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Obra
AÇÃO
PERSONAGENS
ESPAÇO
TEMPO
CRÍTICA SOCIAL
Educação
Mensagem d'Os
Maias
Português
Feito por:
Bruno Soares
Daniel Pinto
Paulo Semedo
 http://www.youtube.com/watch?v=okxC
TznbbUI
 Passa-se em Lisboa, na segunda
metade dos séc. XIX. Conta-nos a
história de três gerações da família
Maia.
Inicia-se no Outono de 1875, altura em que
Afonso da Maia, nobre e rico proprietário, se
instala no Ramalhete.
O seu único filho – Pedro da Maia;
De carácter fraco, resultante de um educação
extremamente religiosa e protecionista, casa-se,
contra a vontade do pai, com a negreira Maria
Monforte, de quem tem dois filhos – um menino
e uma menina.
Mas a esposa acabaria por o abandonar para
fugir com um Napolitano, levando consigo a
filha, de quem nunca mais se soube o paradeiro.
O filho – Carlos da Maia – viria a ser entregue
aos cuidados do avô, após o suicídio de Pedro
da Maia.
 Carlos passa a infância com o avô.
 Formando-se depois, em Medicina em Coimbra.
 Carlos regressa a Lisboa, ao Ramalhete, após a sua formatura, onde se vai
rodear de alguns amigos, como o João da Ega, Alencar, Dâmaso Salcede,
Palma de Cavalão, Euzébiozinho, o maestro Cruges, entre outros.
 Seguindo os hábitos daqueles que o rodeavam, Carlos envolve-se com a
Condessa de Gouvarinho, que depois o iria abandonar.
 Um dia fica deslumbrado ao conhecer Maria Eduarda, que julgava ser
mulher do brasileiro Castro Gomes.
 Carlos seguiu-a algum tempos sem êxito, mas acaba por conseguir uma
aproximação, quando é chamado Maria Eduarda para visitar, como médico
a governanta.
 Começam então os seus encontros com Maria Eduarda, visto que Castro
Gomes estava ausente.
 Carlos chega mesmo a comprar uma casa onde instala a amante.
 Castro Gomes descobre o sucedido e
procura Carlos, dizendo que Maria
Eduarda não era sua mulher, mas sim
sua amante, portanto podia ficar com
ela.
 Entretanto, chega de Paris, um emigrante
que diz ter conhecido a mãe de Maria
Eduarda.
 Procura então para lhe entregar um cofre
desta que segundo ela lhe disse, continha
documentos que identificariam e
garantiriam para a filha uma boa herança.
 Essa mulher era Maria Mão Forte – a mãe
de Maria Eduarda era, portanto, também a
mães de Carlos.
 Os amantes eram irmãos...
 Contudo, Carlos não aceita este facto e
mantém abertamente, a relação –
incestuosa – com a irmã.
 Afonso da Maia, o velho avô, ao
receber a notícia morre desgosto.
 Ao tomar conhecimento, Maria Eduarda,
agora rica, parte para o estrangeiro e
Carlos, para se distrair, vai correr o
mundo.
 O romance termina com o regresso de
Carlos a Lisboa, passados 10 anos, e o
seu reencontro com Portugal e com
Ega, que lhe diz: - "falhamos a vida,
menino!".
 http://www.youtube.com/watch?v=MZZo
oy06COU
Personagens Centrais:
 Afonso da Maia
 Pedro da Maia
 Carlos da Maia
 Maria Eduarda
 Maria Monforte
 Afonso da Maia
 Caracterização Física
 Afonso era baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes. A sua cara
larga, o nariz aquilino e a pele corada.
 O cabelo era branco, muito curto e a barba branca e comprida.
 Como dizia Carlos: "lembrava um varão esforçado das idas
heroicas, um D. Duarte Meneses ou um Afonso de Albuquerque".
 Caracterização Psicológica
 Provavelmente o personagem mais simpático do romance e
aquele que o autor mais valorizou.
Não se lhe conhecem defeitos.
É um homem de carácter culto e requintado nos gostos.
Enquanto jovem adere aos ideais do Liberalismo e é obrigado, pelo
seu pai, a sair de casa; instala-se em Inglaterra mas, falecido o
pai, regressa a Lisboa para casar com Maria Eduarda Runa.
Dedica a sua vida ao neto Carlos. Já velho passa o tempo em
conversas com os amigos, lendo com o seu gato – Reverendo
Bonifácio – aos pés, opinando sobre a necessidade de
renovação do país.
É generoso para com os amigos e os necessitados. Ama a
natureza e o que é pobre e fraco. Tem altos e firmes princípios
morais. Morre de uma apoplexia, quando descobre os amores
incestuosos dos seus netos.
É o símbolo do velho Portugal que contrasta com o novo Portugal
– o da Regeneração – cheio de defeitos. É os sonho de um
Portugal impossível por falta de homens capazes.
 Pedro da Maia
 Caracterização Física
 Era pequenino, face oval de "um trigueiro
cálido", olhos belos – "assemelhavam-no a um
belo árabe". Valentia física.
 Caracterização Psicológica
 Pedro da Maia apresentava um temperamento
nervoso, fraco e de grande instabilidade
emocional. Tinha assiduamente crises de
"melancolia negra que o traziam dias e
dias, murcho, amarelo, com as olheiras fundas e
já velho".
 O autor dá grande importância à vinculação desta
personagem ao ramo familiar dos Runa e à sua
semelhança psicológica com estes.
 Pedro é vítima do meio baixo lisboeta e de uma
educação retrograda. O seu único sentimento vivo
e intenso fora a paixão pela mãe.
 Apesar da robustez física é de uma enorme
cobardia moral (como demonstra a reação do
suicídio face à fuga da mulher). Falha no
casamento e falha como homem.
 Carlos da Maia
 Caracterização Física
 Carlos era um belo e magnífico rapaz.
Era alto, bem constituído, de ombros
largos, olhos negros, pele branca, cabelos
negros e ondulados. Tinha barba
fina, castanha escura, pequena e aguçada
no queixo. O bigode era arqueado aos
cantos da boca. Com diz Eça, ele tinha
uma fisionomia de "belo cavaleiro da
Renascença".
 Caracterização Psicológica
 Carlos era culto, bem educado, de gostos
requintados. Ao contrário do seu pai, é fruto
de uma educação à Inglesa. É corajoso e
frontal. Amigo do seu amigo e generoso.
Destaca-se na sua personalidade o
cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto
pelo luxo, e diletantismo (incapacidade de
se fixar num projeto sério).
 Todavia, apesar da educação, Carlos fracassou.
