Este estudo inventariou as aves de duas áreas de Caatinga na bacia do rio Salitre, Bahia. Foram amostradas espécies em uma área no baixo curso do rio durante estações secas e chuvosas, e em outra área no alto curso durante as mesmas estações. O objetivo foi analisar a composição, estrutura trófica, uso de hábitat e sensibilidade às perturbações humanas das comunidades de aves nestas áreas.
Universidade Empreendedora como uma Plataforma para o Bem comum
Livro de resumos do XIII SEMIC/UEFS 2009.
1.
2. i
ORGANIZAÇÃO
Prof. Dr. José Carlos Barreto de Santana
Reitor
Prof. Dr. Washington Almeida Moura
Vice-Reitor
Profa. Dra. Marluce Maria Araújo Assis
Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-graduação
Prof. Dra. Norma Lucia Fernandes de Almeida
Coordenadora de Iniciação Cientifica
Profa. Dra. Acácia Batista Dias
Coordenadora de Pesquisa
Prof. Dr. Cláudio Cledson Novais
Coordenador de Pós-Graduação
Clécia Santana de Oliveira
Wesley Pereira Mota
Débora Queite Leal Siqueira
Flavius Almeida Lira
Secretaria de Pesquisa e Iniciação Cientifica
Alzilene de Andrade Lima
Diego Emanoel Sousa Gonçalves
Janecleide Nascimento Santos Silva
Secretaria de Pós-Graduação
Dilma Pacheco de Oliveira
Edlene Rizério Falcão
Vilânia Maria Santana da Silva
Secretaria da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
3. ii
Comitê Organizador do XIII SEMIC
Profa. Dra. Norma Lucia F. de Almeida
(Departamento de Letras e Artes)
Profa. Dra. Acácia Batista Dias
(Departamento de Ciências Humanas e Filosofia)
Prof. Dr. Alexandre Manoel de M. Carvalho
(Departamento de Física)
Prof. Dr. Antonio Azeredo
(Departamento de Saúde)
Prof. Dr. Antonio Roberto Seixas da Cruz
(Departamento de Educação)
Prof. Dr. Ardemiro Barros
(Departamento de Exatas)
Prof. Dr. Edna Maria de Araújo
(Departamento de Saúde)
Profa. Dra. Eliana Sandra Pitombo Teixeira
(Departamento de Letras)
Profa. Dra. Cristina Maria Rodrigues
(Departamento de Tecnologia)
Prof. Dr. Francisco de Assis Ribeiro Santos
(Departamento de Biologia)
Profa. Dra. Gracinete Bastos de Souza
(Departamento de Ciências Exatas)
Prof. Dr. Germano Pinto Guedes
(Departamento de Física)
Profa. Dra. Hely Cabral
(Departamento de Letras)
Prof. Dr. Lenaldo Muniz de Oliveira
(Departamento de Ciências Biológicas)
Profa. Dra. Lílian Miranda Bastos Pacheco
(Departamento de Educação)
Profa. Dra. Lucilene Reginaldo
(Departamento de Ciências Humanas e Filosofia)
Profa. Dra. Michele Fulvia
(Departamento de Tecnologia)
Prof. Dr. Nilo Rosa
(Departamento de Ciências Sociais Aplicadas)
Prof.Dr. Edinusia M. Carneiro Santos
(Departamento de Ciências Humanas e Filosofia)
Profa. Dra Ana Rita Duarte Guimarães
(Departamento de Saúde)
Profa. Dra Maria Lúcia Silva Servo
(Departamento de Saúde)
4. iii
PARECERISTAS SEMIC 2009
BIOLOGIA
Alexa Paes Coelho
Alexandre Clistenes A. Santos
Ana Paula Trovatti Uetanabaro
Angélica Maria Lucchese
Aristóteles Góes Neto
Bruno Andrade C. de Carvalho
Caio Graco Machado
Cássio Van den Berg
Claudineia Regina Pelacani
Edson Luiz Camandaroba
Eneida de Moraes M. Cerqueira
Fábio Pedro S. de F. Bandeira
Flora Acuña Junca
Francisco de Assis Ribeiro dos Santos
Freddy Ruben Bravo Quijano
Gilberto Marcos de M. Santos
Ilka Biondi
José Geraldo Wanderley Marques
José Lázaro Lins Ribas
José Marcos de Castro Nunes
José Marcos de Castro Nunes
José Raniere Ferreira de Santana
Jucelho Dantas da Cruz
Kelly Regina B. Leite
Lenaldo Muniz de Oliveira
Ligia Silveira Funch
Luciene Cristina Lima e Lima
Luís Fernando P. Gusmão
Márcia Maria de Souza
Maria da Glória Sampaio Gomes
Maria Gabriela Bello Koblitz
Miriam Gimenes
Priscila Paixão Lopes
Roberto Lisboa Romão
Solange Maria Costa de Amorim
Suzi de Almeida V. Barboni
Valdeci dos Santos
CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA
Acácia Batista Dias
Cloves Luiz Pereira Oliveira
Edinusia Moreira Carneiro
Elizete da Silva
Eurelino Teixeira Coelho Neto
Jemison Mattos Santos
Jocimara Souza Britto Lobão
Lucilene Reginaldo
Márcia Maria da S. Barreiros Leite
Neide de Assis Santana
Raquel de Matos Cardoso Vale
Rinaldo Cesar Nascimento Leite
Zeneide Rios de Jesus
CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
Antonio Ricardo Dantas Caffé
Dermeval Passos da Hora
Eugênio Lima Mendes
Nilo Rosa dos Santos
EDUCAÇÃO
André Luiz Brito Nascimento
Antonio Roberto Seixas da Cruz
Denise Helena P. Laranjeira
Lílian Miranda Bastos Pacheco
Marinalva Lopes Ribeiro
Mirela Figueiredo Santos
Solange Mary Moreira Santos
Wilson Pereira de Jesus
5. iv
EXATAS
Alexandre Freitas Espeleta
Ana Carla Percontini da Paixão
Carlos Cesar Uchoa de Lima
Claúdio Eduardo Góes
Davi Felix Martins Júnior
Gracinete Bastos de Souza
Jonei Cerqueira Barbosa
José Garcia Vivas Miranda
Liana Maria Barbosa
Marcelo Ossamu Honda
Marilda Santos Pinto Miedema
Marjorie Cseko Nolasco
Paulo César Machado A. Farias
Suzana Modesto Oliveira Brito
Washington de Jesus S. da F.Rocha
FÍSICA
Alexandre Leite Gadelha
Amanda Amantes Neiva Ribeiro
Caio Castilho
Esdras Santana dos Santos
Germano Pinto Guedes
Jailton Souza de Almeida
José David Mangueira Viana
José Garcia Vivas Miranda
Katemari Rosa
Milton Souza Ribeiro
Suani Tavares Rubim de Pinho
LETRAS E ARTES
Carla Luzia Carneiro Borges
Cláudio Cledson Novaes
Eliana Sandra Pitombo Teixeira
Hely Dutra Cabral C. da Fonseca
Lysie dos Reis Oliveira
Norma Lúcia Fernandes de Almeida
Rosana Maria Ribeiro Patrício
Silvana de Farias Silva Araújo
SAÚDE
Alessandra Castro Alves
Alexandro Branco
Ana Áurea Alécio O. Rodrigues
Ana Mayra Andrade de Oliveira
Ana Rita D. Guimarães
Antonio Azeredo
Carlito Lopes N. Sobrinho
Dalva de Andrade Monteiro
Edna Maria de Araújo
Isaac Suzart Gomes Filho
Isadora Cristina de Siqueira
Manoelito Coelho dos Santos Junior
Marcelo Torres Peixoto
Márcio Campos Oliveira
Maria Ângela A. do Nascimento
Maria Conceição Oliveira Costa
Maria Geralda Gomes Aguiar
Maria Lucia Silva Servo
Maricelia Maria de Lima
Rosely Cabral de Carvalho
Sandra Aparecida de Assis
Tânia Maria de Araújo
Waldelene de Araújo Gomes
TECNOLOGIA
Antonio Lopes Apolinário Júnior
Cristina Maria Rodrigues Silva
Elisa Teshima
José Mario Feitosa Lima
Maria do Socorro C. S. Mateus
Maria Gabriela Bello Koblitz
Maurício Cunha Escarpinati
Michele Fulvia Ângelo
Pablo Rodrigo Fica Piras
Paulo Roberto Lopes Lima
Rosangela Leal Santos
7. vi
APRESENTAÇÃO
A Universidade Estadual de Feira de Santana vem, há mais de uma década, realizando o
Seminário de Iniciação Científica (SEMIC) com o objetivo de expor e discutir trabalhos
realizados por estudantes que participam de programas de Iniciação Científica.
A Iniciação Científica é um instrumento que permite a formação não somente de jovens
pesquisadores, mas também de jovens cidadãos e futuros profissionais conscientes de seu papel
na sociedade. O diálogo entre orientandos e orientadores acrescenta novas contribuições
científicas e tecnológicas, nas mais diferentes áreas, para o desenvolvimento da pesquisa no país.
Assim, o XIII SEMIC propõe a discussão sobre A Ciência na UEFS, em consonância
com o tema A Ciência no Brasil, da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT).
Pretende-se discutir as produções aqui realizadas, como também àquelas de outras instituições
que poderão ser apresentadas na UEFS.
Estudantes da instituição poderão se inscrever para apresentação oral ou em forma de
pôster. A primeira é obrigatória para bolsistas PIBIC/CNPq/FAPESB, da cota UEFS. Estudantes
de outras instituições devem fazer a inscrição na modalidade pôster.
O XIII SEMIC inova na sua estrutura abrindo espaço para exposição de pôsteres
apresentados por nossos estudantes em eventos nacionais ou internacionais ocorridos ao longo
do ano.
Assim, convidamos você a participar deste importante evento em nossa Instituição que
tem o objetivo de integrar a produção científica, tecnológica, artística e cultural da comunidade
de iniciação científica da UEFS e de outras instituições!
9. 2
A AVIFAUNA DE DUAS ÁREAS DE CAATINGA DA BACIA DO RIO SALITRE, BAHIA.
Alan Daniel Cerqueira Moura1
e Caio Graco Machado 2
1. Bolsista Fapesb/UEFS, Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:
daniellcerq@yahoo.com.br
2. Professor Titular, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: graco@pq.cnpq.br
PALAVRAS-CHAVE: avifauna, Caatinga, inventário.
INTRODUÇÃO
A Caatinga é o único bioma endêmico do Brasil e ocupa uma área de aproximadamente 735.000
km². Devido às suas variações altitudinais, climáticas e geomorfológicas, este bioma apresenta uma
paisagem extremamente diversificada que pode variar desde formações ralas até verdadeiras florestas.
(Andrade - Lima, 1981; Silva et al., 2004; Olmos et al., 2005).
Embora nos últimos anos tenha sido ampliado o número de estudos em áreas de Caatinga, esta
continua apresentando o menor grau de conhecimento biológico do país, o que não condiz com seu
intenso processo de degradação (Santos, 2002).
Apesar de ser considerado o grupo animal mais bem conhecido em relação à taxonomia,
distribuição e história natural, os dados referentes às aves da caatinga ainda apresentam grandes lacunas
(Pacheco, 2004). Pacheco e Bauer (2000) organizaram as informações sobre as aves que ocorrem na
vegetação de caatinga (caatinga strictu senso), e obtiveram uma lista com 347 espécies. Silva et al. (2003)
ao incluir nesta lista informações sobre a avifauna que ocorre nas áreas de exceção como os brejos de
altitude e os campos rupestres (caatinga lato senso), obtiveram uma lista com 510 espécies de aves (30 %
da avifauna brasileira).
Diante da crescente degradação ambiental e da carência de dados ornitológicos na Caatinga, se
torna relevante o desenvolvimento de estudos sobre a composição, estrutura e dinâmica das espécies de
aves deste bioma.
O presente estudo teve como principal objetivo inventariar as comunidades de aves de duas
áreas de caatinga da bacia do rio Salitre e analisá-las quanto à composição, estrutura trófica, uso do
hábitat e sensitividade aos distúrbios humanos.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
A bacia hidrográfica do rio Salitre é uma sub-bacia do rio São Francisco, situada no centro-norte
do estado da Bahia, totalmente inserida no território baiano e no polígono das secas.
Para o desenvolvimento deste estudo foram selecionadas duas área da bacia do Salitre , sendo
uma localizada no baixo (Área 1) e outra no alto curso do rio (Área 2).
