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Apostila de Português
Compreensão leitora
El material es un apoyo, con vistas a lograr los objetivos:
 realizar una lectura autónoma, enmarcada por diferentes niveles de complejidades
lingüísticas y temáticas del material seleccionado para ese fin.
 integrar significativamente saberes previos, nociones lingüísticas específicas y estrategias y
técnicas de lectura que permitan la construcción de sentidos y la consolidación de las
competencias propias del lector comprensivo.
 reestructurar y organizar información dada según esquemas de conocimiento personales con
el fin de interpretarla, integrarla, sintetizarla o resumirla, retenerla y utilizarla como soporte
válido para el acceso a nuevas fuentes de información.
 actualizarse en relación a material con contenidos en estrecha relación con sus centros de
interés y su futuro desempeño profesional.
 desarrollar la expresión del pensamiento crítico dentro de un ámbito democrático.
El curso se enfocará en la lecto-comprensión orientada principalmente al área de
incumbencia. Por lo tanto, no se pondrá énfasis en la producción oral/escrita, ni en la
comprensión oral. Asimismo, dados los objetivos del mismo y las necesidades de los
estudiantes y para que mejore su comprensión lectora, el idioma de instrucción será
el portugués.
Cátedra de Português
CÁTEDRA DE PORTUGUÊS
Apostila para Compreensão Leitora
2020
1 |
ÍNDICE
Noções de texto ............................................................................................................................ 2
Passos para compreender um texto ......................................................................................... 2
A importância do contexto........................................................................................................ 3
Níveis de linguagem .................................................................................................................. 4
Os gêneros textuais....................................................................................................................... 6
Tipologia x Gênero Textual........................................................................................................ 6
Entrevista ...................................................................................................................................... 7
Exemplo 1 - Entrevista com Paulo Freire .................................................................................. 8
Exemplo 2 - Entrevista com um advogado................................................................................ 9
Gramática.................................................................................................................................... 11
Biografia ...................................................................................................................................... 14
Paulo Freire ............................................................................................................................. 15
Darcy Ribeiro........................................................................................................................... 17
Marilda Villela Iamamoto........................................................................................................ 19
Charge/Cartum............................................................................................................................ 22
Exemplo 1................................................................................................................................ 22
Exemplo 2................................................................................................................................ 23
Gramática.................................................................................................................................... 24
Crônica ........................................................................................................................................ 29
Crônica 1.................................................................................................................................. 32
Crônica 2.................................................................................................................................. 33
Crônica 3.................................................................................................................................. 34
Crônica 4.................................................................................................................................. 35
Gramática.................................................................................................................................... 36
Textos Jornalísticos ..................................................................................................................... 39
Notícia ................................................................................................................................. 41
Artigo de opinião/Editorial.................................................................................................. 48
Textos Acadêmicos...................................................................................................................... 53
Resumo/Abstract ................................................................................................................ 54
Artigos ................................................................................................................................. 57
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................................. 61
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Noções de texto
“A determinação do propósito de leitura permite ao leitor adotar uma
conduta eficiente a respeito de questões como a localização do texto
apropriado, a adoção do tipo de leitura conveniente (a busca rápida de
informação ampla, de entretenimento, etc.) e a apreciação do nível de
exigência compreensiva que requer” (COLOMER e CAMPS, 2002, p. 121)
Passos para compreender um texto
TEXTO – é um conjunto de ideias
organizadas e relacionadas entre si,
formando um todo significativo capaz de
produzir interação comunicativa.
Esse será o
propósito de
nossas leituras.
Fazer uma leitura
minuciosa do texto à
procura de informações
específicas. Geralmente é
feita de cima para baixo
Observar toda sua estrutura: títulos, subtítulos,
pistas tipográficas – datas, números, gráficos,
figuras, fotografias, palavras em negrito ou itálico,
cabeçalhos, referências bibliográficas, reticências...
A essa técnica chamamos
inferência (inferir) –
“adivinhar” qual o assunto
do texto mediante uma
leitura rápida
(SKIMMING).
Essa técnica chama-se
SCANNING, que
consiste em buscar
informações detalhadas,
sem que seja necessário
fazer uma leitura do
texto todo.
Fazer uma leitura mais cuidadosa,
levando-se em conta tanto os cognatos
como os falsos cognatos e o contexto
em que foi escrito o texto.
Não consulte o dicionário, pois às vezes
ele apresenta vários significados e você
correrá o risco de fazer uma escolha
errada. O próprio contexto fará com
que infira seu significado.
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A importância do contexto
Contexto é a situação concreta a que o texto se refere, são os elementos que nos ajudam a
compreender ou interpretar um texto. Há diferentes tipos de contextos (social, político, cultural,
estético, esportivo, educacional, histórico, etc.).
Para entender o contexto é
necessário ter conhecimento
sobre o que está sendo
abordado e onde ocorre.
Veja e analise os exemplos sobre a importância do contexto:
a)
Nessa tirinha de Armandinho, o humor é construído a partir da ambiguidade criada por meio do uso de
palavras homônimas, isto é, palavras iguais na escrita e na pronúncia. A forma verbal ―vendo‖ foi
interpretada por uma personagem como o gerúndio do verbo ―ver‖ e pela outra personagem como a 1ª
pessoa do singular no presente do indicativo do verbo ―vender‖ (eu vendo).
b)
No dia 31 de março de 1964, um golpe pôs fim à frágil
democracia brasileira, dando início a uma ditadura militar. O
regime militar usou de critérios políticos para censurar o
jornalismo. Muitos materiais foram censurados. Algumas
reportagens de publicações impressas eram vetadas e, nos
trechos deixados em branco, eram publicadas receitas culinárias
ou poemas.
A tirinha ao lado faz uma crítica à censura ocorrida no Brasil
durante a ditatura militar.
Para compreender de fato um texto em
outro idioma, é preciso evitar a tradução
palavra por palavra já que o contexto
em que foi criado é fundamental.
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Níveis de linguagem
Como pudemos observar, o contexto é muito importante para compreender e interpretar textos.
O contexto vai influenciar também na maneira em que falamos ou escrevemos, ou seja,
dependendo da situação comunicativa, os usuários das línguas podem eleger qualquer um dos
diferentes níveis de linguagem para interagir verbalmente com os outros.
Os níveis de linguagem podem ser:
Um falante que saiba adaptar o seu discurso às diferentes situações comunicativas e aos
diferentes interlocutores irá usar, necessariamente, a linguagem culta e a linguagem coloquial no
seu dia a dia, como linguagens complementares. Este é um exemplo de variação situacional, ou
seja, uma variação linguística em função do contexto.
 Veja e analise os exemplos:
a)
•respeito às normas gramaticais
•utilização de vocabulário rico e variado
•ensinada na escola e usada na comunicação social
Norma culta/padrão
•maior liberdade gramatical
•utilização de vocabulário simples e expressões populares
•ocorre o uso de gírias e de palavras não dicionarizadas
•está sujeita a variações regionais, culturais e sociais
Linguagem coloquial/informal/popular
•usada por determinados profissionais no exercício de sua atividade
Linguagem técnica
•usada em poemas ou romances com finalidade expressiva
Literária/artística
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b)
O assistente social faz o planejamento e a execução de políticas públicas e de programas
sociais voltados para o bem-estar coletivo e a integração do indivíduo na sociedade. Ele
trabalha com questões como exclusão social, acompanhando, analisando e propondo ações
para melhorar as condições de vida de crianças, adolescentes e adultos. Cria campanhas de
alimentação, saúde, educação e recreação e implanta projetos assistenciais. Em penitenciárias
e abrigos de menores, propõe ações e desenvolve a capacitação para a reintegração dos
marginalizados. É obrigatória a inscrição no Conselho Regional de Serviço Social para o
exercício da profissão.
(https://www.pucminas.br/servicosocial/Paginas/areas-e-subareas-de-atuacao-profissional.aspx)
c)
d)
“Hoje, 5 de outubro de 1988, no que tange à Constituição, a Nação mudou. A Constituição
mudou na sua elaboração, mudou na definição dos poderes, mudou restaurando a Federação,
mudou quando quer mudar o homem em cidadão, e só é cidadão quem ganha justo e
suficiente salário, lê e escreve, mora, tem hospital e remédio, lazer quando descansa (...)A
Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir a reforma. Quanto a
ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da
Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição, trancar
as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio, o
cemitério. A persistência da Constituição é a sobrevivência da democracia. (...)”
Ulysses Guimarães - discurso de 05/10/1988
Pronunciamento, na qualidade de Presidente da Assembleia Constituinte, ao ensejo da promulgação do novo texto constitucional.
e) f)
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Os gêneros textuais
De acordo com Bakhtin (2000), os gêneros textuais ou ―gêneros do discurso‖, são os textos
criados pela sociedade, ao longo de sua história, em atendimento às necessidades de
comunicação que vão surgindo. Toda comunicação se dá por meio de um gênero textual.
Bakhtin (2000) explica que cada gênero, oral ou escrito, é composto por três elementos que
variam em virtude de sua finalidade comunicativa:
 Conteúdo temático → o que é dizível naquele gênero.
 Estilo → o conjunto de recursos linguísticos utilizado.
 Construção composicional → a estrutura apresentada.
Os diferentes gêneros textuais se adequam ao uso que se faz deles. Adequam-se, principalmente,
ao objetivo do texto, ao emissor e ao receptor da mensagem e ao contexto em que se realiza.
Há vários gêneros textuais, mas veremos somente alguns a fim de cumprir com o objetivo de
nosso curso. São eles:
1. Entrevista
2. Biografia
3. Charge (tirinhas)
4. Crônica
5. Textos Jornalísticos
6. Textos Acadêmicos
Tipologia x Gênero Textual
É importante não confundirmos gênero textual com tipologia textual:
Então, vamos começar a compreender os gêneros textuais...
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Entrevista
Este gênero tem função geralmente informativa. Constitui-se essencialmente da conversação
entre a pessoa que entrevista e aquela entrevistada.
Há diferentes objetivos quando se vai entrevistar uma pessoa ou um grupo de pessoas. Pode ser
para um emprego, reportagem, coletar dados, etc.
INVARIÁVEIS VARIÁVEIS
O quê?
Quem?
Onde? Aonde?
Quando?
Como?
Qual – Quais
Quanto – Quantos
Quanta – Quantas
Estrutura
Básica Manchete ou
título
Essa é uma parte que deverá despertar
interesse no interlocutor envolvido,
podendo ser uma frase criativa ou
pergunta interessante.
Apresentação
É o momento em que se apresentam
os pontos de maior relevância da
entrevista, como também se destaca o
perfil do entrevistado, sua experiência
profissional e seu domínio em relação
ao assunto abordado.
Perguntas e
respostas
Basicamente é a entrevista
propriamente dita, na qual são
retratadas as falas de cada um dos
envolvidos.
Considerando que neste gênero um dos pontos importantes é saber
perguntar, vamos rever algumas marcas de interrogação...
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Exemplo 1 - Entrevista com Paulo Freire
Entrevista com Paulo Freire
Jornal dos Professores – Paulo Freire, 70 anos, professor falando com os professores. Nós
poderíamos começar assim: quando surgiu em você o desejo de ser professor? Como foi?
Paulo Freire – Fui um menino cheio de ―anúncios docentes‖, o que não significa que eu tenha
nascido professor. Agora quando eu me revejo, me retorno – coisa que gosto de fazer – me
lembro que era um menino curioso. Um professor que não exerce a curiosidade está equivocado.
Eu me perguntava muito, perguntava aos outros, era metódico no estudo. Sofria quando não
aprendia e receava que isso prejudicasse o meu próprio processo de estudo. Tinha certas
preocupações que a gente pode chamar de pedagógicas. Na adolescência, sonhava tanto em ser
professor que às vezes, para mim, era difícil perceber que estava no nível imaginário e não do
real: eu me via dando aula.
O que o levou ser professor?
Eu dizia que havia duas razões visíveis para eu ter me entregue ao Magistério. Uma era a
necessidade de ajudar. A segunda, na verdade, foi uma questão de gosto intelectual. Eu era
muito menino quando descobri certa paixão pelos estudos de Gramática e deis saltos por mim
mesmo.
Eu li todos os bons gramáticos brasileiros e portugueses que consegui comprar em sebos, tinha
uma paixão enorme e foi exatamente me servindo dos conhecimentos que fui adquirindo que me
tornei, antes mesmo de estar dando aula, competente para dar aula. Dando aula a jovens de
classe média, tão apertados quanto eu em Jaboatão, fui me tornando professor. Quando digo que
ninguém nasce professor, eu tenho a experiência viva disso.
Como foi sua primeira aula?
A primeira aula particular foi mesmo na minha casa, numa salinha. Agora, na homenagem de 70
anos que fizeram para mim em Pernambuco, meu primeiro aluno foi lá, com a esposa dele, me
abraçar. Foi meu primeiro aluno. Teve a coragem de fazer essa experiência.
E como foi essa primeira aula?
Eu devo ter começado a propor a ele uma compreensão gramatical da estrutura do discurso. O
interessante é que naquela época, sem saber nada, eu já partia para compreender as palavras nas
relações que elas têm dentro do texto e não as palavras isoladas. Por exemplo, eu nunca dei
aulas de verbo, a não ser pedindo aos meninos que criassem sentenças com os verbos.
Retirado e adaptado de http://revistagiz.sinprosp.org.br/?p=1749
O nome Paulo Freire dispensa qualquer apresentação, é por
esse motivo que o SINPRO-SP homenageia os educadores
com a reedição de trechos da entrevista que Freire concedeu
ao jornal do Sindicato em dezembro de 1991, relatando
aspectos de sua vida que são pouco conhecidos e que
permitem uma compreensão ainda maior da coerência de sua
ação.
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1. Marque no texto acima, a estrutura básica do gênero textual -
Entrevista.
2. De acordo com o texto, responda:
a. Segundo Freire, qual pode ser o erro de determinados professores?
b. O que levou Freire a ser professor?
c. Onde Paulo Freire comprava seus livros?
d. Onde foi a primeira aula de Paulo Freire?
3. Como você explica a expressão grifada na frase ―Dando aula a jovens de classe média, tão
apertados quanto eu em Jaboatão, fui me tornando professor‖.
Exemplo 2 - Entrevista com um advogado
Em entrevista ao Jornal do Advogado, Celso Lafer fala dos
atuais desafios no campo dos direitos humanos
Para Celso Lafer, jurista, professor, duas vezes ministro das
Relações Exteriores do Brasil, o mundo vive uma espécie de
maré vazante quando a temática é direitos humanos. Isso
ocorre devido ao que ele chama de „geografia das paixões‟:
um contexto global em efervescência, onde os Estados e
suas sociedades não são conduzidos apenas por seus
interesses, mas também por suas paixões, refletindo em um dos momentos mais desafiadores para
a afirmação desses direitos na atualidade, incluindo o Brasil.
O senhor diz que o mundo vive hoje uma geografia das paixões, onde é difícil alinhavar
interesses comuns e compartilháveis, quando, por exemplo, o nacionalismo cresce e a
intolerância também. Como vê a temática dos direitos humanos nesse contexto intrincado?
Estamos vivendo agora no mundo todo, uma espécie de maré vazante desta temática por conta
desta geografia das paixões. Ou seja, não se trata de maré que vai afirmando os direitos humanos,
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mas vai colocando-os em questão, diminuindo sua relevância, há uma dificuldade de afirmação
deste tema. O que quero dizer com geografia das paixões é que os Estados e as suas sociedades
não se conduzem apenas pelos seus interesses, mas também por suas paixões.
Qual é o principal desafio, hoje, no campo dos direitos humanos?
No plano internacional é a questão dos refugiados. Um dos maiores problemas hoje é o
recrudescimento dos expulsos de seus Estados e territórios. Há enorme massa de pessoas vítimas
de intolerância e dos fundamentalismos de toda natureza. No plano global, o trabalho da Acnur (Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) tem sido importante para ajudar aqueles que
não se beneficiam da proteção diplomática de seu país. O Brasil também sente efeitos hoje, com o
problema da Venezuela, que é muito sério. Mas o país está procurando responder da melhor forma
possível à situação e talvez valesse a pena pensar em ação conjunta com os vizinhos, como
Equador, Colômbia e organizações como a Organização dos Estados Americanos (OEA). O tema
dos refugiados é o mais desafiador da atualidade também no Brasil, tanto pela sua escala como por
conta da geografia das paixões, devido ao menor grau de tolerância. Há o problema dos sírios, dos
curdos, questões religiosas, por exemplo, entre os sunitas e os xiitas.
Como descreveria a atuação brasileira nas últimas décadas?
Vi melhoria no Brasil dos últimos vinte anos, a qual ocorreu em sintonia com o que estava
acontecendo no plano internacional. E o desafio hoje é o mesmo para todos, talvez menos grave
para os brasileiros pelas características do país. Não temos a mesma situação política complicada
dos países do Leste Europeu ou os tradicionais problemas de direitos humanos da Rússia, da
Turquia ou do Oriente Médio. Por outro lado, há hoje uma sociedade mais polarizada, mais
exacerbada e, por tabela, menos tolerante. A tolerância é saber lidar com verdades contrapostas –
verdades religiosas e políticas que, levadas adiante, também se traduzem no processo democrático.
A tolerância é mais desafiadora quando se passa a lidar com o diferente.
1. Marque no texto acima, a estrutura básica do gênero textual -
Entrevista.
2. Quem é o entrevistado?
3. O que o entrevistado opina sobre a ―tolerância‖?
4. Resuma com suas palavras o tema da entrevista.
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Gramática
Leia o parágrafo abaixo:
O assistente social faz o planejamento e a execução de políticas públicas e de programas sociais
voltados para o bem-estar coletivo e a integração do indivíduo na sociedade. Ele trabalha com
questões como exclusão social, acompanhando, analisando e propondo ações para melhorar as
condições de vida de crianças, adolescentes e adultos. Cria campanhas de alimentação, saúde,
educação e recreação e implanta projetos assistenciais. Em penitenciárias e abrigos de menores,
propõe ações e desenvolve a capacitação para a reintegração dos marginalizados. É obrigatória a
inscrição no Conselho Regional de Serviço Social para o exercício da profissão.
Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/home/
Veja que na oração ―É obrigatória a inscrição no Conselho Regional de Serviço Social para o
exercício da profissão‖ há vários elementos:
o no Conselho... (preposição em + o= no) na sociedade.. (em + a = na)
o da profissão... (preposição de + a= da) do povo... (de + o = do)
o de Serviço Social (preposição de)
o para o exercício (preposição para)
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1. Leia os textos abaixo e marque todos os artigos e preposições:
a) O que faz um assistente social?
Seja no campo empresarial ou em outras formas de exercício profissional o assistente social, formado
pelo curso de Serviço Social, tem como objetivo amparar pessoas que de alguma forma não tem total
acesso à cidadania, ajudando-os a resolver problemas ligados a educação, habitação, emprego, saúde. É
uma profissão de cunho assistencial, ou seja, voltada para a promoção do bem-estar físico, psicológico e
social. Este profissional pode trabalhar em empresas privadas, órgãos públicos e ONGs orientando e
acompanhando pessoas e desenvolvendo programas de assistência dirigidos a diversos públicos como
crianças em situação de risco, populações com poucos recursos financeiros ou afetadas por catástrofes
naturais, idosos, etc.
b) DIREITO:
É a ciência que cuida da aplicação das normas jurídicas vigentes em um país, para organizar as
relações entre indivíduos e grupos na sociedade. Zelar pela harmonia e pela correção das
relações entre os cidadãos, as empresas e o poder público é a função do bacharel em Direito.
Como advogado, defende os interesses do cliente em diversos campos. Como juiz, resolve
litígios entre indivíduos ou empresas. Para isso, ele analisa as disputas e os conflitos com base
no que está estabelecido na Constituição e regulamentado pelas leis.
Fonte: https://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/direito/
c) Sabia que...
Profissão é a ocupação, atividade que serve como uma fonte regular
de meios de subsistência. Exemplos: médico, advogado, engenheiro.
Curso de Graduação é uma ferramenta por meio da qual
conhecimentos necessários para o exercício de uma atividade ou
ocupação são obtidos. Exemplos: medicina, direito, engenharia.
Carreira é a especialidade obtida por meio de conhecimentos
generalizados e específicos em determinada matéria, área de atuação,
indústria ou segmento da economia. Exemplos: médico pediatra
especialista em cirurgias de recém-nascidos, advogado minerário,
engenheiro de minas subterrâneas de ouro.
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Trabalho Prático : Com base no esquema abaixo, imagine que você vai ser entrevistado/a,
faça sua apresentação escrita para posterior apresentação oral.
Eu
Atualmente (eu)
Na atualidade (eu)
Com anterioridade
(eu)
No ano passado / de
2013
No ano próximo
sou
estou fazendo estágio de
tenho
estudante de…….na………….
estudante do curso de…..
professor universitário na…
graduado em…pela…
mestrado em..pela
doutorado em…pela
autor de…
membro de…
Diretor de
Conselheiro de…
pós-graduação na…
práticas profissionais em/na….
experiência na área de…
….
me interesso por / pela
gosto de
línguas estrangeiras
gramática…
participei do /da
fiz estágio de
Congresso/Simpósio/Jornadas…
pós-graduação na…
práticas profissionais em/na….
fui selecionado para
tive a oportunidade de
participar em…
viajar a/para…
visitar….
tenho feito trabalhos em parceria com …….
vou participar em /na
farei um estágio de pós-
graduação
organização de…
na universidade
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Biografia
Biografia é a descrição dos fatos particulares da vida de uma pessoa, com dados precisos,
incluindo nomes, locais e datas dos principais fatos. Podendo conter fotos que testemunham os
acontecimentos.
Como gênero literário, a biografia é uma narração da história de vida de uma pessoa ou de uma
personagem, geralmente na terceira pessoa. Já a autobiografia é quando o autor expõe a sua
própria história na primeira pessoa. Em ambos os textos há predomínio de verbos no pretérito
perfeito e imperfeito.
