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O NOVO MUNDO RURAL E A DINÂMICA DE MUDANÇAS NA
              OCUPAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA1


                                                                   Maria Odete Alves2
                                                             Fortaleza (CE), Fev/2007


INTRODUÇÃO

         A inserção deste tema em qualquer curso que trate de
desenvolvimento é bastante pertinente, tendo em vista a discussão travada
atualmente sobre mudanças que estariam ocorrendo na conformação do meio
rural brasileiro, bem como as interações com o meio urbano decorrentes desta
nova realidade.
         Estudos realizados nos últimos anos têm apontado para mudanças
significativas no meio rural, tanto em termos da dinâmica da ocupação da mão-
de-obra quanto das relações com o meio urbano, fazendo com que a fronteira
entre o rural e urbano assuma novos contornos. Essa nova configuração do
meio rural do País vem sendo denominada de ”novo rural” brasileiro.
         Este “novo rural” é retratado em pesquisas realizadas desde 1997 pelo
Grupo “Rurbano” da Universidade de Campinas (Unicamp). O projeto de
pesquisa Rurbano, cuja proposta é explorar a relevância dos cortes
urbano/rural e agrícola/não agrícola no desenvolvimento brasileiro recente,
implantado e coordenado pelo professor e pesquisador José Graziano da Silva,
envolve diversos pesquisadores ligados a instituições de diversos estados
brasileiros. Mais recentemente, em novembro de 2005, foi criado o Núcleo
Rurbano Nordeste, que conta com a coordenação do prof. Aldenor Gomes, da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, envolvendo diversos
pesquisadores nordestinos, do qual faz parte a autora deste texto.
         Os resultados dos estudos têm sido divulgados em diversas
publicações e nos principais congressos no campo da economia e sociologia.
Tais estudos mostram a crescente diversificação de atividades agrícolas e não-
agrícolas no meio rural brasileiro, cujo fenômeno é denominado de
pluriatividade. Uma das constatações do referido projeto diz respeito à
sistemática redução do nível de ocupação e de renda no âmbito de atividades
eminentemente de natureza agropecuária.            Ao mesmo tempo, tem-se
observado uma crescente revalorização do rural, que tem possibilitado a
implementação de atividades não-agrícolas que criam maior oferta de
ocupações e postos de trabalho, além de remunerações mais elevadas quando
comparadas com as obtidas nas atividades rurais ligadas à agropecuária
tradicional.




1
  Texto originalmente elaborado para o Fascículo 09 do curso Caminhos do Desenvolvimento
   Local, realizado entre Fevereiro e Maio de 2007, pela Fundação Demócrito (Rocha através
   da Universidade Aberta do Nordeste), em parceria com UFC, Instituto do Banco Mundial,
   Governo do Estado do Ceará, BNB e Ministério da Integração Nacional.
2
  Engenheira Agrônoma, Mestre em Desenvolvimento Rural e pesquisadora do BNB-ETENE.
O SIGNIFICADO DO NOVO RURAL E A PLURIATIVIDADE

         Embora somente a partir da década de 1990 o assunto tenha
despertado maior interesse de estudiosos brasileiros, a pluriatividade não é um
evento recente em sociedades rurais. Desde que a agricultura deixou de ser
itinerante, fazendo com que o homem se fixasse em determinado território, os
sistemas agrários foram passando por processos de evolução, impostos pelas
restrições agroecológicas, sociais e econômicas. A necessidade de mudanças
nos sistemas de produção (operações agrícolas, instrumentos de trabalho e
insumos) por um lado, acionou o processo de inovação tecnológica, por outro
introduziu uma série de serviços ao longo da cadeia produtiva, caracterizando,
nesse momento, um rural pluriativo.
         Vários estudiosos das mais diversas nacionalidades, em épocas
distintas, observaram a manifestação da pluriatividade entre agricultores de
seus países. Como exemplo, pode ser citado o estudioso alemão Karl Kautsky
que, ainda no ano de 1898, declarava em seus escritos:

           “Não obstante a superioridade técnica da grande propriedade,
     os pequenos agricultores podem coexistir com ela na estrutura
     agrária, devido ao processo de industrialização da agricultura, que
     viabiliza empregos assessórios e atividades extra-agrícolas para os
     camponeses, permitindo sua reprodução como assalariados
     parciais ou temporários” (Kautsky, 1968).

         Numa publicação de 1925, Alexander Chayanov relatou a pluriatividade
como uma das características da agricultura familiar russa e européia do início
do século XX, apontando a elevação do nível de consumo em áreas de
influência de um núcleo urbano (Chayanov, 1974). Para este autor, a análise
da exploração agrícola de uma unidade familiar não pode ser feita
isoladamente. Segundo ele, para compreender a problemática da unidade de
produção familiar, seria necessário uma análise do conjunto das atividades na
agricultura, artesanais e comerciais.
         Afinal, o rural sempre foi mais amplo que a agricultura (seja em termos
de espaço físico quanto socioeconômico) e se manifesta de formas distintas,
segundo o grau de desenvolvimento de cada sociedade, aqui denominada,
para fins didáticos, em desenvolvida, em desenvolvimento e subdesenvolvida.
         As sociedades desenvolvidas, ao longo de sua história sofreram uma
série de transformações, resultado de fatores externos e internos. Com isso,
houve uma redução da distância entre o meio urbano e o rural, fazendo com
que o desenvolvimento dos espaços rurais passasse a depender não apenas
do dinamismo agrícola, mas também da capacidade de atrair outras atividades
econômicas, levando ao surgimento de uma relação de complementaridade
entre o rural e o urbano.
         Na Europa Ocidental de hoje, se observa um conjunto variado de bens
públicos no meio rural, aos quais estão associados valores que, de longe,
ultrapassam a idéia de ligação unicamente com a agropecuária. Isso faz com
que se amplie a dimensão do rural, interferindo diretamente nas formas de uso
do seu espaço, bem como na relação com o território e com o meio urbano.
         Observa-se que a descentralização econômica e a disseminação
espacial dos serviços criaram condições para que plantas industriais se
instalassem em áreas rurais. Dessa forma, o desenvolvimento econômico e a
expansão das cidades facilitaram o acesso das populações rurais a bens e
serviços urbanos. Isso fez com que fosse sendo reduzida a distância física e
também social entre populações urbana e rural.
         Segundo Wanderley (2000), atualmente já não existem grandes
diferenças econômicas e sociais entre ambos os espaços nas sociedades
desenvolvidas. Ocorreu, em decorrência, um crescimento da população não-
agrícola e reduziu a população ocupada na agricultura. Passou a ter mais
evidência a diversidade econômica e do próprio perfil da população rural, que
deixou de ser meramente agrícola, uma vez que o campo passou a ser atrativo
para jovens, pessoas idosas e aposentadas, seja com o objetivo de exercer
alguma atividade produtiva, seja para usufruir do lazer e da melhor qualidade
de vida.
         Na França, por exemplo, de cada 100 moradores de comunidades
rurais com menos de 2000 habitantes, somente 13 dependem diretamente da
atividade agrícola. Os demais trabalham em atividades não-agrícolas no
próprio estabelecimento (transformação de produtos agrícolas, turismo, outros
serviços) ou em pequenas e médias cidades. Esta população divide o espaço
rural com novos atores, aqueles que possuem residências secundárias rurais,
os que praticam atividades de lazer tais como caminhadas, passeios de
bicicleta, caça, pesca etc (OCDE, citado por Abramovay, 2000).
         Nas sociedades em desenvolvimento é possível identificar três fases
da transformação das atividades não-agrícolas no meio rural, de acordo com
revisão bibliográfica realizada por Reardon et al. (1998). Num primeiro
momento é observada a existência de atividades cuja produção é de pequena
escala, utilizando tecnologia tradicional e intensiva em mão-de-obra,
produzindo bens e serviços quase que exclusivamente para o mercado local.
Nesta fase a maioria dos adultos pratica a pluriatividade no sentido de que
cada um ajuda no trabalho agrícola dentro da propriedade, migrando ou
praticando uma atividade não-agrícola na entre-safra; a segunda fase é
caracterizada pela mescla de atividades vinculadas à agricultura e atividades
não-agrícolas baseadas na demanda derivada dos ingressos do primeiro
grupo, no desenvolvimento de comunidades rurais e na demanda derivada do
setor urbano (como o turismo) ou no setor exportador. Na segunda fase há
produtos cuja comercialização se dá além do mercado local e se verifica uma
bimodalidade crescente, tanto na intensidade de capital quanto nos benefícios
da mão-de-obra das atividades dentro de um dado sub-setor de atividade não-
agrícola. Em conseqüência, há uma coexistência de indivíduos de classes
sociais distintas trabalhando no mesmo sub-setor, porém, empregando
tecnologias e habilidades diferentes e auferindo rendas distintas; na terceira
fase há uma intensificação da diferenciação dos elementos da transformação
que contribuíram para a diferenciação da segunda em relação à primeira fase.
         Já nas sociedades subdesenvolvidas, a prática de atividades não-
agrícolas por famílias rurais ocorre como conseqüência da precariedade e
pobreza, em decorrência da fragmentação da terra, das limitações
agroecológicas e da sazonalidade da agricultura. Trata-se, nesses casos, de
estratégias de sobrevivência adotadas pelo grupo familiar, buscando equilibrar
a disponibilidade de mão-de-obra com a base material existente e o acesso ao
mercado ocorre de forma marginal (Alves, 2002; Alves et al, 2006; Garcia Jr.,
1989; Chayanov, 1974).
Tomando-se como base este mesmo referencial para uma análise da
situação brasileira, é possível observar as diferentes formas de manifestação
da pluriatividade, de acordo com o nível de desenvolvimento das regiões ou
estados, conforme abordado no tópico que se segue. Importante antecipar que,
a passagem mais acelerada da pluriatividade de um estágio a outro, em
determinadas regiões brasileiras, por conseqüência do mais acentuado
processo de desenvolvimento que têm experimentado, é o evento que tem
levado alguns autores a generalizar o conceito de “novo rural” para todo o País.


