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CONSTELAÇÕES VISUAIS
O IMAGINÁRIO DAS FOTOGRAFIAS E
COMUNIDADES NA REDE.
Lucíola Carla Correia da Silva
Mestranda – PPGCOM UFPE
Especialista – Fotografia
Professora - FMGR
Problema de Pesquisa
• De onde surge o fascínio por determinadas temáticas que
reúnem multidões em aplicativos fotográficos?
• Publicização da vida cotidiana;
• Temáticas que se repetem em aglutinações de fotografias,
formando grupos autônomos e comunidades independentes;
• Dentro das temáticas reincidentes: Imagens sobre o corpo.
• Percebe-se, na contemporaneidade, que o
fenômeno da popularização da cultura em rede
on line não parte apenas de dispositivos técnicos
que convergem para um meio virtual e que todo
o processo, está dentro das mentes daqueles que
vivem a cultura participativa.
• Segundo Levy (1999), estes atores sociais
repartem o desejo de compartilhar seus egos e
expressar-se, ganhando, atualmente, mais
visibilidade do que no passado.
Cibercultura
Capítulo 1: Dos sonhos esquecidos à partilha iconográfica.
IMAGINÁRIO
• Tendências sociais que partem de uma forma de
pensamento;
• Não só o fenômeno da convergência, mas toda ideia de
manifestações do espírito postas em partilha nascem do
campo imaginativo;
• Universo intangível de ideias que tomam a forma quando
são expostas em: textos, gestos, produções imagéticas,
dentre os mais diversos dispositivos.
• O símbolo é uma das partes integrantes do
Imaginário;
• “Os símbolos teriam propriedades criadoras e
libertadoras” (PITTA, 2005);
• impulsos míticos expressos através pulsões
criativas ou inventivas na sociedade.
Capítulo 1: IMAGINÁRIO – O
SÍMBOLO
• Tais impulsos tomam a forma condensada em
signos expressos em lendas, mitos, religiões, na
literatura, pintura e nas demais manifestações
culturais;
Deu-se o nome de “Imaginário”. Segundo Pitta
(2005, p. 18) à forma que o homem encontra para
compreender-se - através dos símbolos, expressos
em signos e mitos - e explicar as coisas a sua volta
sobre os processos mentais ao qual nem sempre
tem controle.
IMAGINÁRIO – SIGNOS
Herança iluminista de entender o mundo à luz de
experimentos ou acontecimentos materialmente
quantificáveis;
Imagem mental = inferior ou de pouca
credulidade;
IMAGINÁRIO – SIGNOS
IMAGINÁRIO E IMAGEM MENTAL
• A imagem, ou imagem mental, é a matéria de
todo o processo de simbolização, fundamento
da consciência na percepção da realidade;
• Imaginário é a capacidade individual e coletiva
de dar sentido ao mundo ao passo que é um
fluxo composto por elementos das imagens
que se expande ao coletivo e ultrapassa a
memória cognitiva.
Intuição X Razão
Ciências naturais e método
científico em geral:
Tendência que privilegia o
conhecimento apenas como o
produto que advém do domínio
exclusivo de sistemas cartesianos
baseados em uma realidade
material exterior à intuição;
Repressor do pensamento
simbólico;
Hermenêuticas Instauradoras =
Inconsciente = Psicologia Analítica
(sintomática)
SCHÈMES
• Gilbert Durand (1989):
• Regimes díspares que vão além da memória e consciência.
• Schèmes, tendência geral dos gestos:
• Posturais
• Biológicos
• Cognitivos
• Afetivos
• “Há um aspecto nesta fantástica muitas e
muitas vezes esquecido nos estudos em que
as imagens visuais constituem o corpo
empírico: ela é transcendental porque não é
uma imaginação segunda, nutrida da
percepção, pós-perceptiva, reprodutiva. Trata-
se de uma imaginação primeira, criadora,
independente da memória e dos sentidos.”
(PORTANOVA, 2014. P. 4).
SCHÈMES
• 1° Diurno (Antítese):
Verticalidade da postura humana;
explicitado como alegoria arquetípica de luta heroica. Tensão.
