O documento resume a obra Memorial do Convento de José Saramago, descrevendo sua estrutura, personagens, tempo e espaço. A obra se passa no início do século XVIII em Mafra e Lisboa e gira em torno da construção do Convento de Mafra, envolvendo o rei D. João V, o casal Baltasar e Blimunda e o Padre Bartolomeu em sua tentativa de voar.
3. A obra Memorial do Convento foi escrita pelo escritor
romancista Português José Saramago, foi –lhe atribuído o
premio Nobel de Literatura (1998), foi o prémio de máxima
consagração alguma vez oferecida aos escritores de língua
portuguesa, até aos dias de hoje.
4. Memorial do Convento evoca o período da história portuguesa correspondente ao
reinado de D. João V, no século XVIII, procurando uma ligação com as situações
políticas de meados do século XX. Reescreve essa época de luxo e de grandeza
da Corte de Portugal, que procura imitar o esplendor da Corte francesa do Rei
Luís XIV, o poder absoluto e o iluminismo configuram este século.
Memorial do Convento oferece-nos uma descrição detalhada da sociedade
portuguesa no início do século XVIII, marcada pela grande luxuria da
Corte, associada à Inquisição, e pela exploração dos operários, apreciados como
se de tijolos se tratassem para a obra do Convento de Mafra.
A referência à guerra da Sucessão, em que Baltasar se vê amputado da mão
esquerda, a imponência bárbara dos autos-de-fé, a construção do convento, os
esponsais da princesa Maria Bárbara, a construção da passarola voadora pelo
Padre Bartolomeu e tantos outros acontecimentos confirmam a correspondência
aproximada ao que nessa época ocorre e conferem à obra a designação de
“romance histórico”.
5. “Era uma vez um rei que fez a promessa de levantar um convento em
Mafra”…
Esta linha de ação abrange todas as personagens da família real e
relaciona-se com a segunda linha de ação, uma vez que a promessa do
rei é que vai possibilitar a construção do convento.
Esta linha tem como espaço principal a corte e, depois, o convento, na
altura da sua inauguração, no dia do aniversário do rei.
1ªlinha de ação:
6. “Era uma vez a gente que construiu esse convento”…
Esta é a linha da ação principal da história. Esta linha de ação fala sobre a
gente que construiu esse convento.
Esta linha de ação une a primeira à terceira: se a construção do convento
é ideia e promessa do rei, é pelo sacrifício dos homens que a obra se
realiza. Aqui são representados por Baltasar e Blimunda.
Glorificam-se aqui os homens que se sacrificaram, passaram por
dificuldades, mas que também as vencem.
2ª linha de ação:
7. “Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes”…
Nesta linha relata-se uma história de amor entre Baltasar e Blimunda, e o modo de
vida dos portugueses.
Baltasar e Blimunda são os construtores da passarola, Baltasar é
também, construtor do convento, constituindo-se como um exemplo de força que
faz mover Portugal, força do povo.
3ª linha de ação:
8. “Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido”…
Relaciona-se com o sonho e o desejo de construir uma máquina
voadora.
A construção da passarola resulta da força das vontades que
Blimunda tem de recolher para que a passarola voe.
4ª linha de ação:
9. Tempo histórico, a acção passa-se no início do século XVIII
(1711 – 1739).
Ao longo da obra, as referências temporais são escassas e,
muitas vezes, deduzidas. O crescimento e o envelhecimento das
personagens também nos dá conta da passagem do tempo.
10. A acção desenrolasse em dois espaços principais:
Mafra e Lisboa.
Mafra: passa da vila velha e do antigo castelo nas proximidades da Igreja de
Santo André para a vila nova onde se ira construir o convento.
Lisboa: descrevem-se vários espaços dos quais se destacam o Terreiro do
Paço, o Rossio e S. Sebastião da Pedreira.
11. Terreiro do Paço: local onde trabalhava Baltasar na sua chegada a Lisboa. É um
espaço fulgurante de vida, com grande importância no contexto da sociedade
lisboeta da época.
Rossio: surge no início da obra, relacionado com o auto-de-fé que aí se realiza. A
reconstituição do auto-de-fé é fidedigna, a cerimónia tinha por base as sentenças
proferidas pelo Tribunal do Santo Ofício.
S. Sebastião da Pedreira: local mágico ao qual só acedem o padre, Bartolomeu
Lourenço, o Voador, Baltasar e Blimunda. É lá que se encontra a máquina voadora, a
Passarola, que está a ser construída. S. Sebastião da Pedreira era, um espaço
rural, onde não faltavam fontes, terras de olival, e onde se situava a quinta
abandonada.
12. D.João V e D.Maria Ana Josefa
Maria Ana Josefa
De origem austríaca, a rainha, surge com a única missão de dar herdeiros ao rei para
glória do reino e alegria de todos. É símbolo do papel da mulher da época:
submissa, simples procriadora, objecto da vontade masculina.
D.João V
Proclamado rei a 1 de Janeiro de 1707, casou, no ano seguinte, com a princesa Maria
Ana Josefa de Áustria. Surge na obra só pela sua promessa de erguer um convento
se tivesse um filho varão do seu casamento. É um monarca
absolutista, vaidoso, megalómano, egocêntrico.
13. Baltasar e Blimunda
São o casal, Blimunda é conhecida como Sete-Luas e Baltasar como o Sete-Sois,
conhecem-se durante um auto-de-fé, levado a cabo pela Inquisição, no de 26 de
Julho de 1711.
Vivem um amor sem regras, natural e instintivo, entregando-se um ao outro. A
plenitude do amor é sentida no momento em que se amam e a procriação não é
sonho que os atormente como sucede com os reis.
14. Padre Bartolomeu de Gusmão
Tem a alcunha de Voador, gosta de viagens, estrangeirado. A população troça
dele, Baltasar e Blimunda serão ouvintes atentos das suas histórias e sermões.
Baltasar, Blimunda e o padre Bartolomeu formam um trio que vai pôr em prática
o sonho de voar. Assim, o trabalho físico e artesanal, de Baltasar, liga-se à
capacidade mágica de Blimunda e aos conhecimentos científicos do padre.
Todos partilham do entusiasmo na construção da passarola, aos quais se junta
um quarto elemento, o músico Domenico Scarlatti, que passa a tocar enquanto os
outros trabalham. O saber artístico junta-se aos outros saberes e todos
corporizam o sonho de voar.
15. Povo
Todos os anónimos que construíram a História.
O povo, massa anónima tantas vezes subestimada e esquecida pela História, é
apresentado como o verdadeiro herói, na medida em que foi à custa do seu
sacrifício, e muitas vezes da própria morte, que se tornou possível a construção
do convento.