Este documento discute estratégias para aumentar a participação de mulheres na lógica no Brasil. Apresenta dados sobre a sub-representação de mulheres na área e discute iniciativas como oficinas de trabalho, blogs e grupos para motivar e desenvolver a atuação das mulheres na lógica. Também aborda a importância de se discutir didática da lógica levando em conta preconceitos de gênero e como modificar programas de cursos para incluir mais autoras mulheres.
3. Contexto e objetivos
– A parca presença de mulheres no exercício das artes, da
política e das ciências é um problema cada vez mais
premente;
– “A diferença quantitativa entre mulheres e homens em cursos
de STEM é tão relevante mundialmente que é contemplada
na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da
ONU”. [Sass, C. et. al. 2018]*
– No caso da lógica a sub-representação é notável all over the
world – muito embora ações para modificar tal estado de
coisas estejam sendo realizadas com algum sucesso, como
reportam [Brito et. al. 2018]...
4. ... muitas barreiras permanecem. A “inclusão com segregação”
por exemplo: apesar de um aumento no número de
ingressantes na graduação, poucas mulheres chegam ao
doutorado, menos mulheres chegam ao exercício da
docência, e menos ainda conquistam espaço como
pesquisadoras, em algumas áreas mais do que em outras.
Como modificar este quadro em busca de mais diversidade de
gênero nas carreiras científicas — e em especial na Lógica?
Além dos movimentos de escala mundial, são necessárias
iniciativas locais que impulsionem e possibilitem a manutenção
da participação de mulheres em nossa comunidade de
interesse. Esta mesa redonda visa apresentar e discutir
diferentes estratégias (incluindo exemplos do campo da
matemática, da computação e da filosofia)* para motivar e
desenvolver a atuação das mulheres na lógica no Brasil.
5. Mulheres na Lógica
(e no Brasil)
Meninas na lógica e na filosofia,
e a arte graça
Gisele Secco
Mulheres na Lógica:
oficina de trabalho, blog e grupo
Valeria de Paiva
Cláudia Nalon
Mulheres, Lógica e Matemática
Elaine Pimentel
7. Nota inicial: sobre a primavera
feminista na filosofia brasileira
– Que mulheres pratiquem filosofia (e lógica!) no Brasil, com ou
sem pendores feministas, não é novidade;
– Em 2016, entretanto, houve um turning point na história da
filosofia acadêmica brasileira com relação ao tema:
– publicação da pesquisa da Prof.ª Carolina Araújo (UFRJ)
"Mulheres na Pós-Graduação em Filosofia no Brasil 2015”
(2016);*
– criação do GT Filosofia e Gênero na ANPOF (2016);
– organização eventos relacionados ao tema (Vozes: As
Mulheres na Filosofia; encontro do GT da ANPOF (2017);
8. – publicações decorrentes de tais eventos (Vozes: As
Mulheres na Filosofia (2018);
– criação de grupos de escrita, tradução, estudos sobre
reescrita do cânone etc..
– criação (em andamento) do Blog e da Rede Brasileira de
Mulheres na Filosofia
– concomitância e causalidade com ações no Ensino
Médio...
Nota inicial: sobre a primavera
feminista na filosofia brasileira
9.
10. Lógica nas licenciaturas em filosofia
e no ensino médio: o círculo vicioso
– Meninas acreditam desde cedo ser piores que meninos em
matemática (adultos fazem sua parte na alimentação deste gender
bias);*
– Meninas (não apenas elas!)) chegam no ensino superior com
“expectativas antimatemáticas”;
– Frequentam aulas de lógica com medo, angústia e/ou desprezo; não
veem como as ferramentas aprendidas poderão ser úteis (na leitura,
na escrita e nos debates filosóficos).
– Como professores do Ensino Médio, obliteram a lógica, alimentando o
vicioso “círculo de expectativas antimetemáticas”.
– Como desfazê-lo?