Pronome
Pessoal
Terminados
em -AR
Terminados
em -ER
Terminados
em –IR
SER FAZER DAR
Eu Trabalhei Conheci Parti Fui Fiz Dei
Você Trabalhou Conheceu Partiu Foi Fez Deu
Ele/Ela Trabalhou Conheceu Partiu Foi Fez Deu
Nós Trabalhamos Conhecemos Partimos Fomos Fizemos Demos
Vocês Trabalharam Conheceram Partiram Foram Fizeram Deram
Eles/Elas Trabalharam Conheceram Partiram Foram Fizeram Deram
Pronome
Pessoal
Terminados
em -AR
Terminados
em -ER
Terminados
em –IR
SER FAZER DAR
Eu Trabalhava Conhecia Partia Era Fazia Dava
Você Trabalhava Conhecia Partia Era Fazia Dava
Ele/Ela Trabalhava Conhecia Partia Era Fazia Dava
Nós Trabalhávamos Conhecíamos Partíamos Éramos Fazíamos Dávamos
Vocês Trabalhavam Conheciam Partiam Eram Faziam Davam
Eles/Elas Trabalhavam Conheciam Partiam Eram Faziam Davam
Estrutura básica
Introdução
inclui uma
apresentação inicial
do protagonista
Desenvolvimento
a descrição dos
principais fatos que
compõem a história
Conclusão
uma parte final de
caráter subjetivo
Considerando que na Biografia predomina o uso dos verbos
no pretérito perfeito e imperfeito, vamos rever alguns...
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Paulo Freire
Paulo Freire nasceu em 1921 em Recife, em uma família de
classe média. Com o agravamento da crise econômica
mundial iniciada em 1929 e a morte de seu pai, quando tinha
13 anos, Freire passou a enfrentar dificuldades econômicas.
Formou-se em direito, mas não seguiu carreira, encaminhando
a vida profissional para o magistério. Suas ideias pedagógicas
se formaram da observação da cultura dos alunos - em
particular o uso da linguagem - e do papel elitista da escola.
Em 1963, em Angicos (Rio Grande do Norte), chefiou um
programa que alfabetizou 300 pessoas em um mês. No ano seguinte, o golpe militar o
surpreendeu em Brasília, onde coordenava o Plano Nacional de Alfabetização do presidente
João Goulart. Freire passou 70 dias na prisão antes de se exilar. Em 1968, no Chile, escreveu
seu livro mais conhecido, Pedagogia do Oprimido. Também deu aulas nos Estados Unidos e na
Suíça e organizou planos de alfabetização em países africanos. Com a anistia, em 1979, voltou
ao Brasil, integrando-se à vida universitária. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e, entre
1989 e 1991, foi secretário municipal de Educação de São Paulo. Freire foi casado duas vezes e
teve cinco filhos. Foi nomeado doutor honoris causa de 28 universidades em vários países e teve
obras traduzidas em mais de 20 idiomas. Morreu em 1997, de enfarte.
Tempos de mobilização e conflito
O ambiente político-cultural em que Paulo Freire
elaborou suas ideias e começou a experimentá-las
na prática foi o mesmo que formou outros
intelectuais de primeira linha, como o economista
Celso Furtado e o antropólogo Darcy Ribeiro
(1922-1997). Todos eles despertaram
intelectualmente para o Brasil no período iniciado
pela revolução de 1930 e terminado com o golpe
militar de 1964. A primeira data marca a retirada
de cena da oligarquia cafeeira e a segunda, uma reação de força às contradições criadas por
conflitos de interesses entre grandes grupos da sociedade. Durante esse intervalo de três décadas
ocorreu uma mobilização inédita dos chamados setores populares, com o apoio engajado da
maior parte da intelectualidade brasileira. Especialmente importante nesse processo foi a ação
de grupos da Igreja Católica, uma inspiração que já marcara Freire desde casa (por influência da
mãe). O Plano Nacional de Alfabetização do governo João Goulart, assumido pelo educador, se
inseria no projeto populista do presidente e encontrava no Nordeste - onde metade da população
de 30 milhões era analfabeta - um cenário de organização social crescente, exemplificado pela
atuação das Ligas Camponesas em favor da reforma agrária. No exílio e, depois, de volta ao
Brasil, Freire faria uma reflexão crítica sobre o período, tentando incorporá-la a sua teoria
pedagógica.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/mentor-educacao-consciencia-423220.shtml?page=3
Aula em Angicos, em 1963: 300 pessoas alfabetizadas pelo
método Paulo Freire em um mês. Foto: acervo fotográfico dos
arquivos Paulo Freire do Instituto Paulo Freire
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1. Você viu que uma biografia é escrita na terceira pessoa (ele/ela), retire
do texto lido os verbos que marcam esta característica, depois complete o
quadro abaixo:
Exemplo: Paulo Freire nasceu em 1921 em Recife.
VERBO
INFINITIVO
PRESENTE PRETÉRITO
PERFEITO
PRETÉRITO
IMPERFEITO
Nascer Nasce Nasceu Nascia
2. Marque no texto, a estrutura básica do gênero textual - Biografia.
3. De acordo com o texto, responda:
a. Onde nasceu Paulo Freire?
b. Freire enfrentou problemas econômicos? Por quê?
c. Ele foi advogado?
d. Porque Freire foi exilado?
e. A que partido político pertencia Freire?
4. Encontre no texto, palavras equivalentes a:
a. Encarar
b. Comandou
c. Ministrou
d. Perdão
e. Empenhado
5. Complete a biografia abaixo com o verbo no tempo adequado:
Nélida Piñon
Nélida Piñon nasceu no Rio de Janeiro, descendente de Galegos, desde criança escolheu o oficio
de escritora. Ainda criança escrevia pequenas histórias e as____________(vender) ao pai e
familiares. _______________ (formar-se) no curso de Jornalismo, da Faculdade de Filosofia da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Com vasta bibliografia suas obras
______________ (ser) traduzidas em mais de 30 países, e ________________
(contemplar)romances, contos, ensaios, discursos, crônicas e memórias.
_________(ser) Titular da Cátedra Henry King Stanford em Humanidades, da Universidade de
Miami no período de 1990 a 2003 (ocupada anteriormente por Isaac Baschevis Singer, prêmio
Nobel de Literatura de 1978). Quinta ocupante da Cadeira 30, eleita em 27 de julho de 1989, na
sucessão de Aurélio Buarque de Holanda e recebida em 3 de maio de 1990 pelo Acadêmico
Lêdo Ivo. Em 1996-1997 _______________ (tornar-se) a primeira mulher, em 100 anos, a
presidir a Academia Brasileira de Letras, no ano do seu I Centenário.
Fonte: http://www.academia.org.br/academicos/nelida-pinon/biografia (adaptado)
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Darcy Ribeiro
Darcy Ribeiro nasceu em Minas (1922), no centro
do Brasil. Formou-se em Antropologia em São
Paulo (1946) e dedicou seus primeiros anos de vida
profissional ao estudo dos índios do Pantanal, do
Brasil Central e da Amazônia. Neste período
fundou o Museu do Índio e criou o Parque Indígena
do Xingu. Escreveu uma vasta obra etnográfica e
de defesa da causa indígena.
Nos anos seguintes (1955) dedicou-se à educação primária e superior. Criou a Universidade de
Brasília e foi Ministro da Educação. Mais tarde foi Ministro-Chefe da Casa Civil e coordenava a
implantação das reformas estruturais, quando sucedeu o golpe militar de 64, que o lançou no
exílio. Viveu em vários países da América Latina conduzindo programas de reforma
universitária, com base nas ideias que defende em ―A universidade necessária‖. Foi assessor do
presidente Salvador Allende, do Chile, e Velasco Alvarado, do Peru. Escreveu neste período os
cinco volumes de seus Estudos de Antropologia da Civilização (O processo civilizatório, As
Américas e a Civilização, O dilema da América Latina, Os Brasileiros: 1. Teoria do Brasil, e Os
índios e a Civilização), que têm 96 edições em diversas línguas. Neles propõe uma teoria
explicativa das causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos.
Ainda no exílio, começou a escrever os romances Maíra e O mulo, e já no Brasil escreveu dois
outros: Utopia selvagem e Migo. Publicou Aos trancos e barrancos, que é um balanço crítico da
história brasileira de 1900 a 1980. Publicou também uma coletânea de ensaios insólitos: (Sobre
o óbvio), e um balanço de sua vida intelectual: Testemunho. Edita juntamente com Berta G.
Ribeiro a Suma Teológica brasileira. Seu último livro, publicado pela Biblioteca Ayacucho, em
espanhol, e pela Editora Vozes, em Português, é A fundação do Brasil, um compêndio de textos
históricos dos séculos XVI e XVII, comentados por Carlos Moreira, e precedidos de um longo
ensaio analítico sobre os primórdios do Brasil.
Retornando ao Brasil em 1976, voltou a dedicar-se à educação e à política. Elegeu-se vice-
governador do estado do Rio de Janeiro, foi secretário da Cultura e Coordenador do Programa
de Educação, com o encargo de implantar 500 CIEPs que são grandes escolas de turno completo
para 1000 crianças e adolescentes. Criou, então, a Biblioteca Pública Estadual, a Casa França-
Brasil, a Casa Laura Alvin, o Centro Infantil de Cultura de Ipanema. E o Sambódromo, em que
colocou 200 salas de aula para fazê-lo funcionar também como uma enorme escola primária.
Elegeu-se senador da República, função que exerce defendendo vários projetos, entre eles, uma
lei de trânsito para defender os pedestres contra a selvageria dos motoristas; uma lei dos
transplantes que, invertendo as regras vigentes, torna possível usar órgãos dos mortos para
salvar os vivos; uma lei contra o uso vicioso da cola de sapateiro que envenena e mata milhares
de crianças. Combate energicamente no Congresso para que a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação seja mais democrática e mais eficaz. Publica pelo Senado a revista Carta, onde os
principais problemas do Brasil e do mundo são analisados e discutidos. Foi eleito membro da
Academia Brasileira de Letras.
Conta entre suas façanhas maiores haver contribuído para o tombamento de 98 quilômetros de
belíssimas praias e encostas, além de mais de mil casas do Rio antigo. Colaborou na criação do
Memorial da América Latina, edificado em São Paulo com projeto de Oscar Niemeyer. Gravou
um disco na série mexicana "Vozes da América". E mereceu títulos de Doutor Honoris Causa da
Sorbonne e das Universidades de Montevidéu, Copenhague e da Venezuela Central.
Fonte: http://www.ensayistas.org/filosofos/brasil/ribeiro/introd.htm
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1. Marque no texto, a estrutura básica do gênero textual - Biografia.
2. De acordo com o texto, responda:
a. A que se dedicou Darcy Ribeiro nos primeiros anos profissionais?
b. Depois, a que se dedicou?
c. De quem ele foi assessor fora do Brasil?
d. Como senador, o que defendeu?
e. O que ele criou sendo vice-governador do Rio de Janeiro?
3. Encontre no texto, palavras equivalentes a:
a. Destinou
b. Organizava
c. Encaminhando
d. Logros
e. Brutalidade
4. Retire do texto cinco verbos, depois complete o quadro abaixo:
VERBO
INFINITIVO
PRESENTE PRETÉRITO
PERFEITO
PRETÉRITO
IMPERFEITO
Nascer Nasce Nasceu Nascia
5. Complete a biografia abaixo com o verbo no tempo adequado:
Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis é considerado um dos mais importantes escritores da
literatura brasileira. ___________(Nascer) no Rio de Janeiro em 21/6/1839, filho de uma
família muito pobre. Mulato e vítima de preconceito, _____________(perder) na infância sua
mãe e foi criado pela madrasta. ________________(superar) todas as dificuldades da época e
tornou-se um grande escritor.
Na infância, _____________(estudar) numa escola pública durante o primário e
__________________(aprender) francês e latim. Trabalhou como aprendiz de tipógrafo,
_____________(ser) revisor e funcionário público.
Publicou seu primeiro poema intitulado Ela, na revista Marmota Fluminense.
__________________(trabalhar) como colaborador de algumas revistas e jornais do Rio de
Janeiro. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de letras e seu primeiro presidente.
Machado de Assis também ______________(escrever) contos, tais como: Missa do Galo, O
Espelho e O Alienista. Escreveu diversos poemas, crônicas sobre o cotidiano, peças de teatro,
críticas literárias e teatrais.
Machado de Assis _____________(morrer) de câncer, em sua cidade natal, no ano de 1908.
(Fonte: http://machado.mec.gov.br/)
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Marilda Villela Iamamoto
Assistente Social. Atualmente aposentada. Mineira, de
Juiz de Fora. Estudou na Faculdade de Serviço Social
da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) entre
1967 e 1971. Fez mestrado em Sociologia Rural na
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da
Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) e doutorou-se
em Ciências Sociais, na Pontifícia Universidade de São
Paulo (PUC-SP).
Atuou como docente na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG),
na década de setenta, na PUC-SP (1980-1988) e foi Professora Titular da Escola de
Serviço Social da UFRJ, onde exerceu suas atividades acadêmicas de 1988 a 1997.
Atualmente é Professora Titular da Faculdade de Serviço Social, procientista da UERJ
e membro do comitê editorial da revista Em Pauta. Teoria social e realidade
contemporânea da FSS/UERJ. É, desde 2000, professora colaboradora visitante da
Maestria en Trabajo Social da Universidad Nacional de La Plata - UNLP (Argentina);
membro avaliador do Sistema Nacional de Acreditación de La Educación Superior -
SINAES (Costa Rica) e assessora do Projeto de Capacitação à Distância
(UnB/CEFESS/ABEPSS). É professora colaboradora do Mestrado em Política Social
da Pontifícia Universidade Católica de Salvador (UCSAL) e tem atuado como
conferencista em vários eventos nacionais e internacionais.
Foi pesquisadora do Centro Latinoamericano de Trabajo Social – CELATS- (Peru),
membro da diretoria do Centro de Documentação e Pesquisa em Serviço Social
(CEDEPSS) vinculado à Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social (ABESS).
Foi membro do comitê de representação da área de Serviço Social na CAPES/MEC
(1987-1989) e da Comissão de Especialistas de Ensino do MEC/Sesu (1998-2000).
Atuou como Professora Visitante na Universidad Autónoma de Honduras (UNAH), na
PUC-MG, na Universidade Federal Fluminense (UFF) e na UFJF.
Principais publicações:
É autora dos livros: Trabalho e indivíduo social. 2ª. ed. São Paulo: Cortez, 2006; O
Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 10ª. ed. São
Paulo: Cortez, 2006; Renovação e Conservadorismo no Serviço Social. Ensaios
críticos. 8ª. ed. São Paulo: Cortez, 2006; El Servicio Social en la contemporaneidad.
Trabajo y Formación Profesional. 2. ed. Biblioteca Latinoamericana de Servicio Social.
São Paulo: Cortez, 2005; Servicio Social y División del Trabajo. 2ª. ed. Biblioteca
Latinoamericana de Servicio Social .São Paulo: Cortez, 2001. Em co-autoria com Raul
de Carvalho publicou: Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. Esboço de uma
interpretação histórico-metodológica. 19ª. ed. São Paulo: Cortez, 2006; Relaciones
Sociales y Trabajo Social. Esbozo de una interpretación histórico-metodológica. Peru:
CELATS, 1984.
FONTE: http://www.ceoctavioianni.uerj.br/marilda.html
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1. Marque no texto, a estrutura básica do gênero textual - Biografia.
2. De acordo com o texto, responda:
a. Onde Marilda atuou nos anos 90?
b. O que ela faz atualmente?
c. Ela publicou livros em outros idiomas?
d. Qual é o foco principal dela?
3. Retire do texto os verbos depois complete o quadro abaixo:
VERBO
INFINITIVO
PRESENTE PRETÉRITO
PERFEITO
PRETÉRITO
IMPERFEITO
Nascer Nasce Nasceu Nascia
4. Encontre no texto, palavras equivalentes a:
a. Exercido
b. Ligado
c. Trabalhou
5. Marilda Iamamoto é Assistente Social, você sabe como é esta profissão no Brasil? Leia o
texto abaixo e responda às perguntas:
Mercado de Trabalho do
Assistente Social
O forte do mercado continua sendo o setor público, em que as vagas costumam ser preenchidas
por concurso. As oportunidades estão nos Centros de Referência Especializados de Assistência
Social e no INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), mas também em hospitais, unidades
básicas de saúde e ambulatórios especializados. Programas sociais do governo federal, como o
Bolsa Família e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), ampliam o campo de
trabalho para além das grandes cidades. ONGs e fundações também contratam o assistente
social. A procura é maior no Sudeste, mas existe demanda em todo o país.
Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/home/
a) Qual é o forte do mercado para o Assistente Social?
b) O que você entende por ―vagas‖?
c) Além do serviço público, quem contrata o Assistente Social?
d) Explique ―ampliam o campo de trabalho para além das grandes cidades‖.
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Trabalho Prático: Com base no esquema abaixo, imagine que você vai deve apresentar uma pessoa
importante, faça sua apresentação escrita para posterior apresentação oral.
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Charge/Cartum
Bom humor, ironia, linguagem verbal e não verbal. Esses são alguns dos elementos que
constituem o gênero textual chamado charge.
A charge é um tipo de ilustração que geralmente apresenta um discurso humorístico e está
presente em revistas e principalmente jornais. Trata-se de desenhos elaborados por cartunistas
que captam de maneira perspicaz as diversas situações do cotidiano, transpondo para o desenho
algum tipo de crítica, geralmente permeada por fina ironia.
O principal objetivo de uma charge é transmitir uma visão crítica sobre determinado assunto que
esteja em discussões na sociedade. Por isso as charges podem perder seu objetivo por estarem
marcadas cronologicamente. Normalmente elas são publicadas nas seções de artigos de opinião
e cartas dos leitores, justamente por indicarem opiniões e juízos de valores por parte de quem
enuncia, no caso, o chargista.
Exemplo 1.
Vamos buscar responder em todas as charges as seguintes perguntas:
 Que tipo de críticas demonstra? Em que contexto foi criada?
 Poderia se adequar à situação do seu país? Justifique.
Esta charge revela uma crítica aos
meios de comunicação, em
especial à internet, porque
questiona a integração das pessoas
nas redes virtuais de
relacionamento. No contexto social
atual, algumas pessoas preferem a
interação social através das redes
sociais, já que a internet possibilita
a conexão com um maior número
de pessoas em diferentes locais do
mundo. Essa preferência acaba por
prejudicar e desumanizar o contato
entre as pessoas, crítica que pode
ser percebida através dos recursos
de linguagem adotados pelo
chargista.
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Exemplo 2.
Para entender esta charge é necessário ter o
conhecimento do contexto em que foi criada
e particularidades próprias da linguagem
usada no Brasil naquela época.
Sabemos que a compreensão de todo e qualquer texto passa pelo
conhecimento prévio do leitor ou ouvinte, como é o caso de tirinhas, charges e
piadas. Um termo ou uma palavra, além do seu significado literal, pode vir
acrescido de outros significados. No processo de interação da linguagem, o
autor intencionalmente busca causar efeitos, desencadear comportamentos,
atuar sobre o outro de determinada maneira.
Sabendo disso, analise as charges a seguir. Respondendo para cada uma:
 Que tipo de críticas demonstra? Em que contexto foi criada?
 Poderia se adequar à situação do seu país? Justifique.
A charge satiriza uma prática eleitoral
presente no Brasil da chamada ―Primeira
República‖. Tal prática revelava a ampliação
do direito de voto trazida pela República, que
passou a incluir os analfabetos e facilitou sua
manipulação por políticos inescrupulosos. A
charge faz uma crítica ao chamado ―voto de
cabresto‖, prática muito utilizada pelos
políticos na ―Primeira República‖, quando
esses obrigavam seus eleitores a votarem em
seus candidatos para manterem-se no poder.
A expressão ―voto de cabresto‖ é uma clara
alusão ao nome dado ao boi manso que serve
de guia a touros.
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Gramática
O significado das palavras pode ser muito amplo. Através da imaginação das pessoas pode-se
aumentar o significado das ideias. Assim obtemos novos entendimentos por meio de
associações, dependendo da colocação das expressões nas frases e também do contexto em que
elas foram empregadas.
Por isso é importante estar atento a alguns elementos:
Denotação
é o significado do dicionário, o
sentido literal da palavra.
Conotação
é o sentido figurado da palavra,
que pode mudar de significado
dependendo do contexto em
que está inserida.
Ganhei um lindo gato siamês. (animal felino)
Meu coração bate acelerado quando te vê.
(órgão muscular)
O leão é um animal feroz. (animal felino)
A menina está com a cara toda pintada
(face, rosto)
Meu namorado é um gato. (rapaz bonito)
Tome cuidado, pois o homem é um gato.
(ladrão)
Aquele homem é um leão. (pessoa forte,
brava)
Ele mora no coração da cidade. (centro)
Aquele cara é suspeito (sujeito, pessoa,
indivíduo)
No Brasil o “leão” é o símbolo do Imposto de Renda.
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MAIS EXEMPLOS:
ORAÇÃO DENOTATIVO CONOTATIVO
Ele é FERA em basquete ball. Muito habilidoso no basquete
A FERA devorou a presa animal feroz
Amélia é uma COBRA Muito astuciosa, falsa
Amélia matou a COBRA na porta um réptil – animal
Aninha é uma LADRA de corações conquistadora
Aninha é uma LADRA perigosa que furta, rouba
Beth é um DOCE de pessoa Pessoa meiga, bondosa
Beth comeu todo o DOCE que fiz. iguaria feita com açucar
Na capa da revista, a expressão ―Estamos devorando o
Planeta‖ está no sentido conotativo e significa que
estamos esgotando os recursos naturais, destruindo-os
para nos alimentar.
Da mesma forma que na historieta abaixo, quando se
fala ―...de que a bateria dele não acaba‖, o autor quis
dizer que a criança é muito ativa.
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Você viu que para entender qualquer passagem de um texto, é necessário
confrontá-la com as demais partes que o compõem (contexto), para não
correr o risco de dar-lhe um significado oposto ao que ela de fato tem.
1. Pensando nisso, marque a palavra chave e indique em que
sentido está cada oração e dê a explicação do sentido conotativo:
a. O menino quebrou a vidraça.
b. A garota quebrou o silêncio.
c. Uma pedra rolou da escada.
d. Aquela pessoa é uma pedra no meu sapato.
e. As estrelas do céu brilhavam.
f. As estrelas do filme estiveram presentes.
g. Querida, acho que perdi a chave do carro outra vez!
h. Acreditamos que esta seja a verdadeira chave do sucesso.
i. Sua ilustre presença certamente encerrou o encontro com chave de ouro.
j. Esta sala é uma geladeira.
k. Levei minha geladeira para consertar.
l. Meu pai é meu espelho
m. Quebrei o espelho do banheiro
n. Essa menina tem um coração de ouro.
o. A Praça da Sé fica no coração de São Paulo.
p. Fez um transplante de coração.
q. Completou vinte primaveras.
r. Na primavera os campos florescem.
s. Estava tudo em pé de guerra.
t. Ela estava com os pés inchados.
u. É órfão de afeto.
v. Muito cedo ele ficou órfão de pai.
w. O alpinista conseguiu escalar a montanha.
x. Ela disse uma montanha de absurdos.