Área 1: O povoado do Junco (09º41‘30‘‘S/40º35‘28‘‘W) está localizado no município de
Juazeiro, a uma altitude de 388m. Situa-se às margens do rio Salitre, apresentando no seu entorno uma
vegetação de caatinga arbustivo-arbórea bastante devastada. A vegetação nativa desta localidade está
reduzida às suas espécies mais resistentes à antropização e às espécies ruderais. (França et al., 2009).
Área 2: A fazenda Olho D‘água (11°25‘13‘‘S/ 41°10‘37‘‘W) está localizada no município de
Morro do Chapéu, a uma altitude de 1059 m. Apresenta uma vegetação marcada predominantemente por
uma caatinga arbórea, com dossel em torno de 4m de altura. Nesta localidade também foram observadas e
amostradas áreas de tabuleiro arenoso, onde se encontram nascentes de cursos d‘água que irão formar o
rio Salitre, além de alguns afloramentos rochosos, localmente denominados de lajedos.
De acordo com Velloso et al. (2002), que propõem uma divisão do Bioma Caatinga em
ecorregiões, a Área 1 está inserida na Depressão Sertaneja Meridional, enquanto que a Área 2 faz parte do
Complexo da Chapada Diamantina. Ambas constam na lista das áreas consideradas de extrema
importância biológica e prioritárias para a conservação (Velloso et al., 2002; Silva e Tabarelli, 2003),
10. 3
além de pertencerem a duas IBA‘s (Important Birds Áreas) do estado da Bahia: 1- Curaçá; 2 - Morro do
Chapéu (Bencke et al. 2006).
Coleta de dados
Foram realizadas duas expedições com duração de seis dias para cada área, sendo uma durante a
estação seca e a outra durante a chuvosa. Na Área 1, a amostragem ocorreu em novembro de 2008 e
janeiro de 2009 e na Área 2, em setembro de 2008 e março de 2009.
Em todas as coletas foram percorridas trilhas e estradas, onde foi registrada a ocorrência de
espécies de aves através de contatos visuais e auditivos. Os registros visuais foram realizados a olho nu
ou com o auxílio de binóculos 10x50 e 8x30. A identificação das espécies foi feita com o auxílio de guias
de campo (Souza, 2004; Sigrist, 2007). Estas atividades foram realizadas do alvorecer ao meio-dia e das
14:00h ao crepúsculo, totalizando 160 horas de esforço de campo (80 h/área); incursões noturnas
aleatórias foram realizadas para o registro de espécies noctívagas.
Em todas as expedições, exceto a de setembro de 2008, foram montadas dez redes de neblina
(9m X 2,5m, malha 1,5mm), da aurora ao meio dia e das 14:00h até o crepúsculo, durante três dias
consecutivos, totalizando um esforço amostral de 20.250 h.m², calculado de acordo com Straube e
Bianconi (2002). Os espécimes capturados foram identificados, sacrificados, taxidermizados e
depositados na coleção da Divisão de Aves do Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Feira de
Santana (MZUEFS). As coletas se deram sob a licença permanente número SISBIO 13192-1.
A lista de espécies registradas nas duas áreas seguiu a classificação adotada pelo CBRO (2008),
sendo as comunidades de aves analisadas quanto à sua composição, estrutura trófica, uso do hábitat,
sensitividade e status de conservação das espécies.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram registradas 146 espécies (96 na Área 1 e 120 na Área 2), distribuídas em 40 famílias.
Quarenta e nove espécies foram exclusivas da Área 2, 26 da Área 1 e 71 ocorreram em ambas.
A riqueza de espécies registrada neste estudo foi semelhante à encontrada em outras áreas de
caatinga (Santos, 2002; Lima et al.,2003; Olmos et al. 2005), que variaram de 72 a 191 espécies. As
variações que ocorreram entre as riquezas observadas podem ser reflexo de diversos fatores, sobretudo
das diferenças nos esforços e tipos de amostragem, além das peculiaridades ambientais e do grau de
conservação das áreas. Para uma análise mais criteriosa, é preciso se considerar todas as variáveis
existentes. Contudo, pode-se observar de modo geral, que as maiores riquezas foram encontradas
naqueles estudos desenvolvidos em áreas de reserva ecológica, o que pode indicar a eficácia desta
estratégia na conservação da avifauna da Caatinga.
Foi observada uma tendência de estabilização nas curvas de acumulação de espécies, o que
demonstra uma suficiência amostral e, portanto, uma eficácia da metodologia.
A similaridade entre as áreas foi 48%( Js= 0,48), o que indica que essas comunidades são
parcialmente semelhantes, possuindo, cada qual, espécies exclusivas. As similaridades entre a estação
seca e chuvosa não foram altas nas comunidades amostradas, sugerindo a existência de um número
considerável de espécies (cerca de 50%) exclusivas de cada estação, sendo sempre observada uma maior
riqueza no período chuvoso. A ausência de algumas espécies em certo período do ano pode estar
relacionada com deslocamentos populacionais, que parecem ser uma resposta à disponibilidade sazonal
de alimento (Olmos et al., 2005; Machado et al., 2007; Machado, 2009).
A família Tyrannidae foi a mais representativa em número de espécies nas duas áreas, seguida
por Columbidae e Emberizidae na Área 1 e por Thamnophillidae e Trochilidae na Área 2, o que
caracteriza uma composição diferenciada das comunidades, indicando um reflexo das diferenças na
estrutura dos habitats.
Os insetívoros constituíram a categoria trófica mais representativa, o que é comum em
ambientes tropicais (Motta-Júnior, 1990; Donatelli et al., 2004). Na Área 1, a terceira categoria trófica
mais representativa foi a dos granívoros enquanto na Área 2 foi a dos frugívoros. Este resultado
corresponde aos obtidos por Farias et al. (2005), que inventariaram a avifauna de 11 fitofisionomias de
caatinga, e constataram que a categoria dos frugívoros é predominante em áreas florestais enquanto a dos
granívoros ocorre com maior representatividade em áreas de vegetação aberta.
A maior escassez de ambientes florestais na Área 1 se refletiu sobre a composição da avifauna,
que se mostrou predominantemente (51%), constituída por espécies independentes de estratos florestais e
11. 4
por um baixo percentual de espécies dependentes (12%). Na Área 2, onde o estrato arbóreo é
predominante, a comunidades de aves se encontra distribuída de maneira mais uniforme quanto ao uso do
hábitat, com maiores porcentagens relativas de espécies semi-dependentes (40%) e dependentes (25%).
Com relação à sensitividade das espécies a distúrbios ambientais, observou-se o padrão
esperado para o bioma, caracterizado pelo predomínio das espécies de sensitividade baixa e média e por
uma pequena parcela das de alta sensitividade.
Neste estudo foram registradas sete espécies endêmicas do Bioma Caatinga (Paroaria
dominicana, Sakesphorus cristatus, Penelope jacucaca, Aratinga cactorum, Anopetia gounellei,
Herpsilochmus sellowi e H. pectoralis), das quais duas encontram-se nacionalmente e mundialmente
ameaçadas de extinção (Penelope jacucaca e H. pectoralis).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a falta de uniformidade nos padrões de distribuição das espécies de aves da
Caatinga e a carência de estudos em níveis locais, os inventários assumem grande importância, por
disponibilizarem dados inéditos sobre a composição, estrutura e dinâmica da avifauna local, fundamentais
para referenciar estudos posteriores.
Contudo, a análise da riqueza, estrutura trófica, uso do hábitat e sensitividade das espécies
indicaram composições avifaunística distinta entre as áreas inventariadas neste estudo. Os registros de
espécies bioindicadoras de qualidade ambiental como os insetívoros especialistas, frugívoros de grande
porte e predadores de topo foram mais pronunciados na Área 2, o que indica que esta encontra-se sob um
melhor estado de conservação, devendo portanto ser considerada em estratégias conservacionistas do
bioma Caatinga.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE-LIMA,D. 1981. The Caatingas dominium. Revista Brasileira de Botânica. 4: 149-153.
BENCKE, G.A., G.N. MAURÍCIO, P.F. DEVELEY E J.M. GOERCK. 2006. Áreas importantes para a
conservação das aves no Brasil: Parte 1 Estados do domínio da Mata Atlântica. São Paulo: Save Brasil.
494p.
CBRO, 2008. Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Listas das aves do Brasil. Versão 2008.
Disponível na Word Wide Web em: <http://www.cbro.org.br>
DONATELLI,R.J., COSTA, T.V.V. E FERREIRA, C.D. 2004. Dinâmica da avifauna em fragmentos de
mata na Fazenda Rio Claro, Lençóis Paulista, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. 21 (1):
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FARIAS, G.B., SILVA, W.A.G. E ALBANO, C.G. 2005. Diversidade de aves em áreas prioritárias para
conservação da Caatinga. In: Araújo,F.S., Rodal, M.J.N. e Barbosa, M.R.V. Análise das variações da
biodversidade do bioma Caatinga: suporte a estratégias regionais de conservação. Brasília. MMA.
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rio Salitre, Bahia, Brasil. Relatório apresentado para Workshop de Desertificação como parte dos
resultados do projeto “Mandacaru quando fulora na seca...” Estudo multidisciplinar sobre processos de
desertificação, estratégias adaptativas e empoderamento das comunidades que habitam nos sertões do
estado da Bahia‖.Feira de Santana. Universidade Estadual de Feira de Santana.
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MOTTA-JÚNIOR, J.C. 1990. Estrutura trófica e composição das avifaunas de três habitats terrestresna
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12. 5
PACHECO,J.F. 2004. As aves da Caatinga: uma análise histórica do conhecimento. In: Silva,J.M.C.;
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PACHECO, J.F E BAUER, C. 2000. As aves da Caatinga - Aprecieação histórica do processo de
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SIGRIST, T. 2007. Guia de Campo: Aves do Brasil oriental – Birds of eastern Brazil. São Paulo: Avis
Brasilis.426 p.
SOUZA, D. G. S. 2004. Todas as Aves do Brasil: guia de campo para identificação. Feira de Santana:
Ed. Dall. 355p.
STRAUBE, F. C. E BIANCONI, G. V. 2002. Sobre a grandeza e a unidade utilizada para estimar esforço
de captura com utilização de redes-de-neblina. Chiroptera Neotropical 8 (1): 150-152.
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Recife: Associação Plantas Do Nordeste/Instituto De Conservação Ambiental The Nature Conservancy
Do Brasil. 75p.
13. 6
ESTUDO COMPARATIVO DA VARIAÇÃO INTRAESPECÍFICA NA PEÇONHA DE Crotalus
durissus cascavella NO ESTADO DA BAHIA, BRASIL.
Alexandre Amadeu Miranda¹; Ilka Biondi²; Sidney Pereira dos Santos³; Alexandre Martins Costa
Santos4
,
1. Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: alexandrelaph@gmail.com
2. Orientador, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: ibiondi@uefs.br
3. Participante do Projeto, Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana. e-mail:
sidneypereira100@gmail.com
4. Participante do Projeto, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais.
PALAVRAS-CHAVE: Crotalus durissus cascavella, Fracionamento, Variabilidade
INTRODUÇÃO
As serpentes da espécie Crotalus duriss us cascavella (Fig. 1) são largamente distribuídas no
território baiano,s ão encontradas geralmente em regiões secas e rochosas, com vegetação baixa no bioma
caatinga (Freitas 2003). Os acidentes causados pela picada de serpente, nas regiões em que ocorrem, são
considerados um problema de saúde pública (FMO Pinho, 2001). As peçonhas produzidas pelas
diferentes espécies de serpentes apresentam uma grande variedade em sua composição bioquímica e
efeitos biológicos. Essas são misturas complexas de componentes com uma grande diversidade de ação e
efeitos em suas presas e vítimas humanas, tais como neurotoxicidade, distúrbios na coagulação,
miotoxicidade sistêmica, falha renal aguda, dentre outros (FRANCISCHETTI I. M.B, 2000). Alguns
estudos apontam para variações intraespecíficas no perfil cromatográfico das proteínas dessas peçonhas
(CHIPPAUX J.-P,1991). Consequentemente, isso poderá ocasionar efeitos patológicos diferentes nas
vítimas de picadas de serpentes, dificultando desde o diagnóstico das lesões à administração do soro
antiveneno, além da dificuldade de padronização das peçonhas para as pesquisas científicas. Portanto,
este trabalho teve por objetivo demonstrar diferenças qualitativas e quantitativas dos principais
componentes protéicos da peçonha de Crotalus durissus cascavella proveniente de ecossistemas
diferentes.