 Não foi devido a esta mas falhou, em parte, por
causa do meio onde se instalou – uma sociedade
parasita, ociosa, fútil e sem estímulos e também
devido a aspetos hereditários – a fraqueza e a
cobardia do pai, o egoísmo, o futilidade e o espírito
boémio da mãe.
 Eça quis personificar em Carlos a idade da sua
juventude, a que fez a questão Coimbrã e
as Conferências do Casino e que acabou no grupo
dos Vencidos da Vida, de que Carlos é um bom
exemplo.

 http://www.youtube.com/watch?v=1SHc
4FHMMxw
 Maria Eduarda
 Maria Eduarda era uma bela mulher:
alta, loira, bem feita, sensual mas
delicada, "com um passo soberano de
deusa".
 Maria Monforte
 Caracterização Física
 É extremamente bela e sensual.
 Tinha os cabelos loiros, "a testa curta e
clássica, o colo ebúrneo".
 Caracterização Psicológica
 É vítima da literatura romântica e daqui deriva o seu carácter
pobre, excêntrico e excessivo.
 Costumavam chamar-lhe negreira porque o seu pai levara,
noutros tempos, cargas de negros para o Brasil, Havana e
Nova Orleans.
 Apaixonou-se por Pedro e casou com ele. Desse casamento
nasceram dois filhos.
 Mais tarde foge com o napolitano, Tancredo, levando consigo a
filha, Maria Eduarda, e abandonando o marido e o filho - Carlos
Eduardo.
 Leviana e imoral, é, em parte, a culpada de todas as desgraças
da família Maia. Fê-lo por amor, não por maldade. Morto
Tancredo, num duelo, leva uma vida dissipada e morre quase
na miséria.
 Deixa um cofre a um conhecido português - o democrata
Guimarães - com documentos que poderiam identificar a filha a
quem nunca revelou as origens.
Personagens Planas
 João da Ega
 Eusébiozinho
 Alencar
 Conde de Gouvarinho
 Sousa Neto
 Palma Cavalão
 Dâmaso Salcede
 Steinbroken
 Cohen
 Craft
 Condessa de Gouvarinho
 Cruges
 Tancredo
 Sr. Guimarães
 Rufino
 http://www.youtube.com/watch?v=3QCi
HFrsavI
Os Maias podemos distinguir
dois níveis de ação:
 Crónica de costumes - ação aberta;
 Intriga - ação fechada, que se divide em
intriga principal e intriga secundária.
 O título - Os Maias - corresponde à
intriga;
 Enquanto que o subtítulo - Episódios da
Vida Romântica - corresponde à crónica
de costumes.
 Intriga secundária temos: a história de
Afonso da Maia - época de reação do
Liberalismo ao Absolutismo;
 A história de Pedro da Maia e Maria
Monforte - época de instauração do
Liberalismo e consequentes
contradições internas.
 Na intriga principal são retratados os
amores incestuosos de Carlos e Maria
Eduarda que terminam com a
desagregação da família - morte de
Afonso e separação de Carlos e Maria
Eduarda.
 Carlos é o protagonista da
intriga principal.
 A ação principal d' Os
Maias, desenvolve-se
segundo os moldes da
tragédia clássica -
peripécia, reconhecimen
to e catástrofe.
A peripécia
verificou-se
com as
revelações
casuais de
Guimarães a
Ega sobre a
identidade de
Maria
Eduarda.
O reconhecimento, acarretado
pelas revelações de
Guimarães, torna a relação
entre Carlos e Maria Eduarda
uma relação incestuosa,
provocando a catástrofe
consumada pela morte do avô
e a separação definitiva dos
dois amantes.
Estrutura Global:
Estrutura paralela, secundaria e
ação principal:
Espaço:
 Nos Maias podemos encontrar 3 tipos
de espaço:
 Espaço Físico, Espaço Social e Espaço
Psicológico
Espaço Físico:
 Exteriores: passasse em Portugal, mais
concretamente em Lisboa e arredores.
 Em Coimbra passam-se os estudos de
Carlos e as suas primeiras aventuras
amorosas.
 Em Lisboa que se dão os acontecimentos
que levam Afonso da Maia ao exílio,
também em lisboa sucedem os
acontecimentos capitais da vida de Pedro
da Maia, lá decorre a vida de Carlos que
justifica o romance - a sua relação
incestuosa com a irmã.
 O estrangeiro surge-nos como um
recurso para resolver problemas.
 Afonso exila-se em Inglaterra para fugir
à intolerância Miguelista
 Pedro e Maria vivem em Itália e em
Paris devido à recusa deste casamento
pelo pai de Pedro.
 Maria Eduarda segue para Paris quando
descobre a sua relação incestuosa com
Carlos.
 O próprio resolve a sua vida falhada
com a fixação definitiva em Paris.
Espaço Físico Interiores
 No Ramalhete podemos encontrar:
 O salão de convívio e de lazer, o
escritório de Afonso, que tem o aspeto
de uma "severa câmara de prelado", o
quarto de Carlos, "como um ar de
quarto de bailarina", e os jardins
 Desenrola-se também na
vila Balzac, que reflete a
sensualidade de João da
Ega.
 Carlos que revela o seu
diletantismo e a
predisposição para a
sensualidade.
Glossário:
Modo amador do fazer artístico.
Qualidade do diletante - o que faz arte por amor.
 A Toca é também um espaço interior
carregado de simbolismo, que revela
amores ilícitos.
 Outros espaços interiores de menor
importância como o apartamento de
Maria Eduarda, o Teatro da Trindade, a
casa dos Condes de Gouvarinho, o
Grémio, o Hotel Central os hotéis de
Sintra, a redação d' A Tarde e d' A
Corneta do Diabo, etc
Espaço Social
 Comporta os ambientes (jantares, chás,
soirés, bailes, espetáculos).
 O espaço social cumpre um papel
puramente crítico.
 Com destaque para o
jantar no Hotel Central, os
jantares em casa dos
Gouvarinho, Santa
Olávia, a Toca, as
corridas do Hipódromo, as
reuniões na redação de A
Tarde, o Sarau Literário
no Teatro da Trindade -
ambientes fechados de
preferência, por razões de
elitismo.
Sintra
 http://www.youtube.com/watch?v=E4X_
3W0YGzc
Espaço Psicológico
 O espaço psicológico é constituído pela
consciência das personagens e
manifesta-se em momentos de maior
densidade dramática.
 Sobretudo Carlos, que desvenda os
meandros da sua
consciência, ocupando
Ega, também, um lugar de relevo.