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2. Leia os quadrinhos e faça o que se pede:
a. O melhor de Hagar, o horrível:
- Após ouvir a resposta de Hagar para sua pergunta, Eddie Sortudo faz algo inesperado. O
quê?
- Hagar certamente esperava que sua resposta fosse interpretada de outra maneira.
Explique.
- Identifique, no primeiro quadrinho, o trecho da fala de Hagar que foi interpretado de
modo diferente por ele e por Eddie.
b. Leia esta tira de Fernando Gonsales:
- Há, na tira, apenas uma frase com sentido denotativo. Identifique-a.
- As três frases ditas pelo ratinho tem sentido conotativo. Explique o sentido de cada.
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3. Analise as imagens abaixo e explique o significado de cada uma delas:
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Crônica
A crônica é uma forma textual no estilo de narração que tem por base fatos que acontecem em
nosso cotidiano. Por este motivo, é uma leitura agradável, pois o leitor interage com os
acontecimentos e por muitas vezes se identifica com as ações tomadas pelas personagens.
O texto é curto e de linguagem simples, o que o torna ainda mais próximo de todo tipo de leitor
e de praticamente todas as faixas etárias. A sátira, a ironia, o uso da linguagem coloquial
demonstrada na fala das personagens, a exposição dos sentimentos e a reflexão sobre o que se
passa estão presentes nas crônicas.
Veja a estrutura e os recursos linguísticos utilizados pelo autor, na crônica de Moacyr Scliar,
―Cobrança‖: Note que o tom da narrativa é o da conversa, do bate-papo informal. Há poucas
personagens e o fato ocorre em um tempo breve (minutos, algumas horas, período do dia). O
lugar onde o episódio ocorre geralmente é um só, bem determinado.
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Você notou como narrador, não faz rodeios; logo no título vai direto ao tema: trata-se de uma
cobrança. No primeiro parágrafo, de forma também concisa e direta, introduz as personagens:
cobrador e devedora inadimplente. Não as caracteriza, não diz nada a respeito delas. Indica
algumas ações e onde elas ocorrem – o essencial para que o leitor visualize a cena. Ele também
estabelece um diálogo entre ambas, explicitando ligeiramente a situação.
Em seguida o cronista introduz um elemento surpresa: o leitor, agora, já não está na frente de
um cobrador, mas de um marido cobrador, o Aristides. A mulher, que não ganha um nome, já
não é uma mulher qualquer, mas a mulher do cobrador! Essa revelação altera as previsões do
leitor e, por isso mesmo, o surpreende; o leitor está perante uma situação aparentemente
inusitada. Isso o obriga a mudar o curso de seu pensamento.
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Assim, essa crônica, como muitas outras, refere-se a um tipo de comportamento humano, um
comportamento atemporal, o que, por um lado, facilita a identificação do leitor e, por outro,
estabelece a atualidade do assunto. Além disso, o cronista a escreve com recursos bastante
interessantes, de forma que a crônica deixa de ser ―descartável‖, adquirindo um sabor literário.
Para todas as crônicas a seguir, faremos o mesmo exercício, com o
objetivo de verificar se você compreendeu o texto e também de
estudar a estrutura gramatical. Para a compreensão de texto leia uma
vez sem se preocupar em traduzir ou entender todas as palavras, o
importante é entender o texto. Depois faremos uma análise para
estudar a estrutura e vocabulário.
1. Compreensão de Texto:
a. O autor é observador ou personagem?
b. Como o narrador introduz as personagens?
c. Existe um elemento surpresa?
d. Que aspectos do cotidiano são narrados? De que forma?
e. Que caráter tem a crônica? (humorístico, crítico, satírico e/ou irônico)
2. Estrutura e Vocabulário:
a. Que tempo predomina no texto?
b. Marque todas as preposições e/ou contrações
c. Existem no texto palavras usadas com o sentido conotativo, quais?
d. Identifique as marcas de tempo
e. Identifique os pronomes pessoais
f. Identifique os pronomes possessivos e os demonstrativos
g. Complete o quadro com os substantivos e adjetivos retirados do texto:
Substantivo Gênero Plural Adjetivo Plural
Obrigação Feminino (a obrigação) Obrigações Discreta Discretas
h. Complete o quadro com os verbos retirados do texto, de acordo com o contexto
que eles foram utilizados:
Presente Pretérito
Perfeito
Pretérito
Imperfeito
Futuro Futuro do
Pretérito
Outros Qual?
Posso Abriu Estava Vai dizer Diria Ter Infinitivo
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Crônica 1
A Raça Superior (Walcyr Carrasco)
A ESPÉCIE HUMANA ACREDITA ser a única inteligente. Puro engano. Há tempos imemoriais nós, os
humanos, fomos derrotados por uma raça superior, muito mais esperta. Mais que derrotados, fomos
domesticados. Pelos cachorros. De fato, sob qualquer índice de avaliação, a raça canina se mostra
superior. Quem convive com um cão gosta de dizer que é "dono". Como acreditar, se tudo prova que o
cachorro é dono do homem? Na questão da alimentação, por exemplo. Qualquer pessoa gasta dinheiro
e tempo para comprar ração. Analisa os vários tipos e até experimenta uns pedacinhos para avaliar o
sabor. Corre atrás de ossos para proporcionar tardes de degustação ao cachorro. Compra imitações de
borracha. Indústrias pesquisam novas rações nutritivas. Gastam uma fábula em propaganda. Ou seja:
sem levantar uma pata, o cachorro faz com que os seres humanos trabalhem torrando neurônios,
tempo e dinheiro simplesmente para alimentá-los! Certa vez tive uma cachorrinha que só podia comer
arroz com cenoura e carne moída. Estava sem empregada. Durante um mês levantava uma hora antes,
preparava a comida e saía para trabalhar. Ao voltar, servia uma nova refeição e lavava o prato. Em troca,
ela me lambia os dedos. Eu me sentia no cúmulo da felicidade só de receber essas lambidinhas! Seja dita
a verdade: quem era dono de quem? E na questão amorosa? Quando gosta, de alguém, o cão abana o
rabo. Pode ser um desconhecido. Gostou, abanou. Quando está a fim, deita-se de patas para cima e
lança um olhar bem pidoncho. Até o coração mais duro não resiste a dar carinho, cocar as orelhas, fazer
uns afagos. Eu, não. Nunca me deitei de barriga para ficar me oferecendo. Vontade não faltou, mas e a
coragem? Nós, seres humanos, usamos artifícios. Gastamos dinheiro em perfumes, em cabeleireiros, em
dermatologistas. Vamos a happy hours, jantares, festas, barzinhos da moda, entramos em chats da
internet, só para achar quem nos coce as orelhas. Se alguém faz festa para todo mundo que conhece,
rebolando como um cãozinho, vem o veredicto: — Ih! Está com carência afetiva. Toca a procurar
terapeuta. Horas e horas dedicadas a analisar a pura vontade de buscar amor! Revistas dedicam
quilômetros de papel a.práticas de sedução. Como olhar de lado, como sorrir, como se oferecer sem dar
na vista. Mais: como ter coragem de expressar os sentimentos. Cachorro, não. Abana o rabo e pronto.
Muitas vezes, com ciúme, já tive vontade de morder alguém. Ao contrário, sorri simpaticamente
enquanto o sangue fervia. Cães não possuem esse tipo de constrangimento. Atiram-se em cima do rival.
Mordem a mão de quem acaricia. Até conseguirem seu quinhão de afeto. Mas também não guardam
raiva. Depois de rosnarem um para o outro, dois cães saem pulando e brincando juntos. Que espécie
sabe lidar melhor com as próprias emoções? A questão da pele também é importante. Criamos
indústrias do vestuário porque não estamos satisfeitos com a própria pele, e inventamos estratagemas
para cobri-la. Boa parte da humanidade se dedica a fabricar tecidos, a inventar e a vender roupas.
Qualquer pessoa ambiciona se vestir bem. Fortunas são despendidas em novos guarda-roupas. A moda
vira, e toca a gastar tudo outra vez.
Cachorro, não. Nasce vestido. Imagine-se quanto delírio, quanta mão-de-obra seria evitada se o ser
humano tivesse a mesma tranqüilidade a respeito da própria aparência. Chegamos ao X da questão.
Criamos filosofias, escrevemos livros. Há quem faça ioga, meditação. Tudo para aprender a aceitar o
fardo da existência. O cão já nasce aceitando. A vida é e não é, deve pensar o cão, com a, sabedoria de
um mestre zen. É o que constato todo dia ao chegar em casa exausto do trabalho, de mau humor com o
chefe, com a fatura do cartão de crédito prestes a me degolar, o cheque especial batendo as folhas em
torno de minhas orelhas como uma ave de rapina.
Sento na varanda e meu cachorro se aproxima: Sem nenhuma preocupação na vida. Deita-se aos meus
pés e prepara-se para receber sua dose cotidiana de carinho. Eu me submeto. Raça superior é isso aí.
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Crônica 2
Uma tese é uma tese (Mário Prata)
Sabe tese, de faculdade? Aquela que se defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu
estou falando. Você deve conhecer pelo menos uma pessoa que já defendeu uma tese. Ou esteja
defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é feita para ser atacada pela banca, que são aquelas
pessoas que gostam de botar banca.
As teses são todas maravilhosas. Em tese. Você acompanha uma pessoa meses, anos, séculos,
defendendo uma tese. Palpitantes assuntos. Tem tese que não acaba nunca, que acompanha o
elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte. O mais interessante na tese é que, quando
nos contam, são maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o sofrimento do
autor, anos a fio. Aí ele publica, te dá uma cópia e é sempre – sempre – uma decepção. Em tese.
Impossível ler uma tese de cabo a rabo. São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas
apenas para o julgamento da banca circunspeta, sisuda e compenetrada em si mesma. E nós?
Sim, porque os assuntos, já disse, são maravilhosos, cativantes, as pessoas são
inteligentíssimas. Temas do arco-da-velha. Mas toda tese fica no rodapé da história. Pra que
tanto sic e tanto apud? Sic me lembra o Pasquim e apud não parece candidato do PFL para
vereador? Apud Neto.
Escrever uma tese é quase um voto de pobreza que a pessoa se autodecreta. O mundo para, o
dinheiro entra apertado, os filhos são abandonados, o marido que se vire. Estou acabando a
tese. Essa frase significa que a pessoa vai sair do mundo. Não por alguns dias, mas anos. Tem
gente que nunca mais volta. E, depois de terminada a tese, tem a revisão da tese, depois tem a
defesa da tese. E, depois da defesa, tem a publicação. E, é claro, intelectual que se preze, logo
em seguida embarca noutra tese. São os profissionais, em tese. O pior é quando convidam a
gente para assistir à defesa. Meu Deus, que sono. Não em tese, na prática mesmo.
Orientados e orientandos (que nomes atuais!) são unânimes em afirmar que toda tese tem de
ser – tem de ser! – daquele jeito. É pra não entender, mesmo. Tem de ser formatada assim. Que
na Sorbonne é assim, que em Coimbra também. Na Sorbonne, desde 1257. Em Coimbra, mais
moderna, desde 1290. Em tese (e na prática) são 700 anos de muita tese e pouca prática.
Acho que, nas teses, tinha de ter uma norma em que, além da tese, o elemento teria de fazer
também uma tesão (tese grande). Ou seja, uma versão para nós, pobres ignorantes que não
votamos no Apud Neto. Ou seja, o elemento (ou a elementa) passa a vida a estudar um assunto
que nos interessa e nada. Pra quê? Pra virar mestre, doutor? E daí? Se ele estudou tanto aquilo,
acho impossível que ele não queira que a gente saiba a que conclusões chegou.
Tem gente que vai para os Estados Unidos, para a Europa, para terminar a tese. Vão lá nas
fontes. Descobrem maravilhas. E a gente não fica sabendo de nada. Só aqueles sisudos da
banca. E o cara dá logo um dez com louvor. Louvor para quem? Que exaltação, que encômio é
isso? E tem mais: as bolsas para os que defendem as teses são uma pobreza. Tem viagens,
compra de livros caros, horas na Internet da vida, separações, pensão para os filhos que a
mulher levou embora. É, defender uma tese é mesmo um voto de pobreza, já diria São
Francisco de Assis. Em tese.
Tenho um casal de amigos que há uns dez anos prepara suas teses. Cada um, uma. Dia desses a
filha, de 10 anos, no café da manhã, ameaçou:
– Não vou mais estudar! Não vou mais na escola.
Os dois pararam – momentaneamente – de pensar nas teses.
– O quê? Pirou?
– Quero estudar mais, não. Olha vocês dois. Não fazem mais nada na vida. É só a tese, a tese, a
tese. Não pode comprar bicicleta por causa da tese. A gente não pode ir para a praia por causa
da tese. Tudo é pra quando acabar a tese. Até trocar o pano do sofá. Se eu estudar vou acabar
numa tese. Quero estudar mais, não. Não me deixam nem mexer mais no computador. Vocês
acham mesmo que eu vou deletar a tese de vocês?
Pensando bem, até que não é uma má ideia!
Quando é que alguém vai ter a prática ideia de escrever uma tese sobre a tese?
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Crônica 3
Mas o que é, afinal, felicidade? (Moacyr Scliar)
O que é ser feliz? A pergunta que, desde a antigüidade clássica, nunca deixou de ser formulada,
constitui-se em um desafio
A historinha é antiga, bem conhecida, e foi recontada por ninguém menos que o grande Italo Calvino.
Havia um rei poderoso que de súbito foi acometido de profunda melancolia. Os médicos que o atendiam
chegaram à conclusão de que, para melhorar, o soberano deveria vestir a camisa de um homem feliz.
Emissários foram, portanto, despachados em busca do homem feliz, mas não conseguiam encontrá-lo:
ninguém, no reino, se declarava feliz. Finalmente encontraram um jovem lavrador que, de torso nu,
arava a terra e que deu uma resposta afirmativa à indagação: sim, ele se considerava feliz. Pediram,
então, uma camisa dele. E aí a surpresa que encerra a historinha: o homem feliz não tinha camisa.
Não se sabe se, na ausência da terapêutica peça de vestuário, os médicos receitaram Prozac para o rei,
mas a história faz pensar. O que é, exatamente, ser feliz? A pergunta que, desde a antigüidade clássica,
nunca deixou de ser formulada (por filósofos, teólogos, educadores, políticos), constitui-se em realidade
num desafio, sobretudo agora em que outros fatores entram em jogo, gerando polêmicas do tipo: são os
homens mais felizes do que as mulheres, como sugerem algumas pesquisas? Se são, qual a causa desta
diferença?
Vamos voltar, por um momento, à história do homem feliz. Vamos supor que ele tivesse sido convidado
para conhecer o rei ou mesmo para morar na corte. Inevitavelmente teria de se vestir de acordo, o que
exigiria, claro, uma camisa. Aí ele precisaria comprar uma camisa. E uma gravata. E um terno. E sapatos
novos. E teria de mudar de profissão porque um homem de terno e gravata, um homem que foi recebido
pelo rei, não pode mais ser um simples lavrador. Teria de conseguir uma coisa melhor, um novo
emprego, quem sabe um cargo no governo. E pronto, eis o nosso homem possuído pela ansiedade de
subir na vida. Será que a essa altura ele ainda se consideraria um cara feliz?
A felicidade é, antes de mais nada, um sentimento. Nas enquetes feitas a respeito, os investigadores
limitam-se a perguntar se a pessoa se considera feliz, muito feliz ou infeliz. Não há um critério objetivo
para a felicidade, que não se traduz em indicadores numéricos, como é o caso da obesidade. Mas uma
coisa é certa: a carência extrema, o sofrimento extremo, são absolutamente incompatíveis com a idéia de
felicidade. Não tem nenhum sentido perguntar a uma pessoa que está morrendo de câncer se ela se sente
infeliz. O conceito aí é absurdo. A busca da felicidade, "pursuit of happiness" de que fala a Declaração de
Independência dos Estados Unidos, colocava a felicidade em terceiro lugar na lista dos direitos
inalienáveis, depois de "vida" e "liberdade". Mais do que isto, na Carta dos Direitos americana "pursuit
of happiness" foi substituída por "property", propriedade. Claro: propriedade estava mais de acordo com
o liberalismo econômico e é, diferente da felicidade, algo concreto que pode até ser registrado em
cartório.
As pessoas começam a falar de felicidade quando têm suas necessidades básicas satisfeitas, em termos de
alimentação, de moradia, de trabalho. Essas coisas são o pão; a felicidade é a manteiga, ou a geléia
dietética, se vocês quiserem, ou até o caviar. Mas as pessoas não se contentam mais com pão seco.
Querem mais, e nesta luta as mulheres têm se destacado. Mulher hoje tem emprego, tem seu lugar
assegurado na sociedade e está até ganhando mais. Mas mulher continua sendo mãe e dona de casa. Daí
a ansiedade, daí a tensão, daí o estresse. Daí a sensação de infelicidade. Freud dizia que a felicidade não
está ao alcance dos seres humanos. O máximo que podemos almejar, na opinião dele, é uma "tranquila
infelicidade". Notem que, para o pai da psicanálise, a tranquilidade neutraliza a infelicidade. E é mais fácil
de alcançar, bastando para isto que adequemos nossos objetivos às nossas reais possibilidades. Se temos
de usar camisa, que seja uma camisa cômoda, com colarinho folgado. E se tivermos de emprestá-la a um
doente (rei ou não) que o façamos com satisfação e sem rancor.
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Crônica 4
A Verdade (Luis Fernando Veríssimo)
Uma donzela estava um dia sentada à beira de um riacho, deixando a água do riacho passar por entre
os seus dedos muito brancos, quando sentiu o seu anel de diamante ser levado pelas águas. Temendo
o castigo do pai, a donzela contou em casa que fora assaltada por um homem no bosque e que ele
arrancara o anel de diamante do seu dedo e a deixara desfalecida sobre um canteiro de margarida. O
pai e os irmãos da donzela foram atrás do assaltante e encontraram um homem dormindo no bosque,
e o mataram, mas não encontraram o anel de diamante. E a donzela disse:
- Agora me lembro, não era um homem, eram dois.
E o pai e os irmãos da donzela saíram atrás do segundo homem, e o encontraram, e o mataram, mas
ele também não tinha o anel. E a donzela disse:
- Então está com o terceiro!
Pois se lembrara que havia um terceiro assaltante. E o pai e os irmãos da donzela saíram no encalço
do terceiro assaltante, e o encontraram no bosque. Mas não o mataram, pois estavam fartos de
sangue. E trouxeram o homem para a aldeia, e o revistaram, e encontraram no seu bolso o anel de
diamante da donzela, para espanto dela.
- Foi ele que assaltou a donzela, e arrancou o anel de seu dedo, e a deixou desfalecida - gritaram os
aldeões. - Matem-no!
- Esperem! - gritou o homem, no momento em que passavam a corda da forca pelo seu pescoço. - Eu
não roubei o anel. Foi ela quem me deu!
E apontou para a donzela, diante do escândalo de todos.
O homem contou que estava sentado à beira do riacho, pescando, quando a donzela se aproximou
dele e pediu um beijo. Ele deu o beijo. Depois a donzela tirara a roupa e pedira que ele a possuísse,
pois queria saber o que era o amor. Mas como era um homem honrado, ele resistira, e dissera que a
donzela devia ter paciência, pois conheceria o amor do marido no seu leito de núpcias. Então a
donzela lhe oferecera o anel, dizendo "Já que meus encantos não o seduzem, este anel comprará o
seu amor". E ele sucumbira, pois era pobre, e a necessidade é o algoz da honra.
Todos se viraram contra a donzela e gritaram: "Rameira! Impura! Diaba!" e exigiram seu sacrifício.
E o próprio pai da donzela passou a forca para o seu pescoço.
Antes de morrer, a donzela disse para o pescador:
- A sua mentira era maior que a minha. Eles mataram pela minha mentira e vão matar pela sua. Onde
está, afinal, a verdade?
O pescador deu de ombros e disse:
- A verdade é que eu achei o anel na barriga de um peixe. Mas quem acreditaria nisso? O pessoal
quer violência e sexo, não histórias de pescador.
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Gramática
Uma das principais propriedades de um texto é a coesão, ou seja, o que faz com seu texto tenha
continuidade sem precisar repetir palavras ou expressões. Para isso utilizamos pronomes e
elementos de ligação.
Estes elementos de ligação entre frases ou palavras são os CONECTIVOS, também chamados
de CONECTORES.
OUTROS EXEMPLOS:
 Apesar de algumas evidências sugerirem que os terremotos no Chile e Turquia possam
estar relacionados, pesquisadores afirmam que uma conexão entre esses eventos ainda
não foi cientificamente comprovada. O número de terremotos no globo é relativamente
constante, embora seja flutuante. (Revista Veja, 09/03/2010)
 Que futuro deverá construir para a Igreja o novo Papa? ―Tem muitas questões graves
que devem ser enfrentadas: a falta de padres, o divórcio, os homossexuais, as relações
com as outras igrejas cristãs do mundo. Não sabemos ainda se o conclave terá uma
maioria reformista. O certo é que a ala conservadora não vai conseguir impor o seu
candidato. Portanto, será um candidato de centro‖, afirma Marco Politi.(G1,
18/02/2013)
 A carne de cavalo não é consumida no Brasil. Segundo o Ministério da Agricultura, não
há proibição em relação à venda do produto, contanto que o consumidor saiba
exatamente que tipo de carne está adquirindo por meio de informações claras na
embalagem. (Veja.com, 17/02/2013)
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1. Leia o texto e responda às perguntas:
Quanto veneno tem nossa comida?
Desde que os pesticidas sintéticos começaram a ser produzidos em larga
escala, na década de 1940, há dúvidas sobre o perigo para a saúde
humana. No campo, em contato direto com agrotóxicos, alguns trabalhadores rurais
apresentaram intoxicações sérias. Para avaliar o risco de gente que apenas consome os
alimentos, cientistas costumam fazer testes com ratos e cães, alimentados com doses altas
desses venenos. A partir do resultado desses testes e da análise de alimentos in natura (para
determinar o grau de resíduos do pesticida na comida), a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) estabelece os valores máximos de uso dos agrotóxicos para cada cultura.
Esses valores têm sido desrespeitados, segundo as amostras da Anvisa. Alguns alimentos têm
excesso de resíduos, outros têm resíduos de agrotóxicos que nem deveriam estar lá. Esses
excessos, isoladamente, não são tão prejudiciais, porque em geral não ultrapassam os limites
que o corpo humano aguenta. O maior problema é que eles se somam – ninguém come apenas
um tipo de alimento.