A PLURIATIVIDADE NO RURAL BRASILEIRO

         Estudos realizados por pesquisadores do Rurbano, com base em
dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), apresentam
resultados significativos em termos de mudanças na configuração do rural
brasileiro. Graziano da Silva (1997, 1997a, 1998) chega a afirmar que o rural
brasileiro ganhou novas funções e por isso já não pode ser mais tomado
apenas como um conjunto de atividades agropecuárias e agroindustriais.
Crescem as atividades não-agrícolas (moradia, turismo, lazer, outros serviços
orientados para um público urbano); ampliam-se as atividades de preservação
do meio ambiente como imposição de exigências legais ou como oportunidade
de geração de renda; expandem-se negócios intensivos nas áreas de criação
de pequenos animais, floricultura e horticultura (Graziano da Silva, 1998).
         De fato, os principais resultados das pesquisas do Projeto Rurbano
mostram algumas mudanças, conforme apresentado por Graziano da Silva e
Campanhola (2000):

        a) o emprego agrícola vem caindo sistematicamente desde meados
           dos anos 80, mas a PEA Rural, ao contrário do esperado, vem
           crescendo no mesmo período;
        b) Os conta-própria não-agrícolas cresceram significativamente no
           período 1992/97, tanto no meio urbano quanto no rural;
        c) Entre os conta-própria agrícolas cresceram apenas aquelas
           famílias com residência no meio urbano;
        d) Os conta-própria pluriativos mostraram-se estáveis, ao contrário do
           que se esperava;
        e) A pluriatividade está presente em 35% do conjunto das famílias
           ligadas às atividades agropecuárias;
        f)    Há crescimento de desempregados e aposentados residentes no
           campo;
        g) Ocorre queda da renda per capita dos agricultores familiares e
           crescente importância das atividades e rendas não-agrícolas entre
           essas famílias;
        h) Entre agricultores familiares exclusivamente agrícolas que possuem
           pequenas áreas de terra, o peso das aposentadorias e pensões
           chega a representar mais de um terço da renda familiar,
           independentemente do local de domicílio, se rural ou urbano.

        As mudanças anteriormente mencionadas estão associadas,
principalmente, a transformações ocorridas nas últimas décadas na agricultura
brasileira (queda na rentabilidade dos principais produtos agropecuários) e
aumento de produtividade decorrente da adoção de tecnologias (queda na
oferta do emprego agrícola), evento observado com maior peso em áreas onde
a modernização da agricultura foi mais forte, durante as décadas de 1960 e
1970, a denominada modernização conservadora.
         As políticas de financiamento desse período, que tinham como
premissa o crédito altamente subsidiado, foram seletivas no sentido de
privilegiar produtos destinados à exportação, concentrados nas regiões Sul e
Sudeste do País. Essa política proporcionou, nessas áreas, um processo de
especialização produtiva da agricultura, abrindo espaço para o surgimento de
diferentes serviços nos diversos elos da cadeia: insumos (fabricação ou
revenda de máquinas, equipamentos e implementos; revenda de combustíveis
e lubrificantes; produção ou revenda de embalagens; produção ou revenda de
mudas e sementes), transformação (packing-house, agroindústrias
alimentares), distribuição (atacadistas, transportes, traiding companies, lojas de
horti-granjeiros), serviços (escritórios de projetos e assistência técnica;
consultorias agropecuárias especializadas; laboratórios de análises de solo,
água e planta; patrulha mecanizada; unidades de beneficiamento de sementes;
casas de produtos agropecuários; cursos especializados nas atividades rurais,
agroindustriais e de comercialização agrícola; logística de negócios etc).
         Atualmente, as atividades não-agrícolas nessas áreas têm maior
importância econômica que aquelas existentes em regiões nas quais os
agricultores não tiveram acesso aos recursos da “modernização”. São mais
diversificadas, fazendo com que o espaço rural adquira configuração cada vez
mais assemelhada daquela observada em países desenvolvidos.
         O estado de São Paulo é o melhor exemplo dessa realidade. Por um
lado, predomina o alto padrão tecnológico na agropecuária, contando com um
segmento moderno na produção de lavouras comerciais que demanda cada
vez menos mão-de-obra, exigindo perfil diferenciado do agricultor tradicional;
por outro, a crescente urbanização do rural, tem permitido o surgimento de
atividades como lazer, turismo rural e ecológico, hospedagem, serviços
públicos, além de outras atividades e serviços. Para se ter uma idéia, já em
1999, 50% das pessoas com domicílio rural em São Paulo estavam ocupadas
em atividades não-agrícolas (Caiado e Santos, 2003).
         Na região Nordeste, a pluriatividade tende a se manifestar de formas
diferenciadas, dependendo do maior ou menor dinamismo das economias
locais. Sabe-se que os estados nordestinos foram discriminados pelo processo
de “modernização conservadora”. Assim, o desenvolvimento do meio rural
alcançou patamares bem inferiores àqueles das regiões Sul e Sudeste do País.
Mesmo assim, transformações estruturais ocorreram em algumas áreas por
determinação mais geral da economia. Ou seja, nas áreas “mais
desenvolvidas” e de economias mais dinâmicas, a exemplo dos cerrados
(baiano, piauiense e maranhense), as atividades não-agrícolas tendem a se
diversificar, adensar e apresentar crescente complexidade; nas regiões
metropolitanas e ao longo do litoral, floresceu um conjunto de atividades não-
agrícolas e pluriativas impulsionadas pelo turismo e pelo lazer da classe média
das capitais e de algumas cidades importantes do interior. Na porção semi-
árida nordestina, a manifestação da pluriatividade tende a se apresentar na
forma dos dois estágios iniciais de transformação apontados no item anterior
(típico de sociedades subdesenvolvidas ou em desenvolvimento). Nas regiões
“menos desenvolvidas” e de economia pouco dinâmica, ela surge como uma
necessidade de elaboração de estratégias de sobrevivência, em virtude da
precariedade e pobreza da população e a inserção no mercado acontece de
forma marginal. São atividades das mais variadas, envolvendo: artesanato;
chapéus; prestação de serviços; construção, ampliação e reparação de obras
públicas; produção e reparação de peças, utensílios diversos, máquinas, pneus
e equipamentos; pequenas indústrias e agroindústrias familiares; produtos
metalúrgicos e pequenas e médias manufaturas de artigos como redes,
confecções e gerando um expressivo número de postos de trabalho.
        Um exemplo do que acontece nessa porção do semi-árido é o caso do
rural do município de Tejuçuoca, situado no sertão cearense, a 144 km de
Fortaleza (CE), com uma população de 11.286 habitantes, conforme estudo
realizado por Alves (2002).
        Nesse Município existe forte pressão demográfica e sobre os recursos
naturais, visto que 80% da população estão concentrados no meio rural,
disputando a exploração das terras distribuídas em 258 propriedades rurais
(34% delas ocupando cerca de 80% da área total de 41 mil hectares). A
escassez de terras e as secas que ocorrem de forma sistemática (e
conseqüente escassez de água e sazonalidade na produção agropecuária)
associadas aos tipos de solos predominantes (com severas restrições ao uso
agrícola e com necessidade de uso intensivo de capital), são fatores que
contribuem de forma significativa para que as famílias combinem diversas
atividades, agrícolas ou não, com o objetivo principal de promover o equilíbrio
econômico da unidade de produção.
        Em Tejuçuoca é comum, entre os agricultores, a prática de atividades
tais como o comércio, o artesanato (principalmente bordado e crochê) e o
assalariamento rural ou urbano. Outras atividades encontradas no meio rural
do município: costureiras, professores, agentes de saúde, vaqueiros, pedreiros,
mecânicos, motoristas, ferreiros, marceneiros, borracheiros, pintores,
negociantes, feirantes, além dos que trabalham com exploração de pedras
toscas, carvão, produção de tijolos, telhas e a fabricação de queijo coalho e
doce artesanal.
        A atividade artesanal no rural do semi-árido nordestino envolve grande
contingente da população, em especial a feminina.
        Um fator que nas décadas recentes tem contribuído para a geração de
ocupações não-agrícolas no meio rural nordestino é a expansão dos serviços
públicos de saúde e educação, em geral entre as mulheres. Tais ocupações
vão desde professora, merendeira ou faxineira na escola, até enfermeira,
agente de saúde, faxineira etc, nos postos de saúde em comunidades rurais.
        É também significativo o papel que tem exercido na busca de
ampliação das rendas das famílias nos espaços rurais, a partir dos anos 1990,
a “descentralização das plantas industriais”. Exemplo disso são os
deslocamentos de indústrias das regiões Sul/Sudeste para o interior do
Nordeste, em busca, sobretudo, de incentivos fiscais e mão-de-obra barata e
não sindicalizada.
        Em outra porção do semi-árido nordestino, de economia “mais
desenvolvida” é possível identificar a coexistência do emprego de diferentes
níveis de tecnologia nos produtos e serviços, com produção em maior escala,
alcançando, por vezes, o mercado regional.
Como exemplos, podem ser citadas algumas das atividades não-
agrícolas no meio rural que cresceram atingindo núcleos urbanos do semi-árido
nordestino: a indústria de redes em São Bento do Una (Paraíba) e em
Jaguaruana (Ceará); confecções populares (a chamada "sulanca"), em Santa
Cruz do Capibaribe (Pernambuco); artesanato de cerâmica em Caruaru
(Pernambuco); tapetes em Mucambo (Ceará); indústria de ouriversaria, em
Juazeiro do Norte (Ceará); processamento de produtos alimentares regionais
na região do Seridó (Rio Grande do Norte); núcleo metal-mecânico e de
serviços de transporte, em Tabuleiro do Norte (Ceará), oferecendo fretes
rodoviários para todo o Brasil; indústria de artigos de Couro na região de Sousa
(Paraíba); diversas formas de artesanato, além do circuito de vaquejadas,
presente em todo o semi-árido. Outro fenômeno importante no semi-árido
nordestino, que atinge núcleos urbanos e rurais, é o turismo religioso, que em
termos de números de visitantes, é tão importante quanto o turismo do litoral.
Juazeiro do Norte e Canindé no Ceará, Caicó no Rio Grande do Norte e
Senhor do Bonfim, na Bahia são os maiores exemplos deste tipo de turismo
(Alencar Jr. e Alves, 2006).
         Com respeito às atividades não-agrícolas acima exemplificadas, cabe
ressaltar que não foram beneficiadas com incentivos ou subsídios financeiros
de órgãos estatais. Voltadas para o mercado interno, surgiram e cresceram em
contextos locais específicos e particulares, revelando vocações e potenciais
muitas vezes inimagináveis por parte dos que fazem políticas públicas. Em
praticamente todos existem barreiras “naturais”, pois a entrada de concorrentes
externos tem menor vulnerabilidade aos efeitos de mudanças climáticas. Ainda
assim, esses setores são responsáveis por alguns milhares de postos de
trabalho e representam uma parte importante da renda do semi-árido (Alencar
Jr. e Alves, 2006).


