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EDUCAÇÃO DO CAMPO NO TRIÂNGULO MINEIRO:
DESAFIOS E PERSPECTIVAS DE ANÁLISE NO TERRITÓRIO DO
AGRONEGÓCIO
RURAL EDUCATIONINSIDETRIANGULOMINEIRO:
CHALLENGESANDPERSPECTIVESOFANALYSISWITHINAGRIBUSINESS
Ricardo Araujo Leite
Universidade Federal de Uberlândia - UFU
ricardoleyte@yahoo.com.br
Virna Salgado Barra
Universidade Federal de Uberlândia - UFU
virnoka@hotmail.com
Marcelo Cervo Chelotti
Universidade Federal de Uberlândia - UFU
chelotti@ig.ufu.com
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo analisar os desafios e perspectivas de inserção da
Educação do Campo no Triângulo Mineiro, região que nas últimas décadas caracterizou-se por
uma intensa tecnificação do seu processo produtivo, transformando-se em um grande pólo do
agronegócio brasileiro. Portanto, o caráter modernizante tornou invisível a demanda por uma
outra educação. A pesquisa - ainda em desenvolvimento - vem desconstruir o discurso de um
campo uniforme, vazio de gente e sem demandas por uma Educação do Campo.
Palavras Chave: Educação do Campo. Geografia Agrária. Triângulo Mineiro.
ABSTRACT: This article aims to analyze the challenges and prospects of insertion of Field
Education Triangle, a region in recent decades has been characterized by an intense technification
of their production process, transforming itself into a great pole of brazilian agribusiness.
Therefore, the character continuism can become invisible to the demand for another education.
The research is still in development comes from deconstruct the discourse of a field uniform,
empty, without people and without demands for an Education in the Field.
Key-words: Rural Education. AgriculturalGeography.Triângulo Mineiro.
INTRODUÇÃO
A educação escolar brasileira foi construída no decorrer da história para atender
exclusivamente o meio urbano e o quê vigoravam, eram alguns projetos do governo que, visando
tecnificar a agricultura, tentou conter o êxodo rural e combater o analfabetismo no campo.
Projetos que foram implantados de forma parcial e que não conseguiram resultados devido à falta
de investimento e de planejamento.
Para conseguir os efeitos desejados em uma educação camponesa deveriam ter
sido criadas estratégias pedagógicas voltadas para os modos de vida do trabalhador rural, de
modo que o calendário apresente-se adequado para população, que respeitasse o ciclo agrícola e
as condições climáticas que, por sua vez, são fatores determinantes para o cotidiano do aluno que
reside no rural. Conforme a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade no
caderno - SECAD (2007), havia uma suposição “que o conhecimento universal, produzido pelo
mundo dito civilizado deveria ser estendido – ou imposto – a todos, de acordo com a capacidade
de cada um, serviu para escamotear o direito a uma educação contextualizada, promotora do
acesso à cidadania e aos bens econômicos e sociais, que respeitasse os modos de viver pensar e
produzir dos diferentes povos do campo”. Esse modelo de educação dito “universal” acabou por
excluir a população camponesa de um ensino voltado para suas problemáticas e práticas de vida.
Dessa forma, se elevou a evasão escolar no campo e, consequentemente, se fizeram as condições
necessárias para aumentar, de maneira drástica, o êxodo rural e a pobreza no campo.
Portanto, deveria ter sido construída uma educação voltada para a realidade do
campesinato, todavia foi aplicado ao homem do campo o modelo educacional “urbanicista”, tão
excludente frente às necessidades da vida rural e até mesmo preconceituoso. Tal modelo tratou a
cidade e o modelo industrial como um parâmetro a ser seguido, sem ressaltar a importância da
agricultura familiar e suas peculiaridades. Paralelamente era oferecida a uma pequena parcela da
população rural, uma educação técnica, voltada para o treinamento de mão-de-obra e para a
modernização da agricultura seguindo modelos estadunidenses que pretendiam atender a forte
demanda de criar um mercado para seus produtos agrícolas sob o seu modelo de agricultura.
Os efeitos do modelo de educação urbana aplicada nas escolas rurais são
claramente percebidos ao analisarmos a evasão escolar de estudantes camponeses. Conforme
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD2004 que calcula: enquanto 15,4
% dos alunos matriculados no ensino médio na rede urbana deixavam a escola no meio rural essa
taxa crescia para 28,2 %, esses números aumentariam ainda mais se contássemos aqueles que
abandonam a escola ainda no final do ensino fundamental ou no final de cada ano do ensino
médio. Isso demonstra a disparidade qualitativa entre o ensino urbano e o imposto na área rural.
Outra consequência da aplicação do modelo de ensino urbano no campo é a crescente migração
de jovens do meio rural para as cidades, fator que tem envelhecido o campo brasileiro e
colocando em risco a transmissão de conhecimentos da agricultura camponesa familiar.
Nas últimas décadas no Triângulo Mineiro1
(imagem 1) os movimentos sociais de
luta pela reforma agrária têm exercido um papel fundamental para a democratização do acesso a
terra. O crescente número de acampamentos e assentamentos na região cria uma demanda
considerável de crianças, jovens e adultos que, com reivindicações pela reforma agrária, como
também por uma melhor qualidade de vida no campo, o que definitivamente inclui o direito de
estudar em uma escola preparada para atendê-los de maneira democrática e eficiente, tendo seu
currículo feito para alcançar a população camponesa.
Imagem 1: Localização do Triângulo Mineiro
Org. CAMPOS, N. L. LEITE, R. A. (2011).
Como ainda não existe na região nenhuma escola adequada a Educação do
Campo, os primeiros passos da pesquisa consistem em identificar os limites e possibilidades de
inserção da Educação do Campo no Triângulo Mineiro; a interface entre a Educação do Campo e
Educação Geográfica; Possibilitar ao futuro licenciado de Geografia a inserção na discussão
sobre a Educação do Campo, e dos múltiplos espaços de ensino-aprendizagem; Aproximar a
UFU, enquanto instituição pública, da realidade sócio-espacial encontrada em seu entorno.
1 Utilizamos para definir o Triângulo Mineiro a regionalização do governo do estado de Minas Gerais, criada pela
antiga Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral – SEPLAN, hoje Secretaria de Planejamento e Gestão –
SEPLAG, que define essa como uma de suas dez regiões geográficas de planejamento.
Do ponto de vista metodológico, a pesquisa está dividida em duas etapas: 1) etapa
teórica: consistiu em realizar um levantamento bibliográfico sobre a diferenciação da Educação
Rural e da Educação do Campo, analisando o decreto 7.352 e identificando as orientações gerais
sobre a nova política de Educação do Campo. E, posteriormente estabelecer as possíveis
interlocuções entre a Educação do Campo com a Educação Geográfica.
A segunda etapa prática: consistiu nolevantamento de dados referentes ao número
de público potencial para a Educação do Campo no Triângulo Mineiro. Assim, os dados foram
obtidos a partir do Banco de Dados de Luta Pela Terra - DATALUTA2
, nas secretarias
municipais de educação, e junto aos movimentos sociais atuantes na região. A partir daí, foram
confeccionados mapas, gráficos e tabelas com os dados obtidos. De posse dos dados, estamos
elaborando um diagnóstico da realidade da Educação do Campo na região.
REFERENCIAL TEÓRICO
Wethein e Bordevane (1985) salientam que na educação rural deve-se considerar
as características socioeconômicas e culturais a fim de elaborar qualquer estratégia educacional
que possa dar respaldo às necessidades e interesses de tal população. Posição semelhante mantida
por Marta Candido Moreira (2004) que vê na diversidade sociocultural da população camponesa
uma oportunidade de melhorar a situação de exclusão vivida hoje por esses grupos através de
uma educação inovadora que de respaldo a essa diversidade.