11. Precisamos falar sobre
didática da lógica
– Há ainda muito a ser discutido, pesquisado e realizado para que
nossas práticas didáticas sejam aprimoradas levando-se em conta:
– as especificidades dos campos em que a lógica seja ensinada, suas
finalidades específicas (lógica para Computação, para Matemática,
para a Filosofia, além de em e por si mesma);
– os diferentes níveis de ensino e possíveis enlaces interdisciplinares;
– a preocupação com preconceitos de gênero (sem falar de raça e
classe...) que, por sua vez,
– O que possibilitaria o desenvolvimento de estratégias de
empoderamento lógico de estudantes do sexo feminino.
– Alguns exemplos (de ensino de lógica na filosofia no ensino médio e
superior) (to be continued...)
16. Mulheres no LiCS (Logic in Computer Science)
(Dados de 2013, obrigada Orna Kupferman! )
– Chairs: 27 men (96%), 1 women (4%)
– Organizing committee: 21 men (81%), 5 women (19%)
– Advisory board: 15 men (100%), 0 woman (0%)
– Typical PC: 30 men (88%), 4 women (12%)
– Invited speakers MFPS-LICS-CSF: 6 men (86%), 1 woman (14%) [with special session
speakers: 13 men, 1 woman].
– Tot Awards: 8 men (100%), 0 women (0%)
– Tot awards ever: 41 men (95%), 2 women (5%)
– Kleene awards ever: 18 men (95%), 1 women (5%)
– Authors of accepted papers last year: 5% women.
– Submissions this year: 445 men (96.3%), 17 women (3.7%)
18. Por que igualdade entre os sexos:
1. Justificativa econômica,
utilização dos recursos
humanos;
2. Igualdade, produz melhores
resultados (vários estudos);
3. Leva a um ambiente melhor
de trabalho.
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undergrad.m
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assoc.prof.
prof.
women
men
O que gostaríamos de ver?
19. Dados de Israel na Academia: de
1995 a 2009
10
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undergrad.
m
aster
phd
lecturer
sen.Lect.
assoc.prof.
prof.
w 2009
m 2009
w 1995
m 1995
20. Dados no Brasil…(obrigada
Claudia Bauzer, UNICAMP)
– O número de mulheres em computação está diminuindo em todo o
mundo
– de 30% para 13% matriculadas nos EUA
– de 50% para 6% ingressantes UNICAMP
– Mas há % mais alunas na Mecatrônica que em EE ou CC ou EC
– Iniciativas - exemplos
– Grace Hopper Conference (Anita Borg)
– Richard Tapia Conference
– WIT (Sociedade Brasileira de Computação)
– Empresas – Schlumberger, IBM, Google, Microsoft (???)
21. Na Engenharia…
(obrigada Celina Figueiredo!)
– […] É nítida entre todas as universidades mundo afora
que tive oportunidade de conhecer que o número de
alunas na Engenharia é muito inferior ao de nossas
salas aqui na Politécnica. Nossas alunas já passam de
30% enquanto em países ditos mais desenvolvidos, EUA,
por exemplo, mal atingem os 8%. Mesmo na Europa tal
número não chega a 20%.”
Prof. Ericksson, diretor da Escola
Politécnica da UFRJ
(email de 21 out 2013)
22. Pesquisadoras no CNPq?
– Distribuição do total de bolsas (incluindo todas as
modalidades no país): as mulheres e os homens
praticamente empatam.
– As mulheres têm praticamente 1/3 das bolsas nas
grandes áreas Engenharias & Computação e Ciências
Exatas & da Terra.
– Bolsas de Produtividade em Pesquisa do CNPq : o
percentual de bolsas PQ para mulheres aumentou de
32% em 2001 para 35% em 2010.
23. Cobertura midiática
– “Brazil punches above its weight, ranking highest overall
in the representation of women in science and
technology, according to a report from Women in
Global Science and Technology.”
– BBC New Technology
www.bbc.co.uk/news/technology-24537621
25. O que estamos fazendo
– Workshop internacional Women in Logic
– primeira edição WiL2017, Reykjavik, Islandia;
– segunda edição WiL2028, Oxford, Reino Unido, FLoC;
– terceira edição, WiL2019, Vancouver junho de 2019.
