Este documento apresenta e analisa aspectos da formação e organização do espaço urbano como um contínuo do espaço rural na região de Campo Mourão no Paraná, Brasil. Aborda a história da região ligada a conflitos pela terra e como o "progresso" agrícola levou a transformações espaciais e sociais, como o êxodo rural e problemas socioambientais. Analisa também como a geografia pode estabelecer conhecimento sobre as relações espaciais construídas pelo homem.
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Análise da transformação do espaço urbano e rural na região de Campo Mourão-PR
1.
2. Prof. Dr. Gisele Ramos Onofre
Colegiado de Geografia
Unespar/ Campus de Campo Mourão
TIDE / LAGEOH/ Grupos de pesquisa: EGEA e Movimento e espacialidade
3.
4. OBJETIVO
Apresentar e analisar interdisciplinarmente
aspectos da formação e organização do
espaço urbano como um contínuo do
espaço rural, a partir de informações
teóricas e das políticas públicas destinadas
a agricultura.
5. A região de Campo
Mourão, situada no
Estado do Paraná,
atualmente denominada
segundo o IBGE de
Mesorregião Centro-
Ocidental paranaense,
teve seu processo
histórico ligado a
conflitos e luta pela
terra, fatos que se
apagaram com o tempo,
descortinando uma
materialidade espacial
de “progresso e
desenvolvimento”.
6. organização sócio
econômica desse recorte
espacial e que denunciam
as marcas do denominado
“desenvolvimento e do
progresso” do campo
brasileiro.
7. Durante todo o processo de
regulamentação do acesso a
terra, presenciou-se conflitos
pela luta ao direito de posse
da terra. Esses conflitos
foram entre posseiros,
pequenos proprietários e
grileiros, sendo as fraudes um
recurso muito usado para a
ocupação das glebas.
Figura : Planta da gleba nº 11 da colônia Mourão
Fonte: BERNARDES, 1953. p. 20
9. Agricultura tradicional X agricultura “moderna”
ferramentas manuais e tração
animal
Trator e mecanização da lavoura
Diversidade de cultivos monocultura
Uso intensivo de mão de obra Baixo uso de mão de obra
Mantem o homem no campo Causa o êxodo rural
Auto suficiência e uso de insumos
locais
Totalmente dependente de insumos
externos
Comercialização local Exportação e fornecimento para
indústria
Baixo custo de produção Alto custo de produção
Adaptada as características
regionais
Mesmo sistema em todos os lugares
10. As fotos revelam na
sequencia a melhoria
na infra-estrutura
urbana, estando
apresentadas na
seguinte seqüência:
Vista aérea 1960,
vista aérea 1973,
avenida Capitão
Índio Bandeira
(principal avenida de
Campo Mourão) em
1960 e 1972.
Fonte: Acervo museu
municipal Deolindo Mendes
Pereira.
11. • Com o aumento da produtividade agrícola,
Campo Mourão, outrora dependente de uma
infra-estrutura precária para atender seus
habitantes, em um curto período
aproximado de 10 anos, presenciou uma
evolução espacial. Para efeito de
comparação as fotos, demonstram em
seqüência a paisagem urbana antes e depois
da implementação do novo modelo agrícola.
12. A manutenção e permanência da burguesia
Essas metamorfoses produzem abalos constantes em
toda a organização social, sendo que a conservação do
Capitalismo é, sobretudo, por causa desses abalos que
produzem a divisão entre as classes sociais.
O modo de produção capitalista, em seu fortalecimento por
meio da associação com o movimento cooperativista, está,
produzindo novas moldagens nas cooperativas, que
passam a ser mais uma das formas de reprodução e
acumulação do capital, firmando o desenvolvimento do
capital também em bases cooperativistas, ou seja, nas
cooperativas capitalistas.
Nesse
realidade,
analisa-se que
13. MUDANÇASPobres Ricos
Resultados
Grande êxodo rural
Vários
problemas
sociais e
ambientais
Inchaço Urbano
Desemprego
Aumento da violência
Pobreza generalidade
LUXEMBURGO (1900)
14. Segundo Milton Santos (2002): a
geografia vem estabelecendo e
desenvolvendo seu conhecimento,
baseado em relações espaciais
construídas e organizadas pelo e para o
próprio homem, que atualmente esta
priorizando a reprodução do capital em
detrimento das necessidades sociais.
15. A luta e violência ocorrida em Campo Mourão por
causa da terra, passou a se desenvolver em dois períodos
históricos distintos. Primeiramente na fase da ocupação
pioneira, a violência ocorre entre grileiros e posseiros na
disputa pela posse da terra (a meta dos grileiros) e pelas
condições de sobrevivência (a meta dos posseiros). Na
fase recente a violência vai ocorrer pela expulsão e
expropriação dos trabalhadores como conseqüência da
implantação do novo modelo agrícola, altamente
dependente dos recursos que demandam capital e pouco
dependente de recursos que demandam trabalho.
16. “Saiu o semeador a semear.
Semeou o dia todo e a noite o apanhou
ainda
com as mãos cheias de sementes.
Ele semeava tranqüilo sem pensar na
colheita
porque muito tinha colhido do que outros
semearam.”
Cora Coralina
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Texto apostilado.