No Brasil os projetos elaborados pelo governo para a educação da população rural
sempre teve entre os seus principais objetivos: controlar a população camponesa evitando que
essa abandonasse o campo e migrasse para cidade ou a capacitação técnica necessária para a
modernização da agricultura. Esse processo pode ser verificado ainda na “República Velha”
quando as atenções se voltaram para educação rural a fim de evitar a forte corrente migratória
dos camponeses para as cidades.
[...] Concomitante explodia a ideologia do colonialismo que, ao defender as
virtudes do campo e da vida campesina mascarava sua preocupação maior:
esvaziamento populacional das áreas rurais, enfraquecimento social e político
do patriarcalismo e forte oposição ao movimento progressista urbano, isso
principalmente por parte dos agroexportadores, mas o ruralismo contou
também com o apoio de alguns segmentos das elites urbanas, que viam na
2
O Projeto DATALUTA-MG é desenvolvido pelo Laboratório de Geografia Agrária (LAGEA) desde 2005. O
objetivo da pesquisa é a sistematização dos dados sobre a reforma agrária no Brasil por meio doBanco de Dados da
Luta pela Terra - DATALUTA e compreendem as ocupações de terras, assentamentos rurais,estrutura
fundiária e movimentos socioterritoriais. A partir de 2009, alémdas ocupações, manifestações e assentamentos
rurais, também estão sendo sistematizados os diferentes tipos de manifestações que ocorrem em Minas Gerais.
fixação do homem no campo uma maneira de evitar a exploração de problemas
sociais nos centros citados. (LEITE, 2002, p. 28-29)
Já na década de 1940 conforme Ribeiro (2010) “a indústria estadunidense de
produtos agropecuários (máquinas, adubos, defensivos agrícolas) se interessaram pela educação
rural no Brasil”, esse interesse partiu da necessidade de se abrir novos mercados para esses
produtos e se deu de uma forma que impediu o desenvolvimento de indústrias nacionais nessa
área, a materialização desse interesse segundo ribeiro se deu pela criação da Comissão Brasileiro
Americana de Educação das Populações Rurais (Cbar), em 1945 e se manteve nas décadas de
1960 e 1970.
Dentro dessa perspectiva também podemos analisar a criação da Companhia
Nacional de Educação Rural (CNER) e o Serviço Social Rural (SSR) na década de 1950. que
seguiram modelos indicados pelos EUA, como já havia ocorrido com a ACAR/EMATER
(Associação de Crédito e Assistência Rural/Empresa Brasileira de Extensão Rural).
[...] Centrada na ideologia do desenvolvimento comunitário, a modernização do
campo nada mais foi do que a internacionalização da economia brasileira aos
interesses monopolistas, e a CNER, ao realizar seu trabalho educativo,
desconsiderou as contradições naturais dos grupos campesinos, ou mesmo seus
elementos integrativos, quer políticos sociais ou culturais. Além disso, as lutas
ou reivindicação das minorias rurais ficaram obscurecidas, sucumbido frente às
expressões comunitárias repassadas pela educação/informação veiculadas na
campanha. (LEITE, 2002, p. 37)
Essas políticas trouxeram para o país uma educação tecnicista que não levava em
consideração os saberes da população rural e aceleraram a modernização da agricultura,
expropriando grande parte dos trabalhadores e produtores rurais que não tiveram acesso a essa
modernização. Esse processo também impediu que o país desenvolvesse indústrias próprias para
o setor agrário que levasse em conta as necessidades do seu desenvolvimento.
[...] Com isso e fácil deduzir que as políticas sociais destinadas ás populações
camponesas, em particular a educação, tiveram maior incremento e volume de
recursos quando havia, por parte dos sujeitos do capital, interesses ligados á
expropriação da terra e á conseguente proletarização dos agricultores,
combinada com a implementação de uma produção agrícola geradora de
dependência científica e tecnológica da parte dos trabalhadores do campo. A
educação formadora tanto de uma força de trabalho disciplinada quanto de
consumidores dos produtos agropecuários, agindo, nesse sentido, para eliminar
os saberes acumulados pela experiência sobre o trabalho com a terra
(RIBEIRO, 2010, p. 172)
Na década de 1960 acontece no Brasil às primeiras experiências da pedagogia da
alternância, um modelo de ensino criado na França que se espalhou pelo mundo se destacando
por criar um modelo de ensino para o meio rural que uni escola e família sob um projeto que
alterna as lições familiares aprendidas no conviveu com a família e comunidade com as lições
escolares.
Esse modelo logo se espalhou por todo o país alcançando um grande numero de
alunos. Conforme Dias (2006) O objetivo da pedagogia da alternância é a formação integral do
jovem do campo no aspecto intelectual e profissional, enfatizando a iniciativa própria, a
criatividade individual, o trabalho em equipe, o senso de responsabilidade, de cooperação e de
solidariedade. Esse modelo chegou ao Brasil principalmente na forma de Casas Famílias Rurais
(CRFs) criado na França em 1935 e Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) criado na Itália entre 1961
e 1962.
Já no âmbito da legislação no país se destacam três leis: a Lei de Diretrizes e Bases
(LDB) de 1961 que deixou a educação rural sob os cuidados de municípios falidos e
descapacitados; A Lei 5.692, de 1971, que apenas regulamentou a criação da oitava série e o
aumento do ensino técnico; e a atual LDB (criada em 1996) que se destaca por conter em seu
artigo 28 novas adaptações necessárias para se adequar às singularidades da população rural,
destacando:
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e
interesses dos alunos da zona rural; II - organização escolar própria, incluindo
adequação calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. (BRASIL, Lei 9394/1996).
Essa última LDB é um avanço do III Plano Setorial da Educação, Cultura e
Desporto (1980-85). Ela contém todos os avanços políticos em relação à educação no campo,
porém, não está sendo cumprida principalmente pela falta de recursos destinada à educação e o
baixo comprometimento dos governos com a população camponesa.
[...] Na prática, conforme Brandão (2005) “os conteúdos desse art. 28 da LDB
(...) não estão sendo efetivamente aplicados na realidade educacional brasileira”,
segundo o autor, por dois motivos. Um dos motivos seria o êxodo rural e o
outro seria o transporte de grande parte dos alunos da zona rural para as
escolas na zona urbana. (FAGUNDES; DAVID, 2009, p. 3).
Em 16 abril de 1998 em decorrência do alto índice de analfabetismo e o baixo
índice de escolarização dos beneficiários do programa de reforma agrária foi instituído pelo então
Ministério Extraordinário de Política Fundiária, atual Ministério do Desenvolvimento Agrário o
Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), que conforme Ribeiro
(2010) “de 2003 a 2006 permitiu o acesso a escolarização de 247.249 jovens e adultos e capacitou
1016 profissionais das ciências agrárias para atuarem na assistência técnica aos assentados”. Esse
programa foi uma das tentativas do governo para tentar sanar os problemas da Educação do
Campo que alcançou bons resultados, porém não cobriu a demanda do movimento.
Para melhorar o ensino das crianças, jovens e adultos do movimento e superar os
problemas históricos da Educação do Campo, o MST cria em 1996 a primeira Escola Itinerante
no Rio Grande do Sul.
[...] Entre os motivos que levaram os trabalhadores rurais sem terra vinculados
ao MST a se organizarem na luta pela escola itinerante, destacam-se as
dificuldades de acesso á escola convencional por estarem acampados em áreas
rurais, geralmente longe das instituições educativas formais e também o
questionamento da função social da escola convencional que historicamente
tem estado descomprometida com as questões referentes ás desigualdades
sociais, econômicas e culturais, e, portanto, desvinculada do projeto Sem Terra.
(MEURER; DAVID, 2008, p.46)
A criação da Escola Itinerante foi motivada principalmente pelas reivindicações
dos alunos que viam na educação um meio de se inserir no movimento de forma mais capacitada,
das famílias e dos professores preocupados com o futuro das crianças dos acampamentos. Estas
enfrentavam problemas para chegar até as escolas devido a distância em relação ao acampamento,
e a falta de um transporte adequado e eficaz, bem como o preconceito por parte dos colegas e
professores que não entendiam a ideologia do movimento e por estarem em constante
deslocamento não conseguiam se matricular nas escolas convencionais ou não conseguiam o
tempo adequado numa mesma escola para se adaptarem ao conteúdo.
