O documento descreve o ciclo do café no Vale do Paraíba, incluindo sua chegada na região e o apogeu durante os séculos XIX e XX. O café trouxe prosperidade à região e poder político e econômico aos barões do café. A cultura dependia massivamente de mão de obra escrava em grandes fazendas altamente organizadas.
1. Alunas: Eliana Oliveira Cruz
Fhabiene Carvalho de Castro
Lorena Kelly Assunção Rodrigues de Souza
Rosana Aparecida de Lima
Disciplina: História do Vale do Paraíba
Professor: Francisco Sodero
O Ciclo do Café no Vale do Paraíba
1) Resumo
Para alguns historiadores, o café teria chegado a América do Sul, primeiramente na
Guiana Francesa através do governador M. La Motte. Já sua chegada no Brasil dá-se
através do sargento-mor Francisco Mello Palheta; em 1722 as mudas seriam aqui
plantas na cidade de Belém do Pará, todavia somente 1761, que a Coroa Portuguesa
passa dar um olhar mais firme ao café, pois adota medidas para incentivar e ampliar as
plantações de café; dentro dessas medidas pode-se destacar a retirada de barreiras de
importação.
A chegada do café no Vale Paraibano, chega primeiro no Vale Fluminense; somente em
1830 que a prática cafeeira se torna dominante por aqui, devido à crise do açúcar. No
início do século XIX, o café entra dificuldades para se estabelecer, pela existência de
alguns canaviais. A prática cafeeira no Vale do Paraíba, trará uma visibilidade para a
região, jamais vista e também dará poder político e econômico para os barões do café,
no âmbito nacional, o termo conhecido como o ‘’glamour da Europa’’ (café), de fato
trouxera glamour e prosperidade para o Vale. No apogeu do ciclo do café, os barões do
café, foram os responsáveis, sabem ou não; por trazer benefícios a cultura e a vida do
país, em questões racial e histórico-culturais. Tantos personagens se destacam dentro do
ciclo do café, mas os mais visados são de os ‘’barões do café’’, os responsáveis pela a
grande ascensão e administração do processo cafeeiro e o os escravos, que de fato
manuseavam e estavam presentes nas grandes lavouras, responsáveis por gerar o ouro
verde do Brasil.
Com a grande importância do café no cenário nacional e mundial, as cidades e vilas que
mais se destacam e não podemos deixar de mencionar são, a pioneira Resende, a
Valença “dos marqueses” e, Vassouras, a mais importante cidade de todo o Vale-
paraibano, além de Cantagalo, no Estado do Rio de Janeiro. Já em São Paulo, no fundo
do Vale se destaca Bananal; Taubaté, Pindamonhangaba e Lorena; Juiz de Fora em
Minas Gerais; oscilando entre si estas cidades em produção das arrobas de café,
começando com o auge nas cidades cariocas e depois com o auge das cidades
paulistanas.
2. Por fim destaquemos o fim deste ciclo, que trouxera tão vangloria para cidades até então
não tão significantes para o país, identificamos um grande legado político causado pelo
poderio das grandes fazendas, citemos Rodrigues Alves, do fundo Vale tendo
visibilidade Nacional, impulsionado pelo grande poder do café e tantos outros legados
deixados pelos anos de gloria do café do Vale; na principal atividade econômica do
período o grande acúmulo de capitais obtido com a venda do café possibilitou o
investimento em infraestrutura (estradas, ferrovias...) e o nascimento de novos setores
de investimento econômico no comércio e nas indústrias. Nesse sentido, o café
contribuiu para o processo de urbanização do Brasil. Porém pela falta de técnicas
adequadas e mau uso de plantio e cultivo da terra e tantos outros motivos este ciclo
entra em declínio, deixando a nova identidade com uma faceta de ‘’cidades mortas’’,
como cita Monteiro Lobato, ao se referir a algumas cidades com grande vislumbre no
auge do café; todavia são lembradas até os dias atuais deste passado glorioso
conquistado pelos ‘’Barões do Café’’, trazendo os olhares do mundo para o fundo Vale.