• 2° Noturno (Eufemização):
Explicitado como alegoria da eufemização mística: Deglutir, ninho,
harmonia, conciliação, aconchego.
• 3° Místico:
Junção de ambos os regimes num hibridismo que vai da dualidade do
primeiro, à sinestesia cíclica do segundo, continuidade.
(PITTA, 2004)
Certos símbolos ou ícones simbolizados atraem mais potências
imaginárias do que outros.
SCHÈMES
• Fotografia: “Funciona enquanto plasmadora icônica e
catalisadora simbólica”. (PORTANOVA, 2014).
• Iconicidade da imagem: Revela seu referente em si próprio.
• Imagem Mental X Imagem Fotográfica
SCHÈMES
A Caverna de Chauvet-Pont-D’arc e a
Formação das primeiras comunidades
por imagem
• Epistemologia Arqueológica X Intuição;
• A fotografia é, como outras manifestações ou relíquias iconográficas fetichizadas,
formas de acesso aos umbrais da imaginação. Sua permanência exerce combate
ao tempo, são presenças vivas que disputam com o esquecimento, a morte e o
desconhecido (MORIN, 1970);
• Como se “a necessidade que o homem tem de lutar contra a erosão do tempo se
fixasse, privilegiadamente, na imagem” (MORIN, 1970, p.29).
A Caverna de Chauvet-Pont-D’arc e a
Formação das primeiras comunidades
por imagem
• Dialética em Suspensão (BENJAMIN, 1993)
“A imagem, uma vez que cognoscível, acessa o passado como
uma relação imediata.”
Acesso ao imaginário com relação imediata
A Caverna de Chauvet-Pont-D’arc e a
Formação das primeiras comunidades por
imagem
Comunicação, imaginário e
comunidades
O fato de uma nuvem escura “emitir” uma
informação, só tem sentido se alguém a
decodificar. Entretanto, o decodificador pode
estar deslocado no tempo(...)
Comunicar tampouco significa apenas
informar. É um ato automático, involuntário, é
a forma pela qual as coisas aparecem para nós.
(MARCONDES FILHO, 2002, p. 87,88).
“A raiz da palavra comunidade é a mesma de
comum, de comunicação, pensada como ‘aquilo
que pode ser compartilhado”. (MARTINO, 2014,
p 46).
Percebe-se que a comunicação
não estaria no percurso,
tampouco na intenção e nem na
recepção da mensagem
(MERLEAU-POUNTY, 1999) e sim
num instante de partilha dos
sujeitos tocados pela experiência
daquela imagem ou sensação.
Capítulo 2 - Pequena história da
fotografia compartilhada.
• Evolução dos Símbolos;
• Homo Faber; (MORIN, 1970).
• Busca pela verossimilhança.
Capítulo 2 - Pequena história da
fotografia compartilhada.
• Desejo da invenção fotográfica (BATCHEN, 2004);
• Fotografia enquanto espelho, transformação e traço
do real (DUBOIS, 1994);
• Pregnância de ateste de realidade à imagem
fotográfica;
• Simbologias reincidentes Álbuns, Carte-de-Visite...
Atlas Mnemosine: Uma constelação de símbolos
imagéticos como vestígio de temáticas recorrentes.
Pode-se vê-lo, então, como uma história
documental do imaginário ocidental (...) e
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(DIDI-HUBERMAN, 2010).
• “Cadeias de transporte de imagens”;
• Linhas de transmissão de características visuais
através dos tempos; (GOMBRICH, Ernst 1986);
• Imagens que carregam emoções básicas
engendradas no nascimento da civilização.
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• Representações de schèmes do imaginário.
CAPÍTULO 3 - O Imaginário na era da fotografia digital:
A fetichização dos ícones visuais e os novos olimpianos.
O Imaginário no Filme.
“A irrupção do imaginário no filme teria de qualquer modo
arrastado consigo, ainda que não se tivesse dado a metamorfose do
cinematógrafo em cinema, um acréscimo de participações afetivas.
É o produto objetivado (em situações, acontecimentos,
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da subjetividade dos seus autores. Projeções de projeções,
cristalização de identificações, apresenta as características
alienadas e concretizadas da magia (MORIN, 1970, p. 91 e 92).”