 Destaque no espaço psicológico:
O sonho de Carlos no qual evoca a figura
de Maria Eduarda; nova evocação dela
em Sintra
 Reflexões de Carlos sobre o parentesco
que o liga a Maria Eduarda; visão do
Ramalhete e do avô, após o incesto;
contemplação de Afonso morto, no
jardim.
 Quanto a Ega, reflexões e inquietações
após a descoberta da identidade de
Maria Eduarda.
 O espaço psicológico permite definir
estas personagens como personagens
modeladas.
TEMPO:
 Este romance não apresenta um
seguimento temporal linear, mas, pelo
contrário, uma estrutura complexa na
qual se integram vários "tipos" de
tempos:
 Tempo Histórico
 Tempo do Discurso
 Tempo Psicológico
Tempo Histórico
 Entende-se por tempo histórico aquele
que se desdobra em dias, meses e anos
vividos pelas personagens.
 N'Os Maias, o tempo histórico é
dominado pelo encadeamento de três
gerações de uma família, cujo último
membro (Carlos), se destaca
relativamente aos outros.
 A fronteira cronológica situa-se entre
1820 e 1887, aproximadamente.
 Assim, o tempo concreto da intriga
compreende cerca de 70 anos.
Tempo do Discurso
 Entende-se aquele que se deteta no
próprio texto organizado pelo narrador,
ordenado ou alterado logicamente,
alargado ou resumido.
 Inicia-se no Outono de 1875, data em
que Carlos, concluída a sua viagem de
um ano pela Europa, após a formatura,
veio, com o avô, instalar-se
definitivamente em Lisboa
 Pelo processo de analepse, o narrador vai, até
parte do capítulo IV, referir-se aos
antepassados do protagonista (juventude e
exílio de Afonso da Maia
(avô), educação, casamento e suicídio de
Pedro (pai), e à educação de Carlos da Maia e
sua formatura em Coimbra) para recuperar o
presente da história que havia referido nas
primeiras linhas do livro. Esta primeira parte
pode considerar-se uma novela introdutória
que dura quase 60 anos. Esta analepse ocupa
apenas 90 páginas, apresentadas por meio de
resumos e elipses.
 Assim, como vemos, o tempo histórico é
muito mais longo do que o tempo do
discurso.
 Do Outono de 1875 a Janeiro de 1877 -
data em que Carlos abandona o
Ramalhete - existe uma tentativa para que
o tempo histórico (pouco mais de um ano
da vida de Carlos) seja idêntico ao tempo
do discurso - cerca de 600 páginas - para
tal Eça serve-se muitas vezes da cena
dialogada.
 O último capítulo é uma elipse (salto no
tempo) onde, passados 10 anos, Ega se
encontra com Carlos em Lisboa.
 http://www.youtube.com/watch?v=VJ52r
YpGie8
Tempo Psicológico
O tempo psicológico é o tempo que a
personagem assume interiormente; é o
tempo filtrado pelas suas vivências
subjetivas, muitas vezes carregado de
densidade dramática. É o tempo que se
alarga ou se encurta conforme o estado
de espírito em que se encontra.
 No romance, embora não muito frequente, é
possível evidenciar alguns momentos de
tempo psicológico nalgumas personagens:
 Pedro da Maia, por exemplo, na noite em que
se deu o desaparecimento de Maria Monforte
e o comunica a seu pai; Carlos, quando
recorda o primeiro beijo que lhe deu a
Condessa de Gouvarinho, ou, na companhia
de João da Ega, contempla, já no final de
livro, após a sua chegada de Paris, o velho
Ramalhete abandonado e ambos recordam o
passado com nostalgia. Uma visão pessimista
do Mundo e das coisas.
 É o caso de "agora o seu dia estava
findo: mas, passadas as longas horas,
terminada a longa noite, ele penetrava
outra vez naquela sala de repes
vermelhos...".
 O tempo psicológico introduz a
subjetividade, o que põe em causa as
leis do naturalismo.
A CRÍTICA SOCIAL
 A crónica de costumes da vida
lisboeta da Segunda metade do séc.
XIX desenvolve-se num certo
tempo, projeta-se num determinado
espaço e é ilustrada por meio de
inúmeras personagens intervenientes
em diferentes episódios.
 http://www.youtube.com/watch?v=MtpMSD
xgZYY
 Neste jantar, desfilam as principais figuras
proporcionando a Carlos um primeiro
contacto com o meio social lisboeta. Este
jantar, pretende homenagear o banqueiro
J. Cohen; apresentar a visão crítica de
alguns problemas; e proporcionar a Carlos
a visão de Maria Eduarda.
http://www.youtube.com/watch?
v=BDauv-eHY50
 Contacto de Carlos com a alta
sociedade lisboeta, incluindo o rei; uma
visão panorâmica desta sociedade
sobre o olhar crítico de Carlos; tentativa
frustrada de igualar Lisboa às demais
capitais europeias; denunciar o
cosmopolitismo postiço da sociedade.
 http://www.youtube.com/watch?v=V_eR
y8JnzxQ
 http://www.youtube.com/watch?v=uD6FtyQ
LcwM
 O Jantar dos Gouvarinhos.
 O objetivo deste jantar é reunir a alta
burguesia e aristocracia, apresentando a
ignorância das classes dirigentes que
revelam incapacidade de diálogo por
manifesta falta de cultura.
A Imprensa
 É também largamente criticada por meio
de vários sucedidos. Eça pretende
descrever a situação do jornalismo
português, confrontando-a com a
situação do país.
 Dois jornais são alvo de crítica - A Tarde
e A Corneta do Diabo. Esta última, cujo
diretor é o imoral Palma Cavalão, tem
uma redação imunda. É este jornal, que
publica o artigo de Dâmaso por
dinheiro, mas acaba por vender todo
esse n.º do jornal a Carlos, também por
dinheiro. As suas publicações
são, assim, de baixo nível.
 A Tarde, cujo diretor é o deputado
Neves, serve-se da carta de retratação
de Dâmaso, como meio de vingança
contra o inimigo político. Este jornal
pública apenas artigos dos seus
correligionários políticos.
 Assim, Eça pretende denunciar o baixo
nível, a intriga suja, o compadrio
político, desses jornais que considera
espelhos do país.
O Passeio de Carlos e João
da Ega
 http://www.youtube.com/watch?v=QHEI
kSMFcbY
Educação
 A crítica à educação
é feita através do
paralelismo entre
três personagens -
Pedro da Maia,
recetor de uma
educação à
portuguesa,
retrograda e com
uma imposição
rígida de devoção.