(Francine Lima, Revista Época, 09.08.2010)
1. Em – Esses valores têm sido desrespeitados, "SEGUNDO" as amostras da Anvisa. – a
expressão destacada pode ser substituída, sem alteração de sentido, por
(A) conforme
(B) por isso
(C) logo
(D) no entanto
(E) tanto que
2. Em ―Desde que os pesticidas sintéticos começaram a ser produzidos em larga escala...‖ - a
palavra grifada no trecho acima pode ser substituída sem provocar perda de sentido por:
(A) No momento
(B) logo que
(C) Por consequência
(D) Depois
(E) Consoante
3.Em ―A partir do resultado desses testes e da análise de alimentos in natura...‖ por qual
conector podemos substituir sem alterar o sentido da frase?
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Textos Jornalísticos
Os textos jornalísticos são os textos veiculados pelos jornais, revistas, rádio e televisão, os
quais possuem o intuito de comunicar e informar sobre algo. Nos dias atuais, o texto jornalístico
é provavelmente o gênero textual mais lido, uma vez que possui o maior alcance nos diversos
setores da sociedade. Uma característica importante dos textos jornalísticos é sua efemeridade,
posto que favorecem o conhecimento de informações atuais de forma que possuem o propósito
de difundir o que acontece de novo.
No tocante à sua estrutura gramatical, normalmente, o texto jornalístico
apresenta frases curtas e ideias sucintas, as quais favorecem a objetividade do
texto; além disso, trabalham com o recurso das repetições que auxiliam na
memorização e assimilação das informações, sendo mais comum a utilização da
ordem direta nas construções frasais, ou seja, sujeito + verbo +
complementos e adjuntos adverbiais.
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1. Retire da capa do jornal acima a estrutura gramatical contida
nos principais títulos:
Sujeito Verbo Complemento
2. Na frase: ―Dólar bate R$ 3‖, qual o significado do verbo?
3. Na frase ―condenado a 4 anos e 8 meses de reclusão devido ao processo do mensalão‖...
o leitor precisa de mais informações para entender a notícia? Que informações seriam?
4. Que outros sinônimos podem ser usados para a palavra ―reclusão‖ ?
5. Retire da capa do jornal abaixo a estrutura gramatical contida nos principais títulos:
Sujeito Verbo Complemento
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Notícia
Relato de uma série de fatos a partir do fato mais importante. A estrutura da
notícia é lógica; o critério de importância e interesse envolvido em sua
produção é ideológico: atende a fatores psicológicos, comportamentos de
mercado, oportunidades, etc.
São partes fundamentais de uma notícia:
Exemplo:
Escorpiões assustam Vila São José
Os moradores da Vila São José, no Ipiranga, estão assustados com o grande número de
escorpiões que têm sido encontrados na região. Eles também se indignaram com a
sugestão de um técnico da Vigilância de Saúde da Subprefeitura do Ipiranga que
aconselhou a população a espalhar galinhas pelas ruas para resolver o problema. Os
moradores acreditam que a proliferação tenha começado em um terreno onde havia uma
casa abandonada.
(“Ipiranga News” - 28/10 a 3/11/2004)
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Na notícia do jornal "Ipiranga News", os dados do lide são:
O segundo parágrafo "expande a notícia", isto é, dá mais detalhes a respeito do fato:
 a busca de exatidão faz com que se privilegiem os verbos no modo
indicativo: "estão assustados", "têm sido encontrados", "se indignaram",
"aconselham", "acreditam", "tenha começado", "havia".
 quem: os moradores da Vila São José;
 onde: na Vila São José, Bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo;
 o quê: moradores assustados com a quantidade de escorpiões na região.
 os moradores estão indignados com a Vigilância Sanitária da SubPrefeitura, que
sugere que eles criem galinhas, como forma de resolver o problema da proliferação
dos escorpiões;
 os moradores têm uma explicação para o aumento dos escorpiões: uma casa
abandonada.
Manchete ou título
Resumo ou Lide
(lead)
Texto
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Responda:
1. As notícias publicadas no texto 1 e 2 tratam de que assunto?
2. O Disco Voador que sobrevoou a orla da cidade do Rio de Janeiro era realmente uma
nave de outro planeta?
3. Qual a finalidade das duas notícias?
4. Por que o Disco Voador não sobrevoou a Lagoa Rodrigo de Freitas e o Aterro do
Flamengo?
5. Retire do texto as conjunções.
6. Marque no texto 1 as preposições e contrações.
Retirado do site: http://textoemmovimento.blogspot.com.ar/2013/09/noticias-atividade-6ano-explorando-e.html
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1. Como vimos anteriormente, a notícia relata um fato recente, de interesse
público, com objetividade. Leia com atenção as notícias abaixo para realizar os
exercícios:
Notícia 1
Ih, qual é o caminho?
por Talita Bedinelli
Parece história de filme, mas aconteceu de verdade mesmo.
Neilson Oliveira de Lima, 3, de Pupuaí, no Amazonas, passou um susto e tanto quando
ficou 12 dias perdido na selva amazônica há algumas semanas, até ser encontrado por um
caçador.
Toda a história começou quando o menino resolveu seguir o pai, que foi trabalhar na
roça. Depois, não sabia voltar para casa.
Para sobreviver, ele teve que beber água da chuva e comer frutas que estavam caídas no
chão. Estava acostumado com a vida na floresta. "Lá, eles andam descalços, sobem em árvore
e aprendem a nadar ainda pequenos", diz Núbia Vasconcelos, psicóloga que cuidou dele no
hospital.
Folhinha (03/19/2007)
Notícia 2
Zoo de SP troca remédios por 'terapia' para
desestressar animais
Atividades desenvolvidas por biólogos ajudam a eliminar o tédio do cativeiro e a evitar
casos de doenças psíquicas
por Eduardo Gonçalves
A vida em cativeiro provoca alterações no comportamento natural dos animais
que, em casos mais graves, podem desencadear uma doença típica dos humanos: a
depressão aguda. Esse tipo de problema poderia levar a um tratamento com
antidepressivos de tarja preta, como foi o caso de algumas aves do Zoológico de São
Paulo. Para evitar que os bichos precisem de medicamentos, o zoo, que é o maior da
América Latina, desenvolveu um programa que funciona como uma terapia para os
mais de 3 000 animais que abriga. O Programa de Enriquecimento Comportamental
(Peca) tem como objetivo fazer os bichos se sentirem em casa, reproduzindo ações
que fariam em seu habitat natural, além de outras "mordomias".
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As atividades funcionam como um hobby ou exercício físico para os humanos –
elas são planejadas para minimizar o stress e a ansiedade dos bichos encarcerados e,
ao mesmo tempo, driblar o tédio.
Um dos grupos que mais sentem os benefícios da "terapia" são os chimpanzés
devido à sua personalidade explosiva e enérgica. O local onde moram é equipado com
troncos, cordas, pneus, camas elásticas e um falso cupinzeiro. A mobília improvisada
reproduz o ambiente natural da espécie: florestas tropicais e savanas.
O “cupinzeiro” consiste numa estrutura de plástico repleta de buracos, cujo
fundo armazena uma papinha feita de mel e frutas. Os chimpanzés se apoderam de
galhos, que ficam espalhados no recinto, afundam as pontas dos gravetos nas
cavidades, e levam as geleias até a boca. É como se estivessem caçando insetos na
natureza – com sabor mais adocicado.
(adaptado de http://veja.abril.com.br 16/09/2013)
a. Qual é o tempo verbal predominante no título de cada notícia?
b. Esse tempo verbal dá ideia de:
( ) atualidade do fato ( ) antiguidade do fato
c. No corpo do texto 1, se mantém o mesmo tempo verbal?
( ) sim ( )não
d. Caso a resposta seja "não", indique o tempo verbal predominante.
e. Esse tempo verbal dá ideia de uma ação
( ) acabada ( ) contínua
f. Nas notícias, o relato é feito em 3ª pessoa. Por quê?
g. Por que a autora da notícia 1 diz que a história do menino ―parece coisa de filme‖?
h. Qual é a doença (típica de humanos) que animais em cativeiros podem desenvolver,
segundo a notícia 2?
i. Qual é o nome do programa desenvolvido no Zoológico de São Paulo para ajudar esses
animais?
j. Que animais sentem mais benefícios com essa ―terapia‖ e como ela funciona com esse grupo?
k. Qual das duas notícias você achou mais interessante? Por quê?
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2. Leia a notícia abaixo e responda:
a. Qual é o título da notícia?
b. A notícia possuiu um resumo?
c. Qual é o tema principal da notícia?
d. O que significa a palavra ―explosão‖ dada na notícia?
e. Seria possível mudar o tempo verbal principal da notícia?
f. Destaque do texto as preposições, contrações e artigos.
g. Que outros sinônimos podemos usar para a palavra: aplicamos?
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Artigo de opinião/Editorial
Os textos editoriais podem ser encontrados tanto em jornais como em revistas, e sua
característica principal é que não precisa ser imparcial e tão objetivo quanto à informação de um
acontecimento. Os fatos são relatados pelo ponto de vista subjetivo do autor/empresa e, por
conta disso, assume o caráter de texto crítico, pois carrega a opinião do jornal que o veicula,
tendo, só em algumas exceções a assinatura do autor principal que o construiu.
A escrita do artigo de opinião é marcada, linguisticamente, por uma situação comunicativa que
envolve discussões, controvérsias, reveladas em questões polêmicas diante das quais o autor
toma uma posição e a defende. A tomada de posição (que não pode acontecer em outros gêneros
jornalísticos como a notícia ou a reportagem) é indicada no artigo, entre outras coisas, por
marcas linguísticas que anunciam a posição do articulista: ―penso que‖, ―do nosso ponto de
vista‖; introduzem os argumentos: ―porque‖, ―pois‖; trazem para o texto diferentes vozes:
―alguns dizem que‖, ―as pesquisas apontam‖, ―os economistas argumentam que‖, introduzem a
conclusão: ―portanto‖, ―logo‖.
Para cada texto a seguir, você deverá responder às seguintes perguntas:
1. Qual é o assunto principal abordado pelo texto?
2. O tema é atual ou ultrapassado em relação à data de publicação?
Parece relacionado a alguma notícia do mesmo período?
3. Com que finalidade esse assunto é abordado?
4. Considerando que se trata de textos argumentativos, que ideia ou tese o autor/a autora
parece defender? Com que argumentos?
Praticando Gramática
1. Que articuladores aparecem no texto?
2. Retire do texto cinco verbos e classifique-os.
3. Retire do texto cinco substantivos e cinco adjetivos.
4. Marque no texto as preposições e contrações.
5. Escolha um parágrafo e faça a tradução dele.
Reveja o quadro com os CONECTORES para entender
melhor sobre as marcas linguísticas ressaltadas
anteriormente.
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Artigo de opinião/Editorial - 1
Correio Braziliense
postado em 17/02/2020 04:34
Ainda são muitas as dúvidas em relação à política oficial para a Amazônia, depois do anúncio
feito pelo presidente Jair Bolsonaro da reativação do Conselho da Amazônia, criado em 1995
pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. São muitos os desafios que o governo tem pela
frente para implementar um projeto que promova a integração das ações federais na região, com
a participação dos estados e municípios, o que já vem sendo questionado por ambientalistas, em
função da exclusão dos governadores do conselho. Bolsonaro, no entanto, garantiu que
nenhuma decisão será tomada sem diálogo com os governadores e demais lideranças locais, mas
muitos desconfiam da intenção do presidente e temem que medidas podem ser tomadas de
forma unilateral pelo Planalto.
O colegiado será comandado pelo vice-presidente Hamilton Mourão e contará com a
participação de representantes de 14 ministérios. Na época em que foi criado, era subordinado
ao Ministério do Meio Ambiente e contava com a participação efetiva dos chefes dos executivos
estaduais. Com o tempo, o conselho foi se esvaziando e o governo, agora, aposta suas fichas no
novo modelo sob a batuta de Mourão. A iniciativa de retomar as atividades do comitê é do atual
ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, com o intuito de responder as críticas que o Brasil
vem sofrendo desde as queimadas na floresta no ano passado e dos índices crescentes de
desmatamento.
As críticas partiram, sobretudo, de países europeus, e o presidente francês, Emmanuel Macron,
chegou a trocas pesadas farpas com seu par brasileiro. Acontece que o Palácio do Planalto se
surpreendeu com o fato de a questão climática ter se destacado entre principais temas do Fórum
Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. E com o Brasil na berlinda, o governo saiu da
defensiva e anunciou seus planos para o Conselho da Amazônia e a reativação do Centro de
Biotecnologia da Amazônia (CBA). Isso para amenizar dúvidas de investidores estrangeiros
sobre a falta de vontade política do Planalto com a preservação da floresta.
Também foi anunciado, no Fórum, a criação da Força Nacional Ambiental, que deve funcionar
nos moldes da Força Nacional de Segurança, com policiais ambientais cedidos pelos governos
dos estados da área. O tema ainda está em análise no Ministério da Justiça e Segurança Pública,
para a definição de formato e prazos. No entanto, especialistas acham difícil que a nova unidade
polícial esteja em atividade até maio, um mês antes do início do período de seca, época das
queimadas.
Certo é que as autoridades têm de acelerar os projetos governamentais para a região para dar
uma resposta concreta às empresas e investidores estrangeiros que abraçaram a responsabilidade
ambiental como um de seus pilares. O país não pode se dar ao luxo de perder negócios por
causa de desleixo para com o meio ambiente. Que os projetos sejam implantados com
celeridade.
Retirado de: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/opiniao/2020/02/17/internas_opiniao,828580/visao-do-correio-
atencao-a-amazonia.shtml
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Artigo de opinião/Editorial - 2
Isto É
Bolívar Lamounier
10/jan/20 - 09h30
Grandezas e misérias das redes sociais
170
Tem-se atribuído às redes sociais a virulência que atualmente se observa no debate público de
numerosos países. Atribuição a meu ver acertada, contanto que não transformemos as redes no
único vilão.
A revista norte-americana The Atlantic dedicou a esse tema todo o seu número de dezembro.
Referindo-se só aos Estados Unidos, o editor-geral da revista, Jeffrey Goldberg, abriu a
discussão com um esplêndido artigo intitulado ―A nation coming apart‖ (Uma nação em
frangalhos, em tradução livre). Entre as possíveis causas desse fenômeno ele cita as deficiências
estruturais do sistema político, a tribalização da política — causada por níveis patológicos de
desigualdade social — e a tenaz persistência do racismo. Goldberg conclui: ―não sabermos mais
quem somos como povo e não temos mais o sentimento de propósito coletivo‖.
Situar essa questão no contexto do debate sobre as redes sociais pode nos trazer — como
veremos em seguida — um paradoxal alívio, mas também a certeza de que robustecer as
democracias hoje existentes não será tarefa fácil.
O alívio é que a virulência de que estamos falando tem a ver com a realidade nua e crua das
sociedades atuais e não da bicentenária utopia da ―democracia direta‖. Desde que Jean-Jacques
Rousseau publicou ―Do contrato social‖, em 1762, centenas de ideólogos socialistas e
anarquistas acreditaram que a humanidade caminhava para uma era de ―transparência‖, na qual
todos os cidadãos teriam uma boa compreensão das causas dos conflitos sociais e poderiam
facilmente formar os consensos necessários ao equacionamento destes. A dificuldade era como
estabelecer a indispensável proximidade entre dezenas ou centenas de milhares de indivíduos.
Pois então, esse problema a internet resolveu. Hoje podemos nos comunicar de um lado ao outro
do planeta instantaneamente e a custo praticamente zero. Mas o que estamos presenciando não é
a dissolução e, sim, a crescente virulência dos desacordos.
Segue-se que a única democracia possível é a representativa, mas a cada dia constatamos que
praticá-la não é fácil. Por toda parte, os legislativos e partidos se encontram fragilizados (e disto
o Brasil é um egrégio exemplo). Muito além das redes sociais, precisamos compreender por
que, na cúpula dos três Poderes, estamos presenciando a perda da antiga ideia aristotélica de
missão e dedicação ao bem comum, sem a qual a própria noção de política perde seu sentido.
A internet resolveu o impasse da comunicação direta, gratuita e instantânea, mas também
escancarou as discordâncias que minam a democracia.
Retirado de: https://istoe.com.br/grandezas-e-miserias-das-redes-sociais/
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2020
51 |
Artigo de opinião/Editorial - 3
Retirado de: https://www.jb.com.br/pais/editorial/2019/04/995097-tempo-de-fatalidades.html
CÁTEDRA DE PORTUGUÊS
Apostila para Compreensão Leitora
2020
52 |
Artigo de opinião/Editorial - 4
A idade e a mudança - Lya Luft
Texto | Revista Veja 2010
Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo. Era um
bate-papo com uma plateia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e
idades. E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me
envergonho dela, respondi.
Foi um momento inesquecível... A plateia inteira fez um 'oooohh' de descrédito. Aí fiquei
pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única
coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que
tenho? Onde é que nós estamos?'
Onde, não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão
todos em busca da reversão do tempo. Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu
sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas. Há um outro
truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas, mesmo em idade avançada.
A fonte da juventude chama-se mudança'. De fato, quem é escravo da repetição está
condenado a virar cadáver antes da hora. A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se
opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos. Mudança, o que vem a ser tal coisa? Minha mãe
recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem
menorzinho. Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia
guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e
simplificada, rejuvenesceu.
Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem
temer ficar sozinha aos 65 anos. Rejuvenesceu.
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que
em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol. Rejuvenesceu.
Toda mudança cobra um alto preço emocional. Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante
a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza. Mas então
chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude
eterna. Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas
sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho. Quem dá
brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.
Olhe-se no espelho...
CÁTEDRA DE PORTUGUÊS
Apostila para Compreensão Leitora
2020
53 |
Textos Acadêmicos
O texto acadêmico tem o objetivo de construir conhecimento por meio de investigação
científica, cultural, artística ou filosófica. É realizado um estudo específico sobre um tema,
baseado em fontes confiáveis que possam ser consideradas referência. Ao final do estudo é
apresentada uma conclusão que aponta uma crítica, hipótese, ou mesmo sugestões de futuras
pesquisas sobre o objeto de questão.
O texto acadêmico utiliza linguagem formal, e de forma objetiva. Há também uma
preocupação estética que deve ser seguida.
Há uma variedade de textos acadêmicos (abstract, artigos, teses, dissertações, monografias,
trabalhos de conclusão de curso). Tanto artigos acadêmicos quanto teses, dissertações e
monografias ou trabalhos de conclusão de curso se desenvolvem em torno de uma estruturação
mínima. Em todos eles costuma aparecer também um resumo (na mesma língua em que o texto
está escrito), seguido de palavras-chave que indicam os principais aspectos que serão tratados
no texto, e normalmente acompanhados de uma tradução deste resumo em uma língua
estrangeira, conforme solicitada pelo veículo onde o texto está sendo publicado.
Apesar de encontrarmos variedade nos tipos de textos acadêmicos, essa costuma ser a estrutura
organizacional explicitamente encontrada em textos desse tipo.
Estrutura
Básica
Introdução
é o momento de apresentação do tema
e eventuais subtemas, na qual o autor/a
disserta sobre a questão principal que
será abordada no desenvolvimento do
texto e sua relevância no mundo
acadêmico.
Desenvolvimento
encontram-se em geral informações sobre o
estado da arte das pesquisas sobre o mesmo
tema e/ ou temas relacionados a ele – em
outras palavras, nessa parte do texto
acadêmico o autor costuma abordar o que já
foi dito por outros pesquisadores sobre o
tema e/ou subtemas que ele vai tratar.
Conclusão
é reservada para a retomada das principais
teorias que embasaram a análise dos dados e
os resultados obtidos. Nela, o autor faz um
apanhado geral, resumido, das teorias mais
representativas às quais recorreu para
analisar o tema do texto
CÁTEDRA DE PORTUGUÊS
Apostila para Compreensão Leitora
2020
54 |
Resumo/Abstract
Todo trabalho de pesquisa acadêmica contém um resumo, ou como chamamos em inglês: um
abstract. Como o próprio nome já nos mostra, o abstract apresenta um resumo da pesquisa
desenvolvida. Ele faz parte de uma tese, dissertação, monografia, artigo, fala proferida em um
congresso. Seu objetivo é ajudar o leitor a rapidamente saber sobre o que se trata a pesquisa
desenvolvida.
Vejamos alguns exemplos:
Exemplo 1:
Retirado de: https://www.ufsm.br/cursos/pos-graduacao/santa-maria/ppgd/congresso-de-direito-5a-edicao/
CÁTEDRA DE PORTUGUÊS
Apostila para Compreensão Leitora
2020
55 |
Exemplo 2:
Retirado de: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/203207
Leia os resumos a seguir e veja se compreende sobre que será abordado
no texto acadêmico.
CÁTEDRA DE PORTUGUÊS
Apostila para Compreensão Leitora
2020
56 |
LUTAS SOCIAIS URBANAS E SERVIÇO SOCIAL: temas e questões presentes nos anais do
Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS)
Greice Kelly Costa Gomes, Raimunda Nonata do Nascimento Santana
Resumo
Demarcações de temas e questões que possibilitam caracterizar mediações constitutivas da
relação do Serviço Social com as lutas sociais, especialmente as lutas sociais urbanas. Tomam-se
os Anais do Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS) como fonte singular de memória,
história e pesquisa quanto à incidência das lutas sociais no Serviço Social brasileiro, como
profissão e área de conhecimento. Enfatizando particularidades pertinentes à sociedade brasileira,
abordam-se as lutas sociais urbanas, como manifestações particulares das lutas sociais.
Delineiam-se os modos através dos quais, no contexto do conjunto ético-político e teórico-
metodológico dos/as assistentes sociais em construção desde 1979, ano da realização do III
CBAS, o chamado Congresso da Virada, a temática das lutas sociais urbanas vem sendo
apreendida e debatida nos CBAs. Aprofunda a análise dos Anais dos CBAs de 2004, 2007 e 2010,
realizados no contexto dos governos de Luís Inácio Lula da Silva. Conclui-se que, encontram-se
nesses Anais importantes contribuições às demarcações das lutas sociais organizadas no
enfrentamento da questão urbana brasileira. Também permitem identificar e caracterizar
manifestações das mediações da relação do Serviço Social como profissão e área de
conhecimento, logo no campo do trabalho intelectual, com as lutas sociais, especialmente as lutas
sociais urbanas.