Novos Deuses da Cultura de Massa
• Que “a cultura de massa extravasa o imaginário e ganha o território da informação”.
• A dramatização põe-se a preponderar nos meios considerados informacionais, ao passo que a
romantização do acontecimento transporta o espectador do banal ao midiático.
• “Através da informação romanceada ou vedetizada, transversalmente aos contatos e dos
conselhos da publicidade, efetua-se o impulso de temas fundamentais que tendem a se
encarnar na vida vivida”. (MORIN, 1962 P. 104).
• Astros do cinema, mas também os campeões, os príncipes, reis, playboys, exploradores,
artistas célebres, Picasso, Cocteau, Dali, Sagan.
O olimpismo de uns nasce do imaginário, isto é, de papéis encarnados nos filmes (astros),
de função sagrada (realeza, presidência),
de seus trabalhos heroicos (campeões, exploradores)
de ícones eróticos (playboys, distels).
Margaret e B.B., Soraya e Liz Taylor, a princesa e a estrela se encontram no Olimpo da notícia
dos jornais, dos coquetéis, recepções, Capri, Canárias e outras moradas encantadas. (MORIN,
1970, P. 105).
CAPÍTULO 3 - O Imaginário na era da fotografia digital:
A fetichização dos ícones visuais e os novos olimpianos.
• “A partir da década de 30 delineiam-se
nitidamente as linhas de força que orientam o
imaginário em direção ao realismo e que
estimulam a identificação do espectador com o
herói (...)
• mas é no cinema que se dá a evolução
verdadeiramente radical e significativa. As
intrigas se registram dentro de quadros
plausíveis. O cenário confere as aparências da
realidade. O ator se torna cada vez mais
“natural” até aparecer não mais como um
monstro sagrado executando um rito, mas como
um sósia exaltado do espectador ao qual este
está ligado por semelhanças, por uma simpatia
profunda”. (MORIN 1962, P. 92).
• VEROSSIMILHANÇA
Fenômeno atrelado ao
poder simbólico do imaginário
• Olimpianos que migram para os meios
digitais
Análise das comunidades por imagem no Instagram e o
traumatismo diante da ausência do “eu”.
Relação entre indivíduo e sociedade:
o social = um conjunto de relações. Norbert Elias (1994, p 20)
Tais relações são sempre afinidades em processo.
Se fazem e desfazem, se constroem, se destroem e se reconstroem
(WAIZBORT, 1999, p.92),
A sociedade pode ser percebida como uma rede de indivíduos de
constante interatividade, sugerindo a ideia da interdependência.
Classificação sob o ponto de vista das
redes por associação, mantidas pela
interação entre os atores e suas
respostas, em contrapartida com as
redes de emergentes, que são mantidas
por um sistema, a menos que alguém
delete um nó ou conexão
(FRAGOSO et AL, 2013).
Os “nós”: constituem-se metaforicamente
pelos atores envolvidos e suas representações
ou “avatares” on line: Um perfil, ou blog de
determinada celebridade, por exemplo.
“Conexões” são as interações entre os atores,
gerando o conteúdo: Como os
compartilhamentos, comentários, “curtidas”, e
o fomento do fluxo informacional dentro da
rede.
Perfis Populares: Redes Emergentes
Comunidades “Acidentais” formadas por imagens
de uma temática reunidas por uma Hashtag: Redes
por Associação
Constante – “eu”
(Subjetividade, corpo e rosto)
• A imagem de si representada enquanto corpo vívido com vigor, e a
indentidade enquanto afirmação de uma subjetividade eterna.
