O adulto de meia idade e de Terceira Idade no Ensino Superior
1. 1
O aluno de meia idade e da Terceira
Idade no Ensino Superior
Rio de Janeiro
2. 2
O aluno de meia idade e da Terceira
Idade no Ensino Superior
Trabalho apresentado na Disciplina
Didática de Educação de Jovens e
Adultos 2, do Curso de Graduação em
Pedagogia, do Instituto Superior de
Educação do Rio de Janeiro.
Professor da disciplina: Eliseu Roque do
Espírito Santo.
RIO DE JANEIRO
2016
.
3. 3
“Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-
reflexão”.
Paulo Freire.
4. 4
Resumo:
Abordamos a temática dos adultos de meia idade e da Terceira Idade no
Ensino Superior. Suas esperanças que surgem ao voltar a estudar, suas lutas
cotidianas, e suas crenças um futuro melhor.
Nessas páginas contemplaremos como é importante voltarmos nosso olhar
para essas pessoas, que tanto contribuem à nossa sociedade, que junto com uma
atenção especial da Universidade podem trazer sua vivência e experiência para a
Academia.
6. 6
Discutir um trabalho sobre idosos é fundamental nos dias de hoje, não apenas
por existirem poucos textos sobre esse tema, mas também porque a população idosa do
planeta está aumentando consideravelmente.
Segundo dados do IBGE de 2002, até 2050 os cidadãos da Terceira Idade
passarão de 600 milhões para 2 bilhões. E o Brasil deverá ocupar o sexto lugar no ranking
mundial.
Provavelmente será o tema dominante do século XXI, tratando de questões como
saúde, a inclusão do idoso na sociedade, a previdência social, o idoso na educação, entre
outros.
Em artigo publicado na Revista Brasileira de Epidemiologia, Vecchia, R.D. et al
vão nos dizer a importância de um envelhecimento saudável:
Diante da realidade inquestionável das transformações demográficas
iniciadas no último século e que nos fazem observar uma população cada vez
mais envelhecida, evidencia-se a importância de garantir aos idosos não só
uma sobrevida maior, mas também uma boa qualidade de vida. (VECCHIA,
et al., 2005, p.247)
Iremos mostrar que a inclusão do idoso no meio universitário, assim como do
adulto de meia idade (que está se encaminhando para a velhice), é de extrema
importância para a qualidade de vida do ser humano, além de aumentar sua
autoestima e fazer com que as pessoas mais experientes se sintam produtivas.
1. O ingresso:
Durante nossa pesquisa, procuramos colher informações não apenas de
textos escritos sobre o tema, porém também entrevistamos pessoas que se
encontram nessa situação (idosos) e estão no Ensino Superior.
Ao tratar de porque eles resolveram fazer o vestibular e iniciar uma graduação,
uma aluna da Graduação em Pedagogia do ISERJ, nos disse que a sua vida era um
tédio, e o seu filho a tinha incentivado para começar a Licenciatura.
Também tivemos o depoimento de duas alunas da mesma Universidade
comentaram que só iniciaram seu curso após os filhos criados.
Então vemos que é comum a pessoa na Terceira Idade ter um sentimento de
não ser mais útil a sociedade, e por isso acaba se isolando por achara que não há
nada a se fazer. Por isso, a Graduação é importante, pois traz à tona a formação de
um novo grupo, que é muito saudável, como nos coloca a Cartilha do IDOSO do
MSTTR:
“À medida que as pessoas envelhecem, elas necessitam da vida em grupo
para fortalecer-se mutuamente, superar as próprias deficiências, que
aumentam continuamente, e encontrar, enfim, novos sentidos para a vida. O
grupo também é uma forma de superar o isolamento, o tédio e a falta do que
fazer.
A superação dos problemas de saúde, a busca do saber e a retomada da
alegria e do entusiasmo de viver também podem ser alcançadas por meio do
convívio social. Por intermédio do grupo, a Terceira Idade, além de encontrar-
se com outros, fazer novos amigos, despertar para novos interesses, sentir-
se útil, pode descobrir-se a si mesmo. (...)
