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Dr. Carlos Odilon da Costa
Unidade 1
Geografia Rural GED 106
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM UNIDADE 1
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
 conhecer os conceitos pertinentes ao tema: questão agrária, questão agrícola,
uso e a exploração da terra no Brasil e no mundo;
 compreender as abordagens teóricas e históricas referentes à reprodução do
camponês e do latifundiário e suas relações com o capitalismo;
 saber as bases teóricas que consolidaram o capitalismo, como sistema
hegemônico, no tocante à agricultura;
 entender o funcionamento do capitalismo e sua relação com a produção do
capital;
 compreender como se deu o desenvolvimento do Espaço Rural
durante a evolução do Sistema Capitalista Financeiro e
Informacional;
 entender as diferenças na relação capitalista entre os países
periféricos e os países centrais no que se refere à agricultura;
 conhecer as origens da concentração fundiária brasileira, suas
causas e consequências;
 compreender que a estrutura agrária de um território (país, estado,
município) está diretamente relacionada à estrutura social, política
e econômica
• PLANO DE ESTUDOS
• Esta unidade está dividida em três tópicos. No
decorrer da unidade, você encontrará atividades
que o auxiliarão a fixar os conhecimentos
abordados.
TÓPICO 1 – ASPECTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS DO
ESPAÇO RURAL
TÓPICO 2 – FORMAÇÃO HISTÓRICA DO ESPAÇO
RURAL BRASILEIRO
TÓPICO 3 – A QUESTÃO AGRÁRIA NO CAPITALISMO
CONTEMPORÂNEO: AS NOVAS CONCEPÇÕES SOBRE
O ESPAÇO RURAL
ASPECTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS DO
ESPAÇO RURAL
• A formação histórica do meio rural brasileiro apresenta
diferenças marcantes em relação à formação do meio
rural europeu e norte-americano, ao mesmo tempo em
que é muito parecido com o de outros países não
desenvolvidos, principalmente com os da América
Latina. Basta lembrar as funções específicas assumidas
historicamente pelas cidades, a vinculação da grande
agricultura de origem colonial do mercado externo e a
possibilidade de deserção da população por um vasto
território, para entender a particularidade brasileira no
que se refere à constituição e composição das
sociedades locais, à relação campo/cidade e às relações
entre o que é “agricultura” e o que é “rural”
• No Brasil, o meio rural foi historicamente percebido como
constituindo um “espaço diferenciado”, que corresponde a
formas sociais distintas: as grandes propriedades rurais (fazendas
e engenhos), os pequenos aglomerados (povoados) e padrões
culturais específicos. Esses espaços, juntamente com as pequenas
cidades do interior, tiveram um importante papel na história do
povoamento brasileiro, como “pontos de apoio da civilização”
(WANDERLEY, 1999, p.18).
• Contemporaneamente, as transformações introduzidas no meio
rural brasileiro pelo processo de “modernização conservadora” da
sociedade e da agricultura, iniciado depois da Segunda Guerra
Mundial, levaram alguns autores a caracterizar esse período pela
ocorrência de um “processo de urbanização do campo” (SILVA,
1997; CARNEIRO, 1998).
ASPECTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS DO
ESPAÇO RURAL
• O geógrafo deve estudar o espaço geográfico
considerando as relações entre as causas e
consequências no tempo e espaço. Para tanto, é
preciso analisar diferentes abordagens sobre a temática
e suas diferentes definições da Geografia Rural.
Precisamos analisar estes espaços de uma forma crítica,
porém, nunca de maneira isolada. A Ciência Geográfica
não trata ou aborda os estudos de seus espaços de
maneira isolada, mas sempre interliga os espaços
físicos e naturais com os aspectos humanos, pois a
Ciência Geográfica é a amplitude da discussão das
transformações e caracterizações dos espaços.
O ESPAÇO RURAL: ASPECTOS
CONCEITUAIS E TEÓRICOS
• Para Abramovay (2000), o meio rural caracteriza-se por sua imensa diversidade.
Estabelecer tipologias capazes de captar uma grande diversidade é uma das
missões mais importantes das pesquisas contemporâneas voltadas para a
dimensão espacial do desenvolvimento. As diferentes paisagens, dos meios
rurais e urbanos, cada vez mais desenvolvem a hinterlândia de suas atividades
realizadas, não apenas a agricultura e a indústria, mas todo o processo
produtivo entre as suas relações nos territórios envolvidos busca a prática do
desenvolvimento regional entre esses espaços.
