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FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS
    COORDENAÇÃO DE EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO




                  ADÃO LOURENÇO




                 GÊNEROS TEXTUAIS:
ENSINO E APRENDIZAGEM DE INGLÊS VIA CARTAS INFORMAIS




                  UNIÃO DA VITÓRIA
                        2004
2



                  ADÃO LOURENÇO




                 GÊNEROS TEXTUAIS
ENSINO E APRENDIZAGEM DE INGLÊS VIA CARTAS INFORMAIS




                         Monografia apresentada como requisito parcial
                         para obtenção do titulo de Especialista em Língua
                         Inglesa, da Faculdade Estadual de Filosofia,
                         Ciências e Letras de União da Vitória.

                         Orientador: Prof. Ms. Acir Mário Karwoski.




                  UNIÃO DA VITÓRIA
                        2004
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                              AGRADECIMENTOS


À Deus, à minha esposa, aos meus pais, meus professores e a meus amigos.


À Deus porque é minha fonte de vida e inspiração;


À minha esposa e meus pais, pela segurança, carinho e amor;


Aos meus professores, em especial ao meu orientador, pelo carinho e compreensão;


Aos meus amigos pela sabedoria e humanidade.
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Apostar que o mundo pode se constituir em algo
profundamente novo e melhor é acreditar que
viver sempre vale a pena.
5




                                                       SUMÁRIO


1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................         5
2 GÊNEROS TEXTUAIS EM LÍNGUA INGLESA..................................................                                    7
2.1 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA E OS GÊNEROS
     TEXTUAIS......................................................................................................       7
2.2 CARTAS INFORMAIS: PROPOSTA DE ENSINO E APRENDIZAGEM DO
     INGLÊS...........................................................................................................    11
3 RELATO DA PESQUISA....................................................................................                  15
3.1 DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..........................                                                  15
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................                    24
REFERÊNCIAS......................................................................................................         28
ANEXOS.................................................................................................................   29
ANEXO A – QUESTIONÁRIOS..............................................................................                     30
ANEXO B – PRÉ-TESTE........................................................................................               49
ANEXO C – MODELOS DE EXERCÍCIOS.............................................................                              66
ANEXO D – MODELOS DE CARTAS E CARTÕES..............................................                                       74
ANEXO E – PRODUÇÃO DE CARTAS INFORMAIS.............................................                                       78
6




1 INTRODUÇÃO


     Os gêneros textuais, tipos relativamente estáveis de enunciados como afirma
Bakhtin (2000) e textos orais ou escritos materializados em situações recorrentes
como afirma Marcuschi (2003), são, em suma, as diversidades de textos orais e
escritos que fazem parte da vida cotidiana como: bate papo, conversa familiar, aula
expositiva, sermão, bula de remédio, carta informal, receita de bolo, reportagem do
jornal, romance, bilhete, resenha, e-mail, piada, carta comercial, editorial etc. A
língua inglesa, presente nos mais variados gêneros textuais do dia a dia brasileiro,
principalmente, através do advento da internet e da globalização tecnológica
constitui-se, cada vez mais, parte de estudos e pesquisas no que tange ao processo
de ensino, aprendizagem e aquisição lingüística. As cartas informais, foco desse
trabalho de pesquisa, são espécies de gêneros textuais que acompanham a vida
humana em toda a sua existência. Nesse trabalho, esse importante gênero de texto
se constituirá em uma proposta de ensino e aprendizagem do inglês como também
em uma ferramenta a ser usada para tornar o processo de ensinar e aprender em
uma atividade mais comunicativa e significativa, tanto para o professor como para o
aluno. A sala de aula é um dos poucos espaços que o estudante tem para estudo e
prática da língua inglesa, portanto, esse ambiente precisa sair da formalidade para
que, com práticas cotidianas, o aluno tenha mais segurança e progresso em seu
aprendizado, no processo de aquisição lingüística e cognitiva.
     Assim sendo, a presente pesquisa busca abordar questões relativas ao
processo de ensino e aprendizagem da língua inglesa, relacionando alguns estudos
teóricos, práticos e reflexivos no que tange aos gêneros textuais e, fundamentando-
se numa concepção interacionista de linguagem e aprendizagem, tendo Bakhtin
(2000) e Vygotsky (1988) entre outros, como principais expoentes de estudo. Há,
num primeiro momento, um relato histórico sobre ensino e aprendizagem de língua
inglesa; algumas concepções de gêneros textuais de escritores ligados ao grupo de
Bakhtin e aos PCNs; breve relato de estudo e prática dos gêneros textuais como
forma de aprender e ensinar; e, por fim, uma relação entre aprendizagem do inglês
7



e o conhecimento dos gêneros textuais. As cartas informais, então, constituem-se
como proposta de ser uma ferramenta e um gênero textual importante no processo
de ensino e aprendizagem de língua inglesa, pois leva o aluno a refletir sobre seu
conhecimento lingüístico e textual, procurando melhorá-lo cada vez mais. Num
segundo momento, o trabalho trata da pesquisa propriamente dita, tratando das
questões práticas em sala de aula. É relatado e discutido o processo de ensino e
aprendizagem do inglês através do estudo e da prática do gênero textual carta
informal. A escola, a turma, o ambiente, o nível de aprendizagem dos alunos, os
avanços, as trocas de experiências, a interação pessoal e intrapessoal, os sucessos
e insucessos. Tudo isso é trazido à tona para uma reflexão sobre a importância de
ensinar, aprender e adquirir língua inglesa através desse importante gênero textual
para a comunicação humana. A carta informal, apesar do avanço tecnológico e da
globalização que facilitam a comunicação através de outros meios como a internet,
telefone, fax e e-mail, ainda é um veículo atraente e romântico de comunicação e
uma ferramenta eficaz para aprendizagem. Por último, apresentam-se as
considerações finais e implicações para possíveis futuros trabalhos, pois,
determinadas discussões em torno de um assunto nunca se esgotam. Os gêneros
textuais constituem-se em um campo muito vasto de estudo e análise. E ainda há
muito por se descobrir. As cartas informais são como um grão de areia frente ao
oceano de gêneros textuais existentes nos enunciados orais e escritos da atividade
humana. O ato humano do falar, do escrever e do agir perpassa por um determinado
gênero textual que é construído num processo histórico e nas relações humanas.
Portanto, desvendar mistérios contidos em um determinado gênero textual como a
carta informal, por exemplo, é algo sempre inacabado.
8




2 GÊNEROS TEXTUAIS EM LÍNGUA INGLESA


2.1 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA E OS GÊNEROS
     TEXTUAIS


        A língua inglesa por muito tempo foi ensinada de forma clássica nas escolas
e, em algumas ocasiões, ainda é. Com o avanço dos estudos da linguagem,
principalmente no século passado, diversas abordagens, métodos e técnicas foram
aparecendo e se desenvolvendo. O behaviorismo, o cognitivismo e o sócio
interacionismo constituem, dentre as várias abordagens, as três principais
concepções de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras. Como citam o PCNs
de língua estrangeira (1998, v.2, p.55):


                     As concepções teóricas que têm orientado os processos de ensinar e
                     aprender Língua Estrangeira têm se pautado no desenvolvimento da
                     psicologia da aprendizagem e de teorias lingüísticas especificas, as quais,
                     influenciadas pela psicologia, explicitaram o fenômeno da aprendizagem
                     lingüística. Pode-se dizer que as percepções modernas da aprendizagem de
                     Língua Estrangeira foram, principalmente, influenciadas por três visões: a
                     behaviorista, a cognitivista e a sóciointeracional.



        Tanto as visões relacionadas ao behaviorismo quanto ao cognitivismo têm
seu grau de importância, mas é a partir das abordagens ligadas ao sócio
interacionimo, que o estudo dos gêneros textuais avançam como fator importante
para desenvolvimento de ensino e aprendizagem de línguas. Esses aspectos
ganharam consistência, principalmente, a partir dos estudos do círculo de Bakhtin
relacionados aos gêneros textuais e de Vygotsky na psicologia da linguagem.
Bakhtin é, praticamente, o precursor do estudo e da formulação teórica do texto
enquanto gênero; Vygotsky contrapondo a psicologia individualista, introduziu o
estudo da linguagem como fenômeno psicológico e histórico-social. Bakhtin e
Vigotsky, cada qual no seu campo de estudo contribuíram, desse modo, para a
construção de uma visão sociointeracinal no processo de ensino e aprendizagem da
9



linguagem. Ao conceber o gênero textual como formas relativamente estáveis
desenvolvidas nas mais diversas atividades humanas, Bakhtin contrapôs a divisão
clássica de Aristóteles que via o gênero apenas no campo literário, dividido em lírico,
dramático e satírico. Em Bakhtin (1953, 2000, p.279), está exposto:


                     A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos),
                     concretos e únicos, que emanam dos integrantes duma ou doutra esfera da
                     atividade humana. O enunciado reflete as condições especificas e as
                     finalidades de cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo
                     (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos
                     recursos da língua – recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais –, mas
                     também, e sobretudo, por sua construção composicional. Estes três
                     elementos (conteúdo temático, estilo e construção composicional) fundem-
                     se indissoluvelmente no todo do enunciado e todos eles são marcados pela
                     especificidade de esfera de comunicação. Qualquer enunciado considerado
                     isoladamente é, claro, individual, mas cada esfera de utilização da língua
                     elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que
                     denominamos gêneros do discurso.



        Bakhtin, desse modo, abriu caminho para uma infinidade de pesquisas
relacionadas aos gêneros textuais que vêm ganhando cada vez mais consistência
no estudo das mais diversas manifestações da linguagem, assim como no seu
processo do ensino e aprendizagem. Brandão (2002, p.17), relata que “para que se
operem transformações na relação ensino-aprendizagem, necessário se faz um
redimensionamento na forma de trabalhar a linguagem”. E mais adiante, ela relata
também que o texto não pode ser pretexto para exploração de formas gramaticais,
mas sim, deve ser visto na sua dimensão discursiva. Bronckart (2003, p.103)
argumenta que “a apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de
socialização, de inserção prática nas atividades comunicativas humanas”. Marcuschi
(2003, p.3) afirma que:


                     Gênero (textual, de texto, discursivo, do discurso) trata-se de textos orais ou
                     escritos materializados em situações comunicativas recorrentes. Os gêneros
                     textuais são os textos que encontramos em nossa vida diária com padrões
                     sócio-comunicativos característicos definidos por sua composição, objetivos,
                     enunciativos e estilo concretamente realizado por forças históricas, sociais,
                     institucionais e tecnológicas. Os gêneros constituem uma listagem aberta,
                     são entidades empíricas em situações comunicativas e se expressam em
                     designações tais como: sermão, carta comercial, carta pessoal, romance,
                     bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, notícia jornalística,
                     horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de
                     restaurante, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea,
                     conferência, e-mail, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por
                     diante. Como tal, os gêneros são formas textuais escritas ou orais bastante
                     estáveis, histórica e socialmente situadas.
10




       Essas proposições fazem do gênero textual uma ferramenta indispensável
no processo de ensino e aprendizagem de uma determinada língua, pois, como
aponta Marcuschi (citado por BEZERRA, 2002, p.22) “a comunicação verbal só é
possível por meio de um gênero textual”. Assim, sendo os gêneros textuais tipos
relativamente estáveis de enunciados historicamente construídos e reconstruídos,
como aponta a maioria dos estudiosos, o processo de ensinar e aprender uma nova
língua insere-se no conhecimento dos mais diversos gêneros textuais e suas
situações de uso. Como apontam os PCNs de língua estrangeira (1998, v.2, p.31):


                     O conhecimento sobre a organização de textos orais e escritos pode ser
                     chamado também de intertextual e é de natureza convencional. Deve-se
                     notar também que usuários de línguas diferentes podem organizar textos
                     escritos e orais de forma distinta. Por exemplo, mesmo em uma conversa
                     informal em inglês não se admitem tantas interrupções e fracionamento dos
                     tópicos quanto parecem ocorrer em uma conversa informal em português.
                     Da mesma forma, um texto escrito em inglês não permite tantas digressões
                     do tópico principal quanto um texto em português.