A crítica à educação é feita
através do paralelismo entre
três personagens - Pedro da
Maia, recetor de uma
educação à
portuguesa, retrograda e com
uma imposição rígida de
devoção.
SIMBOLISMO
 Os Maias estão incrivelmente repletos de símbolos.
 Afonso da Maia é uma figura simbólica - o seu nome é
simbólico, tal como o de Carlos - o nome do último
Stuart, escolhido pela mãe. Carlos irá ser o último Maia - note-
se a ironia em forma de presságio.
 No Ramalhete, esta designação e o emblema (o ramo de
girassóis) mostram a importância "da terra e da província" no
passado da família Maia. A "gravidade clerical do edifício"
demonstra a influência que o clero teve no passado da família
e em Portugal.
 Por oposição, as obras de restauro, levadas a cabo por
Carlos, introduziram o luxo e a decoração
cosmopolita, simbolizam uma nova oportunidade, uma reforma
da casa (ou do país) para uma nova etapa - é o reflexo do ideal
reformista da Geração de Carlos. Carlos é um símbolo da
Geração de 70, tal como o é Ega. Tal como o país, também
eles caíram no "vencidismo".
 No último capítulo, a imagem deixada pelo Ramalhete,
abandonado e tristonho, cheio de recordações de um passado
de tragédia e frustrações, está muito relacionado com o modo
como Eça via o país, em plena crise do regime.
 O quintal do Ramalhete, também sofre uma evolução. O fio de
água da cascata é símbolo da eterna melancolia do tempo que
passa, dos sentimentos que leva e traz. A estátua de Vénus
que, enegrece com a fuga de Maria Monforte, no final a sua
presença obscura na quintal é uma vaga premonição da
tragédia. Ela marca o início e o fim da ação principal.
 No quarto de Maria Eduarda, na Toca, o quadro com a cabeça
degolada é um símbolo e presságio de desgraça. Os seus
aposentos simbolizam o carácter trágico, a profanação das leis
humanas e cristãs.
 Também o armário do salão nobre da Toca, tem uma
simbologia trágica. Os guerreiros simbolizam a heroicidade, os
evangelistas, a religião e os trofeus agrícolas o trabalho:
qualidades que existiram um dia na família (e no Portugal da
epopeia). Os dois faunos simbolizam os dois amantes numa
atitude hedonista e desprezadora de tudo e todos. No final um
partiu o seu pé de cabra e o outro a flauta bucólica, pormenor
que parece simbolizar o desafio sacrílego dos faunos a tudo
quanto era excelso e sublimado na tradição dos antepassados.
 Os aposentos de Maria Eduarda simbolizam o carácter trágico,
a profanação das leis humanas e cristãs.
 Os Maias estão também, povoados de símbolos cromáticos: a
cor vermelha tem um carácter duplo, Maria Monforte e Maria
Eduarda são portadoras de um vermelho feminino, despertam
a sensibilidade à sua volta; espalham a morte. O vermelho é,
portanto, o símbolo da paixão excessiva e destruidora.
 O vermelho da vila Balzac é muito intenso, indicando a
dimensão essencialmente carnal e efémera dos encontros de
amor de Ega e Raquel Cohen
 O tom dourado está também presente, indicando a paixão
ardente; anunciando a velhice (o Outono), a proximidade da
morte. Morte prefigurada pela cor negra, símbolo de uma
paixão possessiva e destruidora.
 Mãe e filha conjugam em si estas três cores: elas são, portanto,
vida e morte, o divino e o humano, a aparência e a realidade, a
força que se torna fraqueza.
 Constatamos que a simbologia d'Os Maias possui uma função
claramente pressagiosa da tragédia.
A Mensagem d'Os Maias
 A mensagem que o autor pretende deixar com esta
obra, tem uma intenção iminentemente crítica.
 É através do paralelo entre duas personagens -
Pedro e Carlos da Maia -, que Eça concretiza a sua
intenção. Note-se que ambos, apesar de terem tido
educações totalmente diferentes, falharam na vida.
Pedro falha com um casamento desastroso, que o
leva ao suicídio; Carlos falha com uma ligação
incestuosa, da qual sai para se deixar afundar numa
vida estéril e apagada, sem qualquer projeto
seriamente útil, em Paris.
 Por outro lado, estas duas
personagens, representam também
épocas históricas e políticas diferentes.
Pedro, a época do Romantismo, e seu
filho, a Geração de 70 e das Conferências
do Casino, geração potencialmente
destinada ao sucesso.. Mas não foi isso
que sucedeu e é este facto que o escritor
pretende evidenciar com o episódio final -
o fracasso da Geração dos Vencidos da
Vida.
 Assim, estas personagens representam os
males de Portugal e o fracasso sucessivo das
diferentes correntes estético-literárias.
Fracasso este que parece dever-se, não às
correntes em si, mas às características do
povo português - a predileção pela forma em
detrimento do conteúdo, o diletantismo que
impede a fixação num trabalho sério e
interessante, a atitude "romântica" perante a
vida, que consiste em desculpar
sistematicamente, os próprios erros e falhas, e
dizer "Tudo culpa da sociedade".
 http://www.youtube.com/watch?v=RAXls
jIUCIE
Estética
 Os Maias distinguem-se no quadro da
literatura nacional, não só pela
originalidade do tema, mas também
pela destreza e mestria com que o
autor conta o romance. De facto,
tanto a crítica social, como a intriga
amorosa são valorizadas pelo rigor e
beleza dos vocábulos utilizados.
 Por exemplo, o impressionismo, bem
patente, caracteriza-se pela frequência de
construções impessoais, uma vez que o
efeito é percecionado independentemente
da causa, ficando, portanto, o sujeito para
segundo plano; perceções de tipo diferente
traduzindo ironia; frequência da hipálage
(transposição de um atributo de gente para a
ação). Relativamente aos substantivos e
adjetivos, a obra de Eça contem muito mais
adjetivos do que substantivos.
 É frequente o contraste substantivo
concreto qualificado com um adjetivo
abstrato ou vice-versa.
 Os adjetivos tem uma função musical
e rítmica completando a linha
melódica da frase.
 O advérbio toma, em Eça, funções de
atributo e a sua ação alcança o
sujeito ou o objeto.
 Eça ampliou o número de advérbios de modo que a
linguagem proporcionava, derivando-os dos adjetivos.
 O verbo oferece a alternância dos seus sentidos - próprio
ou figurado, e o escritor tem de escolher um ou outro.
Estes podem invocar conceitos subjetivos múltiplos sem
deixarem, por isso, de descrever aspetos das coisas.