[...] As famílias sem-terra mobilizaram-se (e mobilizam-se) pelo direito à escola
e pela possibilidade de uma escola que fizesse a diferença ou tivesse realmente
sentido em sua vida presente e futura (preocupação com os filhos). As
primeiras a se mobilizar, lá no início na década de 80, foram às mães e
professores, depois os pais e algumas lideranças do movimento; aos poucos as
crianças vão tomando também lugar, e algumas vezes á frente, nas ações
necessárias para garantir sua própria escola, seja nos assentamentos já
conquistados, seja ainda nos acampamentos. Assim nasceu o trabalho com
educação escolar no MST. (CALDART, 2003, p.62)
Em 2009 após 13 anos de legalização, o governo do estado do Rio Grande do Sul
pôs fim à Escola Itinerante do MST respondendo uma medida do Ministério Público Estadual, o
que foi para as lideranças uma tentativa clara de enfraquecer o movimento, colocando barreiras
para o seu desenvolvimento.
Conforme uma pesquisa do Instituto Nacional de Estudo e Pesquisas
Educacionais (INEP) - SECAD (2007) os principais obstáculos para uma educação de qualidade
no campo são:
 Insuficiência e precariedade das instalações físicas da maioria das escolas;
 Dificuldades de acesso dos professores e alunos às escolas, em razão da falta de
um sistema adequado de transporte escolar;
 Falta de professores habilitados e efetivos, o que provoca constante rotatividade;
 Falta de conhecimento especializado sobre políticas de educação básica para o
meio rural, com currículos inadequados que privilegiam umavisão urbana de educação e
desenvolvimento;
 Ausência de assistência pedagógica e supervisão escolar nas escolas rurais;
 Predomínio de classes multisseriadas com educação de baixa qualidade;
 Falta de atualização das propostas pedagógicas das escolas rurais;
 Baixo desempenho escolar dos alunos e elevadas taxas de distorção idade-série;
 Baixos salários e sobrecargas de trabalho dos professores, quando comparados
com os que atuam na zona urbana;
 Necessidade de reavaliação das políticas de nucleação das escolas e de
implementação de calendário escolar adequado às necessidades do meio rural.
(BRASIL, 2007, p. 18)
Esses resultados demonstram a fragilidade da Educação do Campo brasileira,
sendo uma realidade presente em todos os estados da federação: a falta de estrutura,
planejamento, capacitação profissional dos professores e compreensão da realidade dos alunos.
Deficiências históricas dessa educação conforme apontado nesse recorte histórico.
Para tentar sanar esses problemas e atualizar a LDB de 1996 (que nunca foi posta
em prática) o governo lança em novembro de 2010 o decreto presidencial 7.352 que utiliza as
definições do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE para delimitar como Escola
do Campo “aquela situada em área rural, ou situada em área urbana, desde que atenda
predominantemente a populações do campo” que seria os “agricultores familiares, os
extrativistas, os pescadores artesanais, os ribeirinhos, os assentados e acampados da reforma
agrária, os trabalhadores assalariados rurais, os quilombolas, os caiçaras, os povos da floresta, os
caboclos e outros que produzam suas condições materiais de existência a partir do trabalho no
meio rural”. Essas definições servem para dar base para os artigos deste decreto delimitando o
público alvo para receber essas políticas educacionais.
Entre seus principais pontos, destaca-se como necessário para a Educação do
Campo, a formação de profissionais capacitados para atender essa população, a estruturação das
escolas adequando-as às novas condições tecnológicas de ensino e prática aliadas a modelos
pedagógicos formulados para o campo (sugerindo a pedagogia da alternância), adequação do
plano pedagógico e do calendário escolar às peculiaridades do camponês e a formação de alianças
com os estados, municípios e universidades para melhorar as condições de infra-estrutura e
formação continuada dos profissionais.
§ 4o A educação do campo concretizar-se-á mediante a oferta de formação
inicial e continuada de profissionais da educação, a garantia de condições de
infra-estrutura e transporte escolar, bem como de materiais e livros didáticos,
equipamentos, laboratórios, biblioteca e áreas de lazer e desporto adequados ao
projeto político-pedagógico e em conformidade com a realidade local e a
diversidade das populações do campo. (DECRETO Nº 7.352, de 4 de
novembro de 2010).
Esse decreto é resultado das pesquisas e manifestações feitas por profissionais da
educação e pelos movimentos sociais em prol da implantação de políticas adequadas para as
populações camponesas.
DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO NO TRIÂNGULO
MINEIRO
O Triângulo Mineiro localiza-se na porção oeste de Minas Gerais, ocupado
inicialmente para criação extensiva de gado em grandes latifúndios e para a agricultura de
subsistência próxima a cursos d’água em áreas de veredas. A sua economia desenvolveu-se graças
a sua posição estratégica permitindo a região aproveitar a rede de transportes da Capital Federal e
sua proximidade com o estado de São Paulo. Conforme afirma Pessôa (1982)“um fator que
contribuiu para o desenvolvimento do Triângulo Mineiro foi a sua proximidade com o estado de
São Paulo isto lhe proporcionou facilidades de comércio, de capital, de mão de obra e de toda
experiência paulista para o desenvolvimento”.
A modernização da agricultura segue os modelos traçados no governo militar
baseando-se na importação de tecnologias e na criação de programas de crédito rural e projetos
de colonização. Junto a esses modelos a região sofreu também um intenso processo de
industrialização, que na agricultura significou uma troca de cultivos tradicionais por cultivos
industriais, que em um primeiro momento foram soja, algodão e amendoim, e no momento atual
á inserção do cultivo da cana de açúcar em larga escala para atender o setor sucroenergético.
O aumento do capital no campo provocou grandes impactos para os
trabalhadores rurais, que excluídos do processo de modernização tiveram de migrar para as
cidades. Destacam-se ainda as más condições de vida no campo que não favoreciam os
camponeses da mesma forma que aos latifundiários. Como destaca Pessôa (1988), “as condições
deficitárias no setor de educação e médicas-sanitárias”, mazelas essas que permanecem ate hoje
no campo de todo o país, também foram responsáveis pela exclusão dos pequenos agricultores
ao acesso aos meios de produção e qualidade de vida.
[...] Com isso, a renda do produtor rural, sobretudo do pequeno, mesmo nas regiões de
agricultura mais desenvolvidas se encontra pressionada. Principalmente, principalmente
porque essa agricultor necessita comprarinsumos agrícolas num mercado oligopolista,
onde não há controle maior dos preços que vão afetar diretamente os custos do
agricultor é obrigado a vender seus produtos em mercados chamados monopsônicos,
ou seja, onde há relativamente poucos compradores. (PESSÔA, 1988 p. 6).
Contudo, e de fácil percepção que esse desenvolvimento capitalista excluiu a
maior parte da população e beneficia os grandes proprietários de terras. Logo, as consequências
são a concentração de terras na região que causa o êxodo rural e a expropriação do pequeno
produtor rural que começa a trabalhar em períodos sazonais, muitas vezes em situação desumana.
[...] O deslocamento da produção de commodities rurais e das agroindústrias para as
áreas de cerrados implica na produção de novos espaços dentro dos quais a produção
capitalista se expande, trazem profundas conseqüências como a exploração da força de
trabalho e para o meio ambiente (CLEPS JUNIOR, 1998 p. 254).
Nesse contexto, fica claro que o sistema dominante exerce uma força contrária à
manutenção da pequena propriedade, o que torna precária as relações comerciais que as famílias
rurais têm com o que produzem, em decorrência disso a um grande descontentamento por parte
dessa população que foi excluída desse processo, fator que se reflete nas ações dos movimentos
sociais que se mobilizam para reivindicar dos órgãos responsáveis o direito a terra, a Educação do
Campo, a manutenção da sua cultura e de uma produção agrícola menos prejudicial ao meio
ambiente.
