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Qualidade de Vida no Trabalho:
origem, evolução e conceitos –
uma revisão bibliográfica
Aluno: Wilmar do Nascimento1
Orientador: Maurício Fernandes Pereira2
Tutora: Juliana Pereira3
Resumo
Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é um
assunto bastante corrente nos dias de hoje
dentro e fora das empresas, mas nem sempre
é tratada e aplicada de maneira adequada.
Com o desenvolvimento de novas tecnolo-
gias, disputa de mercado e a globalização,
as empresas estão exigindo cada vez mais
competências de seus funcionários e em troca
proclamam uma qualidade de vida no traba-
lho, que está muito distante do que realmente
significa. Através de estudo teórico-bibliográ-
fico, este artigo tem como objetivo principal
descrever a origem, a evolução e os concei-
tos da QVT, mostrando a sua importância e
o que ela representa tanto para a empresa
como para os funcionários, e que na prática
é necessária muita vontade e disposição para
sua efetivação. Pretende-se também, a partir
deste artigo, propor um estudo mais avança-
do para a elaboração de um modelo de quali-
dade de vida no trabalho (QVT) no Departa-
mento de Endemias da Secretaria de Saúde
de Florianópolis, mais especificamente no
setor de combate ao mosquito Aedes aegypti.
Palavras-chave: Qualidade de vida no tra-
balho. QVT. Evolução. Conceitos.
Abstract
Quality of Life at Work (QLW) is a talked over
subject, actually, inside or outside in the com-
panies, but it‘s not brushed and applied just
way. Advent development of the new or right
tech, the market contention and the globaliza-
tion, the companies are calling for proficiency
employers, but in return for sponsor a Quality
of the Life at Work, that is far way than it’s.
By way of theoretical-bibliographic work, this
paper brings as main objective to describe the
origin, the conceptions and the evolution of
QLW, to show its importance and which its re-
present much the company as employers, that
practical is necessary much desire and frame
of mind in fact. Too, This paper is a propose
to advanced study for a kind of QLW, Ende-
mic Disease Department of the Health Secre-
tary, especially , on the section of the Fighting
against Dengue Mosquito (Aedes aegypti), on
Florianópolis (SC).
Key words: Quality of work life. QWL. Evo-
lution. Conceptions.
1
	 Graduado em Filosofia pela Fundação Educacional do Sul de Santa Catariana (1987).
Especialização em Violência Doméstica contra Criança e Adolescente pelo Instituto de
Psicologia/USP (1966). E-mail: wilestiva@gmail.com.
2
	 Pós-Doutor pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de
Lisboa (2010). E-mail: mpereira@cse.ufsc.br.
3
	 Especialista em Gestão de Pessoas nas Organizações e Bacharel em Administração pela
Universidade Federal Santa Catarina (UFSC). E-mail: tutor26@cursoscad.ufsc.br.
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13	 179
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
1 Introdução
Com desenvolvimento contínuo das tecnologias e a globalização, as
empresas estão preocupadas em produzir com qualidade, pois o mercado
está cada vez mais exigente, competitivo e seletivo e quem não produz com
qualidade acaba ficando fora dele. A qualidade dos produtos é influenciada
pela capacitação, pelo treinamento e pela motivação dos funcionários.
As exigências do mercado e a competitividade levaram as empresas a
exigirem mais dos trabalhadores, e essa pressão trouxe consequências como
o aumento dos acidentes de trabalho e/ou afastamento por motivo de saúde
como estresse, depressão, entre outras.
O bom desempenho de uma empresa também passa pela motivação
de seus empregados, pelo reconhecimento e pela valorização por parte do
empregador ou gestor, e isso envolve a qualidade de vida no trabalho, pois
grande parte da sua vida o indivíduo passa dentro do ambiente de trabalho
e, se esse ambiente não for favorável, ele acaba sucumbindo e não rendendo
o esperado, o que compromete todo o processo de produção.
O reconhecimento de que o bem-estar do trabalhador traz resultados
positivos à empresa fez com que muitas delas começassem a se preocupar
com o bem-estar dos seus trabalhadores, proporcionando a eles um ambiente
melhor de trabalho, com mais conforto, segurança, etc.
O serviço público não fica indiferente à evolução da qualidade de vida
no trabalho; porém, verifica-se que, se dentro das empresas privadas já é difícil
a implantação e manutenção da QVT, nas empresas públicas, essa dificuldade
é ainda maior e mais complicada, pois percebe-se que dentro destas não há
preocupação com a qualidade dos serviços prestados e muito menos com a
QVT dos funcionários. A falta de qualidade nos serviços públicos e dos fun-
cionários se deve, entre outros fatores, à troca constante de gestores, pois, a
cada quatro anos, novas políticas são implantadas, mas sem continuidade.
Alguns setores públicos fazem referência à importância da qualidade
dos serviços, porém na prática essa preocupação é fictícia, já que se percebe
que, na maioria dos setores, os ambientes e os materiais de trabalho não são
favoráveis à execução dos serviços, sem contar a falta de funcionários devido
a afastamentos por doenças, aposentadorias ou remanejamentos, levando
outros funcionários a terem uma carga de trabalho excessiva. Para agravar
ainda mais a situação, crescem de forma assustadora os serviços públicos
180	 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
executados por firmas prestadoras de serviços, as quais, no que diz respeito
à qualidade de vida no trabalho, são questionadas, a começar pelos salários
e pelas condições de segurança. Portanto, o objetivo geral deste artigo é des-
crever a evolução da qualidade de vida no trabalho.
2 Exposição do Tema: a origem e a evolução da quali-
dade de vida no trabalho
Segundo Rodrigues (1999) – com outros títulos e autores e em diferentes
contextos, mas sempre voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem-estar
ao trabalhador na execução de suas tarefas ­–, a qualidade de vida sempre foi
objeto de preocupação da raça humana.
Historicamente exemplificando, para a espécie humana o domínio de
técnicas adequadas à produção do fogo, no período Neolítico, sem dúvida se
traduziu como um enorme salto no que se refere à qualidade de vida. Com o
fogo, o homem passou a se proteger do frio e dos predadores, além de poder
cozinhar os alimentos.
No período denominado como proto-história, a invenção da roda, cerca
de 4.000 a.C., proporcionou a substituição dos antigos trenós por carros de
duas e quatro rodas. Esse fato revolucionou a vida humana, pois facilitou
não só a sua locomoção, mas também o transporte de cargas, e melhorou
sua qualidade de vida.
Os ensinamentos de Euclides de Alexandria (300 a.C.) sobre os princípios
da geometria serviram de inspiração para a melhoria do método de trabalho
dos agricultores à margem do Rio Nilo, assim como a Lei das Alavancas, de
Arquimedes, formulada em 287 a.C, veio diminuir o esforço físico de muitos
trabalhadores.
A origem do movimento de qualidade de vida no trabalho remonta
a 1950, com o surgimento da abordagem sociotécnica; porém, somente na
década de 1960, tomaram impulso as iniciativas de cientistas sociais, líderes
sindicais, empresários e governantes, na busca de melhores formas de organizar
o trabalho a fim de minimizar os efeitos negativos do emprego na saúde e no
bem-estar geral dos trabalhadores. (FERNANDES, 1996)
Segundo Chiavenato (2004), o termo QVT foi cunhado por Louis Davis,
na década de 1970, quando desenvolvia um projeto sobre desenho de cargos.
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13	 181
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
Para ele, o conceito de QVT refere-se à preocupação com o bem-estar geral
e a saúde dos trabalhadores no desempenho de suas tarefas. Posteriormente,
alguns autores europeus desenvolveram outras conceituações dentro da abor-
dagem sociotécnica e da democracia industrial. Então, na década de 1970,
surge um movimento pela qualidade de vida no trabalho, principalmente nos
EUA, devido à preocupação com a competitividade internacional e ao grande
sucesso dos estilos e das técnicas gerenciais dos programas de produtividade
japonesa, centrada nos empregados. Existia uma tentativa de integrar os inte-
resses dos empregados e empregadores através de práticas gerenciais capazes
de reduzirem os conflitos.
No século XX, muitos pesquisadores contribuíram para o estudo sobre
a satisfação do indivíduo no trabalho. Entre eles destacam-se Helton Mayo,
cujas pesquisas, conforme Ferreira, Reis e Pereira (1999), Hampton (1991) e
Rodrigues (1999), são altamente relevantes para o estudo do comportamento
humano, da motivação dos indivíduos para a obtenção das metas organiza-
cionais e da Qualidade de Vida do Trabalhador, principalmente a partir das
análises efetuadas na Western Eletric Company (Hawthorne, Chicago) no início
da década de 1920, que culminaram com a escola de Relações Humanas.
Com o advento da globalização, as empresas têm sido pressionadas
por acirrada disputa de mercado. Nesse contexto, uma organização deve ser
compreendida como “[...] unidade social artificialmente criada e estruturada,
continuadamente alterada para se manter no tempo, e com a função de atingir
metas específicas que satisfaçam as necessidades de seus participantes e da
sociedade.” (ETZIONI, 1981, p. 7)
Segundo Garvin (1992, p. 25), nesse momento,
[...] pela primeira vez, altos executivos, em nível de presidência
e alta diretoria, expressam interesse na qualidade, ligando-a com
lucratividade, definindo-a do ponto de vista do cliente e requerendo
sua inclusão no processo de planejamento estratégico.
Dentro deste contexto muitas empresas – brasileiras e internacionais –
passaram a introduzir “[...] os sistemas participativos de gestão com o objetivo
principal de aumentar a produtividade e apoiar os programas de qualidade,
mas não visando realmente à participação dos empregados, conforme se ve-
rifica nas pesquisas do [...]” Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Inovação e
182	 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
Trabalho da Universidade Federal de Santa Catarina (NINEIT). (RELATÓRIO...,
1998 apud MONACO; GUIMARÃES, 2000, p. 70)
Seguindo esse contexto, Albuquerque e França (1998, p. 40) descrevem:
O ambiente empresarial brasileiro vem se tornando intensamente
competitivo em virtude das profundas mudanças que vêm ocor-
rendo na economia mundial, nas relações sociais e políticas, na
tecnologia, na organização produtiva, nas relações de trabalho
e na própria inserção do elemento humano no tecido social e
produtivo.