• Segundo Gilbert Durand, só existem três soluções possíveis para
sobreviver: pegar as armas e destruir o monstro (a morte), criar um
universo harmonioso no qual ela não possa entrar, ter uma visão cíclica do
tempo no qual toda morte é renascimento. (...)Ligado à verticalidade do
ser humano, este regime é o das “matérias luminosas, visuais e das
técnicas de separação, de purificação, das quais as armas, flecha ou gládio,
são símbolos freqüentes(...) (PITTA, 2004, p. 7)
A soberania uraniana: Gigantismo e potência; elevação e poder
são sinônimos no campo simbólico, o rei é alteza; ora, o que
está mais alto é o que está no céu e principalmente, o sol; de
onde a universalidade do Grande Deus uraniano;
Redes Emergentes
Grupo: Exaltação de Si e do Corpo Perfis Fitness mais “seguidos” (Indexadores)
(Fevereiro de 2016)
Manipulação em prol de uma falsa verossimilhança
Elevação do ego e estilo de vida
Vigor, vivacidade e jovialidade eternas
Novos Olimpianos
• Os novos olimpianos são, simultaneamente, magnetizados no imaginário e no real,
simultaneamente, ideais inimitáveis e modelos imitáveis; sua dupla natureza é
análoga à dupla natureza teológica do herói-deus da religião cristã: Olimpianas e
Olimpianos são sobre-humanos nos papeis que eles encarnam, humanos na
existência privada que eles levam. A imprensa de massa, ao mesmo tempo que
investe os olimpianos de um papel mitológico, mergulha em suas vidas privadas a fim
de extrair delas a substância humana que permite a identificação. (MORIN, 1970,
p.107).
Instagram
• Maleabilidade do Suporte
• Popularização - 400 milhões de usuários, com mais de 80 milhões de fotos
compartilhadas diariamente no serviço (Revista exame, abr. 2016)
• Possibilidade de Manipulação
• Hashtags – Indexações livres e comunidades de bancos de imagens sem
regras pré-estabelecidas.
Perfil 1: Gabriela Pugliese
2.4 milhões de seguidores
Perfil 2: Jen Selter
9.1 milhões de seguidores
Perfil 3 Brock O’Hurn:
1,9 milhões de seguidores
Redes por associação
• Principais Hashtags acerca da temática.
• Comunidades sem hierarquia
• Participantes em espaços-temporais
distintos
• Reunião exclusivamente em torno das
imagens sobre o tema.
#Selfie
289.152.964 (maio/16)
#biceps #bodybuilding
aproximadamente 34.000.000
#AnteseDepois
382.653 maio/16
Traumatismo da perda da
individualidade
• Olimpianos: Essas reproduções operam numa espécie de espelhamento narcísico
do desejo de alcançar a virtude do pertencimento, da notoriedade e da soberania
uraniana através da popularidade e da exibição de uma imagem elaborada do self;
• Segundo Morin (1970) o traumatismo que o ser humano adquire diante da
consciência de sua insignificância perante o cosmos ou de sua efemeridade diante
da morte, lança-o na obsessão de sobrevivência, apegando-se a qualquer indício
que sustente o prolongamento da individualidade;
• É evidente que a obsessão da sobrevivência, muitas vezes em detrimento da vida,
revela no homem a preocupação lancinante de conservar sua individualidade para
além da morte. O horror da morte é, portanto, a emoção, o sentimento ou a
consciência da perda da individualidade. Emoção-choque, de dor, de terror ou de
horror. Sentimento que é o de uma ruptura, de um mal, de uma catástrofe, de um
sentimento traumático. Consciência, enfim, de um vazio, de um vácuo, que se cava
onde havia plenitude individual, isto é, consciência traumática. (MORIN, 1970, p.
32).
• Deixar uma marca, presença, fascínio por
dinâmicas de pensamento semelhantes.
Conclusão
• Forças imaginais eclodem em determinados
schemès e são compartilhados visto que a
comunicação é tão instintiva quanto os
impulsos imaginais.
• Comunicar é por-se em partilha, raiz comum
= Comunidade.
• Arquétipo do Herói, Soberania Uraniana,
regime noturno, em conjunto com a
sinuosidade da forma feminina dos regimes
noturno e sintético , presentes enquanto
representações reincidentes (Caverna –
Warburg – Instagram) e potência simbólica
que eclode ao longo dos séculos de
imagens.
• Vemos nos perfis semelhantes o espelho do
nosso próprio ego, e tal qual o mito do
narciso, lá estão refletidas as nossas
fantasias de juventude, vigor, imortalidade...
• O complexo da perda da individualidade é,
portanto, um complexo traumático que rege
todas as perturbações provocadas pela morte
(...) é em certa medida, toda a distância que
separa a consciência da morte da aspiração à
imortalidade, toda a contradição que opõe o
fato brutal da morte à afirmação da
sobrevivência. (MORIN, 1970, p. 33).