Palavras-chave: Questão urbana. Lutas sociais urbanas. Serviço social. Congresso Brasileiro de
Assistentes Sociais.
Retirado de: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/cadernosdepesquisa/article/view/1071
Na primeira metade do século XX o principal dilema do mundo
era a paz e a reconstrução. A variável ambiental era supérflua e o
planeta representava o limite. A grande questão que motivou o
surgimento dos conceitos hoje vigentes era saber se existiria um
limite para os recursos naturais, se estes não se esgotariam dentro
de uma dinâmica de desenvolvimento, se haveria um limite para a
absorção, por parte do meio ambiente, da poluição gerada pela
interação do homem junto ao meio ambiente.
Fruto deste questionamento, os capítulos do presente livro
abordam o tema Meio Ambiente sob um olhar renovado e global.
De forma didática e objetiva os autores fazem uma revisitação da
matéria ambiental sob a ótica das tutelas constitucional,
administrativa, civil, penal, processual, tributária e internacional,
revelando o caráter moderno e globalizado que o tema assumiu
nos últimos anos. Aborda também o tema das agências
reguladoras e da poluição.
O conceito de desenvolvimento sustentável apresenta uma feição
conciliatória, propondo que pode ocorrer o progresso técnico, o desenvolvimento dentro de parâmetros
que respeitam os limites ambientais ao mesmo tempo em que reafirma a necessidade do crescimento
econômico como condição necessária para a gestão de problemas sociais.
Existe uma conjuntura de fatores não estritamente ecológicos que, se bem articulados, implicam uma
mudança de valores econômicos e socioculturais que influenciarão na adoção de padrões de consumo
mais equilibrados; esta é uma questão de promover uma mudança de caráter comercial e civilizacional.
Retirado de: https://www.agrolivros.com.br/direito-agrario-e-ambiental/livro-direito-ambiental-3.phtml
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Apostila Português Leitura

  • 1. Apostila de Português Compreensão leitora El material es un apoyo, con vistas a lograr los objetivos:  realizar una lectura autónoma, enmarcada por diferentes niveles de complejidades lingüísticas y temáticas del material seleccionado para ese fin.  integrar significativamente saberes previos, nociones lingüísticas específicas y estrategias y técnicas de lectura que permitan la construcción de sentidos y la consolidación de las competencias propias del lector comprensivo.  reestructurar y organizar información dada según esquemas de conocimiento personales con el fin de interpretarla, integrarla, sintetizarla o resumirla, retenerla y utilizarla como soporte válido para el acceso a nuevas fuentes de información.  actualizarse en relación a material con contenidos en estrecha relación con sus centros de interés y su futuro desempeño profesional.  desarrollar la expresión del pensamiento crítico dentro de un ámbito democrático. El curso se enfocará en la lecto-comprensión orientada principalmente al área de incumbencia. Por lo tanto, no se pondrá énfasis en la producción oral/escrita, ni en la comprensión oral. Asimismo, dados los objetivos del mismo y las necesidades de los estudiantes y para que mejore su comprensión lectora, el idioma de instrucción será el portugués. Cátedra de Português
  • 2. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 1 | ÍNDICE Noções de texto ............................................................................................................................ 2 Passos para compreender um texto ......................................................................................... 2 A importância do contexto........................................................................................................ 3 Níveis de linguagem .................................................................................................................. 4 Os gêneros textuais....................................................................................................................... 6 Tipologia x Gênero Textual........................................................................................................ 6 Entrevista ...................................................................................................................................... 7 Exemplo 1 - Entrevista com Paulo Freire .................................................................................. 8 Exemplo 2 - Entrevista com um advogado................................................................................ 9 Gramática.................................................................................................................................... 11 Biografia ...................................................................................................................................... 14 Paulo Freire ............................................................................................................................. 15 Darcy Ribeiro........................................................................................................................... 17 Marilda Villela Iamamoto........................................................................................................ 19 Charge/Cartum............................................................................................................................ 22 Exemplo 1................................................................................................................................ 22 Exemplo 2................................................................................................................................ 23 Gramática.................................................................................................................................... 24 Crônica ........................................................................................................................................ 29 Crônica 1.................................................................................................................................. 32 Crônica 2.................................................................................................................................. 33 Crônica 3.................................................................................................................................. 34 Crônica 4.................................................................................................................................. 35 Gramática.................................................................................................................................... 36 Textos Jornalísticos ..................................................................................................................... 39 Notícia ................................................................................................................................. 41 Artigo de opinião/Editorial.................................................................................................. 48 Textos Acadêmicos...................................................................................................................... 53 Resumo/Abstract ................................................................................................................ 54 Artigos ................................................................................................................................. 57 BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................................. 61
  • 3. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 2 | Noções de texto “A determinação do propósito de leitura permite ao leitor adotar uma conduta eficiente a respeito de questões como a localização do texto apropriado, a adoção do tipo de leitura conveniente (a busca rápida de informação ampla, de entretenimento, etc.) e a apreciação do nível de exigência compreensiva que requer” (COLOMER e CAMPS, 2002, p. 121) Passos para compreender um texto TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de produzir interação comunicativa. Esse será o propósito de nossas leituras. Fazer uma leitura minuciosa do texto à procura de informações específicas. Geralmente é feita de cima para baixo Observar toda sua estrutura: títulos, subtítulos, pistas tipográficas – datas, números, gráficos, figuras, fotografias, palavras em negrito ou itálico, cabeçalhos, referências bibliográficas, reticências... A essa técnica chamamos inferência (inferir) – “adivinhar” qual o assunto do texto mediante uma leitura rápida (SKIMMING). Essa técnica chama-se SCANNING, que consiste em buscar informações detalhadas, sem que seja necessário fazer uma leitura do texto todo. Fazer uma leitura mais cuidadosa, levando-se em conta tanto os cognatos como os falsos cognatos e o contexto em que foi escrito o texto. Não consulte o dicionário, pois às vezes ele apresenta vários significados e você correrá o risco de fazer uma escolha errada. O próprio contexto fará com que infira seu significado.
  • 4. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 3 | A importância do contexto Contexto é a situação concreta a que o texto se refere, são os elementos que nos ajudam a compreender ou interpretar um texto. Há diferentes tipos de contextos (social, político, cultural, estético, esportivo, educacional, histórico, etc.). Para entender o contexto é necessário ter conhecimento sobre o que está sendo abordado e onde ocorre. Veja e analise os exemplos sobre a importância do contexto: a) Nessa tirinha de Armandinho, o humor é construído a partir da ambiguidade criada por meio do uso de palavras homônimas, isto é, palavras iguais na escrita e na pronúncia. A forma verbal ―vendo‖ foi interpretada por uma personagem como o gerúndio do verbo ―ver‖ e pela outra personagem como a 1ª pessoa do singular no presente do indicativo do verbo ―vender‖ (eu vendo). b) No dia 31 de março de 1964, um golpe pôs fim à frágil democracia brasileira, dando início a uma ditadura militar. O regime militar usou de critérios políticos para censurar o jornalismo. Muitos materiais foram censurados. Algumas reportagens de publicações impressas eram vetadas e, nos trechos deixados em branco, eram publicadas receitas culinárias ou poemas. A tirinha ao lado faz uma crítica à censura ocorrida no Brasil durante a ditatura militar. Para compreender de fato um texto em outro idioma, é preciso evitar a tradução palavra por palavra já que o contexto em que foi criado é fundamental.
  • 5. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 4 | Níveis de linguagem Como pudemos observar, o contexto é muito importante para compreender e interpretar textos. O contexto vai influenciar também na maneira em que falamos ou escrevemos, ou seja, dependendo da situação comunicativa, os usuários das línguas podem eleger qualquer um dos diferentes níveis de linguagem para interagir verbalmente com os outros. Os níveis de linguagem podem ser: Um falante que saiba adaptar o seu discurso às diferentes situações comunicativas e aos diferentes interlocutores irá usar, necessariamente, a linguagem culta e a linguagem coloquial no seu dia a dia, como linguagens complementares. Este é um exemplo de variação situacional, ou seja, uma variação linguística em função do contexto.  Veja e analise os exemplos: a) •respeito às normas gramaticais •utilização de vocabulário rico e variado •ensinada na escola e usada na comunicação social Norma culta/padrão •maior liberdade gramatical •utilização de vocabulário simples e expressões populares •ocorre o uso de gírias e de palavras não dicionarizadas •está sujeita a variações regionais, culturais e sociais Linguagem coloquial/informal/popular •usada por determinados profissionais no exercício de sua atividade Linguagem técnica •usada em poemas ou romances com finalidade expressiva Literária/artística
  • 6. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 5 | b) O assistente social faz o planejamento e a execução de políticas públicas e de programas sociais voltados para o bem-estar coletivo e a integração do indivíduo na sociedade. Ele trabalha com questões como exclusão social, acompanhando, analisando e propondo ações para melhorar as condições de vida de crianças, adolescentes e adultos. Cria campanhas de alimentação, saúde, educação e recreação e implanta projetos assistenciais. Em penitenciárias e abrigos de menores, propõe ações e desenvolve a capacitação para a reintegração dos marginalizados. É obrigatória a inscrição no Conselho Regional de Serviço Social para o exercício da profissão. (https://www.pucminas.br/servicosocial/Paginas/areas-e-subareas-de-atuacao-profissional.aspx) c) d) “Hoje, 5 de outubro de 1988, no que tange à Constituição, a Nação mudou. A Constituição mudou na sua elaboração, mudou na definição dos poderes, mudou restaurando a Federação, mudou quando quer mudar o homem em cidadão, e só é cidadão quem ganha justo e suficiente salário, lê e escreve, mora, tem hospital e remédio, lazer quando descansa (...)A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio, o cemitério. A persistência da Constituição é a sobrevivência da democracia. (...)” Ulysses Guimarães - discurso de 05/10/1988 Pronunciamento, na qualidade de Presidente da Assembleia Constituinte, ao ensejo da promulgação do novo texto constitucional. e) f)
  • 7. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 6 | Os gêneros textuais De acordo com Bakhtin (2000), os gêneros textuais ou ―gêneros do discurso‖, são os textos criados pela sociedade, ao longo de sua história, em atendimento às necessidades de comunicação que vão surgindo. Toda comunicação se dá por meio de um gênero textual. Bakhtin (2000) explica que cada gênero, oral ou escrito, é composto por três elementos que variam em virtude de sua finalidade comunicativa:  Conteúdo temático → o que é dizível naquele gênero.  Estilo → o conjunto de recursos linguísticos utilizado.  Construção composicional → a estrutura apresentada. Os diferentes gêneros textuais se adequam ao uso que se faz deles. Adequam-se, principalmente, ao objetivo do texto, ao emissor e ao receptor da mensagem e ao contexto em que se realiza. Há vários gêneros textuais, mas veremos somente alguns a fim de cumprir com o objetivo de nosso curso. São eles: 1. Entrevista 2. Biografia 3. Charge (tirinhas) 4. Crônica 5. Textos Jornalísticos 6. Textos Acadêmicos Tipologia x Gênero Textual É importante não confundirmos gênero textual com tipologia textual: Então, vamos começar a compreender os gêneros textuais...
  • 8. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 7 | Entrevista Este gênero tem função geralmente informativa. Constitui-se essencialmente da conversação entre a pessoa que entrevista e aquela entrevistada. Há diferentes objetivos quando se vai entrevistar uma pessoa ou um grupo de pessoas. Pode ser para um emprego, reportagem, coletar dados, etc. INVARIÁVEIS VARIÁVEIS O quê? Quem? Onde? Aonde? Quando? Como? Qual – Quais Quanto – Quantos Quanta – Quantas Estrutura Básica Manchete ou título Essa é uma parte que deverá despertar interesse no interlocutor envolvido, podendo ser uma frase criativa ou pergunta interessante. Apresentação É o momento em que se apresentam os pontos de maior relevância da entrevista, como também se destaca o perfil do entrevistado, sua experiência profissional e seu domínio em relação ao assunto abordado. Perguntas e respostas Basicamente é a entrevista propriamente dita, na qual são retratadas as falas de cada um dos envolvidos. Considerando que neste gênero um dos pontos importantes é saber perguntar, vamos rever algumas marcas de interrogação...
  • 9. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 8 | Exemplo 1 - Entrevista com Paulo Freire Entrevista com Paulo Freire Jornal dos Professores – Paulo Freire, 70 anos, professor falando com os professores. Nós poderíamos começar assim: quando surgiu em você o desejo de ser professor? Como foi? Paulo Freire – Fui um menino cheio de ―anúncios docentes‖, o que não significa que eu tenha nascido professor. Agora quando eu me revejo, me retorno – coisa que gosto de fazer – me lembro que era um menino curioso. Um professor que não exerce a curiosidade está equivocado. Eu me perguntava muito, perguntava aos outros, era metódico no estudo. Sofria quando não aprendia e receava que isso prejudicasse o meu próprio processo de estudo. Tinha certas preocupações que a gente pode chamar de pedagógicas. Na adolescência, sonhava tanto em ser professor que às vezes, para mim, era difícil perceber que estava no nível imaginário e não do real: eu me via dando aula. O que o levou ser professor? Eu dizia que havia duas razões visíveis para eu ter me entregue ao Magistério. Uma era a necessidade de ajudar. A segunda, na verdade, foi uma questão de gosto intelectual. Eu era muito menino quando descobri certa paixão pelos estudos de Gramática e deis saltos por mim mesmo. Eu li todos os bons gramáticos brasileiros e portugueses que consegui comprar em sebos, tinha uma paixão enorme e foi exatamente me servindo dos conhecimentos que fui adquirindo que me tornei, antes mesmo de estar dando aula, competente para dar aula. Dando aula a jovens de classe média, tão apertados quanto eu em Jaboatão, fui me tornando professor. Quando digo que ninguém nasce professor, eu tenho a experiência viva disso. Como foi sua primeira aula? A primeira aula particular foi mesmo na minha casa, numa salinha. Agora, na homenagem de 70 anos que fizeram para mim em Pernambuco, meu primeiro aluno foi lá, com a esposa dele, me abraçar. Foi meu primeiro aluno. Teve a coragem de fazer essa experiência. E como foi essa primeira aula? Eu devo ter começado a propor a ele uma compreensão gramatical da estrutura do discurso. O interessante é que naquela época, sem saber nada, eu já partia para compreender as palavras nas relações que elas têm dentro do texto e não as palavras isoladas. Por exemplo, eu nunca dei aulas de verbo, a não ser pedindo aos meninos que criassem sentenças com os verbos. Retirado e adaptado de http://revistagiz.sinprosp.org.br/?p=1749 O nome Paulo Freire dispensa qualquer apresentação, é por esse motivo que o SINPRO-SP homenageia os educadores com a reedição de trechos da entrevista que Freire concedeu ao jornal do Sindicato em dezembro de 1991, relatando aspectos de sua vida que são pouco conhecidos e que permitem uma compreensão ainda maior da coerência de sua ação.
  • 10. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 9 | 1. Marque no texto acima, a estrutura básica do gênero textual - Entrevista. 2. De acordo com o texto, responda: a. Segundo Freire, qual pode ser o erro de determinados professores? b. O que levou Freire a ser professor? c. Onde Paulo Freire comprava seus livros? d. Onde foi a primeira aula de Paulo Freire? 3. Como você explica a expressão grifada na frase ―Dando aula a jovens de classe média, tão apertados quanto eu em Jaboatão, fui me tornando professor‖. Exemplo 2 - Entrevista com um advogado Em entrevista ao Jornal do Advogado, Celso Lafer fala dos atuais desafios no campo dos direitos humanos Para Celso Lafer, jurista, professor, duas vezes ministro das Relações Exteriores do Brasil, o mundo vive uma espécie de maré vazante quando a temática é direitos humanos. Isso ocorre devido ao que ele chama de „geografia das paixões‟: um contexto global em efervescência, onde os Estados e suas sociedades não são conduzidos apenas por seus interesses, mas também por suas paixões, refletindo em um dos momentos mais desafiadores para a afirmação desses direitos na atualidade, incluindo o Brasil. O senhor diz que o mundo vive hoje uma geografia das paixões, onde é difícil alinhavar interesses comuns e compartilháveis, quando, por exemplo, o nacionalismo cresce e a intolerância também. Como vê a temática dos direitos humanos nesse contexto intrincado? Estamos vivendo agora no mundo todo, uma espécie de maré vazante desta temática por conta desta geografia das paixões. Ou seja, não se trata de maré que vai afirmando os direitos humanos,
  • 11. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 10 | mas vai colocando-os em questão, diminuindo sua relevância, há uma dificuldade de afirmação deste tema. O que quero dizer com geografia das paixões é que os Estados e as suas sociedades não se conduzem apenas pelos seus interesses, mas também por suas paixões. Qual é o principal desafio, hoje, no campo dos direitos humanos? No plano internacional é a questão dos refugiados. Um dos maiores problemas hoje é o recrudescimento dos expulsos de seus Estados e territórios. Há enorme massa de pessoas vítimas de intolerância e dos fundamentalismos de toda natureza. No plano global, o trabalho da Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) tem sido importante para ajudar aqueles que não se beneficiam da proteção diplomática de seu país. O Brasil também sente efeitos hoje, com o problema da Venezuela, que é muito sério. Mas o país está procurando responder da melhor forma possível à situação e talvez valesse a pena pensar em ação conjunta com os vizinhos, como Equador, Colômbia e organizações como a Organização dos Estados Americanos (OEA). O tema dos refugiados é o mais desafiador da atualidade também no Brasil, tanto pela sua escala como por conta da geografia das paixões, devido ao menor grau de tolerância. Há o problema dos sírios, dos curdos, questões religiosas, por exemplo, entre os sunitas e os xiitas. Como descreveria a atuação brasileira nas últimas décadas? Vi melhoria no Brasil dos últimos vinte anos, a qual ocorreu em sintonia com o que estava acontecendo no plano internacional. E o desafio hoje é o mesmo para todos, talvez menos grave para os brasileiros pelas características do país. Não temos a mesma situação política complicada dos países do Leste Europeu ou os tradicionais problemas de direitos humanos da Rússia, da Turquia ou do Oriente Médio. Por outro lado, há hoje uma sociedade mais polarizada, mais exacerbada e, por tabela, menos tolerante. A tolerância é saber lidar com verdades contrapostas – verdades religiosas e políticas que, levadas adiante, também se traduzem no processo democrático. A tolerância é mais desafiadora quando se passa a lidar com o diferente. 1. Marque no texto acima, a estrutura básica do gênero textual - Entrevista. 2. Quem é o entrevistado? 3. O que o entrevistado opina sobre a ―tolerância‖? 4. Resuma com suas palavras o tema da entrevista.
  • 12. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 11 | Gramática Leia o parágrafo abaixo: O assistente social faz o planejamento e a execução de políticas públicas e de programas sociais voltados para o bem-estar coletivo e a integração do indivíduo na sociedade. Ele trabalha com questões como exclusão social, acompanhando, analisando e propondo ações para melhorar as condições de vida de crianças, adolescentes e adultos. Cria campanhas de alimentação, saúde, educação e recreação e implanta projetos assistenciais. Em penitenciárias e abrigos de menores, propõe ações e desenvolve a capacitação para a reintegração dos marginalizados. É obrigatória a inscrição no Conselho Regional de Serviço Social para o exercício da profissão. Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/home/ Veja que na oração ―É obrigatória a inscrição no Conselho Regional de Serviço Social para o exercício da profissão‖ há vários elementos: o no Conselho... (preposição em + o= no) na sociedade.. (em + a = na) o da profissão... (preposição de + a= da) do povo... (de + o = do) o de Serviço Social (preposição de) o para o exercício (preposição para)
  • 13. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 12 | 1. Leia os textos abaixo e marque todos os artigos e preposições: a) O que faz um assistente social? Seja no campo empresarial ou em outras formas de exercício profissional o assistente social, formado pelo curso de Serviço Social, tem como objetivo amparar pessoas que de alguma forma não tem total acesso à cidadania, ajudando-os a resolver problemas ligados a educação, habitação, emprego, saúde. É uma profissão de cunho assistencial, ou seja, voltada para a promoção do bem-estar físico, psicológico e social. Este profissional pode trabalhar em empresas privadas, órgãos públicos e ONGs orientando e acompanhando pessoas e desenvolvendo programas de assistência dirigidos a diversos públicos como crianças em situação de risco, populações com poucos recursos financeiros ou afetadas por catástrofes naturais, idosos, etc. b) DIREITO: É a ciência que cuida da aplicação das normas jurídicas vigentes em um país, para organizar as relações entre indivíduos e grupos na sociedade. Zelar pela harmonia e pela correção das relações entre os cidadãos, as empresas e o poder público é a função do bacharel em Direito. Como advogado, defende os interesses do cliente em diversos campos. Como juiz, resolve litígios entre indivíduos ou empresas. Para isso, ele analisa as disputas e os conflitos com base no que está estabelecido na Constituição e regulamentado pelas leis. Fonte: https://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/direito/ c) Sabia que... Profissão é a ocupação, atividade que serve como uma fonte regular de meios de subsistência. Exemplos: médico, advogado, engenheiro. Curso de Graduação é uma ferramenta por meio da qual conhecimentos necessários para o exercício de uma atividade ou ocupação são obtidos. Exemplos: medicina, direito, engenharia. Carreira é a especialidade obtida por meio de conhecimentos generalizados e específicos em determinada matéria, área de atuação, indústria ou segmento da economia. Exemplos: médico pediatra especialista em cirurgias de recém-nascidos, advogado minerário, engenheiro de minas subterrâneas de ouro.