Ainda segundo os autores, especificamente tratando-se do Brasil:
Essas transformações assumiram expressão maior em conseqüên-
cia da abertura abrupta da economia, das implementações dos
programas de estabilização monetária e das reformas constitucio-
nais, visando à redução e à reorientação do papel do Estado na
economia. (ALBUQUERQUE; FRANÇA, 1998, p. 40)
Para encarar todos esses desafios, muitas empresas brasileiras estão
implantando Programas de Qualidade no Trabalho (PQT). O PQT é uma
técnica de administração aperfeiçoada no Japão, a partir de ideias americanas
ali introduzidas logo após a Segunda Guerra Mundial.
Garvin (1992) descreve o desenvolvimento da qualidade em quatro
eras, divididas na fase da inspeção formal, do controle estatístico do processo,
da garantia da qualidade e da gestão estratégica da qualidade.
Para Campos (1989, p. 13), o programa de qualidade total:
[...] é baseado em elementos de várias fontes: emprega o método
cartesiano, aproveita muito do trabalho de Taylor, utiliza o controle
estatístico de processo, adota os conceitos sobre comportamento
humano lançado por Maslow e aproveita todo o conhecimento
ocidental sobre a qualidade, principalmente o trabalho de Juran.
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13	 183
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
2.1 Conceitos de Qualidade deVida noTrabalho
Hoje se fala muito em qualidade total e isso remete a outro tema que é a
qualidade de vida no trabalho como forma de se obter a qualidade total. Para
maior entendimento da importância da qualidade de vida no trabalho tanto
para o empregado quanto para o empregador, pretende-se a seguir descrever
os principais conceitos e ideias sobre qualidade de vida no trabalho (QVT).
Conforme França (1997, p. 80):
Qualidade de vida no trabalho (QVT) é o conjunto de ações
de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e
inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho. A
construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do
momento em que se olha a empresa e as pessoas como um todo,
o que chamamos de enfoque biopsicossocial. O posicionamento
biopsicossocial representa o fator diferencial para a realização
de diagnóstico, campanhas, criação de serviços e implantação
de projetos voltados para a preservação e desenvolvimento das
pessoas durante o trabalho na empresa.
A autora ainda esclarece que “[...] a origem do conceito vem da medici-
na psicossomática que propõe uma visão integrada, holística do ser humano,
em oposição à abordagem cartesiana que divide o ser humano em partes.”
(FRANÇA, 1997, p. 80)
E conclui, ao afirmar que,
No campo do trabalho esta abordagem pode ser associada à
ética da condição humana. Esta ética busca desde a identifica-
ção, eliminação, neutralização ou controle de riscos ocupacionais
observáveis no ambiente físico, padrões de relações de trabalho,
carga física e mental requerida para cada atividade, implicações
políticas e ideológicas, dinâmica da liderança empresarial e do
poder formal até o significado do trabalho em si, relacionamento
e satisfação no trabalho. (FRANÇA, 1997, p. 80)
Para Maximiano (2000, p. 498), “[...] a QVT baseia-se em uma visão
integral das pessoas, que é o chamado enfoque biopsicossocial. O enfoque
biopsicossocial das pessoas origina-se da medicina psicossomática, que propõe
a visão integrada, ou holística, do ser humano.”
184	 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
Segundo Vasconcelos (2001, p. 25), “[...] a construção da qualidade
de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha a empresa
e as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial.”
Davis e Newstrom (2001, p. 146) definem:
Por qualidade de vida no trabalho (QVT) queremos dizer os
pontos favoráveis e desfavoráveis de um ambiente de trabalho
para as pessoas. A proposta básica é desenvolver ambientes de
trabalho que sejam tão bons para as pessoas como para a saúde
econômica da organização.
Percebe-se que a QVT procura criar uma relação harmoniosa entre
empregado e empregador através de um ambiente humanizado que seja bom
para o empregado e para o empregador.
Para Chiavenato (2004, p. 448), “[...] a organização que quiser atender
bem o cliente externo, ela não poderá se esquecer de atender bem o cliente
interno.” Mais uma vez percebe-se que a gestão da qualidade total nas or-
ganizações depende, fundamentalmente, do aproveitamento do potencial
humano, e isso, por conseguinte, depende de quão bem as pessoas se sentem
trabalhando na organização.
A definição de QVT, adotada por França e Zaima (2002, p. 406), diz
que: “[...] é o conjunto das ações de uma empresa que envolve a implantação
de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente
de trabalho.”
Para Vieira (1990, p. 45), “[...] a QVT tem como objetivo central gerar
uma organização mais humanizada para resultar dela uma relação entre o
capital e trabalho não conflitante, mas sim cooperativa.”
Percebe-se, através dos conceitos de QVT, que o foco é o bem-estar do
funcionário, isto é, o empregado precisa se sentir seguro e tranquilo durante o
desempenho das suas atividades. Isso é reforçado por Quirino e Xavier (1987,
p. 71-82), quando descrevem que
[...] a expressão QVT representa uma ligação direta com as con-
dições em que trabalham os empregados de uma empresa e com
a satisfação das necessidades do homem levando-se em conside-
ração os aspectos de satisfação no cargo e trabalho humanizado.
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13	 185
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
Ainda segundo Quirino e Xavier (1987), a QVT pode ser avaliada de
duas maneiras dentro de uma organização: de maneira objetiva, avaliando
a mensuração das condições materiais (disponibilidade de equipamentos,
tecnologia, padrões de salários e benefícios, ambiente físico, entre outras); ou
de maneira subjetiva que investigaria a percepção dos trabalhadores sobre as
condições objetivas, avaliando-as em satisfatórias ou não satisfatórias.
Para Albuquerque e França (1998, p. 41),
A Qualidade de Vida no Trabalho é um conjunto de ações de
uma empresa que envolve diagnóstico e implantação de melhorias
e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais, dentro e fora
do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas de
desenvolvimento humano na realização do seu ofício.
O desenvolvimento de novas tecnologias obriga as empresas a traba-
lharem com mão de obra cada vez mais especializada, exigindo funcionários
cada vez mais qualificados, treinados e em constante capacitação, por outro
lado, elas oferecem melhores condições de trabalho e até salário. Essas cons-
tantes inovações tecnológicas fizeram também evoluir os conceitos do QVT,
que são descrias por Nadler e Lawler (1983 apud FERNANDES, 1996, p.
42), conforme a Tabela 1.
Tabela 1: Evolução do conceito de QVT
Concepções
Evolutivas do QVT
Características ou Visão
1. QVT como uma
variável (1959 a 1972)
Reação do indivíduo ao trabalho. Investigava-se
como melhorar a qualidade de vida no trabalho
para o indivíduo.
2. QVT como uma
abordagem (1969 a
1974)
O foco era o indivíduo antes do resultado orga-
nizacional; mas, ao mesmo tempo, buscava-se
trazer melhorias tanto ao empregado como à di-
reção.
Fonte: Nadler e Lawler (1983 apud FERNANDES, 1996, p. 42)
186	 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
Concepções
Evolutivas do QVT
Características ou Visão
3. QVT como um
método (1972 a 1975)
Um conjunto de abordagens, métodos ou técni-
cas para melhorar o ambiente de trabalho e tor-
nar o trabalho mais produtivo e mais satisfatório.
QVT era vista como sinônimo de grupos autô-
nomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou
desenho de novas plantas com integração social
e técnica.
4. QVT como um
movimento (1975 a
1980)
Declaração ideológica sobre a natureza do tra-
balho e as relações dos trabalhadores com a
organização. Os termos “administração partici-
pativa” e “democracia industrial” eram freqüen-
temente ditos como ideais do movimento de
QVT.
5. QVT como tudo
(1979 a 1982)
Como panaceia contra a competição estran-
geira, problemas de qualidade, baixas taxas de
produtividade, problemas de queixas e outros
problemas organizacionais.
6. QVT como nada
(futuro)
No caso de alguns projetos de QVT fracassarem
no futuro, não passará de um “modismo” passa-
geiro.
Fonte: Nadler e Lawler (1983 apud FERNANDES, 1996, p. 42)
Apesar da evolução do QVT e das inovações tecnológicas, percebe-se
que o ser humano continua a passar grande parte do seu tempo trabalhando
e se capacitando cada vez mais para manter-se no mercado de trabalho. Isso
provoca a reflexão sobre desafio imaginado pelos idealizadores do QVT, que
é torná-la uma ferramenta gerencial efetiva e não apenas mais um modismo,
que como tantos outros que vêm e vão. E esse desafio torna-se mais instigante
neste momento em que o empregado se vê envolvido numa rotina diária cada
vez mais desgastante e massacrante.
Na visão de Veiga (2000), após os sucessivos processos de downsizing,
reestruturação e reengenharia que marcaram toda a década de 1990, nota-se
atualmente que as pessoas têm trabalhado cada vez mais, e, por extensão,
têm tido menos tempo para si mesmas.
Handy (1995, p. 25), com base nessa realidade, declarou que:
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13	 187
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
O problema começou quando transformamos o tempo em uma
mercadoria, quando compramos o tempo das pessoas em nossas
empresas em vez de comprar a produção. Quanto mais tempo
você vende, nessas condições, mais dinheiro fará. Então, há uma
troca inevitável entre o tempo e o dinheiro. As empresas, por sua
vez, tornam-se exigentes. Querem menos tempo das pessoas que
eles pagam por hora, porém mais das pessoas que pagam por ano,
porque, no último caso, cada hora extra durante o ano é gratuita.
Limongi (1995 apud VASCONCELOS, 2001, p. 25) e Albuquerque e
França (1997 apud VASCONCELOS, 2001, p. 25) “[...] consideram que a
sociedade vive novos paradigmas de modos de vida dentro e fora da empresa,
gerando, em consequência, novos valores e demandas de Qualidade de Vida
no Trabalho” e que para ajudar a suprir e entender essas demandas é necessá-
ria a interação de outras áreas do conhecimento, tais como: Saúde, Ecologia,
Ergonomia, Psicologia, Sociologia, Economia, Administração e Engenharia.