       O conhecimento textual, sistêmico e de mundo, segundo os PCNs (1998),
são pré- requisitos básicos para que o aprendiz de uma língua estrangeira transporte
esse conhecimento absorvido na língua materna para outra língua, obtendo com
isso mais sucesso em seu aprendizado. A língua inglesa, nesse sentido, tem um
certo privilégio em relação a outras línguas estrangeiras, por ser uma língua que
está inserida numa grande variedade de gêneros textuais que circulam no cotidiano
da maioria das pessoas, tanto no meio artístico e publicitário como nos mais
diversos meios profissionais e tecnológicos. A internet é uma prova disso. No
entanto, algumas pesquisas têm mostrado que muitos estudantes ao chegarem no
ensino superior, não conseguem distinguir as diferenças entre os vários gêneros
textuais, seja na língua materna ou numa língua estrangeira, como mostra Pinto
(citado por BEZERRA, 2002, p.47):


                     A maioria dos alunos de terceiro grau, além de ingressarem na universidade
                     com um escasso conhecimento prévio de sua área de estudo, não são
                     capazes de reconhecer os aspectos pertinentes à sintaxe e ao léxico da
                     própria língua ou mesmo de uma língua estrangeira. Isso faz com que tais
                     alunos apresentem sérios problemas de compreensão e de organização da
                     informação ao interagirem oralmente ou por escrito. Também não
                     conseguem distinguir os vários gêneros textuais e seus princípios
                     organizacionais, nem vocabulário de sua área de estudo.
11




       Naquela pesquisa, a autora coletou alguns gêneros textuais produzidos por
alunos do terceiro grau em língua inglesa como: cartas informais e formais, slogans
e cartões postais para uma análise em relação às facilidades e às dificuldades
apresentadas por esses alunos. Para tanto, ela tomou como base para análise o
conteúdo apresentado, o tipo de estrutura e as seqüências lingüísticas presentes em
tais textos. Essa divisão dimensional é proposta por Dolz e Schneuwly (citados por
BEZERRA, 2002) que concebem o gênero como mega instrumento para agir em
situações de linguagem. Feita a análise, Pinto constatou que os alunos conseguiram
bom desempenho em relação ao conteúdo e à estrutura com as cartas informais e
os cartões postais. Já as cartas formais apresentaram várias falhas em seu
conteúdo, estrutura e na seqüência lingüística. Os slogans apresentaram bom
desempenho no conteúdo, mas na estrutura e na seqüência lingüística apareceram
muitas deficiências. Em suas considerações, Pinto (citado por BEZERRA, 2002,
p.57) expõe que:


                    Embora o aprendizado dos gêneros esteja intimamente relacionado à
                    codificação do conhecimento na sociedade e aos modos de organizar e de
                    comunicar a informação numa situação determinada, tal aprendizagem
                    ocorre mais na escola, uma vez que é nesse ambiente que o aluno deve
                    aprender não só os gêneros como outras habilidades da fala e da escrita. O
                    enfoque nos gêneros deve ser mais enfatizado no final do ensino
                    fundamental e durante todo o ensino médio, a fim de que os alunos, a partir
                    da situação em que estiverem inseridos, aprendam a transmitir o conteúdo
                    numa estrutura adequada e de acordo com determinadas seqüências
                    lingüísticas.



       A escola, desse modo, é um dos principais caminhos para que o aluno
desenvolva seu conhecimento lingüístico e textual, principalmente, em se tratando
de uma segunda língua. Pinto (2002) em concordância com o PCNs de língua
estrangeira, aponta o final do ensino fundamental como momento mais propício paro
desenvolvimento desses conhecimentos. Mesmo que nesses conhecimentos
venham sendo trabalhadas outras etapas do ensino fundamental; contudo, é nos
anos finais desse período e durante o Ensino Médio que se deve aprofundar o
conhecimento lingüístico e as diferenças de usos dos mais variados gêneros
textuais. Assim, o estudo e a prática dessa variedade de textos ajudarão o aluno no
desenvolvimento de habilidades lingüísticas importantes como leitura e escrita
(writing and reading). No ensino e aprendizagem da língua inglesa, à medida que o
12



estudante vai interagindo com os diversos gêneros de textos e praticando alguns
como: short histories, informal and formal letters, post cards, short biography,
Record of personal informations and others, vai interacionando com o texto com si
mesmo e com o outro, além de estar desenvolvendo as habilidades de reading and
writing vai interacionando aos poucos, também, speaking and listening. Krashen
(1984), apesar de ser de um campo oposto dos estudiosos dos gêneros textuais
relacionados nesse trabalho, tem um grau importante de contribuição no que diz
respeito ao estudo do processo de ensino aprendizagem de segunda língua,
principalmente no que tange o processo do ensino e aprendizagem da escrita
(writing ability). Para Krashen (1984), leitura e escrita interdependem-se, porém, é
na prática constante da escrita que vai acontecendo o processo de aprendizagem
das estruturas lingüísticas e consciência desse aprendizado. Desse modo, mesmo
sendo da linha cognitivista, Krashen (1984) contribui com a concepção sócio-
interacionista, pois, quando o estudante entra em contato com os mais variados
gêneros textuais, interage consigo e com o outro aglutinando, assim, aspectos
importantes para o aprimoramento de seu conhecimento lingüístico e textual.
       O ensino e a aprendizagem do inglês por intermédio de gêneros textuais têm
a função de além de contribuir com os PCNs, como foi exposto, contribuir também
para que o aluno insira-se num mundo globalizado que, cada vez mais, diferentes
tipos de textos se apresentam. E como a tarefa principal da escola é o
desenvolvimento da leitura (reading) e da escrita (writing), reconhecer, ler e
interpretar e também escrever diferentes gêneros de textos no inglês são processos
de suma importância para que os alunos possam crescer em seus aprendizados e
no processo de aquisição da língua.


2.2 CARTAS INFORMAIS: PROPOSTA DE ENSINO E APRENDIZAGEM DO
     INGLÊS


       As cartas informais constituem uma espécie de gênero textual que
transcende o tempo, ultrapassando épocas e fronteiras. Nesse trabalho, o gênero de
texto será a ferramenta principal de estudo e também, constituir-se-á em uma
proposta importante para o ensino e aprendizagem da língua inglesa. Principalmente
no que tange ao processo de desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita
(reaging and writing), como no desenvolvimento cognitivo lingüístico e textual. Esse
13



gênero textual vem sendo desenvolvido e conduzido pelo processo humano desde
os tempos mais remotos da existência. Mesmo hoje, com todo advento da
informática e de toda tecnologia existente, esse importante meio de comunicação
não foi abandonado, mas aprimorado. É lógico que é muito mais fácil para as
pessoas e, principalmente para os alunos, nos dias de hoje, ao invés de escreverem
uma carta ao estilo tradicional, fazerem uso do telefone, fax, e-mails, mensagens de
celular e salas de bate papos. Pois, segundo alguns depoimentos, é muito mais
atrativo, cômodo e prático. Mas apesar disso, ou, por causa disso, o estudo e a
prática desse gênero sejam tão interessantes e importantes. Ainda mais em se
tratando de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira como o inglês que
requer muita dedicação, disciplina, estudo e prática constante, e de preferência em
situações reais de comunicação. Como aponta Pinto (citado por BEZERRA, 2002,
p.47):


                     Fala e escrita como formas de manifestação da linguagem só se
                     desenvolvem a partir de suas próprias realizações e do uso contínuo em
                     situações significativas. Deve-se estimular o desenvolvimento de ambas as
                     habilidades para que os interactantes possam expressar suas próprias
                     idéias, suas dúvidas, seus problemas, questionamentos, sentimentos e
                     inquietudes. Nesse processo gerativo de linguagem, a escrita tem muito em
                     comum com a fala, já que o processamento da linguagem é fundamental
                     para ambas, à medida que seus usuários constroem e reconstroem idéias,
                     adquirem e usam a informação de diversas fontes e aplicam o
                     conhecimento de como um texto é estruturado.



         As cartas informais constituem-se assim, num importante meio de ensino e
aprendizagem, já que o aluno consciente ou inconsciente está adquirindo ou
aprimorando diversas estruturas para uso cotidiano da língua. É possível perceber
que, em alguns casos, na atualidade, alguns estudantes não sabem diferenciar
remetente de destinatário, justamente porque não há mais a prática cotidiana da
carta informal do modo como havia antes do advento tecnológico. Alguns estudos
revelam o desconhecimento de processos lingüísticos e sistêmicos por parte do
aluno com relação aos gêneros textuais. E as cartas informais mostram também
essa defasagem. Nem sempre o aluno consegue escrever de forma clara, concisa e
bem estruturada um determinado gênero de texto. O trabalho com cartas informais
constitui parte de um processo importante, para que o aluno comece a reconhecer e
produzir textos, apresentando estruturas simples e também complexas de uma
língua. O ensino e a aprendizagem do inglês através de alguns gêneros textuais têm
14



procurado contribuir com o processo de aprendizagem e aquisição lingüística. Pinto
(citado por BEZERRA, 2002), relata alguns avanços e algumas implicações que o
estudo dos gêneros apresentam. Ela trabalhou com vários gêneros textuais em
língua inglesa, dentre os quais, as cartas informais e os cartões postais. Segundo
Pinto, esses gêneros foram os que mais se destacaram, devido os alunos já terem o
conhecimento empírico na língua materna, transportando esse conhecimento para a
língua inglesa. Ela ressalta que o domínio e o aprendizado dos gêneros textuais
devem acontecer através da prática social, e como a sala de aula é praticamente um
dos poucos espaços que o aluno tem para prática da língua inglesa, o professor
deve proporcionar momentos para que o ambiente escolar transforme-se em lugar
para essa prática social formal e informal de uso da língua. A comunicação, entre os
alunos, através de cartas informais pode ser um dos meios para o uso prático e
significativo da língua inglesa.
        O gênero textual carta informal, desse modo, é um importante instrumento a
ser usado pelo professor para que aluno esqueça o espaço formal e tenha seu
enfoque voltado à questão comunicativa e usual da língua, interagindo consigo e
com outro no aspecto da aprendizagem e da aquisição do inglês, já que a carta
informal é um gênero textual da forma escrita que tem bastante relação com os
aspectos da fala. Bakhtin, ao referir-se a gêneros primários e a gêneros secundários,
os primeiros mais simples como a linguagem de reuniões sociais e familiares, e os
segundos mais complexos como os textos literários e científicos, colocou a carta
informal como pertencente ao gênero primário, mas também presente nos gêneros
secundários, como no romance, por exemplo. Bakhtin (1953, 2000, p.281) afirma:


                      Os gêneros primários, ao se tornarem componentes dos gêneros
                      secundários, transformam-se dentro destes e adquirem uma característica
                      particular: perdem sua relação imediata com a realidade existente e como à
                      realidade dos enunciados alheios – por exemplo, inseridas no romance, a
                      réplica do diálogo cotidiano ou a carta, conservando sua forma e seu
                      significado cotidiano apenas no plano do conteúdo do romance, só se
                      integram à realidade existente através do romance considerado como um
                      todo, ou seja, do romance concebido como fenômeno da vida literário-
                      artística e não da vida cotidiana. O romance em seu todo é um enunciado,
                      da mesma forma que a réplica do dialogo cotidiano ou a carta pessoal (são
                      fenômenos da mesma natureza); o que diferencia o romance é ser um
                      enunciado secundário (complexo).



        A carta informal ou pessoal, como aponta Bakhtin (1953, 2000), é ao mesmo
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tempo um aspecto da fala que se constitui na escrita interagindo com outros textos,
passando de gênero primário para o secundário. O estudante de inglês, ao tomar
contato com o gênero carta informal, vai ativar seu conhecimento da língua materna,
transportando essa experiência para o aprendizado da segunda língua, interagindo
também, dessa maneira, entre uma situação cotidiana e uma situação nova. Aos
poucos, todo seu conhecimento de mundo e sua experiência lingüística acumulada
emergem para que seu conhecimento textual aflore e a comunicação num plano
significativo aconteça. Em contato com a escrita da carta informal, o aluno tende a
refletir sobre seu conhecimento, procurando ampliá-lo cada vez mais para que aquilo
que ele quer expressar seja entendido por ele e pelo outro.
        Desse modo, a proposta de ensino e aprendizagem do inglês através do
gênero carta informal visa ser parte de um processo de ensino-aprendizagem e
aquisição lingüística que ajude professor e aluno na sala de aula a tornarem as
atividades mais significativas e comunicativas, constituídas numa concepção
interacionista da linguagem. Como apontam o PCNs de língua estrangeira (1998,
p.57): “aprender é uma forma de estar no mundo social com alguém, em um
contexto histórico, cultural e institucional”. Sendo o gênero textual, um construto
histórico, como afirma Marcuschi (2003), ou tipos relativamente estáveis como
aponta Bakhtin (1953, 2000), a carta informal é um gênero textual que acompanha e
faz parte da atividade humana, como já foi dito, desde a Antigüidade. Tendo mais
importância em determinados momentos históricos e menos em outros. E apesar de
estarmos nesse segundo momento, a carta informal é ainda de grande valia para
comunicação entre as pessoas. No processo de ensino-aprendizado e aquisição da
língua inglesa, no qual se fundamenta essa proposta, professor e aluno descobrirão
quanto é gratificante para a atividade intelectual e para o processo cognitivo,
interagir e aprender com esse gênero de texto. Pois, apesar de toda a tecnologia, a
carta informal ainda constitui-se num elemento interessante e gratificante de ensinar,
aprender e de se comunicar significativamente.
16




3 RELATO DA PESQUISA


3.1 DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


       A presente pesquisa foi desenvolvida na Escola Básica Municipal Severo de
Andrade no Município de Canoinhas, durante um período de quatro meses: março,
abril, maio e junho de 2004, numa turma de oitava série composta de vinte alunos.
Esse trabalho teve por objetivo, verificar como acontece o processo de ensino e
aprendizagem de uma língua estrangeira, no caso, a língua Inglesa, através do
estudo e prática do gênero textual carta informal, visando assim, observar também o
progresso que o aluno faz em seu aprendizado de língua inglesa, quando em
contato com esse gênero textual. Para tanto, os seguintes passos foram seguidos:


          a) Desenvolvimento de uma parceria com a professora de Língua
              Portuguesa, no sentido de que ela trabalhasse em algumas aulas
              suas o gênero carta informal, objetivando o aprimoramento dos
              alunos nas questões estruturais e textuais que esse gênero exige;


          b) Conversa com os alunos e uma brincadeira através de um
              questionário (ANEXO A) sobre as atividades em inglês que eles
              gostam muito de aprender, gostam pouco ou não gostam, para dessa
              forma verificar em que posição mais apareceria o ponto de escrever
              cartas;


          c) Formulação de um pré-teste (ANEXO B) com as perguntas: 1) Você
              consegue fazer uma pequena carta em inglês a um amigo? ( ) sim
              ( ) não; 2) Se a resposta da questão 1 for sim, escreva uma carta em
              inglês a alguém que você goste. Se a resposta for não, escreva a
              carta em português;
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          d) Explanação, exercícios, uso de transparências (ANEXO C), modelos
               de cartas e cartões, post cards, informal e formal letters (ANEXO D),
               para o aprimoramento de algumas estruturas como: uso de would,
               could, should, some prepositions, past and future of the verbs, como
               também outras questões relativas à organização textual;


          e) Produção escrita das cartas informais (ANEXO E) e contato com
               outras escolas e professores da rede pública, Municipal e Estadual,
               para um trabalho conjunto, no sentido dos alunos estarem
               escrevendo um para o outro, trocando, desse modo, as cartas
               informais e suas experiências com a língua inglesa;


          f)   Análise dos resultados que se obteve com o estudo e a prática do
               gênero textual carta informal. Como aconteceu a experiência e qual
               foi o progresso que o aluno fez em seu processo de aprendizagem e
               aquisição da língua inglesa.