 Eça utiliza o estilo indireto livre. Este tipo de discurso
permitia-lhe: libertar a frase dos verbos muito utilizados e
da correspondente conjugação integrante (ex.: disse
que); permitia-lhe, também, aproximar a prosa literária da
linguagem falada; conseguia impersonalizar a prosa
narrativa dissimulando-se por detrás das suas
personagens.
 N' Os Maias, existem em maior ou menor grau todos os
níveis de linguagem. Da linguagem familiar à linguagem
infantil, popular e também neologismos (ex.:
Gouvarinhar). Esta obra é muito rica em figuras de
estilo, o que lhe concede um cunho particularmente
queirosiano.
Aliterações, adjetivações, comparações, personificações,
enchem Os Maias do início ao final da obra.
 http://www.youtube.com/watch?v=XE3lS
8w08Ac

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Os maias

  • 1.
  • 4.  Passa-se em Lisboa, na segunda metade dos séc. XIX. Conta-nos a história de três gerações da família Maia.
  • 5. Inicia-se no Outono de 1875, altura em que Afonso da Maia, nobre e rico proprietário, se instala no Ramalhete. O seu único filho – Pedro da Maia; De carácter fraco, resultante de um educação extremamente religiosa e protecionista, casa-se, contra a vontade do pai, com a negreira Maria Monforte, de quem tem dois filhos – um menino e uma menina. Mas a esposa acabaria por o abandonar para fugir com um Napolitano, levando consigo a filha, de quem nunca mais se soube o paradeiro. O filho – Carlos da Maia – viria a ser entregue aos cuidados do avô, após o suicídio de Pedro da Maia.
  • 6.  Carlos passa a infância com o avô.  Formando-se depois, em Medicina em Coimbra.  Carlos regressa a Lisboa, ao Ramalhete, após a sua formatura, onde se vai rodear de alguns amigos, como o João da Ega, Alencar, Dâmaso Salcede, Palma de Cavalão, Euzébiozinho, o maestro Cruges, entre outros.  Seguindo os hábitos daqueles que o rodeavam, Carlos envolve-se com a Condessa de Gouvarinho, que depois o iria abandonar.  Um dia fica deslumbrado ao conhecer Maria Eduarda, que julgava ser mulher do brasileiro Castro Gomes.  Carlos seguiu-a algum tempos sem êxito, mas acaba por conseguir uma aproximação, quando é chamado Maria Eduarda para visitar, como médico a governanta.  Começam então os seus encontros com Maria Eduarda, visto que Castro Gomes estava ausente.  Carlos chega mesmo a comprar uma casa onde instala a amante.
  • 7.  Castro Gomes descobre o sucedido e procura Carlos, dizendo que Maria Eduarda não era sua mulher, mas sim sua amante, portanto podia ficar com ela.
  • 8.  Entretanto, chega de Paris, um emigrante que diz ter conhecido a mãe de Maria Eduarda.  Procura então para lhe entregar um cofre desta que segundo ela lhe disse, continha documentos que identificariam e garantiriam para a filha uma boa herança.  Essa mulher era Maria Mão Forte – a mãe de Maria Eduarda era, portanto, também a mães de Carlos.  Os amantes eram irmãos...
  • 9.  Contudo, Carlos não aceita este facto e mantém abertamente, a relação – incestuosa – com a irmã.  Afonso da Maia, o velho avô, ao receber a notícia morre desgosto.
  • 10.  Ao tomar conhecimento, Maria Eduarda, agora rica, parte para o estrangeiro e Carlos, para se distrair, vai correr o mundo.  O romance termina com o regresso de Carlos a Lisboa, passados 10 anos, e o seu reencontro com Portugal e com Ega, que lhe diz: - "falhamos a vida, menino!".
  • 12. Personagens Centrais:  Afonso da Maia  Pedro da Maia  Carlos da Maia  Maria Eduarda  Maria Monforte
  • 13.  Afonso da Maia  Caracterização Física  Afonso era baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes. A sua cara larga, o nariz aquilino e a pele corada.  O cabelo era branco, muito curto e a barba branca e comprida.  Como dizia Carlos: "lembrava um varão esforçado das idas heroicas, um D. Duarte Meneses ou um Afonso de Albuquerque".
  • 14.  Caracterização Psicológica  Provavelmente o personagem mais simpático do romance e aquele que o autor mais valorizou. Não se lhe conhecem defeitos. É um homem de carácter culto e requintado nos gostos. Enquanto jovem adere aos ideais do Liberalismo e é obrigado, pelo seu pai, a sair de casa; instala-se em Inglaterra mas, falecido o pai, regressa a Lisboa para casar com Maria Eduarda Runa. Dedica a sua vida ao neto Carlos. Já velho passa o tempo em conversas com os amigos, lendo com o seu gato – Reverendo Bonifácio – aos pés, opinando sobre a necessidade de renovação do país. É generoso para com os amigos e os necessitados. Ama a natureza e o que é pobre e fraco. Tem altos e firmes princípios morais. Morre de uma apoplexia, quando descobre os amores incestuosos dos seus netos. É o símbolo do velho Portugal que contrasta com o novo Portugal – o da Regeneração – cheio de defeitos. É os sonho de um Portugal impossível por falta de homens capazes.
  • 15.  Pedro da Maia  Caracterização Física  Era pequenino, face oval de "um trigueiro cálido", olhos belos – "assemelhavam-no a um belo árabe". Valentia física.  Caracterização Psicológica  Pedro da Maia apresentava um temperamento nervoso, fraco e de grande instabilidade emocional. Tinha assiduamente crises de "melancolia negra que o traziam dias e dias, murcho, amarelo, com as olheiras fundas e já velho".  O autor dá grande importância à vinculação desta personagem ao ramo familiar dos Runa e à sua semelhança psicológica com estes.  Pedro é vítima do meio baixo lisboeta e de uma educação retrograda. O seu único sentimento vivo e intenso fora a paixão pela mãe.  Apesar da robustez física é de uma enorme cobardia moral (como demonstra a reação do suicídio face à fuga da mulher). Falha no casamento e falha como homem.
  • 16.  Carlos da Maia  Caracterização Física  Carlos era um belo e magnífico rapaz. Era alto, bem constituído, de ombros largos, olhos negros, pele branca, cabelos negros e ondulados. Tinha barba fina, castanha escura, pequena e aguçada no queixo. O bigode era arqueado aos cantos da boca. Com diz Eça, ele tinha uma fisionomia de "belo cavaleiro da Renascença".  Caracterização Psicológica  Carlos era culto, bem educado, de gostos requintados. Ao contrário do seu pai, é fruto de uma educação à Inglesa. É corajoso e frontal. Amigo do seu amigo e generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto pelo luxo, e diletantismo (incapacidade de se fixar num projeto sério).