Walton (1973 apud RODRIGUES, 1999, p. 81) considera que
[...] a expressão Qualidade de Vida tem sido usada com crescente
freqüência para descrever certos valores ambientais e humanos,
negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço
tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico.
Walton (1973 apud FERNANDES, 1996, p. 48) propôs oito categorias
conceituais, incluindo critérios de QVT para conceituar qualidade de vida no
trabalho (Tabela 2).
188	 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
Tabela 2: Categorias conceituais de qualidade de vida no trabalho (QVT)
Critérios Indicadores QVT
1. Compensação
justa e adequada
Equidade interna e externa
Justiça na compensação
Partilha de ganhos de produtividade
2. Condições de
trabalho
Jornada de trabalho razoável
Ambiente físico seguro e saudável
Ausência de insalubridade
3. Uso e
desenvolvimento de
capacidades
Autonomia
Auto-controle relativo
Qualidades múltiplas
Informações sobre o processo total do trabalho
4. Oportunidade
de crescimento e
segurança
Possibilidade de carreira
Crescimento pessoal
Perspectiva de avanço salarial
Segurança de emprego
5. Integração social
na organização
Ausência de preconceitos
Igualdade
Mobilidade
Relacionamento
Senso Comunitário
6. Constitucionalismo
Direitos de proteção ao trabalhador
Privacidade pessoal
Liberdade de expressão
Tratamento imparcial
Direitos trabalhistas
7.Trabalho e espaço
total de vida
Papel balanceado do trabalho na vida pessoal
Papel balanceado no trabalho
Estabilidade de horários
Poucas mudanças geográficas
Tempo para lazer da família
8. Relevância social
do trabalho na vida
Imagem da empresa
Responsabilidade social da empresa
Responsabilidade pelos produtos
Práticas de emprego
Fonte: Walton (1973 apud FERNANDES, 1996, p. 48)
Com base na Tabela 2, pode-se destacar a importância dos critérios uti-
lizados pelos autores para avaliar a qualidade de vida total no trabalho, como:
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13	 189
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
a)	 compensação justa e adequada – é remuneração justa pelo traba-
lho executado, o respeito à equidade interna (comparação com os
colegas) e equidade externa (mercado de trabalho);
b)	condição de trabalho envolve a jornada e carga de trabalho e os
meios oferecidos para o desenvolvimento dos serviços: equipamento
de segurança, equipamentos adequados para o trabalho;
c)	 uso e desenvolvimento de capacidades implicam condições para
aproveitamento da capacidade humana e intelectual;
d)	oportunidade de crescimento e segurança – consiste em oferecer
condições de crescimento e segurança, isto é, plano de carreira
pessoal e estabilidade;
e)	 integração social na organização – destaca a igualdade independen-
temente da orientação sexual, classe social, idade, etc.;
f)	 constitucionalismo – serve para medir o respeito aos direitos do
trabalhador e o cumprimento às leis trabalhistas;
g)	 trabalho e o Espaço Total da Vida – serve para avaliar o equilíbrio
entre a vida pessoal e o trabalho;
h)	relevância do Trabalho na Vida – avalia a observação do empregado
em relação à imagem da empresa com a responsabilidade social na
comunidade e a qualidade do serviço prestado.
Para Bom Sucesso (1998), pode-se dizer, de maneira geral, que a qua-
lidade de vida no trabalho abrange:
a)	 renda capaz de satisfazer as expectativas pessoais e sociais;
b)	orgulho pelo trabalho realizado;
c)	 vida emocional satisfatória;
d)	autoestima;
e)	 imagem da empresa/instituição junto à opinião pública;
f)	 equilíbrio entre trabalho e lazer;
g)	 horários e condições de trabalho sensato;
h)	oportunidades e perspectivas de carreira;
i)	 possibilidade de uso do potencial;
j)	 respeito aos direitos; e
k)	 justiça nas recompensas.
190	 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
Para Silva e De Marchi (1997), a adoção de programas de qualidade
de vida e promoção da saúde proporcionaria ao indivíduo maior resistência
ao estresse, maior estabilidade emocional, maior motivação, maior eficiência
no trabalho, melhor autoimagem e melhor relacionamento. Por outro lado,
as empresas seriam beneficiadas com uma força de trabalho mais saudável,
menor absenteísmo/rotatividade, menor número de acidentes, menor custo
de saúde assistencial, maior produtividade, melhor imagem e, por último, um
melhor ambiente de trabalho.
2.2 Qualidade de Vida no Trabalho: teoria versus Prá-
tica
Ao se avaliarem os conceitos sobre o que é qualidade de vida no traba-
lho, percebe-se que entre a teoria e a prática existe um abismo.
Essa avaliação é feita também pelo Professor Lindolfo Galvão de Albu-
querque, da FEA/USP (LIMONGI-FRANÇA; ASSIS, 1995, p. 28):
[...] existe uma grande distância entre o discurso e a prática.
Filosoficamente, todo mundo acha importante a implantação
de programas de QVT, mas na prática prevalece o imediatismo e
os investimentos de médio e longo prazos são esquecidos. Tudo
está por fazer. A maioria dos programas de QVT tem origem nas
atividades de segurança e saúde no trabalhado e muitos nem
sequer se associam a programas de qualidade total ou de me-
lhoria do clima organizacional. QVT só faz sentido quando deixa
de ser restrita a programas internos de saúde ou lazer e passa a
ser discutida num sentido mais amplo, incluindo qualidade das
relações de trabalho e suas conseqüências na saúde das pessoas
e da organização.
E o professor ainda acrescenta, de acordo com Limongi-França e Assis
(1995, p. 29):
QVT é uma evolução da Qualidade Total. É o último elo da ca-
deia. Não dá para falar em Qualidade Total se não se abranger
a qualidade de vida das pessoas no trabalho. O esforço que tem
que se desenvolver é de conscientização e preparação para uma
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13	 191
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
postura de qualidade em todos os sentidos. É necessária a coe-
rência em todos os enfoques. QVT significa condições adequadas
e os desafios de respeitar e ser respeitado como profissional. O
trabalho focado e em serviço social e saúde é muito imediatista.
É necessário colocar a QVT num contexto mais intelectual, não
só concreto e imediato. O excesso de pragmatismo leva ao redu-
cionismo. QVT deve estar num contexto mais amplo de qualidade
e de gestão. A gestão das pessoas deve incluir esta preocupação.
Refletindo sobre o que foi descrito até o momento sobre o que representa
a QVT, nota-se que os autores descrevem muito bem sobre a importância de
um PQT e do QVT. Os conceitos sobre o que é o QVT são muito abrangentes
e mostram que a implantação de um programa de QVT depende da compre-
ensão e dos esforços de todos os envolvidos.
Para que a QVT tenha sucesso, é necessário que ela ultrapasse a fronteira
da empresa. Não se pode pensar que, concedendo um ambiente favorável
para o trabalhador dentro da empresa, o restante estará resolvido.
Por outro lado, percebe-se que a falta do conhecimento sobre a impor-
tância do QVT e da sua aplicação tem dificultado o seu sucesso. Isso se explica
pelo fato de muitos gestores pensarem que se perde muito tempo e dinheiro
para implantação e manutenção da QVT. Eles preferem investir em tecnologias
para terem um retorno rápido, esquecendo-se de que quem opera a máquina
pode não estar dando tudo de si por não estar num ambiente favorável ou
por não estar motivado. É notável que o investimento em QVT traz retorno
de produtividade, qualidade e consequentemente financeiro.
Segundo Fernandes (1996, p. 38-39),
Apesar de toda a badalação em cima das novas tecnologias
de produção, ferramentas de Qualidade etc., é fato facilmente
constatável que mais e mais trabalhadores se queixam de uma
rotina de trabalho, de uma subutilização de suas potencialida-
des e talentos, e de condições de trabalho inadequadas. Estes
problemas ligados à insatisfação no trabalho têm conseqüências
que geram um aumento do absenteísmo, uma diminuição do
rendimento, uma rotatividade de mão-de-obra mais elevada,
reclamações e greves mais numerosas, tendo um efeito marcante
sobre a saúde metal e física dos trabalhadores, e em decorrência
na rentabilidade empresarial.
192	 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
Nos dias atuais, percebe-se que o trabalho deixou de ser algo prazeroso
para se tornar algo angustiante e até mesmo deprimente, e isso se deve à
modernidade, à globalização e ao mercado competitivo, pois as empresas,
em busca de produção com qualidade, pregoam benefícios aos empregados,
que, iludidos por esses benesses, acabam se tornando viciados em trabalho.
Isso remete a outro contexto, que é a ética do workaholic, a qual, de
acordo com Caldas,
[...] não é a de trabalhar para viver, mas viver para trabalhar. Para o
workaholic, sua carreira é sua vida, seu culto. E o culto da carreira,
que rege sua obsessão, é guiado pela Deusa do Sucesso. Ele reza
as receitas de profetas, gurus e “gente bem-sucedida”: ele adora
heróis empresariais, venera seus símbolos e prega suas palavras e
ações com fervor, como se fossem verdades universais, como se
todos devessem conhecer seu evangelho. (CALDAS, 1998, p. 33)
Caldas (1998, p. 33) ainda continua:
Mas como o sucesso é um destino hipotético, a carreira moder-
na e a obsessão do workaholic é uma corrida que não tem fim,
nem ponto de chegada, nem vencedores. [...] Ser workaholic é,
em essência, ser moderno. Admira-se o indivíduo obcecado por
trabalho, como se isto fosse certo e preciso. Como se ele soubesse
aonde vai, ou para quê. Como se ele refletisse sobre seu destino,
ou sobre seu caminho. [...] Em nossa ânsia de “não ficar para
trás”, cada vez mais nos movemos mais rápidos, e cada vez mais
de forma menos reflexiva: passamos da emoção à ação, sem a
mediação da razão, do pensamento. Corremos tanto que os de-
talhes nos escapam, como as nuances entre o certo e o errado,
entre o saudável e o doentio, entre o urgente e o necessário.
Para Wood Jr. (1998), a maioria dos workaholics não percebe o aspecto
patológico de sua conduta. O autor os trata de “mestres da racionalização”.