Figura 1: Crotalus durissus cascavella
MATERIAIS E MÉTODOS
Extração da Peçonha
As serpentes foram doadas pela população e coletadas nas duas diferentes regiões do estado da
Bahia – região A e B – e pertencem ao plantel do Laboratório de Animais Peçonhentos e Herpetologia da
Universidade de Feira de Santana. As peçonhas foram selecionadas de espécimes pertencentes a espécie
Crotalus durissus cascavella e foram extraídas e secas de acordo com os procedimentos padrões para este
experimento (CHIPPAUX J.-P,1991). A peçonha seca foi mantida em temperatura ambiente ate o início
dos experimentos.
14. 7
Cromatografia de Exclusão Molecular
Aproximadamente 10 mg da peçonha bruta foi solubilizada em 500uL da fase móvel,
bicarbonato de amônia 50 mmol.L-1 mais cloreto de sódio 150 mmol.L-1 pH 7,5 a 25ºC. A amostra foi
centrifugada a 14000 rpm durante um minuto e armazenada em banho de gelo até o momento do uso.
O fracionamento da peçonha bruta de Crotalus durissus cascavella foi realizado em um sistema
de FPLC usando duas colunas de exclusão molecular, Superose 12 HR10/30 (Pharmacia) em série. A
coluna foi submetida a um fluxo de 0,5 mL.min-1 e equilibrada com 5 volumes de coluna da fase móvel.
Após o equilíbrio 500uL da peçonha bruta solubilizada foi aplicada e foram coletados 500uL por fração.
O perfil de eluição foi monitorado por detector ultravioleta em 280 nm. As frações coletadas foram
estocadas a -20 °C até o momento do uso (Fig. 2).
Determinação da Massa Molecular
As proteínas usadas para calibração da coluna foram: Aprotinina (6.5 kDa), Citocromo C (17.4
kDa), Tripsinogênio (24 kDa), Ovalbumina (45 kDa), Albumina do soro bovino (66 kDa), Álcool
Desidrogenase (150 kDa) e Beta Amilase (200 kDa) da Sigma foram usados para calibrar as duas colunas
Superose 12 em serie em um sistema de FPLC. Foi aplicado 200 µg para cada proteína utilizada na
calibração. Os pontos de calibração foram determinados em duplicata, e submetidos à regressão linear
utilizando-se o programa Origin 5.0 (Tab. 1 e 2)
Cromatografia em Fase Reversa
Os tubos originados da cromatografia de exclusão molecular foram agrupados em quatro frações
e aplicados em uma coluna C18 do tipo monolítica com dimensões de 4.6 x 100 mm (Chromolith da
Merck) com macroporos de aproximadamente 2000 nm e mesoporos de 132 nm, utilizando como método,
cromatografia de fase reversa em um sistema de HPLC. Foram utilizadas as seguintes fases movéis: fase
móvel A (solução aquosa de TFA 0,1%) e fase móvel B (solução aquosa de 100 % de acetonitrila mais
0,1% de Acido trifluoroacético-TFA). As frações foram eluídas a um fluxo de 4.0 mL/min em gradiente
linear de 0 a 100% de fase móvel B em 4 minutos. O perfil de eluição foi monitorado por detector
ultravioleta em 340, 280 e 214 nm. As frações coletadas foram liofilizadas e estocadas à - 20º C (Fig 3).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Resultados de ambas as metodologias de cromatografia em fase mostram que o veneno de
Crotalus durissus cascavella das regiões A e B contêm diferentes proporções do conteúdo de proteínas. O
procedimento cromatográfico desenvolvido por exclusão se mostrou eficiente e permitiu acompanhar
diferenças nos perfis de proteínas de serpentes da mesma espécie, vivendo em ambientes diferentes. A
Figura 2 mostra os cromatogramas comparativos sobrepostos, obtida no curso de semi-purificação
preparatória no SEC dos venenos de dois testes de serpentes região A e B. Dados para o tempo retenções
comparativa (t M) e área relativa de cada pico da SEC de venenos das serpentes duas regiões, A e B,
estão na tabela 1. Resultados de testes biológicos para a detecção de atividade de L-aminoácido oxidase,
paro os dois de venenos estão na tabela 2. A Figura 3, mostra a amplitude dos picos par ambas as
serpentes, observando-se que algumas proteínas se mostram comuns a elas (TM, 3,52 e 3,66), diferindo
apenas na sua concentração, enquanto outras como TM 3,85 e 4,10 , se fizeram apenas presentes
exclusivamente no veneno de uma região, e 4,0 presente na região do veneno B. Os elementos obtidos
dos testes realizados elucidam a existência, de fato, de uma variação qualitativa e quantitativa nas
peçonhas das serpentes das diferentes regiões, de modo que os gráficos apontam essa diferença, a medida
que apresentam valores distintos quando submetidos a cromatografia. Essa distinção, se supõe, ser
condicionada pelo ambiente ao qual essas serpentes estão relacionadas.
15. 8
20 40 60 80
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Pico4
Pico3
Pico2
Pico1
Absorbance280nm(mAU)
T im e (m im )
Figura 2: Cromatografia de exclusão da peçonha de duas serpentes de regiões diferentes. Regiões A (--) e B(-).
Tabela 1: Variação de massa dos principais picos da cromatografia de exclusão das duas peçonhas de regiões diferentes.
Picos Biomas (Da)
1 Region A 273 – 146
Region B 279 – 158
2 Region A 107 – 72
Region B 113 – 80
3 Region A 55 – 36
Region B 70 – 40
4 Region A 29 – 15
Region B 35 - 17
Tabela 2: Tempo de retenção e área relativa dos picos da cromatografia de exclusão das duas peçonhas de regiões diferentes
Picos Biomas Tempo (mim) Area Relativa (%)
1
P. Caatinga 42,5 7.41%
P.Mata 41,75 13,06%
2
P. Caatinga 48,25 7.64%
P.Mata 48,20 3,61%
3
P. Caatinga 54,00 9.52%
P.Mata 52,75 10,68%
4
P. Caatinga 57,75 74.77%
P.Mata 57,25 72,60%
16. 9
3 4 5
0
50
100
150
200
4,03
3,69
Absorbance280nm(mAU)
Time (mim)
a
3 4 5
0
50
100
150
200
4,03
3,69
Absorbance280nm(mAU)
Time (mim)
a
3 4 5 6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
4,03
4,22
3,68
3,54
4,11
2,98
Asorbance280nm(mAU)
Time (mim)
b
3 4 5 6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
4,03
4,22
3,68
3,54
4,11
2,98
Asorbance280nm(mAU)
Time (mim)
b
2 3 4 5 6
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
4,65
4,82
4,41
4,25
3,91
3,62
3,49
Absorbance280nm(mAU)
Time (mim)
d
2 3 4 5 6
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
4,65
4,82
4,41
4,25
3,91
3,62
3,49
Absorbance280nm(mAU)
Time (mim)
d
3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
0
100
200
300
400
500
600
700
800
4,00
3,52
3,66
4,1
3,85
Absorbance280nm(mAU)
Time (mim)
c
3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
0
100
200
300
400
500
600
700
800
4,00
3,52
3,66
4,1
3,85
Absorbance280nm(mAU)
Time (mim)
c
Figura 3: Cromatografia em fase reversa obtida das frações da cromatografia de exclusão molecular das duas peçonhas de região diferentes.
Região A ( -- ) e B (). (a) Pico 1, (b) pico 2, (c|) pico 3, (d) pico 4.
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos mostraram que o conteúdo das peçonhas das serpentes da mesma espécie,
Crotalus durissus cascavella, mas de populações que vivem em regiões distintas, diferem em seus perfis
de proteínas. Ainda que não se possa afirmar se as proteínas estão presentes em baixas concentrações ou
são exclusivas de algumas frações, algumas dessas proteínas podem ter uma função importante na
patologia das peçonhas e poderiam ser resposta para as diferenças de sintomas causados por acidentes
com essas serpentes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIPPAUX J.-P., Willians V., White J. 1991. Snake Venom Variability: methods of study, results and
interpretation. Toxicon Vol. 29, No. I I , pp. 1279-1303.
FMO Pinho, ID Pereira - Revista da Associação Médica Brasileira, 2001.
FREITAS, M.A. Serpentes Brasileiras, Malha-de-sapo publicações, Lauro de Freitas/BA.2003.
FRANCISCHETTI I. M.B., GOMBAROVITS M.E.C., VALENZUELA J. G. 2000. Intraspecific
variation in the venoms of the South American rattlesnake (Crotalus durissus terrificus). Comparative
Biochemistry and Physiology Part C 127 23–36.
SANTOS M. C., ASSISB E. B.,´MOREIRA T. D., PINHEIRO J., FORTES-DIAS C. L. 2000. Individual
venom variability in Crotalus durissus ruruima snakes, a subspecies of Crotalus durissus from the
Amazonian region. Toxicon 46 958–961
17. 10
RIQUEZA E ABUNDÂNCIA DA ENTOMOFAUNA NO VESPÁRIO DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA, MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA, BAHIA
Allan Rhalff Gomes Cerqueira¹; Geane Almeida de Oliveira²; Jane Moreira Costa³; Jaqueline
Ribeiro de Carvalho4
e Maria José Santos Magalhães5
1. Bolsista auxílio técnico – UNDEC/UEFS, graduando em Licenciatura em Ciências Biológicas, Universidade Estadual
de Feira de Santana, e-mail: anomallya@yahoo.com.br
2. Bolsista PROBIC/UEFS, graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de
Santana, e-mail: geanealmeida.bio@gmail.com
3. Graduanda em Bacharelado em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:
janecosta2005@yahoo.com.br
4. Graduanda em Bacharelado em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:
jaquelineribeirofsa@gmail.com
5. Graduanda em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: mjose.fsa@gmail.com
PALAVRAS-CHAVE: riqueza, abundância e entomofauna.
INTRODUÇÃO
Devido ao fato dos artrópodes serem bons indicadores da qualidade dos ambientes, por
responderem rapidamente às alterações ambientais, e formarem um táxon altamente diverso, vêm sendo
feita uma série de levantamentos com os representantes deste grupo. (LANDAU et al., 1999).
Dentre os artrópodes, a classe mais abundante para este tipo de trabalho é a Insecta. Algumas
das vantagens em se trabalhar com esta classe, é que seus representantes vivem em ambientes muito
diversos, além de possuírem a capacidade vôo e um ciclo vital curto. Seu levantamento é relativamente
fácil e de baixo custo, e os exemplares podem ser mantidos por um tempo indefinido, com um baixo custo
econômico para a manutenção da coleção.
Para a coleta de insetos existem diversas metodologias, que seguem basicamente duas
classificações: ativa e passiva. Dentre as metodologias de coleta passiva se encontra a da armadilha
conhecida como Malaise (TOWNES, 1972), que consiste num mecanismo de interceptação e condução
dos espécimes até um recipiente contendo uma solução de álcool a 70% (GULLAN, 2005).
Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo fazer um levantamento da abundância e
riqueza da entomofauna no Vespário da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), no município
de Feira de Santana, Bahia.
MATERIAIS E MÉTODOS
As coletas foram realizadas no Vespário da UEFS durante os meses de maio, junho e agosto,
num total de 4 coletas. Para a coleta dos insetos, foram utilizadas armadilhas Malaise (TOWNES, 1972)
de cor preta, que capturam os insetos através de uma interceptação e condução a um recipiente com uma
solução de álcool a 70%. Para o presente trabalho foram utilizadas duas armadilhas, sendo que uma foi
instalada ao nível do solo, embaixo de uma mangueira (família anacardiaceae), e a outra no topo de outra
árvore da mesma família (Figura 1), distando uma da outra em cerca de três metros.
Os frascos contendo o material coletado foram devidamente etiquetados e, posteriormente,
triados em laboratório. Utilizando lupas para a identificação das amostras, a nível de ordem, a
identificação foi feita utilizando as chaves de identificação presentes em Borror (1992), atentando para a
inclusão da antiga ordem homóptera dentro da ordem hemiptera.
18. 11
Figura 1. Malaise suspensa (A), e Malaise no solo (B).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período de coleta, foram amostradas um total de 451 espécimes pertencentes às
ordens de insetos Hymenoptera, Lepidoptera, Thysanoptera, Diptera, Orthoptera, Hemiptera, Coleoptera e
Psocoptera. Do total de amostras, 34 delas corresponderam aos grupos Collembola e Aranea que apesar
de não serem insetos, pertencem também ao grupo dos artrópodos e tiveram uma representatividade
relativamente grande das amostras coletadas (Gráfico 1). Com a ordem Diptera, obteve-se a maior
abundância (35,48%), seguida das ordens Hymenoptera (27%) e Lepidoptera (20,85%), enquanto as
demais ordens (Thysanoptera, Orthoptera, Hemiptera, Coleoptera e Psocoptera) e os outros dois grupos
de artrópodos (Collembola e Aranea) somaram 18,9% (Tabela 1).