       Com relação ao item (a), a parceria com a professora de língua portuguesa
foi muito importante, pois, algumas questões básicas como, diferenciação entre
remetente e destinatário, o formato do gênero carta informal, a importância do
cuidado com a caligrafia e a questão estética, foram bem trabalhados nessa
disciplina. Além de que, a professora de língua portuguesa ajudou a ativar o
conhecimento de mundo de alguns alunos que já vivenciaram a escrita de cartas
informais, em algum momento de suas vidas. Já os alunos que nunca escreveram
uma carta informal tiveram, então, a experiência de pela primeira vez entrarem em
contado com esses gêneros textuais, que mesmo esquecidos nessa era tecnicista e
globalizada, são de suma importância para o desenvolvimento das relações
humanas. Desse modo, as aulas de inglês tiveram um importante suporte das aulas
de língua portuguesa. Como abordam os PCNs de língua estrangeira (1998, p.28):


                     Em linhas gerais, o que a aprendizagem de uma Língua Estrangeira vai
                     fazer é:
                     * aumentar o conhecimento sobre linguagem que o aluno construiu sobre
                     sua língua materna, por meio de comparações com a língua estrangeira em
                     vários níveis;
                     * possibilitar que o aluno, ao se envolver nos processos de construir
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                     significados nessa língua, se constitua em um ser discursivo no uso de uma
                     língua estrangeira.
        Esse trabalho conjunto ajudou bastante os alunos na hora da produção
escrita das cartas, pois, à medida que foram refletindo suas experiências na língua
materna o transporte automático dessas experiências para a língua inglesa deu-se
naturalmente. Dessa maneira, eles foram percebendo que não era tão difícil
escrever uma carta informal em inglês, mesmo que algumas estruturas não foram
seguidas corretamente como o adjetivo antes do substantivo; a construção de
significados e o entendimento da mensagem pelo colega foram alcançados
relativamente bem. Outro ponto importante foi que, sendo uma turma de oitava série,
a experiência vivida nesses oito anos de estudo de língua portuguesa e quatro de
língua inglesa, contribuíram muito para um bom desenvolvimento do trabalho. Um
dado interessante foi que, esses alunos nunca estudaram em escolas particulares
de idiomas, ou seja, todos sempre estudaram em escolas públicas, e muitos estão
juntos desde a quinta série. Assim, mesmo que não estejam num estágio tão bom do
inglês, alguns alunos se superaram e foram bem em suas produções.
        O item (b) foi desenvolvido de maneira muito descontraída e prazerosa. Num
primeiro momento iniciou-se uma conversa com os alunos, objetivando reforçar a
importância da língua inglesa nos dias de hoje e a comunicação entre as pessoas.
Surgiram, então, vários comentários pelos alunos. Num segundo momento, foi
distribuído um questionário (ANEXO A), para que eles colocassem um tick nas
atividades que eles mais gostavam de fazer e aprender, um tick nas atividades que
eles mais ou menos gostavam e um outro tick nas atividades que eles não
gostavam. Entre as várias questões apresentadas como: making lists of vocabulary,
playing games, asking questions, doing exercises, listening songs, doing a quis,
watching vídeos; o principal objetivo com essa atividade era o de observar em que
posição eles mais colocariam a questão writing a letter. Dezoito alunos realizaram
essa atividade, os outros dois estavam dispensados para os jogos escolares.
Desses dezoito, dois colocaram que não gostavam de realizar atividade com a
escrita de carta, dez apontaram que gostavam mais ou menos e seis que gostavam
muito. Esses dados foram interessantes porque ajudaram nos procedimentos dos
outros passos da pesquisa. E um outro ponto que é importante destacar é o de que,
um dos alunos que colocou que não gostava de realizar atividade de writing letter, foi
um dos que mais se sobre saiu nas produções em que envolveram trocas de cartas
com alunos de outros colégios. O outro aluno que citou também que não gostava de
19



realizar tal atividade, juntamente com os dois alunos que não estavam presentes, no
desenvolver do trabalho acabaram entrando no ritmo da turma produzindo, dessa
forma, boas cartas e interagindo tranqüilamente com os colegas da classe e das
outras escolas. Como se tratava de uma turma pequena, não se teve muito
problema com questões disciplinares, apenas com quatro alunos era preciso uma
vez ou outra chamar a atenção ou proporcionar um cuidado mais especial.
       Ao proceder com o item (c), pré-teste (ANEXO B), tomou-se o cuidado de
não inibir o aluno em expor o que ele estava sentindo realmente em relação ao
desenvolvimento da produção escrita de um esboço de uma carta informal em
inglês, apesar de alguns fatos interessantes como um em que, alguns alunos ao
serem questionados se gostariam de escrever uma carta informal, responderam que
na era do computador, não gostariam; mas logo após algumas reflexões, percebiam
que a maioria deles não tinha computador, assim como na escola também não
havia; então, a carta informal voltava a ser um instrumento de comunicação atual
novamente. O pré-teste, também, foi deixado livre para quem quisesse responder,
contendo apenas duas perguntas sendo essas, uma questão objetiva e outra
dissertativa. Na primeira questão foi perguntado para o aluno se ele conseguiria
fazer uma pequena carta em inglês a um amigo. A resposta deveria ser assinalada
( ) sim ou ( ) não. A segunda questão partiu-se do pressuposto que se o aluno
respondesse a primeira questão sim, logicamente, escreveria a carta em inglês, e se
respondesse não, teria a oportunidade de escrever em português, posto que foi
dada essa alternativa na referida questão. Desse modo, dos vinte alunos presentes,
apenas quatro não fizeram o pré-teste, ou seja, 2% (dois por cento) da turma. Os
outros dezesseis foram muito simpáticos à idéia e ainda já apontaram a sugestão de
trocarem cartas com outras classes da escola, e de também se comunicarem com
outros alunos de outros colégios. Idéia essa que veio ao encontro de alguns pontos
da pesquisa. Desses dezesseis alunos, dez respondeu sim na primeira questão;
escrevendo na subseqüência, a carta em inglês na segunda questão. Da mesma
forma os seis alunos que na primeira questão colocaram não, escreveram na
segunda questão a carta em português. Os quatro alunos que, livremente, não
participaram desse pré-teste acabaram gostando, mais tarde, da idéia da
comunicação via carta informal com outras escolas, aderindo assim ao projeto que
estava sendo desenvolvido para que a turma pudesse nas aulas de inglês e em
algumas horas vagas escreverem as cartas para outras escolas. Esse pré-teste
20



mostrou inicialmente a insegurança que alguns alunos demonstram na hora de
praticar a escrita em língua inglesa, não acreditando muitas vezes em seu potencial.
Mas esses corajosos apontaram o caminho de que é possível, mesmo com todas as
dificuldades, escrever uma pequena mensagem em inglês. O interessante
aconteceu quando eles começaram a se surpreender consigo mesmos. Isto é, à
medida que escreviam, verificavam que muitas coisas aprendidas e armazenadas na
memória desabrochavam e rapidamente eram transportadas para o papel. Mesmo
que, com um inglês abrasileirado da espécie de I like of write letters, eles tinham a
certeza que a comunicação estava acontecendo. Apesar de deixar livre o uso do
dicionário aos alunos que se propuseram a escrever a carta em inglês, percebeu-se
a seriedade que eles tiveram com a questão, esforçando se ao máximo para não
fazerem uso do dicionário. Os alunos que escreveram o pré-teste em português, no
final da aula, ao observarem os colegas, explanaram a seguinte frase “Se eu
soubesse que era assim tão fácil, teria feito em inglês”. O pré-teste apontou também
para a importância de se trabalhar em algumas aulas o uso de algumas estruturas
do inglês como as prepositions, o futuro do pretérito como, would, could e should,
alem da questão da diferença dos tempos verbais em inglês, simple past and future.
E o mais importante foi que nas próximas aulas todos estavam ansiosos para
começarem a escrever as cartas aos alunos de outras escolas. Estavam ansiosos
também para obterem as respostas dessas cartas o mais breve possível.
       O item (d) teve seu desenvolvimento, tanto nas aulas normais como
naquelas aulas escolhidas especificamente para a escrita das cartas. Como a turma
tem três aulas semanais, sendo duas aulas juntas, algumas dessas aulas foram
escolhidas para escrever as cartas. Antes do início da produção dessas
correspondências, procurou-se sanar as dificuldades aparecidas no pré-teste e nos
rascunhos das cartas, pre-writing informal letter. Com relação ao pré-teste, algumas
dificuldades como a falta de segurança, a motivação e o uso do dicionário, foram
sendo sanadas naturalmente. Outras dificuldades como as de cunho gramatical,
lingüístico e textual, foram trabalhadas através de inúmeros exercícios, explanações
pelo professor, transparências (ANEXO C), modelos de gêneros textuais como
alguns post cards, informal e formal letters (ANEXO D); como também outros
modelos de gêneros textuais que ajudaram no desenvolvimento das cartas. Um
dado importante nesse processo foi o envolvimento dos alunos e a organização que
muitos apresentaram. Também a solidariedade que partiu de alguns alunos através
21



da ajuda mútua, tanto na produção do rascunho como na produção das cartas para
os outros colégios foi muito importante. Esse ponto ajudou a facilitar o trabalho.
Mesmo os alunos que se sentiam mais inferiores em relação ao conhecimento
lingüístico, pouco a pouco entraram no ritmo da sala, sentindo-se parte de um
processo historicamente construído com ajuda de todos. Nas explanações teóricas
sobre o uso de uma determina estrutura, todos ficavam atentos, e as perguntas não
mais submersas, emergiam para o entendimento e solução das dificuldades
encontradas em seus escritos. Os exercícios estruturais foram feitos com muita
responsabilidade pelos alunos, as transparências ajudaram no entendimento de
estruturas um pouco mais complexas, e os modelos de gêneros textuais;
principalmente as cartas, os bilhetes e os cartões postais, eram analisados por
grande parte deles minuciosamente. Mas apesar de toda a interação humana,
lingüístico-textual,   intrapessoal   e   extrapessoal;   alguns   alunos   continuaram
apresentando muitas dificuldades na hora de escrever as cartas como também
quando precisavam entender a mensagem de seu colega. Porém, essa experiência
mostrou a esses alunos o quanto são importantes o estudo, a dedicação e o espírito
curioso e pesquisador para o aprendizado e aquisição de uma língua estrangeira.
        No item (e), após exercícios com post cards e writing informal letter entre a
turma, foi desenvolvida a produção das cartas (ANEXO E) para o envio a outras
escolas, bem como também o contato com outros professores, diretores para que tal
idéia fosse efetuada. Duas Escolas da Rede Estadual e duas Escolas da Rede
Municipal foram escolhidas para a troca das correspondências. Com as Escolas
Estaduais foram escolhidas as 1.ª séries do 2.º grau, e com as Escolas Municipais
as 8.ª séries. As primeiras correspondências aconteceram com alguns problemas
como a ansiedade, falta de disciplina e pontualidade na entrega das cartas por parte
de alguns alunos. Mas a partir da segunda remessa a situação se normalizou, ou
seja, já não havia tanta ansiedade nas produções de cartas, fossem as mensagens
para envio ou a escrita de respostas, aconteciam naturalmente. A troca de cartas
acontecia uma vez por semana e quando alguém ficava sem receber uma resposta,
não desanimava e novamente escrevia outra carta. Essa experiência de troca de
cartas foi muito importante para a turma, motivando a todos escreverem. Cada carta
recebida era sinal de que a comunicação estava acontecendo e a mensagem estava
sendo entendida. Então, rapidamente, procuravam ler e entender a mensagem
recebida, para novamente respondê-la. A língua inglesa, desse modo, foi sendo
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usada num processo mais significativo e de real comunicação, pelos alunos,
acontecendo uma prática de uso da língua mais concreto.
        O item (f), é constituído por uma análise dos resultados obtidos com o
estudo e a prática do gênero textual carta informal. Observou-se ao longo do
trabalho que o estudo e a prática de gêneros de textos como as cartas informais
ajudam e muito o aluno, tanto no seu processo de aprendizagem como em sua
aquisição lingüística. Em contato com esse texto, o aluno aciona seu conhecimento
de mundo e esquece que está em uma sala de aula, concentrando todo seu
potencial no entendimento e produção da mensagem. As habilidades de leitura e
escrita desenvolvem-se mais eficazmente, o conhecimento sistêmico das estruturas
da língua inglesa vão se solidificando e o conhecimento textual, pouco a pouco, vai
se desenvolvendo. As expressões idiomáticas como “How do you do?, How old are
you?” e o uso de auxiliares como “do, does, would, will”, constituem-se em aspectos
mais significativos e concretos. O aprimoramento de estruturas gramaticais e a
ampliação de vocabulários que os alunos adquirem, acontecem naturalmente. As
diferenças de tempos verbais, aos poucos, vão sendo absorvidas e entendidas por
eles. Desse modo, o progresso que o aluno faz em seu aprendizado, através da
prática da carta informal, é muito mais eficaz que os vários exercícios gramaticais
mecânicos que muitas vezes são aplicados no ensino de língua inglesa.
        Em   seus    primeiros   escritos    das    cartas    informais,    alguns    alunos
transportavam a língua portuguesa para o inglês, ou seja, algumas frases como “I
have twelve years” ao invés de “I am twelve years old” apareciam automaticamente.
Mas através de explanações teóricas, exercícios, estudo de vários modelos cartas, e
principalmente, pela prática social das cartas informais, constantemente, além da
interação e solidariedade presentes nas aulas, as dificuldades com tais expressões
lingüísticas iam sendo sanadas. Essa cooperação mútua ligada à disciplina e à
vontade de aprender, contribuíram para o progresso do aprendizado de cada um
deles, como também para a realização dessa pesquisa. A interação entre os alunos,
entre os alunos e o professor e entre o aluno e as habilidades de leitura e escrita do
gênero textual carta informal, constituiu-se em um instrumento eficaz para o ensino e
a aprendizagem. Como demonstram os PCNs de língua estrangeira (1998, p.57):


                     A aprendizagem é de natureza sociointeracional, pois aprender é uma forma
                     de estar no mundo social com alguém, em um contexto histórico, cultural e
                     institucional. Assim, os processos cognitivos são gerados por meio da
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                     interação entre um participante de uma prática social, que é um parceiro
                     mais     competente,   para    resolver  tarefas   de    construção   de
                     significados/conhecimento com as quais esses participantes se deparem. O
                     participante mais competente pode ser entendido como um parceiro adulto
                     em relação a um aluno ou um aluno em relação a um colega da turma. Na
                     aprendizagem de Língua Estrangeira, os enunciados do parceiro mais
                     competente ajudam a construção do significado, e, portanto, auxiliam a
                     própria aprendizagem do uso da língua.