Fontes:
http://www.ufjf.br/heera/files/2009/11/artigo02.pdf
Acesso em: 7 de Setembro de 2017
content/uploads/2008/06/ciclo-do-cafe_pg-13-a-39.pdf
Acesso em: 7 de Setembro de 2017
http://www.unitau.br/files/arquivos/category_154/MCH0168_1427384659.pdf
Acesso em: 10 de Setembro de 2017
3. 2)
Fazenda Pau d’Alho, São José do Barreiro SP; a meio caminho entre o Rio de Janeiro e São
Paulo, abrigou D. Pedro na viagem da Independência. Foto Victor Hugo Mori
Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.141/4214(%20image
4. Fonte: http://tremdaserradoriodejaneiro.blogspot.com.br/2015/11/ferrovia-no-vale-do-paraiba-
fluminense_12.html
Fonte:http://ecomoveiogente.blogspot.com.br/2015/08/
Imagem 01 e vídeo 01 (Vale Paraíba do Sul- Ciclo do Café )
Notamos a grande influência que o barões do café tiveram naquele período, qual o
legado deixado essas cidades atualmente, o sustento das fazendas, a existência dos
utensílios, e como os outros proprietários dessas fazendas se portaram diante de um
ciclo grandioso, porém que chegara ao fim.
Imagem 02 e Vídeo 02 (Histórias da História de São Paulo - O café no Vale do
Paraíba)
Região Valeparaibana era bastante apropriada para a cafeicultura, pois era abundante
em terras virgens e tinha um clima favorável. As grandes propriedades, cultivo para
exportação e uso de mão-de-obra escrava era fatores que favoreceram a prática cafeeira
no vale. A riqueza oriunda do café abriu oportunidades para melhorias em estrutura na
região, com a grande demanda novos empregos foram criados, melhorou-se a condição
dos portos e instalaram-se novas formas de transporte. Os grandes fazendeiros do Vale
receberam títulos de nobreza (Barões do Café ), e passaram a ser a principal base de
apoio para o Império.
Imagem 03 e vídeo 03 (O Império era o Café- Ensino Médio- Telecurso)
5. Ao analisarmos as imagens, identificamos a imensa organização das grandes fazendas
cafeeiras, tudo construído em função do café. Compunham este cenário, a Casa Grande,
onde residiam os ‘’barões’’ e sua família; em seguida a parte ‘’industrial’’ do café se
compunham pelo; lavador de café; terreiros para a sua secagem, de terra ou calçado;
engenho para beneficiamento dos grãos (engenho de café); tulhas para armazenagem do
café seco a ser beneficiado; senzala onde residiam os escravos que além de estarem
ligados diretamente a atividade agrícola cuidavam de toda a manutenção da fazendo
inclusive de seus senhores, havendo hierarquia entre os escravos.
Fontes: https://www.youtube.com/watch?v=TwprSi0TPKA (vídeo 1)
https://www.youtube.com/watch?v=4ZkREjRkZqQ (vídeo 2)
https://www.youtube.com/watch?v=NGpgSRhBITY (vídeo 3)
3) DÚVIDAS E QUESTIONAMENTOS
- Podemos entender que as ferrovias no Brasil, ‘’surgem’’ a partir do ápice do
café, como ela também contribui para o declínio do mesmo?
- Durante o apogeu do café, o império se sustenta com as riquezas geradas por
este período, por que não tomar atitudes e medidas para melhorar o cultivo e
escoamento do café.
4) Fazendas de café: Grande parte das fazendas de café paulistas foram formadas a
partir das antigas fazendas de cana-de-açúcar. Uma fazenda de café era dividida
geralmente em: Tanques para lavar e terreiros para secar o café; Edificações do
beneficiamento, como tulhas e casas de máquinas, onde os grãos eram armazenados e
beneficiados; Depósito, oficina, serraria; Colônias para os trabalhadores, nas mais
antigas as senzalas; em algumas, Capela e Escola; Casarão; Casa do administrador;
Armazém; Pomar, horta, galinheiro, estábulos.