Na convivência, eles ajudam a redescobrir a vida, a enriquecer esta fase da
vida tão fascinante como qualquer outra fase, se soubermos vivê-la com
sabedoria. ” (MSTTR, 2007, p. 20)
7. 7
É comum o ingresso de alunos que já possuem graduação, e que entram para
se qualificarem ainda mais, ou mudarem de ramo, como nos foi relatado por um
educando do ISERJ, que expressou que para ele a educação muda a sociedade.
2. Dia a dia e dificuldades:
Na nossa entrevista, duas alunas do próprio Instituto Superior do Rio de
Janeiro, que possuem mais de sessenta anos, disseram que não encontraram
dificuldades durante o curso. Pelo contrário, foram muito bem acolhidas, tiveram apoio
dos colegas, chamados por uma delas de “facilitadores”, além de ótimos professores.
A cooperação dos amigos em sala de aula é habitual na vida do idoso
universitário, como nos relata Dirce Encarnacion Tavares na sua dissertação de
Doutorado ao falar de uma aluna:
Parece que não há nenhuma crise, mas observei que L.O.E. tem mais
lentidão para executar as tarefas gerais. Este é um dos motivos pelo qual
todos querem colaborar, sendo solidários com ela. As pesquisas mostram
que os mais velhos não conseguem apresentar a mesma velocidade de
memória exibida pelos mais jovens.
Certos tipos de tarefas da memória precisam de mais tempo para serem
realizadas. (TAVARES, 2008, p.215)
Uma de nossas entrevistadas, que fez graduação de Pedagogia de modo
semipresencial no consórcio CEDERJ/UERJ, nos disse que encontrou dificuldades no
curso. Primeiro, por estar a um bom tempo sem estudar, e segundo porque hoje em
dia praticamente não se “decora” mais o que vai ser respondido, e sim acontece uma
tentativa de uma reflexão profunda.
Segundo ela, após esse período de adaptação, os empecilhos em seu
aprendizado foram diminuindo. O mesmo foi dito por outra aluna do ISERJ que
entrevistamos.
Como podemos ver, mesmo que os alunos com idade superior à média,
tenham alguma contrariedade, depoisde um certo período de tempo, seja com a ajuda
de colegas ou por seu próprio esforço, acabam moldando-se ao ritmo da universidade.
Chegando até a dizer, o que ouvimos de uma discente iserjiana que “percebeu que
poderia alcançar seus sonhos”.
3. Integração do estudante à sociedade:
De acordo com o que foi dito anteriormente nesse texto, os discentes
conseguem chegar ao fim da graduação sem bastantes percalços, e ao fim estão
preparados para exercer sua profissão.
Não obstante, é preciso que os idosos estejam de verdade integrados
socialmente, como nos diz o professor Leonardo Prota:
Integração é o contrário de segregação; o que acontece hoje é segregação,
esquecendo que a velhice constitui tão somente uma etapa da vida, assim
como a infância, a juventude, a virilidade; e a vida é uma só. Viver significa
poder levantar, de manhã, com projetos a realizar, vivenciar o dia realizando
8. 8
projetos, descansar à noite com a alegria do reconhecimento de projetos
realizados ou de reformulação de estratégias para o dia seguinte.
Cabe à Universidade provocar essa mudança cultural, de integração do idoso
no contexto social. Uma boa época para se pensar sobre a velhice é a
juventude, porque só assim é possível melhorar as chances de viver a
velhice, quando chegar. Integrar as várias etapas da vida, como um todo, é o
maior desafio da Universidade na produção de conhecimentos, tendo em
vista a mudança cultural. (PROTA, 1999, p.3)
Vemos então a responsabilidade da Universidade para que os adultos de meia
idade e os idosos não tenham apenas um diploma em sua mão, porém saiam com a
mentalidade preparada para saberem utilizar seus conhecimentos em sociedade,
sendo incluídos na mesma. É preciso que a Universidade crie um setor especialmente
dedicado aos alunos com mais idade, para que isso aconteça.