        Assim, sendo a aprendizagem de natureza sociointeracional como apontam
os PCNs, os resultados obtidos que esse trabalho de pesquisa alcançou, através do
estudo e prática do gênero textual carta informal, em síntese, foram: a) superação,
por parte de alguns alunos, do medo de escrever em uma outra língua e motivação
através da proposta de trabalho com as cartas informais; b) desenvolvimento de
aprendizado e aquisição da língua inglesa por meio de práticas realmente
significativas para o aluno, através de uso concreto da língua; c) aprimoramento
intrapessoal e extrapessoal das habilidades de leitura e escrita; d) reconhecimento
pelo aluno da função social que cada gênero textual tem em determinadas
sociedades e contextos históricos; e) aprendizagem de estruturas do inglês como o
uso de auxiliares (do, does, did, will, would, should, and could), tempos verbais (past
and future), preposições (of, in, on, by, from),          uso de algumas expressões
idiomáticas (get up, by the way, how old are you?, how do you do?) e, também,
aprimoramento e ampliação de vocabulário.
        Mostrar que o processo de ensino e aprendizagem da língua inglesa através
de estudos e práticas significativas por meio de gêneros textuais como as cartas
informais, ajudam no progresso da aprendizagem e da aquisição lingüística do
aluno, constituiu, em suma, no resultado mais importante da presente pesquisa.
Pois, ao entrar em contato com a produção escrita de um determinado gênero
textual como a carta informal, pelo que se pode observar, o aluno faz uma reflexão
automática sobre seus conhecimentos, aprende a lidar com suas limitações e
procura superá-las. Só o fato de saber que alguém quer entender o que ele está
dizendo na carta, e de saber que precisa ampliar seus conhecimentos para
entender, também, a mensagem do outro, faz do processo de ensino e de
aprendizagem da língua inglesa, um jogo atrativo e emocionante. Então, até
esquece do quanto é árduo aprender ou adquirir uma nova língua, pois a gratificação
de saber que está se comunicando com uma outra pessoa nessa nova linguagem é
mais importante. Os alunos, em estudo, desse modo, construíram um momento
24



muito rico de ensino e aprendizagem. Estruturas equivocadas foram sendo
superadas, como já foi exposto, através de estudos, exercícios e pela própria escrita
das cartas. Aqueles que estavam em um processo mais avançado do inglês
ajudaram com muito prazer os que careciam de mais conhecimentos lingüísticos. O
gênero textual carta informal serviu de base para estudos de estruturas lingüísticas
um pouco mais complexas, as quais eles estavam pouco habituados. Assim, as
cartas informais provaram, através desse trabalho de pesquisa, que são gêneros
textuais e instrumentos muito interessantes e importantes para o processo de ensino
e aprendizagem de línguas. A prática comunicativa, significativa e social em que as
cartas informais estão inseridas, acompanhando a história da humanidade em todos
os seus contextos, fazem delas, gêneros especiais presentes nos enunciados da
atividade humana, tanto em gêneros primários, como em gêneros secundários,
como afirma Bakhtin (2000); ou seja, mesmo na era da revolução tecnológica, a
carta informal continua, ainda, presente, constituindo uma minúscula parte do ato
comunicativo, mas que, mesmo assim, exerce uma determinada função social na
prática cotidiana de uma determinada linguagem humana.
25




4 CONSIDERAÇÕES FINAIS




       A comunicação humana constitui-se em determinados gêneros textuais,
construídos e reconstruídos através dos tempos. A escolha das formas do falar, do
agir e do escrever passa pela escolha de um gênero adequado aos propósitos de
cada momento e situação comunicativa de uso de uma determinada linguagem.
Essas afirmações presentes nesse trabalho, tiradas a partir do estudo bakhtiniano
de linguagem, fazem das cartas informais, espécies de gêneros textuais que têm,
como outros importantes textos, grande função social, ou seja, promover não só a
comunicação entre os interlocutores, mas também a troca de experiências, os laços
de amizade e sobretudo, o avanço no processo cognitivo do ensinar, aprender,
adquirir, refletir e explorar uma língua, uma mensagem. Se na língua materna isso é
gratificante, quanto mais numa segunda língua. A língua inglesa, estudada e
exercitada pelos alunos da escola pública, nem sempre tem a chance de se mostrar
bela e realmente significativa para esses estudantes. Pois, por inúmeros motivos
insiste-se nas velhas abordagens metodológicas tecnicistas que cansam aluno e
professor, gerando um certo repúdio a esse aprendizado para ambas as partes. Não
que estudar, ensinar e aprender deva ser prazeroso, pois é sabido que todo o
processo de busca de conhecimento é árduo. Exige-se disciplina, concentração,
atenção, exercício, estudo e muitas outras coisas. Mas um pouco de realização e
gratificação naquilo que se está fazendo, sempre é bom e importante.
       O propósito com que se constituiu esse trabalho de pesquisa foi no sentido de
mostrar que o ensino e a aprendizagem de língua inglesa constitui-se mais eficaz, e
mais     prazerosamente,   quando    é   construído   através   de   práticas   sociais
comunicativas e significativas como exemplo, por meio de gêneros textuais cartas
informais que foi o foco de estudo dessa pesquisa. O estudo e a prática de gêneros
como cartas informais ajudam a melhorar o processo de ensino e aprendizagem de
língua inglesa e também de aquisição lingüística, pois, à medida que o aluno entra
em contato com essa espécie de gênero textual, a língua tem mais sentido para ele,
tornando-se mais viva e mais dinâmica, exercendo a sua função social principal que
26



é o ato da comunicação. As cartas informais, desse modo, constituem-se em uma
ferramenta muito interessante nesse processo de ensino e aprendizagem. Esse
meio de comunicação tão antigo, considerado por muitos como ultrapassado,
mostrou através dessa pesquisa, ser muito atual, até para alguns alunos que, como
apontado no relato, ao serem perguntados se gostariam de escrever uma carta
informal e respondendo que na era do computador, não, mas que depois de alguns
minutos, refletindo sobre a questão, percebiam que a maioria deles não tinha
computador, assim também, como na escola não havia esse aparelho tecnológico
que é um dos principais responsáveis pela comunicação humana nos dias atuais,
então, a carta informal começava a causar mais curiosidade e despertar mais
interesse. Alguns alunos, ainda um tanto quanto inseguros, aos poucos se soltavam
e, entrando em interação intrapessoal da escrita, leitura e ativação de
conhecimentos armazenados, logo percebiam que era possível a produção de uma
carta e, também, haver a comunicação em língua inglesa, por minúscula que fosse.
Quando acontece a comunicação, essa língua tão estranha torna-se mais familiar.
Destinatário e receptor interagem num processo de trocas de experiências e
aquisição de conhecimentos. O inglês, então, passa a ser uma língua mais viva,
mais próxima, menos morta e menos distante. E isso gera interesse, aprendizado e
construção de conhecimentos, num ambiente menos formal e mais produtivo,
gerando situações verdadeiramente comunicativas e significativas.
    O estudo teórico presente nesse trabalho de pesquisa teve seu fundamento,
principalmente nas concepções sócio interacionistas da linguagem e da psicologia
da educação, referentes ao processo de ensino e aprendizagem de línguas e aos
gêneros textuais. Partiu-se de pressupostos do circulo de Bakhtin e de Vygotsky,
além de visões de vários autores que comungam das concepções bakhtinianas. Há
muito ainda o que avançar no estudo dos gêneros textuais, pois, estes são um
campo vasto e infinito de pesquisa, principalmente no que tange a segunda língua,
ou seja, o inglês. A aplicação prática da pesquisa, com a turma em estudo,
aconteceu de forma muito tranqüila. Explanada a proposta de trabalho com as cartas
informais, houve um bom interesse por parte da maioria dos alunos, maior interação
entre eles e o professor e um aprimoramento e ampliação significativos no
aprendizado e aquisição da linguagem. Além de ativar o conhecimento de mundo
que aluno tem em língua materna, transportando esse conhecimento para a prática
da língua inglesa, a escrita, leitura e entendimento das mensagens presentes nas
27



cartas pessoais levou a maioria deles a uma reflexão maior e melhor sobre seu
processo cognitivo. As turmas de inglês, em geral, são heterogêneas, contendo
alguns alunos em um estágio mais avançado de aprendizado do inglês e outros,
ainda, com uma pequena base. Na turma em estudo, não foi diferente, mas, mesmo
assim, foi possível o desenvolvimento de um trabalho relativamente bom. Os
resultados obtidos com essa pesquisa, nos quatro meses de trabalho (março, abril,
maio e junho de 2004) com os gêneros textuais cartas informais, foram
extremamente importantes, aconteceram avanços no aprendizado e na aquisição
lingüística do inglês, por grande parte dos alunos em estudo. Conforme exposições
no relato da presente pesquisa, houve a superação dos alunos em suas limitações
como o medo e a falta de motivação para a escrita; o desenvolvimento do
aprendizado e aquisição da língua por meio de práticas realmente significativas,
como a prática das cartas; e, o aprendizado de estruturas do inglês, tempos verbais,
preposições, expressões idiomáticas e o aprimoramento de vocabulários. Através
desses progressos feitos por meio do estudo e da prática comunicativa das cartas
informais, os alunos passaram a sentir mais confiança e vontade de aprender o
inglês. O fato de o aluno entrar em contato com o gênero carta informal, romper
com o medo e com velhas formas de aprender, motivar-se, ativar seus
conhecimentos empíricos, refletir sobre seu processo de saber e transformar o ato
de ler e escrever em comunicação e entendimento constitui, em suma, uma
experiência gratificante para esse trabalho de pesquisa. A superação de limitações e
quebras de paradigmas é uma forma de crescer no conhecimento. A esse ponto,
cada pesquisador e ou estudioso das mais variadas esferas do conhecimento,
precisa estar aberto para que o novo aconteça.
     Assim sendo, o presente trabalho de pesquisa refletiu e buscou entender um
pouco mais desse processo tão curioso de ensinar e promover aprendizado de
língua inglesa, tendo como base para estudo e prática os gêneros textuais cartas
informais, mostrando que, quando o aluno sai de um ambiente formal como é a sala
de aula, e faz usos mais concretos da língua, o aprendizado e a aquisição de
estruturas importantes da língua em estudo acontecem mais significativamente. As
noções de gêneros textuais e os aspectos relacionados ao processo de ensino e
aprendizagem, presentes nos fundamentos teóricos desse trabalho, foram em suma
de grande valia para aplicação prática dessa pesquisa. A união teórica a prática
embasada em muita reflexão e transformação são pontos essenciais para trabalhos
28



que visem buscar bons resultados. No entanto, é interessante ressaltar que um
assunto pesquisado ou apenas discutido nunca se esgota, principalmente, se
relacionado aos gêneros textuais. Há sempre coisas por se descobrir, acrescentar,
diminuir e aprimorar. Portanto, algumas implicações que ficam são, em suma, a
importância de estudo de novas abordagens teóricas e práticas relacionadas ao
ensino e aprendizagem de línguas a partir da visão dos atos orais e escritos
constituídos por determinados gêneros textuais. Especificamente, com relação ao
ensino e aprendizagem de língua inglesa, como segunda linguagem, que constitui
um ponto importante para pesquisas com determinadas espécies de gêneros
textuais. O ensino e aprendizagem de língua inglesa por meio de gêneros textuais
como as cartas informais, foco dessa pesquisa, é um estudo ao mesmo tempo atual
e ao mesmo tempo antigo. Atual porque, muito se tem dito a respeito de gêneros
textuais e ensino, seja em língua materna ou estrangeira. Antigo porque, a
velocidade da informação que constitui os dias atuais, obriga a reformulação
permanente de qualquer concepção posta. Mesmo que não se perca a essência, é
preciso descobrir novos caminhos. Assim sendo, o presente trabalho de pesquisa
procurou, também, em meio a todas as proposições expostas, ser um referencial
que ajude na construção e descoberta de novas abordagens relacionadas ao ensino
e aprendizagem de língua inglesa por meio de gêneros textuais.
29




                                REFERÊNCIAS



BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

BEZERRA, M. A., et al. (Orgs.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2002.