Uma maneira de compreender essa mobilização é analisar o gráfico 1 que mostra
o número de ocupações no Triângulo Mineiro de 1990 a 2009.
Gráfico 1: Triângulo Mineiro – número de ocupações por municípios no período 1990-2009
Fonte: Relatório DATALUTA (2009). Org. LEITE, R. A. (2011)
Os dados demonstram que o campo da região esta repleto de lutas que estão
representadas pelos acampamentos e assentamentos (gráfico 2) da reforma agrária sendo cada
um desse uma luta pela democratização do campo. O município de Uberlândia se destaca nesse
ponto sendo um grande pólo das reivindicações em razão da sua importância regional e do seu
alto nível de modernização e industrialização da agricultura, sendo também um dos municípios
com maior população rural.
Nesse meio encontram-se diversos alunos residentes em acampamentos e
assentamentos da reforma agrária que necessitam de uma educação que os acompanhe nas
andanças dos acampamentos, e que respeite a sua cultura e de suas famílias, e os preparem para
se desenvolverem da melhor forma possível dentro dos assentamentos, dando a eles condições
de melhorar as suas vidas e a dos seus pais com a educação recebida na escola.
Gráfico 2: Triângulo Mineiro – assentamentos por município no período 1986-2009
Fonte: Relatório DATALUTA (2009). Org. LEITE, R. A.(2011)
A união dos filhos dos assentados, acampados e também dos agricultores
familiares que persistem na região formam um grande contingente de estudantes que se
enquadram no público alvo da Educação do Campo conforme estipulado pela Lei 9394 de 1996 e
pelo decreto 7.352 de 2010. É de grande importância que esse ensino esteja respaldado pelo
modo de produção dessas famílias, para que seja preservada a sua cultura, bem como a garantida
da segurança alimentar.
Conforme podemos analisar no gráfico 3, e a seguir na tabela 1, existe ainda hoje
um grande contingente de pessoas residindo no campo do Triângulo Mineiro, bem como
diversas escolas no meio rural (com destaque na tabela para as escolas do ensino fundamental)
que atendem a essa população.
Gráfico 3: Triângulo Mineiro – População Rural (2010
Fonte: IBGE. Org. LEITE, R. A. (2011)
Tabela 1: Triângulo Mineiro – População e Escolas Rurais (2011)
Fonte: IBGE e Secretaria de Estado da Estadual de Minas Gerais.Org. LEITE, R. A. (2011).
Entre todos esses municípios se destacam Uberlândia com 16.747 pessoas
no campo, Frutal com 7.379, Araguari 7.218 e Prata com 6.421. Sozinho o contingente da
maioria desses é maior que o de muitos municípios da região, o que demonstra que ainda
existe muita vida no campo, e que há necessidade de uma reformulação nas políticas
públicas. Podemos identificar ainda que diversos municípios menores colocassem a maioria
de sua população residindo nas cidades, o que é um fato, mas devemos considerar ainda
que a maior parte dessas pessoas reproduzem suas vidas na zona rural, nas atividades de
lazer, trabalho e no convívio em família.
Conforme dados do censo escolar de 2010 do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) foram matriculadas em 2011, 9.439 crianças no
ensino fundamental, o que demonstra que existe uma significativa demanda para que seja
implementado nessa região um modelo de Educação do Campo conforme está escrito em
nossas leis e diretrizes.
Através dessas análises podemos perceber que o campo do Triângulo
Mineiro tem uma grande importância para a economia, e está repleto de contradições
sociais e pessoas dispostas a lutar para melhorá-las. Através da educação e do trabalho,
esses dados demonstram que essa região é um lugar extremamente adequado para o
modelo de educação que defendemos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação que vigora atualmente dentro do território rural do país, é de
caráter urbanicista, isto é, as aulas ministradas nas escolas rurais funcionam através da
imposição de um conteúdo até então, inadequado à realidade do campesinato que, por sua
vez, têm suas especificidades e estas, por serem fundamentalmente distintas das
peculiaridades urbanas, faz-se necessário que nas instituições de ensino, classificadas como
rurais, a educação seja algo voltado para os anseios do cidadão do campo.
Hoje, a área rural do município de Uberlândia conta com 16 mil pessoas, ou
seja, fica clara a existência de um significativo contingente de habitantes neste espaço, fato
que vem subsidiar a discussão acerca da necessidade de se construir um cidadão camponês
que saiba ser crítico e assim possa lutar por seus mais variados desejos dentro do território
em que vive, imprimindo diferentes relações, movimentando a dinâmica do rural. Dessa
maneira, a ciência geográfica, dentro de suas competências, apresenta as falhas do que diz
respeito às políticas públicas governamentais que, por hora, não estão conseguindo suprir
as necessidades do camponês.
Os dados parciais aqui apresentados demonstram que existe demanda de
alunos no campo no Triângulo Mineiro que se enquadram na proposta dos movimentos
sociais, e promulgada pelo Governo Federal por meio das leis e decretos que foram
anteriormente apresentados. A urgência de pesquisas e melhorias desse modelo de
educação evidencia-se pelo fato de ainda não existirem efetivas escolas que trabalhem nessa
perspectiva de uma educação inovadora voltada para os anseios da população do campo,
que preserve e respeite seus costumes e tradições, evitando assim uma educação em
descompasso com seu modo de vida. Sendo essa uma pesquisa em andamento
pretendemos, na continuidade do projeto, comprovar nossas hipóteses bem como discutir
o papel da verdadeira educação do campo.
REFERÊNCIAS
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BRANDÃO, C. R.A Educação Popular na Escola Cidadã. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
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Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1989.
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BOGO, A. Arquitetos de sonhos. São Paulo: Editora Expressão Popular Ltda., 2003.
CALDART, R. S., Pedagogia do Movimento Sem Terra, 3ª edição, São Paulo,
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Virna Salgado Barra - Artigo

  • 1. EDUCAÇÃO DO CAMPO NO TRIÂNGULO MINEIRO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS DE ANÁLISE NO TERRITÓRIO DO AGRONEGÓCIO RURAL EDUCATIONINSIDETRIANGULOMINEIRO: CHALLENGESANDPERSPECTIVESOFANALYSISWITHINAGRIBUSINESS Ricardo Araujo Leite Universidade Federal de Uberlândia - UFU ricardoleyte@yahoo.com.br Virna Salgado Barra Universidade Federal de Uberlândia - UFU virnoka@hotmail.com Marcelo Cervo Chelotti Universidade Federal de Uberlândia - UFU chelotti@ig.ufu.com RESUMO: O presente artigo tem por objetivo analisar os desafios e perspectivas de inserção da Educação do Campo no Triângulo Mineiro, região que nas últimas décadas caracterizou-se por uma intensa tecnificação do seu processo produtivo, transformando-se em um grande pólo do agronegócio brasileiro. Portanto, o caráter modernizante tornou invisível a demanda por uma outra educação. A pesquisa - ainda em desenvolvimento - vem desconstruir o discurso de um campo uniforme, vazio de gente e sem demandas por uma Educação do Campo. Palavras Chave: Educação do Campo. Geografia Agrária. Triângulo Mineiro. ABSTRACT: This article aims to analyze the challenges and prospects of insertion of Field Education Triangle, a region in recent decades has been characterized by an intense technification of their production process, transforming itself into a great pole of brazilian agribusiness. Therefore, the character continuism can become invisible to the demand for another education. The research is still in development comes from deconstruct the discourse of a field uniform, empty, without people and without demands for an Education in the Field. Key-words: Rural Education. AgriculturalGeography.Triângulo Mineiro.
