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IDENTIDADE-BUNKER
             EM REDES SOCIAIS:
 A PROBLEMÁTICA DOS HIKIKOMORIS
                     Cíntia Dal Bello
    Mestra e doutoranda em Comunicação e Semiótica – PUC-SP
Coordenadora do Curso de Publicidade e Propaganda da Universidade
                         Nove de Julho
                              Brasil
Brasil-Japão:
                como ultrapassar o abismo?
 • Como lançar um olhar sobre o fenômeno hikikomori?
 • Violar as diferenças? Mas as motivações que levam ao
   autoisolamento são diferentes!
 • Ficar com as semelhanças? Pseudos e quases!
 • Desafio encantador: olhar o estrangeiro, estranho, outro
 • Somente ele, o outro, confere oportunidade ímpar de
   reflexo (ou reflexão) acerca do que somos.

   TODAS AS ABISSAIS DIFERENÇAS PODEM SER SUPERFICIAIS
    Isolar-se e viver entre imagens pode ser o recurso extremo
tentado em face da agonia de viver... Aquela agonia que todos nós
       sentimos, a despeito do lado do globo que habitamos
Ecos mediáticos do fenômeno hikikomori
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irrefreada e tautológica de imagens – era da      Estratégia metodológica:
visibilidade (BAITELLO Jr., 2005).                análise dos ecos mediáticos



                                 Otakus (abreviado do japonês 陰茎が短
                                 い者) são pessoas gordas,babacas,
                                 rosadas, cheias de espinhas na cara (às
                                 vezes no corpo todo) e que vivem num
                                 mundo paralelo resumido em mangás,
                                 animes, traidores do movimento punk e
                                 outras japonices. Geralmente ficam
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                Desciclopedia    Deus Mokona.
OTAKU – o lugar onde se vive
(mundo de fantasias com referências visuais da cultura de massa)




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HIKIKOMORI – isolado em casa
(eremita moderno, em isolamento por meses, anos ou décadas)




   Consulta ao Google Imagens: 264.000 resultados para o termo HIKIKOMORI
HIKIKOMORI COMO IDENTIDADE: Eixo de
organização do discurso sobre si a partir da
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                          O próprio hikikomori japonês é fruto de uma construção
                          social própria da sociedade japonesa, com sua excessiva
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                          despreparado, com medo do mundo exterior, e não
                          consegue romper o laço com a família, se tornando um
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        DIÁRIO DE UM
                          kidult, um adulto(barra)adolescente-tardio ou um
               QUASE      poderiamos até dizer um adultolescente. Este fenômeno é
          HIKIKOMORI      notado em outras partes do mundo, e é erroneamente
           BRASILEIRO     associado à exportação da cultura de massa japonesa
                          (leia-se animes e mangás).

                          [...] O hikikomori brasileiro nada mais é que um jovem
        Referência ao     que é rejeitado pela sociedade; alienado, sem poder se
         protagonista     reconhecer e se assumir enquanto indivíduo; e vítima de
        hikikomori do     um sistema que propõe uma seleção natural, alimenta os
     anime WELCOME        preconceitos e deles se nutre, formando uma geração
       TO THE N.H.K.!     deprimida e doente. (Hikky, 8 ago 2009, grifo nosso).
BULLYING x IJIME


 Então aqui está o perfil do Pseudo-Hikikomori (Brasileiro):

 -Fóbico Social.
 -Sem namorada.
 -Sem amigos (quando ainda possuem são pouquíssimos)           Resposta
                                                               disponível no
 -Tímidos ao extremo.
                                                               tópico O QUE É
 -Anti-social.                                                 HIKIKOMORI
 -Repugna a presença humana, por qualquer motivo que seja,     (Fórum Uol Jogos)
 decepções amorosas, enfim, como já havia dito, são vários
 os motivos que levam alguém a se isolar.
 -Geralmente um Bullyiado.


