O documento apresenta uma análise de balanços e demonstrações financeiras de empresas, discutindo conceitos como:
1) Análise horizontal para comparar itens ao longo dos anos usando índices base 100;
2) Análise vertical para comparar participação de itens no total;
3) Cálculo de quocientes e índices para medir liquidez, alavancagem, rentabilidade e outros indicadores.
1. RESUMO: ANÁLISE DE BALANÇOS
01. A Análise Horizontal
Uma vez que os balanços e demonstrações de resultados estejam expressos em moeda de
valor aquisitivo da mesma data, a análise horizontal assume certa significância e pode acusar
imediatamente áreas de maior interesse para investigação. Suponha a evolução a seguir para os itens
de Vendas e Custo das Vendas numa empresa qualquer:
19X6 19X7 19X8 19X9 19XX
Vendas 300 321 343 367 393
(-) Custo das Vendas 200 216 233 252 272
= Lucro em Vendas 100 105 110 115 121
Um observador menos atento certamente ficaria satisfeito com a evolução crescente dos
lucros. Entretanto, uma análise mais acurada revelaria os seguintes compostos para Receitas e
Custos:
300 X (1 + i)4 = 393, para as receitas;
200 X (1 + i)4 = 272, para as despesas.
As taxas que proporcionam tais montantes são, respectiva e aproximadamente, de 7% para
as receitas e de 8% para os custos das vendas. Os custos estão crescendo a uma taxa maior,
portanto.
Uma análise horizontal clássica, partindo do índice 100 para 19X6, assim teria
acompanhado ou apontado a evolução dos itens:
19X6 19X7 19X8 19X9 19XX
Vendas 100 107 114 122 131
Custo das Vendas 100 108 117 126 136
Lucro em Vendas 100 105 110 115 121
Resultaria imediatamente a tendência de crescimento das séries. De fato, enquanto as
receitas crescem 7% cumulativamente, a cada ano, as despesas crescem 8% e o lucro apenas 5%. A
partir do ponto em que as despesas alcançarem as receitas, todavia, iniciar-se-á histórico de
prejuízos. Por outro lado, o reflexo da evolução dos itens em seu sentido horizontal também
condiciona a análise vertical. De fato, o lucro representa 33,3% das vendas em 19X6, 32,7% em
19X7, 32,1% em 19X8, 31,3% em 19X9 e 30,8% em 19XX. Um decréscimo lento, mas seguro,
portanto.
Evidentemente, se tais cálculos forem realizados com valores históricos, a análise será de
duvidosa valia.
2. 02. A Análise Vertical
Este tipo de análise é importante para denotar estrutura de composição de itens e sua
evolução no tempo.
A Empresa Imaginária S/A, assim apresentava a evolução dos grupos de Ativos em relação
ao Ativo Total:
19X6 % 19X7 % 19X8 % 19X9 %
Disponibilidades 20 9 15 3,5 10 2 8 1,5
Recebíveis a curto 90 27 85 20 20 5 22 4
Estoques 60 18 80 19 110 25 130 24
Recebíveis a 10 3 20 5 25 6 30 6
Longo
Imobilizado 150 44 200 48 250 57 300 56
Investimentos 5 1 15 3.5 15 3 30 6
Miscelâneos 3 1 5 1 10 2 12 2,5
338 10 420 10 440 10 532 100
0 0 0
Observe-se que o Ativo total teve acréscimos de 24% entre 19X6 e 19X7. De 5% de 19X7
19x8. De 21% de 19X8 a 19X9.
Dentre os grandes itens, nota-se diminuição da participação do Disponível sobre o Ativo
Total, o que pode ser ótimo indício. Os Estoques sofrem acréscimo de 18% para 19%, e para 25%
em 19X8, decrescendo ligeiramente sua participação em 19X9, ao nível de 24%, porém acima do
nível inicial. Seria preciso investigar o porque disso e com quais fundos foi aumentada a
participação do estoque. Em parte, talvez, isso tenha sido possível pela melhor administração do
Disponível.
