.
Os capítulos são curtíssimos, apresentando-se
como pequenos fragmentos justapostos, próximos da
técnica da pintura cubista, que representava ao
mesmo tempo, as várias faces de um objeto ou
situação, o que impossibilita uma leitura linear.
18. MANUEL BANDEIRA
Num primeiro momento se mostra preso aos valores
parnasianos, mas com o passar do tempo, se
transforma num dos grandes representantes do
modernismo.
É a partir do livro Libertinagem que Manuel Bandeira
se firma realmente como um poeta modernista. A
partir desse livro, seus textos se aproximam muito
do linguajar coloquial e os temas são bem
diversificados. Tudo para o autor era tema poético,
partindo de frases corriqueiras, fala dos meninos
negros, das negras, das irenes de até notícias
retiradas de jornal, e chega ao ponto de brincar com
sua própria doença, a tuberculose.
19. Mas é com o poema intitulado
Poética que nós encontramos as
principais características de sua
obra. Vejamos alguns fragmentos
desse texto:
20. Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e
[manifestações de apreço ao sr. Diretor
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o
cunho
[vernáculo de um vocábulo
Abaixo aos puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
(...)
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
21. A IRONIA FOI TAMBÉM UMA OUTRA CARACTERÍSTICA
DE BANDEIRA. PERCEBA-A NO TEXTO ABAIXO:
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida interia que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
_ Diga trinta e três.
_ Trinta e três ... trinta e três ... trinta e três ...
_ Respire.
.....................................................................................
_ O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o
pulmão direito infiltrado.
_ Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
_ Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
23. ARTE DE AMAR
Se queres sentir a
felicidade de amar,
esquece a tua alma.
A alma é que estraga o
amor.
Só em Deus ela pode
encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do
mundo.
As almas são
incomunicáveis.
Deixa o teu corpo
entender-se com outro
corpo.
Porque os corpos se
entendem, mas as almas
24. Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isso
maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de
ferro)
Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô...
(café com pão é muito
bom)
TREM DE FERRO
25. Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede
Oô...
Vou mimbora vou
mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
(trem de ferro, trem de ferro)
(Manuel Bandeira in "Estrela da
Manhã" 1936)
26. O ÚLTIMO POEMA
Assim eu quereria o meu
último poema.
Que fosse terno dizendo as
coisas mais simples e
menos intencionais
Que fosse ardente como um
soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das
flores quase sem perfume
A pureza da chama em que
se consomem os diamantes
mais límpidos
A paixão dos suicidas que
se matam sem explicação.
28. CARACTERÍSTICAS DA OBRA BRÁS,
BEXIGA E BARRA FUNDA
ONZE CONTOS CARACTERIZADOS COMO NOTÍCIAS
LINGUAGEM CONCISA
FLASHES CINEMATOGRÁFICOS
PERSONAGENS ÍTALO-BRASILEIRAS
COSTUMES DE IMIGRANTES ITALIANOS QUE
INFLUENCIARÃO A CULTURA PAULISTANA
NARRATIVA ISENTA DE DESCRIÇÕES