PLURIATIVIDADE NO RURAL DO PÓLO BAIXO JAGUARIBE, CEARÁ

        No ano de 2003, pesquisadores do ETENE (Escritório Técnico de
Estudos Econômicos do Nordeste) realizaram um estudo de campo nos onze
municípios componentes do Pólo de Desenvolvimento Baixo Jaguaribe (CE),
para observar se havia e de que forma se manifestava a pluriatividade,
objetivando desenhar o perfil das atividades não-agrícolas, bem como travar
uma discussão sobre as possibilidades de elaboração de políticas públicas
locais. A coleta de informações foi feita por meio de 320 entrevistas semi-
estruturadas realizadas com famílias de agricultores familiares domiciliados nos
onze municípios do Pólo (ver Figura 1).
        O relatório final do estudo foi elaborado por Alves et al. (2006), do qual
se extraem e apresentam neste documento as principais conclusões.
FIGURA 1 - Pólo de Desenvolvimento Baixo Jaguaribe, Ceará
              Fonte: Banco do Nordeste do Brasil (2003).



         Observou-se que o conjunto dos municípios do Pólo conta com alguns
importantes núcleos produtivos não-agrícolas, quais sejam: movelaria,
artesanato, redes de dormir, cerâmica e metal-mecânico. Alguns deles, a
exemplo do metal-mecânco, tiveram seu crescimento associado ao
crescimento experimentado pelo núcleo de fruticultura irrigada, principal
atividade econômica do Pólo. Em termos de abrangência territorial, o
artesanato (barro, palha de carnaúba, palha de milho, casca de coco, labirinto,
renda, bordado, pintura em tecido, crochê e tapeçaria) e a produção de redes
figuram como as atividades não-agrícolas mais importantes no rural do Pólo.
Além destas, observou-se a existência de agroindústrias para beneficiar polpa
de frutas, de castanha de caju e fabricação de rapadura de caju, doces, queijos
e farinha, mini-indústrias de beneficiamento de cera de carnaúba, fabricação de
vassouras, fabricação de barcos, borracharias, comércio de pescado, extração
de calcário, fabricação de filtros, pesque-pagues e olarias.
         Do total das famílias estudadas, 68% declararam ter numa atividade
não-agrícola a principal ocupação do grupo familiar, embora pratiquem também
a agricultura. A maior parte das famílias rurais que exercem atividades não-
agrícolas encontra-se na categoria de “sem-terra”, cerca de 72%. E dos 28%
que têm terra, o tamanho não ultrapassa os 50 hectares, o que confirma a
declaração dos entrevistados de que praticam atividades não-agrícolas, pela
necessidade de complementar a renda, pela inexistência de terra suficiente
para “fazer” agricultura. Cerca de 98% dos entrevistados disseram que sua
atividade não-agrícola assegura remuneração; para 62%, essa atividade ocupa
mais de 30 horas semanais.
         Um fator importante a ressaltar é o nível de renda obtido com a
atividade não-agrícola. Apesar da importância da receita obtida com alguns
produtos de origem agropecuária e o que representa parte deles
(principalmente produtos alimentares básicos como milho, feijão e mandioca)
no auto-consumo das famílias, problemas relacionados com a fragilidade e
sazonalidade da agricultura, têm feito com que a receita obtida em atividades
não-agrícolas ganhe importância significativa. Com efeito, apurou-se que para
cerca de 26% das famílias pesquisadas, a atividade não-agrícola tem
participação entre 60% e 80% na renda total, sendo que para 31,6% dessas
famílias, a participação supera os 80%; a soma dos percentuais de famílias
cuja renda tem participação superior a 60%, totaliza quase 60%, o que é
bastante expressivo (ver Tabela 1).

TABELA 1. Percentual que a renda da atividade não-agrícola representa na
          renda total familiar
    Percentual da renda          Quantidade   %
Até 20%                                   38 11,9
De 21 a 40%                               40 12,5
De 41% a 60%                              59 18,4
De 60% a 80%                              82 25,6
Maior que 80%                            101 31,6
Total                                    320 100,0
Fonte: Alves et al. (2006)


        Quanto à composição da receita, verificou-se que de um valor total
médio mensal de R$ 316,53 obtido pelas famílias, R$ 205,36 são provenientes
de atividades não-agrícolas, o equivalente a 64,9%, confirmando o elevado
grau de importância das atividades não-agrícolas na composição da renda das
famílias.
        Por outro lado, esses agricultores enfrentam uma série de dificuldades
no desenvolvimento das suas atividades, principalmente por problemas
relacionados ao acesso a financiamento para aquisição de máquinas e
equipamentos, capital de giro e canais de comercialização, bem como à falta
de organização, carência de treinamento para melhorar a qualidade dos
produtos e serviços e deficiência em infra-estrutura pública de transportes e
comunicação.
        Finalmente, observou-se que os produtos e serviços não-agrícolas
produzidos pelos agricultores familiares do Pólo Baixo Jaguaribe têm pequena
escala, com o emprego de tecnologia tradicional e mão-de-obra intensiva,
sendo vendidos quase que exclusivamente no mercado local.
        Diante dos resultados observados, concluiu-se que a prática de tais
atividades é fruto de estratégias que as famílias adotam buscando assegurar a
sobrevivência do grupo sem a necessidade de migração para os centros
urbanos. Tais estratégias são uma saída que os agricultores encontram diante
das adversidades edafo-climáticas típicas do semi-árido nordestino, somadas à
escassez de meios de produção para o desenvolvimento da atividade agrícola.
E apesar de sua grande importância na composição da renda das famílias, tais
produtos e atividades têm inserção marginal no mercado, denotando o grau de
subdesenvolvimento do rural do Pólo de Desenvolvimento Baixo Jaguaribe.