Segundo Campos et al. (2000), a armadilha Malaise vem sendo amplamente indicada para a
captura das ordens Hymenoptera, Diptera e Thysanoptera. As duas primeiras ordens foram as que
justamente tiveram uma maior abundância de espécimes amostradas, apesar da última apresentar um
número menor (apenas sete espécimes). Este resultado para a ordem Thysanoptera pode ser decorrente
das características ambientais do local de coleta, onde esta ordem pode não ter tanta representatividade,
ou outra eventual explicação que não cabe ao objetivo deste trabalho.
Gráfico 1. Representação da abundância e riqueza de ordens de insetos e dos dois grupos encontrados (collembola e aranea)
Hymenoptera
Lepidoptera
Thysanoptera
Diptera
Orthoptera
Hemiptera
Coleoptera
Psocoptera
Collembola
Araneae
19. 12
Tabela 1. Número total e porcentagem de indivíduos capturados com armadilha Malaise durante o período de coleta, por ordem.
Ordens Nº total de espécimes coletadas % (aproximado)
Diptera 160 35,48
Hymenoptera 122 27
Lepidoptera 94 20,85
Thysanoptera 7 1,55
Orthoptera 3 0,66
Hemiptera 23 5
Coleoptera 17 3,79
Psocoptera 1 0,22
Collembola 16 3,55
Aranea 18 4
Total 451 100
Os resultados obtidos nesta pesquisa foram semelhantes aos encontrados por Dutra & Marinoni
(1994) cuja ordem de maior abundância também foi Diptera (53 574 indivíduos), seguida das ordens
Lepidoptera (3605 indivíduos) e Hymenoptera (1990 indivíduos). Além destas, foram coletados
indivíduos das ordens Thysanoptera, Ephemeroptera, Odonata, Orthoptera, Isoptera, Plecoptera,
Dermaptera, Psocoptera, Hemiptera-homoptera, Neuroptera, Coleoptera, Strepsiptera e Trichoptera.
Bonatto e Filho (2007) realizaram um levantamento entomofaunístico, utilizando a armadilha
Malaise para coleta das amostras, com o objetivo de identificar as ordens mais freqüentes. Os resultados
não foram muito diferentes, uma vez que as ordens mais abundantes foram Diptera, Hymenoptera,
Coleoptera, Lepidoptera e Hemiptera-Homoptera, respectivamente. Resultados muito semelhantes foram
obtidos também por Santos et al. (2007), cujas ordens mais abundantes foram Diptera (46.279 amostras),
Hymenoptera (4.886 amostras) e Hemiptera-Homoptera (1.665 amostras).
Por fim, foram coletados um total de 451 amostras, distribuídas em 8 ordens de insetos e 2
grupos de artrópodos (Collembola e aranea). A ordem com maior abundância foi a Diptera, semelhante ao
que foi encontrado em outras pesquisas voltadas para o estudo da entomofauna utilizando a armadilha
Malaise.
REFERÊNCIAS
BONATTO, S. R. & FILHO, M. N. 2007. Levantamento entomofaunístico e acompanhamento da
diversidade de insetos em área agrícola inserida em uma área de proteção ambiental. Rev. Bras.
Agroecologia, v.2, n.1, fev.
BORROR, Donald J; TRIPLEHORN, Charles A; JOHNSON, Norman F. 1992. An introduction to the
study of insects. 6. ed Fort Worth: Harcourt Brace College Publishers, cl.
CAMPOS, W.G.;PEREIRA,D.B.S.;SHOEREDER, J.H. 2000. Comparison of the efficiency of flight-
interception trap models for sampling Hymenoptera and others insects. An Soc. Entom.Bras., Londrina,
vol. 9 (2), p. 381-389.jun.
DUTRA, R.R.C. & MARINONI, R.C. 1994. Insetos capturados com armadilha Malaise na Ilha do mel,
Baía de Paranaguá, Paraná Brasil, composição de ordens. Revista brás. de Zoologia.11 (2):227-245.
GULLAN, P. J.; CRANSTON, P. S. c2005. The insets: an outline of entomology. 3. ed. Oxford:
Blackwell Publishing.
LANDAU, D.; COLWELL, D.; CARLTON, C.E.1999. Intensive versus long-term sampling to assess
lepdopteran diversity un a Southernmixed mesophytic forest. Annals of the Entomological Society of
America, v.92, n.3,p. 435-441.
SANTOS, C.P. dos; RESTELLO, R.M.; MARTINELLO, J.P. 2007. Abundância e riqueza da
entomofauna de uma área natural no norte do Rio Grande do Sul. Anais do VIII Congresso de Ecologia
do Brasil, 23 a 28 de Setembro de 2007, Caxambu - MG
TOWNES, H. 1972. A light-weight Malaise trap. Entomological News, Philadelphia, v. 83, p. 239-247.
20. 13
CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE LINHAGENS DE SACCHAROMYCES
CEREVISIAE ISOLADAS DE CACHAÇARIA DA BAHIA
Ana Carolina B. Gonçalves1
; Aristóteles Góes Neto2
; Alice Ferreira da Silva3
; Ana Paula Trovatti
Uetanabaro4
1. Bolsista PIBIC/FAPESB, Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:
ana.carolinabio@hotmail.com
2. Aristóteles Góes-Neto, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:
arigoesneto@yahoo.com.br
3. Programa de Pós Graduação em Biotecnologia, UEFS/FIOCRUZ, e-mail: alice_fsilva@yahoo.com.br
4. Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), e-mail: anapaula.uetanabaro@pq.cnpq.br
PALAVRAS-CHAVE: Cachaça artesanal, diferenciação infra-específica, microsatélite.
INTRODUÇÃO
No Brasil, o caldo-de-cana é utilizado para produzir uma bebida destilada muito popular,
denominada cachaça. Obtida a partir do mosto fermentado de cana-de-açúcar, a sua composição é
complexa, composta principalmente de água e álcool etílico em proporções variáveis. O seu sabor e
aroma característicos são formados durante a fermentação alcoólica e durante o envelhecimento
(LEHTONEN; JOUNELA-ERIKSSON, 1983).
A produção de cachaça no Brasil data do início da colonização. Contudo, até 1945, as empresas
eram rurais e rudimentares, não havendo características regionais e/ou padrões. Porém, a produção
aumentou bastante e, desde então o processo de produção vem sendo aperfeiçoado e melhorado, o que
tem acarretado melhorias no rendimento, produtividade e qualidade do produto final (PATARO et al.,
2002). Estudos indicam que a padronização na qualidade da cachaça resultaria em melhor aceitação do
produto tanto por consumidores, como por novos apreciadores, criando condições para aumentar o
volume de exportações (BOZA; HORII, 1998).
A melhoria da qualidade da cachaça e o aumento na eficiência do processo produtivo passam,
necessariamente, pela seleção de uma ou mais leveduras apropriadas ao processo. A identificação e o
estudo da diversidade das leveduras associadas à produção de cachaça são informações importantes para a
determinação do papel destes microrganismos nos vários estádios da fermentação, buscando a tipificação
tecnológica para o desenvolvimento de linhagens iniciadoras (PATARO et al, 2002).
As características fenotípicas, usadas na sistemática de leveduras, têm sido combinadas com o
emprego de técnicas moleculares, que possibilitam o acompanhamento da dinâmica de populações dos
microrganismos durante o ciclo fermentativo. Desta forma, é possível verificar a influência de parâmetros
como nutrientes, temperatura e aeração das dornas no surgimento ou desaparecimento de espécies e/ou
linhagens e correlacionar estes fatores com a qualidade da cachaça produzida (VERSAVAUD et al.,
1995; PATARO et al., 2000; GUERRA et al., 2001). Assim, este trabalho teve como objetivo caracterizar
infra-especificamente as linhagens de Saccharomyces cerevisiae isoladas de uma cachaçaria do semi-
árido baiano.
METODOLOGIA
1) Isolados de leveduras estudados
A coleta, isolamento e identificação bioquímica das leveduras utilizadas no presente estudo
foram realizados durante o projeto de Mestrado de Alice Ferreira da Silva – PPGBIOTEC –
UEFS/FIOCRUZ-BA.
2) ISSR (Inter Sample Sequence Repeat)
Para amplificação pela reação de PCR, os DNAs totais das linhagens foram extraídos a partir de
modificação do protocolo de DOYLE E DOYLE (1987). Os isolados cresceram em placas de Petri
contendo meio ágar Sabouraud (glicose 2%, peptona 1%, extrato de levedura 0,5%, ágar 2%,
cloranfenicol 0,01%) e após 48h, as células foram transferidas para criotubos (capacidade de 2 mL)
contendo 1,5mL de YPD (extrato de levedura 1%, peptona 2%, glicose 2%) e incubadas por 18h, a 27°C
e 180 rpm. Centrifugou-se as células a 13.000 rpm por 10min., descartou-se o sobrenadante, adicionou-se
água ultra-pura estéril,procedeu-se a homogeneização da suspensão e uma nova centrifugação. Em
seguida, adicionou-se 650 µL de CTAB e os criotubos foram colocados em banho-maria a 65°C por 1h.
21. 14
Adicionou-se 650 µL da solução clorofórmio-álcool isoamílico (24:1 v/v), em seguida, os tubos foram
colocados na placa agitadora por 10 min, e centrifugados a 13.000 rpm por 10 min. Aspirou-se o
sobrenadante, transferindo-o para tubos estéreis de 1,5 mL. Adicionou-se isopropanol gelado em igual
volume e os tubos foram estocados a -80°C por 10 minutos. As amostras foram então centrifugadas a
13.000 rpm por 10 min, e após descartado o sobrenadante, adicionou-se 1 mL de etanol 70% e procedeu-
se a homogeneização. Em seguida, os tubos foram novamente centifugados a 13.000 rpm por 10 min,
sendo esta etapa repetinda por mais duas vezes, seguida pela lavagem com etanol 70%.
Por fim, após a secagem do material, adicionou-se 55 µL de H2O ultrapura estéril. O DNA foi
ressuspendido e, em seguida, armazenados a -20ºC.
A reação de PCR, modificado a partir de SILVA-FLHO (2003), foi realizada em uma mistura
de 14,62 µL de H2O destilada, 2,5 µL de tampão PCR e BSA (soro albumina bovina), 1 µL de mistura de
dNTP, 2 µL do iniciador GTG5 - (5‘- GTG GTG GTG GTG GTG -3‘), 1,25 µL de MgCl2, 0,13 µL de
Taq Polimerase e 1 µL de DNA. Com o iniciador GTG5 (5‘- GTG GTG GTG GTG GTG -3‘), o
termociclador foi programado para um ciclo de desnaturação de cinco minutos a 94°C seguido de 40
ciclos de desnaturação a 94°C por 15 segundos, anelamento a 55°C por 45 segundos, extensão a 72°C por
90 segundos e extensão final a 72°C por seis minutos. Os produtos de amplificação foram separados por
eletroforese em gel de agarose 2%; submetidos a 7,5 volts/cm por 150 minutos em tampão TBE 0,5X,
corados em brometo de etídeo, visualizados em transluminador ultravioleta e fotografados.
3) RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism)
O DNA mitocondrial foi purificado conforme modificação do protocolo de Querol e
colaboradores (1992). As células foram cultivadas em 5 mL de meio YPD (1% extrato de levedura, 2%
peptona, 1% glicose) por 18 horas e 150 rpm a 25°C. Após esta etapa o material foi centrifugado a 3000
rpm por 15 minutos. Descartou-se o meio de cultivo e lavou-se o material com 5 mL de H2O ultrapura
estéril, colocando-os no agitador de tubos, seguido de centrifugação a 3000 rpm por 15 min. e
descartando-se o sobrenadante. O sedimento foi ressuspendido em 500 µL de uma solução de enzima
lítica de Rhizoctonia solani (25 mg/mL em 1M sorbitol, 0,1 M EDTA, pH 7,5). As amostras foram
colocadas em banho-maria a 45°C por 2 horas. O material foi centrifugado a 8000 rpm por 10 minutos,
descartando o sobrenadante na sequência. Resuspendeu-se o sedimento em 500 µL de Tris-HCl 1M e
EDTA 0,5mM, pH 7,4; e foram adicionados 13 µL de SDS 10%, incubados a 65°C por 5 minutos e em
seguida os criotubos foram mantidos em gelo. Adicionou-se 200 µL de acetato de potássio 5M
homogeneizando as amostras e mantendo-as no gelo por 10 minutos. Centrifugou-se por 15 minutos a
14000 rpm e o sobrenadante foi transferido para um tubo previamente identificado já contendo 700 µL de
isopropanol, e mantendo-se por 10 minutos em temperatura ambiente. Uma nova centrifugação foi
realizada a 12000 rpm por 10 minutos, descartou-se o sobrenadante, o DNA foi novamente lavado com
500 µL de etanol 70%, e centrifugado por 5 minutos a 12000 rpm,seguido de descarte do sobrenadante. O
DNA foi seco a 37 °C e o pellet ressuspendido em 20 µL de H2O ultrapura estéril.