  • 14. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 13 | Trabalho Prático : Com base no esquema abaixo, imagine que você vai ser entrevistado/a, faça sua apresentação escrita para posterior apresentação oral. Eu Atualmente (eu) Na atualidade (eu) Com anterioridade (eu) No ano passado / de 2013 No ano próximo sou estou fazendo estágio de tenho estudante de…….na…………. estudante do curso de….. professor universitário na… graduado em…pela… mestrado em..pela doutorado em…pela autor de… membro de… Diretor de Conselheiro de… pós-graduação na… práticas profissionais em/na…. experiência na área de… …. me interesso por / pela gosto de línguas estrangeiras gramática… participei do /da fiz estágio de Congresso/Simpósio/Jornadas… pós-graduação na… práticas profissionais em/na…. fui selecionado para tive a oportunidade de participar em… viajar a/para… visitar…. tenho feito trabalhos em parceria com ……. vou participar em /na farei um estágio de pós- graduação organização de… na universidade
  • 15. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 14 | Biografia Biografia é a descrição dos fatos particulares da vida de uma pessoa, com dados precisos, incluindo nomes, locais e datas dos principais fatos. Podendo conter fotos que testemunham os acontecimentos. Como gênero literário, a biografia é uma narração da história de vida de uma pessoa ou de uma personagem, geralmente na terceira pessoa. Já a autobiografia é quando o autor expõe a sua própria história na primeira pessoa. Em ambos os textos há predomínio de verbos no pretérito perfeito e imperfeito. Pronome Pessoal Terminados em -AR Terminados em -ER Terminados em –IR SER FAZER DAR Eu Trabalhei Conheci Parti Fui Fiz Dei Você Trabalhou Conheceu Partiu Foi Fez Deu Ele/Ela Trabalhou Conheceu Partiu Foi Fez Deu Nós Trabalhamos Conhecemos Partimos Fomos Fizemos Demos Vocês Trabalharam Conheceram Partiram Foram Fizeram Deram Eles/Elas Trabalharam Conheceram Partiram Foram Fizeram Deram Pronome Pessoal Terminados em -AR Terminados em -ER Terminados em –IR SER FAZER DAR Eu Trabalhava Conhecia Partia Era Fazia Dava Você Trabalhava Conhecia Partia Era Fazia Dava Ele/Ela Trabalhava Conhecia Partia Era Fazia Dava Nós Trabalhávamos Conhecíamos Partíamos Éramos Fazíamos Dávamos Vocês Trabalhavam Conheciam Partiam Eram Faziam Davam Eles/Elas Trabalhavam Conheciam Partiam Eram Faziam Davam Estrutura básica Introdução inclui uma apresentação inicial do protagonista Desenvolvimento a descrição dos principais fatos que compõem a história Conclusão uma parte final de caráter subjetivo Considerando que na Biografia predomina o uso dos verbos no pretérito perfeito e imperfeito, vamos rever alguns...
  • 16. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 15 | Paulo Freire Paulo Freire nasceu em 1921 em Recife, em uma família de classe média. Com o agravamento da crise econômica mundial iniciada em 1929 e a morte de seu pai, quando tinha 13 anos, Freire passou a enfrentar dificuldades econômicas. Formou-se em direito, mas não seguiu carreira, encaminhando a vida profissional para o magistério. Suas ideias pedagógicas se formaram da observação da cultura dos alunos - em particular o uso da linguagem - e do papel elitista da escola. Em 1963, em Angicos (Rio Grande do Norte), chefiou um programa que alfabetizou 300 pessoas em um mês. No ano seguinte, o golpe militar o surpreendeu em Brasília, onde coordenava o Plano Nacional de Alfabetização do presidente João Goulart. Freire passou 70 dias na prisão antes de se exilar. Em 1968, no Chile, escreveu seu livro mais conhecido, Pedagogia do Oprimido. Também deu aulas nos Estados Unidos e na Suíça e organizou planos de alfabetização em países africanos. Com a anistia, em 1979, voltou ao Brasil, integrando-se à vida universitária. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e, entre 1989 e 1991, foi secretário municipal de Educação de São Paulo. Freire foi casado duas vezes e teve cinco filhos. Foi nomeado doutor honoris causa de 28 universidades em vários países e teve obras traduzidas em mais de 20 idiomas. Morreu em 1997, de enfarte. Tempos de mobilização e conflito O ambiente político-cultural em que Paulo Freire elaborou suas ideias e começou a experimentá-las na prática foi o mesmo que formou outros intelectuais de primeira linha, como o economista Celso Furtado e o antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997). Todos eles despertaram intelectualmente para o Brasil no período iniciado pela revolução de 1930 e terminado com o golpe militar de 1964. A primeira data marca a retirada de cena da oligarquia cafeeira e a segunda, uma reação de força às contradições criadas por conflitos de interesses entre grandes grupos da sociedade. Durante esse intervalo de três décadas ocorreu uma mobilização inédita dos chamados setores populares, com o apoio engajado da maior parte da intelectualidade brasileira. Especialmente importante nesse processo foi a ação de grupos da Igreja Católica, uma inspiração que já marcara Freire desde casa (por influência da mãe). O Plano Nacional de Alfabetização do governo João Goulart, assumido pelo educador, se inseria no projeto populista do presidente e encontrava no Nordeste - onde metade da população de 30 milhões era analfabeta - um cenário de organização social crescente, exemplificado pela atuação das Ligas Camponesas em favor da reforma agrária. No exílio e, depois, de volta ao Brasil, Freire faria uma reflexão crítica sobre o período, tentando incorporá-la a sua teoria pedagógica. Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/mentor-educacao-consciencia-423220.shtml?page=3 Aula em Angicos, em 1963: 300 pessoas alfabetizadas pelo método Paulo Freire em um mês. Foto: acervo fotográfico dos arquivos Paulo Freire do Instituto Paulo Freire
  • 17. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 16 | 1. Você viu que uma biografia é escrita na terceira pessoa (ele/ela), retire do texto lido os verbos que marcam esta característica, depois complete o quadro abaixo: Exemplo: Paulo Freire nasceu em 1921 em Recife. VERBO INFINITIVO PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO PRETÉRITO IMPERFEITO Nascer Nasce Nasceu Nascia 2. Marque no texto, a estrutura básica do gênero textual - Biografia. 3. De acordo com o texto, responda: a. Onde nasceu Paulo Freire? b. Freire enfrentou problemas econômicos? Por quê? c. Ele foi advogado? d. Porque Freire foi exilado? e. A que partido político pertencia Freire? 4. Encontre no texto, palavras equivalentes a: a. Encarar b. Comandou c. Ministrou d. Perdão e. Empenhado 5. Complete a biografia abaixo com o verbo no tempo adequado: Nélida Piñon Nélida Piñon nasceu no Rio de Janeiro, descendente de Galegos, desde criança escolheu o oficio de escritora. Ainda criança escrevia pequenas histórias e as____________(vender) ao pai e familiares. _______________ (formar-se) no curso de Jornalismo, da Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Com vasta bibliografia suas obras ______________ (ser) traduzidas em mais de 30 países, e ________________ (contemplar)romances, contos, ensaios, discursos, crônicas e memórias. _________(ser) Titular da Cátedra Henry King Stanford em Humanidades, da Universidade de Miami no período de 1990 a 2003 (ocupada anteriormente por Isaac Baschevis Singer, prêmio Nobel de Literatura de 1978). Quinta ocupante da Cadeira 30, eleita em 27 de julho de 1989, na sucessão de Aurélio Buarque de Holanda e recebida em 3 de maio de 1990 pelo Acadêmico Lêdo Ivo. Em 1996-1997 _______________ (tornar-se) a primeira mulher, em 100 anos, a presidir a Academia Brasileira de Letras, no ano do seu I Centenário. Fonte: http://www.academia.org.br/academicos/nelida-pinon/biografia (adaptado)
  • 18. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 17 | Darcy Ribeiro Darcy Ribeiro nasceu em Minas (1922), no centro do Brasil. Formou-se em Antropologia em São Paulo (1946) e dedicou seus primeiros anos de vida profissional ao estudo dos índios do Pantanal, do Brasil Central e da Amazônia. Neste período fundou o Museu do Índio e criou o Parque Indígena do Xingu. Escreveu uma vasta obra etnográfica e de defesa da causa indígena. Nos anos seguintes (1955) dedicou-se à educação primária e superior. Criou a Universidade de Brasília e foi Ministro da Educação. Mais tarde foi Ministro-Chefe da Casa Civil e coordenava a implantação das reformas estruturais, quando sucedeu o golpe militar de 64, que o lançou no exílio. Viveu em vários países da América Latina conduzindo programas de reforma universitária, com base nas ideias que defende em ―A universidade necessária‖. Foi assessor do presidente Salvador Allende, do Chile, e Velasco Alvarado, do Peru. Escreveu neste período os cinco volumes de seus Estudos de Antropologia da Civilização (O processo civilizatório, As Américas e a Civilização, O dilema da América Latina, Os Brasileiros: 1. Teoria do Brasil, e Os índios e a Civilização), que têm 96 edições em diversas línguas. Neles propõe uma teoria explicativa das causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos. Ainda no exílio, começou a escrever os romances Maíra e O mulo, e já no Brasil escreveu dois outros: Utopia selvagem e Migo. Publicou Aos trancos e barrancos, que é um balanço crítico da história brasileira de 1900 a 1980. Publicou também uma coletânea de ensaios insólitos: (Sobre o óbvio), e um balanço de sua vida intelectual: Testemunho. Edita juntamente com Berta G. Ribeiro a Suma Teológica brasileira. Seu último livro, publicado pela Biblioteca Ayacucho, em espanhol, e pela Editora Vozes, em Português, é A fundação do Brasil, um compêndio de textos históricos dos séculos XVI e XVII, comentados por Carlos Moreira, e precedidos de um longo ensaio analítico sobre os primórdios do Brasil. Retornando ao Brasil em 1976, voltou a dedicar-se à educação e à política. Elegeu-se vice- governador do estado do Rio de Janeiro, foi secretário da Cultura e Coordenador do Programa de Educação, com o encargo de implantar 500 CIEPs que são grandes escolas de turno completo para 1000 crianças e adolescentes. Criou, então, a Biblioteca Pública Estadual, a Casa França- Brasil, a Casa Laura Alvin, o Centro Infantil de Cultura de Ipanema. E o Sambódromo, em que colocou 200 salas de aula para fazê-lo funcionar também como uma enorme escola primária. Elegeu-se senador da República, função que exerce defendendo vários projetos, entre eles, uma lei de trânsito para defender os pedestres contra a selvageria dos motoristas; uma lei dos transplantes que, invertendo as regras vigentes, torna possível usar órgãos dos mortos para salvar os vivos; uma lei contra o uso vicioso da cola de sapateiro que envenena e mata milhares de crianças. Combate energicamente no Congresso para que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação seja mais democrática e mais eficaz. Publica pelo Senado a revista Carta, onde os principais problemas do Brasil e do mundo são analisados e discutidos. Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Conta entre suas façanhas maiores haver contribuído para o tombamento de 98 quilômetros de belíssimas praias e encostas, além de mais de mil casas do Rio antigo. Colaborou na criação do Memorial da América Latina, edificado em São Paulo com projeto de Oscar Niemeyer. Gravou um disco na série mexicana "Vozes da América". E mereceu títulos de Doutor Honoris Causa da Sorbonne e das Universidades de Montevidéu, Copenhague e da Venezuela Central. Fonte: http://www.ensayistas.org/filosofos/brasil/ribeiro/introd.htm
  • 19. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 18 | 1. Marque no texto, a estrutura básica do gênero textual - Biografia. 2. De acordo com o texto, responda: a. A que se dedicou Darcy Ribeiro nos primeiros anos profissionais? b. Depois, a que se dedicou? c. De quem ele foi assessor fora do Brasil? d. Como senador, o que defendeu? e. O que ele criou sendo vice-governador do Rio de Janeiro? 3. Encontre no texto, palavras equivalentes a: a. Destinou b. Organizava c. Encaminhando d. Logros e. Brutalidade 4. Retire do texto cinco verbos, depois complete o quadro abaixo: VERBO INFINITIVO PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO PRETÉRITO IMPERFEITO Nascer Nasce Nasceu Nascia 5. Complete a biografia abaixo com o verbo no tempo adequado: Machado de Assis Joaquim Maria Machado de Assis é considerado um dos mais importantes escritores da literatura brasileira. ___________(Nascer) no Rio de Janeiro em 21/6/1839, filho de uma família muito pobre. Mulato e vítima de preconceito, _____________(perder) na infância sua mãe e foi criado pela madrasta. ________________(superar) todas as dificuldades da época e tornou-se um grande escritor. Na infância, _____________(estudar) numa escola pública durante o primário e __________________(aprender) francês e latim. Trabalhou como aprendiz de tipógrafo, _____________(ser) revisor e funcionário público. Publicou seu primeiro poema intitulado Ela, na revista Marmota Fluminense. __________________(trabalhar) como colaborador de algumas revistas e jornais do Rio de Janeiro. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de letras e seu primeiro presidente. Machado de Assis também ______________(escrever) contos, tais como: Missa do Galo, O Espelho e O Alienista. Escreveu diversos poemas, crônicas sobre o cotidiano, peças de teatro, críticas literárias e teatrais. Machado de Assis _____________(morrer) de câncer, em sua cidade natal, no ano de 1908. (Fonte: http://machado.mec.gov.br/)
  • 20. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 19 | Marilda Villela Iamamoto Assistente Social. Atualmente aposentada. Mineira, de Juiz de Fora. Estudou na Faculdade de Serviço Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) entre 1967 e 1971. Fez mestrado em Sociologia Rural na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) e doutorou-se em Ciências Sociais, na Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP). Atuou como docente na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), na década de setenta, na PUC-SP (1980-1988) e foi Professora Titular da Escola de Serviço Social da UFRJ, onde exerceu suas atividades acadêmicas de 1988 a 1997. Atualmente é Professora Titular da Faculdade de Serviço Social, procientista da UERJ e membro do comitê editorial da revista Em Pauta. Teoria social e realidade contemporânea da FSS/UERJ. É, desde 2000, professora colaboradora visitante da Maestria en Trabajo Social da Universidad Nacional de La Plata - UNLP (Argentina); membro avaliador do Sistema Nacional de Acreditación de La Educación Superior - SINAES (Costa Rica) e assessora do Projeto de Capacitação à Distância (UnB/CEFESS/ABEPSS). É professora colaboradora do Mestrado em Política Social da Pontifícia Universidade Católica de Salvador (UCSAL) e tem atuado como conferencista em vários eventos nacionais e internacionais. Foi pesquisadora do Centro Latinoamericano de Trabajo Social – CELATS- (Peru), membro da diretoria do Centro de Documentação e Pesquisa em Serviço Social (CEDEPSS) vinculado à Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social (ABESS). Foi membro do comitê de representação da área de Serviço Social na CAPES/MEC (1987-1989) e da Comissão de Especialistas de Ensino do MEC/Sesu (1998-2000). Atuou como Professora Visitante na Universidad Autónoma de Honduras (UNAH), na PUC-MG, na Universidade Federal Fluminense (UFF) e na UFJF. Principais publicações: É autora dos livros: Trabalho e indivíduo social. 2ª. ed. São Paulo: Cortez, 2006; O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 10ª. ed. São Paulo: Cortez, 2006; Renovação e Conservadorismo no Serviço Social. Ensaios críticos. 8ª. ed. São Paulo: Cortez, 2006; El Servicio Social en la contemporaneidad. Trabajo y Formación Profesional. 2. ed. Biblioteca Latinoamericana de Servicio Social. São Paulo: Cortez, 2005; Servicio Social y División del Trabajo. 2ª. ed. Biblioteca Latinoamericana de Servicio Social .São Paulo: Cortez, 2001. Em co-autoria com Raul de Carvalho publicou: Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. Esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 19ª. ed. São Paulo: Cortez, 2006; Relaciones Sociales y Trabajo Social. Esbozo de una interpretación histórico-metodológica. Peru: CELATS, 1984. FONTE: http://www.ceoctavioianni.uerj.br/marilda.html
  • 21. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 20 | 1. Marque no texto, a estrutura básica do gênero textual - Biografia. 2. De acordo com o texto, responda: a. Onde Marilda atuou nos anos 90? b. O que ela faz atualmente? c. Ela publicou livros em outros idiomas? d. Qual é o foco principal dela? 3. Retire do texto os verbos depois complete o quadro abaixo: VERBO INFINITIVO PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO PRETÉRITO IMPERFEITO Nascer Nasce Nasceu Nascia 4. Encontre no texto, palavras equivalentes a: a. Exercido b. Ligado c. Trabalhou 5. Marilda Iamamoto é Assistente Social, você sabe como é esta profissão no Brasil? Leia o texto abaixo e responda às perguntas: Mercado de Trabalho do Assistente Social O forte do mercado continua sendo o setor público, em que as vagas costumam ser preenchidas por concurso. As oportunidades estão nos Centros de Referência Especializados de Assistência Social e no INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), mas também em hospitais, unidades básicas de saúde e ambulatórios especializados. Programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), ampliam o campo de trabalho para além das grandes cidades. ONGs e fundações também contratam o assistente social. A procura é maior no Sudeste, mas existe demanda em todo o país. Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/home/ a) Qual é o forte do mercado para o Assistente Social? b) O que você entende por ―vagas‖? c) Além do serviço público, quem contrata o Assistente Social? d) Explique ―ampliam o campo de trabalho para além das grandes cidades‖.
  • 22. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 21 | Trabalho Prático: Com base no esquema abaixo, imagine que você vai deve apresentar uma pessoa importante, faça sua apresentação escrita para posterior apresentação oral.
  • 23. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 22 | Charge/Cartum Bom humor, ironia, linguagem verbal e não verbal. Esses são alguns dos elementos que constituem o gênero textual chamado charge. A charge é um tipo de ilustração que geralmente apresenta um discurso humorístico e está presente em revistas e principalmente jornais. Trata-se de desenhos elaborados por cartunistas que captam de maneira perspicaz as diversas situações do cotidiano, transpondo para o desenho algum tipo de crítica, geralmente permeada por fina ironia. O principal objetivo de uma charge é transmitir uma visão crítica sobre determinado assunto que esteja em discussões na sociedade. Por isso as charges podem perder seu objetivo por estarem marcadas cronologicamente. Normalmente elas são publicadas nas seções de artigos de opinião e cartas dos leitores, justamente por indicarem opiniões e juízos de valores por parte de quem enuncia, no caso, o chargista. Exemplo 1. Vamos buscar responder em todas as charges as seguintes perguntas:  Que tipo de críticas demonstra? Em que contexto foi criada?  Poderia se adequar à situação do seu país? Justifique. Esta charge revela uma crítica aos meios de comunicação, em especial à internet, porque questiona a integração das pessoas nas redes virtuais de relacionamento. No contexto social atual, algumas pessoas preferem a interação social através das redes sociais, já que a internet possibilita a conexão com um maior número de pessoas em diferentes locais do mundo. Essa preferência acaba por prejudicar e desumanizar o contato entre as pessoas, crítica que pode ser percebida através dos recursos de linguagem adotados pelo chargista.
  • 24. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 23 | Exemplo 2. Para entender esta charge é necessário ter o conhecimento do contexto em que foi criada e particularidades próprias da linguagem usada no Brasil naquela época. Sabemos que a compreensão de todo e qualquer texto passa pelo conhecimento prévio do leitor ou ouvinte, como é o caso de tirinhas, charges e piadas. Um termo ou uma palavra, além do seu significado literal, pode vir acrescido de outros significados. No processo de interação da linguagem, o autor intencionalmente busca causar efeitos, desencadear comportamentos, atuar sobre o outro de determinada maneira. Sabendo disso, analise as charges a seguir. Respondendo para cada uma:  Que tipo de críticas demonstra? Em que contexto foi criada?  Poderia se adequar à situação do seu país? Justifique. A charge satiriza uma prática eleitoral presente no Brasil da chamada ―Primeira República‖. Tal prática revelava a ampliação do direito de voto trazida pela República, que passou a incluir os analfabetos e facilitou sua manipulação por políticos inescrupulosos. A charge faz uma crítica ao chamado ―voto de cabresto‖, prática muito utilizada pelos políticos na ―Primeira República‖, quando esses obrigavam seus eleitores a votarem em seus candidatos para manterem-se no poder. A expressão ―voto de cabresto‖ é uma clara alusão ao nome dado ao boi manso que serve de guia a touros.
  • 25. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 24 | Gramática O significado das palavras pode ser muito amplo. Através da imaginação das pessoas pode-se aumentar o significado das ideias. Assim obtemos novos entendimentos por meio de associações, dependendo da colocação das expressões nas frases e também do contexto em que elas foram empregadas. Por isso é importante estar atento a alguns elementos: Denotação é o significado do dicionário, o sentido literal da palavra. Conotação é o sentido figurado da palavra, que pode mudar de significado dependendo do contexto em que está inserida. Ganhei um lindo gato siamês. (animal felino) Meu coração bate acelerado quando te vê. (órgão muscular) O leão é um animal feroz. (animal felino) A menina está com a cara toda pintada (face, rosto) Meu namorado é um gato. (rapaz bonito) Tome cuidado, pois o homem é um gato. (ladrão) Aquele homem é um leão. (pessoa forte, brava) Ele mora no coração da cidade. (centro) Aquele cara é suspeito (sujeito, pessoa, indivíduo) No Brasil o “leão” é o símbolo do Imposto de Renda.
  • 26. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 25 | MAIS EXEMPLOS: ORAÇÃO DENOTATIVO CONOTATIVO Ele é FERA em basquete ball. Muito habilidoso no basquete A FERA devorou a presa animal feroz Amélia é uma COBRA Muito astuciosa, falsa Amélia matou a COBRA na porta um réptil – animal Aninha é uma LADRA de corações conquistadora Aninha é uma LADRA perigosa que furta, rouba Beth é um DOCE de pessoa Pessoa meiga, bondosa Beth comeu todo o DOCE que fiz. iguaria feita com açucar Na capa da revista, a expressão ―Estamos devorando o Planeta‖ está no sentido conotativo e significa que estamos esgotando os recursos naturais, destruindo-os para nos alimentar. Da mesma forma que na historieta abaixo, quando se fala ―...de que a bateria dele não acaba‖, o autor quis dizer que a criança é muito ativa.
  • 27. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 26 | Você viu que para entender qualquer passagem de um texto, é necessário confrontá-la com as demais partes que o compõem (contexto), para não correr o risco de dar-lhe um significado oposto ao que ela de fato tem. 1. Pensando nisso, marque a palavra chave e indique em que sentido está cada oração e dê a explicação do sentido conotativo: a. O menino quebrou a vidraça. b. A garota quebrou o silêncio. c. Uma pedra rolou da escada. d. Aquela pessoa é uma pedra no meu sapato. e. As estrelas do céu brilhavam. f. As estrelas do filme estiveram presentes. g. Querida, acho que perdi a chave do carro outra vez! h. Acreditamos que esta seja a verdadeira chave do sucesso. i. Sua ilustre presença certamente encerrou o encontro com chave de ouro. j. Esta sala é uma geladeira. k. Levei minha geladeira para consertar. l. Meu pai é meu espelho m. Quebrei o espelho do banheiro n. Essa menina tem um coração de ouro. o. A Praça da Sé fica no coração de São Paulo. p. Fez um transplante de coração. q. Completou vinte primaveras. r. Na primavera os campos florescem. s. Estava tudo em pé de guerra. t. Ela estava com os pés inchados. u. É órfão de afeto. v. Muito cedo ele ficou órfão de pai. w. O alpinista conseguiu escalar a montanha. x. Ela disse uma montanha de absurdos.