Eles são obcecados pelo que fazem e não conseguem fazer outra coisa, mesmo
quando estão fora do horário de trabalho. Toda a sua vida está focada na
empresa e ele remete isso aos demais funcionários, exigindo, quando em cargo
superior, que estes compartilhem da sua ideia, levando muitos empregados
ao estresse, à depressão ou até mesmo à demissão.
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13	 193
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
O mundo da globalização aumentou a competitividade, exigindo que
a pessoa seja cada vez mais qualificada, ou seja, “a melhor”, e isso está fa-
zendo com que ela busque constantemente atualização e capacitação para se
manter ou se colocar no mercado de trabalho e consequentemente ter uma
boa remuneração. Assim, o indivíduo percebe que isso virou um ciclo vicioso,
pois as tecnologias mudam muito e, ao tentar acompanhar essas mudanças,
acaba esquecendo de viver outras realidades e consequentemente perdendo
qualidade de vida.
Isso leva a refletir quando De Masi (2000, p. 330) indaga por que:
O atual desenvolvimento técnico não é acompanhado de um
avanço semelhante na convivência civil e na felicidade humana;
como e por que milhões de trabalhadores, embora libertados do
embrutecimento físico, dotados de máquinas portentosas, encar-
regados de deveres intelectuais por vezes até agradáveis e bem
pagos vivem numa condição estressante e insuportável; como e
por que a conquista da precisão transformou-se em idéia fixa da
pontualidade, da produtividade a todo custo, da competitivida-
de, dos prazos, dos controles, das avaliações, dos confrontos; e,
como e por que o progresso material não se traduziu em melhor
qualidade de vida, enfim, a resposta está na mentalidade de
dirigentes interessados apenas nas glórias passageiras.
E o autor continua:
Eles desumanizam as organizações que dirigem. Eles não são
efetivamente agentes do progresso humano; estão muito longe
disso. Sua conduta auto-crática e tacanha não permite vislumbrar
as finalidades nobres do trabalho. E cedo ou tarde eles são traga-
dos pelo próprio monstro que geraram. (DE MASI, 2000, p. 330)
Essas leituras mostram que o desenvolvimento de tecnologias e a
globalização fizeram com que as pessoas se envolvessem demais com o seu
trabalho ao ponto de muitos se esquecerem de sua vida familiar e do lazer,
tudo em nome de sucesso e/ou garantia do emprego, pensando com isso ter
melhor qualidade de vida. Porém, não percebem que isso é ilusório, pois,
junto com o sucesso profissional, muitas vezes vêm o estresse, a depressão e
a necessidade de trabalhar cada vez mais para manter o status quo.
194	 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
3 Metodologia
Todo trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que
permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Exis-
tem, porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa
bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de
recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito
do qual se procura a resposta. (FONSECA, 2002)
Conforme Salomon (2004), a pesquisa bibliográfica fundamenta-se em
conhecimentos proporcionados pela Biblioteconomia e pela Documentação,
entre outras ciências e técnicas empregadas de forma metódica envolvendo a
identificação, localização e obtenção da informação, fichamento e redação do
trabalho científico. Esse processo solicita uma busca planejada de informações
bibliográficas para elaborar e documentar um trabalho de pesquisa científica.
Assim, de acordo Salomon (2004), pode-se dividir a pesquisa biblio-
gráfica em três fases:
a)	 Fase da preparação: compreende identificação, localização, fichamento
e obtenção da informação.
b)	Fase de realização: abrange a realização do fichamento do docu-
mento localizado e obtido que, após o procedimento da leitura,
será selecionado definitivamente para a elaboração da redação do
trabalho científico.
c)	 Fase da comunicação: conforme El-Guindy (2004, p. 79), “A co-
municação é a coroação do trabalho de investigação científica, e ao
mesmo tempo, o momento de maior realização do pesquisador.” Nessa
etapa dar-se-á a redação do trabalho científico por meio do produto
científico já determinado de acordo com os propósitos da pesquisa.
O procedimento de obtenção dos dados para a elaboração deste artigo
foi através de fontes secundárias, tais como livros, artigos, usando-se a pesqui-
sa bibliográfica. Esse tipo de pesquisa é feito com base no levantamento de
referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos,
como livros, artigos científicos, páginas de websites.
Essa pesquisa está dividida em três fases: preparação (leitura e seleção
do material bibliográfico; elaboração (organização do material lido); e co-
municação (considerações e encaminhamentos acerca do tema em estudo).
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13	 195
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Quanto à natureza da pesquisa, ela é definida como básica, pois o
objetivo desse tipo de pesquisa é gerar conhecimentos novos, úteis para o
avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e inte-
resses universais.
Essa metodologia é a mais apropriada, segundo Richardson
et al. (1989), quando se procura explicar o funcionamento de
estruturas sociais, ou quando se propõe analisar um fenômeno
singular (Boudon, 1989), buscando verificar suas origens ou
razões. (RICHARDSON et al., 1989; BOUDON, 1989 apud
METODOLOGIA..., 2013)
É oportuno lembrar que o QVT é um tema complexo sob o ponto de
vista da compreensão e recente sob o ponto de vista da investigação (pesquisa).
4 Considerações Finais
Este artigo foi elaborado com o objetivo de descrever os principais
conceitos e ideias que melhor representassem o significado de Qualidade de
Vida no Trabalho (QVT) e, a partir desse conhecimento, propor no futuro um
estudo mais avançado para a criação de um modelo de QVT no departamen-
to de combate às endemias, mais especificamente a dengue, da Secretaria
Municipal de Saúde de Florianópolis.
A partir dessa abordagem, percebe-se que a qualidade de vida no
trabalho é um tema extremamente complexo e mais ainda quando avaliado
na prática. Para Bodstein (1997) e Rodrigues (1999), sempre houve uma
preocupação com a qualidade de vida do trabalhador, mesmo que superficial.
Na avaliação de Nadler e Lawler (1983 apud FERNANDES, 1996, p. 42),
Houve uma evolução do conceito de QVT. Mas, na prática não
foi equivalente, pois com o aumento da competitividade e a
globalização as empresas passaram a produzir mais e conseqüen-
temente a exigir mais qualidade nas tarefas executadas por parte
dos empregados, levando muitos deles a fadiga física e metal.
Segundo Matos (1996, p. 34),
196	 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica
Para se falar de qualidade de vida, temos que entrar no campo da
motivação humana, buscando descobrir quais as necessidades do
homem e o que aspira como realização de vida. A qualidade de
vida importa consciência individual e social sobre o significado
da vida para que o homem coloque sua força transformadora
em sua realização plena.
Porém, percebe-se que muitas empresas, ao implementarem a qualidade
de vida no trabalho, o fazem para reduzir os afastamentos e/os atestados, e
dessa forma aumentarem a produtividade.
Não dá para falar de qualidade total sem levar em conta a qualidade de
vida das pessoas. A qualidade de vida no trabalho não deve ser encarada como
uma forma de apregoar favores ao trabalhador, mas uma forma de interagir
o trabalhador e a empresa para o crescimento e desenvolvimento de ambos.
Percebe-se que muito precisa ser feito e entendido para que a QVT
tenha sucesso e não seja apenas um modismo.
O estudo da QVT mostra que, se aplicada de maneira sensata e sem
interesses particulares, todos tem a ganhar, pois, através da QVT, é possível
criar um vínculo estável e de companheirismo entre empregado e emprega-
dor, uma vez que nesta relação todos têm voz e vez, tornando o ambiente de
trabalho muito mais agradável.
Para Vieira (1990, p. 45), “[...] a QVT tem como objetivo central gerar
uma organização mais humanizada para resultar dela uma relação entre capital
e trabalho não conflitante, mas sim cooperativa.”
Um dos objetivos específicos deste artigo é o de obter conhecimento
suficiente para propor no futuro um estudo mais avançado para a criação de
um modelo de QVT no departamento de combate a endemias da Prefeitura
Municipal de Florianópolis, mais especificamente no setor de combate ao
mosquito Aedes aegypti, em que se percebe que a QVT não existe ou está
comprometida, já que, após um levantamento administrativo sobre os motivos
das faltas dos funcionários do setor, verificam-se afastamentos por problemas
de saúde, outros faltam constantemente por motivos injustificáveis, outros
com atestados médicos e/ou perícias médicas, outros readaptados e/ou se
encontram emocionalmente abalados.
Pretende-se, com este estudo, despertar a atenção e sensibilizar os ges-
tores públicos responsáveis pelo bem-estar dos funcionários para que possam
Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13	 197
Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira
tomar atitudes que viabilizem o estudo e a implantação da QVT nos serviços
públicos, pois estes são os que menos investem e se preocupam de fato com
o bem-estar dos seus colaboradores.
Referências
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198	 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13
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QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO, 1., 1998, São Paulo. Anais... São
Paulo: FEA/USP; FIA; PROPEG, 1998, p. 35-37.

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Volume 13-artigo09

  • 1. Qualidade de Vida no Trabalho: origem, evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica Aluno: Wilmar do Nascimento1 Orientador: Maurício Fernandes Pereira2 Tutora: Juliana Pereira3 Resumo Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é um assunto bastante corrente nos dias de hoje dentro e fora das empresas, mas nem sempre é tratada e aplicada de maneira adequada. Com o desenvolvimento de novas tecnolo- gias, disputa de mercado e a globalização, as empresas estão exigindo cada vez mais competências de seus funcionários e em troca proclamam uma qualidade de vida no traba- lho, que está muito distante do que realmente significa. Através de estudo teórico-bibliográ- fico, este artigo tem como objetivo principal descrever a origem, a evolução e os concei- tos da QVT, mostrando a sua importância e o que ela representa tanto para a empresa como para os funcionários, e que na prática é necessária muita vontade e disposição para sua efetivação. Pretende-se também, a partir deste artigo, propor um estudo mais avança- do para a elaboração de um modelo de quali- dade de vida no trabalho (QVT) no Departa- mento de Endemias da Secretaria de Saúde de Florianópolis, mais especificamente no setor de combate ao mosquito Aedes aegypti. Palavras-chave: Qualidade de vida no tra- balho. QVT. Evolução. Conceitos. Abstract Quality of Life at Work (QLW) is a talked over subject, actually, inside or outside in the com- panies, but it‘s not brushed and applied just way. Advent development of the new or right tech, the market contention and the globaliza- tion, the companies are calling for proficiency employers, but in return for sponsor a Quality of the Life at Work, that is far way than it’s. By way of theoretical-bibliographic work, this paper brings as main objective to describe the origin, the conceptions and the evolution of QLW, to show its importance and which its re- present much the company as employers, that practical is necessary much desire and frame of mind in fact. Too, This paper is a propose to advanced study for a kind of QLW, Ende- mic Disease Department of the Health Secre- tary, especially , on the section of the Fighting against Dengue Mosquito (Aedes aegypti), on Florianópolis (SC). Key words: Quality of work life. QWL. Evo- lution. Conceptions. 1 Graduado em Filosofia pela Fundação Educacional do Sul de Santa Catariana (1987). Especialização em Violência Doméstica contra Criança e Adolescente pelo Instituto de Psicologia/USP (1966). E-mail: wilestiva@gmail.com. 2 Pós-Doutor pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa (2010). E-mail: mpereira@cse.ufsc.br. 3 Especialista em Gestão de Pessoas nas Organizações e Bacharel em Administração pela Universidade Federal Santa Catarina (UFSC). E-mail: tutor26@cursoscad.ufsc.br.