  • 17.  Todavia, apesar da educação, Carlos fracassou.  Não foi devido a esta mas falhou, em parte, por causa do meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos e também devido a aspetos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, o futilidade e o espírito boémio da mãe.  Eça quis personificar em Carlos a idade da sua juventude, a que fez a questão Coimbrã e as Conferências do Casino e que acabou no grupo dos Vencidos da Vida, de que Carlos é um bom exemplo. 
  • 19.  Maria Eduarda  Maria Eduarda era uma bela mulher: alta, loira, bem feita, sensual mas delicada, "com um passo soberano de deusa".
  • 20.  Maria Monforte  Caracterização Física  É extremamente bela e sensual.  Tinha os cabelos loiros, "a testa curta e clássica, o colo ebúrneo".
  • 21.  Caracterização Psicológica  É vítima da literatura romântica e daqui deriva o seu carácter pobre, excêntrico e excessivo.  Costumavam chamar-lhe negreira porque o seu pai levara, noutros tempos, cargas de negros para o Brasil, Havana e Nova Orleans.  Apaixonou-se por Pedro e casou com ele. Desse casamento nasceram dois filhos.  Mais tarde foge com o napolitano, Tancredo, levando consigo a filha, Maria Eduarda, e abandonando o marido e o filho - Carlos Eduardo.  Leviana e imoral, é, em parte, a culpada de todas as desgraças da família Maia. Fê-lo por amor, não por maldade. Morto Tancredo, num duelo, leva uma vida dissipada e morre quase na miséria.  Deixa um cofre a um conhecido português - o democrata Guimarães - com documentos que poderiam identificar a filha a quem nunca revelou as origens.
  • 22. Personagens Planas  João da Ega  Eusébiozinho  Alencar  Conde de Gouvarinho  Sousa Neto  Palma Cavalão  Dâmaso Salcede  Steinbroken  Cohen  Craft  Condessa de Gouvarinho  Cruges  Tancredo  Sr. Guimarães  Rufino
  • 24. Os Maias podemos distinguir dois níveis de ação:  Crónica de costumes - ação aberta;  Intriga - ação fechada, que se divide em intriga principal e intriga secundária.
  • 25.  O título - Os Maias - corresponde à intriga;  Enquanto que o subtítulo - Episódios da Vida Romântica - corresponde à crónica de costumes.
  • 26.  Intriga secundária temos: a história de Afonso da Maia - época de reação do Liberalismo ao Absolutismo;  A história de Pedro da Maia e Maria Monforte - época de instauração do Liberalismo e consequentes contradições internas.
  • 27.  Na intriga principal são retratados os amores incestuosos de Carlos e Maria Eduarda que terminam com a desagregação da família - morte de Afonso e separação de Carlos e Maria Eduarda.
  • 28.  Carlos é o protagonista da intriga principal.  A ação principal d' Os Maias, desenvolve-se segundo os moldes da tragédia clássica - peripécia, reconhecimen to e catástrofe. A peripécia verificou-se com as revelações casuais de Guimarães a Ega sobre a identidade de Maria Eduarda. O reconhecimento, acarretado pelas revelações de Guimarães, torna a relação entre Carlos e Maria Eduarda uma relação incestuosa, provocando a catástrofe consumada pela morte do avô e a separação definitiva dos dois amantes.
  • 30. Estrutura paralela, secundaria e ação principal:
  • 31. Espaço:  Nos Maias podemos encontrar 3 tipos de espaço:  Espaço Físico, Espaço Social e Espaço Psicológico
  • 32. Espaço Físico:  Exteriores: passasse em Portugal, mais concretamente em Lisboa e arredores.  Em Coimbra passam-se os estudos de Carlos e as suas primeiras aventuras amorosas.  Em Lisboa que se dão os acontecimentos que levam Afonso da Maia ao exílio, também em lisboa sucedem os acontecimentos capitais da vida de Pedro da Maia, lá decorre a vida de Carlos que justifica o romance - a sua relação incestuosa com a irmã.
  • 33.  O estrangeiro surge-nos como um recurso para resolver problemas.  Afonso exila-se em Inglaterra para fugir à intolerância Miguelista
  • 34.  Pedro e Maria vivem em Itália e em Paris devido à recusa deste casamento pelo pai de Pedro.
  • 35.  Maria Eduarda segue para Paris quando descobre a sua relação incestuosa com Carlos.  O próprio resolve a sua vida falhada com a fixação definitiva em Paris.
  • 36. Espaço Físico Interiores  No Ramalhete podemos encontrar:  O salão de convívio e de lazer, o escritório de Afonso, que tem o aspeto de uma "severa câmara de prelado", o quarto de Carlos, "como um ar de quarto de bailarina", e os jardins
  • 37.  Desenrola-se também na vila Balzac, que reflete a sensualidade de João da Ega.  Carlos que revela o seu diletantismo e a predisposição para a sensualidade. Glossário: Modo amador do fazer artístico. Qualidade do diletante - o que faz arte por amor.
  • 38.  A Toca é também um espaço interior carregado de simbolismo, que revela amores ilícitos.
  • 39.  Outros espaços interiores de menor importância como o apartamento de Maria Eduarda, o Teatro da Trindade, a casa dos Condes de Gouvarinho, o Grémio, o Hotel Central os hotéis de Sintra, a redação d' A Tarde e d' A Corneta do Diabo, etc
  • 40. Espaço Social  Comporta os ambientes (jantares, chás, soirés, bailes, espetáculos).  O espaço social cumpre um papel puramente crítico.
  • 41.  Com destaque para o jantar no Hotel Central, os jantares em casa dos Gouvarinho, Santa Olávia, a Toca, as corridas do Hipódromo, as reuniões na redação de A Tarde, o Sarau Literário no Teatro da Trindade - ambientes fechados de preferência, por razões de elitismo. Sintra
  • 43. Espaço Psicológico  O espaço psicológico é constituído pela consciência das personagens e manifesta-se em momentos de maior densidade dramática.
  • 44.  Sobretudo Carlos, que desvenda os meandros da sua consciência, ocupando Ega, também, um lugar de relevo.  Destaque no espaço psicológico: O sonho de Carlos no qual evoca a figura de Maria Eduarda; nova evocação dela em Sintra
  • 45.  Reflexões de Carlos sobre o parentesco que o liga a Maria Eduarda; visão do Ramalhete e do avô, após o incesto; contemplação de Afonso morto, no jardim.  Quanto a Ega, reflexões e inquietações após a descoberta da identidade de Maria Eduarda.