Comissários do café: Era um intermediário, em geral comerciantes portugueses e
brasileiros, ou grandes fazendeiros que diversificavam suas atividades metendo-se no
comércio e fundando bancos - financiavam plantações sob hipoteca e por conta da
produção a ser vendida. Vendendo o café aos exportadores, os comissários tiveram
papel decisivo, particularmente no primeiro período de expansão dessa lavoura (final do
século XIX), quando a maior parte dos fazendeiros ainda não se mudara para a cidade e
vivia isolada nas casas-grandes de suas fazendas.
Os comissários cobravam dos fazendeiros comissão pela venda, despesas de
armazenamento e juros pelo financiamento da plantação. Houve um momento em que
foi muito estreita a relação de dependência pessoal do produtor para com o comissário,
tomando-se este uma espécie de conselheiro daquele.
Arquitetura do café: A cultura cafeeira influenciou a arquitetura das principais cidades
e fazendas. A arquitetura das fazendas, os edifícios, caminhos, parques, jardins,
pomares, plantações, criações e demais coisas foram concebidos de acordo com padrões
6. arquitetônicos específicos e compatíveis com o modo de produzir em cada subperíodo
do ciclo cafeeiro. Portanto, durante o período em que o café foi o principal produto da
indústria brasileira (meados do século XIX a meados do século XX), a arquitetura das
fazendas cafeeiras evoluiu de acordo com as transformações culturais (tecnológicas,
socioeconômicas, políticas etc.) ocorridas na sociedade em cada época.
Catolicismo popular: É um tipo de catolicismo, trazido por portugueses pobres e
começou a penetrar no Brasil a partir da colonização. Além de portugueses pobres,
alguns pequenos proprietários, índios destribalizados, ex-escravos e, sobretudo,
mestiços praticaram esse catolicismo. Não tinha ligações com o poder político, nem se
beneficiava de auxílios econômicos.
O Catolicismo Popular é composto de devoção aos santos, romarias, novenas,
procissões, bênçãos, festa do padroeiro, promessas. As devoções aos santos na cultura
popular se apresentam como resposta para dar significado às suas origens e que são
identificados com seus antepassados
Sua funcionalidade existe exatamente a partir da figura nuclear das devoções aos santos.
Dito de outra maneira, esse catolicismo pode ser definido usando a expressão popular:
“muita reza, pouca missa; muito santo, pouco padre”. Não se pode dizer que seja um
catolicismo independente do catolicismo da hierarquia eclesiástica, mas se trata de uma
retradução do mesmo.
5) No início do século XIX, o cultivo do café foi expandido para o oeste do Rio de
Janeiro, chegando à região do Vale do Paraíba fluminense e paulista, o “oeste velho”
paulista. A vinda da Corte para o Rio de Janeiro em 1808 foi um marco nesse
incremento da expansão cafeeira, pois com a Abertura dos Portos ocorre a dinamização
das atividades agroexportadoras em torno do Rio de Janeiro. Negociantes de grosso
trato, comerciantes tropeiros e outros grupos sociais, que prestavam serviços à Coroa,
receberam sesmarias na região do Vale, isso aumentou os fluxos migratórios na região.
Nos caminhos já abertos no Vale surgem unidades produtivas e já no começo do século
XIX através de negociantes ligados aos comércios de tropas, de cabotagem, negreiro, e
alguns envolvidos com a arrematação de contratos de direitos e tributos régios, como
dízima da alfândega, dízimos e outros, surgem as primeiras fazendas de café, porém não
exclusivas, pois eram fazendas de policultura.
Tendo em abundância fatores de produção, como terra, mão de obra escrava e capital e
o crescente mercado consumidor, especialmente nos Estados Unidos, a produção no
Vale aumentou muito e já na segunda metade do século XIX correspondia a mais de
60% das exportações. Por conta disso as fazendas ficaram cada vez mais especializadas,
o fazendeiro que diversificava sua produção com açúcar e outros gêneros de
abastecimento passou a ser exclusivamente produtor de café, assim sendo, cada vez
mais os cafeicultores necessitavam do mercado para suprir a propriedade com escravos,
alimentos e outros gêneros. O surgimento da grande fazenda em meados do XIX, com
suas casas grandes, longas extensões de terra e centenas de escravos representou o auge
do poder dos cafeicultores.