Fez-se a digestão do DNA mitocondrial com um mix para cada amostra contendo 1 µL de
enzima de restrição Hinf I, 2 µL de tampão da mesma enzima, 1 µL de RNAse e 6 µL de água ultrapura
estéril. Adicionou-se 10 µL do mix em cada tubo de microcentrífuga e, em seguida, foi acrescentado 10
µL do DNA à mistura. A incubabação foi realizada por 6 horas a 37 °C.
A eletroforese foi realizada em gel de agarose (1%), TBE (Tris-borato 45 Mmol /L, 1 mmol/L
EDTA, pH 8); Brometo de etídeo e visualização no transluminador UV.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As 36 leveduras utilizadas neste estudo tiveram suas regiões internas de seqüência simples
repetidas (ISSR) amplificadas por reação de polimerase em cadeia (PCR) utilizando o GTG5 (5‘- GTG
GTG GTG GTG GTG -3‘) como iniciador, de acordo com SILVA-FILHO (2003). Observou-se 25
diferentes perfis moleculares (―A‖ – ―Z‖), sendo o perfil ―A‖ o predominante, tendo aparecido nos
tempos T0, T3 e T4, somando o total de 8 amostras com perfil tipo ―A‖ (22% da população). A prevalência
do perfil ―A‖ pode ser devido à melhor adaptação desta cepa às condições encontradas no processo
fermentativo.
A técnica para detecção de polimorfismo por comprimento de fragmento de restrição (RFLP) do
DNA mitocondrial (RFLP-mtDNA) foi empregada segundo uma modificação de Querol et al. (1992) e
foram obtidos, das 36 leveduras, 7 grupos de perfis moleculares (―a – g‖). Dentre os perfis observados, o
22. 15
perfil molecular ―a‖ (19,44% da população) foi o predominante aparecendo pelo menos uma vez em cada
um dos tempos de coleta.
Os autores Silva-Filho (2003) e Bernardi (2007) explicam que a variabilidade dos perfis
moleculares obtidos pela técnica de ISSR é influenciada pela temperatura de anelamento do
oligonucleotídeo com a região de microsatélite desejada no DNA durante a reação de polimerase em
cadeia (PCR). Além disso, os padrões de banda no ISSR podem ser afetados por parâmetros como o tipo
e concentração do iniciador escolhido, concentração e pureza do DNA molde e magnésio (MEYER e
MITCHELL, 1995). Provavelmente por estes motivos, foi observado maior número de perfis distintos na
técnica baseada em reação por cadeia de polimerase (PCR).
A análise de restrição do DNA mitocondrial (mtDNA-RFLP) é uma das técnicas mais usadas no
momento devido à sua alta reprodutibilidade, além de ser uma técnica simples, confiável, rápida e com
melhor custo-eficácia. Também tem sido empregada em trabalhos que visam a diferenciação entre
linhagens de leveduras isoladas do mesmo mosto e para monitorar a persistência e prevalecência de uma
linhagem específica durante o desenvolvimento do processo fermentativo (ARAÚJO, et al.2007).
Observou-se, através das técnicas utilizadas no presente trabalho, um alto grau de variação
alélica nos microssatélites das linhagens de S. cerevisiae analisadas. Estas técnicas, bem como outras
também baseadas em polimorfismo de DNA, têm sido combinadas por pesquisadores para o melhor
acompanhamento da diversidade intraespecífica de linhagens durante o ciclo fermentativo (BALEIRAS
COUTO et. al. 1996; PATARO, C. 2000; GUERRA, J. B., 2001; ARAÚJO, A. C. et al. 2007;
OLIVEIRA et. al, 2008). Segundo Guerra et al. (2001) é possível que a diversidade molecular
encontrada em linhagens de S. cerevisiae se deva às características seletivas únicas do processo
fermentativo da cachaça como: ciclo fermentativo curto (em torno de 24-36 h), elevadas temperaturas
ambientais, elevada concentração alcoólica ao final do processo e ciclos fermentativos diários que duram
de quatro a seis meses. A autora afirma ainda que as variações nos lócus hipervariáveis de cada linhagem
devem acontecer pelo acúmulo de pequenas mutações nestas leveduras durante o sistema em
fermentação, ou devido ao cruzamento mitótico entre os isolados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As duas técnicas utilizadas para a diferenciação infra-específica das linhagens de
Saccharomyces cerevisiae isoladas de uma destilaria do semi-árido baiano foram capazes de detectar o
alto grau de polimorfismo encontrado no mosto durante o ciclo fermentativo. Através das metodologias
aplicadas observou-se a presença de pelo menos um perfil dominante durante todo o ciclo fermentativo
sugerindo que estas linhagens foram mais aptas às condições encontradas no sistema.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, R.A.C., F.C.O. GOMES., E.S.A. MOREIRA., P.S. CISALPINO & A.C. ROSA. 2007.
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23. 16
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combustível para otimização do processo de fermentação. Universidade Federal de Pernambuco. Recife.
Tese de Doutorado.
24. 17
ESTUDOS ANATÔMICOS DESENVOLVIDOS NO LABORATÓRIO DE
MICROMORFOLOGIA VEGETAL (LAMIV), UEFS
Ana Paula Conceição Silva1
; Flaviane Leite Araujo2
; Marina Santos de Assis3
; Cláudia Elena
Carneiro4
(1) Bolsista Plantações Michelin da Bahia Ltda., Graduanda em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana,
BA, e-mail: anapaula.csilva1@gmail.com
(2) Bolsista PIBIC/CNPq, Graduanda em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, e-mail:
flaviane.araujo@gmail.com
(3) Bolsista PIBIC/CNPq, Graduanda em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, BA, e-mail:
marinaassis2005@hotmail.com
(4) Orientadora, Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Micromorfologia Vegetal, Universidade Estadual de Feira
de Santana, BA, e-mail: cecarneiro@gmail.com
PALAVRAS-CHAVE: anatomia vegetal, Sapotaceae, Bahia.
INTRODUÇÃO
O Laboratório de Micromorfologia Vegetal (LAMIV) da Universidade Estadual de Feira de
Santana (UEFS) foi fundado em 1995 pela Professora Néa Andrade de Macêdo, a qual foi a sua primeira
coordenadora. Atualmente, o LAMIV está sob a coordenação da Profa. Dra. Cláudia Elena Carneiro,
sendo o local de desenvolvimento de pesquisas tanto de iniciação científica como também de pós-
graduação. O referido laboratório tem como linhas de pesquisa a palinologia e a anatomia vegetal, sendo
esse último o foco da realização deste trabalho. Além disso, o laboratório também subsidia trabalhos em
florística e fenologia desenvolvidos em uma Reserva de Mata Atlântica na Bahia.
Os estudos em anatomia vegetal, segundo Appezzato-da-Glória (2006), podem auxiliar a
compreensão de vários fenômenos relacionados ao corpo vegetal, bem como os estudos de identificação
taxonômica. Assim, o desenvolvimento de pesquisas relacionadas à estrutura interna da planta apresenta
não apenas um caráter descritivo, mais também de cunho taxonômico.
As pesquisas desenvolvidas no LAMIV na área de anatomia vegetal têm como ênfase os
representantes da família Sapotaceae. Essa família é atualmente posicionada na ordem Ericales (Souza &
Lorenzi, 2005) e compreende 53 gêneros com aproximadamente 1.250 espécies, concentradas
principalmente nas Américas, Ásia, região do Pacífico e África (Monteiro et al. , 2007). No Brasil
ocorrem 14 gêneros e cerca de 200 espécies, principalmente na Floresta Amazônica (Souza & Lorenzi,
2005). A família inclui diversas plantas frutíferas, como o abiu (Pouteria spp.), o sapoti (Malnilkara
spp.), o abricó-de-praia (Manilkara subsericea (Mart) Dubard) e diversas árvores que produzem madeiras
de boa qualidade como a maçaranduba (Manilkara spp.). Nas florestas estacionárias é comum o aguaí
(Chrysophyllum gonocarpum (Mart & Eichler) Engl) (Souza & Lorenzi, 2005).
O presente trabalho teve como objetivo principal a divulgação das pesquisas com espécies de
Sapotaceae em nível de iniciação científica desenvolvidas no LAMIV, no que tange a anatomia vegetal,
no intuído de subsidiar outras investigações nessa área, uma vez que esses conhecimentos são utilizados
para entender o funcionamento do corpo da planta bem como nos estudos de identificação de espécies
aplicados na taxonomia vegetal.
MATERIAL E MÉTODOS
A realização de estudos em anatomia vegetal no LAMIV é desenvolvida através da aplicação de
técnicas usuais utilizadas nessa área. Atualmente, o órgão da planta usado para a investigação das
características anatômicas é a folha, coletada principalmente de espécies herborizadas depositadas no
Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS), pertencentes ao Projeto Flora da Bahia,
desenvolvido por pesquisadores da instituição, e também materiais frescos coletados em diversas
localidades da Bahia.
Primeiramente, as amostras do material herborizado são submetidas ao processo de reidratação
com água destilada e algumas gotas de glicerina sendo submetidas à fervura em manta aquecedora. Em
seguida, são conservadas em álcool etílico a 70%. Quando utilizadas amostras frescas, essas são
diretamente conservadas em álcool etílico a 70%. Após esse processo, as amostras são submetidas a
25. 18
outros procedimentos para a obtenção dos dados anatômicos como: (i) obtenção da epiderme, (ii) secções
transversais e longitudinais para a identificação das estruturas internas e (iii) diafanização.
Obtenção da epiderme
Para a análise da epiderme utilizou-se o método de Jeffrey (Macêdo, 1997), sendo as folhas
segmentadas transversalmente, com o intuito de retirar o mesofilo, o que promove o descolamento das
epidermes abaxial e adaxial da folha. Posteriormente, as amostras de epiderme obtidas foram coradas com
Safranina a 1%.
Secções transversais e longitudinais (Identificação das estruturas internas)
Para a análise da estrutura interna da lâmina foliar e do pecíolo foram realizadas secções à mão
livre ou com o auxílio de micrótomo rotativo.
As secções à mão livre foram realizadas nas regiões basal, mediana e apical da lâmina foliar e
no pecíolo; os cortes obtidos foram clarificados com Hipoclorito de Sódio PA. a 4-6% , permanecendo de
15 a 35 minutos (variando a depender da espécie e da espessura da folha), sendo em seguida corados com
Safranina e Azul de Astra (Kraus & Arduin, 1997).
O processo de emblocamento para secção em micrótomo rotativo seguiu o protocolo descrito
por Meira & Martins (2003), com adequações quando necessário. As folhas, após serem retiradas do
álcool 70%, foram submetidas à desidratação em uma série etílica crescente – álcool etílico a 80%, 90% e
100% - e, em seguida, álcool etílico a 100% mais resina pura (1:1), com permanência de duas horas em
cada etapa. Após esse procedimento, o material foi inserido em resina ativada por 24 horas e conservado
sob refrigeração. Depois de desidratado, o material foi emblocado em resina (resina ativada +
endurecedor) nos moldes de polietileno e levados a estufa histológica a uma temperatua de
aproximadamente 36° C, por 72 horas. Em seguida, os blocos foram montados em suportes de madeira
sendo levados ao microtomo, onde foram realizados os cort
espessuara sendo, posteriormente, corados com azul de toluidina 1%.
Diafanização
Para estudos mais detalhados sobre a vascularização das folhas foi necessário uma maior
transparência do material, neste caso, empregou-se a técnica de diafanização com adequações para as
especias estudadas. Entre os dianifazores mais utilizados, temos o hidrato de cloral e hidróxido de sódio
que se utilizam em solução aquosa. Neste procedimento as folhas foram colocadas inteiras imersas em um
recipiente contendo as substâncias citadas, com um tempo especifico para da espécie, até alcançar
descoloração total.