•
• Abramovay (2000) aborda que o peso da agricultura entre nós é e será, por um
bom tempo, mais importante do que nos países desenvolvidos. Mas é óbvio
também que o desenvolvimento rural não pode ser confundido com o
crescimento da agricultura. O desafio (científico e político) está em descobrir as
fontes e as oportunidades de diversificação do tecido social, econômico e
cultural das regiões rurais e não em apostar todas as fichas num setor só, por
mais promissor que seja. A diversificação do mundo rural traz consigo,
inevitavelmente, aquilo que o sociólogo alemão Max Weber chamou de
desencantamento do mundo, num processo acelerado de racionalização das
relações humanas.
O ESPAÇO RURAL E A QUESTÃO DO USO
DA ÁGUA
• Cada vez mais o espaço rural requer políticas produtivas com as
práticas ambientais de sustentabilidade para o desenvolvimento,
uma prática não pode mais ser separada da outra, não há como
firmar o desenvolvimento extrativista, agrícola e da pecuária sem
buscar nas ciências ambientais a teoria e prática para o
crescimento econômico. O espaço rural não sobreviverá muito
tempo se continuarmos a adotar políticas predatórias, de
interesses mínimos das parcelas das populações, sem evitar um
colapso econômico. É preciso intensificar as relações sistêmicas
de todos os espaços envolvidos e espécies de seres vivos, não
apenas o ser humano, mas toda a cadeia da vida planetária, para
que possamos garantir para as futuras gerações a possibilidade de
existir em nosso meio ambiente e continuar a produzir alimentos
sem que a desigualdade, nas formas de distribuição, agrave a
sobrevivência de todas as espécies na Terra.
FORMAÇÃO HISTÓRICA DO ESPAÇO RURAL
BRASILEIRO
• A primeira forma de ocupação do território
brasileiro foi por meio das capitanias hereditárias,
sistema instituído no Brasil em 1536, pelo rei de
Portugal Dom João III. Foram criadas 14 capitanias,
divididas em 15 lotes e distribuídas para 12
donatários, que eram os representantes da nobreza
portuguesa.
• Desde os primeiros anos do século XVI, as terras
exploradas na América portuguesa se resumiam ao
litoral brasileiro, sendo que o pau-brasil era o
produto que mais interessava aos colonizadores.
No entanto, a partir do fim da primeira metade do
século XVI em diante, ocorreu uma significativa
mudança na configuração do território, já que
houve um aumento da interiorização da ocupação,
tendo em vista a conquista dos chamados sertões,
regiões distantes do litoral.
• Já a partir da segunda metade do século XVI, a
cana-de-açúcar começa a ser a primeira
monocultura agrícola de grande expressão na nova
economia da colônia portuguesa e começa então o
chamado primeiro grande ciclo econômico da
economia brasileira, com o principal objetivo de
abastecer o mercado europeu.
Com a Proclamação da República, em 1889, nosso país começou a passar
por uma desconstrução do espaço que até então era colônia de Portugal,
durante os períodos colonial e imperial, e passa a deliberar sobre
representatividade partidária com a nova política instalada no território.
Cresceu a influência dos partidários ao desenvolvimento, sendo tomadas
algumas medidas favoráveis à produção local, como por exemplo a lei do
similar nacional, que proibia a importação de produtos já fabricados no
país (a abrangência dessa lei foi severamente reduzida cerca de um século
depois, nos governos neoliberais de Fernando Collor de Mello e Fernando
Henrique Cardoso).
Foi preciso esperar até a Revolução de 1930 para que um modelo de
desenvolvimento autônomo pudesse firmar-se. Aquele movimento
colocou um ponto final na República Velha e em sua política econômica
liberal e pode ser considerado o marco inicial daquilo que mais tarde ficou
conhecido como desenvolvimentismo nacional.
• A abertura de novas áreas de pastagens foi uma
das principais causas do aumento da área dos
estabelecimentos verificados no período. Em
“zonas de ocupação mais antiga” como Rio de
Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do
Sul, esse processo se deu por “um recuo da área já
cultivada” com lavouras.
ESPAÇO RURAL BRASILEIRO NO PERÍODO
CONTEMPORÂNEO
• Atualmente o modelo do espaço rural brasileiro está
centrado nos resquícios da formação territorial passada,
caracterizado pela grande concentração de terras para a
minoria da população com verdadeira vocação
agropecuária. Esta tornou-se uma das atividades
econômicas mais importantes do nosso país e uma das mais
solidificadas para cruzar grandes crises econômicas no Brasil
e o no mundo, principalmente desde o início da
globalização. Grande parte da atividade agropastoril de
nosso país é exportador e definido como agropecuária
moderna regional, pois há grandes diferenças entre as
microrregiões do IBGE. As regiões se diferem por causa de
suas particularidades, desprezando sua grandeza ou
localização geográfica. São distintas por suas atuações com
a produção agropecuária (região da soja, milho, leite,
tomate entre outras).