 • LOST GENERATION: não trabalham, não estudam, vivem dependentes dos
   pais (alimentados como “animais domésticos”) – loosers.
 • Inaptidão para viver em ambientes altamente agônicos (competitivos)
 • Vergonha familiar e nacional – não correspondência com os símbolos
   diretores da cultura (disciplina, educação, honra, tradição, senso de
   coletividade).
Viver entre imagens
            A redenção por meio de narrativas
           fantásticas e personagens heróicos,
         onde os símbolos diretores ainda vivem.

           • Mediosfera: apropriação e
             recontextualização dos elementos
             constituintes do imaginário cultural
             (seres da Noosfera); proposição de
             novos mitos e arquétipos.
             (CONTRERA, 2010).
           • Imaginário cibermediático: local
             em que otakus e hikikomoris
             passam a depositar sua energia
             vital, emprestando o corpo à
             descida das imagens.
           • Iconofagia (BAITELLO Jr., 2005).
OUTRO MUNDO: particular, alternativo, calcado de
referências da cultura de massa e da cibercultura –
     NOVAS VIAS DE PROJEÇÃO IDENTITÁRIA e
  experimentação “SEGURA” DE SOCIABILIDADE.

                      • Imagem como escudo, armadura, bunker
                      • Não protege nem aumenta a sensação de
                        segurança
                      • Imagens são PRESENÇAS de AUSÊNCIAS
                      • São FANTASMAGORIAS
                      • Evocam aquilo que pretendem exorcizar
Entretanto, às vezes essa é a única via de acesso inicial àquele que se
   autoisolou, embora o tratamento o afaste, depois, do universo das
   imagens para reintroduzi-lo no mundo “de carne e osso” das pessoas.
Inclusive para reaprender a olhar o rosto do outro (eye-to-eye contact).
Quarto-bunker
VIVER ENTRE IMAGENS é ter TEMPO e
   ESPAÇO COLONIZADOS por elas.




 • Bunker (Virilio, Trivinho): conceito
   ligado ao contexto de guerra,
   reduto de defesa, abrigo,
   esconderijo.
 • Comunicação a distância: sentidos
   de distância (instinto de defesa).
• A falácia do discurso sobre redes de “relacionamento”: tecnologias de
  conexão ou desconexão? (Bauman, 2008). Paradoxo presença-ausência
  (Trivinho, 2007).
A questão da identidade
                            nas redes sociais
 Jogos de (IN)VISIBILIDADE
Visibilidade e vigilância são as duas faces
da mesma moeda. Por isso, o desejo de
apareSer não ocorre sem despertar o
medo de ser vigiado. Nas redes sociais, são
travados interessantes jogos de
(in)visibilidade: por um lado, busca por
                                                            ApareSer
indicadores que demonstrem
sociabilidade, visibilidade e influência,     Trata-se do sentimento ou da percepção
mesmo que destruam a reputação; por           generalizada de que só é possível ser
outro, dificuldade em ocultar rastros         alguém quando se alcança algum status
digitais (cf. Bruno) ou mover-se incógnito,   mediático – ou seja: para ser, é preciso
anônimo (ética e política do fake). A         aparecer. As redes sociais, e antes delas,
fórmula geral, entretanto, preconiza que      homepages e blogs, tornaram o acesso à
há uma crise de visibilidade por excesso de   visibilidade mediática mais ordinário, razão
visibilidade (obesidade e obscenidade         pela qual tornaram-se tão populares.
informacionais, para Baudrillard).            Articulam o imaginário da fama e do
                                              sucesso colonizado pela cultura de massa.
Bunker como identidade e ethos
VÁRIAS CAMADAS DE ISOLAMENTO:
• Paredes, portas, janelas.
• Recusa ao sol.
• Muralha física de produtos e imagens objetificadas (posteres,
  cards, revistas).
• Cinturão tecnológico.
• Muralha de projeção – imaginário cibercultural (isolamento
  subjetivo, imersão no mundo das imagens – games, mangás,
  animes, internet – como distração e passatempo).
• Relacionamento via tecnologias de “conexão”: identidade-
  bunker (resguardo da subjetividade em perfis ou avatares que
  são simulacros no sentido conferido por Baudrillard).
Grata pela atenção!