Vejamos o que ocorre com os Recebíveis a Curto Prazo: diminuem bastante de 19X6 a
19X7, passando de 27% para 20%. Sofrem decréscimo brutal em 19X8, o qual deverá ser
investigado quanto às verdadeiras causas. Mantêm baixos em 19X9. Esses dois últimos valores
podem ser indicativos de que a empresa praticamente não vendeu a prazo. De qualquer forma, pode
ser altamente positiva a diminuição percentual dos Disponíveis e Recebíveis sobre o Ativo Total.
Em compensação, a empresa conseguiu transferir recursos maciços para investimento em
imobilizado. Este aumentou sua participação de 44% em 19X6, para 48% em 19X7, e 57% em
19X8, mantendo-se praticamente estável em 19X9. A empresa está “queimando” investimentos em
dinheiro e recebíveis para investir em estoques e imobilizado. Seria, por outro lado, necessário
analisar a composição das fontes de recursos para se ter uma idéia melhor do que ocorreu. Se esta
análise revelar, por exemplo, que o endividamento de longo prazo não se alterou muito e que não
houve acréscimos de capital por subscrição, efetivamente a expansão do imobilizado foi obtida às
custas de uma retração do capital de giro líquido. É necessário, todavia, analisar como se comporta
o Exigível a Curto Prazo . É provável que tenha, pelo menos mantido, senão aumentado (dadas as
hipóteses de não-crescimento do endividamento a longo prazo e do capital), sua participação. Será
necessário analisar então, mais adequadamente, a situação de liquidez e sua tendência. Verificamos,
portanto, que a análise vertical, bem como a horizontal, permitem-nos suscitar indagações, a maior
parte das quais somente será totalmente respondida num estágio mais avançado da análise.
3. Vejamos, a seguir, os Demonstrativos Operacionais da Empresa Imaginada S/A.
EMPRESA IMAGINADA S/A
DEMONSTRATIVOS OPERACIONAIS (DRs.)
19X8 19X9
Vendas 385 100% 520 100%
(-) Custo das Vendas 193 50% 244 47%
= Lucro com Mercadorias 192 50% 276 53%
(-) DESPESAS
OPERACIONAIS
Salários 80 65% 115 65%
Depreciações 10 8% 15 8%
Impostos 8 6% 12 7%
Outras 25 21% 123 32% 36 20% 178 34%
=LUCRO OPERACIONAL 69 18% 98 19%
(-) Despesas Financeiras 10 3% 36 7%
= LUCRO ANTES DO 59 15% 62 12%
IMPOSTO DE RENDA
(-) Provisão para Imposto 9 2% 12 2%
de Renda
= LUCRO LÍQUDO $ 50 13% $ 50 10%
A análise vertical é extremamente reveladora, neste caso. Verifica-se que até o item “Lucro
Operacional” a empresa manteve e até melhorou o desempenho, em relação a 19X8. De fato, o
custo das vendas que representava 50% das mesmas, diminuiu para 47%, aumentando, portanto, a
participação do lucro em vendas. Entretanto, verifica-se o acréscimo percentual das Despesas
Operacionais, as quais passam de 32% para 34%. Interessante notar que, dentro do Grupo Despesas
Operacionais, seus componentes mantêm as participações com relação ao total. Por algum motivo, a
empresa não conseguiu controlar as despesas operacionais globais ao mesmo nível percentual de
19X8. Isto foi quase o suficiente para anular a vantagem obtida no custo das vendas.
No item Despesas Financeiras verifica-se o fator primordial que fará o desempenho da
empresa empobrecer, pelo menos no que se refere ao DR. Passaram de 3%, porcentagem razoável,
para 7% das vendas, bastante alta, embora não alarmante. Quais os motivos dessa mudança? É
preciso investigar em profundidade, tentando alterar o comportamento. Em conseqüência da piora
do item Despesas Financeiras, todos os demais relacionamentos se deterioram. De um lucro líquido
de 13% sobre as vendas passamos para 10%, embora em valores absolutos permaneçam iguais.