Constelações visuais

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Constelações visuais

  • 1. CONSTELAÇÕES VISUAIS O IMAGINÁRIO DAS FOTOGRAFIAS E COMUNIDADES NA REDE. Lucíola Carla Correia da Silva Mestranda – PPGCOM UFPE Especialista – Fotografia Professora - FMGR
  • 2. Problema de Pesquisa • De onde surge o fascínio por determinadas temáticas que reúnem multidões em aplicativos fotográficos? • Publicização da vida cotidiana; • Temáticas que se repetem em aglutinações de fotografias, formando grupos autônomos e comunidades independentes; • Dentro das temáticas reincidentes: Imagens sobre o corpo.
  • 3. • Percebe-se, na contemporaneidade, que o fenômeno da popularização da cultura em rede on line não parte apenas de dispositivos técnicos que convergem para um meio virtual e que todo o processo, está dentro das mentes daqueles que vivem a cultura participativa. • Segundo Levy (1999), estes atores sociais repartem o desejo de compartilhar seus egos e expressar-se, ganhando, atualmente, mais visibilidade do que no passado. Cibercultura
  • 4. Capítulo 1: Dos sonhos esquecidos à partilha iconográfica. IMAGINÁRIO • Tendências sociais que partem de uma forma de pensamento; • Não só o fenômeno da convergência, mas toda ideia de manifestações do espírito postas em partilha nascem do campo imaginativo; • Universo intangível de ideias que tomam a forma quando são expostas em: textos, gestos, produções imagéticas, dentre os mais diversos dispositivos.
  • 5. • O símbolo é uma das partes integrantes do Imaginário; • “Os símbolos teriam propriedades criadoras e libertadoras” (PITTA, 2005); • impulsos míticos expressos através pulsões criativas ou inventivas na sociedade. Capítulo 1: IMAGINÁRIO – O SÍMBOLO
  • 6. • Tais impulsos tomam a forma condensada em signos expressos em lendas, mitos, religiões, na literatura, pintura e nas demais manifestações culturais; Deu-se o nome de “Imaginário”. Segundo Pitta (2005, p. 18) à forma que o homem encontra para compreender-se - através dos símbolos, expressos em signos e mitos - e explicar as coisas a sua volta sobre os processos mentais ao qual nem sempre tem controle. IMAGINÁRIO – SIGNOS
  • 7. Herança iluminista de entender o mundo à luz de experimentos ou acontecimentos materialmente quantificáveis; Imagem mental = inferior ou de pouca credulidade; IMAGINÁRIO – SIGNOS
  • 8. IMAGINÁRIO E IMAGEM MENTAL • A imagem, ou imagem mental, é a matéria de todo o processo de simbolização, fundamento da consciência na percepção da realidade; • Imaginário é a capacidade individual e coletiva de dar sentido ao mundo ao passo que é um fluxo composto por elementos das imagens que se expande ao coletivo e ultrapassa a memória cognitiva.