Todas as amostras obtidas, após serem coradas, foram montadas em preparações semi-
permanentes e/ou permanentes as quais são analisadas em microscopia óptica e fotomicrografadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como resultados dos trabalhos desenvolvidos no LAMIV na área da anatomia vegetal, temos o
levantamento de características anatômicas da estrutura foliar e pecíolo de diversos gêneros da família
Sapotaceae, dentre eles Chrysophyllum Mast, Diploon Cronquist, Ecclinusa Mart., Manilkara Adans,
Micropholis (Grisebach) Pierre, Pouteria Aublet, Sarcaulus (A.DC.) Eyma e Sideroxylon L.
desenvolvidos por alunos da graduação, que participam de projetos de iniciação científica com o apoio de
instituições fomentadoras à pesquisa, como CNPq, FAPESB, UEFS e Plantações Michelin da Bahia
LTDA.
As características anatômicas identificadas nos estudos são, geralmente, os tipos de feixe
vascular (Figura 1A); presença de estruturas secretoras (Figura 1B) caracterização da epiderme foliar no
que se refere aos tipos de estômatos e aspectos das células epidérmicas (Figura 1C-D); tipo de mesofilo
(Figura 1E): ausência/presença e tipos de tricomas (Figura 1F). Essas características quando combinadas
são importantes para a singularização das espécies.
As estruturas anatômicas citadas para a família Sapotaceae são importantes para diferenciação
das espécies e são de grande valia para estudos taxonômicos, uma vez que dentro da família Sapotaceae
alguns grupos são de difícil circunscrição com base em características morfológicas externas (Pennington,
1990). Os estudos presentes com os gêneros de Sapotaceae, desenvolvidos no LAMIV, são em sua
maioria de caráter pioneiro, uma vez que não há literatura específica com descrições anatômicas da
26. 19
estrutura foliar dos gêneros citados, com exceção de Pouteria, que recentemente foi fonte de estudos
anatômicos da Flora do Rio de Janeiro.
Os dados obtidos a partir das análises e identificação das características anatômicas para os
gêneros da família Sapotaceae, são aplicados nos estudos taxonômicos do grupo, sendo estes dados
utilizados para confecção de chaves de identificação, principalmente para aqueles grupos cuja
identificação com base em características morfológicas externas, não são suficientes para sua elucidação.
Assim ressalta-se a importância da utilização das características micromorfológicas como uma ferramenta
a ser utilizada em estudos de caráter taxonômico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Viçosa, Editora UFV, 438p.
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Editora Edur, 198p.
MACÊDO, N.A. 1997. Manual de Técnicas em Histologia Vegetal. Feira de Santana, Universidade
Estadual de Feira de Santana, 98p.
27. 20
MEIRA, R.M.S.A & MARTINS. F.M. 2003. Inclusão de Material Herborizado em Metacrilato para
Estudos de Anatomia Vegetal. Revista Árvore 27(1): 109-112.
MONTEIRO, M.H.D.A; NEVES, L.J. & ANDREATA, R.H.P. 2007. Taxonomia e anatomia das espécies
de Pouteria Aubl. (Sapotaceae) do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Pesquisas Botânicas n° 58: 7-118.
PENNINGTON, T.D. 1990. Flora Neotropica - Sapotaceae. New York, New York Botanical Garden,
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SOUZA, V.C. & LORENZI, H. (eds.) 2005. Botânica Sistemática. Guia Ilustrado para identificação das
Angiospermas da Flora Brasileira, baseado em APG II. Nova Odessa, Instituto Plantarum, 704p.
28. 21
EFEITO DE AGENTES OSMÓTICOS NA CONSERVAÇÃO IN VITRO DE SYNGONANTHUS
MUCUGENSIS GIUL. SUBSP. MUCUGENSIS1
Bruno Freitas Matos Alvim1
; José Raniere Ferreira de Santana2
; Mara Márcia Sampaio
Albuquerque3
e Alone Lima-Brito4
1. Bolsista PROBIC/CNPq, Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:
brunoalvim18@hotmail.com
2. Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: raniere@uefs.br
3. Bolsista PIBIC/CNPq, Graduanda em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:
mara_fsa@hotmail.com
4. Programa de Pós Graduação em Botânica, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de
Santana, e-mail: lima_brito@yahoo.com.br
PALAVRAS-CHAVE: sempre-viva; cultivo in vitro; crescimento mínimo; conservação ex situ.
INTRODUÇÃO
Syngonanthus mucugensis Giul. subsp. mucugensis é uma eriocaulácea com potencial de
utilização no comércio de flores secas pois suas inflorescências mantém o aspecto in natura mesmo
depois de coletadas, constituindo uma importante fonte de renda para a população da Chapada
Diamantina, Bahia (Parra, 2000; Ramos, 2005).
Apesar de ocorrer em uma área de preservação ambiental, encontra-se em risco de extinção em
conseqüência da exploração extrativista que sofreu nas últimas décadas (Ramos, 2005). O crescimento
mínimo in vitro é uma estratégia de conservação ex situ que garante a manutenção da integridade genética
e biológica da espécie, apresentando diversas vantagens sobre o processo de conservação de germoplasma
no campo, entre elas destacam-se: necessidade de menor espaço para manter a coleção; manutenção de
material vegetal livre de patógenos; disponibilidade de material para ser imediatamente propagado; além
da redução dos custos financeiros, entre outros (Dorion et al., 1991).
A conservação in vitro pode ser obtida pela adição de agentes osmóticos no meio de cultura,
como os carboidratos, que reduzem a disponibilidade de água e nutrientes para a planta, induzindo o
crescimento mínimo das plantas.
O objetivo deste estudo foi avaliar a influência da sacarose, manitol e sorbitol na conservação in
vitro de S. mucugensis subsp. mucugensis.
MATERIAL E MÉTODOS
Os brotos micropropagados de S. mucugensis subsp. mucugensis, obtidos conforme metodologia
proposta por Lima-Brito et al., (2007) foram inoculados em meio de cultura MS (Murashige & Skoog,
1962) com metade da concentração salina (MS½) suplementado com 60g.L-1
de sacarose e 15, 30, 45 g.L-
1
de sacarose combinados com 0 e 15g.L-1
de sorbitol ou manitol, em um delineamento experimental
inteiramente casualizado. Cada tratamento foi composto de 10 parcelas com 4 amostras cada. As culturas
foram mantidas em câmara do tipo B.O.D. à 18ºC e fotoperíodo 16 horas.
Aos seis meses de armazenamento foram analisadas as variáveis: porcentagem de sobrevivência
das plantas (%S), porcentagem de folhas verdes (%FV), comprimentos da parte aérea (CPA) e da maior
raiz (CR), porcentagem de plantas com broto (%B), número de brotos por planta (NB) e comprimento dos
brotos (CB).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não foram obtidas diferenças significativas entre os tratamentos com 15 e 30g.L-1
de sacarose
para CPA e CR, sendo observada uma redução dessas variáveis com o aumento da concentração de
sacarose para 45 e 60g.L-1
ou com a utilização de sacarose combinada com manitol ou sorbitol (Tabela 1).
Estes resultados indicam que os carboidratos, quando utilizadas em altas concentrações diminuem o
potencial hídrico do meio de cultura, o que inibe a absorção de água e nutrientes pelo explante reduzindo
o crescimento in vitro (Caldas et al., 1988; Engelmann, 1991).
1
Apoio Financeiro: FAPESB, CNPq
29. 22
Embora tenha sido observado um decréscimo do CPA e do CR em resposta a redução do
potencial hídrico do meio de cultura esta metodologia não é indicada para a conservação in vitro de S.
mucugensis subsp. mucugensis visto que o aumento da concentração de carboidratos no meio reduziu a
viabilidade das plantas.
As médias para %S obtidas em meio suplementado com 15 e 30g.L-1
de sacarose e 15g.L-1
de
sacarose combinada com 15g.L-1
de sorbitol ou manitol não diferiram entre si, sendo significativamente
superiores aos demais tratamentos. Para %FV o melhor resultado foi encontrado no tratamento que
continha 15g.L-1
de sacarose, seguido dos meios suplementados com 30g.L-1
de sacarose e 15g.L-1
de
sacarose combinado com sorbitol (Tabela 1).
Os piores resultados para %FV e %S foram obtidas em meio contendo manitol, quando
comparados com os meios suplementados com sacarose ou sacarose e sorbitol (Tabela 1), o que
demonstra a ação deste carboidrato como agente osmótico, reduzindo o potencial hídrico do meio de
cultura e consequentemente a viabilidade das plantas cultivada in vitro.
Tabela 1. Efeito de diferentes concentrações dos agentes osmóticos sacarose, sorbitol e manitol na
conservação in vitro de Syngonanthus mucugensis Giul. subsp. mucugensis
CPA- Comprimento da parte aérea; CR- Comprimento da maior raiz; S- folhas senescentes; FV- folhas
verdes; B- n° de plantas com brotos; NB- n° de brotos por explante; CB- comprimento dos brotos. Médias
seguidas pela mesma letra não diferem entre si ao nível Tukey (5%)
A redução na sobrevivência das plantas foi observada com o aumento na concentração de
carboidrato a partir de 45 g. L-1
e 30 g. L-1
de sacarose quando combinadas com sorbitol ou manitol. Esses
resultados corroboram Ledo (2007), em um estudo sobre o efeito da sacarose e manitol na conservação in
vitro de coqueiro anão (Cocos nucifera L.).
Os melhores resultados para sobrevivência dos brotos e número de brotos por explante foram
obtidos nos tratamentos 30 g.L-1
de sacarose combinados com 15g.L-1
de manitol ou sorbitol, sendo que
para número de brotos, não houve diferença entre este tratamento e o meio suplementado com 15 g.L-1
de
sacarose combinados com manitol.
É provável que a produção de brotos in vitro em S. mucugensis subsp. mucugensis a partir de
planta intacta esteja relacionada ao estresse osmótico causado pela adição de carboidratos ao meio de
cultura. Entretanto não foram encontradas altas taxas de %B, NB e CB nos meios com menor potencial
hídrico, o que deve estar relacionado a redução da viabilidade das plantas nestes tratamentos
As médias mais significativas para comprimento dos brotos foram obtidas com 15 e 30 g. L-1
de
sacarose combinadas com 15 g.L-1
de sorbitol e 30 g. L-1
de sacarose combinadas com 15 g. L-1
de
manitol (Tabela 1). Resultados similares foram encontrados por Faria et al. (2006) na conservação de
Passiflora giberti,que obteve nessas mesmas concentrações de sacarose combinados com sorbitol os
maiores comprimentos das brotações.
Os resultados indicam que os reguladores manitol e sorbitol, não são eficientes na conservação
in vitro de S. mucugensis subsp. mucugensis.
CONCLUSÃO
A conservação in vitro de S. mucugensis subsp. mucugensis pode ser feita em meio de cultura
MS½ contendo 15g.L-1
de sacarose, por até seis meses, sem subcultivo.
Agente osmóticos (g.L-1
)
Sacarose Sorbitol Manitol CPA(mm) CR (mm) S(%) FV(%) B (%) NB CB (mm)
15 - - 27,30 a 28,70 a 97,50 a 89,15 a 7,50 c 0,40 b 1,40 b
30 - - 23,40 a 23,40 a 97,50 a 71,75 a 10,00 c 0,70 b 1,00 b
45 - - 12,50 b 12,50 b 68,00 b 34,22 b 12,50 c 0,88 b 0,90 b
60 - - 6,90 d 7,00 c 42,50 c 15,00 c 2,50 c 0,03 b 0,30 b
15 15 - 21,70 a 24,70 a 92,50 a 73,88 a 22,50 b 0,75 b 2,50 a
30 15 - 17,50 b 18,80 b 65,00 b 38,13 b 37,50 a 1,38 a 3,50 a
45 15 - 6,20 d 4,30 c 25,00 c 9,33 c 7,50 c 0,33 b 0,90 b
15 - 15 15,90 b 26,00 a 90,00 a 51,38 b 20,00 b 1,78 a 1,30 b
30 - 15 12,60 c 18,20 b 60,00 b 27,25 b 35,00 a 1,65 a 2,90 a
45 - 15 4,50 d 5,00 c 22,50 c 8,75 c 15,00 b 0,45 b 1,30 b
30. 23
REFERÊNCIAS
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31. 24
ALTERAÇÕES NA MICROCIRCULAÇÃO CAUSADAS PELA PEÇONHA DE Bothrops
leucurus.
Carine Almeida Miranda1
; Ilka Biondi2
; Dulcineia Ferreira de Andrade3
; Rafaela Carvalhais Brito4
1. Bolsa estágio acadêmico/UEFS, Graduanda em Ciências Biológicas/LAPH, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-
mail: krialmeida@hotmail.com
2. Orientadora, Departamento de Ciências Biológicas/LAPH, Universidade Estadual de Feira de Santana, email:
ilkabiondi@gmail.com
3. Participante do projeto, Bióloga, Departamento de Ciências Biológicas/LAPH, Universidade Estadual de Feira de Santana,
email: dulciiandrade@yahoo.com.br
4. Participante do projeto, Graduanda em Ciências Biológicas/LAPH, Universidade Estadual de Feira de Santana, email:
rafaela.carvalhais@gmail.com
Palavras-chave: Bothrops leucurus, peçonhas, microcirculação.