4. Futuro depois de formado:
Repassaremos como foi a pesquisa com alguns alunos do Ensino Superior
em Pedagogia do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro, da idade incluída
do tema desse trabalho.
Em primeiro lugar, encontramos uma pessoa que se enquadra na perspectiva
de envolvimento comunitário. Ela nos confidenciou que pretende empregar seus
conhecimentos em trabalhos voluntários no futuro, já que os filhos estão criados e
está aposentada.
Todavia, a discente ainda não tem um projeto definido de como isso será feito,
provavelmente acabará descobrindo ao longo do tempo. Com certeza se a
Universidade tivesse um programa para adultos de meia idade e idosos bem
elaborado, seria mais fácil entender o modo disso ser empregado.
Em segundo lugar, ao conversar com uma aluna na idade dos 50 anos,
ouvimos que nela ficou renovada a esperança de sempre estudar, porém ainda estava
almejando o seu emprego na área da Educação. Percebemos, portanto, que ela se
encaixa na perspectiva de ter um apoio maior da Universidade para se incluir na
sociedade.
Depois, uma outra educanda que é uma pessoa que trabalha com educação
especial, nos disse que o novo conhecimento contribuiu muito em sua atividade
laboral. Vemos, logo, que ela consegue colocar melhor seu aprendizado em
comunidade.
Por fim, observamos que no Ensino Superior, nos casos especialmente dos
alunos da Pedagogia,os discentes renovaram suas metas de vida, e construíram bons
projetos para o futuro, no entanto é preciso que o que é vivenciado no dia a dia
estudantil por eles, se unam a projetos mais bem elaborados da Universidade para os
alunos de meia idade e da Terceira Idade.
5. Considerações finais:
Em suma, os discentes que iniciaram a graduação numa idade mais
avançada, precisam de políticas públicas que os incluam na comunidade, para que
9. 9
possam ter uma vida com mais qualidade, utilizando de seus conhecimentos
adquiridos na graduação em conjunto com sua experiência, para contribuir com a
sociedade.
6. Referências bibliográficas:
BELTRÃO, K. e CAMARO, A. A dinâmica populacional brasileira e a
previdência social: uma descrição com ênfase nos idosos. Rio de Janeiro, ENCE,
2002.
BERZINS, M.A.V.da S. Envelhecimento populacional: uma conquista para
ser celebrada. In: Serviço Social e Sociedade nº 75. São Paulo: Cortez, 2003.
BRASIL. Estatuto do idoso: lei federal nº 10.741, de 01 de outubro de
2003. Brasília, DF: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção
Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2007.
BRASIL. Programas e serviços de proteção e inclusão social dos
idosos. Brasília: MPAS,1998. Relatório do Perfil dos idosos responsáveis pelos
domicílios no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2002.
CHOPRA, Deepak. Corpo sem idade, mente sem fronteiras: a alternativa
quântica para o envelhecimento. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
FALEIROS, V. P. Violência na velhice. In: Social em Questão, volume 11 –
2004. Rio de Janeiro: PUC, Departamento de Serviço Social,2004.
GOLDMAN, S. Envelhecimento e Serviço Social. Reflexões para
alunos e professores. Minicurso oferecido pelo CRESS – 7º região, 2007.
MSTTR. O MSTTR Defendendo e Valorizando a Terceira Idade - Através
dos direitos Sociais Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura -
CONTAG/Secretaria de Políticas Sociais, Brasília/DF, 2007.
PROTA, Leonardo. “O papel da universidade na construção do saber
sobre idosos”. In: Crítica - Revista de Filosofia. Londrina, Volume 4, Número
16,1999.
TAVARES, Dirce Encarnacion. A presença do aluno idoso no currículo da
universidade contemporânea - Uma leitura interdisciplinar (Tese de Doutorado) –
10. 10
Programa de Pós-Graduação em Educação, Pontifícia Universidade Católica - São
Paulo, 2008.
VECCHIA, Roberta Dalla et al. Qualidade de vida na terceira idade: um
conceito subjetivo. REVISTA BRASILEIRA DE EPIDEMOLOGIA. São Paulo, v.8,
n.3, p.246-252, set. 2005.