27. Sucessos
– Aumentamos bastante o numero de mulheres logicas no Editorial Board de
IfColog;
– Conseguimos que SIGLOG (Special Interest Group in Logic) ACM pagasse a
taxa de inscrição das alunas que apresentaram trabalhos nas workshops;
– Prometido para futuras workshops também!
– Conseguimos que o Vienna Center for Logic and Algorithms se tornasse nosso
patrocinador em 2018/2019, e temos a promessa de que vão continuar a
pagar pelo menos parte das despesas com Invited Speakers;
– Construímos várias listas de mulheres que trabalham com lógica na
computação, na matemática, na filosofia e na linguística;
– Temos varias listas de PCS and Invited Speakers em conferências lógicas;
– Temos 418 membros no nosso grupo (mas isso ainda é pouco…).
28. Desafios
– Um passo a frente, dois para trás…
– Precisamos de templates de carta para reclamar?
– Precisamos fazer update das nossas listas e precisamos faze-las mais
completas e mais úteis;
– Precisamos atacar o problema Wikipédia;
– Precisamos atacar o problema da falta de memória em geral:
coletar fotos de arquivos, produzir fotos de mulheres nas
conferencias juntas, fazer o problema ser de todas;
– Precisamos coordenar com outros grupos parecidos;
– Precisamos de mais dados e de mais estudos e resumos críticos dos
mesmos.
31. Projeto submetido (e aprovado):
Edital "CNPq/MCTIC No 31/2018".
– Objetivo geral: incentivar e despertar o interesse de meninas por
Matemática, deste modo estimulando também o interesse (e
permanência) de mulheres em profissões e pesquisas na área de ciências
exatas, computação e engenharias.
– Alcance: cerca de 1.500 alunos, com uma equipe de 15 professores da
UFRN e do exterior (trabalho voluntário) e 23 bolsistas (12 meses).
– Duração: 2 anos (2019-2020).
– Ações na Educação Básica: atividades em Matemática (de caráter
geral), visando incentivar o interesse (em geral, mas particularmente) de
meninas na área; trazer para atividades cotidianas dentro e fora de sala
de aula exemplos de mulheres que desempenham ou desempenharam
um papel de destaque na área de ciências exatas; espelhamento.
– Atividades na graduação e pós: acompanhamento para diminuir os
índices de evasão feminina nesses cursos (Círculo de HIPATIA);
32. Outras ações
– EBMM;
– Matemática: substantivo feminino;
– Tutoriais;
– Bolsas com porcentagem mínima
para mulheres;
– Auxílio para participação em
eventos;
34. Sobre uma didática mínima para
a lógica no ensino médio
– Para o eixo instrumental
(ferramentas lógicas):
– Por quê Lógica no EM?
– Qual(ais) Lógica(s)?
– Quais noções e procedimentos
fundamentais?
– Quais enlaces interdisciplinares?
– Quando? (JM)
– O que nos leva a ter de discutir...
currículo e transversalidade de
conteúdos.
37. 19º EBL
– Keynote Speakers (3 de 8) = 37,5%
– Talks (23 de 94) = 24,46%*
– Agradecemos à diretoria da SBL pela abertura a temas
como ensino de lógica e a presença de mulheres na
lógica
38. Notas finais: como prosseguir?
– Abertura à mudança de
atitudes problemáticas;
– Abertura à mudança de
programas de cursos de lógica
(incluindo mais mulheres na
bibliografia, como autoras de
resultados originais, não
somente comentadoras);
– Atenção na organização de
eventos;
– Envio de cartas aos comitês
científicos;
– What else?
– Mobilização de mulheres e
colegas sensíveis “à causa”;
– Mais pesquisa em didática da
lógica (sobre métodos de ensino;
materiais didáticos, filosofia da
lógica em suas relações com a
didática);
– Produção de materiais didáticos
mais variados e adequados;
– Sensibilidade/reflexão ao
preconceito de gênero em
nossas práticas;