INTRODUÇÃO:
A serpente Bothrops leucurus popularmente conhecida como jararaca-do-rabo-branco, é o mais
frequente agente causador de acidentes no estado da Bahia. A peçonha botrópica é caracterizada por
ocasionar principalmente lesões locais que incluem edema, equimose, dor, hemorragia e mionecrose,
estando associados a distúrbios cardiovasculares, hemodinâmicos e lesões renais. O presente trabalho teve
como objetivo visualizar os efeitos causados pela peçonha de Bothrops leucurus na microcirculação do
músculo cremaster de camundongos.
METODOLOGIA
Camundongos foram anestesiados com 50mg/kg de pentobarbital sódico, o músculo cremaster
do sacro escrotal de camundongo foi exposto cirurgicamente. Em seguida, foi aplicada por via tópica no
músculo cremaster, 1,5µg de proteína/peçonha de Bothrops leucurus em um volume final de 30µl.
Imediatamente a aplicação observações por microscopia intravital foi realizada e fibras musculares do
músculo cremaster dos camundongos. Como controle foi aplicado PBS na mesma quantidade do volume
final (Figura 1). Os parâmetros analisados foram: hipercontração da fibra muscular, contração, dilatação e
estase das arteríolas de 20-30um, rolamento de leucócitos em vênula pós-capilar com comprimento de
100um e 25-40 um de diâmetro. Foi considerado como um leucócito firmemente aderido ao endotélio da
vênula àquele que permaneceu parado por, no mínimo, 30 segundos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O aparecimento de trombos nas vênulas do músculo cremaster ocorreu após os três minutos da
aplicação da peçonha (Figura 2 a/b). As contrações das arteríolas iniciaram aos cinco minutos após a
aplicação da peçonha (Figura 3). Grandes áreas hemorrágicas foram observadas, iniciando-se com três
minutos após a aplicação da peçonha (Figura 4 a/b).
Foi possível observar aumento do número de leucócitos em vênulas póscapilares, com aderência
eucocitária na parede do vaso, aos 10 minutos após a aplicação da peçonha. Após uma hora foi possível a
contagem dos leucócitos, podendo observar uma grande interação entre leucócito-endotélio.
32. 25
Figura 1. Músculo cremaster do grupo controle inoculado com 30ul de PBS
Figura 2 a/b. Trombos nas vênulas do músculo cremaster três minutos após aplicação da peçonha.
Figura 3. Contrações das arteríolas do músculo cremaster
cinco minutos após a aplicação da peçonha.
Figura 4 a/b. Áreas hemorrágicas do músculo cremaster observadas três minutos após a aplicação da peçonha.
33. 26
CONCLUSÃO
A visualização da microcirculação do músculo cremaster do camundongo, possibilitou a
verificação de formação de trombos, contração arteriolar, com grandes focos hemorrágicos
desencadeados pela peçonhas de Bothrops leucurus.
REFERÊNCIAS
FRANÇA, F.O.S., MÁLAQUE, C.M.S. 2003. Acidente Botrópico. In: Cardoso, J.L., França, F.O.S.,
Wen, F.H., Málaque, C.M.S., Haddad, Jr., V. (Eds.), Animais peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e
terapêutica dos acidentes. Savier, São Paulo, pp. 72–86.
FARSKY, S.H., GONÇALVES, L.R.C., CURY, Y. 1999. Characterization of local tissue damage evoked
by Bothrops jararaca venom in the rat connective tissue microcirculation: an intravital microscopic study.
Toxicon v. 37, p. 1079–1083.
ZYCHARA B.C., CASTRO JR. N. C., MARCELINO J. R., GONÇALVES, L. R. C. 2008. Phenol used
as a preservative in Bothrops antivenom induces impairment in leukocyte–endothelial interactions.
Toxicon, v. 51, p. 1151–1157.
Figura 1. Microcirculação normal do músculo cremaster. Dose de 30µl PBS, foi aplicada via tópica no
músculo cremaster de camundongos.
Figura 2. Trombo nas vênulas do músculo cremaster, iniciando após três minutos a aplicação tópica da
peçonha. Dose de 1,5µg de peçonha foi aplicada via tópica no músculo cremaster de camundongos.
Figura 3. Contração na arteríola iniciada após cinco minutos do inicio da aplicação tópica da peçonha.
Dose de 1,5µg de peçonha foi aplicada via tópica no músculo cremaster de camundongos.
Figura 4. Áreas hemorrágicas observadas a partir dos três minutos após aplicação da peçonha. Dose de
1,5µg de peçonha foi aplicada via tópica no músculo cremaster de camundongos.
34. 27
LEVANTAMENTO E SISTEMATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO TRADICIONAL DOS
PESCADORES SOBRE AS AGREGAÇÕES REPRODUTIVAS DE PEIXES RECIFAIS NO
BAIXO SUL DA BAHIA
Cláudio Dantas Baqueiro1
e George Olavo Mattos e Silva2
1. Bolsista PIBIC/Fapesb, Graduando em Ciências Biologicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:
baqueiro.claudio@gmail.com
2. Orientador, Departamento de Ciências Biologicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:
georgeolavo@uol.com.br
PALAVRAS-CHAVE: Peixes Recifais, Agregações Reprodutivas, Pesca de Linha
INTRODUÇÃO
A crescente utilização da zona costeira e marinha para atividades relacionadas à exploração e
produção de hidrocarbonetos tem suscitado preocupação acerca da poluição sonora gerada por essas
atividades e seus efeitos sobre a biota. São observadas alterações significativas nos padrões
comportamentais importantes no ciclo de vida de diversos organismos. Esse tipo de impacto é bem
conhecido em peixes, e é referido na literatura especializada como ―efeito de afugentamento‖ (scaring
effect; Dalen & Raknes, 1985).
O projeto Agregações Reprodutivas de Peixes Recifais no Brasil - PRÓ-ARRIBADA, inserido
no Programa Termo de Compromisso de Sísmica Marítima (Processo IBAMA nº 02001.003030/2001-
82), sob supervisão do ICMBio e executado através da Carteira Fauna Brasil/FUNBIO, visa produzir
subsídio técnico-científico ao processo de licenciamento ambiental da atividade de prospecção sísmica
marítima, mediante a determinação da localização, época de ocorrência, características físicas e
biológicas de agregações reprodutivas de peixes recifais de importância ecológica e pesqueira. Inclui as
regiões da Costa Norte e do Baixo Sul da Bahia, integrando a denominada Região Alvo 2 do projeto
nacional. A pesca de linha sobre os peixes associados aos ambientes recifais é a atividade econômica
tradicional nessa região, sustentando numerosas frotas linheiras locais de características essencialmente
artesanais (Olavo et al. 2005).
A proposta deste trabalho é realizar o levantamento e sistematização do conhecimento
tradicional dos pescadores com relação a época e local das agregações reprodutivas, comportamento
conhecido entre os pescadores como arribada ou arribação. Tem como meta resgatar informações
oralmente transmitidas ao longo de gerações que se apresentam fundamentais a compreensão da historia e
dinâmica das pescarias recifais e de seus recursos pesqueiros. Dentro deste contexto, diversos autores
demonstram que a investigação do conhecimento tradicional é uma ferramenta valiosa para o
entendimento da dinâmica de sistemas marinhos complexos, assim como para o desenvolvimento de
planos de manejo e estratégias de gestão de recursos pesqueiros (Johannes, 1998; Berkes, 1999; Neis et
al., 1999; Huntington, 2000; Seixas e Berkes, 2003; Gerhardinger et al., 2004).
Resultados preliminares das etapas inciais do projeto são aqui apresentados, incluindo o
reconhecimento da área de estudo com a identificação dos principais portos das frotas linheiras do Baixo
Sul da Bahia, o mapeamento dos principais mestres de pescarias (informantes chaves, especialistas
tradicionais), e um primeiro embarque de observadores de bordo para documentação da pescaria da
caranha (Lutjanus cyanopterus, Perciformes: Lutjanidae).
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA (ou equivalente)
A área de estudo corresponde à região costeira do Baixo Sul da Bahia. O desenvolvimento da
pesquisa inclui os seguintes passos: (1) mobilização inicial; (2) identificação de informantes-chave; (3)
entrevistas semi-estruturadas com informantes-chave e reuniões com grupos focais; (4) apresentação e
discussão dos resultados do projeto nas comunidades. O contato com os pescadores especialistas
tradicionais ocorreram principalmente nos portos de desembarque, em visitas periódicas, onde também
vem sendo realizado o monitoramento das pescarias dirigidas às espécies alvo do projeto e a amostragem
das capturas.
35. 28
As etapas iniciais de mobilização e identificação de informantes-chave foi realizada através do
contato direto com os mestres e pescadores tradicionais, comerciantes e lideranças do segmento pesqueiro
da região, a partir de visitas de reconhecimento às principais comunidades de pescadores dos municípios
de Valença (sede municipal), Cairu (Gamboa, Garapuá, Boipeba, Moreré e São Sebastião/Cova de Onça),
Nilo Peçanha (Barra dos Carvalhos e São Francisco), Camamu (sede municipal) e Marau (Barra Grande).
Estas visitas foram realizadas entre dezembro/2008 e abril/2009.)
Em um momento posterior, serão realizadas entrevistas semi-estruturadas, questionários curtos
(estruturados), pesquisa de campo participativa, construção de mapas cognitivos com grupos focais das
comunidades pesqueiras e informantes-chave, entre outras técnicas descritas em detalhe por Seixas (2005)
e Bunce et al. (2000).
Durante a amostragem dos desembarques são coletadas informações sobre as áreas de pesca e
pesqueiros visitados, esforço de pesca realizado, composição específica da captura, freqüência de
comprimentos, capturas totais em peso e número de indivíduos por espécies (Sparre e Venema, 1997). Os
contatos inciais e as entrevistas podem ocorrer nos portos de desembarque, peixarias, residências, ou até
mesmo em alto mar, no acompanhamento das pescarias.
RESULTADOS E/OU DISCUSSÃO
Uma grande quantidade de informações neste início de trabalho foram coletadas e começam
também a ser sistematizadas e analisadas. O número de desembarques e embarcações monitorados, assim
como os portos onde vem sendo feita a amostragem biológica das capturas são apresentadas na tabela a
seguir:
Portos Barcos Numero de Desembarques
Camamu Compadre 5
Camamu Flor da Limeira 1
Camamu Cheguei Agora 2
Valença Dauntless 4
Valença Fenômeno 2
Valença Bel Mar IV 1
Valença Salmo 23 1
Valença Bugurrilho 1
Valença Douglas 1
Barra Grande Serra Grande II 3
Durante a etapa de identificação dos informantes chaves foi levada em consideração a questão
qualitativa da informação em relação ao conhecimento e a frequência das pescarias, sendo que, alguns
mestres que estão apoiando o trabalho são acompanhados com maior proximidade. Além destes
informantes é de grande relevância a participação daqueles pescadores mais idosos afastados por
aposentadoria, já que, uma das contribuições mais importantes que este trabalho se propõe a fazer é o
resgate da memória da pescaria sobre as arribações.
Contribuiu ao andamento do trabalho o acompanhamento da equipe de embarque na pescaria da
caranha, que foi documentada através do registro de imagens fotográficas e caderno de bordo. Todo o
procedimento de amostragem da captura e amostragem biológica foram feitos no local, excerto a pesagem
dos peixes com mais de 15 Kg. Esta pescaria foi descrita em todo o seu processo desde a confecção dos
aviamentos de pesca, localização, período, os tipos de isca, a pesca das iscas até a captura do peixe.
36. 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos considerar como um momento importante nesta primeira etapa do projeto o embarque
dos pesquisadores como observadores de bordo para acompanhamento, amostragem biológica e
documentação da pescaria da caranha, que além de permitir a confirmação do período e local da
agregação desta espécie na região, possibilitou a coleta de gônadas e dados biométricos para verificação
do caráter reprodutivo desta agrageção. Também o convívio a bordo e contato no mar com mestres e
pescadores de diferentes portos de origem, forneceram as primeiras informações de base para a
construção do roteiro das entrevistas semi-estruturadas que serão aplicadas num segundo momento.
Pretende-se para o bom encaminhamento do trabalho, no que se refere ao resgate da memória da
pescaria sobre as arribações, a construção de um roteiro de entrevista consistente capaz de fazer com que
as comparações entre passado e presente sejam sempre acompanhadas por relações causais claramente
fundamentadas em observações cotidianas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Berkes, F. 1999. Sacred ecology: traditional ecological knowledge and resource management.
