Educação no século XXI - Desafio de Pais e Educadores
Educar marina
1. (El Culturalde ABC)
O discurso educacionaltornou-se pessimista e dramático. Sempre quefalamos sobre a
educaçãofazemo-lo em termos apocalípticos. É verdadeque a educaçãoé difícil, mas
acho que devemos recuperar uma atitudemais otimista, corajosa e ativa. Temos os
meios, conhecimentos e oportunidadespara educarbem, e precisamos apenasda
decisão de o fazer. Ondeé queeste movimento de renovação deve surgir? Certamente,
na sociedade como um todo, mas os dois protagonistas, os dois focos de consciência
social educacional, devem ser as famílias e as escolas. Não separadas, masunidas.
Pais e professores formam a equipa pedagógica básica, e temos de desenvolver uma
pedagogia compartilhadaquepermite quea casa e a escola não sejam espaços
separadosou antagónicos, mascooperativos. Cada dia se fala mais de uma
"aprendizagem complementar" uma aprendizagemcomplementarentre as duas
instituições, mas esta ideia tão básica é muito difícil de pôrem prática. É preciso
superar a preguiça e a desconfiança de ambos os lados. Todos os estudos indicam que
as famílias monoparentaisnão podem educar bem, mas queas escolas por si só
também nãoo podem fazer. Portanto, este artigo tem a intenção de ser, além de uma
exposição de motivos, um apelo à acção dirigida à sociedade.
Começo do princípio, especificando os objetivos da educação. Com ela, o que nós
queremos é que os nossos filhos adquiramos recursos intelectuais, emocionais,
volitivos e morais para conduzir as suas vidas de forma responsável e corretamente,
serem capazes de aproveitar as oportunidadese lidar com os problemas. Em expedita,
o que todos nósqueremos é queestejam na melhor posição para serem felizes e ser
boas pessoas. Isto inclui a possibilidade de um bom trabalhoe talento para manter
relações afetivas satisfatórias, e contribuir para o bem-estar geral. Os objetivos
educacionaissão ambiciosos, mas podem ser resumidos numa fórmula concisa:
educação= instrução + educação do caráter.
Formar o caráter
Educaré, sem dúvida, proporcionarà criança ou adulto, o conhecimento necessário.
Da instrução se encarrega fundamentalmenteo sistema educativo. Mas educar é
também ajudara construir o caráter. O caráter é o conjunto de hábitosque uma
pessoa adquire, quevão expandirou limitar as suas oportunidadesde vida. O bom
caráter é o queaumenta as oportunidadesdedesenvolvimento, autonomia,
criatividade e eficácia de uma pessoa. Ser otimista, corajoso, suportar o esforço,
apreciar as coisas boas, estar disposto a aprendercontinuamente, sendo capazde
realizar projetos para se comunicar, colaborar, manter a confiança, buscara justiça,
são recursos quefazem parte do bom caráter. Nós nãopodemos resolver os problemas
dos nossos filhos, nem sequer sabemos quaispoderão ser. Eles têm de travar as suas
própriasbatalhas. A nossa obrigaçãoé proporcionar-lhes competências gerais; ajudá-
-los a desenvolver forças pessoais. Por exemplo, podemos ter certeza de que, quando
2. eles se tornam adolescentes vivem num mundoondeas drogas estarão presentes. Nós
não podemos evitá-lo. Tudoo que podemos fazer é educá-los a tomar a decisão mais
inteligente na hora certa. Bem, o desenvolvimento do caráter é a tarefa conjunta da
família e da escola. Assim deve funcionar. O papelda família é crucial. No entanto,
durantea última metade do século passado, o seu papeleducacionalfoi amplamente
criticado. Foi vista como uma instituição autoritária, que anulava a liberdadedos
filhos e prolongava uma injustiça patriarcal. Foi repetida como um dogma de fé a
declaração de Freud: "Façam o que fizerem os pais, fá-lo-ão mal." A situação torna-se
angustiantepara muitospais. Por um lado, eles são responsáveis pelo comportamento
de seus filhos: sempre que há um problema social causadopela juventude, todos
mundocriticam os paispor não cumprirem a sua obrigação. Mas, ao mesmo tempo, a
autoridadede pais é reduzida. O CódigoCivil tirou o poder de "adequadamente
corrigir" os seus filhos. Agora, por exemplo, a "custódia" deixou de ser um direito
sobre as crianças para ser apenasum conjunto de deveres, sem reciprocidade. Ambas
as situações eram, é claro, injustas. Sem dúvida, existem muitos pais que ignoram as
suas obrigações educacionais, há uma profunda crise da instituição familiar, as
relações conjugaistêm enfraquecido...; mas a maioria dos pais estão muito
preocupadose confusos sobre a educação de seus filhos. Se se delega na escola todas
as responsabilidadesnão é tanto por conveniência como por impotência.
Em Espanha,asmães que trabalham têm complexo de culpa crónica. Por essa razão,
há três anos, fundou-sea Universidadede paison-line, a fim de ajudaras famílias em
todo o processo educacionalda criança desde o nascimento até 16 anos de idade. Isto
é para tornar disponível o conhecimento e as práticas educativas mais atuaise
eficazes. O sucesso da iniciativa confirma a minha crença de que a maioria dos pais
quer fazer bem o seu trabalho.
Por que é que eu disse antes que este artigo foi dirigida a toda a sociedade? Primeiro,
porque, como eu gosto de repetir, "para educar uma criança é preciso toda a aldeia."
Em segundolugar, porqueas famílias e as escolas precisam de apoio, proximidade, o
interesse de todos os cidadãos. Ao fim e ao cabo, os nossos padrõesde vida vão
dependerda boa educaçãodos nossos jovens.
Educação= instrução + educaçãodo caráter
EDUCAÇÃO
RECURSOSMORAIS:As crianças devem adquirirdurantea sua formação
intelectual, recursos emocionais, volitivos e morais.
APRENDIZAGEM:Osjovens também precisam de aprendera ser pessoas felizes e
boas e contribuir para o bem-estar geral
3. FERRAMENTAS:Osmais novos devem ser instruídos para conseguir um bom
emprego
TALENTO:As crianças têm que ter ferramentas para manter relações emocionais
profundase satisfatórias em toda a sua vida
FAMÍLIA
MÁ FAMA: Duranteo último meio século esta instituição foi vista como autoritária
CUSTÓDIA:deixou de ser um direito sobre as crianças para ser um conjunto de
deveres sem reciprocidade
DELEGAÇÃO:Paisdepositam na escola a sua própria responsabilidade, não por
conforto, maspor impotência
MÃES NO ATIVO: as mães que trabalham têm um complexo crónico de culpa por não
responder às necessidades da família
José António Marina