7. 6) O trabalho desenvolvido nas fazendas de café era realizado por meio de mão de obra
escrava, estes tinham jornada de trabalho entre quinze e dezoito horas diárias, iniciadas,
ainda na madrugada, ao som do sino que os despertava, para que os mesmos se
apresentassem enfileirados perante o feitor e assim receber as tarefas. No entanto, se as
atividades fossem próximas à sede da fazenda, iam a pé; se mais distantes, um carro de
bois os transportavam.
Distribuíam-se em grupos e trabalhavam horas a fio sob as vistas do feitor e embalados
pela música que cantavam, essas canções falavam do trabalho, de suas origens, dos
patrões e de si mesmos.
O almoço era servido lá pelas dez horas da manhã e deveria ser feita rapidamente, para
não se perder tempo. No cardápio tinha feijão, angu de milho, abóbora, farinha de
mandioca, eventualmente toucinho ou partes desprezadas do porco e frutas da estação.
O lanche era servido a uma hora da tarde, composto por um café com rapadura, já nos
dias frios era servido cachaça. Por volta das 16h era servido o jantar e comia-se o
mesmo que no almoço, depois descansava por alguns minutos e retomava ao trabalho
até escurecer. Os escravos debulhavam e moíam o milho, preparavam a farinha de
mandioca e o fubá, pilavam e torravam o café, com frequência, cortavam lenha e
selecionavam o café apanhado no período de colheita.
Por volta de nove ou dez horas da noite é que o escravo podia se recolher. Antes de se
deitar, fazia uma refeição rápida e exausto descansava até a jornada do dia seguinte.
7) Com o advento da abolição muitas coisas mudaram na estrutura das fazendas de café,
como a produção no Vale do Paraíba começa a decrescer outra região ganha
notoriedade econômica relacionado à produção do café, o oeste paulista, onde
utilizando-se de mão de obra de imigrantes europeus acaba prosperando com o sistema
de colonato, com isso podemos observar o período de decadência do Vale do Paraíba
cafeeiro.
Por se tratar de um período de transição não há uma ruptura total com a política
escravista, portanto, o trabalho escravo negro ainda continua, mesmo porque não foi
feito nenhum plano para inserção do negro na sociedade após sua abolição.
Diante do contexto da abolição e do surgimento de novas ideias, observa-se também o
início de um novo rumo na política do país, a transição de um sistema monárquico para
um republicano. Portanto, com a abolição o império perde seu último pilar de
sustentação, mostrando como o regime imperial estava atrelado à escravidão.
8) A economia cafeeira entrou em crise nas últimas décadas da escravidão. Logicamente
até o 13 de maio a produção continuou e também permaneceu após essa data, porém
com uma configuração diferente, os cafeicultores tiveram que se utilizar de outros
arranjos, com os agora “ex escravos”, pois estes recusavam trabalhar como no regime
8. anteriormente vigente. Desta forma, tiveram que fazer uma reorganização espacial das
fazendas, pois os ex escravos não mais aceitavam ficar sob os olhos do patrão.
Diante disso, após a abolição a produtividade se configurou decrescente no Vale; muitas
fazendas se encontravam hipotecadas e o insumo base para essas hipotecas eram os
escravos.
Outro fator é o esgotamento dos recursos naturais por conta do plantio vertical, que
causava grande erosão, mesmo tendo o conhecimento sobre o plantio de curva de nível,
os produtores insistiram em esgotar todos esses recursos em vista de seu espírito
mercantil, que buscava por riqueza e lucro a qualquer custo.
Diante desses dois fatores ocasionados simultaneamente: Crise social das relações de
poder escravistas e crise ecológica, ocorre uma quebra na produção e consequentemente
as fazendas do Vale perdem competitividade em relação ao oeste paulista.