BRANDÃO, H. N. (Coord.) Gêneros do discurso na escola. 3.ed. São Paulo:
Cortez, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação.
Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1997.


_____. Parâmetros curriculares nacionais: língua estrangeira. Brasília: MEC/SEF,
1997.

BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um
interacionismo sócio-discursivo. São Paulo: EDUC, 2003.

KRASHEN, S. Writing research, theory and applications. Oxford: Pergamon
Press, 1984.

MARCUSCHI, L. A. A questão do suporte dos gêneros textuais. UFPE/CNPq,
2003. mimeo.

VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

_____. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone/USP,
1988.
30




ANEXOS
31




   ANEXO A
QUESTIONÁRIOS
32




ANEXO B
PRÉ-TESTE
33




      ANEXO C
MODELOS DE EXERCÍCIOS
34




         ANEXO D
MODELOS DE CARTAS E CARTÕES
35




          ANEXO E
PRODUÇÃO DE CARTAS INFORMAIS

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  • 1. FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS COORDENAÇÃO DE EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO ADÃO LOURENÇO GÊNEROS TEXTUAIS: ENSINO E APRENDIZAGEM DE INGLÊS VIA CARTAS INFORMAIS UNIÃO DA VITÓRIA 2004
  • 2. 2 ADÃO LOURENÇO GÊNEROS TEXTUAIS ENSINO E APRENDIZAGEM DE INGLÊS VIA CARTAS INFORMAIS Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de Especialista em Língua Inglesa, da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória. Orientador: Prof. Ms. Acir Mário Karwoski. UNIÃO DA VITÓRIA 2004
  • 3. 3 AGRADECIMENTOS À Deus, à minha esposa, aos meus pais, meus professores e a meus amigos. À Deus porque é minha fonte de vida e inspiração; À minha esposa e meus pais, pela segurança, carinho e amor; Aos meus professores, em especial ao meu orientador, pelo carinho e compreensão; Aos meus amigos pela sabedoria e humanidade.
  • 4. 4 Apostar que o mundo pode se constituir em algo profundamente novo e melhor é acreditar que viver sempre vale a pena.
  • 5. 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 5 2 GÊNEROS TEXTUAIS EM LÍNGUA INGLESA.................................................. 7 2.1 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA E OS GÊNEROS TEXTUAIS...................................................................................................... 7 2.2 CARTAS INFORMAIS: PROPOSTA DE ENSINO E APRENDIZAGEM DO INGLÊS........................................................................................................... 11 3 RELATO DA PESQUISA.................................................................................... 15 3.1 DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.......................... 15 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 24 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 28 ANEXOS................................................................................................................. 29 ANEXO A – QUESTIONÁRIOS.............................................................................. 30 ANEXO B – PRÉ-TESTE........................................................................................ 49 ANEXO C – MODELOS DE EXERCÍCIOS............................................................. 66 ANEXO D – MODELOS DE CARTAS E CARTÕES.............................................. 74 ANEXO E – PRODUÇÃO DE CARTAS INFORMAIS............................................. 78
  • 6. 6 1 INTRODUÇÃO Os gêneros textuais, tipos relativamente estáveis de enunciados como afirma Bakhtin (2000) e textos orais ou escritos materializados em situações recorrentes como afirma Marcuschi (2003), são, em suma, as diversidades de textos orais e escritos que fazem parte da vida cotidiana como: bate papo, conversa familiar, aula expositiva, sermão, bula de remédio, carta informal, receita de bolo, reportagem do jornal, romance, bilhete, resenha, e-mail, piada, carta comercial, editorial etc. A língua inglesa, presente nos mais variados gêneros textuais do dia a dia brasileiro, principalmente, através do advento da internet e da globalização tecnológica constitui-se, cada vez mais, parte de estudos e pesquisas no que tange ao processo de ensino, aprendizagem e aquisição lingüística. As cartas informais, foco desse trabalho de pesquisa, são espécies de gêneros textuais que acompanham a vida humana em toda a sua existência. Nesse trabalho, esse importante gênero de texto se constituirá em uma proposta de ensino e aprendizagem do inglês como também em uma ferramenta a ser usada para tornar o processo de ensinar e aprender em uma atividade mais comunicativa e significativa, tanto para o professor como para o aluno. A sala de aula é um dos poucos espaços que o estudante tem para estudo e prática da língua inglesa, portanto, esse ambiente precisa sair da formalidade para que, com práticas cotidianas, o aluno tenha mais segurança e progresso em seu aprendizado, no processo de aquisição lingüística e cognitiva. Assim sendo, a presente pesquisa busca abordar questões relativas ao processo de ensino e aprendizagem da língua inglesa, relacionando alguns estudos teóricos, práticos e reflexivos no que tange aos gêneros textuais e, fundamentando- se numa concepção interacionista de linguagem e aprendizagem, tendo Bakhtin (2000) e Vygotsky (1988) entre outros, como principais expoentes de estudo. Há, num primeiro momento, um relato histórico sobre ensino e aprendizagem de língua inglesa; algumas concepções de gêneros textuais de escritores ligados ao grupo de Bakhtin e aos PCNs; breve relato de estudo e prática dos gêneros textuais como forma de aprender e ensinar; e, por fim, uma relação entre aprendizagem do inglês
  • 7. 7 e o conhecimento dos gêneros textuais. As cartas informais, então, constituem-se como proposta de ser uma ferramenta e um gênero textual importante no processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa, pois leva o aluno a refletir sobre seu conhecimento lingüístico e textual, procurando melhorá-lo cada vez mais. Num segundo momento, o trabalho trata da pesquisa propriamente dita, tratando das questões práticas em sala de aula. É relatado e discutido o processo de ensino e aprendizagem do inglês através do estudo e da prática do gênero textual carta informal. A escola, a turma, o ambiente, o nível de aprendizagem dos alunos, os avanços, as trocas de experiências, a interação pessoal e intrapessoal, os sucessos e insucessos. Tudo isso é trazido à tona para uma reflexão sobre a importância de ensinar, aprender e adquirir língua inglesa através desse importante gênero textual para a comunicação humana. A carta informal, apesar do avanço tecnológico e da globalização que facilitam a comunicação através de outros meios como a internet, telefone, fax e e-mail, ainda é um veículo atraente e romântico de comunicação e uma ferramenta eficaz para aprendizagem. Por último, apresentam-se as considerações finais e implicações para possíveis futuros trabalhos, pois, determinadas discussões em torno de um assunto nunca se esgotam. Os gêneros textuais constituem-se em um campo muito vasto de estudo e análise. E ainda há muito por se descobrir. As cartas informais são como um grão de areia frente ao oceano de gêneros textuais existentes nos enunciados orais e escritos da atividade humana. O ato humano do falar, do escrever e do agir perpassa por um determinado gênero textual que é construído num processo histórico e nas relações humanas. Portanto, desvendar mistérios contidos em um determinado gênero textual como a carta informal, por exemplo, é algo sempre inacabado.
  • 8. 8 2 GÊNEROS TEXTUAIS EM LÍNGUA INGLESA 2.1 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA E OS GÊNEROS TEXTUAIS A língua inglesa por muito tempo foi ensinada de forma clássica nas escolas e, em algumas ocasiões, ainda é. Com o avanço dos estudos da linguagem, principalmente no século passado, diversas abordagens, métodos e técnicas foram aparecendo e se desenvolvendo. O behaviorismo, o cognitivismo e o sócio interacionismo constituem, dentre as várias abordagens, as três principais concepções de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras. Como citam o PCNs de língua estrangeira (1998, v.2, p.55): As concepções teóricas que têm orientado os processos de ensinar e aprender Língua Estrangeira têm se pautado no desenvolvimento da psicologia da aprendizagem e de teorias lingüísticas especificas, as quais, influenciadas pela psicologia, explicitaram o fenômeno da aprendizagem lingüística. Pode-se dizer que as percepções modernas da aprendizagem de Língua Estrangeira foram, principalmente, influenciadas por três visões: a behaviorista, a cognitivista e a sóciointeracional. Tanto as visões relacionadas ao behaviorismo quanto ao cognitivismo têm seu grau de importância, mas é a partir das abordagens ligadas ao sócio interacionimo, que o estudo dos gêneros textuais avançam como fator importante para desenvolvimento de ensino e aprendizagem de línguas. Esses aspectos ganharam consistência, principalmente, a partir dos estudos do círculo de Bakhtin relacionados aos gêneros textuais e de Vygotsky na psicologia da linguagem. Bakhtin é, praticamente, o precursor do estudo e da formulação teórica do texto enquanto gênero; Vygotsky contrapondo a psicologia individualista, introduziu o estudo da linguagem como fenômeno psicológico e histórico-social. Bakhtin e Vigotsky, cada qual no seu campo de estudo contribuíram, desse modo, para a construção de uma visão sociointeracinal no processo de ensino e aprendizagem da
  • 9. 9 linguagem. Ao conceber o gênero textual como formas relativamente estáveis desenvolvidas nas mais diversas atividades humanas, Bakhtin contrapôs a divisão clássica de Aristóteles que via o gênero apenas no campo literário, dividido em lírico, dramático e satírico. Em Bakhtin (1953, 2000, p.279), está exposto: A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, que emanam dos integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana. O enunciado reflete as condições especificas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua – recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais –, mas também, e sobretudo, por sua construção composicional. Estes três elementos (conteúdo temático, estilo e construção composicional) fundem- se indissoluvelmente no todo do enunciado e todos eles são marcados pela especificidade de esfera de comunicação. Qualquer enunciado considerado isoladamente é, claro, individual, mas cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso. Bakhtin, desse modo, abriu caminho para uma infinidade de pesquisas relacionadas aos gêneros textuais que vêm ganhando cada vez mais consistência no estudo das mais diversas manifestações da linguagem, assim como no seu processo do ensino e aprendizagem. Brandão (2002, p.17), relata que “para que se operem transformações na relação ensino-aprendizagem, necessário se faz um redimensionamento na forma de trabalhar a linguagem”. E mais adiante, ela relata também que o texto não pode ser pretexto para exploração de formas gramaticais, mas sim, deve ser visto na sua dimensão discursiva. Bronckart (2003, p.103) argumenta que “a apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas atividades comunicativas humanas”. Marcuschi (2003, p.3) afirma que: Gênero (textual, de texto, discursivo, do discurso) trata-se de textos orais ou escritos materializados em situações comunicativas recorrentes. Os gêneros textuais são os textos que encontramos em nossa vida diária com padrões sócio-comunicativos característicos definidos por sua composição, objetivos, enunciativos e estilo concretamente realizado por forças históricas, sociais, institucionais e tecnológicas. Os gêneros constituem uma listagem aberta, são entidades empíricas em situações comunicativas e se expressam em designações tais como: sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, e-mail, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante. Como tal, os gêneros são formas textuais escritas ou orais bastante estáveis, histórica e socialmente situadas.
  • 10. 10 Essas proposições fazem do gênero textual uma ferramenta indispensável no processo de ensino e aprendizagem de uma determinada língua, pois, como aponta Marcuschi (citado por BEZERRA, 2002, p.22) “a comunicação verbal só é possível por meio de um gênero textual”. Assim, sendo os gêneros textuais tipos relativamente estáveis de enunciados historicamente construídos e reconstruídos, como aponta a maioria dos estudiosos, o processo de ensinar e aprender uma nova língua insere-se no conhecimento dos mais diversos gêneros textuais e suas situações de uso. Como apontam os PCNs de língua estrangeira (1998, v.2, p.31): O conhecimento sobre a organização de textos orais e escritos pode ser chamado também de intertextual e é de natureza convencional. Deve-se notar também que usuários de línguas diferentes podem organizar textos escritos e orais de forma distinta. Por exemplo, mesmo em uma conversa informal em inglês não se admitem tantas interrupções e fracionamento dos tópicos quanto parecem ocorrer em uma conversa informal em português. Da mesma forma, um texto escrito em inglês não permite tantas digressões do tópico principal quanto um texto em português. O conhecimento textual, sistêmico e de mundo, segundo os PCNs (1998), são pré- requisitos básicos para que o aprendiz de uma língua estrangeira transporte esse conhecimento absorvido na língua materna para outra língua, obtendo com isso mais sucesso em seu aprendizado. A língua inglesa, nesse sentido, tem um certo privilégio em relação a outras línguas estrangeiras, por ser uma língua que está inserida numa grande variedade de gêneros textuais que circulam no cotidiano da maioria das pessoas, tanto no meio artístico e publicitário como nos mais diversos meios profissionais e tecnológicos. A internet é uma prova disso. No entanto, algumas pesquisas têm mostrado que muitos estudantes ao chegarem no ensino superior, não conseguem distinguir as diferenças entre os vários gêneros textuais, seja na língua materna ou numa língua estrangeira, como mostra Pinto (citado por BEZERRA, 2002, p.47): A maioria dos alunos de terceiro grau, além de ingressarem na universidade com um escasso conhecimento prévio de sua área de estudo, não são capazes de reconhecer os aspectos pertinentes à sintaxe e ao léxico da própria língua ou mesmo de uma língua estrangeira. Isso faz com que tais alunos apresentem sérios problemas de compreensão e de organização da informação ao interagirem oralmente ou por escrito. Também não conseguem distinguir os vários gêneros textuais e seus princípios organizacionais, nem vocabulário de sua área de estudo.