  • 9. Intuição X Razão Ciências naturais e método científico em geral: Tendência que privilegia o conhecimento apenas como o produto que advém do domínio exclusivo de sistemas cartesianos baseados em uma realidade material exterior à intuição; Repressor do pensamento simbólico; Hermenêuticas Instauradoras = Inconsciente = Psicologia Analítica (sintomática)
  • 10. SCHÈMES • Gilbert Durand (1989): • Regimes díspares que vão além da memória e consciência. • Schèmes, tendência geral dos gestos: • Posturais • Biológicos • Cognitivos • Afetivos
  • 11. • “Há um aspecto nesta fantástica muitas e muitas vezes esquecido nos estudos em que as imagens visuais constituem o corpo empírico: ela é transcendental porque não é uma imaginação segunda, nutrida da percepção, pós-perceptiva, reprodutiva. Trata- se de uma imaginação primeira, criadora, independente da memória e dos sentidos.” (PORTANOVA, 2014. P. 4). SCHÈMES
  • 12. • 1° Diurno (Antítese): Verticalidade da postura humana; explicitado como alegoria arquetípica de luta heroica. Tensão. • 2° Noturno (Eufemização): Explicitado como alegoria da eufemização mística: Deglutir, ninho, harmonia, conciliação, aconchego. • 3° Místico: Junção de ambos os regimes num hibridismo que vai da dualidade do primeiro, à sinestesia cíclica do segundo, continuidade. (PITTA, 2004) Certos símbolos ou ícones simbolizados atraem mais potências imaginárias do que outros. SCHÈMES
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  • 14. • Fotografia: “Funciona enquanto plasmadora icônica e catalisadora simbólica”. (PORTANOVA, 2014). • Iconicidade da imagem: Revela seu referente em si próprio. • Imagem Mental X Imagem Fotográfica SCHÈMES
  • 15. A Caverna de Chauvet-Pont-D’arc e a Formação das primeiras comunidades por imagem • Epistemologia Arqueológica X Intuição; • A fotografia é, como outras manifestações ou relíquias iconográficas fetichizadas, formas de acesso aos umbrais da imaginação. Sua permanência exerce combate ao tempo, são presenças vivas que disputam com o esquecimento, a morte e o desconhecido (MORIN, 1970); • Como se “a necessidade que o homem tem de lutar contra a erosão do tempo se fixasse, privilegiadamente, na imagem” (MORIN, 1970, p.29).
  • 16. A Caverna de Chauvet-Pont-D’arc e a Formação das primeiras comunidades por imagem
  • 17. • Dialética em Suspensão (BENJAMIN, 1993) “A imagem, uma vez que cognoscível, acessa o passado como uma relação imediata.” Acesso ao imaginário com relação imediata A Caverna de Chauvet-Pont-D’arc e a Formação das primeiras comunidades por imagem
  • 18. Comunicação, imaginário e comunidades O fato de uma nuvem escura “emitir” uma informação, só tem sentido se alguém a decodificar. Entretanto, o decodificador pode estar deslocado no tempo(...) Comunicar tampouco significa apenas informar. É um ato automático, involuntário, é a forma pela qual as coisas aparecem para nós. (MARCONDES FILHO, 2002, p. 87,88). “A raiz da palavra comunidade é a mesma de comum, de comunicação, pensada como ‘aquilo que pode ser compartilhado”. (MARTINO, 2014, p 46). Percebe-se que a comunicação não estaria no percurso, tampouco na intenção e nem na recepção da mensagem (MERLEAU-POUNTY, 1999) e sim num instante de partilha dos sujeitos tocados pela experiência daquela imagem ou sensação.
  • 19. Capítulo 2 - Pequena história da fotografia compartilhada. • Evolução dos Símbolos; • Homo Faber; (MORIN, 1970). • Busca pela verossimilhança.
  • 20. Capítulo 2 - Pequena história da fotografia compartilhada. • Desejo da invenção fotográfica (BATCHEN, 2004); • Fotografia enquanto espelho, transformação e traço do real (DUBOIS, 1994); • Pregnância de ateste de realidade à imagem fotográfica; • Simbologias reincidentes Álbuns, Carte-de-Visite...
  • 21. Atlas Mnemosine: Uma constelação de símbolos imagéticos como vestígio de temáticas recorrentes. Pode-se vê-lo, então, como uma história documental do imaginário ocidental (...) e como uma ferramenta para entender a violência política nas imagens da história. (DIDI-HUBERMAN, 2010). • “Cadeias de transporte de imagens”; • Linhas de transmissão de características visuais através dos tempos; (GOMBRICH, Ernst 1986); • Imagens que carregam emoções básicas engendradas no nascimento da civilização. (PATHOS); • Representações de schèmes do imaginário.
