Aula Inaugural Ano Acadêmico 2013 Saúde da Famúlia - Fiocruz - Ser com os outros
1. Saúde da família: a oportunidade de Ser Com os
Outros
Residência Médica em Medicina de Familia e Comunidade
Marco 04 de 2012 - Rio de Janeiro - ENSP
7. Delimitações e Misturas;
Culturas mestiças;
Polifonias: músicas culturais a
várias vozes;
Zonas de Contato: porosidades;
Mas também arame farpado,
muralha, isolamento.
8.
9. A experiência de um infinito hostil
porem amoroso / amado;
O valor intenso dos oásis, da água
e do verde;
Inventar a Vida e a Alegria em
Vales Estreitos;
10. Criar coisas gostosas com poucos
recursos: azeitonas, azeites,
vinhos, aguardente de uva;
Olhar, sentir, percorrer o deserto
que é Útero, Leito, Fonte,
Cemitério;
O Sertão é o Mundo (Joaozinho
Rosa).
O Sertão está dentro de nós
15. Raiz e Mito – Afastamento e
invisibilidade;
Violência Política e Extrema
Pobreza;
Contemplação do Mundo – o Ser
Vagaroso – o ET que olhava as
folhinhas;
O Circo pobre;
A paixão pelo céu, pelo frio, pelas
tormentas, pela limpidez da Alma
Andina.
16. Um espaço privilegiado para
aprender – no sentido profundo e
radical – é a experiência com as
periferias do mundo;
Há imensa riqueza e sabedoria nos
esquecidos, excluídos, invisíveis.
17. Grande valor da experiência;
A vida como base da reflexão;
A vida solidária e em diálogo;
Busca da dimensão crítica e
da dimensão da beleza
educação;
47. Um trabalho duro e paciente;
Aceitar as dores e as
frustrações;
Não desanimar e seguir a
procura;
48. Educar e Viver
Mergulhado
Nos Amores
Da paixão crítica
Da amorosidade reflexiva
Da esperança impaciente
Do inédito viável
Da utopia que se constrói
49. Educar e Viver
Mergulhado
Nos Amores
Da paixão crítica
Da amorosidade reflexiva
Da esperança impaciente
Do inédito viável
Da utopia que se constrói
50. Da paixão crítica
Da amorosidade reflexiva
Da esperança impaciente
Do inédito viável
Da utopia que se constrói
51. A sorte de expor-
se a
transformações
radicais
Sempre aprendemos mais
do que ensinamos na
saúde.
Aprender do simples.
Transformar-se pelo
minúsculo.
52. Sempre aprendemos mais do que
ensinamos na saúde.
Aprender do simples.
Transformar-se pelo minúsculo.
53.
54. 03. Treinar os sentidos e a intuição -
sugestões para profissionais da Saúde da
Família.
55. Viver a Arte em todas
suas formas (e além
das usuais: namorar o
mundo e as pessoas);
Conhecimento
espantado e sagrado
de Outras Culturas;
Aprender a humildade
e o encantamento do
mundo;
Deixar se surpreender;
Olhar como criança,
como Poeta, como
principiante: como se
fosse a primeira vez.
58. Disciplina contínua e
persistente para
desvendar a poesia da
existência cotidiana;
Não é de todos nem
para todos;
Não tem formas únicas
nem limitadas;
Temos muitos mais
desafios do que a
técnica, as idéias, os
dispositivos...
66. A vida das pessoas simples;
O sofrimento, a desigualdade e o descaso;
Os avanços nas condições de vida;
Vozes que anunciam as mudanças....
67. As vozes - os autores - expressam processos sociais e
culturais da humanidade... Misturam o gênio singular e as
necessidades e percepções de uma época...
68. Educação de Adultos no SESI...
Forma de Alfabetizar...
Reflexão sobre a opressão...
Reflexão sobre as formas dialéticas
do aprender em diálogo....
Paulo Freire: inclassificável....!!!
69.
70. mestre de sacações e estalos;
vagaroso;
repetitivo;
simples...
engajado totalmente com os oprimidos...
De riso fácil e farto....
total e profundamente humano.... Inclassificável...
71.
72. Texto escrito para ser lido na Homenagem ao Victor Valla na Escola
Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, conferindo-lhe o título de Professor
Ilustre em 2008.