  • 11. 11 Naquela pesquisa, a autora coletou alguns gêneros textuais produzidos por alunos do terceiro grau em língua inglesa como: cartas informais e formais, slogans e cartões postais para uma análise em relação às facilidades e às dificuldades apresentadas por esses alunos. Para tanto, ela tomou como base para análise o conteúdo apresentado, o tipo de estrutura e as seqüências lingüísticas presentes em tais textos. Essa divisão dimensional é proposta por Dolz e Schneuwly (citados por BEZERRA, 2002) que concebem o gênero como mega instrumento para agir em situações de linguagem. Feita a análise, Pinto constatou que os alunos conseguiram bom desempenho em relação ao conteúdo e à estrutura com as cartas informais e os cartões postais. Já as cartas formais apresentaram várias falhas em seu conteúdo, estrutura e na seqüência lingüística. Os slogans apresentaram bom desempenho no conteúdo, mas na estrutura e na seqüência lingüística apareceram muitas deficiências. Em suas considerações, Pinto (citado por BEZERRA, 2002, p.57) expõe que: Embora o aprendizado dos gêneros esteja intimamente relacionado à codificação do conhecimento na sociedade e aos modos de organizar e de comunicar a informação numa situação determinada, tal aprendizagem ocorre mais na escola, uma vez que é nesse ambiente que o aluno deve aprender não só os gêneros como outras habilidades da fala e da escrita. O enfoque nos gêneros deve ser mais enfatizado no final do ensino fundamental e durante todo o ensino médio, a fim de que os alunos, a partir da situação em que estiverem inseridos, aprendam a transmitir o conteúdo numa estrutura adequada e de acordo com determinadas seqüências lingüísticas. A escola, desse modo, é um dos principais caminhos para que o aluno desenvolva seu conhecimento lingüístico e textual, principalmente, em se tratando de uma segunda língua. Pinto (2002) em concordância com o PCNs de língua estrangeira, aponta o final do ensino fundamental como momento mais propício paro desenvolvimento desses conhecimentos. Mesmo que nesses conhecimentos venham sendo trabalhadas outras etapas do ensino fundamental; contudo, é nos anos finais desse período e durante o Ensino Médio que se deve aprofundar o conhecimento lingüístico e as diferenças de usos dos mais variados gêneros textuais. Assim, o estudo e a prática dessa variedade de textos ajudarão o aluno no desenvolvimento de habilidades lingüísticas importantes como leitura e escrita (writing and reading). No ensino e aprendizagem da língua inglesa, à medida que o
  • 12. 12 estudante vai interagindo com os diversos gêneros de textos e praticando alguns como: short histories, informal and formal letters, post cards, short biography, Record of personal informations and others, vai interacionando com o texto com si mesmo e com o outro, além de estar desenvolvendo as habilidades de reading and writing vai interacionando aos poucos, também, speaking and listening. Krashen (1984), apesar de ser de um campo oposto dos estudiosos dos gêneros textuais relacionados nesse trabalho, tem um grau importante de contribuição no que diz respeito ao estudo do processo de ensino aprendizagem de segunda língua, principalmente no que tange o processo do ensino e aprendizagem da escrita (writing ability). Para Krashen (1984), leitura e escrita interdependem-se, porém, é na prática constante da escrita que vai acontecendo o processo de aprendizagem das estruturas lingüísticas e consciência desse aprendizado. Desse modo, mesmo sendo da linha cognitivista, Krashen (1984) contribui com a concepção sócio- interacionista, pois, quando o estudante entra em contato com os mais variados gêneros textuais, interage consigo e com o outro aglutinando, assim, aspectos importantes para o aprimoramento de seu conhecimento lingüístico e textual. O ensino e a aprendizagem do inglês por intermédio de gêneros textuais têm a função de além de contribuir com os PCNs, como foi exposto, contribuir também para que o aluno insira-se num mundo globalizado que, cada vez mais, diferentes tipos de textos se apresentam. E como a tarefa principal da escola é o desenvolvimento da leitura (reading) e da escrita (writing), reconhecer, ler e interpretar e também escrever diferentes gêneros de textos no inglês são processos de suma importância para que os alunos possam crescer em seus aprendizados e no processo de aquisição da língua. 2.2 CARTAS INFORMAIS: PROPOSTA DE ENSINO E APRENDIZAGEM DO INGLÊS As cartas informais constituem uma espécie de gênero textual que transcende o tempo, ultrapassando épocas e fronteiras. Nesse trabalho, o gênero de texto será a ferramenta principal de estudo e também, constituir-se-á em uma proposta importante para o ensino e aprendizagem da língua inglesa. Principalmente no que tange ao processo de desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita (reaging and writing), como no desenvolvimento cognitivo lingüístico e textual. Esse
  • 13. 13 gênero textual vem sendo desenvolvido e conduzido pelo processo humano desde os tempos mais remotos da existência. Mesmo hoje, com todo advento da informática e de toda tecnologia existente, esse importante meio de comunicação não foi abandonado, mas aprimorado. É lógico que é muito mais fácil para as pessoas e, principalmente para os alunos, nos dias de hoje, ao invés de escreverem uma carta ao estilo tradicional, fazerem uso do telefone, fax, e-mails, mensagens de celular e salas de bate papos. Pois, segundo alguns depoimentos, é muito mais atrativo, cômodo e prático. Mas apesar disso, ou, por causa disso, o estudo e a prática desse gênero sejam tão interessantes e importantes. Ainda mais em se tratando de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira como o inglês que requer muita dedicação, disciplina, estudo e prática constante, e de preferência em situações reais de comunicação. Como aponta Pinto (citado por BEZERRA, 2002, p.47): Fala e escrita como formas de manifestação da linguagem só se desenvolvem a partir de suas próprias realizações e do uso contínuo em situações significativas. Deve-se estimular o desenvolvimento de ambas as habilidades para que os interactantes possam expressar suas próprias idéias, suas dúvidas, seus problemas, questionamentos, sentimentos e inquietudes. Nesse processo gerativo de linguagem, a escrita tem muito em comum com a fala, já que o processamento da linguagem é fundamental para ambas, à medida que seus usuários constroem e reconstroem idéias, adquirem e usam a informação de diversas fontes e aplicam o conhecimento de como um texto é estruturado. As cartas informais constituem-se assim, num importante meio de ensino e aprendizagem, já que o aluno consciente ou inconsciente está adquirindo ou aprimorando diversas estruturas para uso cotidiano da língua. É possível perceber que, em alguns casos, na atualidade, alguns estudantes não sabem diferenciar remetente de destinatário, justamente porque não há mais a prática cotidiana da carta informal do modo como havia antes do advento tecnológico. Alguns estudos revelam o desconhecimento de processos lingüísticos e sistêmicos por parte do aluno com relação aos gêneros textuais. E as cartas informais mostram também essa defasagem. Nem sempre o aluno consegue escrever de forma clara, concisa e bem estruturada um determinado gênero de texto. O trabalho com cartas informais constitui parte de um processo importante, para que o aluno comece a reconhecer e produzir textos, apresentando estruturas simples e também complexas de uma língua. O ensino e a aprendizagem do inglês através de alguns gêneros textuais têm
  • 14. 14 procurado contribuir com o processo de aprendizagem e aquisição lingüística. Pinto (citado por BEZERRA, 2002), relata alguns avanços e algumas implicações que o estudo dos gêneros apresentam. Ela trabalhou com vários gêneros textuais em língua inglesa, dentre os quais, as cartas informais e os cartões postais. Segundo Pinto, esses gêneros foram os que mais se destacaram, devido os alunos já terem o conhecimento empírico na língua materna, transportando esse conhecimento para a língua inglesa. Ela ressalta que o domínio e o aprendizado dos gêneros textuais devem acontecer através da prática social, e como a sala de aula é praticamente um dos poucos espaços que o aluno tem para prática da língua inglesa, o professor deve proporcionar momentos para que o ambiente escolar transforme-se em lugar para essa prática social formal e informal de uso da língua. A comunicação, entre os alunos, através de cartas informais pode ser um dos meios para o uso prático e significativo da língua inglesa. O gênero textual carta informal, desse modo, é um importante instrumento a ser usado pelo professor para que aluno esqueça o espaço formal e tenha seu enfoque voltado à questão comunicativa e usual da língua, interagindo consigo e com outro no aspecto da aprendizagem e da aquisição do inglês, já que a carta informal é um gênero textual da forma escrita que tem bastante relação com os aspectos da fala. Bakhtin, ao referir-se a gêneros primários e a gêneros secundários, os primeiros mais simples como a linguagem de reuniões sociais e familiares, e os segundos mais complexos como os textos literários e científicos, colocou a carta informal como pertencente ao gênero primário, mas também presente nos gêneros secundários, como no romance, por exemplo. Bakhtin (1953, 2000, p.281) afirma: Os gêneros primários, ao se tornarem componentes dos gêneros secundários, transformam-se dentro destes e adquirem uma característica particular: perdem sua relação imediata com a realidade existente e como à realidade dos enunciados alheios – por exemplo, inseridas no romance, a réplica do diálogo cotidiano ou a carta, conservando sua forma e seu significado cotidiano apenas no plano do conteúdo do romance, só se integram à realidade existente através do romance considerado como um todo, ou seja, do romance concebido como fenômeno da vida literário- artística e não da vida cotidiana. O romance em seu todo é um enunciado, da mesma forma que a réplica do dialogo cotidiano ou a carta pessoal (são fenômenos da mesma natureza); o que diferencia o romance é ser um enunciado secundário (complexo). A carta informal ou pessoal, como aponta Bakhtin (1953, 2000), é ao mesmo
  • 15. 15 tempo um aspecto da fala que se constitui na escrita interagindo com outros textos, passando de gênero primário para o secundário. O estudante de inglês, ao tomar contato com o gênero carta informal, vai ativar seu conhecimento da língua materna, transportando essa experiência para o aprendizado da segunda língua, interagindo também, dessa maneira, entre uma situação cotidiana e uma situação nova. Aos poucos, todo seu conhecimento de mundo e sua experiência lingüística acumulada emergem para que seu conhecimento textual aflore e a comunicação num plano significativo aconteça. Em contato com a escrita da carta informal, o aluno tende a refletir sobre seu conhecimento, procurando ampliá-lo cada vez mais para que aquilo que ele quer expressar seja entendido por ele e pelo outro. Desse modo, a proposta de ensino e aprendizagem do inglês através do gênero carta informal visa ser parte de um processo de ensino-aprendizagem e aquisição lingüística que ajude professor e aluno na sala de aula a tornarem as atividades mais significativas e comunicativas, constituídas numa concepção interacionista da linguagem. Como apontam o PCNs de língua estrangeira (1998, p.57): “aprender é uma forma de estar no mundo social com alguém, em um contexto histórico, cultural e institucional”. Sendo o gênero textual, um construto histórico, como afirma Marcuschi (2003), ou tipos relativamente estáveis como aponta Bakhtin (1953, 2000), a carta informal é um gênero textual que acompanha e faz parte da atividade humana, como já foi dito, desde a Antigüidade. Tendo mais importância em determinados momentos históricos e menos em outros. E apesar de estarmos nesse segundo momento, a carta informal é ainda de grande valia para comunicação entre as pessoas. No processo de ensino-aprendizado e aquisição da língua inglesa, no qual se fundamenta essa proposta, professor e aluno descobrirão quanto é gratificante para a atividade intelectual e para o processo cognitivo, interagir e aprender com esse gênero de texto. Pois, apesar de toda a tecnologia, a carta informal ainda constitui-se num elemento interessante e gratificante de ensinar, aprender e de se comunicar significativamente.
  • 16. 16 3 RELATO DA PESQUISA 3.1 DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A presente pesquisa foi desenvolvida na Escola Básica Municipal Severo de Andrade no Município de Canoinhas, durante um período de quatro meses: março, abril, maio e junho de 2004, numa turma de oitava série composta de vinte alunos. Esse trabalho teve por objetivo, verificar como acontece o processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira, no caso, a língua Inglesa, através do estudo e prática do gênero textual carta informal, visando assim, observar também o progresso que o aluno faz em seu aprendizado de língua inglesa, quando em contato com esse gênero textual. Para tanto, os seguintes passos foram seguidos: a) Desenvolvimento de uma parceria com a professora de Língua Portuguesa, no sentido de que ela trabalhasse em algumas aulas suas o gênero carta informal, objetivando o aprimoramento dos alunos nas questões estruturais e textuais que esse gênero exige; b) Conversa com os alunos e uma brincadeira através de um questionário (ANEXO A) sobre as atividades em inglês que eles gostam muito de aprender, gostam pouco ou não gostam, para dessa forma verificar em que posição mais apareceria o ponto de escrever cartas; c) Formulação de um pré-teste (ANEXO B) com as perguntas: 1) Você consegue fazer uma pequena carta em inglês a um amigo? ( ) sim ( ) não; 2) Se a resposta da questão 1 for sim, escreva uma carta em inglês a alguém que você goste. Se a resposta for não, escreva a carta em português;