A QUESTÃO AGRÁRIA NO CAPITALISMO
CONTEMPORÂNEO: AS NOVAS CONCEPÇÕES SOBRE O
ESPAÇO RURAL
• Atualmente vemos cada vez mais a influência da
globalização e da tecnologia no modo de produzir
alimentos, na extração dos recursos naturais, no aumento
corrente da demanda de consumo por novos produtos,
novas práticas e hábitos alimentares. A necessidade de
atender cada vez mais à grande oferta na produção e
diversificação de alimentos faz com que os sistemas
produtivos fiquem cada momento mais complexos e
dinâmicos, aumentando a dificuldade ao acesso alimentar
em várias nações do planeta e transformando outras em
caóticas e centralizadoras. A compreensão das
transformações que aconteceram e estão acontecendo no
rural brasileiro passa, necessariamente, pelo estudo do
processo histórico de constituição do rural enquanto espaço
de produção e reprodução social de sua população.
• No Brasil as políticas agrárias têm sido debatidas a
partir da proclamação da constituição de 1988
quando um dos textos da nova carta magma, a
política agrária, começou a ser debatido.
Infelizmente temos pouco apoio dos três poderes
da nossa República Federativa e pouco
engajamento político para tratar e definir metas
efetivas sobre essa questão, pois há interesses
particulares de grandes produtores rurais e nos
esquecemos das verdadeiras problemáticas sociais
do campo.
• A questão agrária no início de século XXI acende
novas e velhas questões sobre a questão da terra
no Brasil desde a época colonial, a concentração de
terras e a exploração pelos grandes latifundiários
monocultores. A grande diferença está na contínua
modernização e mecanização do sistema de
produção agrário ao longo das últimas décadas do
século XX e século XXI.
• Neste momento social, econômico e político aos quais
o Brasil e o Mundo tem passado que a ocupação e
exploração dos espaços rurais tem enfatizado a
exploração do capital humano e aumentando a
participação – nas economias – dos países nas
atividades agropecuárias e extrativistas.
•
• O avanço e a modernização da agropecuária e a
ampliação do uso de tecnologias em nosso país e
regiões, antes não exploradas, para fins agrários se
tornando novos territórios agroindustriais e
exportadores.
•
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  • 1. Dr. Carlos Odilon da Costa Unidade 1 Geografia Rural GED 106
  • 2. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM UNIDADE 1 A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:  conhecer os conceitos pertinentes ao tema: questão agrária, questão agrícola, uso e a exploração da terra no Brasil e no mundo;  compreender as abordagens teóricas e históricas referentes à reprodução do camponês e do latifundiário e suas relações com o capitalismo;  saber as bases teóricas que consolidaram o capitalismo, como sistema hegemônico, no tocante à agricultura;  entender o funcionamento do capitalismo e sua relação com a produção do capital;
  • 3.  compreender como se deu o desenvolvimento do Espaço Rural durante a evolução do Sistema Capitalista Financeiro e Informacional;  entender as diferenças na relação capitalista entre os países periféricos e os países centrais no que se refere à agricultura;  conhecer as origens da concentração fundiária brasileira, suas causas e consequências;  compreender que a estrutura agrária de um território (país, estado, município) está diretamente relacionada à estrutura social, política e econômica
  • 4. • PLANO DE ESTUDOS • Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará atividades que o auxiliarão a fixar os conhecimentos abordados. TÓPICO 1 – ASPECTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS DO ESPAÇO RURAL TÓPICO 2 – FORMAÇÃO HISTÓRICA DO ESPAÇO RURAL BRASILEIRO TÓPICO 3 – A QUESTÃO AGRÁRIA NO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO: AS NOVAS CONCEPÇÕES SOBRE O ESPAÇO RURAL
  • 5. ASPECTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS DO ESPAÇO RURAL • A formação histórica do meio rural brasileiro apresenta diferenças marcantes em relação à formação do meio rural europeu e norte-americano, ao mesmo tempo em que é muito parecido com o de outros países não desenvolvidos, principalmente com os da América Latina. Basta lembrar as funções específicas assumidas historicamente pelas cidades, a vinculação da grande agricultura de origem colonial do mercado externo e a possibilidade de deserção da população por um vasto território, para entender a particularidade brasileira no que se refere à constituição e composição das sociedades locais, à relação campo/cidade e às relações entre o que é “agricultura” e o que é “rural”
  • 6. • No Brasil, o meio rural foi historicamente percebido como constituindo um “espaço diferenciado”, que corresponde a formas sociais distintas: as grandes propriedades rurais (fazendas e engenhos), os pequenos aglomerados (povoados) e padrões culturais específicos. Esses espaços, juntamente com as pequenas cidades do interior, tiveram um importante papel na história do povoamento brasileiro, como “pontos de apoio da civilização” (WANDERLEY, 1999, p.18). • Contemporaneamente, as transformações introduzidas no meio rural brasileiro pelo processo de “modernização conservadora” da sociedade e da agricultura, iniciado depois da Segunda Guerra Mundial, levaram alguns autores a caracterizar esse período pela ocorrência de um “processo de urbanização do campo” (SILVA, 1997; CARNEIRO, 1998).