  • 28. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 27 | 2. Leia os quadrinhos e faça o que se pede: a. O melhor de Hagar, o horrível: - Após ouvir a resposta de Hagar para sua pergunta, Eddie Sortudo faz algo inesperado. O quê? - Hagar certamente esperava que sua resposta fosse interpretada de outra maneira. Explique. - Identifique, no primeiro quadrinho, o trecho da fala de Hagar que foi interpretado de modo diferente por ele e por Eddie. b. Leia esta tira de Fernando Gonsales: - Há, na tira, apenas uma frase com sentido denotativo. Identifique-a. - As três frases ditas pelo ratinho tem sentido conotativo. Explique o sentido de cada.
  • 29. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 28 | 3. Analise as imagens abaixo e explique o significado de cada uma delas:
  • 30. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 29 | Crônica A crônica é uma forma textual no estilo de narração que tem por base fatos que acontecem em nosso cotidiano. Por este motivo, é uma leitura agradável, pois o leitor interage com os acontecimentos e por muitas vezes se identifica com as ações tomadas pelas personagens. O texto é curto e de linguagem simples, o que o torna ainda mais próximo de todo tipo de leitor e de praticamente todas as faixas etárias. A sátira, a ironia, o uso da linguagem coloquial demonstrada na fala das personagens, a exposição dos sentimentos e a reflexão sobre o que se passa estão presentes nas crônicas. Veja a estrutura e os recursos linguísticos utilizados pelo autor, na crônica de Moacyr Scliar, ―Cobrança‖: Note que o tom da narrativa é o da conversa, do bate-papo informal. Há poucas personagens e o fato ocorre em um tempo breve (minutos, algumas horas, período do dia). O lugar onde o episódio ocorre geralmente é um só, bem determinado.
  • 31. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 30 | Você notou como narrador, não faz rodeios; logo no título vai direto ao tema: trata-se de uma cobrança. No primeiro parágrafo, de forma também concisa e direta, introduz as personagens: cobrador e devedora inadimplente. Não as caracteriza, não diz nada a respeito delas. Indica algumas ações e onde elas ocorrem – o essencial para que o leitor visualize a cena. Ele também estabelece um diálogo entre ambas, explicitando ligeiramente a situação. Em seguida o cronista introduz um elemento surpresa: o leitor, agora, já não está na frente de um cobrador, mas de um marido cobrador, o Aristides. A mulher, que não ganha um nome, já não é uma mulher qualquer, mas a mulher do cobrador! Essa revelação altera as previsões do leitor e, por isso mesmo, o surpreende; o leitor está perante uma situação aparentemente inusitada. Isso o obriga a mudar o curso de seu pensamento.
  • 32. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 31 | Assim, essa crônica, como muitas outras, refere-se a um tipo de comportamento humano, um comportamento atemporal, o que, por um lado, facilita a identificação do leitor e, por outro, estabelece a atualidade do assunto. Além disso, o cronista a escreve com recursos bastante interessantes, de forma que a crônica deixa de ser ―descartável‖, adquirindo um sabor literário. Para todas as crônicas a seguir, faremos o mesmo exercício, com o objetivo de verificar se você compreendeu o texto e também de estudar a estrutura gramatical. Para a compreensão de texto leia uma vez sem se preocupar em traduzir ou entender todas as palavras, o importante é entender o texto. Depois faremos uma análise para estudar a estrutura e vocabulário. 1. Compreensão de Texto: a. O autor é observador ou personagem? b. Como o narrador introduz as personagens? c. Existe um elemento surpresa? d. Que aspectos do cotidiano são narrados? De que forma? e. Que caráter tem a crônica? (humorístico, crítico, satírico e/ou irônico) 2. Estrutura e Vocabulário: a. Que tempo predomina no texto? b. Marque todas as preposições e/ou contrações c. Existem no texto palavras usadas com o sentido conotativo, quais? d. Identifique as marcas de tempo e. Identifique os pronomes pessoais f. Identifique os pronomes possessivos e os demonstrativos g. Complete o quadro com os substantivos e adjetivos retirados do texto: Substantivo Gênero Plural Adjetivo Plural Obrigação Feminino (a obrigação) Obrigações Discreta Discretas h. Complete o quadro com os verbos retirados do texto, de acordo com o contexto que eles foram utilizados: Presente Pretérito Perfeito Pretérito Imperfeito Futuro Futuro do Pretérito Outros Qual? Posso Abriu Estava Vai dizer Diria Ter Infinitivo
  • 33. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 32 | Crônica 1 A Raça Superior (Walcyr Carrasco) A ESPÉCIE HUMANA ACREDITA ser a única inteligente. Puro engano. Há tempos imemoriais nós, os humanos, fomos derrotados por uma raça superior, muito mais esperta. Mais que derrotados, fomos domesticados. Pelos cachorros. De fato, sob qualquer índice de avaliação, a raça canina se mostra superior. Quem convive com um cão gosta de dizer que é "dono". Como acreditar, se tudo prova que o cachorro é dono do homem? Na questão da alimentação, por exemplo. Qualquer pessoa gasta dinheiro e tempo para comprar ração. Analisa os vários tipos e até experimenta uns pedacinhos para avaliar o sabor. Corre atrás de ossos para proporcionar tardes de degustação ao cachorro. Compra imitações de borracha. Indústrias pesquisam novas rações nutritivas. Gastam uma fábula em propaganda. Ou seja: sem levantar uma pata, o cachorro faz com que os seres humanos trabalhem torrando neurônios, tempo e dinheiro simplesmente para alimentá-los! Certa vez tive uma cachorrinha que só podia comer arroz com cenoura e carne moída. Estava sem empregada. Durante um mês levantava uma hora antes, preparava a comida e saía para trabalhar. Ao voltar, servia uma nova refeição e lavava o prato. Em troca, ela me lambia os dedos. Eu me sentia no cúmulo da felicidade só de receber essas lambidinhas! Seja dita a verdade: quem era dono de quem? E na questão amorosa? Quando gosta, de alguém, o cão abana o rabo. Pode ser um desconhecido. Gostou, abanou. Quando está a fim, deita-se de patas para cima e lança um olhar bem pidoncho. Até o coração mais duro não resiste a dar carinho, cocar as orelhas, fazer uns afagos. Eu, não. Nunca me deitei de barriga para ficar me oferecendo. Vontade não faltou, mas e a coragem? Nós, seres humanos, usamos artifícios. Gastamos dinheiro em perfumes, em cabeleireiros, em dermatologistas. Vamos a happy hours, jantares, festas, barzinhos da moda, entramos em chats da internet, só para achar quem nos coce as orelhas. Se alguém faz festa para todo mundo que conhece, rebolando como um cãozinho, vem o veredicto: — Ih! Está com carência afetiva. Toca a procurar terapeuta. Horas e horas dedicadas a analisar a pura vontade de buscar amor! Revistas dedicam quilômetros de papel a.práticas de sedução. Como olhar de lado, como sorrir, como se oferecer sem dar na vista. Mais: como ter coragem de expressar os sentimentos. Cachorro, não. Abana o rabo e pronto. Muitas vezes, com ciúme, já tive vontade de morder alguém. Ao contrário, sorri simpaticamente enquanto o sangue fervia. Cães não possuem esse tipo de constrangimento. Atiram-se em cima do rival. Mordem a mão de quem acaricia. Até conseguirem seu quinhão de afeto. Mas também não guardam raiva. Depois de rosnarem um para o outro, dois cães saem pulando e brincando juntos. Que espécie sabe lidar melhor com as próprias emoções? A questão da pele também é importante. Criamos indústrias do vestuário porque não estamos satisfeitos com a própria pele, e inventamos estratagemas para cobri-la. Boa parte da humanidade se dedica a fabricar tecidos, a inventar e a vender roupas. Qualquer pessoa ambiciona se vestir bem. Fortunas são despendidas em novos guarda-roupas. A moda vira, e toca a gastar tudo outra vez. Cachorro, não. Nasce vestido. Imagine-se quanto delírio, quanta mão-de-obra seria evitada se o ser humano tivesse a mesma tranqüilidade a respeito da própria aparência. Chegamos ao X da questão. Criamos filosofias, escrevemos livros. Há quem faça ioga, meditação. Tudo para aprender a aceitar o fardo da existência. O cão já nasce aceitando. A vida é e não é, deve pensar o cão, com a, sabedoria de um mestre zen. É o que constato todo dia ao chegar em casa exausto do trabalho, de mau humor com o chefe, com a fatura do cartão de crédito prestes a me degolar, o cheque especial batendo as folhas em torno de minhas orelhas como uma ave de rapina. Sento na varanda e meu cachorro se aproxima: Sem nenhuma preocupação na vida. Deita-se aos meus pés e prepara-se para receber sua dose cotidiana de carinho. Eu me submeto. Raça superior é isso aí.
  • 34. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 33 | Crônica 2 Uma tese é uma tese (Mário Prata) Sabe tese, de faculdade? Aquela que se defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu estou falando. Você deve conhecer pelo menos uma pessoa que já defendeu uma tese. Ou esteja defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é feita para ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam de botar banca. As teses são todas maravilhosas. Em tese. Você acompanha uma pessoa meses, anos, séculos, defendendo uma tese. Palpitantes assuntos. Tem tese que não acaba nunca, que acompanha o elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte. O mais interessante na tese é que, quando nos contam, são maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o sofrimento do autor, anos a fio. Aí ele publica, te dá uma cópia e é sempre – sempre – uma decepção. Em tese. Impossível ler uma tese de cabo a rabo. São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas apenas para o julgamento da banca circunspeta, sisuda e compenetrada em si mesma. E nós? Sim, porque os assuntos, já disse, são maravilhosos, cativantes, as pessoas são inteligentíssimas. Temas do arco-da-velha. Mas toda tese fica no rodapé da história. Pra que tanto sic e tanto apud? Sic me lembra o Pasquim e apud não parece candidato do PFL para vereador? Apud Neto. Escrever uma tese é quase um voto de pobreza que a pessoa se autodecreta. O mundo para, o dinheiro entra apertado, os filhos são abandonados, o marido que se vire. Estou acabando a tese. Essa frase significa que a pessoa vai sair do mundo. Não por alguns dias, mas anos. Tem gente que nunca mais volta. E, depois de terminada a tese, tem a revisão da tese, depois tem a defesa da tese. E, depois da defesa, tem a publicação. E, é claro, intelectual que se preze, logo em seguida embarca noutra tese. São os profissionais, em tese. O pior é quando convidam a gente para assistir à defesa. Meu Deus, que sono. Não em tese, na prática mesmo. Orientados e orientandos (que nomes atuais!) são unânimes em afirmar que toda tese tem de ser – tem de ser! – daquele jeito. É pra não entender, mesmo. Tem de ser formatada assim. Que na Sorbonne é assim, que em Coimbra também. Na Sorbonne, desde 1257. Em Coimbra, mais moderna, desde 1290. Em tese (e na prática) são 700 anos de muita tese e pouca prática. Acho que, nas teses, tinha de ter uma norma em que, além da tese, o elemento teria de fazer também uma tesão (tese grande). Ou seja, uma versão para nós, pobres ignorantes que não votamos no Apud Neto. Ou seja, o elemento (ou a elementa) passa a vida a estudar um assunto que nos interessa e nada. Pra quê? Pra virar mestre, doutor? E daí? Se ele estudou tanto aquilo, acho impossível que ele não queira que a gente saiba a que conclusões chegou. Tem gente que vai para os Estados Unidos, para a Europa, para terminar a tese. Vão lá nas fontes. Descobrem maravilhas. E a gente não fica sabendo de nada. Só aqueles sisudos da banca. E o cara dá logo um dez com louvor. Louvor para quem? Que exaltação, que encômio é isso? E tem mais: as bolsas para os que defendem as teses são uma pobreza. Tem viagens, compra de livros caros, horas na Internet da vida, separações, pensão para os filhos que a mulher levou embora. É, defender uma tese é mesmo um voto de pobreza, já diria São Francisco de Assis. Em tese. Tenho um casal de amigos que há uns dez anos prepara suas teses. Cada um, uma. Dia desses a filha, de 10 anos, no café da manhã, ameaçou: – Não vou mais estudar! Não vou mais na escola. Os dois pararam – momentaneamente – de pensar nas teses. – O quê? Pirou? – Quero estudar mais, não. Olha vocês dois. Não fazem mais nada na vida. É só a tese, a tese, a tese. Não pode comprar bicicleta por causa da tese. A gente não pode ir para a praia por causa da tese. Tudo é pra quando acabar a tese. Até trocar o pano do sofá. Se eu estudar vou acabar numa tese. Quero estudar mais, não. Não me deixam nem mexer mais no computador. Vocês acham mesmo que eu vou deletar a tese de vocês? Pensando bem, até que não é uma má ideia! Quando é que alguém vai ter a prática ideia de escrever uma tese sobre a tese?
  • 35. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 34 | Crônica 3 Mas o que é, afinal, felicidade? (Moacyr Scliar) O que é ser feliz? A pergunta que, desde a antigüidade clássica, nunca deixou de ser formulada, constitui-se em um desafio A historinha é antiga, bem conhecida, e foi recontada por ninguém menos que o grande Italo Calvino. Havia um rei poderoso que de súbito foi acometido de profunda melancolia. Os médicos que o atendiam chegaram à conclusão de que, para melhorar, o soberano deveria vestir a camisa de um homem feliz. Emissários foram, portanto, despachados em busca do homem feliz, mas não conseguiam encontrá-lo: ninguém, no reino, se declarava feliz. Finalmente encontraram um jovem lavrador que, de torso nu, arava a terra e que deu uma resposta afirmativa à indagação: sim, ele se considerava feliz. Pediram, então, uma camisa dele. E aí a surpresa que encerra a historinha: o homem feliz não tinha camisa. Não se sabe se, na ausência da terapêutica peça de vestuário, os médicos receitaram Prozac para o rei, mas a história faz pensar. O que é, exatamente, ser feliz? A pergunta que, desde a antigüidade clássica, nunca deixou de ser formulada (por filósofos, teólogos, educadores, políticos), constitui-se em realidade num desafio, sobretudo agora em que outros fatores entram em jogo, gerando polêmicas do tipo: são os homens mais felizes do que as mulheres, como sugerem algumas pesquisas? Se são, qual a causa desta diferença? Vamos voltar, por um momento, à história do homem feliz. Vamos supor que ele tivesse sido convidado para conhecer o rei ou mesmo para morar na corte. Inevitavelmente teria de se vestir de acordo, o que exigiria, claro, uma camisa. Aí ele precisaria comprar uma camisa. E uma gravata. E um terno. E sapatos novos. E teria de mudar de profissão porque um homem de terno e gravata, um homem que foi recebido pelo rei, não pode mais ser um simples lavrador. Teria de conseguir uma coisa melhor, um novo emprego, quem sabe um cargo no governo. E pronto, eis o nosso homem possuído pela ansiedade de subir na vida. Será que a essa altura ele ainda se consideraria um cara feliz? A felicidade é, antes de mais nada, um sentimento. Nas enquetes feitas a respeito, os investigadores limitam-se a perguntar se a pessoa se considera feliz, muito feliz ou infeliz. Não há um critério objetivo para a felicidade, que não se traduz em indicadores numéricos, como é o caso da obesidade. Mas uma coisa é certa: a carência extrema, o sofrimento extremo, são absolutamente incompatíveis com a idéia de felicidade. Não tem nenhum sentido perguntar a uma pessoa que está morrendo de câncer se ela se sente infeliz. O conceito aí é absurdo. A busca da felicidade, "pursuit of happiness" de que fala a Declaração de Independência dos Estados Unidos, colocava a felicidade em terceiro lugar na lista dos direitos inalienáveis, depois de "vida" e "liberdade". Mais do que isto, na Carta dos Direitos americana "pursuit of happiness" foi substituída por "property", propriedade. Claro: propriedade estava mais de acordo com o liberalismo econômico e é, diferente da felicidade, algo concreto que pode até ser registrado em cartório. As pessoas começam a falar de felicidade quando têm suas necessidades básicas satisfeitas, em termos de alimentação, de moradia, de trabalho. Essas coisas são o pão; a felicidade é a manteiga, ou a geléia dietética, se vocês quiserem, ou até o caviar. Mas as pessoas não se contentam mais com pão seco. Querem mais, e nesta luta as mulheres têm se destacado. Mulher hoje tem emprego, tem seu lugar assegurado na sociedade e está até ganhando mais. Mas mulher continua sendo mãe e dona de casa. Daí a ansiedade, daí a tensão, daí o estresse. Daí a sensação de infelicidade. Freud dizia que a felicidade não está ao alcance dos seres humanos. O máximo que podemos almejar, na opinião dele, é uma "tranquila infelicidade". Notem que, para o pai da psicanálise, a tranquilidade neutraliza a infelicidade. E é mais fácil de alcançar, bastando para isto que adequemos nossos objetivos às nossas reais possibilidades. Se temos de usar camisa, que seja uma camisa cômoda, com colarinho folgado. E se tivermos de emprestá-la a um doente (rei ou não) que o façamos com satisfação e sem rancor.
  • 36. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 35 | Crônica 4 A Verdade (Luis Fernando Veríssimo) Uma donzela estava um dia sentada à beira de um riacho, deixando a água do riacho passar por entre os seus dedos muito brancos, quando sentiu o seu anel de diamante ser levado pelas águas. Temendo o castigo do pai, a donzela contou em casa que fora assaltada por um homem no bosque e que ele arrancara o anel de diamante do seu dedo e a deixara desfalecida sobre um canteiro de margarida. O pai e os irmãos da donzela foram atrás do assaltante e encontraram um homem dormindo no bosque, e o mataram, mas não encontraram o anel de diamante. E a donzela disse: - Agora me lembro, não era um homem, eram dois. E o pai e os irmãos da donzela saíram atrás do segundo homem, e o encontraram, e o mataram, mas ele também não tinha o anel. E a donzela disse: - Então está com o terceiro! Pois se lembrara que havia um terceiro assaltante. E o pai e os irmãos da donzela saíram no encalço do terceiro assaltante, e o encontraram no bosque. Mas não o mataram, pois estavam fartos de sangue. E trouxeram o homem para a aldeia, e o revistaram, e encontraram no seu bolso o anel de diamante da donzela, para espanto dela. - Foi ele que assaltou a donzela, e arrancou o anel de seu dedo, e a deixou desfalecida - gritaram os aldeões. - Matem-no! - Esperem! - gritou o homem, no momento em que passavam a corda da forca pelo seu pescoço. - Eu não roubei o anel. Foi ela quem me deu! E apontou para a donzela, diante do escândalo de todos. O homem contou que estava sentado à beira do riacho, pescando, quando a donzela se aproximou dele e pediu um beijo. Ele deu o beijo. Depois a donzela tirara a roupa e pedira que ele a possuísse, pois queria saber o que era o amor. Mas como era um homem honrado, ele resistira, e dissera que a donzela devia ter paciência, pois conheceria o amor do marido no seu leito de núpcias. Então a donzela lhe oferecera o anel, dizendo "Já que meus encantos não o seduzem, este anel comprará o seu amor". E ele sucumbira, pois era pobre, e a necessidade é o algoz da honra. Todos se viraram contra a donzela e gritaram: "Rameira! Impura! Diaba!" e exigiram seu sacrifício. E o próprio pai da donzela passou a forca para o seu pescoço. Antes de morrer, a donzela disse para o pescador: - A sua mentira era maior que a minha. Eles mataram pela minha mentira e vão matar pela sua. Onde está, afinal, a verdade? O pescador deu de ombros e disse: - A verdade é que eu achei o anel na barriga de um peixe. Mas quem acreditaria nisso? O pessoal quer violência e sexo, não histórias de pescador.
  • 37. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 36 | Gramática Uma das principais propriedades de um texto é a coesão, ou seja, o que faz com seu texto tenha continuidade sem precisar repetir palavras ou expressões. Para isso utilizamos pronomes e elementos de ligação. Estes elementos de ligação entre frases ou palavras são os CONECTIVOS, também chamados de CONECTORES. OUTROS EXEMPLOS:  Apesar de algumas evidências sugerirem que os terremotos no Chile e Turquia possam estar relacionados, pesquisadores afirmam que uma conexão entre esses eventos ainda não foi cientificamente comprovada. O número de terremotos no globo é relativamente constante, embora seja flutuante. (Revista Veja, 09/03/2010)  Que futuro deverá construir para a Igreja o novo Papa? ―Tem muitas questões graves que devem ser enfrentadas: a falta de padres, o divórcio, os homossexuais, as relações com as outras igrejas cristãs do mundo. Não sabemos ainda se o conclave terá uma maioria reformista. O certo é que a ala conservadora não vai conseguir impor o seu candidato. Portanto, será um candidato de centro‖, afirma Marco Politi.(G1, 18/02/2013)  A carne de cavalo não é consumida no Brasil. Segundo o Ministério da Agricultura, não há proibição em relação à venda do produto, contanto que o consumidor saiba exatamente que tipo de carne está adquirindo por meio de informações claras na embalagem. (Veja.com, 17/02/2013)
  • 38. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 37 |
  • 39. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 38 | 1. Leia o texto e responda às perguntas: Quanto veneno tem nossa comida? Desde que os pesticidas sintéticos começaram a ser produzidos em larga escala, na década de 1940, há dúvidas sobre o perigo para a saúde humana. No campo, em contato direto com agrotóxicos, alguns trabalhadores rurais apresentaram intoxicações sérias. Para avaliar o risco de gente que apenas consome os alimentos, cientistas costumam fazer testes com ratos e cães, alimentados com doses altas desses venenos. A partir do resultado desses testes e da análise de alimentos in natura (para determinar o grau de resíduos do pesticida na comida), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabelece os valores máximos de uso dos agrotóxicos para cada cultura. Esses valores têm sido desrespeitados, segundo as amostras da Anvisa. Alguns alimentos têm excesso de resíduos, outros têm resíduos de agrotóxicos que nem deveriam estar lá. Esses excessos, isoladamente, não são tão prejudiciais, porque em geral não ultrapassam os limites que o corpo humano aguenta. O maior problema é que eles se somam – ninguém come apenas um tipo de alimento. (Francine Lima, Revista Época, 09.08.2010) 1. Em – Esses valores têm sido desrespeitados, "SEGUNDO" as amostras da Anvisa. – a expressão destacada pode ser substituída, sem alteração de sentido, por (A) conforme (B) por isso (C) logo (D) no entanto (E) tanto que 2. Em ―Desde que os pesticidas sintéticos começaram a ser produzidos em larga escala...‖ - a palavra grifada no trecho acima pode ser substituída sem provocar perda de sentido por: (A) No momento (B) logo que (C) Por consequência (D) Depois (E) Consoante 3.Em ―A partir do resultado desses testes e da análise de alimentos in natura...‖ por qual conector podemos substituir sem alterar o sentido da frase?