  • 2. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 179 Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira 1 Introdução Com desenvolvimento contínuo das tecnologias e a globalização, as empresas estão preocupadas em produzir com qualidade, pois o mercado está cada vez mais exigente, competitivo e seletivo e quem não produz com qualidade acaba ficando fora dele. A qualidade dos produtos é influenciada pela capacitação, pelo treinamento e pela motivação dos funcionários. As exigências do mercado e a competitividade levaram as empresas a exigirem mais dos trabalhadores, e essa pressão trouxe consequências como o aumento dos acidentes de trabalho e/ou afastamento por motivo de saúde como estresse, depressão, entre outras. O bom desempenho de uma empresa também passa pela motivação de seus empregados, pelo reconhecimento e pela valorização por parte do empregador ou gestor, e isso envolve a qualidade de vida no trabalho, pois grande parte da sua vida o indivíduo passa dentro do ambiente de trabalho e, se esse ambiente não for favorável, ele acaba sucumbindo e não rendendo o esperado, o que compromete todo o processo de produção. O reconhecimento de que o bem-estar do trabalhador traz resultados positivos à empresa fez com que muitas delas começassem a se preocupar com o bem-estar dos seus trabalhadores, proporcionando a eles um ambiente melhor de trabalho, com mais conforto, segurança, etc. O serviço público não fica indiferente à evolução da qualidade de vida no trabalho; porém, verifica-se que, se dentro das empresas privadas já é difícil a implantação e manutenção da QVT, nas empresas públicas, essa dificuldade é ainda maior e mais complicada, pois percebe-se que dentro destas não há preocupação com a qualidade dos serviços prestados e muito menos com a QVT dos funcionários. A falta de qualidade nos serviços públicos e dos fun- cionários se deve, entre outros fatores, à troca constante de gestores, pois, a cada quatro anos, novas políticas são implantadas, mas sem continuidade. Alguns setores públicos fazem referência à importância da qualidade dos serviços, porém na prática essa preocupação é fictícia, já que se percebe que, na maioria dos setores, os ambientes e os materiais de trabalho não são favoráveis à execução dos serviços, sem contar a falta de funcionários devido a afastamentos por doenças, aposentadorias ou remanejamentos, levando outros funcionários a terem uma carga de trabalho excessiva. Para agravar ainda mais a situação, crescem de forma assustadora os serviços públicos
  • 3. 180 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica executados por firmas prestadoras de serviços, as quais, no que diz respeito à qualidade de vida no trabalho, são questionadas, a começar pelos salários e pelas condições de segurança. Portanto, o objetivo geral deste artigo é des- crever a evolução da qualidade de vida no trabalho. 2 Exposição do Tema: a origem e a evolução da quali- dade de vida no trabalho Segundo Rodrigues (1999) – com outros títulos e autores e em diferentes contextos, mas sempre voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem-estar ao trabalhador na execução de suas tarefas ­–, a qualidade de vida sempre foi objeto de preocupação da raça humana. Historicamente exemplificando, para a espécie humana o domínio de técnicas adequadas à produção do fogo, no período Neolítico, sem dúvida se traduziu como um enorme salto no que se refere à qualidade de vida. Com o fogo, o homem passou a se proteger do frio e dos predadores, além de poder cozinhar os alimentos. No período denominado como proto-história, a invenção da roda, cerca de 4.000 a.C., proporcionou a substituição dos antigos trenós por carros de duas e quatro rodas. Esse fato revolucionou a vida humana, pois facilitou não só a sua locomoção, mas também o transporte de cargas, e melhorou sua qualidade de vida. Os ensinamentos de Euclides de Alexandria (300 a.C.) sobre os princípios da geometria serviram de inspiração para a melhoria do método de trabalho dos agricultores à margem do Rio Nilo, assim como a Lei das Alavancas, de Arquimedes, formulada em 287 a.C, veio diminuir o esforço físico de muitos trabalhadores. A origem do movimento de qualidade de vida no trabalho remonta a 1950, com o surgimento da abordagem sociotécnica; porém, somente na década de 1960, tomaram impulso as iniciativas de cientistas sociais, líderes sindicais, empresários e governantes, na busca de melhores formas de organizar o trabalho a fim de minimizar os efeitos negativos do emprego na saúde e no bem-estar geral dos trabalhadores. (FERNANDES, 1996) Segundo Chiavenato (2004), o termo QVT foi cunhado por Louis Davis, na década de 1970, quando desenvolvia um projeto sobre desenho de cargos.
  • 4. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 181 Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira Para ele, o conceito de QVT refere-se à preocupação com o bem-estar geral e a saúde dos trabalhadores no desempenho de suas tarefas. Posteriormente, alguns autores europeus desenvolveram outras conceituações dentro da abor- dagem sociotécnica e da democracia industrial. Então, na década de 1970, surge um movimento pela qualidade de vida no trabalho, principalmente nos EUA, devido à preocupação com a competitividade internacional e ao grande sucesso dos estilos e das técnicas gerenciais dos programas de produtividade japonesa, centrada nos empregados. Existia uma tentativa de integrar os inte- resses dos empregados e empregadores através de práticas gerenciais capazes de reduzirem os conflitos. No século XX, muitos pesquisadores contribuíram para o estudo sobre a satisfação do indivíduo no trabalho. Entre eles destacam-se Helton Mayo, cujas pesquisas, conforme Ferreira, Reis e Pereira (1999), Hampton (1991) e Rodrigues (1999), são altamente relevantes para o estudo do comportamento humano, da motivação dos indivíduos para a obtenção das metas organiza- cionais e da Qualidade de Vida do Trabalhador, principalmente a partir das análises efetuadas na Western Eletric Company (Hawthorne, Chicago) no início da década de 1920, que culminaram com a escola de Relações Humanas. Com o advento da globalização, as empresas têm sido pressionadas por acirrada disputa de mercado. Nesse contexto, uma organização deve ser compreendida como “[...] unidade social artificialmente criada e estruturada, continuadamente alterada para se manter no tempo, e com a função de atingir metas específicas que satisfaçam as necessidades de seus participantes e da sociedade.” (ETZIONI, 1981, p. 7) Segundo Garvin (1992, p. 25), nesse momento, [...] pela primeira vez, altos executivos, em nível de presidência e alta diretoria, expressam interesse na qualidade, ligando-a com lucratividade, definindo-a do ponto de vista do cliente e requerendo sua inclusão no processo de planejamento estratégico. Dentro deste contexto muitas empresas – brasileiras e internacionais – passaram a introduzir “[...] os sistemas participativos de gestão com o objetivo principal de aumentar a produtividade e apoiar os programas de qualidade, mas não visando realmente à participação dos empregados, conforme se ve- rifica nas pesquisas do [...]” Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Inovação e
  • 5. 182 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica Trabalho da Universidade Federal de Santa Catarina (NINEIT). (RELATÓRIO..., 1998 apud MONACO; GUIMARÃES, 2000, p. 70) Seguindo esse contexto, Albuquerque e França (1998, p. 40) descrevem: O ambiente empresarial brasileiro vem se tornando intensamente competitivo em virtude das profundas mudanças que vêm ocor- rendo na economia mundial, nas relações sociais e políticas, na tecnologia, na organização produtiva, nas relações de trabalho e na própria inserção do elemento humano no tecido social e produtivo. Ainda segundo os autores, especificamente tratando-se do Brasil: Essas transformações assumiram expressão maior em conseqüên- cia da abertura abrupta da economia, das implementações dos programas de estabilização monetária e das reformas constitucio- nais, visando à redução e à reorientação do papel do Estado na economia. (ALBUQUERQUE; FRANÇA, 1998, p. 40) Para encarar todos esses desafios, muitas empresas brasileiras estão implantando Programas de Qualidade no Trabalho (PQT). O PQT é uma técnica de administração aperfeiçoada no Japão, a partir de ideias americanas ali introduzidas logo após a Segunda Guerra Mundial. Garvin (1992) descreve o desenvolvimento da qualidade em quatro eras, divididas na fase da inspeção formal, do controle estatístico do processo, da garantia da qualidade e da gestão estratégica da qualidade. Para Campos (1989, p. 13), o programa de qualidade total: [...] é baseado em elementos de várias fontes: emprega o método cartesiano, aproveita muito do trabalho de Taylor, utiliza o controle estatístico de processo, adota os conceitos sobre comportamento humano lançado por Maslow e aproveita todo o conhecimento ocidental sobre a qualidade, principalmente o trabalho de Juran.