IMPLICAÇÕES   E              POSSIBILIDADES       DE      POLÍTICAS       DE
DESENVOLVIMENTO

        Buscou-se chamar a atenção, neste fascículo, para a perspectiva de
que o meio rural é um território com atividades diversas, com atores sociais
diversos, contrapondo-se à visão do rural somente agrícola.
        Tal discussão põe em cheque a decantada dicotomia rural-urbana e a
compartimentalização das áreas do conhecimento ainda cristalizada nos
mundos acadêmico e técnico. Sinaliza para um fator importante a ser
considerado: independentemente da forma como se manifesta a pluriatividade
no meio rural, o seu reconhecimento como tal abre possibilidades importantes
em termos de políticas públicas rurais, impondo mudanças no enfoque e nos
instrumentos atualmente adotados, caracterizados, muitas vezes, pelo viés
setorial e sem levar em conta os seus efeitos no desenvolvimento local.
         A adoção de políticas de desenvolvimento adequadas às realidades
locais e com orientação intersetorial, abre a possibilidade de se considerar as
dimensões espaciais e o delineamento de soluções localmente compatíveis.
Ou seja, observar as particularidades, as prioridades, os meios e as estratégias
adequadas de desenvolvimento, de forma a suprir as necessidades
econômicas, ambientais, políticas e sociais da população local. A implicação
disso é o reconhecimento do local e dos atores locais como parâmetro de
ações de desenvolvimento.
         Uma premissa para esse reconhecimento do local e respectivos atores,
é o fortalecimento das iniciativas locais e efetiva participação popular. Aqui,
cabe um parêntese para uma consideração importante, sobre a necessidade
de se desmistificar a idéia de que o campo é o lugar do atraso. Curiosamente,
ainda hoje vigora, em amplos setores da sociedade e mesmo em segmentos
das ciências agrárias e extensão rural, uma crença que se instalou desde os
primórdios da nossa colonização, de que apesar da disponibilidade de
tecnologias, o pequeno agricultor brasileiro (o agricultor familiar) é incapaz de
adotá-las por ser conservador, irracional, tradicional.
         O termo “tradicional” tem sido associado aos diversos nomes que
recebe esse agricultor, em geral, pejorativos, depreciativos e até mesmo
ofensivos. Por exemplo, caipira (Sul/Sudeste), matuto e tabaréu (Nordeste),
são palavras que, desde sua origem têm duplo sentido, referindo-se sempre
àqueles que vivem fora da cidade e que, por isso, são rústicos, atrasados,
ingênuos e inacessíveis, sem educação. Umas vezes, tem o sentido de tolo,
tonto; outras, de preguiçoso. Esta visão, de certa forma dominante entre
formuladores de políticas de desenvolvimento, tem influenciado boa parte delas
ao longo da história, produzindo resultados, por vezes, desastrosos.
         E é óbvio que, com este tipo de visão na formalização de políticas, a
verdadeira participação popular fica inviabilizada, dificultando a criação de
espaço, por exemplo, para a identificação das atividades não-agrícolas com
maior potencial de contribuir para o aumento da renda das famílias, bem como
dos instrumentos que se pode utilizar para solucionar os diversos problemas no
seu desenvolvimento.
         Promovido este passo de fortalecimento da participação popular,
caminhos serão abertos para a instituição de políticas que valorizem e apóiem
as atividades produtivas de forma integral.
         Segundo Veiga (2001), cerca de 770 mil agricultores familiares
brasileiros são competitivos nas condições atuais do mercado, enquanto que
outros 900 mil podem tornar-se competitivos com o amparo de políticas
adequadas. Outros dois milhões de agricultores, no entanto, não conseguem
sobreviver somente da agricultura.
         Conforme apresentado em itens anteriores deste documento, a
distribuição espacial dos agricultores competitivos é altamente desigual,
concentrando-se nos estados do Sul e Sudeste e em algumas poucas áreas
mais dinâmicas dentro das demais regiões. A grande maioria dos que precisam
complementar a renda com outras atividades concentra-se, principalmente, na
porção semi-árida nordestina.
         É nesse espaço, portanto, que se deve priorizar os esforços de ações
integradoras de várias atividades agrícolas e não-agrícolas de modo a estancar
a migração para as zonas urbanas, onde já não há possibilidade de sua
absorção econômica e social.
         Conforme se constatou em pesquisas de campo no semi-árido
nordestino (Alves, 2002 e 2006), muitos habitantes do rural, agricultores ou
não, já exercem atividades não-agrícolas como estratégia de sobrevivência do
grupo familiar. Mesmo nas regiões mais atrasadas, em que os produtos e
serviços decorrentes de atividades não-agrícolas têm acesso marginal no
mercado, observa-se empiricamente que a receita gerada é sempre superior
àquela gerada pelas atividades agropecuárias. Mesmo assim, tais atividades
ainda se encontram à margem das políticas públicas e de qualquer tipo de
apoio.
         Cabe chamar a atenção para o fato de que, embora seja muito
importante a visão de se buscar uma diversificação da ocupação em atividades
não-agrícolas no meio rural, ela deve ser encarada como algo complementar à
consolidação de uma numerosa e dinâmica agricultura familiar, atualmente em
torno de quatro milhões no Brasil, dos quais, pouco mais de dois milhões no
Nordeste. Além disso, cada território tem demandas e potencialidades muito
variadas para o desenvolvimento desejado, assim como opções de
desenvolvimento que dependem de um contexto intra e extralocal particular.
         Em Tejuçuoca e no Pólo Baixo Jaguaribe, duas realidades estudadas
recentemente, o artesanato representa um papel importante em termos de
ocupação das famílias rurais e tem grande potencial de geração de renda para
as famílias. Porém, a viabilização econômica desta atividade requer algumas
ações específicas, pois passa, no mínimo, pela solução de questões ligadas à
organização dos artesãos em associações representativas (fundamental para
possibilitar e garantir a comercialização do produto), à qualidade do artesanato
(para adequá-lo às exigências do mercado) e à disponibilização de recursos
financeiros (para aquisição de matéria-prima).
         Com relação aos recursos financeiros, é importante pensar numa linha
de financiamento de rápido acesso e sem burocracias, a fim de evitar que os
agricultores acabem sendo duplamente prejudicados, ao se submeterem às
regras de agiotas. Neste sentido, deve-se ressaltar a iniciativa do BNB de criar
o AgroAMIGO no ano de 2004, programa de microcrédito que visa à concessão
de financiamentos para a área rural, com metodologia específica de
atendimento. Conta com a figura do assessor de crédito rural (num total de
350, atualmente em ampliação para atendimento de toda a área de atuação
dessa instituição), o qual desempenha o papel de aproximar esse Banco dos
agricultores familiares, facilitando o acesso ao PRONAF B3.
3
    Os assessores de crédito são técnicos agrícolas que passaram por um processo de seleção,
    foram submetidos a um treinamento voltado para as questões pertinentes à agricultura
    familiar e sobre a importância de analisar, juntamente com o agricultor, as necessidades e
    potencialidades integrais da propriedade e do grupo familiar, o que inclui as possibilidades de
    financiamento e apoio a atividades não-agrícolas. Acredita-se que tais técnicos reúnam as
    condições para realizar um bom trabalho de mediação entre agricultores e os gestores do
    PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), contribuindo, assim,
    para que o crédito alcance os agricultores de forma mais ágil, no tempo e montantes
    adequados para suprir as suas reais necessidades. Tendo em vista que se trata de
Deve-se enfatizar, finalmente, a necessidade de se refletir sobre o fato
de que qualquer projeto de desenvolvimento das cidades será incapaz de
reduzir o desemprego urbano, confirmando a necessidade de novas formas de
ampliação das oportunidades de ocupação e geração de renda no meio rural,
sejam agrícolas ou não-agrícolas. Por outro lado, não há como desenvolver o
meio rural sem a adoção de medidas fundamentais para o provimento de
infraestrutura básica (principalmente nas áreas de saúde, educação, energia,
comunicações, estradas e transporte), sem a qual se torna difícil viabilizar
qualquer atividade. Investimentos nesses setores contribuiriam, sobremaneira,
para a ampliação de empregos rurais, principalmente no setor de serviços.


REFERÊNCIAS

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agenda social. Brasília: NEAD, 2000.
ALENCAR JR., J. S. de. ALVES, M. O. O subespaço semi-árido no contexto
de uma estratégia de desenvolvimento para o Nordeste. In: BERNAL, C.
(Org.) A Economia do Nordeste na fase contemporânea. Fortaleza: Banco do
Nordeste do Brasil/UFC, 2006. p.235-259.
ALVES, M.O. Pluriatividade como estratégia de sobrevivência no sertão
nordestino: o caso de Tejuçuoca, Ceará. Revista Raízes. v.21, n.01,
pp.114-121, Campina Grande, UFCG/PPGS, jan./jun.2002.
ALVES, M.O.; VALENTE JUNIOR, A. S.; BRAINER, M. S. de C. PEREIRA.
Pluriatividade no espaço rural do Pólo Baixo Jaguaribe. Fortaleza: Banco
do Nordeste do Brasil, 2006. (Série Documentos do ETENE, n. 11).
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olhar sobre os processos socioespaciais. São Paulo em Perspectiva, 17 (3-
4): 124, 2003.
CHAYANOV, A. V. La organización de la unidad económica campesina.
Buenos Aires, Ediciones Nueva Vision, 1974.
GARCIA JR., A. R. O sul: caminho do roçado. Estratégias de reprodução
camponesa e transformação social. São Paulo, Marco Zero; Brasília, Editora
Universidade de Brasília; MCT-CNPq, 1989.
GRAZIANO DA SILVA, J. G. Uma agenda para o futuro. In: ANAIS DO
ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 21, Caxambu, 1997. (CD-ROOM).
_____________________. O novo rural brasileiro. Nova Economia. v.7, n.1,
pp.43-81, Belo Horizonte, maio/1997a.
_____________________.        Políticas não-agrícolas para o novo rural
brasileiro. In: ANAIS DO CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E
SOCIOLOGIA RURAL, 36, v.1, p.117-142, Poços de Caldas, 1998.
GRAZIANO DA SILVA, J.; CAMPANHOLA, C. (2000. O Novo Rural Brasileiro.
Vol. 1 – Uma Análise Nacional e Regional; Vol. 2 – Uma Análise Estadual –
Nordeste; Vol. 3 – Uma Análise Estadual – Sul, Sudeste e Centro-Oeste; Vol. 4
– Políticas Públicas.
KAUTSKY, K. A questão agrária. Rio de Janeiro: Laemmert, 1968. 328p.

 instrumento recém criado, é fundamental que o AgroAMIGO seja submetido a uma avaliação
 dentro de pelo menos dois anos, a fim de que sejam detectadas as falhas e feitas as
 correções de rumo.
REARDON, T.; CRUZ, M. E.; BERDEGUÉ, J. Los pobres en el desarrollo
del empleo rural no agrícola en América Latina: paradojas y desafíos. Chile:
RIMISP, 1998.
VEIGA, J. E. da. O Brasil precisa de uma estratégia de desenvolvimento.
Brasília: NEAD, 2001.
WANDERLEY, M. N. B. A emergência de uma nova ruralidade nas sociedades
modernas avançadas – o “rural” como espaço e ator coletivo. Estudos,
Sociedade e Agricultura. n.15, Rio de Janeiro, UFRRJ/CPDA, out./2000.
pp.87–145.