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  • 24. CAPÍTULO 3 - O Imaginário na era da fotografia digital: A fetichização dos ícones visuais e os novos olimpianos. O Imaginário no Filme. “A irrupção do imaginário no filme teria de qualquer modo arrastado consigo, ainda que não se tivesse dado a metamorfose do cinematógrafo em cinema, um acréscimo de participações afetivas. É o produto objetivado (em situações, acontecimentos, personagens, atores) relocado (numa obra de arte) dos devaneios e da subjetividade dos seus autores. Projeções de projeções, cristalização de identificações, apresenta as características alienadas e concretizadas da magia (MORIN, 1970, p. 91 e 92).” Novos Deuses da Cultura de Massa
  • 25. • Que “a cultura de massa extravasa o imaginário e ganha o território da informação”. • A dramatização põe-se a preponderar nos meios considerados informacionais, ao passo que a romantização do acontecimento transporta o espectador do banal ao midiático. • “Através da informação romanceada ou vedetizada, transversalmente aos contatos e dos conselhos da publicidade, efetua-se o impulso de temas fundamentais que tendem a se encarnar na vida vivida”. (MORIN, 1962 P. 104). • Astros do cinema, mas também os campeões, os príncipes, reis, playboys, exploradores, artistas célebres, Picasso, Cocteau, Dali, Sagan. O olimpismo de uns nasce do imaginário, isto é, de papéis encarnados nos filmes (astros), de função sagrada (realeza, presidência), de seus trabalhos heroicos (campeões, exploradores) de ícones eróticos (playboys, distels). Margaret e B.B., Soraya e Liz Taylor, a princesa e a estrela se encontram no Olimpo da notícia dos jornais, dos coquetéis, recepções, Capri, Canárias e outras moradas encantadas. (MORIN, 1970, P. 105). CAPÍTULO 3 - O Imaginário na era da fotografia digital: A fetichização dos ícones visuais e os novos olimpianos.
  • 26. • “A partir da década de 30 delineiam-se nitidamente as linhas de força que orientam o imaginário em direção ao realismo e que estimulam a identificação do espectador com o herói (...) • mas é no cinema que se dá a evolução verdadeiramente radical e significativa. As intrigas se registram dentro de quadros plausíveis. O cenário confere as aparências da realidade. O ator se torna cada vez mais “natural” até aparecer não mais como um monstro sagrado executando um rito, mas como um sósia exaltado do espectador ao qual este está ligado por semelhanças, por uma simpatia profunda”. (MORIN 1962, P. 92). • VEROSSIMILHANÇA Fenômeno atrelado ao poder simbólico do imaginário
  • 27. • Olimpianos que migram para os meios digitais
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  • 29. Análise das comunidades por imagem no Instagram e o traumatismo diante da ausência do “eu”. Relação entre indivíduo e sociedade: o social = um conjunto de relações. Norbert Elias (1994, p 20) Tais relações são sempre afinidades em processo. Se fazem e desfazem, se constroem, se destroem e se reconstroem (WAIZBORT, 1999, p.92), A sociedade pode ser percebida como uma rede de indivíduos de constante interatividade, sugerindo a ideia da interdependência.
  • 30. Classificação sob o ponto de vista das redes por associação, mantidas pela interação entre os atores e suas respostas, em contrapartida com as redes de emergentes, que são mantidas por um sistema, a menos que alguém delete um nó ou conexão (FRAGOSO et AL, 2013). Os “nós”: constituem-se metaforicamente pelos atores envolvidos e suas representações ou “avatares” on line: Um perfil, ou blog de determinada celebridade, por exemplo. “Conexões” são as interações entre os atores, gerando o conteúdo: Como os compartilhamentos, comentários, “curtidas”, e o fomento do fluxo informacional dentro da rede. Perfis Populares: Redes Emergentes Comunidades “Acidentais” formadas por imagens de uma temática reunidas por uma Hashtag: Redes por Associação
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  • 32. Constante – “eu” (Subjetividade, corpo e rosto) • A imagem de si representada enquanto corpo vívido com vigor, e a indentidade enquanto afirmação de uma subjetividade eterna. • Segundo Gilbert Durand, só existem três soluções possíveis para sobreviver: pegar as armas e destruir o monstro (a morte), criar um universo harmonioso no qual ela não possa entrar, ter uma visão cíclica do tempo no qual toda morte é renascimento. (...)Ligado à verticalidade do ser humano, este regime é o das “matérias luminosas, visuais e das técnicas de separação, de purificação, das quais as armas, flecha ou gládio, são símbolos freqüentes(...) (PITTA, 2004, p. 7) A soberania uraniana: Gigantismo e potência; elevação e poder são sinônimos no campo simbólico, o rei é alteza; ora, o que está mais alto é o que está no céu e principalmente, o sol; de onde a universalidade do Grande Deus uraniano;
  • 33. Redes Emergentes Grupo: Exaltação de Si e do Corpo Perfis Fitness mais “seguidos” (Indexadores) (Fevereiro de 2016) Manipulação em prol de uma falsa verossimilhança Elevação do ego e estilo de vida Vigor, vivacidade e jovialidade eternas Novos Olimpianos • Os novos olimpianos são, simultaneamente, magnetizados no imaginário e no real, simultaneamente, ideais inimitáveis e modelos imitáveis; sua dupla natureza é análoga à dupla natureza teológica do herói-deus da religião cristã: Olimpianas e Olimpianos são sobre-humanos nos papeis que eles encarnam, humanos na existência privada que eles levam. A imprensa de massa, ao mesmo tempo que investe os olimpianos de um papel mitológico, mergulha em suas vidas privadas a fim de extrair delas a substância humana que permite a identificação. (MORIN, 1970, p.107).