  • 7. ASPECTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS DO ESPAÇO RURAL • O geógrafo deve estudar o espaço geográfico considerando as relações entre as causas e consequências no tempo e espaço. Para tanto, é preciso analisar diferentes abordagens sobre a temática e suas diferentes definições da Geografia Rural. Precisamos analisar estes espaços de uma forma crítica, porém, nunca de maneira isolada. A Ciência Geográfica não trata ou aborda os estudos de seus espaços de maneira isolada, mas sempre interliga os espaços físicos e naturais com os aspectos humanos, pois a Ciência Geográfica é a amplitude da discussão das transformações e caracterizações dos espaços.
  • 8. O ESPAÇO RURAL: ASPECTOS CONCEITUAIS E TEÓRICOS • Para Abramovay (2000), o meio rural caracteriza-se por sua imensa diversidade. Estabelecer tipologias capazes de captar uma grande diversidade é uma das missões mais importantes das pesquisas contemporâneas voltadas para a dimensão espacial do desenvolvimento. As diferentes paisagens, dos meios rurais e urbanos, cada vez mais desenvolvem a hinterlândia de suas atividades realizadas, não apenas a agricultura e a indústria, mas todo o processo produtivo entre as suas relações nos territórios envolvidos busca a prática do desenvolvimento regional entre esses espaços. • • Abramovay (2000) aborda que o peso da agricultura entre nós é e será, por um bom tempo, mais importante do que nos países desenvolvidos. Mas é óbvio também que o desenvolvimento rural não pode ser confundido com o crescimento da agricultura. O desafio (científico e político) está em descobrir as fontes e as oportunidades de diversificação do tecido social, econômico e cultural das regiões rurais e não em apostar todas as fichas num setor só, por mais promissor que seja. A diversificação do mundo rural traz consigo, inevitavelmente, aquilo que o sociólogo alemão Max Weber chamou de desencantamento do mundo, num processo acelerado de racionalização das relações humanas.
  • 9. O ESPAÇO RURAL E A QUESTÃO DO USO DA ÁGUA • Cada vez mais o espaço rural requer políticas produtivas com as práticas ambientais de sustentabilidade para o desenvolvimento, uma prática não pode mais ser separada da outra, não há como firmar o desenvolvimento extrativista, agrícola e da pecuária sem buscar nas ciências ambientais a teoria e prática para o crescimento econômico. O espaço rural não sobreviverá muito tempo se continuarmos a adotar políticas predatórias, de interesses mínimos das parcelas das populações, sem evitar um colapso econômico. É preciso intensificar as relações sistêmicas de todos os espaços envolvidos e espécies de seres vivos, não apenas o ser humano, mas toda a cadeia da vida planetária, para que possamos garantir para as futuras gerações a possibilidade de existir em nosso meio ambiente e continuar a produzir alimentos sem que a desigualdade, nas formas de distribuição, agrave a sobrevivência de todas as espécies na Terra.
  • 10. FORMAÇÃO HISTÓRICA DO ESPAÇO RURAL BRASILEIRO • A primeira forma de ocupação do território brasileiro foi por meio das capitanias hereditárias, sistema instituído no Brasil em 1536, pelo rei de Portugal Dom João III. Foram criadas 14 capitanias, divididas em 15 lotes e distribuídas para 12 donatários, que eram os representantes da nobreza portuguesa.
  • 11. • Desde os primeiros anos do século XVI, as terras exploradas na América portuguesa se resumiam ao litoral brasileiro, sendo que o pau-brasil era o produto que mais interessava aos colonizadores. No entanto, a partir do fim da primeira metade do século XVI em diante, ocorreu uma significativa mudança na configuração do território, já que houve um aumento da interiorização da ocupação, tendo em vista a conquista dos chamados sertões, regiões distantes do litoral.