QUESTÕES PARA REFLEXÃO:

   1)    Qual a idéia central do texto?
   2)    Qual a polêmica implícita no texto?
   3)    Qual a contribuição do texto para a compreensão da realidade rural
         nordestina? Como pensar políticas públicas de forma a atender essa
         realidade?
   4)    Qual a contribuição do texto para o enfrentamento das questões que
         trata e para os trabalhos de quem lida com políticas públicas?
   5)    Que instâncias poderiam ser criadas para articulação dos atores
         sociais locais no sentido de viabilizar propostas de desenvolvimento
         adequadas para um rural pluriativo e de forma a impedir as
         oscilações/interrupções decorrentes de mudanças político-eleitorais?
         Que atores deveriam ser envolvidos?

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O Novo Rural e a Pluriatividade

  • 1. O NOVO MUNDO RURAL E A DINÂMICA DE MUDANÇAS NA OCUPAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA1 Maria Odete Alves2 Fortaleza (CE), Fev/2007 INTRODUÇÃO A inserção deste tema em qualquer curso que trate de desenvolvimento é bastante pertinente, tendo em vista a discussão travada atualmente sobre mudanças que estariam ocorrendo na conformação do meio rural brasileiro, bem como as interações com o meio urbano decorrentes desta nova realidade. Estudos realizados nos últimos anos têm apontado para mudanças significativas no meio rural, tanto em termos da dinâmica da ocupação da mão- de-obra quanto das relações com o meio urbano, fazendo com que a fronteira entre o rural e urbano assuma novos contornos. Essa nova configuração do meio rural do País vem sendo denominada de ”novo rural” brasileiro. Este “novo rural” é retratado em pesquisas realizadas desde 1997 pelo Grupo “Rurbano” da Universidade de Campinas (Unicamp). O projeto de pesquisa Rurbano, cuja proposta é explorar a relevância dos cortes urbano/rural e agrícola/não agrícola no desenvolvimento brasileiro recente, implantado e coordenado pelo professor e pesquisador José Graziano da Silva, envolve diversos pesquisadores ligados a instituições de diversos estados brasileiros. Mais recentemente, em novembro de 2005, foi criado o Núcleo Rurbano Nordeste, que conta com a coordenação do prof. Aldenor Gomes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, envolvendo diversos pesquisadores nordestinos, do qual faz parte a autora deste texto. Os resultados dos estudos têm sido divulgados em diversas publicações e nos principais congressos no campo da economia e sociologia. Tais estudos mostram a crescente diversificação de atividades agrícolas e não- agrícolas no meio rural brasileiro, cujo fenômeno é denominado de pluriatividade. Uma das constatações do referido projeto diz respeito à sistemática redução do nível de ocupação e de renda no âmbito de atividades eminentemente de natureza agropecuária. Ao mesmo tempo, tem-se observado uma crescente revalorização do rural, que tem possibilitado a implementação de atividades não-agrícolas que criam maior oferta de ocupações e postos de trabalho, além de remunerações mais elevadas quando comparadas com as obtidas nas atividades rurais ligadas à agropecuária tradicional. 1 Texto originalmente elaborado para o Fascículo 09 do curso Caminhos do Desenvolvimento Local, realizado entre Fevereiro e Maio de 2007, pela Fundação Demócrito (Rocha através da Universidade Aberta do Nordeste), em parceria com UFC, Instituto do Banco Mundial, Governo do Estado do Ceará, BNB e Ministério da Integração Nacional. 2 Engenheira Agrônoma, Mestre em Desenvolvimento Rural e pesquisadora do BNB-ETENE.
  • 2. O SIGNIFICADO DO NOVO RURAL E A PLURIATIVIDADE Embora somente a partir da década de 1990 o assunto tenha despertado maior interesse de estudiosos brasileiros, a pluriatividade não é um evento recente em sociedades rurais. Desde que a agricultura deixou de ser itinerante, fazendo com que o homem se fixasse em determinado território, os sistemas agrários foram passando por processos de evolução, impostos pelas restrições agroecológicas, sociais e econômicas. A necessidade de mudanças nos sistemas de produção (operações agrícolas, instrumentos de trabalho e insumos) por um lado, acionou o processo de inovação tecnológica, por outro introduziu uma série de serviços ao longo da cadeia produtiva, caracterizando, nesse momento, um rural pluriativo. Vários estudiosos das mais diversas nacionalidades, em épocas distintas, observaram a manifestação da pluriatividade entre agricultores de seus países. Como exemplo, pode ser citado o estudioso alemão Karl Kautsky que, ainda no ano de 1898, declarava em seus escritos: “Não obstante a superioridade técnica da grande propriedade, os pequenos agricultores podem coexistir com ela na estrutura agrária, devido ao processo de industrialização da agricultura, que viabiliza empregos assessórios e atividades extra-agrícolas para os camponeses, permitindo sua reprodução como assalariados parciais ou temporários” (Kautsky, 1968). Numa publicação de 1925, Alexander Chayanov relatou a pluriatividade como uma das características da agricultura familiar russa e européia do início do século XX, apontando a elevação do nível de consumo em áreas de influência de um núcleo urbano (Chayanov, 1974). Para este autor, a análise da exploração agrícola de uma unidade familiar não pode ser feita isoladamente. Segundo ele, para compreender a problemática da unidade de produção familiar, seria necessário uma análise do conjunto das atividades na agricultura, artesanais e comerciais. Afinal, o rural sempre foi mais amplo que a agricultura (seja em termos de espaço físico quanto socioeconômico) e se manifesta de formas distintas, segundo o grau de desenvolvimento de cada sociedade, aqui denominada, para fins didáticos, em desenvolvida, em desenvolvimento e subdesenvolvida. As sociedades desenvolvidas, ao longo de sua história sofreram uma série de transformações, resultado de fatores externos e internos. Com isso, houve uma redução da distância entre o meio urbano e o rural, fazendo com que o desenvolvimento dos espaços rurais passasse a depender não apenas do dinamismo agrícola, mas também da capacidade de atrair outras atividades econômicas, levando ao surgimento de uma relação de complementaridade entre o rural e o urbano. Na Europa Ocidental de hoje, se observa um conjunto variado de bens públicos no meio rural, aos quais estão associados valores que, de longe, ultrapassam a idéia de ligação unicamente com a agropecuária. Isso faz com que se amplie a dimensão do rural, interferindo diretamente nas formas de uso do seu espaço, bem como na relação com o território e com o meio urbano. Observa-se que a descentralização econômica e a disseminação espacial dos serviços criaram condições para que plantas industriais se
  • 3. instalassem em áreas rurais. Dessa forma, o desenvolvimento econômico e a expansão das cidades facilitaram o acesso das populações rurais a bens e serviços urbanos. Isso fez com que fosse sendo reduzida a distância física e também social entre populações urbana e rural. Segundo Wanderley (2000), atualmente já não existem grandes diferenças econômicas e sociais entre ambos os espaços nas sociedades desenvolvidas. Ocorreu, em decorrência, um crescimento da população não- agrícola e reduziu a população ocupada na agricultura. Passou a ter mais evidência a diversidade econômica e do próprio perfil da população rural, que deixou de ser meramente agrícola, uma vez que o campo passou a ser atrativo para jovens, pessoas idosas e aposentadas, seja com o objetivo de exercer alguma atividade produtiva, seja para usufruir do lazer e da melhor qualidade de vida. Na França, por exemplo, de cada 100 moradores de comunidades rurais com menos de 2000 habitantes, somente 13 dependem diretamente da atividade agrícola. Os demais trabalham em atividades não-agrícolas no próprio estabelecimento (transformação de produtos agrícolas, turismo, outros serviços) ou em pequenas e médias cidades. Esta população divide o espaço rural com novos atores, aqueles que possuem residências secundárias rurais, os que praticam atividades de lazer tais como caminhadas, passeios de bicicleta, caça, pesca etc (OCDE, citado por Abramovay, 2000). Nas sociedades em desenvolvimento é possível identificar três fases da transformação das atividades não-agrícolas no meio rural, de acordo com revisão bibliográfica realizada por Reardon et al. (1998). Num primeiro momento é observada a existência de atividades cuja produção é de pequena escala, utilizando tecnologia tradicional e intensiva em mão-de-obra, produzindo bens e serviços quase que exclusivamente para o mercado local. Nesta fase a maioria dos adultos pratica a pluriatividade no sentido de que cada um ajuda no trabalho agrícola dentro da propriedade, migrando ou praticando uma atividade não-agrícola na entre-safra; a segunda fase é caracterizada pela mescla de atividades vinculadas à agricultura e atividades não-agrícolas baseadas na demanda derivada dos ingressos do primeiro grupo, no desenvolvimento de comunidades rurais e na demanda derivada do setor urbano (como o turismo) ou no setor exportador. Na segunda fase há produtos cuja comercialização se dá além do mercado local e se verifica uma bimodalidade crescente, tanto na intensidade de capital quanto nos benefícios da mão-de-obra das atividades dentro de um dado sub-setor de atividade não- agrícola. Em conseqüência, há uma coexistência de indivíduos de classes sociais distintas trabalhando no mesmo sub-setor, porém, empregando tecnologias e habilidades diferentes e auferindo rendas distintas; na terceira fase há uma intensificação da diferenciação dos elementos da transformação que contribuíram para a diferenciação da segunda em relação à primeira fase. Já nas sociedades subdesenvolvidas, a prática de atividades não- agrícolas por famílias rurais ocorre como conseqüência da precariedade e pobreza, em decorrência da fragmentação da terra, das limitações agroecológicas e da sazonalidade da agricultura. Trata-se, nesses casos, de estratégias de sobrevivência adotadas pelo grupo familiar, buscando equilibrar a disponibilidade de mão-de-obra com a base material existente e o acesso ao mercado ocorre de forma marginal (Alves, 2002; Alves et al, 2006; Garcia Jr., 1989; Chayanov, 1974).