  • 34. Instagram • Maleabilidade do Suporte • Popularização - 400 milhões de usuários, com mais de 80 milhões de fotos compartilhadas diariamente no serviço (Revista exame, abr. 2016) • Possibilidade de Manipulação • Hashtags – Indexações livres e comunidades de bancos de imagens sem regras pré-estabelecidas.
  • 35. Perfil 1: Gabriela Pugliese 2.4 milhões de seguidores
  • 36. Perfil 2: Jen Selter 9.1 milhões de seguidores
  • 37. Perfil 3 Brock O’Hurn: 1,9 milhões de seguidores
  • 38. Redes por associação • Principais Hashtags acerca da temática. • Comunidades sem hierarquia • Participantes em espaços-temporais distintos • Reunião exclusivamente em torno das imagens sobre o tema.
  • 42. Traumatismo da perda da individualidade • Olimpianos: Essas reproduções operam numa espécie de espelhamento narcísico do desejo de alcançar a virtude do pertencimento, da notoriedade e da soberania uraniana através da popularidade e da exibição de uma imagem elaborada do self; • Segundo Morin (1970) o traumatismo que o ser humano adquire diante da consciência de sua insignificância perante o cosmos ou de sua efemeridade diante da morte, lança-o na obsessão de sobrevivência, apegando-se a qualquer indício que sustente o prolongamento da individualidade; • É evidente que a obsessão da sobrevivência, muitas vezes em detrimento da vida, revela no homem a preocupação lancinante de conservar sua individualidade para além da morte. O horror da morte é, portanto, a emoção, o sentimento ou a consciência da perda da individualidade. Emoção-choque, de dor, de terror ou de horror. Sentimento que é o de uma ruptura, de um mal, de uma catástrofe, de um sentimento traumático. Consciência, enfim, de um vazio, de um vácuo, que se cava onde havia plenitude individual, isto é, consciência traumática. (MORIN, 1970, p. 32).
  • 43. • Deixar uma marca, presença, fascínio por dinâmicas de pensamento semelhantes.
  • 44. Conclusão • Forças imaginais eclodem em determinados schemès e são compartilhados visto que a comunicação é tão instintiva quanto os impulsos imaginais. • Comunicar é por-se em partilha, raiz comum = Comunidade. • Arquétipo do Herói, Soberania Uraniana, regime noturno, em conjunto com a sinuosidade da forma feminina dos regimes noturno e sintético , presentes enquanto representações reincidentes (Caverna – Warburg – Instagram) e potência simbólica que eclode ao longo dos séculos de imagens. • Vemos nos perfis semelhantes o espelho do nosso próprio ego, e tal qual o mito do narciso, lá estão refletidas as nossas fantasias de juventude, vigor, imortalidade...
  • 45. • O complexo da perda da individualidade é, portanto, um complexo traumático que rege todas as perturbações provocadas pela morte (...) é em certa medida, toda a distância que separa a consciência da morte da aspiração à imortalidade, toda a contradição que opõe o fato brutal da morte à afirmação da sobrevivência. (MORIN, 1970, p. 33).