  • 40. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 39 | Textos Jornalísticos Os textos jornalísticos são os textos veiculados pelos jornais, revistas, rádio e televisão, os quais possuem o intuito de comunicar e informar sobre algo. Nos dias atuais, o texto jornalístico é provavelmente o gênero textual mais lido, uma vez que possui o maior alcance nos diversos setores da sociedade. Uma característica importante dos textos jornalísticos é sua efemeridade, posto que favorecem o conhecimento de informações atuais de forma que possuem o propósito de difundir o que acontece de novo. No tocante à sua estrutura gramatical, normalmente, o texto jornalístico apresenta frases curtas e ideias sucintas, as quais favorecem a objetividade do texto; além disso, trabalham com o recurso das repetições que auxiliam na memorização e assimilação das informações, sendo mais comum a utilização da ordem direta nas construções frasais, ou seja, sujeito + verbo + complementos e adjuntos adverbiais.
  • 41. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 40 | 1. Retire da capa do jornal acima a estrutura gramatical contida nos principais títulos: Sujeito Verbo Complemento 2. Na frase: ―Dólar bate R$ 3‖, qual o significado do verbo? 3. Na frase ―condenado a 4 anos e 8 meses de reclusão devido ao processo do mensalão‖... o leitor precisa de mais informações para entender a notícia? Que informações seriam? 4. Que outros sinônimos podem ser usados para a palavra ―reclusão‖ ? 5. Retire da capa do jornal abaixo a estrutura gramatical contida nos principais títulos: Sujeito Verbo Complemento
  • 42. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 41 | Notícia Relato de uma série de fatos a partir do fato mais importante. A estrutura da notícia é lógica; o critério de importância e interesse envolvido em sua produção é ideológico: atende a fatores psicológicos, comportamentos de mercado, oportunidades, etc. São partes fundamentais de uma notícia: Exemplo: Escorpiões assustam Vila São José Os moradores da Vila São José, no Ipiranga, estão assustados com o grande número de escorpiões que têm sido encontrados na região. Eles também se indignaram com a sugestão de um técnico da Vigilância de Saúde da Subprefeitura do Ipiranga que aconselhou a população a espalhar galinhas pelas ruas para resolver o problema. Os moradores acreditam que a proliferação tenha começado em um terreno onde havia uma casa abandonada. (“Ipiranga News” - 28/10 a 3/11/2004)
  • 43. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 42 | Na notícia do jornal "Ipiranga News", os dados do lide são: O segundo parágrafo "expande a notícia", isto é, dá mais detalhes a respeito do fato:  a busca de exatidão faz com que se privilegiem os verbos no modo indicativo: "estão assustados", "têm sido encontrados", "se indignaram", "aconselham", "acreditam", "tenha começado", "havia".  quem: os moradores da Vila São José;  onde: na Vila São José, Bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo;  o quê: moradores assustados com a quantidade de escorpiões na região.  os moradores estão indignados com a Vigilância Sanitária da SubPrefeitura, que sugere que eles criem galinhas, como forma de resolver o problema da proliferação dos escorpiões;  os moradores têm uma explicação para o aumento dos escorpiões: uma casa abandonada. Manchete ou título Resumo ou Lide (lead) Texto
  • 44. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 43 | Responda: 1. As notícias publicadas no texto 1 e 2 tratam de que assunto? 2. O Disco Voador que sobrevoou a orla da cidade do Rio de Janeiro era realmente uma nave de outro planeta? 3. Qual a finalidade das duas notícias? 4. Por que o Disco Voador não sobrevoou a Lagoa Rodrigo de Freitas e o Aterro do Flamengo? 5. Retire do texto as conjunções. 6. Marque no texto 1 as preposições e contrações. Retirado do site: http://textoemmovimento.blogspot.com.ar/2013/09/noticias-atividade-6ano-explorando-e.html
  • 45. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 44 | 1. Como vimos anteriormente, a notícia relata um fato recente, de interesse público, com objetividade. Leia com atenção as notícias abaixo para realizar os exercícios: Notícia 1 Ih, qual é o caminho? por Talita Bedinelli Parece história de filme, mas aconteceu de verdade mesmo. Neilson Oliveira de Lima, 3, de Pupuaí, no Amazonas, passou um susto e tanto quando ficou 12 dias perdido na selva amazônica há algumas semanas, até ser encontrado por um caçador. Toda a história começou quando o menino resolveu seguir o pai, que foi trabalhar na roça. Depois, não sabia voltar para casa. Para sobreviver, ele teve que beber água da chuva e comer frutas que estavam caídas no chão. Estava acostumado com a vida na floresta. "Lá, eles andam descalços, sobem em árvore e aprendem a nadar ainda pequenos", diz Núbia Vasconcelos, psicóloga que cuidou dele no hospital. Folhinha (03/19/2007) Notícia 2 Zoo de SP troca remédios por 'terapia' para desestressar animais Atividades desenvolvidas por biólogos ajudam a eliminar o tédio do cativeiro e a evitar casos de doenças psíquicas por Eduardo Gonçalves A vida em cativeiro provoca alterações no comportamento natural dos animais que, em casos mais graves, podem desencadear uma doença típica dos humanos: a depressão aguda. Esse tipo de problema poderia levar a um tratamento com antidepressivos de tarja preta, como foi o caso de algumas aves do Zoológico de São Paulo. Para evitar que os bichos precisem de medicamentos, o zoo, que é o maior da América Latina, desenvolveu um programa que funciona como uma terapia para os mais de 3 000 animais que abriga. O Programa de Enriquecimento Comportamental (Peca) tem como objetivo fazer os bichos se sentirem em casa, reproduzindo ações que fariam em seu habitat natural, além de outras "mordomias".
  • 46. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 45 | As atividades funcionam como um hobby ou exercício físico para os humanos – elas são planejadas para minimizar o stress e a ansiedade dos bichos encarcerados e, ao mesmo tempo, driblar o tédio. Um dos grupos que mais sentem os benefícios da "terapia" são os chimpanzés devido à sua personalidade explosiva e enérgica. O local onde moram é equipado com troncos, cordas, pneus, camas elásticas e um falso cupinzeiro. A mobília improvisada reproduz o ambiente natural da espécie: florestas tropicais e savanas. O “cupinzeiro” consiste numa estrutura de plástico repleta de buracos, cujo fundo armazena uma papinha feita de mel e frutas. Os chimpanzés se apoderam de galhos, que ficam espalhados no recinto, afundam as pontas dos gravetos nas cavidades, e levam as geleias até a boca. É como se estivessem caçando insetos na natureza – com sabor mais adocicado. (adaptado de http://veja.abril.com.br 16/09/2013) a. Qual é o tempo verbal predominante no título de cada notícia? b. Esse tempo verbal dá ideia de: ( ) atualidade do fato ( ) antiguidade do fato c. No corpo do texto 1, se mantém o mesmo tempo verbal? ( ) sim ( )não d. Caso a resposta seja "não", indique o tempo verbal predominante. e. Esse tempo verbal dá ideia de uma ação ( ) acabada ( ) contínua f. Nas notícias, o relato é feito em 3ª pessoa. Por quê? g. Por que a autora da notícia 1 diz que a história do menino ―parece coisa de filme‖? h. Qual é a doença (típica de humanos) que animais em cativeiros podem desenvolver, segundo a notícia 2? i. Qual é o nome do programa desenvolvido no Zoológico de São Paulo para ajudar esses animais? j. Que animais sentem mais benefícios com essa ―terapia‖ e como ela funciona com esse grupo? k. Qual das duas notícias você achou mais interessante? Por quê?
  • 47. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 46 | 2. Leia a notícia abaixo e responda: a. Qual é o título da notícia? b. A notícia possuiu um resumo? c. Qual é o tema principal da notícia? d. O que significa a palavra ―explosão‖ dada na notícia? e. Seria possível mudar o tempo verbal principal da notícia? f. Destaque do texto as preposições, contrações e artigos. g. Que outros sinônimos podemos usar para a palavra: aplicamos?
  • 48. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 47 |
  • 49. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 48 | Artigo de opinião/Editorial Os textos editoriais podem ser encontrados tanto em jornais como em revistas, e sua característica principal é que não precisa ser imparcial e tão objetivo quanto à informação de um acontecimento. Os fatos são relatados pelo ponto de vista subjetivo do autor/empresa e, por conta disso, assume o caráter de texto crítico, pois carrega a opinião do jornal que o veicula, tendo, só em algumas exceções a assinatura do autor principal que o construiu. A escrita do artigo de opinião é marcada, linguisticamente, por uma situação comunicativa que envolve discussões, controvérsias, reveladas em questões polêmicas diante das quais o autor toma uma posição e a defende. A tomada de posição (que não pode acontecer em outros gêneros jornalísticos como a notícia ou a reportagem) é indicada no artigo, entre outras coisas, por marcas linguísticas que anunciam a posição do articulista: ―penso que‖, ―do nosso ponto de vista‖; introduzem os argumentos: ―porque‖, ―pois‖; trazem para o texto diferentes vozes: ―alguns dizem que‖, ―as pesquisas apontam‖, ―os economistas argumentam que‖, introduzem a conclusão: ―portanto‖, ―logo‖. Para cada texto a seguir, você deverá responder às seguintes perguntas: 1. Qual é o assunto principal abordado pelo texto? 2. O tema é atual ou ultrapassado em relação à data de publicação? Parece relacionado a alguma notícia do mesmo período? 3. Com que finalidade esse assunto é abordado? 4. Considerando que se trata de textos argumentativos, que ideia ou tese o autor/a autora parece defender? Com que argumentos? Praticando Gramática 1. Que articuladores aparecem no texto? 2. Retire do texto cinco verbos e classifique-os. 3. Retire do texto cinco substantivos e cinco adjetivos. 4. Marque no texto as preposições e contrações. 5. Escolha um parágrafo e faça a tradução dele. Reveja o quadro com os CONECTORES para entender melhor sobre as marcas linguísticas ressaltadas anteriormente.
  • 50. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 49 | Artigo de opinião/Editorial - 1 Correio Braziliense postado em 17/02/2020 04:34 Ainda são muitas as dúvidas em relação à política oficial para a Amazônia, depois do anúncio feito pelo presidente Jair Bolsonaro da reativação do Conselho da Amazônia, criado em 1995 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. São muitos os desafios que o governo tem pela frente para implementar um projeto que promova a integração das ações federais na região, com a participação dos estados e municípios, o que já vem sendo questionado por ambientalistas, em função da exclusão dos governadores do conselho. Bolsonaro, no entanto, garantiu que nenhuma decisão será tomada sem diálogo com os governadores e demais lideranças locais, mas muitos desconfiam da intenção do presidente e temem que medidas podem ser tomadas de forma unilateral pelo Planalto. O colegiado será comandado pelo vice-presidente Hamilton Mourão e contará com a participação de representantes de 14 ministérios. Na época em que foi criado, era subordinado ao Ministério do Meio Ambiente e contava com a participação efetiva dos chefes dos executivos estaduais. Com o tempo, o conselho foi se esvaziando e o governo, agora, aposta suas fichas no novo modelo sob a batuta de Mourão. A iniciativa de retomar as atividades do comitê é do atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, com o intuito de responder as críticas que o Brasil vem sofrendo desde as queimadas na floresta no ano passado e dos índices crescentes de desmatamento. As críticas partiram, sobretudo, de países europeus, e o presidente francês, Emmanuel Macron, chegou a trocas pesadas farpas com seu par brasileiro. Acontece que o Palácio do Planalto se surpreendeu com o fato de a questão climática ter se destacado entre principais temas do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. E com o Brasil na berlinda, o governo saiu da defensiva e anunciou seus planos para o Conselho da Amazônia e a reativação do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA). Isso para amenizar dúvidas de investidores estrangeiros sobre a falta de vontade política do Planalto com a preservação da floresta. Também foi anunciado, no Fórum, a criação da Força Nacional Ambiental, que deve funcionar nos moldes da Força Nacional de Segurança, com policiais ambientais cedidos pelos governos dos estados da área. O tema ainda está em análise no Ministério da Justiça e Segurança Pública, para a definição de formato e prazos. No entanto, especialistas acham difícil que a nova unidade polícial esteja em atividade até maio, um mês antes do início do período de seca, época das queimadas. Certo é que as autoridades têm de acelerar os projetos governamentais para a região para dar uma resposta concreta às empresas e investidores estrangeiros que abraçaram a responsabilidade ambiental como um de seus pilares. O país não pode se dar ao luxo de perder negócios por causa de desleixo para com o meio ambiente. Que os projetos sejam implantados com celeridade. Retirado de: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/opiniao/2020/02/17/internas_opiniao,828580/visao-do-correio- atencao-a-amazonia.shtml
  • 51. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 50 | Artigo de opinião/Editorial - 2 Isto É Bolívar Lamounier 10/jan/20 - 09h30 Grandezas e misérias das redes sociais 170 Tem-se atribuído às redes sociais a virulência que atualmente se observa no debate público de numerosos países. Atribuição a meu ver acertada, contanto que não transformemos as redes no único vilão. A revista norte-americana The Atlantic dedicou a esse tema todo o seu número de dezembro. Referindo-se só aos Estados Unidos, o editor-geral da revista, Jeffrey Goldberg, abriu a discussão com um esplêndido artigo intitulado ―A nation coming apart‖ (Uma nação em frangalhos, em tradução livre). Entre as possíveis causas desse fenômeno ele cita as deficiências estruturais do sistema político, a tribalização da política — causada por níveis patológicos de desigualdade social — e a tenaz persistência do racismo. Goldberg conclui: ―não sabermos mais quem somos como povo e não temos mais o sentimento de propósito coletivo‖. Situar essa questão no contexto do debate sobre as redes sociais pode nos trazer — como veremos em seguida — um paradoxal alívio, mas também a certeza de que robustecer as democracias hoje existentes não será tarefa fácil. O alívio é que a virulência de que estamos falando tem a ver com a realidade nua e crua das sociedades atuais e não da bicentenária utopia da ―democracia direta‖. Desde que Jean-Jacques Rousseau publicou ―Do contrato social‖, em 1762, centenas de ideólogos socialistas e anarquistas acreditaram que a humanidade caminhava para uma era de ―transparência‖, na qual todos os cidadãos teriam uma boa compreensão das causas dos conflitos sociais e poderiam facilmente formar os consensos necessários ao equacionamento destes. A dificuldade era como estabelecer a indispensável proximidade entre dezenas ou centenas de milhares de indivíduos. Pois então, esse problema a internet resolveu. Hoje podemos nos comunicar de um lado ao outro do planeta instantaneamente e a custo praticamente zero. Mas o que estamos presenciando não é a dissolução e, sim, a crescente virulência dos desacordos. Segue-se que a única democracia possível é a representativa, mas a cada dia constatamos que praticá-la não é fácil. Por toda parte, os legislativos e partidos se encontram fragilizados (e disto o Brasil é um egrégio exemplo). Muito além das redes sociais, precisamos compreender por que, na cúpula dos três Poderes, estamos presenciando a perda da antiga ideia aristotélica de missão e dedicação ao bem comum, sem a qual a própria noção de política perde seu sentido. A internet resolveu o impasse da comunicação direta, gratuita e instantânea, mas também escancarou as discordâncias que minam a democracia. Retirado de: https://istoe.com.br/grandezas-e-miserias-das-redes-sociais/
  • 52. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 51 | Artigo de opinião/Editorial - 3 Retirado de: https://www.jb.com.br/pais/editorial/2019/04/995097-tempo-de-fatalidades.html
  • 53. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 52 | Artigo de opinião/Editorial - 4 A idade e a mudança - Lya Luft Texto | Revista Veja 2010 Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo. Era um bate-papo com uma plateia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades. E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi. Foi um momento inesquecível... A plateia inteira fez um 'oooohh' de descrédito. Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?' Onde, não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo. Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas. Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas, mesmo em idade avançada. A fonte da juventude chama-se mudança'. De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora. A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas. Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos. Mudança, o que vem a ser tal coisa? Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho. Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu. Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos. Rejuvenesceu. Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol. Rejuvenesceu. Toda mudança cobra um alto preço emocional. Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza. Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face. Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna. Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho. Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar. Olhe-se no espelho...
  • 54. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 53 | Textos Acadêmicos O texto acadêmico tem o objetivo de construir conhecimento por meio de investigação científica, cultural, artística ou filosófica. É realizado um estudo específico sobre um tema, baseado em fontes confiáveis que possam ser consideradas referência. Ao final do estudo é apresentada uma conclusão que aponta uma crítica, hipótese, ou mesmo sugestões de futuras pesquisas sobre o objeto de questão. O texto acadêmico utiliza linguagem formal, e de forma objetiva. Há também uma preocupação estética que deve ser seguida. Há uma variedade de textos acadêmicos (abstract, artigos, teses, dissertações, monografias, trabalhos de conclusão de curso). Tanto artigos acadêmicos quanto teses, dissertações e monografias ou trabalhos de conclusão de curso se desenvolvem em torno de uma estruturação mínima. Em todos eles costuma aparecer também um resumo (na mesma língua em que o texto está escrito), seguido de palavras-chave que indicam os principais aspectos que serão tratados no texto, e normalmente acompanhados de uma tradução deste resumo em uma língua estrangeira, conforme solicitada pelo veículo onde o texto está sendo publicado. Apesar de encontrarmos variedade nos tipos de textos acadêmicos, essa costuma ser a estrutura organizacional explicitamente encontrada em textos desse tipo. Estrutura Básica Introdução é o momento de apresentação do tema e eventuais subtemas, na qual o autor/a disserta sobre a questão principal que será abordada no desenvolvimento do texto e sua relevância no mundo acadêmico. Desenvolvimento encontram-se em geral informações sobre o estado da arte das pesquisas sobre o mesmo tema e/ ou temas relacionados a ele – em outras palavras, nessa parte do texto acadêmico o autor costuma abordar o que já foi dito por outros pesquisadores sobre o tema e/ou subtemas que ele vai tratar. Conclusão é reservada para a retomada das principais teorias que embasaram a análise dos dados e os resultados obtidos. Nela, o autor faz um apanhado geral, resumido, das teorias mais representativas às quais recorreu para analisar o tema do texto
  • 55. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 54 | Resumo/Abstract Todo trabalho de pesquisa acadêmica contém um resumo, ou como chamamos em inglês: um abstract. Como o próprio nome já nos mostra, o abstract apresenta um resumo da pesquisa desenvolvida. Ele faz parte de uma tese, dissertação, monografia, artigo, fala proferida em um congresso. Seu objetivo é ajudar o leitor a rapidamente saber sobre o que se trata a pesquisa desenvolvida. Vejamos alguns exemplos: Exemplo 1: Retirado de: https://www.ufsm.br/cursos/pos-graduacao/santa-maria/ppgd/congresso-de-direito-5a-edicao/
  • 56. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 55 | Exemplo 2: Retirado de: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/203207 Leia os resumos a seguir e veja se compreende sobre que será abordado no texto acadêmico.
  • 57. CÁTEDRA DE PORTUGUÊS Apostila para Compreensão Leitora 2020 56 | LUTAS SOCIAIS URBANAS E SERVIÇO SOCIAL: temas e questões presentes nos anais do Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS) Greice Kelly Costa Gomes, Raimunda Nonata do Nascimento Santana Resumo Demarcações de temas e questões que possibilitam caracterizar mediações constitutivas da relação do Serviço Social com as lutas sociais, especialmente as lutas sociais urbanas. Tomam-se os Anais do Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS) como fonte singular de memória, história e pesquisa quanto à incidência das lutas sociais no Serviço Social brasileiro, como profissão e área de conhecimento. Enfatizando particularidades pertinentes à sociedade brasileira, abordam-se as lutas sociais urbanas, como manifestações particulares das lutas sociais. Delineiam-se os modos através dos quais, no contexto do conjunto ético-político e teórico- metodológico dos/as assistentes sociais em construção desde 1979, ano da realização do III CBAS, o chamado Congresso da Virada, a temática das lutas sociais urbanas vem sendo apreendida e debatida nos CBAs. Aprofunda a análise dos Anais dos CBAs de 2004, 2007 e 2010, realizados no contexto dos governos de Luís Inácio Lula da Silva. Conclui-se que, encontram-se nesses Anais importantes contribuições às demarcações das lutas sociais organizadas no enfrentamento da questão urbana brasileira. Também permitem identificar e caracterizar manifestações das mediações da relação do Serviço Social como profissão e área de conhecimento, logo no campo do trabalho intelectual, com as lutas sociais, especialmente as lutas sociais urbanas. Palavras-chave: Questão urbana. Lutas sociais urbanas. Serviço social. Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais. Retirado de: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/cadernosdepesquisa/article/view/1071 Na primeira metade do século XX o principal dilema do mundo era a paz e a reconstrução. A variável ambiental era supérflua e o planeta representava o limite. A grande questão que motivou o surgimento dos conceitos hoje vigentes era saber se existiria um limite para os recursos naturais, se estes não se esgotariam dentro de uma dinâmica de desenvolvimento, se haveria um limite para a absorção, por parte do meio ambiente, da poluição gerada pela interação do homem junto ao meio ambiente. Fruto deste questionamento, os capítulos do presente livro abordam o tema Meio Ambiente sob um olhar renovado e global. De forma didática e objetiva os autores fazem uma revisitação da matéria ambiental sob a ótica das tutelas constitucional, administrativa, civil, penal, processual, tributária e internacional, revelando o caráter moderno e globalizado que o tema assumiu nos últimos anos. Aborda também o tema das agências reguladoras e da poluição. O conceito de desenvolvimento sustentável apresenta uma feição conciliatória, propondo que pode ocorrer o progresso técnico, o desenvolvimento dentro de parâmetros que respeitam os limites ambientais ao mesmo tempo em que reafirma a necessidade do crescimento econômico como condição necessária para a gestão de problemas sociais. Existe uma conjuntura de fatores não estritamente ecológicos que, se bem articulados, implicam uma mudança de valores econômicos e socioculturais que influenciarão na adoção de padrões de consumo mais equilibrados; esta é uma questão de promover uma mudança de caráter comercial e civilizacional. Retirado de: https://www.agrolivros.com.br/direito-agrario-e-ambiental/livro-direito-ambiental-3.phtml