  • 4. Tomando-se como base este mesmo referencial para uma análise da situação brasileira, é possível observar as diferentes formas de manifestação da pluriatividade, de acordo com o nível de desenvolvimento das regiões ou estados, conforme abordado no tópico que se segue. Importante antecipar que, a passagem mais acelerada da pluriatividade de um estágio a outro, em determinadas regiões brasileiras, por conseqüência do mais acentuado processo de desenvolvimento que têm experimentado, é o evento que tem levado alguns autores a generalizar o conceito de “novo rural” para todo o País. A PLURIATIVIDADE NO RURAL BRASILEIRO Estudos realizados por pesquisadores do Rurbano, com base em dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), apresentam resultados significativos em termos de mudanças na configuração do rural brasileiro. Graziano da Silva (1997, 1997a, 1998) chega a afirmar que o rural brasileiro ganhou novas funções e por isso já não pode ser mais tomado apenas como um conjunto de atividades agropecuárias e agroindustriais. Crescem as atividades não-agrícolas (moradia, turismo, lazer, outros serviços orientados para um público urbano); ampliam-se as atividades de preservação do meio ambiente como imposição de exigências legais ou como oportunidade de geração de renda; expandem-se negócios intensivos nas áreas de criação de pequenos animais, floricultura e horticultura (Graziano da Silva, 1998). De fato, os principais resultados das pesquisas do Projeto Rurbano mostram algumas mudanças, conforme apresentado por Graziano da Silva e Campanhola (2000): a) o emprego agrícola vem caindo sistematicamente desde meados dos anos 80, mas a PEA Rural, ao contrário do esperado, vem crescendo no mesmo período; b) Os conta-própria não-agrícolas cresceram significativamente no período 1992/97, tanto no meio urbano quanto no rural; c) Entre os conta-própria agrícolas cresceram apenas aquelas famílias com residência no meio urbano; d) Os conta-própria pluriativos mostraram-se estáveis, ao contrário do que se esperava; e) A pluriatividade está presente em 35% do conjunto das famílias ligadas às atividades agropecuárias; f) Há crescimento de desempregados e aposentados residentes no campo; g) Ocorre queda da renda per capita dos agricultores familiares e crescente importância das atividades e rendas não-agrícolas entre essas famílias; h) Entre agricultores familiares exclusivamente agrícolas que possuem pequenas áreas de terra, o peso das aposentadorias e pensões chega a representar mais de um terço da renda familiar, independentemente do local de domicílio, se rural ou urbano. As mudanças anteriormente mencionadas estão associadas, principalmente, a transformações ocorridas nas últimas décadas na agricultura
  • 5. brasileira (queda na rentabilidade dos principais produtos agropecuários) e aumento de produtividade decorrente da adoção de tecnologias (queda na oferta do emprego agrícola), evento observado com maior peso em áreas onde a modernização da agricultura foi mais forte, durante as décadas de 1960 e 1970, a denominada modernização conservadora. As políticas de financiamento desse período, que tinham como premissa o crédito altamente subsidiado, foram seletivas no sentido de privilegiar produtos destinados à exportação, concentrados nas regiões Sul e Sudeste do País. Essa política proporcionou, nessas áreas, um processo de especialização produtiva da agricultura, abrindo espaço para o surgimento de diferentes serviços nos diversos elos da cadeia: insumos (fabricação ou revenda de máquinas, equipamentos e implementos; revenda de combustíveis e lubrificantes; produção ou revenda de embalagens; produção ou revenda de mudas e sementes), transformação (packing-house, agroindústrias alimentares), distribuição (atacadistas, transportes, traiding companies, lojas de horti-granjeiros), serviços (escritórios de projetos e assistência técnica; consultorias agropecuárias especializadas; laboratórios de análises de solo, água e planta; patrulha mecanizada; unidades de beneficiamento de sementes; casas de produtos agropecuários; cursos especializados nas atividades rurais, agroindustriais e de comercialização agrícola; logística de negócios etc). Atualmente, as atividades não-agrícolas nessas áreas têm maior importância econômica que aquelas existentes em regiões nas quais os agricultores não tiveram acesso aos recursos da “modernização”. São mais diversificadas, fazendo com que o espaço rural adquira configuração cada vez mais assemelhada daquela observada em países desenvolvidos. O estado de São Paulo é o melhor exemplo dessa realidade. Por um lado, predomina o alto padrão tecnológico na agropecuária, contando com um segmento moderno na produção de lavouras comerciais que demanda cada vez menos mão-de-obra, exigindo perfil diferenciado do agricultor tradicional; por outro, a crescente urbanização do rural, tem permitido o surgimento de atividades como lazer, turismo rural e ecológico, hospedagem, serviços públicos, além de outras atividades e serviços. Para se ter uma idéia, já em 1999, 50% das pessoas com domicílio rural em São Paulo estavam ocupadas em atividades não-agrícolas (Caiado e Santos, 2003). Na região Nordeste, a pluriatividade tende a se manifestar de formas diferenciadas, dependendo do maior ou menor dinamismo das economias locais. Sabe-se que os estados nordestinos foram discriminados pelo processo de “modernização conservadora”. Assim, o desenvolvimento do meio rural alcançou patamares bem inferiores àqueles das regiões Sul e Sudeste do País. Mesmo assim, transformações estruturais ocorreram em algumas áreas por determinação mais geral da economia. Ou seja, nas áreas “mais desenvolvidas” e de economias mais dinâmicas, a exemplo dos cerrados (baiano, piauiense e maranhense), as atividades não-agrícolas tendem a se diversificar, adensar e apresentar crescente complexidade; nas regiões metropolitanas e ao longo do litoral, floresceu um conjunto de atividades não- agrícolas e pluriativas impulsionadas pelo turismo e pelo lazer da classe média das capitais e de algumas cidades importantes do interior. Na porção semi- árida nordestina, a manifestação da pluriatividade tende a se apresentar na forma dos dois estágios iniciais de transformação apontados no item anterior (típico de sociedades subdesenvolvidas ou em desenvolvimento). Nas regiões
  • 6. “menos desenvolvidas” e de economia pouco dinâmica, ela surge como uma necessidade de elaboração de estratégias de sobrevivência, em virtude da precariedade e pobreza da população e a inserção no mercado acontece de forma marginal. São atividades das mais variadas, envolvendo: artesanato; chapéus; prestação de serviços; construção, ampliação e reparação de obras públicas; produção e reparação de peças, utensílios diversos, máquinas, pneus e equipamentos; pequenas indústrias e agroindústrias familiares; produtos metalúrgicos e pequenas e médias manufaturas de artigos como redes, confecções e gerando um expressivo número de postos de trabalho. Um exemplo do que acontece nessa porção do semi-árido é o caso do rural do município de Tejuçuoca, situado no sertão cearense, a 144 km de Fortaleza (CE), com uma população de 11.286 habitantes, conforme estudo realizado por Alves (2002). Nesse Município existe forte pressão demográfica e sobre os recursos naturais, visto que 80% da população estão concentrados no meio rural, disputando a exploração das terras distribuídas em 258 propriedades rurais (34% delas ocupando cerca de 80% da área total de 41 mil hectares). A escassez de terras e as secas que ocorrem de forma sistemática (e conseqüente escassez de água e sazonalidade na produção agropecuária) associadas aos tipos de solos predominantes (com severas restrições ao uso agrícola e com necessidade de uso intensivo de capital), são fatores que contribuem de forma significativa para que as famílias combinem diversas atividades, agrícolas ou não, com o objetivo principal de promover o equilíbrio econômico da unidade de produção. Em Tejuçuoca é comum, entre os agricultores, a prática de atividades tais como o comércio, o artesanato (principalmente bordado e crochê) e o assalariamento rural ou urbano. Outras atividades encontradas no meio rural do município: costureiras, professores, agentes de saúde, vaqueiros, pedreiros, mecânicos, motoristas, ferreiros, marceneiros, borracheiros, pintores, negociantes, feirantes, além dos que trabalham com exploração de pedras toscas, carvão, produção de tijolos, telhas e a fabricação de queijo coalho e doce artesanal. A atividade artesanal no rural do semi-árido nordestino envolve grande contingente da população, em especial a feminina. Um fator que nas décadas recentes tem contribuído para a geração de ocupações não-agrícolas no meio rural nordestino é a expansão dos serviços públicos de saúde e educação, em geral entre as mulheres. Tais ocupações vão desde professora, merendeira ou faxineira na escola, até enfermeira, agente de saúde, faxineira etc, nos postos de saúde em comunidades rurais. É também significativo o papel que tem exercido na busca de ampliação das rendas das famílias nos espaços rurais, a partir dos anos 1990, a “descentralização das plantas industriais”. Exemplo disso são os deslocamentos de indústrias das regiões Sul/Sudeste para o interior do Nordeste, em busca, sobretudo, de incentivos fiscais e mão-de-obra barata e não sindicalizada. Em outra porção do semi-árido nordestino, de economia “mais desenvolvida” é possível identificar a coexistência do emprego de diferentes níveis de tecnologia nos produtos e serviços, com produção em maior escala, alcançando, por vezes, o mercado regional.