  • 17. 17 d) Explanação, exercícios, uso de transparências (ANEXO C), modelos de cartas e cartões, post cards, informal e formal letters (ANEXO D), para o aprimoramento de algumas estruturas como: uso de would, could, should, some prepositions, past and future of the verbs, como também outras questões relativas à organização textual; e) Produção escrita das cartas informais (ANEXO E) e contato com outras escolas e professores da rede pública, Municipal e Estadual, para um trabalho conjunto, no sentido dos alunos estarem escrevendo um para o outro, trocando, desse modo, as cartas informais e suas experiências com a língua inglesa; f) Análise dos resultados que se obteve com o estudo e a prática do gênero textual carta informal. Como aconteceu a experiência e qual foi o progresso que o aluno fez em seu processo de aprendizagem e aquisição da língua inglesa. Com relação ao item (a), a parceria com a professora de língua portuguesa foi muito importante, pois, algumas questões básicas como, diferenciação entre remetente e destinatário, o formato do gênero carta informal, a importância do cuidado com a caligrafia e a questão estética, foram bem trabalhados nessa disciplina. Além de que, a professora de língua portuguesa ajudou a ativar o conhecimento de mundo de alguns alunos que já vivenciaram a escrita de cartas informais, em algum momento de suas vidas. Já os alunos que nunca escreveram uma carta informal tiveram, então, a experiência de pela primeira vez entrarem em contado com esses gêneros textuais, que mesmo esquecidos nessa era tecnicista e globalizada, são de suma importância para o desenvolvimento das relações humanas. Desse modo, as aulas de inglês tiveram um importante suporte das aulas de língua portuguesa. Como abordam os PCNs de língua estrangeira (1998, p.28): Em linhas gerais, o que a aprendizagem de uma Língua Estrangeira vai fazer é: * aumentar o conhecimento sobre linguagem que o aluno construiu sobre sua língua materna, por meio de comparações com a língua estrangeira em vários níveis; * possibilitar que o aluno, ao se envolver nos processos de construir
  • 18. 18 significados nessa língua, se constitua em um ser discursivo no uso de uma língua estrangeira. Esse trabalho conjunto ajudou bastante os alunos na hora da produção escrita das cartas, pois, à medida que foram refletindo suas experiências na língua materna o transporte automático dessas experiências para a língua inglesa deu-se naturalmente. Dessa maneira, eles foram percebendo que não era tão difícil escrever uma carta informal em inglês, mesmo que algumas estruturas não foram seguidas corretamente como o adjetivo antes do substantivo; a construção de significados e o entendimento da mensagem pelo colega foram alcançados relativamente bem. Outro ponto importante foi que, sendo uma turma de oitava série, a experiência vivida nesses oito anos de estudo de língua portuguesa e quatro de língua inglesa, contribuíram muito para um bom desenvolvimento do trabalho. Um dado interessante foi que, esses alunos nunca estudaram em escolas particulares de idiomas, ou seja, todos sempre estudaram em escolas públicas, e muitos estão juntos desde a quinta série. Assim, mesmo que não estejam num estágio tão bom do inglês, alguns alunos se superaram e foram bem em suas produções. O item (b) foi desenvolvido de maneira muito descontraída e prazerosa. Num primeiro momento iniciou-se uma conversa com os alunos, objetivando reforçar a importância da língua inglesa nos dias de hoje e a comunicação entre as pessoas. Surgiram, então, vários comentários pelos alunos. Num segundo momento, foi distribuído um questionário (ANEXO A), para que eles colocassem um tick nas atividades que eles mais gostavam de fazer e aprender, um tick nas atividades que eles mais ou menos gostavam e um outro tick nas atividades que eles não gostavam. Entre as várias questões apresentadas como: making lists of vocabulary, playing games, asking questions, doing exercises, listening songs, doing a quis, watching vídeos; o principal objetivo com essa atividade era o de observar em que posição eles mais colocariam a questão writing a letter. Dezoito alunos realizaram essa atividade, os outros dois estavam dispensados para os jogos escolares. Desses dezoito, dois colocaram que não gostavam de realizar atividade com a escrita de carta, dez apontaram que gostavam mais ou menos e seis que gostavam muito. Esses dados foram interessantes porque ajudaram nos procedimentos dos outros passos da pesquisa. E um outro ponto que é importante destacar é o de que, um dos alunos que colocou que não gostava de realizar atividade de writing letter, foi um dos que mais se sobre saiu nas produções em que envolveram trocas de cartas com alunos de outros colégios. O outro aluno que citou também que não gostava de
  • 19. 19 realizar tal atividade, juntamente com os dois alunos que não estavam presentes, no desenvolver do trabalho acabaram entrando no ritmo da turma produzindo, dessa forma, boas cartas e interagindo tranqüilamente com os colegas da classe e das outras escolas. Como se tratava de uma turma pequena, não se teve muito problema com questões disciplinares, apenas com quatro alunos era preciso uma vez ou outra chamar a atenção ou proporcionar um cuidado mais especial. Ao proceder com o item (c), pré-teste (ANEXO B), tomou-se o cuidado de não inibir o aluno em expor o que ele estava sentindo realmente em relação ao desenvolvimento da produção escrita de um esboço de uma carta informal em inglês, apesar de alguns fatos interessantes como um em que, alguns alunos ao serem questionados se gostariam de escrever uma carta informal, responderam que na era do computador, não gostariam; mas logo após algumas reflexões, percebiam que a maioria deles não tinha computador, assim como na escola também não havia; então, a carta informal voltava a ser um instrumento de comunicação atual novamente. O pré-teste, também, foi deixado livre para quem quisesse responder, contendo apenas duas perguntas sendo essas, uma questão objetiva e outra dissertativa. Na primeira questão foi perguntado para o aluno se ele conseguiria fazer uma pequena carta em inglês a um amigo. A resposta deveria ser assinalada ( ) sim ou ( ) não. A segunda questão partiu-se do pressuposto que se o aluno respondesse a primeira questão sim, logicamente, escreveria a carta em inglês, e se respondesse não, teria a oportunidade de escrever em português, posto que foi dada essa alternativa na referida questão. Desse modo, dos vinte alunos presentes, apenas quatro não fizeram o pré-teste, ou seja, 2% (dois por cento) da turma. Os outros dezesseis foram muito simpáticos à idéia e ainda já apontaram a sugestão de trocarem cartas com outras classes da escola, e de também se comunicarem com outros alunos de outros colégios. Idéia essa que veio ao encontro de alguns pontos da pesquisa. Desses dezesseis alunos, dez respondeu sim na primeira questão; escrevendo na subseqüência, a carta em inglês na segunda questão. Da mesma forma os seis alunos que na primeira questão colocaram não, escreveram na segunda questão a carta em português. Os quatro alunos que, livremente, não participaram desse pré-teste acabaram gostando, mais tarde, da idéia da comunicação via carta informal com outras escolas, aderindo assim ao projeto que estava sendo desenvolvido para que a turma pudesse nas aulas de inglês e em algumas horas vagas escreverem as cartas para outras escolas. Esse pré-teste
  • 20. 20 mostrou inicialmente a insegurança que alguns alunos demonstram na hora de praticar a escrita em língua inglesa, não acreditando muitas vezes em seu potencial. Mas esses corajosos apontaram o caminho de que é possível, mesmo com todas as dificuldades, escrever uma pequena mensagem em inglês. O interessante aconteceu quando eles começaram a se surpreender consigo mesmos. Isto é, à medida que escreviam, verificavam que muitas coisas aprendidas e armazenadas na memória desabrochavam e rapidamente eram transportadas para o papel. Mesmo que, com um inglês abrasileirado da espécie de I like of write letters, eles tinham a certeza que a comunicação estava acontecendo. Apesar de deixar livre o uso do dicionário aos alunos que se propuseram a escrever a carta em inglês, percebeu-se a seriedade que eles tiveram com a questão, esforçando se ao máximo para não fazerem uso do dicionário. Os alunos que escreveram o pré-teste em português, no final da aula, ao observarem os colegas, explanaram a seguinte frase “Se eu soubesse que era assim tão fácil, teria feito em inglês”. O pré-teste apontou também para a importância de se trabalhar em algumas aulas o uso de algumas estruturas do inglês como as prepositions, o futuro do pretérito como, would, could e should, alem da questão da diferença dos tempos verbais em inglês, simple past and future. E o mais importante foi que nas próximas aulas todos estavam ansiosos para começarem a escrever as cartas aos alunos de outras escolas. Estavam ansiosos também para obterem as respostas dessas cartas o mais breve possível. O item (d) teve seu desenvolvimento, tanto nas aulas normais como naquelas aulas escolhidas especificamente para a escrita das cartas. Como a turma tem três aulas semanais, sendo duas aulas juntas, algumas dessas aulas foram escolhidas para escrever as cartas. Antes do início da produção dessas correspondências, procurou-se sanar as dificuldades aparecidas no pré-teste e nos rascunhos das cartas, pre-writing informal letter. Com relação ao pré-teste, algumas dificuldades como a falta de segurança, a motivação e o uso do dicionário, foram sendo sanadas naturalmente. Outras dificuldades como as de cunho gramatical, lingüístico e textual, foram trabalhadas através de inúmeros exercícios, explanações pelo professor, transparências (ANEXO C), modelos de gêneros textuais como alguns post cards, informal e formal letters (ANEXO D); como também outros modelos de gêneros textuais que ajudaram no desenvolvimento das cartas. Um dado importante nesse processo foi o envolvimento dos alunos e a organização que muitos apresentaram. Também a solidariedade que partiu de alguns alunos através
  • 21. 21 da ajuda mútua, tanto na produção do rascunho como na produção das cartas para os outros colégios foi muito importante. Esse ponto ajudou a facilitar o trabalho. Mesmo os alunos que se sentiam mais inferiores em relação ao conhecimento lingüístico, pouco a pouco entraram no ritmo da sala, sentindo-se parte de um processo historicamente construído com ajuda de todos. Nas explanações teóricas sobre o uso de uma determina estrutura, todos ficavam atentos, e as perguntas não mais submersas, emergiam para o entendimento e solução das dificuldades encontradas em seus escritos. Os exercícios estruturais foram feitos com muita responsabilidade pelos alunos, as transparências ajudaram no entendimento de estruturas um pouco mais complexas, e os modelos de gêneros textuais; principalmente as cartas, os bilhetes e os cartões postais, eram analisados por grande parte deles minuciosamente. Mas apesar de toda a interação humana, lingüístico-textual, intrapessoal e extrapessoal; alguns alunos continuaram apresentando muitas dificuldades na hora de escrever as cartas como também quando precisavam entender a mensagem de seu colega. Porém, essa experiência mostrou a esses alunos o quanto são importantes o estudo, a dedicação e o espírito curioso e pesquisador para o aprendizado e aquisição de uma língua estrangeira. No item (e), após exercícios com post cards e writing informal letter entre a turma, foi desenvolvida a produção das cartas (ANEXO E) para o envio a outras escolas, bem como também o contato com outros professores, diretores para que tal idéia fosse efetuada. Duas Escolas da Rede Estadual e duas Escolas da Rede Municipal foram escolhidas para a troca das correspondências. Com as Escolas Estaduais foram escolhidas as 1.ª séries do 2.º grau, e com as Escolas Municipais as 8.ª séries. As primeiras correspondências aconteceram com alguns problemas como a ansiedade, falta de disciplina e pontualidade na entrega das cartas por parte de alguns alunos. Mas a partir da segunda remessa a situação se normalizou, ou seja, já não havia tanta ansiedade nas produções de cartas, fossem as mensagens para envio ou a escrita de respostas, aconteciam naturalmente. A troca de cartas acontecia uma vez por semana e quando alguém ficava sem receber uma resposta, não desanimava e novamente escrevia outra carta. Essa experiência de troca de cartas foi muito importante para a turma, motivando a todos escreverem. Cada carta recebida era sinal de que a comunicação estava acontecendo e a mensagem estava sendo entendida. Então, rapidamente, procuravam ler e entender a mensagem recebida, para novamente respondê-la. A língua inglesa, desse modo, foi sendo
  • 22. 22 usada num processo mais significativo e de real comunicação, pelos alunos, acontecendo uma prática de uso da língua mais concreto. O item (f), é constituído por uma análise dos resultados obtidos com o estudo e a prática do gênero textual carta informal. Observou-se ao longo do trabalho que o estudo e a prática de gêneros de textos como as cartas informais ajudam e muito o aluno, tanto no seu processo de aprendizagem como em sua aquisição lingüística. Em contato com esse texto, o aluno aciona seu conhecimento de mundo e esquece que está em uma sala de aula, concentrando todo seu potencial no entendimento e produção da mensagem. As habilidades de leitura e escrita desenvolvem-se mais eficazmente, o conhecimento sistêmico das estruturas da língua inglesa vão se solidificando e o conhecimento textual, pouco a pouco, vai se desenvolvendo. As expressões idiomáticas como “How do you do?, How old are you?” e o uso de auxiliares como “do, does, would, will”, constituem-se em aspectos mais significativos e concretos. O aprimoramento de estruturas gramaticais e a ampliação de vocabulários que os alunos adquirem, acontecem naturalmente. As diferenças de tempos verbais, aos poucos, vão sendo absorvidas e entendidas por eles. Desse modo, o progresso que o aluno faz em seu aprendizado, através da prática da carta informal, é muito mais eficaz que os vários exercícios gramaticais mecânicos que muitas vezes são aplicados no ensino de língua inglesa. Em seus primeiros escritos das cartas informais, alguns alunos transportavam a língua portuguesa para o inglês, ou seja, algumas frases como “I have twelve years” ao invés de “I am twelve years old” apareciam automaticamente. Mas através de explanações teóricas, exercícios, estudo de vários modelos cartas, e principalmente, pela prática social das cartas informais, constantemente, além da interação e solidariedade presentes nas aulas, as dificuldades com tais expressões lingüísticas iam sendo sanadas. Essa cooperação mútua ligada à disciplina e à vontade de aprender, contribuíram para o progresso do aprendizado de cada um deles, como também para a realização dessa pesquisa. A interação entre os alunos, entre os alunos e o professor e entre o aluno e as habilidades de leitura e escrita do gênero textual carta informal, constituiu-se em um instrumento eficaz para o ensino e a aprendizagem. Como demonstram os PCNs de língua estrangeira (1998, p.57): A aprendizagem é de natureza sociointeracional, pois aprender é uma forma de estar no mundo social com alguém, em um contexto histórico, cultural e institucional. Assim, os processos cognitivos são gerados por meio da