Cíntia Dal Bello
Doutoranda em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP,
  coordenadora do Curso de Publicidade e Propaganda
  da Uninove. www.cintiadalbello.blogspot.com.
  pubcintia@yahoo.com.br

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Identidade-bunker: o isolamento na era digital

  • 1. IDENTIDADE-BUNKER EM REDES SOCIAIS: A PROBLEMÁTICA DOS HIKIKOMORIS Cíntia Dal Bello Mestra e doutoranda em Comunicação e Semiótica – PUC-SP Coordenadora do Curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Nove de Julho Brasil
  • 2. Brasil-Japão: como ultrapassar o abismo? • Como lançar um olhar sobre o fenômeno hikikomori? • Violar as diferenças? Mas as motivações que levam ao autoisolamento são diferentes! • Ficar com as semelhanças? Pseudos e quases! • Desafio encantador: olhar o estrangeiro, estranho, outro • Somente ele, o outro, confere oportunidade ímpar de reflexo (ou reflexão) acerca do que somos. TODAS AS ABISSAIS DIFERENÇAS PODEM SER SUPERFICIAIS Isolar-se e viver entre imagens pode ser o recurso extremo tentado em face da agonia de viver... Aquela agonia que todos nós sentimos, a despeito do lado do globo que habitamos
  • 3. Ecos mediáticos do fenômeno hikikomori ECO-LOGIA: lógica do eco - reprodutibilidade irrefreada e tautológica de imagens – era da Estratégia metodológica: visibilidade (BAITELLO Jr., 2005). análise dos ecos mediáticos Otakus (abreviado do japonês 陰茎が短 い者) são pessoas gordas,babacas, rosadas, cheias de espinhas na cara (às vezes no corpo todo) e que vivem num mundo paralelo resumido em mangás, animes, traidores do movimento punk e outras japonices. Geralmente ficam imitando seres estranhos encontrados Definição irônica de otakus na em animes e mangás, como o famoso Desciclopedia Deus Mokona.
  • 4. OTAKU – o lugar onde se vive (mundo de fantasias com referências visuais da cultura de massa) Consulta ao Google Imagens: 23.400.000 resultados para o termo OTAKU
  • 5. HIKIKOMORI – isolado em casa (eremita moderno, em isolamento por meses, anos ou décadas) Consulta ao Google Imagens: 264.000 resultados para o termo HIKIKOMORI
  • 6. HIKIKOMORI COMO IDENTIDADE: Eixo de organização do discurso sobre si a partir da identificação com semelhantes O próprio hikikomori japonês é fruto de uma construção social própria da sociedade japonesa, com sua excessiva cobrança e valores próprios; o jovem se acha despreparado, com medo do mundo exterior, e não consegue romper o laço com a família, se tornando um Trecho do blog DIÁRIO DE UM kidult, um adulto(barra)adolescente-tardio ou um QUASE poderiamos até dizer um adultolescente. Este fenômeno é HIKIKOMORI notado em outras partes do mundo, e é erroneamente BRASILEIRO associado à exportação da cultura de massa japonesa (leia-se animes e mangás). [...] O hikikomori brasileiro nada mais é que um jovem Referência ao que é rejeitado pela sociedade; alienado, sem poder se protagonista reconhecer e se assumir enquanto indivíduo; e vítima de hikikomori do um sistema que propõe uma seleção natural, alimenta os anime WELCOME preconceitos e deles se nutre, formando uma geração TO THE N.H.K.! deprimida e doente. (Hikky, 8 ago 2009, grifo nosso).
  • 7. BULLYING x IJIME Então aqui está o perfil do Pseudo-Hikikomori (Brasileiro): -Fóbico Social. -Sem namorada. -Sem amigos (quando ainda possuem são pouquíssimos) Resposta disponível no -Tímidos ao extremo. tópico O QUE É -Anti-social. HIKIKOMORI -Repugna a presença humana, por qualquer motivo que seja, (Fórum Uol Jogos) decepções amorosas, enfim, como já havia dito, são vários os motivos que levam alguém a se isolar. -Geralmente um Bullyiado. • LOST GENERATION: não trabalham, não estudam, vivem dependentes dos pais (alimentados como “animais domésticos”) – loosers. • Inaptidão para viver em ambientes altamente agônicos (competitivos) • Vergonha familiar e nacional – não correspondência com os símbolos diretores da cultura (disciplina, educação, honra, tradição, senso de coletividade).