  • 6. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 183 Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira 2.1 Conceitos de Qualidade deVida noTrabalho Hoje se fala muito em qualidade total e isso remete a outro tema que é a qualidade de vida no trabalho como forma de se obter a qualidade total. Para maior entendimento da importância da qualidade de vida no trabalho tanto para o empregado quanto para o empregador, pretende-se a seguir descrever os principais conceitos e ideias sobre qualidade de vida no trabalho (QVT). Conforme França (1997, p. 80): Qualidade de vida no trabalho (QVT) é o conjunto de ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho. A construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha a empresa e as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial. O posicionamento biopsicossocial representa o fator diferencial para a realização de diagnóstico, campanhas, criação de serviços e implantação de projetos voltados para a preservação e desenvolvimento das pessoas durante o trabalho na empresa. A autora ainda esclarece que “[...] a origem do conceito vem da medici- na psicossomática que propõe uma visão integrada, holística do ser humano, em oposição à abordagem cartesiana que divide o ser humano em partes.” (FRANÇA, 1997, p. 80) E conclui, ao afirmar que, No campo do trabalho esta abordagem pode ser associada à ética da condição humana. Esta ética busca desde a identifica- ção, eliminação, neutralização ou controle de riscos ocupacionais observáveis no ambiente físico, padrões de relações de trabalho, carga física e mental requerida para cada atividade, implicações políticas e ideológicas, dinâmica da liderança empresarial e do poder formal até o significado do trabalho em si, relacionamento e satisfação no trabalho. (FRANÇA, 1997, p. 80) Para Maximiano (2000, p. 498), “[...] a QVT baseia-se em uma visão integral das pessoas, que é o chamado enfoque biopsicossocial. O enfoque biopsicossocial das pessoas origina-se da medicina psicossomática, que propõe a visão integrada, ou holística, do ser humano.”
  • 7. 184 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica Segundo Vasconcelos (2001, p. 25), “[...] a construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha a empresa e as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial.” Davis e Newstrom (2001, p. 146) definem: Por qualidade de vida no trabalho (QVT) queremos dizer os pontos favoráveis e desfavoráveis de um ambiente de trabalho para as pessoas. A proposta básica é desenvolver ambientes de trabalho que sejam tão bons para as pessoas como para a saúde econômica da organização. Percebe-se que a QVT procura criar uma relação harmoniosa entre empregado e empregador através de um ambiente humanizado que seja bom para o empregado e para o empregador. Para Chiavenato (2004, p. 448), “[...] a organização que quiser atender bem o cliente externo, ela não poderá se esquecer de atender bem o cliente interno.” Mais uma vez percebe-se que a gestão da qualidade total nas or- ganizações depende, fundamentalmente, do aproveitamento do potencial humano, e isso, por conseguinte, depende de quão bem as pessoas se sentem trabalhando na organização. A definição de QVT, adotada por França e Zaima (2002, p. 406), diz que: “[...] é o conjunto das ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho.” Para Vieira (1990, p. 45), “[...] a QVT tem como objetivo central gerar uma organização mais humanizada para resultar dela uma relação entre o capital e trabalho não conflitante, mas sim cooperativa.” Percebe-se, através dos conceitos de QVT, que o foco é o bem-estar do funcionário, isto é, o empregado precisa se sentir seguro e tranquilo durante o desempenho das suas atividades. Isso é reforçado por Quirino e Xavier (1987, p. 71-82), quando descrevem que [...] a expressão QVT representa uma ligação direta com as con- dições em que trabalham os empregados de uma empresa e com a satisfação das necessidades do homem levando-se em conside- ração os aspectos de satisfação no cargo e trabalho humanizado.
  • 8. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 185 Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira Ainda segundo Quirino e Xavier (1987), a QVT pode ser avaliada de duas maneiras dentro de uma organização: de maneira objetiva, avaliando a mensuração das condições materiais (disponibilidade de equipamentos, tecnologia, padrões de salários e benefícios, ambiente físico, entre outras); ou de maneira subjetiva que investigaria a percepção dos trabalhadores sobre as condições objetivas, avaliando-as em satisfatórias ou não satisfatórias. Para Albuquerque e França (1998, p. 41), A Qualidade de Vida no Trabalho é um conjunto de ações de uma empresa que envolve diagnóstico e implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais, dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas de desenvolvimento humano na realização do seu ofício. O desenvolvimento de novas tecnologias obriga as empresas a traba- lharem com mão de obra cada vez mais especializada, exigindo funcionários cada vez mais qualificados, treinados e em constante capacitação, por outro lado, elas oferecem melhores condições de trabalho e até salário. Essas cons- tantes inovações tecnológicas fizeram também evoluir os conceitos do QVT, que são descrias por Nadler e Lawler (1983 apud FERNANDES, 1996, p. 42), conforme a Tabela 1. Tabela 1: Evolução do conceito de QVT Concepções Evolutivas do QVT Características ou Visão 1. QVT como uma variável (1959 a 1972) Reação do indivíduo ao trabalho. Investigava-se como melhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo. 2. QVT como uma abordagem (1969 a 1974) O foco era o indivíduo antes do resultado orga- nizacional; mas, ao mesmo tempo, buscava-se trazer melhorias tanto ao empregado como à di- reção. Fonte: Nadler e Lawler (1983 apud FERNANDES, 1996, p. 42)
  • 9. 186 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica Concepções Evolutivas do QVT Características ou Visão 3. QVT como um método (1972 a 1975) Um conjunto de abordagens, métodos ou técni- cas para melhorar o ambiente de trabalho e tor- nar o trabalho mais produtivo e mais satisfatório. QVT era vista como sinônimo de grupos autô- nomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas com integração social e técnica. 4. QVT como um movimento (1975 a 1980) Declaração ideológica sobre a natureza do tra- balho e as relações dos trabalhadores com a organização. Os termos “administração partici- pativa” e “democracia industrial” eram freqüen- temente ditos como ideais do movimento de QVT. 5. QVT como tudo (1979 a 1982) Como panaceia contra a competição estran- geira, problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade, problemas de queixas e outros problemas organizacionais. 6. QVT como nada (futuro) No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro, não passará de um “modismo” passa- geiro. Fonte: Nadler e Lawler (1983 apud FERNANDES, 1996, p. 42) Apesar da evolução do QVT e das inovações tecnológicas, percebe-se que o ser humano continua a passar grande parte do seu tempo trabalhando e se capacitando cada vez mais para manter-se no mercado de trabalho. Isso provoca a reflexão sobre desafio imaginado pelos idealizadores do QVT, que é torná-la uma ferramenta gerencial efetiva e não apenas mais um modismo, que como tantos outros que vêm e vão. E esse desafio torna-se mais instigante neste momento em que o empregado se vê envolvido numa rotina diária cada vez mais desgastante e massacrante. Na visão de Veiga (2000), após os sucessivos processos de downsizing, reestruturação e reengenharia que marcaram toda a década de 1990, nota-se atualmente que as pessoas têm trabalhado cada vez mais, e, por extensão, têm tido menos tempo para si mesmas. Handy (1995, p. 25), com base nessa realidade, declarou que:
  • 10. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 187 Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira O problema começou quando transformamos o tempo em uma mercadoria, quando compramos o tempo das pessoas em nossas empresas em vez de comprar a produção. Quanto mais tempo você vende, nessas condições, mais dinheiro fará. Então, há uma troca inevitável entre o tempo e o dinheiro. As empresas, por sua vez, tornam-se exigentes. Querem menos tempo das pessoas que eles pagam por hora, porém mais das pessoas que pagam por ano, porque, no último caso, cada hora extra durante o ano é gratuita. Limongi (1995 apud VASCONCELOS, 2001, p. 25) e Albuquerque e França (1997 apud VASCONCELOS, 2001, p. 25) “[...] consideram que a sociedade vive novos paradigmas de modos de vida dentro e fora da empresa, gerando, em consequência, novos valores e demandas de Qualidade de Vida no Trabalho” e que para ajudar a suprir e entender essas demandas é necessá- ria a interação de outras áreas do conhecimento, tais como: Saúde, Ecologia, Ergonomia, Psicologia, Sociologia, Economia, Administração e Engenharia. Walton (1973 apud RODRIGUES, 1999, p. 81) considera que [...] a expressão Qualidade de Vida tem sido usada com crescente freqüência para descrever certos valores ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico. Walton (1973 apud FERNANDES, 1996, p. 48) propôs oito categorias conceituais, incluindo critérios de QVT para conceituar qualidade de vida no trabalho (Tabela 2).
  • 11. 188 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica Tabela 2: Categorias conceituais de qualidade de vida no trabalho (QVT) Critérios Indicadores QVT 1. Compensação justa e adequada Equidade interna e externa Justiça na compensação Partilha de ganhos de produtividade 2. Condições de trabalho Jornada de trabalho razoável Ambiente físico seguro e saudável Ausência de insalubridade 3. Uso e desenvolvimento de capacidades Autonomia Auto-controle relativo Qualidades múltiplas Informações sobre o processo total do trabalho 4. Oportunidade de crescimento e segurança Possibilidade de carreira Crescimento pessoal Perspectiva de avanço salarial Segurança de emprego 5. Integração social na organização Ausência de preconceitos Igualdade Mobilidade Relacionamento Senso Comunitário 6. Constitucionalismo Direitos de proteção ao trabalhador Privacidade pessoal Liberdade de expressão Tratamento imparcial Direitos trabalhistas 7.Trabalho e espaço total de vida Papel balanceado do trabalho na vida pessoal Papel balanceado no trabalho Estabilidade de horários Poucas mudanças geográficas Tempo para lazer da família 8. Relevância social do trabalho na vida Imagem da empresa Responsabilidade social da empresa Responsabilidade pelos produtos Práticas de emprego Fonte: Walton (1973 apud FERNANDES, 1996, p. 48) Com base na Tabela 2, pode-se destacar a importância dos critérios uti- lizados pelos autores para avaliar a qualidade de vida total no trabalho, como:
  • 12. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 189 Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira a) compensação justa e adequada – é remuneração justa pelo traba- lho executado, o respeito à equidade interna (comparação com os colegas) e equidade externa (mercado de trabalho); b) condição de trabalho envolve a jornada e carga de trabalho e os meios oferecidos para o desenvolvimento dos serviços: equipamento de segurança, equipamentos adequados para o trabalho; c) uso e desenvolvimento de capacidades implicam condições para aproveitamento da capacidade humana e intelectual; d) oportunidade de crescimento e segurança – consiste em oferecer condições de crescimento e segurança, isto é, plano de carreira pessoal e estabilidade; e) integração social na organização – destaca a igualdade independen- temente da orientação sexual, classe social, idade, etc.; f) constitucionalismo – serve para medir o respeito aos direitos do trabalhador e o cumprimento às leis trabalhistas; g) trabalho e o Espaço Total da Vida – serve para avaliar o equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho; h) relevância do Trabalho na Vida – avalia a observação do empregado em relação à imagem da empresa com a responsabilidade social na comunidade e a qualidade do serviço prestado. Para Bom Sucesso (1998), pode-se dizer, de maneira geral, que a qua- lidade de vida no trabalho abrange: a) renda capaz de satisfazer as expectativas pessoais e sociais; b) orgulho pelo trabalho realizado; c) vida emocional satisfatória; d) autoestima; e) imagem da empresa/instituição junto à opinião pública; f) equilíbrio entre trabalho e lazer; g) horários e condições de trabalho sensato; h) oportunidades e perspectivas de carreira; i) possibilidade de uso do potencial; j) respeito aos direitos; e k) justiça nas recompensas.