Esta deterioração da margem, entretanto, talvez possa ser recuperada pelo ganho, se houver,
na rotação do ativo, como veremos mais adiante. Não é altamente provável, todavia, que a rotação
tenha aumentado a ponto de cancelar a perda na margem. Isto porque, por ter sido uma despesa
4. financeira tão alta, provavelmente a empresa obteve empréstimos, os quais devem ter aumentado as
aplicações no ativo. Todavia, será necessária uma análise mais detida para uma conclusão melhor.
3. O Cálculo de Quocientes/Índices
Tradicionalmente, a análise e a interpretação de balanços têm-se valido do expediente de
calcular uma série de quocientes ou índices, relacionando as mais variadas contas do balanço e do
demonstrativo operacional, procurando atribuir um significado aos resultados de tais cálculos.
Indicadores de Situação Financeira e Patrimonial
ÍNDICE DE ESTRUTURA PATRIMONIAL
• Capital de Terceiros/Capital Próprio = (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo) / Patrimônio Líquido
• Composição do Endividamento = Passivo Circulante / (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo)
• Endividamento Geral = (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo) / Patrimônio Total
• Imobilização do Capital Próprio = Ativo Permanente / Patrimônio Líquido
• Imobilização dos Recursos Permanentes = Ativo Permanente / (Exigível a Longo Prazo + Patrimônio Líquido)
ÍNDICES DE SOLVÊNCIA
• Liquidez Geral = (Ativo Circulante + Realizável a LP) / (Passivo Circulante + Exigível a LP)
• Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante
• Liquidez Seca = (Ativo Circulante - Estoques - Despesas do Exerc. Seguinte) / Passivo Circulante
• Liquidez imediata = (Disponibilidades / Passivo Circulante)
ÍNDICE DE COBERTURA
• Cobertura dos Encargos Financeiros = (Lucro Oper. + Rec. Financ. + Outs Receitas) / Despesas Financeiras
Indicadores da Gestão dos Recursos
ÍNDICE DE ROTAÇÃO DOS RECURSOS
• Giro dos Estoques Totais = Custo das Vendas / Saldo Médio dos Estoques
• Giro das Duplicatas a Receber = (Receita Operac. Bruta - Devol. Abat.) / Sld. Médio das Duplicatas a Rec.
• Giro do Ativo Circulante = Receita Operacional Líquida / Sld. Médio do Ativo Circulante
• Giro do Ativo Fixo = Receita Operacional Líquida / Sld. Médio do Imobilizado
• Giro do Ativo Operacional = Receita Operacional Líquida / Sld. Médio do Ativo Total
ÍNDICES DE PRAZOS MÉDIOS
• Prazo Médio de Estocagem = Saldo Médio dos Estoques / (Custos das Vendas / 360 dias)
• Prazo Médio de Cobrança = Sld. Médio de Duplicatas a Rec / [(Vendas a Prazo/ 360 dias)]
• Prazo Médio de pagamentos= Saldo Médio de Fornecedores / (Compras a Prazo / 360 dias)
5. • Rotação do Estoque = Custo das Mercadorias Vendidas/Estoque médio do Período
Indicadores de Rentabilidade
MARGENS DE LUCRATIVIDADE DAS VENDAS
• Margem Bruta = Lucro Bruto / Receita Operacional Líquida
• Margem Operacional = Lucro Operacional / Receita Operacional Líquida
• Margem Líquida = Lucro Líquido / Receita Operacional Líquida
• Mark-up Global = Lucro Bruto / Custo das Vendas
TAXAS DE RETORNO
• Retorno sobre Ativo Operacional = Lucro Operacional / Saldo Médio do Ativo Operacional
• Retorno sobre Investimento Total = Lucro Líquido / Saldo Médio do Ativo Total
• Retorno sobre o Patrimônio Líquido = Lucro antes do IR e das despesas financeiras/Patrimônio Líquido
Termômetro da Insolvência
X1 = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido Médio
X2 = (Ativo Corrente + Realizável a Longo Prazo) / Exigível Total
X3 = (Ativo Corrente – Estoques) / Passivo Corrente
FATOR DE INSOLVÊNCIA = X1 + X2 + X3 – X4 – X5 X4 = Ativo Corrente / Passivo Corrente
X5 = Exigível Total / Patrimônio Líquido