Meu querido Victor:
A gente anda tão perto e tão longe!
O tempo dos nossos encontros parece hoje tão distante.
Oito anos de conversas, celebrações, descobertas, invenções, viagens interiores...
Hoje está tudo tão longe demais
Lembro do dia em que você me mostrou um caminho meio escondido da floresta da FIOCRUZ
E ai você disse: este caminho é o meu caminho. Ele é fresco e gosto de pensar
distraído, enquanto o percorro. E eu
olhando árvores, ouvindo pássaros, cogumelos escondidos, pequenos insetos familiares.
73. E então eu disse – assim, meio budista: talvez andar por aqui seja mais importante que o mestrado,
porque somente os amigos recriam caminhos.
E você ficou me olhando com esse seu sorriso sacaninha de californiano danado,
dizendo, com seus óculos e sua barba: You got it!!!
A partir dai eu fui criando meus próprios caminhos, tão distantes, tão solitários,
tão bons quanto os seus – mas nunca tão altos, não.
Mas eu nunca esqueci daquele que você – aquele que nos orienta
quando andamos perdidos – me indicou com a leveza do monge
da floresta de Sherwood, o frei feliz da sanfoninha...
74. Volta e meia – na minha meia idade recentemente percebida – me vejo reclamando
da ausência de Figueiras, do Bar Palácio, das caipirinhas quando anoitece,
das conversas leves sobre budismo zen e sobre os beatniks,
da celebração que era a chegada da Kitta e seus projetos fotográficos,
da casa sua que eu fiquei cuidando alguns meses e que também virou minha, com objetos
vivos, com palavras guardadas nos ângulos secretos e no meio
dos seus livros que tanto amei...
Assim, meu caro irmão e pai, eu abraço desde aqui a sua ausência – a mais
presente das ausências – e descrevo (e descubro) em mim
parte das suas piadas, das suas iluminações – satoris, nirvanas, frestas descobertas. Assim
celebro sua permanência em centenas de corações
-- e nas utopias
dos seus donos, todo nós.
//// Salve Victor. //// Fiocruz, Abril de 2008.
Julio Alberto Wong Un
Abril de 2008
77. Na caixa de ferramentas vão os instrumentos
práticos, lógicos, racionais, para resolver
problemas, para conseguir objetivos;
São os objetos “úteis”.
78. Guarda as coisas “inúteis”;
Poemas, músicas, lembranças de beijos, cartas de amor
amareladas, ingressos daquele velho show, livros da
faculdade, cadernos de segredos, escritos da adolescência, a
foto da pessoa amada;
Servem para “nada” nos fazem sorrir, sonhar, pensar na
utopia e no futuro.
79. Prefiro as máquinas que servem para não
funcionar: quando cheias de areia, de formiga
e musgo, elas podem um dia milagrar de
flores. Todas as coisas apropriadas ao
abandono me religam a Deus. Senhor, eu
tenho orgulho do imprestável!
80. Ferramentas: necessárias para trabalhar, garantir
segurança, alimentação e sobrevivência; nossos
velhos conhecidos conteúdos.
Brinquedos: percepção de que a vida vale a pena
de ser vivida; permitem pensar / sentir a utilidade e
importância das ferramentas o do que com elas
resolvemos / conseguimos
82. Aprender o uso de ferramentas?
O “Como” das coisas.
Aprender porque usar as ferramentas?
Aprender a pensar e imaginar tudo o que é possível com as ferramentas
– e inventar outras;
Criar e imaginar brinquedos de vôo humano – transcendência – espírito
83. Os problemas de saúde são complexos Todos, sem
exceção;
O conhecimento da Dimensão Técnica não é suficiente as
práticas profissionais reais sempre estão além dos saberes
oficiais;
Busca de incorporação de outras disciplinas – Ciências Sociais
e Humanas - Artes e Poesia - Espiritualidade, Intuição e
Religiosidade;
84. Além das ciências... Formas experimentais, artísticas, espirituais
e religiosas...
Experiência, compreensão e conhecimento do Mundo e das
Pessoas.