  • 2. INTRODUÇÃO A educação escolar brasileira foi construída no decorrer da história para atender exclusivamente o meio urbano e o quê vigoravam, eram alguns projetos do governo que, visando tecnificar a agricultura, tentou conter o êxodo rural e combater o analfabetismo no campo. Projetos que foram implantados de forma parcial e que não conseguiram resultados devido à falta de investimento e de planejamento. Para conseguir os efeitos desejados em uma educação camponesa deveriam ter sido criadas estratégias pedagógicas voltadas para os modos de vida do trabalhador rural, de modo que o calendário apresente-se adequado para população, que respeitasse o ciclo agrícola e as condições climáticas que, por sua vez, são fatores determinantes para o cotidiano do aluno que reside no rural. Conforme a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade no caderno - SECAD (2007), havia uma suposição “que o conhecimento universal, produzido pelo mundo dito civilizado deveria ser estendido – ou imposto – a todos, de acordo com a capacidade de cada um, serviu para escamotear o direito a uma educação contextualizada, promotora do acesso à cidadania e aos bens econômicos e sociais, que respeitasse os modos de viver pensar e produzir dos diferentes povos do campo”. Esse modelo de educação dito “universal” acabou por excluir a população camponesa de um ensino voltado para suas problemáticas e práticas de vida. Dessa forma, se elevou a evasão escolar no campo e, consequentemente, se fizeram as condições necessárias para aumentar, de maneira drástica, o êxodo rural e a pobreza no campo. Portanto, deveria ter sido construída uma educação voltada para a realidade do campesinato, todavia foi aplicado ao homem do campo o modelo educacional “urbanicista”, tão excludente frente às necessidades da vida rural e até mesmo preconceituoso. Tal modelo tratou a cidade e o modelo industrial como um parâmetro a ser seguido, sem ressaltar a importância da agricultura familiar e suas peculiaridades. Paralelamente era oferecida a uma pequena parcela da população rural, uma educação técnica, voltada para o treinamento de mão-de-obra e para a modernização da agricultura seguindo modelos estadunidenses que pretendiam atender a forte demanda de criar um mercado para seus produtos agrícolas sob o seu modelo de agricultura. Os efeitos do modelo de educação urbana aplicada nas escolas rurais são claramente percebidos ao analisarmos a evasão escolar de estudantes camponeses. Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD2004 que calcula: enquanto 15,4 % dos alunos matriculados no ensino médio na rede urbana deixavam a escola no meio rural essa taxa crescia para 28,2 %, esses números aumentariam ainda mais se contássemos aqueles que abandonam a escola ainda no final do ensino fundamental ou no final de cada ano do ensino médio. Isso demonstra a disparidade qualitativa entre o ensino urbano e o imposto na área rural.
  • 3. Outra consequência da aplicação do modelo de ensino urbano no campo é a crescente migração de jovens do meio rural para as cidades, fator que tem envelhecido o campo brasileiro e colocando em risco a transmissão de conhecimentos da agricultura camponesa familiar. Nas últimas décadas no Triângulo Mineiro1 (imagem 1) os movimentos sociais de luta pela reforma agrária têm exercido um papel fundamental para a democratização do acesso a terra. O crescente número de acampamentos e assentamentos na região cria uma demanda considerável de crianças, jovens e adultos que, com reivindicações pela reforma agrária, como também por uma melhor qualidade de vida no campo, o que definitivamente inclui o direito de estudar em uma escola preparada para atendê-los de maneira democrática e eficiente, tendo seu currículo feito para alcançar a população camponesa. Imagem 1: Localização do Triângulo Mineiro Org. CAMPOS, N. L. LEITE, R. A. (2011). Como ainda não existe na região nenhuma escola adequada a Educação do Campo, os primeiros passos da pesquisa consistem em identificar os limites e possibilidades de inserção da Educação do Campo no Triângulo Mineiro; a interface entre a Educação do Campo e Educação Geográfica; Possibilitar ao futuro licenciado de Geografia a inserção na discussão sobre a Educação do Campo, e dos múltiplos espaços de ensino-aprendizagem; Aproximar a UFU, enquanto instituição pública, da realidade sócio-espacial encontrada em seu entorno. 1 Utilizamos para definir o Triângulo Mineiro a regionalização do governo do estado de Minas Gerais, criada pela antiga Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral – SEPLAN, hoje Secretaria de Planejamento e Gestão – SEPLAG, que define essa como uma de suas dez regiões geográficas de planejamento.
  • 4. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa está dividida em duas etapas: 1) etapa teórica: consistiu em realizar um levantamento bibliográfico sobre a diferenciação da Educação Rural e da Educação do Campo, analisando o decreto 7.352 e identificando as orientações gerais sobre a nova política de Educação do Campo. E, posteriormente estabelecer as possíveis interlocuções entre a Educação do Campo com a Educação Geográfica. A segunda etapa prática: consistiu nolevantamento de dados referentes ao número de público potencial para a Educação do Campo no Triângulo Mineiro. Assim, os dados foram obtidos a partir do Banco de Dados de Luta Pela Terra - DATALUTA2 , nas secretarias municipais de educação, e junto aos movimentos sociais atuantes na região. A partir daí, foram confeccionados mapas, gráficos e tabelas com os dados obtidos. De posse dos dados, estamos elaborando um diagnóstico da realidade da Educação do Campo na região. REFERENCIAL TEÓRICO Wethein e Bordevane (1985) salientam que na educação rural deve-se considerar as características socioeconômicas e culturais a fim de elaborar qualquer estratégia educacional que possa dar respaldo às necessidades e interesses de tal população. Posição semelhante mantida por Marta Candido Moreira (2004) que vê na diversidade sociocultural da população camponesa uma oportunidade de melhorar a situação de exclusão vivida hoje por esses grupos através de uma educação inovadora que de respaldo a essa diversidade. No Brasil os projetos elaborados pelo governo para a educação da população rural sempre teve entre os seus principais objetivos: controlar a população camponesa evitando que essa abandonasse o campo e migrasse para cidade ou a capacitação técnica necessária para a modernização da agricultura. Esse processo pode ser verificado ainda na “República Velha” quando as atenções se voltaram para educação rural a fim de evitar a forte corrente migratória dos camponeses para as cidades. [...] Concomitante explodia a ideologia do colonialismo que, ao defender as virtudes do campo e da vida campesina mascarava sua preocupação maior: esvaziamento populacional das áreas rurais, enfraquecimento social e político do patriarcalismo e forte oposição ao movimento progressista urbano, isso principalmente por parte dos agroexportadores, mas o ruralismo contou também com o apoio de alguns segmentos das elites urbanas, que viam na 2 O Projeto DATALUTA-MG é desenvolvido pelo Laboratório de Geografia Agrária (LAGEA) desde 2005. O objetivo da pesquisa é a sistematização dos dados sobre a reforma agrária no Brasil por meio doBanco de Dados da Luta pela Terra - DATALUTA e compreendem as ocupações de terras, assentamentos rurais,estrutura fundiária e movimentos socioterritoriais. A partir de 2009, alémdas ocupações, manifestações e assentamentos rurais, também estão sendo sistematizados os diferentes tipos de manifestações que ocorrem em Minas Gerais.
