Reflexão para a Vida Religiosa da Amazônia a partir da Laudato Si. Também útil para outros grupos religiosos, na perspectivo do diálogo intercultural e da pluralidade religiosa.
Cultivar a mística e fomentar a interculturalidade
1. Cultivar a mística
e fomentar a interculturalidade
Duas Prioridades da CRB à luz da Fratelli Tutti
Seminário da Vida Religiosa – Região Norte
Ir. Afonso Murad
2. Cultivar a mística
•Acolher e expandir a Palavra em nós
•Desenvolver a amizade com Jesus
•Deixar a música do Evangelho vibrar nas
nossas entranhas (FT 277)
5. Cultivar a mística
Para Cultivar: escolher o terreno, prepara-lo, semear,
transplantar a muda, regar, retirar as pragas, adubar, olhar
carinhosamente, esperar, colher, dividir, saborear, festejar.
Cultivamos: flores, verduras e legumes, árvores frutíferas.
Cada uma no seu tempo.
Cultivamos também amizades.
Mística: Deixar a semente da Palavra enraizar-se em nós,
crescer, produzir flores e frutos. Flores que encantam com
suas cores, texturas e odores. Frutos que nutrem.
Mística: manter vivo a amizade com Jesus, que nos convoca a
seguí-lo com nossas irmãs e irmãos.
6. Mística: deixar a música do Evangelho
vibrar nas entranhas
• Belos sons, doces melodias que ouvimos e entoamos, pessoal e
comunitariamente.
• Música que nos envolve de corpo e alma, conforta, dá alento,
tranquiliza, pacifica, seduz pelo seu encanto, nos faz “rezar duas
vezes”.
• Música que desperta, ativa os sentidos, mexe com o corpo,
memórias, sentimentos e emoções.
• A música do Evangelho: apelo de Deus a levantar-se, entrar na
dança da vida com outros(as), participar da ciranda da
fraternidade e da amizade social.
10. Mística Sapiencial
• Não é a da repetição, e sim a da aprendizagem com o
tempo. Descobre os sinais de Deus no cotidiano, aprende do
passado e se coloca de maneira lúcida no presente.
• Aprendemos das gerações que nos antecederam,
revisitamos as intuições dos nossos fundadores(as) com olhar
novo. Desenvolvemos a sensibilidade para perceber o divino
nos gestos simples das pessoas, especialmente dos mais
pobres.
• Somos como a cozinheira, que descobre sabores originais,
misturando temperos antigos e novos.
11. • Para desenvolver a sabedoria: ir ao encontro da realidade
bela e frágil dos seres humanos e da natureza. Ser presença
intensa e depois recolher-se, para assim escutar os outros e a
Deus (FT 47-49).
• Prestar uma atenção prolongada e penetrante ao coração
da vida, para reconhecer o essencial que dá sentido à
existência.
• Um caminho perseverante, feito também de silêncios e
sofrimentos, que recolher pacientemente a vasta
experiência das pessoas e dos povos realizado à luz da fé
(FT 50, 275).
12. Mística profética
Tenho que gritar, tenho que arriscar
Ai de mim se não o faço!
Como escapar de Ti, como calar
Se Tua voz arde em meu peito?
Tenho que andar, tenho que lutar
Ai de mim se não o faço!
Como escapar de Ti, como calar
Se Tua voz arde em meu peito?
13. Mística profética
• Para os(as) profetas, a adesão à aliança com Deus exige
relações sociais de inclusão e equidade. Religião sem justiça
é fingimento e idolatria. Deus a rejeita (Is 1,11-17).
• Cuidar da fragilidade dos outros, como o samaritano (FT
115) toca simultaneamente a mística e a missão.
• Vamos recuperar a dimensão social e coletiva da fé, à luz
do profetismo e da prática de Jesus.
• Hoje o profetismo é difícil, devido ao clericalismo, do
conservadorismos e da política de extrema direita que
domina o país e as consciências.
14. Profetismo e Vida Religiosa
• O profetismo denuncia que as diversas formas de exclusão
são contrárias à vontade de Deus. Vamos aderir a outra
lógica (não é a do individualismo, da indiferença e da
competição).
• Os(as) profetas são sonhadores(as)
• Sonhar, pensar, orar e atuar em vista de uma sociedade
diferente, interdependente, corresponsável pela família
humana (FT 127,165,166).
15. A casa da Farinha: o diálogo intercultural
Pra fazer a farinhada, muita gente vou chamar.
Vou fazer uma farinhada, muita gente vou chamar
Só quem entende de farinha venha peneirar aqui.
Só quem entende de farinha venha peneirar aqui.
Peneira, peneira, peneira de cá
Peneira, peneira, peneira de lá.
16.
17.
18. Fomentar a interculturalidade
• A Igreja e a Vida Religiosa na Amazônia: missionários(as)
estrangeiros(as), de outras partes do país e amazônidas.
Uma diversidade cultural com riqueza humana e conflitos.
• A chegada de pessoas diferentes, que provêm de contexto
vital e cultural distinto, transforma-se num dom,
oportunidade de enriquecimento e desenvolvimento
humano integral para todos (FT 133).
• Quando se acolhe com todo o coração a pessoa diferente,
permite-se continuar a ser ela própria, ao mesmo tempo
que lhe dá a possibilidade dum novo desenvolvimento.
19. Riscos a evitar
•Esclerose cultural
•Dominação cultural
•Submissão e perda das raízes
•Superposição sem diálogo
20. É necessário um diálogo paciente e
confiante, para que as pessoas e as
comunidades transmitam os valores da
própria cultura e acolham o bem
proveniente das experiências alheias (FT 134)
21. É preciso olhar para o global, que nos retira da mesquinhez
caseira. Quando a casa deixa de ser lar para se tornar
confinamento, prisão, o global nos resgata, porque é como a
causa final que nos atrai para a plenitude.
Ao mesmo tempo temos de assumir intimamente o local, pois
tem algo que o global não possui: ser fermento, enriquecer,
colocar em marcha mecanismos de participação.
Portanto, a fraternidade universal e a amizade social dentro
de cada sociedade são dois polos inseparáveis e ambos
essenciais (FT 142).
22. • Alargar o olhar, sem fugir ou se desenraizar! (FT 145)!
• Quanto maior “a amplitude da mente e do
coração”, mais capazes seremos de interpretar a
realidade ao nosso redor (FT 147), fazer dela parte
da nossa vida espiritual e atuar para transformá-la.
23. Lutar e crer
Vencer a dor
Louvar o criador
Justiça e paz hão de
reinar
E viva o amor!