  • 8. Viver entre imagens A redenção por meio de narrativas fantásticas e personagens heróicos, onde os símbolos diretores ainda vivem. • Mediosfera: apropriação e recontextualização dos elementos constituintes do imaginário cultural (seres da Noosfera); proposição de novos mitos e arquétipos. (CONTRERA, 2010). • Imaginário cibermediático: local em que otakus e hikikomoris passam a depositar sua energia vital, emprestando o corpo à descida das imagens. • Iconofagia (BAITELLO Jr., 2005).
  • 9. OUTRO MUNDO: particular, alternativo, calcado de referências da cultura de massa e da cibercultura – NOVAS VIAS DE PROJEÇÃO IDENTITÁRIA e experimentação “SEGURA” DE SOCIABILIDADE. • Imagem como escudo, armadura, bunker • Não protege nem aumenta a sensação de segurança • Imagens são PRESENÇAS de AUSÊNCIAS • São FANTASMAGORIAS • Evocam aquilo que pretendem exorcizar
  • 10. Entretanto, às vezes essa é a única via de acesso inicial àquele que se autoisolou, embora o tratamento o afaste, depois, do universo das imagens para reintroduzi-lo no mundo “de carne e osso” das pessoas.
  • 11. Inclusive para reaprender a olhar o rosto do outro (eye-to-eye contact).
  • 13. VIVER ENTRE IMAGENS é ter TEMPO e ESPAÇO COLONIZADOS por elas. • Bunker (Virilio, Trivinho): conceito ligado ao contexto de guerra, reduto de defesa, abrigo, esconderijo. • Comunicação a distância: sentidos de distância (instinto de defesa).
  • 14. • A falácia do discurso sobre redes de “relacionamento”: tecnologias de conexão ou desconexão? (Bauman, 2008). Paradoxo presença-ausência (Trivinho, 2007).
  • 15. A questão da identidade nas redes sociais Jogos de (IN)VISIBILIDADE Visibilidade e vigilância são as duas faces da mesma moeda. Por isso, o desejo de apareSer não ocorre sem despertar o medo de ser vigiado. Nas redes sociais, são travados interessantes jogos de (in)visibilidade: por um lado, busca por ApareSer indicadores que demonstrem sociabilidade, visibilidade e influência, Trata-se do sentimento ou da percepção mesmo que destruam a reputação; por generalizada de que só é possível ser outro, dificuldade em ocultar rastros alguém quando se alcança algum status digitais (cf. Bruno) ou mover-se incógnito, mediático – ou seja: para ser, é preciso anônimo (ética e política do fake). A aparecer. As redes sociais, e antes delas, fórmula geral, entretanto, preconiza que homepages e blogs, tornaram o acesso à há uma crise de visibilidade por excesso de visibilidade mediática mais ordinário, razão visibilidade (obesidade e obscenidade pela qual tornaram-se tão populares. informacionais, para Baudrillard). Articulam o imaginário da fama e do sucesso colonizado pela cultura de massa.
  • 16. Bunker como identidade e ethos VÁRIAS CAMADAS DE ISOLAMENTO: • Paredes, portas, janelas. • Recusa ao sol. • Muralha física de produtos e imagens objetificadas (posteres, cards, revistas). • Cinturão tecnológico. • Muralha de projeção – imaginário cibercultural (isolamento subjetivo, imersão no mundo das imagens – games, mangás, animes, internet – como distração e passatempo). • Relacionamento via tecnologias de “conexão”: identidade- bunker (resguardo da subjetividade em perfis ou avatares que são simulacros no sentido conferido por Baudrillard).
  • 17. Grata pela atenção! Cíntia Dal Bello Doutoranda em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, coordenadora do Curso de Publicidade e Propaganda da Uninove. www.cintiadalbello.blogspot.com. pubcintia@yahoo.com.br