  • 5. fixação do homem no campo uma maneira de evitar a exploração de problemas sociais nos centros citados. (LEITE, 2002, p. 28-29) Já na década de 1940 conforme Ribeiro (2010) “a indústria estadunidense de produtos agropecuários (máquinas, adubos, defensivos agrícolas) se interessaram pela educação rural no Brasil”, esse interesse partiu da necessidade de se abrir novos mercados para esses produtos e se deu de uma forma que impediu o desenvolvimento de indústrias nacionais nessa área, a materialização desse interesse segundo ribeiro se deu pela criação da Comissão Brasileiro Americana de Educação das Populações Rurais (Cbar), em 1945 e se manteve nas décadas de 1960 e 1970. Dentro dessa perspectiva também podemos analisar a criação da Companhia Nacional de Educação Rural (CNER) e o Serviço Social Rural (SSR) na década de 1950. que seguiram modelos indicados pelos EUA, como já havia ocorrido com a ACAR/EMATER (Associação de Crédito e Assistência Rural/Empresa Brasileira de Extensão Rural). [...] Centrada na ideologia do desenvolvimento comunitário, a modernização do campo nada mais foi do que a internacionalização da economia brasileira aos interesses monopolistas, e a CNER, ao realizar seu trabalho educativo, desconsiderou as contradições naturais dos grupos campesinos, ou mesmo seus elementos integrativos, quer políticos sociais ou culturais. Além disso, as lutas ou reivindicação das minorias rurais ficaram obscurecidas, sucumbido frente às expressões comunitárias repassadas pela educação/informação veiculadas na campanha. (LEITE, 2002, p. 37) Essas políticas trouxeram para o país uma educação tecnicista que não levava em consideração os saberes da população rural e aceleraram a modernização da agricultura, expropriando grande parte dos trabalhadores e produtores rurais que não tiveram acesso a essa modernização. Esse processo também impediu que o país desenvolvesse indústrias próprias para o setor agrário que levasse em conta as necessidades do seu desenvolvimento. [...] Com isso e fácil deduzir que as políticas sociais destinadas ás populações camponesas, em particular a educação, tiveram maior incremento e volume de recursos quando havia, por parte dos sujeitos do capital, interesses ligados á expropriação da terra e á conseguente proletarização dos agricultores, combinada com a implementação de uma produção agrícola geradora de dependência científica e tecnológica da parte dos trabalhadores do campo. A educação formadora tanto de uma força de trabalho disciplinada quanto de consumidores dos produtos agropecuários, agindo, nesse sentido, para eliminar
  • 6. os saberes acumulados pela experiência sobre o trabalho com a terra (RIBEIRO, 2010, p. 172) Na década de 1960 acontece no Brasil às primeiras experiências da pedagogia da alternância, um modelo de ensino criado na França que se espalhou pelo mundo se destacando por criar um modelo de ensino para o meio rural que uni escola e família sob um projeto que alterna as lições familiares aprendidas no conviveu com a família e comunidade com as lições escolares. Esse modelo logo se espalhou por todo o país alcançando um grande numero de alunos. Conforme Dias (2006) O objetivo da pedagogia da alternância é a formação integral do jovem do campo no aspecto intelectual e profissional, enfatizando a iniciativa própria, a criatividade individual, o trabalho em equipe, o senso de responsabilidade, de cooperação e de solidariedade. Esse modelo chegou ao Brasil principalmente na forma de Casas Famílias Rurais (CRFs) criado na França em 1935 e Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) criado na Itália entre 1961 e 1962. Já no âmbito da legislação no país se destacam três leis: a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1961 que deixou a educação rural sob os cuidados de municípios falidos e descapacitados; A Lei 5.692, de 1971, que apenas regulamentou a criação da oitava série e o aumento do ensino técnico; e a atual LDB (criada em 1996) que se destaca por conter em seu artigo 28 novas adaptações necessárias para se adequar às singularidades da população rural, destacando: I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organização escolar própria, incluindo adequação calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. (BRASIL, Lei 9394/1996). Essa última LDB é um avanço do III Plano Setorial da Educação, Cultura e Desporto (1980-85). Ela contém todos os avanços políticos em relação à educação no campo, porém, não está sendo cumprida principalmente pela falta de recursos destinada à educação e o baixo comprometimento dos governos com a população camponesa. [...] Na prática, conforme Brandão (2005) “os conteúdos desse art. 28 da LDB (...) não estão sendo efetivamente aplicados na realidade educacional brasileira”, segundo o autor, por dois motivos. Um dos motivos seria o êxodo rural e o outro seria o transporte de grande parte dos alunos da zona rural para as escolas na zona urbana. (FAGUNDES; DAVID, 2009, p. 3).
  • 7. Em 16 abril de 1998 em decorrência do alto índice de analfabetismo e o baixo índice de escolarização dos beneficiários do programa de reforma agrária foi instituído pelo então Ministério Extraordinário de Política Fundiária, atual Ministério do Desenvolvimento Agrário o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), que conforme Ribeiro (2010) “de 2003 a 2006 permitiu o acesso a escolarização de 247.249 jovens e adultos e capacitou 1016 profissionais das ciências agrárias para atuarem na assistência técnica aos assentados”. Esse programa foi uma das tentativas do governo para tentar sanar os problemas da Educação do Campo que alcançou bons resultados, porém não cobriu a demanda do movimento. Para melhorar o ensino das crianças, jovens e adultos do movimento e superar os problemas históricos da Educação do Campo, o MST cria em 1996 a primeira Escola Itinerante no Rio Grande do Sul. [...] Entre os motivos que levaram os trabalhadores rurais sem terra vinculados ao MST a se organizarem na luta pela escola itinerante, destacam-se as dificuldades de acesso á escola convencional por estarem acampados em áreas rurais, geralmente longe das instituições educativas formais e também o questionamento da função social da escola convencional que historicamente tem estado descomprometida com as questões referentes ás desigualdades sociais, econômicas e culturais, e, portanto, desvinculada do projeto Sem Terra. (MEURER; DAVID, 2008, p.46) A criação da Escola Itinerante foi motivada principalmente pelas reivindicações dos alunos que viam na educação um meio de se inserir no movimento de forma mais capacitada, das famílias e dos professores preocupados com o futuro das crianças dos acampamentos. Estas enfrentavam problemas para chegar até as escolas devido a distância em relação ao acampamento, e a falta de um transporte adequado e eficaz, bem como o preconceito por parte dos colegas e professores que não entendiam a ideologia do movimento e por estarem em constante deslocamento não conseguiam se matricular nas escolas convencionais ou não conseguiam o tempo adequado numa mesma escola para se adaptarem ao conteúdo. [...] As famílias sem-terra mobilizaram-se (e mobilizam-se) pelo direito à escola e pela possibilidade de uma escola que fizesse a diferença ou tivesse realmente sentido em sua vida presente e futura (preocupação com os filhos). As primeiras a se mobilizar, lá no início na década de 80, foram às mães e professores, depois os pais e algumas lideranças do movimento; aos poucos as crianças vão tomando também lugar, e algumas vezes á frente, nas ações necessárias para garantir sua própria escola, seja nos assentamentos já
  • 8. conquistados, seja ainda nos acampamentos. Assim nasceu o trabalho com educação escolar no MST. (CALDART, 2003, p.62) Em 2009 após 13 anos de legalização, o governo do estado do Rio Grande do Sul pôs fim à Escola Itinerante do MST respondendo uma medida do Ministério Público Estadual, o que foi para as lideranças uma tentativa clara de enfraquecer o movimento, colocando barreiras para o seu desenvolvimento. Conforme uma pesquisa do Instituto Nacional de Estudo e Pesquisas Educacionais (INEP) - SECAD (2007) os principais obstáculos para uma educação de qualidade no campo são:  Insuficiência e precariedade das instalações físicas da maioria das escolas;  Dificuldades de acesso dos professores e alunos às escolas, em razão da falta de um sistema adequado de transporte escolar;  Falta de professores habilitados e efetivos, o que provoca constante rotatividade;  Falta de conhecimento especializado sobre políticas de educação básica para o meio rural, com currículos inadequados que privilegiam umavisão urbana de educação e desenvolvimento;  Ausência de assistência pedagógica e supervisão escolar nas escolas rurais;  Predomínio de classes multisseriadas com educação de baixa qualidade;  Falta de atualização das propostas pedagógicas das escolas rurais;  Baixo desempenho escolar dos alunos e elevadas taxas de distorção idade-série;  Baixos salários e sobrecargas de trabalho dos professores, quando comparados com os que atuam na zona urbana;  Necessidade de reavaliação das políticas de nucleação das escolas e de implementação de calendário escolar adequado às necessidades do meio rural. (BRASIL, 2007, p. 18) Esses resultados demonstram a fragilidade da Educação do Campo brasileira, sendo uma realidade presente em todos os estados da federação: a falta de estrutura, planejamento, capacitação profissional dos professores e compreensão da realidade dos alunos. Deficiências históricas dessa educação conforme apontado nesse recorte histórico. Para tentar sanar esses problemas e atualizar a LDB de 1996 (que nunca foi posta em prática) o governo lança em novembro de 2010 o decreto presidencial 7.352 que utiliza as definições do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE para delimitar como Escola do Campo “aquela situada em área rural, ou situada em área urbana, desde que atenda predominantemente a populações do campo” que seria os “agricultores familiares, os extrativistas, os pescadores artesanais, os ribeirinhos, os assentados e acampados da reforma