  • 13. 190 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica Para Silva e De Marchi (1997), a adoção de programas de qualidade de vida e promoção da saúde proporcionaria ao indivíduo maior resistência ao estresse, maior estabilidade emocional, maior motivação, maior eficiência no trabalho, melhor autoimagem e melhor relacionamento. Por outro lado, as empresas seriam beneficiadas com uma força de trabalho mais saudável, menor absenteísmo/rotatividade, menor número de acidentes, menor custo de saúde assistencial, maior produtividade, melhor imagem e, por último, um melhor ambiente de trabalho. 2.2 Qualidade de Vida no Trabalho: teoria versus Prá- tica Ao se avaliarem os conceitos sobre o que é qualidade de vida no traba- lho, percebe-se que entre a teoria e a prática existe um abismo. Essa avaliação é feita também pelo Professor Lindolfo Galvão de Albu- querque, da FEA/USP (LIMONGI-FRANÇA; ASSIS, 1995, p. 28): [...] existe uma grande distância entre o discurso e a prática. Filosoficamente, todo mundo acha importante a implantação de programas de QVT, mas na prática prevalece o imediatismo e os investimentos de médio e longo prazos são esquecidos. Tudo está por fazer. A maioria dos programas de QVT tem origem nas atividades de segurança e saúde no trabalhado e muitos nem sequer se associam a programas de qualidade total ou de me- lhoria do clima organizacional. QVT só faz sentido quando deixa de ser restrita a programas internos de saúde ou lazer e passa a ser discutida num sentido mais amplo, incluindo qualidade das relações de trabalho e suas conseqüências na saúde das pessoas e da organização. E o professor ainda acrescenta, de acordo com Limongi-França e Assis (1995, p. 29): QVT é uma evolução da Qualidade Total. É o último elo da ca- deia. Não dá para falar em Qualidade Total se não se abranger a qualidade de vida das pessoas no trabalho. O esforço que tem que se desenvolver é de conscientização e preparação para uma
  • 14. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 191 Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira postura de qualidade em todos os sentidos. É necessária a coe- rência em todos os enfoques. QVT significa condições adequadas e os desafios de respeitar e ser respeitado como profissional. O trabalho focado e em serviço social e saúde é muito imediatista. É necessário colocar a QVT num contexto mais intelectual, não só concreto e imediato. O excesso de pragmatismo leva ao redu- cionismo. QVT deve estar num contexto mais amplo de qualidade e de gestão. A gestão das pessoas deve incluir esta preocupação. Refletindo sobre o que foi descrito até o momento sobre o que representa a QVT, nota-se que os autores descrevem muito bem sobre a importância de um PQT e do QVT. Os conceitos sobre o que é o QVT são muito abrangentes e mostram que a implantação de um programa de QVT depende da compre- ensão e dos esforços de todos os envolvidos. Para que a QVT tenha sucesso, é necessário que ela ultrapasse a fronteira da empresa. Não se pode pensar que, concedendo um ambiente favorável para o trabalhador dentro da empresa, o restante estará resolvido. Por outro lado, percebe-se que a falta do conhecimento sobre a impor- tância do QVT e da sua aplicação tem dificultado o seu sucesso. Isso se explica pelo fato de muitos gestores pensarem que se perde muito tempo e dinheiro para implantação e manutenção da QVT. Eles preferem investir em tecnologias para terem um retorno rápido, esquecendo-se de que quem opera a máquina pode não estar dando tudo de si por não estar num ambiente favorável ou por não estar motivado. É notável que o investimento em QVT traz retorno de produtividade, qualidade e consequentemente financeiro. Segundo Fernandes (1996, p. 38-39), Apesar de toda a badalação em cima das novas tecnologias de produção, ferramentas de Qualidade etc., é fato facilmente constatável que mais e mais trabalhadores se queixam de uma rotina de trabalho, de uma subutilização de suas potencialida- des e talentos, e de condições de trabalho inadequadas. Estes problemas ligados à insatisfação no trabalho têm conseqüências que geram um aumento do absenteísmo, uma diminuição do rendimento, uma rotatividade de mão-de-obra mais elevada, reclamações e greves mais numerosas, tendo um efeito marcante sobre a saúde metal e física dos trabalhadores, e em decorrência na rentabilidade empresarial.
  • 15. 192 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica Nos dias atuais, percebe-se que o trabalho deixou de ser algo prazeroso para se tornar algo angustiante e até mesmo deprimente, e isso se deve à modernidade, à globalização e ao mercado competitivo, pois as empresas, em busca de produção com qualidade, pregoam benefícios aos empregados, que, iludidos por esses benesses, acabam se tornando viciados em trabalho. Isso remete a outro contexto, que é a ética do workaholic, a qual, de acordo com Caldas, [...] não é a de trabalhar para viver, mas viver para trabalhar. Para o workaholic, sua carreira é sua vida, seu culto. E o culto da carreira, que rege sua obsessão, é guiado pela Deusa do Sucesso. Ele reza as receitas de profetas, gurus e “gente bem-sucedida”: ele adora heróis empresariais, venera seus símbolos e prega suas palavras e ações com fervor, como se fossem verdades universais, como se todos devessem conhecer seu evangelho. (CALDAS, 1998, p. 33) Caldas (1998, p. 33) ainda continua: Mas como o sucesso é um destino hipotético, a carreira moder- na e a obsessão do workaholic é uma corrida que não tem fim, nem ponto de chegada, nem vencedores. [...] Ser workaholic é, em essência, ser moderno. Admira-se o indivíduo obcecado por trabalho, como se isto fosse certo e preciso. Como se ele soubesse aonde vai, ou para quê. Como se ele refletisse sobre seu destino, ou sobre seu caminho. [...] Em nossa ânsia de “não ficar para trás”, cada vez mais nos movemos mais rápidos, e cada vez mais de forma menos reflexiva: passamos da emoção à ação, sem a mediação da razão, do pensamento. Corremos tanto que os de- talhes nos escapam, como as nuances entre o certo e o errado, entre o saudável e o doentio, entre o urgente e o necessário. Para Wood Jr. (1998), a maioria dos workaholics não percebe o aspecto patológico de sua conduta. O autor os trata de “mestres da racionalização”. Eles são obcecados pelo que fazem e não conseguem fazer outra coisa, mesmo quando estão fora do horário de trabalho. Toda a sua vida está focada na empresa e ele remete isso aos demais funcionários, exigindo, quando em cargo superior, que estes compartilhem da sua ideia, levando muitos empregados ao estresse, à depressão ou até mesmo à demissão.
  • 16. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 193 Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira O mundo da globalização aumentou a competitividade, exigindo que a pessoa seja cada vez mais qualificada, ou seja, “a melhor”, e isso está fa- zendo com que ela busque constantemente atualização e capacitação para se manter ou se colocar no mercado de trabalho e consequentemente ter uma boa remuneração. Assim, o indivíduo percebe que isso virou um ciclo vicioso, pois as tecnologias mudam muito e, ao tentar acompanhar essas mudanças, acaba esquecendo de viver outras realidades e consequentemente perdendo qualidade de vida. Isso leva a refletir quando De Masi (2000, p. 330) indaga por que: O atual desenvolvimento técnico não é acompanhado de um avanço semelhante na convivência civil e na felicidade humana; como e por que milhões de trabalhadores, embora libertados do embrutecimento físico, dotados de máquinas portentosas, encar- regados de deveres intelectuais por vezes até agradáveis e bem pagos vivem numa condição estressante e insuportável; como e por que a conquista da precisão transformou-se em idéia fixa da pontualidade, da produtividade a todo custo, da competitivida- de, dos prazos, dos controles, das avaliações, dos confrontos; e, como e por que o progresso material não se traduziu em melhor qualidade de vida, enfim, a resposta está na mentalidade de dirigentes interessados apenas nas glórias passageiras. E o autor continua: Eles desumanizam as organizações que dirigem. Eles não são efetivamente agentes do progresso humano; estão muito longe disso. Sua conduta auto-crática e tacanha não permite vislumbrar as finalidades nobres do trabalho. E cedo ou tarde eles são traga- dos pelo próprio monstro que geraram. (DE MASI, 2000, p. 330) Essas leituras mostram que o desenvolvimento de tecnologias e a globalização fizeram com que as pessoas se envolvessem demais com o seu trabalho ao ponto de muitos se esquecerem de sua vida familiar e do lazer, tudo em nome de sucesso e/ou garantia do emprego, pensando com isso ter melhor qualidade de vida. Porém, não percebem que isso é ilusório, pois, junto com o sucesso profissional, muitas vezes vêm o estresse, a depressão e a necessidade de trabalhar cada vez mais para manter o status quo.