  • 7. Como exemplos, podem ser citadas algumas das atividades não- agrícolas no meio rural que cresceram atingindo núcleos urbanos do semi-árido nordestino: a indústria de redes em São Bento do Una (Paraíba) e em Jaguaruana (Ceará); confecções populares (a chamada "sulanca"), em Santa Cruz do Capibaribe (Pernambuco); artesanato de cerâmica em Caruaru (Pernambuco); tapetes em Mucambo (Ceará); indústria de ouriversaria, em Juazeiro do Norte (Ceará); processamento de produtos alimentares regionais na região do Seridó (Rio Grande do Norte); núcleo metal-mecânico e de serviços de transporte, em Tabuleiro do Norte (Ceará), oferecendo fretes rodoviários para todo o Brasil; indústria de artigos de Couro na região de Sousa (Paraíba); diversas formas de artesanato, além do circuito de vaquejadas, presente em todo o semi-árido. Outro fenômeno importante no semi-árido nordestino, que atinge núcleos urbanos e rurais, é o turismo religioso, que em termos de números de visitantes, é tão importante quanto o turismo do litoral. Juazeiro do Norte e Canindé no Ceará, Caicó no Rio Grande do Norte e Senhor do Bonfim, na Bahia são os maiores exemplos deste tipo de turismo (Alencar Jr. e Alves, 2006). Com respeito às atividades não-agrícolas acima exemplificadas, cabe ressaltar que não foram beneficiadas com incentivos ou subsídios financeiros de órgãos estatais. Voltadas para o mercado interno, surgiram e cresceram em contextos locais específicos e particulares, revelando vocações e potenciais muitas vezes inimagináveis por parte dos que fazem políticas públicas. Em praticamente todos existem barreiras “naturais”, pois a entrada de concorrentes externos tem menor vulnerabilidade aos efeitos de mudanças climáticas. Ainda assim, esses setores são responsáveis por alguns milhares de postos de trabalho e representam uma parte importante da renda do semi-árido (Alencar Jr. e Alves, 2006). PLURIATIVIDADE NO RURAL DO PÓLO BAIXO JAGUARIBE, CEARÁ No ano de 2003, pesquisadores do ETENE (Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste) realizaram um estudo de campo nos onze municípios componentes do Pólo de Desenvolvimento Baixo Jaguaribe (CE), para observar se havia e de que forma se manifestava a pluriatividade, objetivando desenhar o perfil das atividades não-agrícolas, bem como travar uma discussão sobre as possibilidades de elaboração de políticas públicas locais. A coleta de informações foi feita por meio de 320 entrevistas semi- estruturadas realizadas com famílias de agricultores familiares domiciliados nos onze municípios do Pólo (ver Figura 1). O relatório final do estudo foi elaborado por Alves et al. (2006), do qual se extraem e apresentam neste documento as principais conclusões.
  • 8. FIGURA 1 - Pólo de Desenvolvimento Baixo Jaguaribe, Ceará Fonte: Banco do Nordeste do Brasil (2003). Observou-se que o conjunto dos municípios do Pólo conta com alguns importantes núcleos produtivos não-agrícolas, quais sejam: movelaria, artesanato, redes de dormir, cerâmica e metal-mecânico. Alguns deles, a exemplo do metal-mecânco, tiveram seu crescimento associado ao crescimento experimentado pelo núcleo de fruticultura irrigada, principal atividade econômica do Pólo. Em termos de abrangência territorial, o artesanato (barro, palha de carnaúba, palha de milho, casca de coco, labirinto, renda, bordado, pintura em tecido, crochê e tapeçaria) e a produção de redes figuram como as atividades não-agrícolas mais importantes no rural do Pólo. Além destas, observou-se a existência de agroindústrias para beneficiar polpa de frutas, de castanha de caju e fabricação de rapadura de caju, doces, queijos e farinha, mini-indústrias de beneficiamento de cera de carnaúba, fabricação de vassouras, fabricação de barcos, borracharias, comércio de pescado, extração de calcário, fabricação de filtros, pesque-pagues e olarias. Do total das famílias estudadas, 68% declararam ter numa atividade não-agrícola a principal ocupação do grupo familiar, embora pratiquem também a agricultura. A maior parte das famílias rurais que exercem atividades não- agrícolas encontra-se na categoria de “sem-terra”, cerca de 72%. E dos 28% que têm terra, o tamanho não ultrapassa os 50 hectares, o que confirma a declaração dos entrevistados de que praticam atividades não-agrícolas, pela necessidade de complementar a renda, pela inexistência de terra suficiente para “fazer” agricultura. Cerca de 98% dos entrevistados disseram que sua atividade não-agrícola assegura remuneração; para 62%, essa atividade ocupa mais de 30 horas semanais. Um fator importante a ressaltar é o nível de renda obtido com a atividade não-agrícola. Apesar da importância da receita obtida com alguns produtos de origem agropecuária e o que representa parte deles (principalmente produtos alimentares básicos como milho, feijão e mandioca) no auto-consumo das famílias, problemas relacionados com a fragilidade e sazonalidade da agricultura, têm feito com que a receita obtida em atividades não-agrícolas ganhe importância significativa. Com efeito, apurou-se que para cerca de 26% das famílias pesquisadas, a atividade não-agrícola tem participação entre 60% e 80% na renda total, sendo que para 31,6% dessas famílias, a participação supera os 80%; a soma dos percentuais de famílias
  • 9. cuja renda tem participação superior a 60%, totaliza quase 60%, o que é bastante expressivo (ver Tabela 1). TABELA 1. Percentual que a renda da atividade não-agrícola representa na renda total familiar Percentual da renda Quantidade % Até 20% 38 11,9 De 21 a 40% 40 12,5 De 41% a 60% 59 18,4 De 60% a 80% 82 25,6 Maior que 80% 101 31,6 Total 320 100,0 Fonte: Alves et al. (2006) Quanto à composição da receita, verificou-se que de um valor total médio mensal de R$ 316,53 obtido pelas famílias, R$ 205,36 são provenientes de atividades não-agrícolas, o equivalente a 64,9%, confirmando o elevado grau de importância das atividades não-agrícolas na composição da renda das famílias. Por outro lado, esses agricultores enfrentam uma série de dificuldades no desenvolvimento das suas atividades, principalmente por problemas relacionados ao acesso a financiamento para aquisição de máquinas e equipamentos, capital de giro e canais de comercialização, bem como à falta de organização, carência de treinamento para melhorar a qualidade dos produtos e serviços e deficiência em infra-estrutura pública de transportes e comunicação. Finalmente, observou-se que os produtos e serviços não-agrícolas produzidos pelos agricultores familiares do Pólo Baixo Jaguaribe têm pequena escala, com o emprego de tecnologia tradicional e mão-de-obra intensiva, sendo vendidos quase que exclusivamente no mercado local. Diante dos resultados observados, concluiu-se que a prática de tais atividades é fruto de estratégias que as famílias adotam buscando assegurar a sobrevivência do grupo sem a necessidade de migração para os centros urbanos. Tais estratégias são uma saída que os agricultores encontram diante das adversidades edafo-climáticas típicas do semi-árido nordestino, somadas à escassez de meios de produção para o desenvolvimento da atividade agrícola. E apesar de sua grande importância na composição da renda das famílias, tais produtos e atividades têm inserção marginal no mercado, denotando o grau de subdesenvolvimento do rural do Pólo de Desenvolvimento Baixo Jaguaribe. IMPLICAÇÕES E POSSIBILIDADES DE POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO Buscou-se chamar a atenção, neste fascículo, para a perspectiva de que o meio rural é um território com atividades diversas, com atores sociais diversos, contrapondo-se à visão do rural somente agrícola. Tal discussão põe em cheque a decantada dicotomia rural-urbana e a compartimentalização das áreas do conhecimento ainda cristalizada nos
  • 10. mundos acadêmico e técnico. Sinaliza para um fator importante a ser considerado: independentemente da forma como se manifesta a pluriatividade no meio rural, o seu reconhecimento como tal abre possibilidades importantes em termos de políticas públicas rurais, impondo mudanças no enfoque e nos instrumentos atualmente adotados, caracterizados, muitas vezes, pelo viés setorial e sem levar em conta os seus efeitos no desenvolvimento local. A adoção de políticas de desenvolvimento adequadas às realidades locais e com orientação intersetorial, abre a possibilidade de se considerar as dimensões espaciais e o delineamento de soluções localmente compatíveis. Ou seja, observar as particularidades, as prioridades, os meios e as estratégias adequadas de desenvolvimento, de forma a suprir as necessidades econômicas, ambientais, políticas e sociais da população local. A implicação disso é o reconhecimento do local e dos atores locais como parâmetro de ações de desenvolvimento. Uma premissa para esse reconhecimento do local e respectivos atores, é o fortalecimento das iniciativas locais e efetiva participação popular. Aqui, cabe um parêntese para uma consideração importante, sobre a necessidade de se desmistificar a idéia de que o campo é o lugar do atraso. Curiosamente, ainda hoje vigora, em amplos setores da sociedade e mesmo em segmentos das ciências agrárias e extensão rural, uma crença que se instalou desde os primórdios da nossa colonização, de que apesar da disponibilidade de tecnologias, o pequeno agricultor