  • 46.  O espaço psicológico permite definir estas personagens como personagens modeladas.
  • 47. TEMPO:  Este romance não apresenta um seguimento temporal linear, mas, pelo contrário, uma estrutura complexa na qual se integram vários "tipos" de tempos:  Tempo Histórico  Tempo do Discurso  Tempo Psicológico
  • 48.
  • 49.
  • 50. Tempo Histórico  Entende-se por tempo histórico aquele que se desdobra em dias, meses e anos vividos pelas personagens.
  • 51.  N'Os Maias, o tempo histórico é dominado pelo encadeamento de três gerações de uma família, cujo último membro (Carlos), se destaca relativamente aos outros.
  • 52.  A fronteira cronológica situa-se entre 1820 e 1887, aproximadamente.  Assim, o tempo concreto da intriga compreende cerca de 70 anos.
  • 53. Tempo do Discurso  Entende-se aquele que se deteta no próprio texto organizado pelo narrador, ordenado ou alterado logicamente, alargado ou resumido.
  • 54.  Inicia-se no Outono de 1875, data em que Carlos, concluída a sua viagem de um ano pela Europa, após a formatura, veio, com o avô, instalar-se definitivamente em Lisboa
  • 55.  Pelo processo de analepse, o narrador vai, até parte do capítulo IV, referir-se aos antepassados do protagonista (juventude e exílio de Afonso da Maia (avô), educação, casamento e suicídio de Pedro (pai), e à educação de Carlos da Maia e sua formatura em Coimbra) para recuperar o presente da história que havia referido nas primeiras linhas do livro. Esta primeira parte pode considerar-se uma novela introdutória que dura quase 60 anos. Esta analepse ocupa apenas 90 páginas, apresentadas por meio de resumos e elipses.
  • 56.  Assim, como vemos, o tempo histórico é muito mais longo do que o tempo do discurso.  Do Outono de 1875 a Janeiro de 1877 - data em que Carlos abandona o Ramalhete - existe uma tentativa para que o tempo histórico (pouco mais de um ano da vida de Carlos) seja idêntico ao tempo do discurso - cerca de 600 páginas - para tal Eça serve-se muitas vezes da cena dialogada.
  • 57.  O último capítulo é uma elipse (salto no tempo) onde, passados 10 anos, Ega se encontra com Carlos em Lisboa.
  • 59. Tempo Psicológico O tempo psicológico é o tempo que a personagem assume interiormente; é o tempo filtrado pelas suas vivências subjetivas, muitas vezes carregado de densidade dramática. É o tempo que se alarga ou se encurta conforme o estado de espírito em que se encontra.
  • 60.  No romance, embora não muito frequente, é possível evidenciar alguns momentos de tempo psicológico nalgumas personagens:  Pedro da Maia, por exemplo, na noite em que se deu o desaparecimento de Maria Monforte e o comunica a seu pai; Carlos, quando recorda o primeiro beijo que lhe deu a Condessa de Gouvarinho, ou, na companhia de João da Ega, contempla, já no final de livro, após a sua chegada de Paris, o velho Ramalhete abandonado e ambos recordam o passado com nostalgia. Uma visão pessimista do Mundo e das coisas.
  • 61.  É o caso de "agora o seu dia estava findo: mas, passadas as longas horas, terminada a longa noite, ele penetrava outra vez naquela sala de repes vermelhos...".  O tempo psicológico introduz a subjetividade, o que põe em causa as leis do naturalismo.
  • 62. A CRÍTICA SOCIAL  A crónica de costumes da vida lisboeta da Segunda metade do séc. XIX desenvolve-se num certo tempo, projeta-se num determinado espaço e é ilustrada por meio de inúmeras personagens intervenientes em diferentes episódios.
  • 63.  http://www.youtube.com/watch?v=MtpMSD xgZYY  Neste jantar, desfilam as principais figuras proporcionando a Carlos um primeiro contacto com o meio social lisboeta. Este jantar, pretende homenagear o banqueiro J. Cohen; apresentar a visão crítica de alguns problemas; e proporcionar a Carlos a visão de Maria Eduarda.
  • 64. http://www.youtube.com/watch? v=BDauv-eHY50  Contacto de Carlos com a alta sociedade lisboeta, incluindo o rei; uma visão panorâmica desta sociedade sobre o olhar crítico de Carlos; tentativa frustrada de igualar Lisboa às demais capitais europeias; denunciar o cosmopolitismo postiço da sociedade.
  • 66.  http://www.youtube.com/watch?v=uD6FtyQ LcwM  O Jantar dos Gouvarinhos.  O objetivo deste jantar é reunir a alta burguesia e aristocracia, apresentando a ignorância das classes dirigentes que revelam incapacidade de diálogo por manifesta falta de cultura.
  • 67. A Imprensa  É também largamente criticada por meio de vários sucedidos. Eça pretende descrever a situação do jornalismo português, confrontando-a com a situação do país.
  • 68.  Dois jornais são alvo de crítica - A Tarde e A Corneta do Diabo. Esta última, cujo diretor é o imoral Palma Cavalão, tem uma redação imunda. É este jornal, que publica o artigo de Dâmaso por dinheiro, mas acaba por vender todo esse n.º do jornal a Carlos, também por dinheiro. As suas publicações são, assim, de baixo nível.
  • 69.  A Tarde, cujo diretor é o deputado Neves, serve-se da carta de retratação de Dâmaso, como meio de vingança contra o inimigo político. Este jornal pública apenas artigos dos seus correligionários políticos.  Assim, Eça pretende denunciar o baixo nível, a intriga suja, o compadrio político, desses jornais que considera espelhos do país.
  • 70. O Passeio de Carlos e João da Ega  http://www.youtube.com/watch?v=QHEI kSMFcbY
  • 71. Educação  A crítica à educação é feita através do paralelismo entre três personagens - Pedro da Maia, recetor de uma educação à portuguesa, retrograda e com uma imposição rígida de devoção. A crítica à educação é feita através do paralelismo entre três personagens - Pedro da Maia, recetor de uma educação à portuguesa, retrograda e com uma imposição rígida de devoção.