  • 17. 194 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica 3 Metodologia Todo trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Exis- tem, porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta. (FONSECA, 2002) Conforme Salomon (2004), a pesquisa bibliográfica fundamenta-se em conhecimentos proporcionados pela Biblioteconomia e pela Documentação, entre outras ciências e técnicas empregadas de forma metódica envolvendo a identificação, localização e obtenção da informação, fichamento e redação do trabalho científico. Esse processo solicita uma busca planejada de informações bibliográficas para elaborar e documentar um trabalho de pesquisa científica. Assim, de acordo Salomon (2004), pode-se dividir a pesquisa biblio- gráfica em três fases: a) Fase da preparação: compreende identificação, localização, fichamento e obtenção da informação. b) Fase de realização: abrange a realização do fichamento do docu- mento localizado e obtido que, após o procedimento da leitura, será selecionado definitivamente para a elaboração da redação do trabalho científico. c) Fase da comunicação: conforme El-Guindy (2004, p. 79), “A co- municação é a coroação do trabalho de investigação científica, e ao mesmo tempo, o momento de maior realização do pesquisador.” Nessa etapa dar-se-á a redação do trabalho científico por meio do produto científico já determinado de acordo com os propósitos da pesquisa. O procedimento de obtenção dos dados para a elaboração deste artigo foi através de fontes secundárias, tais como livros, artigos, usando-se a pesqui- sa bibliográfica. Esse tipo de pesquisa é feito com base no levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de websites. Essa pesquisa está dividida em três fases: preparação (leitura e seleção do material bibliográfico; elaboração (organização do material lido); e co- municação (considerações e encaminhamentos acerca do tema em estudo).
  • 18. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 195 Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira Quanto à natureza da pesquisa, ela é definida como básica, pois o objetivo desse tipo de pesquisa é gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e inte- resses universais. Essa metodologia é a mais apropriada, segundo Richardson et al. (1989), quando se procura explicar o funcionamento de estruturas sociais, ou quando se propõe analisar um fenômeno singular (Boudon, 1989), buscando verificar suas origens ou razões. (RICHARDSON et al., 1989; BOUDON, 1989 apud METODOLOGIA..., 2013) É oportuno lembrar que o QVT é um tema complexo sob o ponto de vista da compreensão e recente sob o ponto de vista da investigação (pesquisa). 4 Considerações Finais Este artigo foi elaborado com o objetivo de descrever os principais conceitos e ideias que melhor representassem o significado de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e, a partir desse conhecimento, propor no futuro um estudo mais avançado para a criação de um modelo de QVT no departamen- to de combate às endemias, mais especificamente a dengue, da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis. A partir dessa abordagem, percebe-se que a qualidade de vida no trabalho é um tema extremamente complexo e mais ainda quando avaliado na prática. Para Bodstein (1997) e Rodrigues (1999), sempre houve uma preocupação com a qualidade de vida do trabalhador, mesmo que superficial. Na avaliação de Nadler e Lawler (1983 apud FERNANDES, 1996, p. 42), Houve uma evolução do conceito de QVT. Mas, na prática não foi equivalente, pois com o aumento da competitividade e a globalização as empresas passaram a produzir mais e conseqüen- temente a exigir mais qualidade nas tarefas executadas por parte dos empregados, levando muitos deles a fadiga física e metal. Segundo Matos (1996, p. 34),
  • 19. 196 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica Para se falar de qualidade de vida, temos que entrar no campo da motivação humana, buscando descobrir quais as necessidades do homem e o que aspira como realização de vida. A qualidade de vida importa consciência individual e social sobre o significado da vida para que o homem coloque sua força transformadora em sua realização plena. Porém, percebe-se que muitas empresas, ao implementarem a qualidade de vida no trabalho, o fazem para reduzir os afastamentos e/os atestados, e dessa forma aumentarem a produtividade. Não dá para falar de qualidade total sem levar em conta a qualidade de vida das pessoas. A qualidade de vida no trabalho não deve ser encarada como uma forma de apregoar favores ao trabalhador, mas uma forma de interagir o trabalhador e a empresa para o crescimento e desenvolvimento de ambos. Percebe-se que muito precisa ser feito e entendido para que a QVT tenha sucesso e não seja apenas um modismo. O estudo da QVT mostra que, se aplicada de maneira sensata e sem interesses particulares, todos tem a ganhar, pois, através da QVT, é possível criar um vínculo estável e de companheirismo entre empregado e emprega- dor, uma vez que nesta relação todos têm voz e vez, tornando o ambiente de trabalho muito mais agradável. Para Vieira (1990, p. 45), “[...] a QVT tem como objetivo central gerar uma organização mais humanizada para resultar dela uma relação entre capital e trabalho não conflitante, mas sim cooperativa.” Um dos objetivos específicos deste artigo é o de obter conhecimento suficiente para propor no futuro um estudo mais avançado para a criação de um modelo de QVT no departamento de combate a endemias da Prefeitura Municipal de Florianópolis, mais especificamente no setor de combate ao mosquito Aedes aegypti, em que se percebe que a QVT não existe ou está comprometida, já que, após um levantamento administrativo sobre os motivos das faltas dos funcionários do setor, verificam-se afastamentos por problemas de saúde, outros faltam constantemente por motivos injustificáveis, outros com atestados médicos e/ou perícias médicas, outros readaptados e/ou se encontram emocionalmente abalados. Pretende-se, com este estudo, despertar a atenção e sensibilizar os ges- tores públicos responsáveis pelo bem-estar dos funcionários para que possam
  • 20. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 197 Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira tomar atitudes que viabilizem o estudo e a implantação da QVT nos serviços públicos, pois estes são os que menos investem e se preocupam de fato com o bem-estar dos seus colaboradores. Referências ALBUQUERQUE, L. G. de; FRANÇA, A. C. L. Estratégias de recursos humanos e gestão da qualidade de vida no trabalho: o stress e a expansão do conceito de qualidade total. Revista de Administração, São Paulo, v. 33, n. 2, p. 40-51, abr.-jun. 1998. BODSTEIN, R. C. A. A cidadania e modernidade: emergência da questão social na agenda pública. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 185-204, 1997. BOM SUCESSO, E. P. Trabalho e qualidade de vida. Rio de Janeiro: Qualitymark; Dunya, 1998. CALDAS, Miguel P. O fascínio do stress e a modernidade do workalolic. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE GESTÃO DE COMPETÊNCIAS EM QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO, 1., 1998, São Paulo. Anais... São Paulo: FEA/USP, FIA, PROPEG, 1998, p. 31-34. CAMPOS, V. F. Gerência da qualidade total: estratégia para aumentar a competitividade da empresa brasileira. Belo Horizonte: Fundação Cristiano Ottoni, 1989. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. Rio de janeiro: Elsevier, 2004. DAVIS, Keith; NEWSTROM, John W. Comportamento humano no trabalho: uma abordagem organizacional. São Paulo: Pioneira TL, 2001. DE MASI, Domenico. O futuro do trabalhado: fadiga e ócio na sociedade pós-industrial. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio; Brasília: Editora da UNB, 2000.
  • 21. 198 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica EL-GUINDY, M. M. Metodologia e ética na pesquisa científica. São Paulo: Santos, 2004. ETZIONI, A. Sociologia industrial: o estudo das organizações econômicas. São Paulo: Atlas, 1981. FERNANDES, Eda. Qualidade de vida no trabalho: como medir para melhorar. Salvador: Casa da Qualidade, 1996. FERREIRA, A. Antônio; REIS, Ana C. F.; PEREIRA, Maria I. Gestão empresarial de Taylor aos nossos dias: evolução e tendências da moderna administração. São Paulo: Pioneira, 1999. FRANÇA, A. C. L. Qualidade de vida no trabalho: conceitos, abordagens, inovações e desafios nas empresas brasileiras. Revista brasileira de medicina psicossomática, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 79-80, abr.-mai.-jun. 1997. FRANÇA, A. C. L.; ZAIMA, Gustavo. Gestão de qualidade de vida no trabalho: GQVT. In: BOOG, Gustavo; BOOG, Magdalena. (Coord.) Manual de gestão de pessoas e equipes: estratégias e tendências. São Paulo: Gente, 2002. FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. (Apostila). GARVIN, D. A. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992. HAMPTON, David R. Administração: processos administrativos. São Paulo: McGrand-Hill, 1991. HANDY, Charles. A era do paradoxo: dando um sentido para o futuro. São Paulo: Makron Books, 1995.
  • 22. Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 199 Wilmar do Nascimento # Maurício Fernandes Pereira # Juliana Pereira LIMONGI-FRANÇA, A. C.; ASSIS, M. P. Projetos de qualidade de vida no trabalho: caminhos percorridos e desafios. RAE Light, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 26-32, mar./abr. 1995. MATOS, F. G. de. Empresa feliz. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1996. MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Teoria geral da administração: da escola científica à competitividade na economia globalizada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. METODOLOGIA. [2013]. Disponível em: <http://www.eps.ufsc.br/disserta98/ marcia/cap3.htm>. Acesso em: 30 jul. 2013. MONACO, Felipe de Faria; GUIMARÃES, Valeska Nahas. Gestão da qualidade total e qualidade de vida no trabalho: o caso da gerência de administração dos Correios. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 4, n. 3, p. 67-88, set.-dez. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rac/v4n3/ v4n3a05.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2013. QUIRINO, T. R.; XAVIER, O. Qualidade de vida no trabalho de organização de pesquisa. Revista de Administração, São Paulo, v. 22, n. 1, p. 71-82, jan. 1987. RODRIGUES, M. V. C. Qualidade de vida no trabalho: evolução e análise no nível gerencial. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. 11. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004. SILVA, M. A. D. da; DE MARCHI, Ricardo. Saúde e qualidade de vida no trabalho. São Paulo: Best Seller, 1997. VASCONCELOS, Anselmo Ferreira. Qualidade de vida no trabalho: origem, evolução e perspectivas. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 23-35, jan.-mar. 2001.
  • 23. 200 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 13 Qualidade deVida no Trabalho:origem,evolução e conceitos – uma revisão bibliográfica VEIGA, Aida. Tempos modernos. Veja, São Paulo: Abril, edição 1643, ano 33, n. 34, p. 122-129, 2000. VIEIRA, D. F. V. B. Qualidade de vida no trabalho dos enfermeiros do Hospital de Ensino. 246 p. 1990. Dissertação (Mestrado em Administração). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1990. WALTON, R. E. Quality of working life: what is it? Sloan Management Review, Cambridge, v. 15, n. 1, p. 11-21, 1973. WOOD JR., Thomaz. Organizações dramáticas e o fascínio do stress. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE GESTÃO DE COMPETÊNCIAS EM QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO, 1., 1998, São Paulo. Anais... São Paulo: FEA/USP; FIA; PROPEG, 1998, p. 35-37.