  • 9. agrária, os trabalhadores assalariados rurais, os quilombolas, os caiçaras, os povos da floresta, os caboclos e outros que produzam suas condições materiais de existência a partir do trabalho no meio rural”. Essas definições servem para dar base para os artigos deste decreto delimitando o público alvo para receber essas políticas educacionais. Entre seus principais pontos, destaca-se como necessário para a Educação do Campo, a formação de profissionais capacitados para atender essa população, a estruturação das escolas adequando-as às novas condições tecnológicas de ensino e prática aliadas a modelos pedagógicos formulados para o campo (sugerindo a pedagogia da alternância), adequação do plano pedagógico e do calendário escolar às peculiaridades do camponês e a formação de alianças com os estados, municípios e universidades para melhorar as condições de infra-estrutura e formação continuada dos profissionais. § 4o A educação do campo concretizar-se-á mediante a oferta de formação inicial e continuada de profissionais da educação, a garantia de condições de infra-estrutura e transporte escolar, bem como de materiais e livros didáticos, equipamentos, laboratórios, biblioteca e áreas de lazer e desporto adequados ao projeto político-pedagógico e em conformidade com a realidade local e a diversidade das populações do campo. (DECRETO Nº 7.352, de 4 de novembro de 2010). Esse decreto é resultado das pesquisas e manifestações feitas por profissionais da educação e pelos movimentos sociais em prol da implantação de políticas adequadas para as populações camponesas. DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO NO TRIÂNGULO MINEIRO O Triângulo Mineiro localiza-se na porção oeste de Minas Gerais, ocupado inicialmente para criação extensiva de gado em grandes latifúndios e para a agricultura de subsistência próxima a cursos d’água em áreas de veredas. A sua economia desenvolveu-se graças a sua posição estratégica permitindo a região aproveitar a rede de transportes da Capital Federal e sua proximidade com o estado de São Paulo. Conforme afirma Pessôa (1982)“um fator que contribuiu para o desenvolvimento do Triângulo Mineiro foi a sua proximidade com o estado de São Paulo isto lhe proporcionou facilidades de comércio, de capital, de mão de obra e de toda experiência paulista para o desenvolvimento”.
  • 10. A modernização da agricultura segue os modelos traçados no governo militar baseando-se na importação de tecnologias e na criação de programas de crédito rural e projetos de colonização. Junto a esses modelos a região sofreu também um intenso processo de industrialização, que na agricultura significou uma troca de cultivos tradicionais por cultivos industriais, que em um primeiro momento foram soja, algodão e amendoim, e no momento atual á inserção do cultivo da cana de açúcar em larga escala para atender o setor sucroenergético. O aumento do capital no campo provocou grandes impactos para os trabalhadores rurais, que excluídos do processo de modernização tiveram de migrar para as cidades. Destacam-se ainda as más condições de vida no campo que não favoreciam os camponeses da mesma forma que aos latifundiários. Como destaca Pessôa (1988), “as condições deficitárias no setor de educação e médicas-sanitárias”, mazelas essas que permanecem ate hoje no campo de todo o país, também foram responsáveis pela exclusão dos pequenos agricultores ao acesso aos meios de produção e qualidade de vida. [...] Com isso, a renda do produtor rural, sobretudo do pequeno, mesmo nas regiões de agricultura mais desenvolvidas se encontra pressionada. Principalmente, principalmente porque essa agricultor necessita comprarinsumos agrícolas num mercado oligopolista, onde não há controle maior dos preços que vão afetar diretamente os custos do agricultor é obrigado a vender seus produtos em mercados chamados monopsônicos, ou seja, onde há relativamente poucos compradores. (PESSÔA, 1988 p. 6). Contudo, e de fácil percepção que esse desenvolvimento capitalista excluiu a maior parte da população e beneficia os grandes proprietários de terras. Logo, as consequências são a concentração de terras na região que causa o êxodo rural e a expropriação do pequeno produtor rural que começa a trabalhar em períodos sazonais, muitas vezes em situação desumana. [...] O deslocamento da produção de commodities rurais e das agroindústrias para as áreas de cerrados implica na produção de novos espaços dentro dos quais a produção capitalista se expande, trazem profundas conseqüências como a exploração da força de trabalho e para o meio ambiente (CLEPS JUNIOR, 1998 p. 254). Nesse contexto, fica claro que o sistema dominante exerce uma força contrária à manutenção da pequena propriedade, o que torna precária as relações comerciais que as famílias rurais têm com o que produzem, em decorrência disso a um grande descontentamento por parte dessa população que foi excluída desse processo, fator que se reflete nas ações dos movimentos sociais que se mobilizam para reivindicar dos órgãos responsáveis o direito a terra, a Educação do
  • 11. Campo, a manutenção da sua cultura e de uma produção agrícola menos prejudicial ao meio ambiente. Uma maneira de compreender essa mobilização é analisar o gráfico 1 que mostra o número de ocupações no Triângulo Mineiro de 1990 a 2009. Gráfico 1: Triângulo Mineiro – número de ocupações por municípios no período 1990-2009 Fonte: Relatório DATALUTA (2009). Org. LEITE, R. A. (2011) Os dados demonstram que o campo da região esta repleto de lutas que estão representadas pelos acampamentos e assentamentos (gráfico 2) da reforma agrária sendo cada um desse uma luta pela democratização do campo. O município de Uberlândia se destaca nesse ponto sendo um grande pólo das reivindicações em razão da sua importância regional e do seu alto nível de modernização e industrialização da agricultura, sendo também um dos municípios com maior população rural. Nesse meio encontram-se diversos alunos residentes em acampamentos e assentamentos da reforma agrária que necessitam de uma educação que os acompanhe nas andanças dos acampamentos, e que respeite a sua cultura e de suas famílias, e os preparem para se desenvolverem da melhor forma possível dentro dos assentamentos, dando a eles condições de melhorar as suas vidas e a dos seus pais com a educação recebida na escola.
  • 12. Gráfico 2: Triângulo Mineiro – assentamentos por município no período 1986-2009 Fonte: Relatório DATALUTA (2009). Org. LEITE, R. A.(2011) A união dos filhos dos assentados, acampados e também dos agricultores familiares que persistem na região formam um grande contingente de estudantes que se enquadram no público alvo da Educação do Campo conforme estipulado pela Lei 9394 de 1996 e pelo decreto 7.352 de 2010. É de grande importância que esse ensino esteja respaldado pelo modo de produção dessas famílias, para que seja preservada a sua cultura, bem como a garantida da segurança alimentar. Conforme podemos analisar no gráfico 3, e a seguir na tabela 1, existe ainda hoje um grande contingente de pessoas residindo no campo do Triângulo Mineiro, bem como diversas escolas no meio rural (com destaque na tabela para as escolas do ensino fundamental) que atendem a essa população.
  • 13. Gráfico 3: Triângulo Mineiro – População Rural (2010 Fonte: IBGE. Org. LEITE, R. A. (2011)
  • 14. Tabela 1: Triângulo Mineiro – População e Escolas Rurais (2011) Fonte: IBGE e Secretaria de Estado da Estadual de Minas Gerais.Org. LEITE, R. A. (2011). Entre todos esses municípios se destacam Uberlândia com 16.747 pessoas no campo, Frutal com 7.379, Araguari 7.218 e Prata com 6.421. Sozinho o contingente da maioria desses é maior que o de muitos municípios da região, o que demonstra que ainda existe muita vida no campo, e que há necessidade de uma reformulação nas políticas públicas. Podemos identificar ainda que diversos municípios menores colocassem a maioria de sua população residindo nas cidades, o que é um fato, mas devemos considerar ainda que a maior parte dessas pessoas reproduzem suas vidas na zona rural, nas atividades de lazer, trabalho e no convívio em família.