Philadelphia and London: Taylor and Francis.
Bunce, L.; Townsley, P.; Pomeroy, R.; Pollnac, R. 2000. Socioeconomic manual for coral reef
management. Global Coral Reef Monitoring Network (GCRMN). Australian Institute of Marine Science.
Costa, P. A. S, Martins, A. S., Olavo, G., 2005. Pesca e potenciais de exploração de recursos vivos na
região central da Zona Econômica Exclusiva brasileira. Rio de Janeiro: Museu Nacional (Série Livros,
13), 247p.
Dalen, J., and Raknes, A. 1985. Scaring effects on fish from three-dimensional seismic surveys. Report
No. FO 8504. Institute of Marine Research, P.O. Box 1870, N-5024 Bergen, Norway.
Gerhardinger, L.C.; Freitas, M.O.; Medeiros, R.P.; Godoy, E.A.; Marenzi, R.C.; Hostim-Silva, M. 2004.
Local ecological knowledge and marine biodiversity in the planning process of marine protected areas: a
critical analysis. In: Proceedings of the IV Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, Curitiba.
Pp.500-510.
Johannes, R.E. 1998. The case for data-less resource management: examples from tropical nearshore
finfish. Trends in Ecology and Evolution, 13:243-246.
Neis, B.; Schneider, D.C.; Felt, L. 1999. Fisheries assessment: what can be learned from interviewing
resource users? Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 56(10): 1949-1963.
Huntington, H.P. 2000. Using traditional ecological knowledge in science: methods and applications.
Ecological Applications, 10(5): 1270-1274
Seixas e Berkes, 2003. Learning from fishers: local knowledge for management design and assessment.
In: Vieira, P.F. (org.). Conservação da diversidade biológica e cultural das zonas costeiras: enfoques e
experiências na América Latina e Caribe. Florianópolis: APED. Pp. 333-371.
Seixas, C.S. 2005. Abordagens e técnicas de pesquisa participativa em gestão de recursos naturais. In:
Vieira, P.F.; Berkes, F.; Seixas, C.S. Gestão integrada e participativa de recursos naturais: conceitos,
métodos e experiências. Florianopolis: Secco/APED. Pp 73-105.
37. 30
FUNGOS CONIDIAIS NO MUNICÍPIO DE MORRO DO CHAPÉU, BAHIA
Dalila de Souza Santos1
e Luís Fernando Pascholati Gusmão2
1. Bolsista PIBIC/CNPq, Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:
dalilassouza@gmail.com
2. Programa de Pós-Graduação em Botânica, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana,
e-mail: lgusmao@uefs.br
PALAVRAS-CHAVE: semi-árido, Chapada Diamantina, Hyphomycetes
INTRODUÇÃO
Os fungos são um grupo de organismos eucarióticos extremamente diversos, unidos
primariamente pelo modo de nutrição absortiva (Rossman, 1997). Apresentam estruturas filamentosas
(hifas) e se reproduzem sexuada e/ou assexuadamente, originando esporos e/ou conídios (Maia, 2003).
Dentre os organismos pertencentes ao Reino Fungi, encontram-se os fungos conidiais, formas anamorfas
(fase assexuada) dos filos Ascomycota e Basidiomycota. Este grupo compreende cerca de 2.900 gêneros e
15.950 espécies (Kirk et al., 2001). Sapróbios por excelência, esses fungos desempenham relevante papel
de decompositores, vital para a ciclagem de nutrientes na natureza (Grandi, 1998) e de suma importância
para a manutenção do equilíbrio nos ecossistemas (Mason, 1980). O levantamento de fungos associados à
decomposição de substratos na natureza tem se revelado um método bastante eficaz para subsidiar o
acesso à biodiversidade, que em relação aos fungos conidiais é incipiente no Brasil.
Este trabalho teve como objetivo o estudo taxonômico e o conhecimento dos fungos conidiais
associados à serapilheira no município de Morro do Chapéu, ampliando assim o conhecimento e a
distribuição geográfica dos fungos encontrados.
MATERIAS E MÉTODOS
O município de Morro do Chapéu ocupa uma área de 5.531,854 km² e guarda uma diversidade
de ambientes, sendo uma das 147 áreas prioritárias indicadas para a conservação (MMA, 2002), o que
torna imprescindível a realização de trabalhos de inventários sobre a sua biodiversidade. O Morro do
Chapéu está incluído na região centro-norte da Bahia e sua vegetação é em parte complexa e
caracterizada por diversas formações vegetais. Situado na região setentrional da Chapada Diamantina, seu
relevo é caracterizado por formas tabulares, dispostas em patamares, que se elevam de 480m a mais de
1.000m de altitude. O município apresenta características climáticas do tipo tropical que, no entanto, são
fortemente alteradas pela altitude, apresentando, dessa forma, um clima tropical de altitude, com verão
quente e temperaturas amenas, por volta de 18 a 24°C.
Foram realizadas duas expedições, entre outubro/2008 e fevereiro/2009, para o município de
Morro do Chapéu – BA. Para a coleta do folhedo em decomposição, foram delimitados três pontos dentro
dos domínios de caatinga, campo rupestre e floresta estacional da região, sempre em busca de uma maior
diversidade de folhedo. Após a coleta do material vegetal, as amostras foram levadas ao laboratório e
submetidas à técnica de lavagem em água corrente (Castañeda-Ruiz, 2005). Em seguida, o material foi
acondicionado em câmaras-úmidas e após 72h foi iniciado a coleta das estruturas de reprodução dos
fungos, sob estereomicroscópio, utilizando agulhas (tipo insulina) e estiletes. Os fungos foram colocados
em lâminas com meio de montagem (resina PVL - álcool polivinílico + lactofenol) para confecção de
lâminas semi-permanentes. Os fungos foram isolados em placas de Petri contendo meio de cultura (Ágar-
Milho-Cenoura e Ágar-Aveia). Após identificação, os mesmos foram acondicionados em laminários e
depositados no Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram verificadas 35 espécies de fungos conidiais na serapilheira do município de Morro do
Chapéu. Destas, sete constituem novos registros (Figura 1), sendo dois para o Continente Americano
(Dendryphiopsis biseptata e Sporidesmiella parva var. palauensis), um para o Neotrópico
(Endophragmiella boothii), três para a América do Sul (Dictyochaeta anamorfo de Chaetosphaeria
dingleyae, Dictyochaeta anamorfo de Chaetosphaeria pulchriseta e Eversia parvula) e um para o Brasil
(Helicoubisia coronata). Para estes novos registros são apresentadas distribuição geográfica e ilustrações.
38. 31
Dendryphiopsis biseptata Morgan-Jones, R.C. Sinclair & Eicker. Mycotaxon 17: 304. 1983.
Material Examinado: BRASIL. Bahia: Morro do Chapéu, sobre cascas em decomposição, 28/XII/2007,
D.S. Santos s.n. (HUEFS 134726).
Distribuição geográfica: África do Sul.
Dictyochaeta anamorfo de Chaetosphaeria dingleyae S. Hughes, W.B. Kendr. & Shoemaker, N.Z. Jl
Bot. 6: 343. 1968.
Material Examinado: BRASIL. Bahia: Morro do Chapéu, sobre folhas em decomposição, 06/XII/2007,
D.S. Santos s.n. (HUEFS 134727).
Distribuição geográfica: Austrália, Estados Unidos , México e Nova Zelândia.
Dictyochaeta anamorfo de Chaetosphaeria pulchriseta S. Hughes, W.B. Kendr. & Shoemaker, N.Z. Jl
Bot. 6: 356. 1968.
Material Examinado: BRASIL. Bahia: Morro do Chapéu, sobre folhedo em decomposição, 07/II/2008,
D.S. Santos s.n. (HUEFS 134724).
Distribuição geográfica: Brunei, Cuba, República Tcheca, Estados Unidos da América, China, Malásia e
Nova Zelândia.
Endophragmiella boothii (M.B. Ellis) S. Hughes, N.Z. Jl Bot. 17(2): 147 (1979).
Bas. : Endophragmia boothii M.B. Ellis (1959)
Material Examinado: BRASIL. Bahia: Morro do Chapéu, sobre casca em decomposição, 28/VII/2008,
D.S. Santos s.n. (HUEFS 148831).
Distribuição geográfica: China, Estados Unidos da América (como Endophragmia boothii, Nova
Zelândia e Reino Unido.
Eversia parvula Hol.-Jech., Česká Mykol. 41(1): 31 (1987).
Material Examinado: BRASIL. Bahia: Morro do Chapéu, sobre cascas em decomposição, 13/X/2008,
D.S. Santos s.n. (HUEFS 148832).
Distribuição geográfica: antiga União Soviética, Cuba e México.
Helicoubisia coronata Lunghini & Rambelli, Micol. Ital. 8(1): 21 (1979).
Sin. Moorella monocephala Matsush., Matsush. Mycol. Mem. 7: 58 (1993).
Material Examinado: BRASIL. Bahia: Morro do Chapéu, sobre folhedo em decomposição,
25/VII/2008, D.S. Santos s.n. (HUEFS 137808).
Distribuição geográfica: Costa do Marfim, Equador (como Moorella monocephala), China, Índia, Peru
(como Moorella monocephala) e Tailândia.
Sporidesmiella parva var. palauensis Matsush., Matsush. Mycol. Mem. 4: 16 1985.
Material Examinado: BRASIL. Bahia: Morro do Chapéu, sobre casca em decomposição, 13/X/2008,
D.S. Santos s.n. (HUEFS 148833).
Distribuição geográfica: China, Japão, Malásia e Estados Federativos da Micronésia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse trabalho contribuiu com a ampliação do conhecimento da diversidade dos fungos conidiais
de Morro do Chapéu e, conseqüentemente, da micota brasileira.
O estudo taxonômico dos fungos registrados poderá servir de subsídio para investigações
posteriores neste e em outros ecossistemas, além de fornecerem elementos para projetos de preservação
de áreas do bioma caatinga que abrigam uma ampla diversidade de organismos ainda pouco explorada. A
continuidade de coletas e trabalhos de taxonomia de fungos conidiais propiciará o registro de novas
espécies, tanto espécimes novos para o Brasil, como possivelmente novos registros para a ciência.
39. 32
Figura 1: 1-3. Dendryphiopsis biseptata Morgan-Jones, R.C. Sinclair &
Eicker. 1-2. Visão geral. 3. Detalhe da célula conidiogênica (seta). 4-6.
Dictyochaeta anamorfo de Chaetosphaeria dingleyae S. Hughes, W.B.
Kendr. & Shoemaker. 4. Visão geral da seta com conidióforos. 5-6.
Conídios. 7-9. Dictyochaeta anamorfo de Chaetosphaeria pulchriseta S.
Hughes, W.B. Kendr. & Shoemaker. 7. Setas. 8. Conidióforo. 9. Conídios.
10-13. Endophragmiella boothii S. Hughes. 10-11. Visão geral. 12-13.
Conídios. 14-16. Eversia parvula Hol.-Jech. 14-16. Conídios. 17-19.
Helicoubisia coronata Lunghini & Rambelli. 17. Visão geral. 18. Detalhe
da célula conidiogênica (seta). 19. Conídio. 20-23. Sporidesmiella parva
var. palauensis Matsush. 20. Conidióforo, célula conidiogênica e conídio.
21. Célula conidiogênica com proliferação simpodial. 22-23. Conídios.
40. 33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Congresso Latino Americano de Micologia, Brasília, Brasil, p.182-183.
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Basidiomicetos e Deuteromicetos: noções básicas de taxonomia e aplicações biotecnológicas, p.141-166.
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KIRK, P.M. et al. 2001. Ainsworth and Bisby‟s Dictionary of the fungi. Wallingford, p.654.
MAIA, L.C. 2003. Coleções de Fungos nos Herbários Brasileiros: estudos preliminares. In: A.L.
PEIXOTO (org.), Coleções Biológicas de Apoio ao Inventário, Uso Sustentável e Conservação da
Biodiversidade, pp. 238. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
MASON, C.F.1980. Decomposição. Temas de Biologia. EDUSP e Editora Pedagógica Universitária, Vol
18. São Paulo.
MMA. 2002. Avaliação e identificação de áreas e ações prioritárias para Conservação da
biodiversidade da caatinga. Universidade Federal de Pernambuco. Conservation International do Brasil
e Fundação Biodiversitas, Brasília.
ROSSMAN, A.Y. 1997. Biodiversity of Tropical Microfungi: An overview. In: K.D. HYDE (ed.),
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