brasileiro (o agricultor familiar) é incapaz de adotá-las por ser conservador, irracional, tradicional. O termo “tradicional” tem sido associado aos diversos nomes que recebe esse agricultor, em geral, pejorativos, depreciativos e até mesmo ofensivos. Por exemplo, caipira (Sul/Sudeste), matuto e tabaréu (Nordeste), são palavras que, desde sua origem têm duplo sentido, referindo-se sempre àqueles que vivem fora da cidade e que, por isso, são rústicos, atrasados, ingênuos e inacessíveis, sem educação. Umas vezes, tem o sentido de tolo, tonto; outras, de preguiçoso. Esta visão, de certa forma dominante entre formuladores de políticas de desenvolvimento, tem influenciado boa parte delas ao longo da história, produzindo resultados, por vezes, desastrosos. E é óbvio que, com este tipo de visão na formalização de políticas, a verdadeira participação popular fica inviabilizada, dificultando a criação de espaço, por exemplo, para a identificação das atividades não-agrícolas com maior potencial de contribuir para o aumento da renda das famílias, bem como dos instrumentos que se pode utilizar para solucionar os diversos problemas no seu desenvolvimento. Promovido este passo de fortalecimento da participação popular, caminhos serão abertos para a instituição de políticas que valorizem e apóiem as atividades produtivas de forma integral. Segundo Veiga (2001), cerca de 770 mil agricultores familiares brasileiros são competitivos nas condições atuais do mercado, enquanto que outros 900 mil podem tornar-se competitivos com o amparo de políticas adequadas. Outros dois milhões de agricultores, no entanto, não conseguem sobreviver somente da agricultura. Conforme apresentado em itens anteriores deste documento, a distribuição espacial dos agricultores competitivos é altamente desigual, concentrando-se nos estados do Sul e Sudeste e em algumas poucas áreas mais dinâmicas dentro das demais regiões. A grande maioria dos que precisam
  • 11. complementar a renda com outras atividades concentra-se, principalmente, na porção semi-árida nordestina. É nesse espaço, portanto, que se deve priorizar os esforços de ações integradoras de várias atividades agrícolas e não-agrícolas de modo a estancar a migração para as zonas urbanas, onde já não há possibilidade de sua absorção econômica e social. Conforme se constatou em pesquisas de campo no semi-árido nordestino (Alves, 2002 e 2006), muitos habitantes do rural, agricultores ou não, já exercem atividades não-agrícolas como estratégia de sobrevivência do grupo familiar. Mesmo nas regiões mais atrasadas, em que os produtos e serviços decorrentes de atividades não-agrícolas têm acesso marginal no mercado, observa-se empiricamente que a receita gerada é sempre superior àquela gerada pelas atividades agropecuárias. Mesmo assim, tais atividades ainda se encontram à margem das políticas públicas e de qualquer tipo de apoio. Cabe chamar a atenção para o fato de que, embora seja muito importante a visão de se buscar uma diversificação da ocupação em atividades não-agrícolas no meio rural, ela deve ser encarada como algo complementar à consolidação de uma numerosa e dinâmica agricultura familiar, atualmente em torno de quatro milhões no Brasil, dos quais, pouco mais de dois milhões no Nordeste. Além disso, cada território tem demandas e potencialidades muito variadas para o desenvolvimento desejado, assim como opções de desenvolvimento que dependem de um contexto intra e extralocal particular. Em Tejuçuoca e no Pólo Baixo Jaguaribe, duas realidades estudadas recentemente, o artesanato representa um papel importante em termos de ocupação das famílias rurais e tem grande potencial de geração de renda para as famílias. Porém, a viabilização econômica desta atividade requer algumas ações específicas, pois passa, no mínimo, pela solução de questões ligadas à organização dos artesãos em associações representativas (fundamental para possibilitar e garantir a comercialização do produto), à qualidade do artesanato (para adequá-lo às exigências do mercado) e à disponibilização de recursos financeiros (para aquisição de matéria-prima). Com relação aos recursos financeiros, é importante pensar numa linha de financiamento de rápido acesso e sem burocracias, a fim de evitar que os agricultores acabem sendo duplamente prejudicados, ao se submeterem às regras de agiotas. Neste sentido, deve-se ressaltar a iniciativa do BNB de criar o AgroAMIGO no ano de 2004, programa de microcrédito que visa à concessão de financiamentos para a área rural, com metodologia específica de atendimento. Conta com a figura do assessor de crédito rural (num total de 350, atualmente em ampliação para atendimento de toda a área de atuação dessa instituição), o qual desempenha o papel de aproximar esse Banco dos agricultores familiares, facilitando o acesso ao PRONAF B3. 3 Os assessores de crédito são técnicos agrícolas que passaram por um processo de seleção, foram submetidos a um treinamento voltado para as questões pertinentes à agricultura familiar e sobre a importância de analisar, juntamente com o agricultor, as necessidades e potencialidades integrais da propriedade e do grupo familiar, o que inclui as possibilidades de financiamento e apoio a atividades não-agrícolas. Acredita-se que tais técnicos reúnam as condições para realizar um bom trabalho de mediação entre agricultores e os gestores do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), contribuindo, assim, para que o crédito alcance os agricultores de forma mais ágil, no tempo e montantes adequados para suprir as suas reais necessidades. Tendo em vista que se trata de
  • 12. Deve-se enfatizar, finalmente, a necessidade de se refletir sobre o fato de que qualquer projeto de desenvolvimento das cidades será incapaz de reduzir o desemprego urbano, confirmando a necessidade de novas formas de ampliação das oportunidades de ocupação e geração de renda no meio rural, sejam agrícolas ou não-agrícolas. Por outro lado, não há como desenvolver o meio rural sem a adoção de medidas fundamentais para o provimento de infraestrutura básica (principalmente nas áreas de saúde, educação, energia, comunicações, estradas e transporte), sem a qual se torna difícil viabilizar qualquer atividade. Investimentos nesses setores contribuiriam, sobremaneira, para a ampliação de empregos rurais, principalmente no setor de serviços. REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, R. Inter-relações entre as transformações demográficas e a agenda social. Brasília: NEAD, 2000. ALENCAR JR., J. S. de. ALVES, M. O. O subespaço semi-árido no contexto de uma estratégia de desenvolvimento para o Nordeste. In: BERNAL, C. (Org.) A Economia do Nordeste na fase contemporânea. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil/UFC, 2006. p.235-259. ALVES, M.O. Pluriatividade como estratégia de sobrevivência no sertão nordestino: o caso de Tejuçuoca, Ceará. Revista Raízes. v.21, n.01, pp.114-121, Campina Grande, UFCG/PPGS, jan./jun.2002. ALVES, M.O.; VALENTE JUNIOR, A. S.; BRAINER, M. S. de C. PEREIRA. Pluriatividade no espaço rural do Pólo Baixo Jaguaribe. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2006. (Série Documentos do ETENE, n. 11). CAIADO, A. S. C.; SANTOS, S.M.M. dos. Fim da dicotomia rural-urbano? Um olhar sobre os processos socioespaciais. São Paulo em Perspectiva, 17 (3- 4): 124, 2003. CHAYANOV, A. V. La organización de la unidad económica campesina. Buenos Aires, Ediciones Nueva Vision, 1974. GARCIA JR., A. R. O sul: caminho do roçado. Estratégias de reprodução camponesa e transformação social. São Paulo, Marco Zero; Brasília, Editora Universidade de Brasília; MCT-CNPq, 1989. GRAZIANO DA SILVA, J. G. Uma agenda para o futuro. In: ANAIS DO ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 21, Caxambu, 1997. (CD-ROOM). _____________________. O novo rural brasileiro. Nova Economia. v.7, n.1, pp.43-81, Belo Horizonte, maio/1997a. _____________________. Políticas não-agrícolas para o novo rural brasileiro. In: ANAIS DO CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 36, v.1, p.117-142, Poços de Caldas, 1998. GRAZIANO DA SILVA, J.; CAMPANHOLA, C. (2000. O Novo Rural Brasileiro. Vol. 1 – Uma Análise Nacional e Regional; Vol. 2 – Uma Análise Estadual – Nordeste; Vol. 3 – Uma Análise Estadual – Sul, Sudeste e Centro-Oeste; Vol. 4 – Políticas Públicas. KAUTSKY, K. A questão agrária. Rio de Janeiro: Laemmert, 1968. 328p. instrumento recém criado, é fundamental que o AgroAMIGO seja submetido a uma avaliação dentro de pelo menos dois anos, a fim de que sejam detectadas as falhas e feitas as correções de rumo.
  • 13. REARDON, T.; CRUZ, M. E.; BERDEGUÉ, J. Los pobres en el desarrollo del empleo rural no agrícola en América Latina: paradojas y desafíos. Chile: RIMISP, 1998. VEIGA, J. E. da. O Brasil precisa de uma estratégia de desenvolvimento. Brasília: NEAD, 2001. WANDERLEY, M. N. B. A emergência de uma nova ruralidade nas sociedades modernas avançadas – o “rural” como espaço e ator coletivo. Estudos, Sociedade e Agricultura. n.15, Rio de Janeiro, UFRRJ/CPDA, out./2000. pp.87–145. QUESTÕES PARA REFLEXÃO: 1) Qual a idéia central do texto? 2) Qual a polêmica implícita no texto? 3) Qual a contribuição do texto para a compreensão da realidade rural nordestina? Como pensar políticas públicas de forma a atender essa realidade? 4) Qual a contribuição do texto para o enfrentamento das questões que trata e para os trabalhos de quem lida com políticas públicas? 5) Que instâncias poderiam ser criadas para articulação dos atores sociais locais no sentido de viabilizar propostas de desenvolvimento adequadas para um rural pluriativo e de forma a impedir as oscilações/interrupções decorrentes de mudanças político-eleitorais? Que atores deveriam ser envolvidos?