  • 15. Conforme dados do censo escolar de 2010 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) foram matriculadas em 2011, 9.439 crianças no ensino fundamental, o que demonstra que existe uma significativa demanda para que seja implementado nessa região um modelo de Educação do Campo conforme está escrito em nossas leis e diretrizes. Através dessas análises podemos perceber que o campo do Triângulo Mineiro tem uma grande importância para a economia, e está repleto de contradições sociais e pessoas dispostas a lutar para melhorá-las. Através da educação e do trabalho, esses dados demonstram que essa região é um lugar extremamente adequado para o modelo de educação que defendemos. CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação que vigora atualmente dentro do território rural do país, é de caráter urbanicista, isto é, as aulas ministradas nas escolas rurais funcionam através da imposição de um conteúdo até então, inadequado à realidade do campesinato que, por sua vez, têm suas especificidades e estas, por serem fundamentalmente distintas das peculiaridades urbanas, faz-se necessário que nas instituições de ensino, classificadas como rurais, a educação seja algo voltado para os anseios do cidadão do campo. Hoje, a área rural do município de Uberlândia conta com 16 mil pessoas, ou seja, fica clara a existência de um significativo contingente de habitantes neste espaço, fato que vem subsidiar a discussão acerca da necessidade de se construir um cidadão camponês que saiba ser crítico e assim possa lutar por seus mais variados desejos dentro do território em que vive, imprimindo diferentes relações, movimentando a dinâmica do rural. Dessa maneira, a ciência geográfica, dentro de suas competências, apresenta as falhas do que diz respeito às políticas públicas governamentais que, por hora, não estão conseguindo suprir as necessidades do camponês. Os dados parciais aqui apresentados demonstram que existe demanda de alunos no campo no Triângulo Mineiro que se enquadram na proposta dos movimentos sociais, e promulgada pelo Governo Federal por meio das leis e decretos que foram anteriormente apresentados. A urgência de pesquisas e melhorias desse modelo de educação evidencia-se pelo fato de ainda não existirem efetivas escolas que trabalhem nessa perspectiva de uma educação inovadora voltada para os anseios da população do campo,
  • 16. que preserve e respeite seus costumes e tradições, evitando assim uma educação em descompasso com seu modo de vida. Sendo essa uma pesquisa em andamento pretendemos, na continuidade do projeto, comprovar nossas hipóteses bem como discutir o papel da verdadeira educação do campo.
  • 17. REFERÊNCIAS ANTONIO, C. A. Movimentos sociais, educação do campo e política educacional: adversidades para a qualidade educacional. Tempo da ciência, n.12, p.25-47, 1 semestre 2005. BRANDÃO, C. R.A Educação Popular na Escola Cidadã. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. BRANDÃO, C. A. Triângulo Capital Comercial, Geopolítica e Agroindústria, 1989. 183 f. Dissertação (Mestrado) – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1989. BRASIL. Decreto Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 . Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Casa Civil Subchefia Para Assuntos Jurídicos, BRASIL, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, Censo Escolar da Educação Básica 2010, Brasília. DF. 2010. Disponível em <http://portal.inep.gov.br/basica-censo>Acesso em 16/09/2010. BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental, Referencial curricular nacional para a educação infantil: Conhecimento de mundo, Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. 3 v. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de educação continuada, alfabetização (SECAD). Educação do Campo: diferenças mudando paradigmas.Brasília (DF), 2007. BRASIL. Decreto 7.352 Política de Educação do Campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA. Brasília, DF, 2010. BOGO, A. Arquitetos de sonhos. São Paulo: Editora Expressão Popular Ltda., 2003. CALDART, R. S., Pedagogia do Movimento Sem Terra, 3ª edição, São Paulo, Expressão Popular, 2004. CLEPS JUNIOR, J. Dinâmicas e Estratégias do Setor Agroindustrial do Cerrado: o caso do Triângulo Mineiro, 1998. 256 f. Tese (doutorado) – Curso de Pós Graduação em Geografia – Área de concentração em organização do espaço, Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” Campos Rio Claro, 1998.
  • 18. FAGUNDES, A. L.; DE DAVID C. O dinamismo na prática pedagógica da escola itinerante do MST e o ensino de Geografia .In: XIX ENCONTRO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, 19, 2009, São Paulo: Departamento de Geografia – FFLCH- USP, 2009. p. 1-17. FERNANDES, B. M. A formação do MST no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2000. FREIRE, P., Pedagogia do oprimido, 14ª edição, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983. GRZYBOWSKI, C. Caminhos e descaminhos dos movimentos sociais no campo. 2ª ed. Rio de Janeiro: FASE/ Vozes, 1987. JESUS, I. N. Escola Família Agrícola: uma proposta de educação em desenvolvimento no campo e do campo. In: PEREIRA, J. B., COSTA E SILVA, V., PACHECO, Z. (Org.) Pedagogia Da Alternância: construindo a educação no campo. Goiânia: Brasília, Ed. da UCG/ Ed. Universa, 2006. P. 123-138. LEITE, S. C. Escola Rural: urbanização e políticas educacionais 2 ed. São Paulo. Ed: Cortez, 2002. MINAS GERAIS, Secretaria de Estado da Educação. Lista de Escolas Publicas e particulares de Minas Gerais, Belo Horizonte. MG. 2010 Disponível em <https://www.educacao.mg.gov.br/escolas/lista-de-escolas> Acesso em 16/09/2010. MEURER, A. C.; DE DAVID, C. Educação no campo e escola itinerante do MST: articulação do projeto político-pedagógico com o contexto sócio-educacional. Disponível em: //www.ufsm.br/ce/revista acesso em: 14 de julho de 2010. MEURER, A. C.; DAVID, C. (Org.). Espaços-tempos de itinerância: articulações entre universidade e escola itinerante do MST. Santa Maria – RS: Ed. UFSM, 2006. MOREIRA, M. C. Diversidade Cultural e Formação de Professores/as: uma experiência em um assentamento rural. 2004. 186 f. Dissertação (Mestrado em Educação)- Programa de Mestrado em Educação, Universidade Federal de Uberaba, Uberaba, 2004.
  • 19. MORIGI, V. Escola do MST: uma utopia em construção. Porto Alegre: Mediação, 2003. OLIVEIRA, A. U. A geografia das lutas no campo. 13. ed. São Paulo: Contexto, 2005. PALADIM JÚNIOR, H. A. Educação do Campo: a territorialização e a espacialização do MST. São Paulo, SP: ANNABLUME, 2010. PESSÔA, V. L. S. Características da Modernização da Agricultura e do Desemvolvimento Rural em Uberlândia. 1982. 164 f. Dissertação (Mestrado em Geografia)- Curso de Pós Graduação em Geografia – Área de concentração em organização do espaço, Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” Campos Rio Claro, 1982. PETTY, M. TOMBIM, A. VERA, R. uma alternativa em educação rural. In: WERTHEN, J. BORDEVANE, J. D. (Org.) Educação Rural no Terceiro Mundo: experiências e novas alternativas. Tradução de Paulo Roberto Kraner e Lúcia Teresa Lessa Carregal. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. p.31 -63. RIBEIRO, M. Movimento Camponês Trabalho e Educação: liberdade, autonomia, emancipação: princípios/fins da formação humana. São Paulo, SP: Expressão Popular,2010. SOUZA, J. F. Educação popular e movimentos sociais no Brasil. In: CANÁRIO, Rui. (Org.). Educação popular & movimentos sociais. Lisboa: Educa, 2007. SOUZA, C. L. F.. SILVA, E. B.. SOUSA, F. C.. et al. Geografia e Educação do Campo: para que e quem serve a educação no campo do Estado de Goiás?. Goiânia: Editora Vieira, 2010. VENDRAMINI, C. R. A escola diante do multifacetado espaço rural. Perspectiva – Revista do Centro de Ciências da Educação, Florianópolis, v.21, n.1, jan./jun. 2004, p. 145-166.