  • 12. • Já a partir da segunda metade do século XVI, a cana-de-açúcar começa a ser a primeira monocultura agrícola de grande expressão na nova economia da colônia portuguesa e começa então o chamado primeiro grande ciclo econômico da economia brasileira, com o principal objetivo de abastecer o mercado europeu.
  • 13. Com a Proclamação da República, em 1889, nosso país começou a passar por uma desconstrução do espaço que até então era colônia de Portugal, durante os períodos colonial e imperial, e passa a deliberar sobre representatividade partidária com a nova política instalada no território. Cresceu a influência dos partidários ao desenvolvimento, sendo tomadas algumas medidas favoráveis à produção local, como por exemplo a lei do similar nacional, que proibia a importação de produtos já fabricados no país (a abrangência dessa lei foi severamente reduzida cerca de um século depois, nos governos neoliberais de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso). Foi preciso esperar até a Revolução de 1930 para que um modelo de desenvolvimento autônomo pudesse firmar-se. Aquele movimento colocou um ponto final na República Velha e em sua política econômica liberal e pode ser considerado o marco inicial daquilo que mais tarde ficou conhecido como desenvolvimentismo nacional.
  • 14. • A abertura de novas áreas de pastagens foi uma das principais causas do aumento da área dos estabelecimentos verificados no período. Em “zonas de ocupação mais antiga” como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, esse processo se deu por “um recuo da área já cultivada” com lavouras.
  • 15. ESPAÇO RURAL BRASILEIRO NO PERÍODO CONTEMPORÂNEO • Atualmente o modelo do espaço rural brasileiro está centrado nos resquícios da formação territorial passada, caracterizado pela grande concentração de terras para a minoria da população com verdadeira vocação agropecuária. Esta tornou-se uma das atividades econômicas mais importantes do nosso país e uma das mais solidificadas para cruzar grandes crises econômicas no Brasil e o no mundo, principalmente desde o início da globalização. Grande parte da atividade agropastoril de nosso país é exportador e definido como agropecuária moderna regional, pois há grandes diferenças entre as microrregiões do IBGE. As regiões se diferem por causa de suas particularidades, desprezando sua grandeza ou localização geográfica. São distintas por suas atuações com a produção agropecuária (região da soja, milho, leite, tomate entre outras).
  • 16. A QUESTÃO AGRÁRIA NO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO: AS NOVAS CONCEPÇÕES SOBRE O ESPAÇO RURAL • Atualmente vemos cada vez mais a influência da globalização e da tecnologia no modo de produzir alimentos, na extração dos recursos naturais, no aumento corrente da demanda de consumo por novos produtos, novas práticas e hábitos alimentares. A necessidade de atender cada vez mais à grande oferta na produção e diversificação de alimentos faz com que os sistemas produtivos fiquem cada momento mais complexos e dinâmicos, aumentando a dificuldade ao acesso alimentar em várias nações do planeta e transformando outras em caóticas e centralizadoras. A compreensão das transformações que aconteceram e estão acontecendo no rural brasileiro passa, necessariamente, pelo estudo do processo histórico de constituição do rural enquanto espaço de produção e reprodução social de sua população.
  • 17. • No Brasil as políticas agrárias têm sido debatidas a partir da proclamação da constituição de 1988 quando um dos textos da nova carta magma, a política agrária, começou a ser debatido. Infelizmente temos pouco apoio dos três poderes da nossa República Federativa e pouco engajamento político para tratar e definir metas efetivas sobre essa questão, pois há interesses particulares de grandes produtores rurais e nos esquecemos das verdadeiras problemáticas sociais do campo.
  • 18. • A questão agrária no início de século XXI acende novas e velhas questões sobre a questão da terra no Brasil desde a época colonial, a concentração de terras e a exploração pelos grandes latifundiários monocultores. A grande diferença está na contínua modernização e mecanização do sistema de produção agrário ao longo das últimas décadas do século XX e século XXI.
  • 19. • Neste momento social, econômico e político aos quais o Brasil e o Mundo tem passado que a ocupação e exploração dos espaços rurais tem enfatizado a exploração do capital humano e aumentando a participação – nas economias – dos países nas atividades agropecuárias e extrativistas. • • O avanço e a modernização da agropecuária e a ampliação do uso de tecnologias em nosso país e regiões, antes não exploradas, para fins agrários se tornando novos territórios agroindustriais e exportadores. •