  • 23. 23 interação entre um participante de uma prática social, que é um parceiro mais competente, para resolver tarefas de construção de significados/conhecimento com as quais esses participantes se deparem. O participante mais competente pode ser entendido como um parceiro adulto em relação a um aluno ou um aluno em relação a um colega da turma. Na aprendizagem de Língua Estrangeira, os enunciados do parceiro mais competente ajudam a construção do significado, e, portanto, auxiliam a própria aprendizagem do uso da língua. Assim, sendo a aprendizagem de natureza sociointeracional como apontam os PCNs, os resultados obtidos que esse trabalho de pesquisa alcançou, através do estudo e prática do gênero textual carta informal, em síntese, foram: a) superação, por parte de alguns alunos, do medo de escrever em uma outra língua e motivação através da proposta de trabalho com as cartas informais; b) desenvolvimento de aprendizado e aquisição da língua inglesa por meio de práticas realmente significativas para o aluno, através de uso concreto da língua; c) aprimoramento intrapessoal e extrapessoal das habilidades de leitura e escrita; d) reconhecimento pelo aluno da função social que cada gênero textual tem em determinadas sociedades e contextos históricos; e) aprendizagem de estruturas do inglês como o uso de auxiliares (do, does, did, will, would, should, and could), tempos verbais (past and future), preposições (of, in, on, by, from), uso de algumas expressões idiomáticas (get up, by the way, how old are you?, how do you do?) e, também, aprimoramento e ampliação de vocabulário. Mostrar que o processo de ensino e aprendizagem da língua inglesa através de estudos e práticas significativas por meio de gêneros textuais como as cartas informais, ajudam no progresso da aprendizagem e da aquisição lingüística do aluno, constituiu, em suma, no resultado mais importante da presente pesquisa. Pois, ao entrar em contato com a produção escrita de um determinado gênero textual como a carta informal, pelo que se pode observar, o aluno faz uma reflexão automática sobre seus conhecimentos, aprende a lidar com suas limitações e procura superá-las. Só o fato de saber que alguém quer entender o que ele está dizendo na carta, e de saber que precisa ampliar seus conhecimentos para entender, também, a mensagem do outro, faz do processo de ensino e de aprendizagem da língua inglesa, um jogo atrativo e emocionante. Então, até esquece do quanto é árduo aprender ou adquirir uma nova língua, pois a gratificação de saber que está se comunicando com uma outra pessoa nessa nova linguagem é mais importante. Os alunos, em estudo, desse modo, construíram um momento
  • 24. 24 muito rico de ensino e aprendizagem. Estruturas equivocadas foram sendo superadas, como já foi exposto, através de estudos, exercícios e pela própria escrita das cartas. Aqueles que estavam em um processo mais avançado do inglês ajudaram com muito prazer os que careciam de mais conhecimentos lingüísticos. O gênero textual carta informal serviu de base para estudos de estruturas lingüísticas um pouco mais complexas, as quais eles estavam pouco habituados. Assim, as cartas informais provaram, através desse trabalho de pesquisa, que são gêneros textuais e instrumentos muito interessantes e importantes para o processo de ensino e aprendizagem de línguas. A prática comunicativa, significativa e social em que as cartas informais estão inseridas, acompanhando a história da humanidade em todos os seus contextos, fazem delas, gêneros especiais presentes nos enunciados da atividade humana, tanto em gêneros primários, como em gêneros secundários, como afirma Bakhtin (2000); ou seja, mesmo na era da revolução tecnológica, a carta informal continua, ainda, presente, constituindo uma minúscula parte do ato comunicativo, mas que, mesmo assim, exerce uma determinada função social na prática cotidiana de uma determinada linguagem humana.
  • 25. 25 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A comunicação humana constitui-se em determinados gêneros textuais, construídos e reconstruídos através dos tempos. A escolha das formas do falar, do agir e do escrever passa pela escolha de um gênero adequado aos propósitos de cada momento e situação comunicativa de uso de uma determinada linguagem. Essas afirmações presentes nesse trabalho, tiradas a partir do estudo bakhtiniano de linguagem, fazem das cartas informais, espécies de gêneros textuais que têm, como outros importantes textos, grande função social, ou seja, promover não só a comunicação entre os interlocutores, mas também a troca de experiências, os laços de amizade e sobretudo, o avanço no processo cognitivo do ensinar, aprender, adquirir, refletir e explorar uma língua, uma mensagem. Se na língua materna isso é gratificante, quanto mais numa segunda língua. A língua inglesa, estudada e exercitada pelos alunos da escola pública, nem sempre tem a chance de se mostrar bela e realmente significativa para esses estudantes. Pois, por inúmeros motivos insiste-se nas velhas abordagens metodológicas tecnicistas que cansam aluno e professor, gerando um certo repúdio a esse aprendizado para ambas as partes. Não que estudar, ensinar e aprender deva ser prazeroso, pois é sabido que todo o processo de busca de conhecimento é árduo. Exige-se disciplina, concentração, atenção, exercício, estudo e muitas outras coisas. Mas um pouco de realização e gratificação naquilo que se está fazendo, sempre é bom e importante. O propósito com que se constituiu esse trabalho de pesquisa foi no sentido de mostrar que o ensino e a aprendizagem de língua inglesa constitui-se mais eficaz, e mais prazerosamente, quando é construído através de práticas sociais comunicativas e significativas como exemplo, por meio de gêneros textuais cartas informais que foi o foco de estudo dessa pesquisa. O estudo e a prática de gêneros como cartas informais ajudam a melhorar o processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa e também de aquisição lingüística, pois, à medida que o aluno entra em contato com essa espécie de gênero textual, a língua tem mais sentido para ele, tornando-se mais viva e mais dinâmica, exercendo a sua função social principal que
  • 26. 26 é o ato da comunicação. As cartas informais, desse modo, constituem-se em uma ferramenta muito interessante nesse processo de ensino e aprendizagem. Esse meio de comunicação tão antigo, considerado por muitos como ultrapassado, mostrou através dessa pesquisa, ser muito atual, até para alguns alunos que, como apontado no relato, ao serem perguntados se gostariam de escrever uma carta informal e respondendo que na era do computador, não, mas que depois de alguns minutos, refletindo sobre a questão, percebiam que a maioria deles não tinha computador, assim também, como na escola não havia esse aparelho tecnológico que é um dos principais responsáveis pela comunicação humana nos dias atuais, então, a carta informal começava a causar mais curiosidade e despertar mais interesse. Alguns alunos, ainda um tanto quanto inseguros, aos poucos se soltavam e, entrando em interação intrapessoal da escrita, leitura e ativação de conhecimentos armazenados, logo percebiam que era possível a produção de uma carta e, também, haver a comunicação em língua inglesa, por minúscula que fosse. Quando acontece a comunicação, essa língua tão estranha torna-se mais familiar. Destinatário e receptor interagem num processo de trocas de experiências e aquisição de conhecimentos. O inglês, então, passa a ser uma língua mais viva, mais próxima, menos morta e menos distante. E isso gera interesse, aprendizado e construção de conhecimentos, num ambiente menos formal e mais produtivo, gerando situações verdadeiramente comunicativas e significativas. O estudo teórico presente nesse trabalho de pesquisa teve seu fundamento, principalmente nas concepções sócio interacionistas da linguagem e da psicologia da educação, referentes ao processo de ensino e aprendizagem de línguas e aos gêneros textuais. Partiu-se de pressupostos do circulo de Bakhtin e de Vygotsky, além de visões de vários autores que comungam das concepções bakhtinianas. Há muito ainda o que avançar no estudo dos gêneros textuais, pois, estes são um campo vasto e infinito de pesquisa, principalmente no que tange a segunda língua, ou seja, o inglês. A aplicação prática da pesquisa, com a turma em estudo, aconteceu de forma muito tranqüila. Explanada a proposta de trabalho com as cartas informais, houve um bom interesse por parte da maioria dos alunos, maior interação entre eles e o professor e um aprimoramento e ampliação significativos no aprendizado e aquisição da linguagem. Além de ativar o conhecimento de mundo que aluno tem em língua materna, transportando esse conhecimento para a prática da língua inglesa, a escrita, leitura e entendimento das mensagens presentes nas
  • 27. 27 cartas pessoais levou a maioria deles a uma reflexão maior e melhor sobre seu processo cognitivo. As turmas de inglês, em geral, são heterogêneas, contendo alguns alunos em um estágio mais avançado de aprendizado do inglês e outros, ainda, com uma pequena base. Na turma em estudo, não foi diferente, mas, mesmo assim, foi possível o desenvolvimento de um trabalho relativamente bom. Os resultados obtidos com essa pesquisa, nos quatro meses de trabalho (março, abril, maio e junho de 2004) com os gêneros textuais cartas informais, foram extremamente importantes, aconteceram avanços no aprendizado e na aquisição lingüística do inglês, por grande parte dos alunos em estudo. Conforme exposições no relato da presente pesquisa, houve a superação dos alunos em suas limitações como o medo e a falta de motivação para a escrita; o desenvolvimento do aprendizado e aquisição da língua por meio de práticas realmente significativas, como a prática das cartas; e, o aprendizado de estruturas do inglês, tempos verbais, preposições, expressões idiomáticas e o aprimoramento de vocabulários. Através desses progressos feitos por meio do estudo e da prática comunicativa das cartas informais, os alunos passaram a sentir mais confiança e vontade de aprender o inglês. O fato de o aluno entrar em contato com o gênero carta informal, romper com o medo e com velhas formas de aprender, motivar-se, ativar seus conhecimentos empíricos, refletir sobre seu processo de saber e transformar o ato de ler e escrever em comunicação e entendimento constitui, em suma, uma experiência gratificante para esse trabalho de pesquisa. A superação de limitações e quebras de paradigmas é uma forma de crescer no conhecimento. A esse ponto, cada pesquisador e ou estudioso das mais variadas esferas do conhecimento, precisa estar aberto para que o novo aconteça. Assim sendo, o presente trabalho de pesquisa refletiu e buscou entender um pouco mais desse processo tão curioso de ensinar e promover aprendizado de língua inglesa, tendo como base para estudo e prática os gêneros textuais cartas informais, mostrando que, quando o aluno sai de um ambiente formal como é a sala de aula, e faz usos mais concretos da língua, o aprendizado e a aquisição de estruturas importantes da língua em estudo acontecem mais significativamente. As noções de gêneros textuais e os aspectos relacionados ao processo de ensino e aprendizagem, presentes nos fundamentos teóricos desse trabalho, foram em suma de grande valia para aplicação prática dessa pesquisa. A união teórica a prática embasada em muita reflexão e transformação são pontos essenciais para trabalhos
  • 28. 28 que visem buscar bons resultados. No entanto, é interessante ressaltar que um assunto pesquisado ou apenas discutido nunca se esgota, principalmente, se relacionado aos gêneros textuais. Há sempre coisas por se descobrir, acrescentar, diminuir e aprimorar. Portanto, algumas implicações que ficam são, em suma, a importância de estudo de novas abordagens teóricas e práticas relacionadas ao ensino e aprendizagem de línguas a partir da visão dos atos orais e escritos constituídos por determinados gêneros textuais. Especificamente, com relação ao ensino e aprendizagem de língua inglesa, como segunda linguagem, que constitui um ponto importante para pesquisas com determinadas espécies de gêneros textuais. O ensino e aprendizagem de língua inglesa por meio de gêneros textuais como as cartas informais, foco dessa pesquisa, é um estudo ao mesmo tempo atual e ao mesmo tempo antigo. Atual porque, muito se tem dito a respeito de gêneros textuais e ensino, seja em língua materna ou estrangeira. Antigo porque, a velocidade da informação que constitui os dias atuais, obriga a reformulação permanente de qualquer concepção posta. Mesmo que não se perca a essência, é preciso descobrir novos caminhos. Assim sendo, o presente trabalho de pesquisa procurou, também, em meio a todas as proposições expostas, ser um referencial que ajude na construção e descoberta de novas abordagens relacionadas ao ensino e aprendizagem de língua inglesa por meio de gêneros textuais.
  • 29. 29 REFERÊNCIAS BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000. BEZERRA, M. A., et al. (Orgs.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. BRANDÃO, H. N. (Coord.) Gêneros do discurso na escola. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2002. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1997. _____. Parâmetros curriculares nacionais: língua estrangeira. Brasília: MEC/SEF, 1997. BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo. São Paulo: EDUC, 2003. KRASHEN, S. Writing research, theory and applications. Oxford: Pergamon Press, 1984. MARCUSCHI, L. A. A questão do suporte dos gêneros textuais. UFPE/CNPq, 2003. mimeo. VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994. _____. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone/USP, 1988.
  • 31. 31 ANEXO A QUESTIONÁRIOS
  • 33. 33 ANEXO C MODELOS DE EXERCÍCIOS
  • 34. 34 ANEXO D MODELOS DE CARTAS E CARTÕES
  • 35. 35 ANEXO E PRODUÇÃO DE CARTAS INFORMAIS