  • 72. SIMBOLISMO  Os Maias estão incrivelmente repletos de símbolos.  Afonso da Maia é uma figura simbólica - o seu nome é simbólico, tal como o de Carlos - o nome do último Stuart, escolhido pela mãe. Carlos irá ser o último Maia - note- se a ironia em forma de presságio.  No Ramalhete, esta designação e o emblema (o ramo de girassóis) mostram a importância "da terra e da província" no passado da família Maia. A "gravidade clerical do edifício" demonstra a influência que o clero teve no passado da família e em Portugal.  Por oposição, as obras de restauro, levadas a cabo por Carlos, introduziram o luxo e a decoração cosmopolita, simbolizam uma nova oportunidade, uma reforma da casa (ou do país) para uma nova etapa - é o reflexo do ideal reformista da Geração de Carlos. Carlos é um símbolo da Geração de 70, tal como o é Ega. Tal como o país, também eles caíram no "vencidismo".
  • 73.  No último capítulo, a imagem deixada pelo Ramalhete, abandonado e tristonho, cheio de recordações de um passado de tragédia e frustrações, está muito relacionado com o modo como Eça via o país, em plena crise do regime.  O quintal do Ramalhete, também sofre uma evolução. O fio de água da cascata é símbolo da eterna melancolia do tempo que passa, dos sentimentos que leva e traz. A estátua de Vénus que, enegrece com a fuga de Maria Monforte, no final a sua presença obscura na quintal é uma vaga premonição da tragédia. Ela marca o início e o fim da ação principal.  No quarto de Maria Eduarda, na Toca, o quadro com a cabeça degolada é um símbolo e presságio de desgraça. Os seus aposentos simbolizam o carácter trágico, a profanação das leis humanas e cristãs.  Também o armário do salão nobre da Toca, tem uma simbologia trágica. Os guerreiros simbolizam a heroicidade, os evangelistas, a religião e os trofeus agrícolas o trabalho: qualidades que existiram um dia na família (e no Portugal da epopeia). Os dois faunos simbolizam os dois amantes numa atitude hedonista e desprezadora de tudo e todos. No final um partiu o seu pé de cabra e o outro a flauta bucólica, pormenor que parece simbolizar o desafio sacrílego dos faunos a tudo quanto era excelso e sublimado na tradição dos antepassados.
  • 74.  Os aposentos de Maria Eduarda simbolizam o carácter trágico, a profanação das leis humanas e cristãs.  Os Maias estão também, povoados de símbolos cromáticos: a cor vermelha tem um carácter duplo, Maria Monforte e Maria Eduarda são portadoras de um vermelho feminino, despertam a sensibilidade à sua volta; espalham a morte. O vermelho é, portanto, o símbolo da paixão excessiva e destruidora.  O vermelho da vila Balzac é muito intenso, indicando a dimensão essencialmente carnal e efémera dos encontros de amor de Ega e Raquel Cohen  O tom dourado está também presente, indicando a paixão ardente; anunciando a velhice (o Outono), a proximidade da morte. Morte prefigurada pela cor negra, símbolo de uma paixão possessiva e destruidora.  Mãe e filha conjugam em si estas três cores: elas são, portanto, vida e morte, o divino e o humano, a aparência e a realidade, a força que se torna fraqueza.  Constatamos que a simbologia d'Os Maias possui uma função claramente pressagiosa da tragédia.
  • 75. A Mensagem d'Os Maias  A mensagem que o autor pretende deixar com esta obra, tem uma intenção iminentemente crítica.  É através do paralelo entre duas personagens - Pedro e Carlos da Maia -, que Eça concretiza a sua intenção. Note-se que ambos, apesar de terem tido educações totalmente diferentes, falharam na vida. Pedro falha com um casamento desastroso, que o leva ao suicídio; Carlos falha com uma ligação incestuosa, da qual sai para se deixar afundar numa vida estéril e apagada, sem qualquer projeto seriamente útil, em Paris.
  • 76.  Por outro lado, estas duas personagens, representam também épocas históricas e políticas diferentes. Pedro, a época do Romantismo, e seu filho, a Geração de 70 e das Conferências do Casino, geração potencialmente destinada ao sucesso.. Mas não foi isso que sucedeu e é este facto que o escritor pretende evidenciar com o episódio final - o fracasso da Geração dos Vencidos da Vida.
  • 77.  Assim, estas personagens representam os males de Portugal e o fracasso sucessivo das diferentes correntes estético-literárias. Fracasso este que parece dever-se, não às correntes em si, mas às características do povo português - a predileção pela forma em detrimento do conteúdo, o diletantismo que impede a fixação num trabalho sério e interessante, a atitude "romântica" perante a vida, que consiste em desculpar sistematicamente, os próprios erros e falhas, e dizer "Tudo culpa da sociedade".
  • 79. Estética  Os Maias distinguem-se no quadro da literatura nacional, não só pela originalidade do tema, mas também pela destreza e mestria com que o autor conta o romance. De facto, tanto a crítica social, como a intriga amorosa são valorizadas pelo rigor e beleza dos vocábulos utilizados.
  • 80.  Por exemplo, o impressionismo, bem patente, caracteriza-se pela frequência de construções impessoais, uma vez que o efeito é percecionado independentemente da causa, ficando, portanto, o sujeito para segundo plano; perceções de tipo diferente traduzindo ironia; frequência da hipálage (transposição de um atributo de gente para a ação). Relativamente aos substantivos e adjetivos, a obra de Eça contem muito mais adjetivos do que substantivos.
  • 81.  É frequente o contraste substantivo concreto qualificado com um adjetivo abstrato ou vice-versa.  Os adjetivos tem uma função musical e rítmica completando a linha melódica da frase.  O advérbio toma, em Eça, funções de atributo e a sua ação alcança o sujeito ou o objeto.
  • 82.  Eça ampliou o número de advérbios de modo que a linguagem proporcionava, derivando-os dos adjetivos.  O verbo oferece a alternância dos seus sentidos - próprio ou figurado, e o escritor tem de escolher um ou outro. Estes podem invocar conceitos subjetivos múltiplos sem deixarem, por isso, de descrever aspetos das coisas.  Eça utiliza o estilo indireto livre. Este tipo de discurso permitia-lhe: libertar a frase dos verbos muito utilizados e da correspondente conjugação integrante (ex.: disse que); permitia-lhe, também, aproximar a prosa literária da linguagem falada; conseguia impersonalizar a prosa narrativa dissimulando-se por detrás das suas personagens.  N' Os Maias, existem em maior ou menor grau todos os níveis de linguagem. Da linguagem familiar à linguagem infantil, popular e também neologismos (ex.: Gouvarinhar). Esta obra é muito rica em figuras de estilo, o que lhe concede um cunho particularmente queirosiano. Aliterações, adjetivações, comparações, personificações, enchem Os Maias do início ao final da obra.