Holismo, Complexidade, Psicologia Profunda, Psicologia
Transpessoal, Mitologia, Cosmologia outras vias de
conhecimento;
85. Abrir mão da superioridade técnica e ideológica;
Aprender com os processos e as pessoas às que
“ensinamos”;
Aumentar a capacidade de negociar e produzir
mistos culturais;
Aprender o tempo longo.
86. Caminhos de aprendizado pela intuição, pelos
sentidos e pelo espírito:
Arte;
Conhecimento sincero de Outras Culturas;
Tradições espirituais, místicas e meditativas;
87. Abrir o Ser a outras dimensões;
Aprender a humildade e o encantamento do
mundo;
Deixar se surpreender;
Olhar como criança, como Poeta.
88. Aprender do simples, daquele que sofre, dos pequenos, dos
excluídos;
Enxergar as oportunidades de transformação no cotidiano –
mesmo na dificuldade;
Aprender do contato profundo com os Outros: colegas
profissionais e da equipe de trabalho, pacientes, familiares,
lideranças, idosos e crianças, etc.
89. Aprendizados de experiência direta:
Viver em/com comunidade;
Viver as artes;
Contemplação da natureza e das culturas;
Experimentar os Outros (subjetividades, desejos, tristezas e alegrias);
Disciplina contínua e persistente para desvendar a poesia da
existência cotidiana;
93. Dizer aos outros o que deve ser feito;
Discursar e apelar para a razão das pessoas exclusão do
desejo;
Mudar porque é perigoso, arriscado, danoso – com comprovação
científica;
Os Outros devem concordar conosco da importância prioritária da
saúde;
Criar e manter distância (física, cultural, simbólica).
93
94. Paternalismo – proteger os coitadinhos;
Responsabilidade Social – trabalho social
para melhorar a imagem institucional – uso do
social para promoção política;
Idealismo – tudo o que eles fazem é errado
(ou no oposto: perfeito)
94
95. Distanciamento;
Cegueira seletiva e involuntária;
Perda de resolutividade;
Dificuldade para construção de processos e relações sociais
compartilhadas;
Mal-estar – preocupação - questionamento
95
97. Unidade teoria e prática:
práxis;
Ação - Reflexão - Ação;
Diálogo;
Codificação -
Descodificação;
Teoria dialética do
conhecimento;
Partir da Realidade;
Analisar;
Transformar a
Realidade...
101. 1. Método de trabalho em educação e saúde –
alfabetização (“Método” Paulo Freire) – Técnicas e
Concepções Educativas;
2. Movimentos Sociais, Experiências e Práticas de Saúde;
3. Caminho de conhecimento – epistemologia
companheira/parceira – pesquisas e reflexões.
101
104. Paulo Freire;
Oscar Jara;
Moacir Gadotti;
Bordenave
Carlos Rodrigues Brandão;
Victor Vincent Valla
Eduardo Stotz;
Eymard Vasconcelos;
Livros:
A saúde nas palavras e nos gestos;
Educação Popular em Saúde e Saúde da
Família;
Perplexidade na Universidade
Espiritualidade no Trabalho em Saúde
www.hucitec.com.br
Revista APS (UFJF)
www.scielo.org
104
119. Tu derecho a la ventana
Tu deber hacia el arbol
El derecho a la ventana.
El que vive en una casa debe tener derecho a
asomarse a su ventana y a diseñar como le
apetezca todo el trozo de muro exterior que
pueda alcanzar con el brazo. Así será
evidente para todo el mundo desde la lejanía
que allí vive una persona.
Seckau, 1958
120. Dictados de la ventana y derechos de la ventana
Algunas personas dicen que las casas consisten en
paredes.
Yo digo que las casas consisten en ventanas.
Friedensreich Hundertwasser
Notas do Editor
Felicidade de Luiz Tatit, versão Zélia Duncan.
Construído Historicamente;
Além da vontade / responsabilidade individual;
Hierarquização de Saberes: “o nosso saber é melhor porque é científico”;
Vanguarda e verdade: “nós sabemos qual é a boa saúde e o que fazer para alcança-lha”;
Educar para diminuir a ignorância;
A doença e o sofrimento como conseqüência de: descuido, desleixo, sujeira, falta de cultura: “responsabilização da vítima”;
Etnocentrismo: “não entendo como e porque estas pessoas fazem (ou não fazem) isto”.