A reunião discutiu o livro O Senhor Calvino de Gonçalo M. Tavares e o texto "Sinais: raízes de um paradigma indiciário" de Carlo Ginzburg. Os participantes refletiram sobre como o livro se relaciona com o conceito de "paradigma indiciário" proposto por Ginzburg e como as pistas no livro indicam a relação entre as obras e a intencionalidade do autor. Os próximos textos a serem discutidos na próxima reunião também foram confirmados.
1. Universidade Federal de Uberlândia / Programa de Pós-Graduação em Letras / Curso de Mestrado Acadêmico em Teoria Literária
Criticum – Correntes críticas modernas e contemporâneas / 2015
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Registro da Reunião do dia 20 de maio de 2015
A presente reunião do Criticum foi destinada à reflexão sobre o livro O senhor Calvino, de Gonçalo
M. Tavares, e o texto “Sinais: raízes de um paradigma indiciário”, de Carlo Ginzburg. Estiveram
presentes na reunião Maria Ivonete Silva, Juan Fiorini, Mara Elisa Moreira, Ana Paula Silveira, Cléia
Rubio, Alina Dario e Marília Crozara. Antes de iniciar a reflexão sobre os textos, os participantes
comentaram sobre a ausência do texto O senhor Calvino na página do grupo. Maria Elisa disse que
enviaria a versão do texto em pdf por e-mail e verificaria a ausência de outros arquivos na página.
A reflexão sobre os textos foi conduzida por Juan e Maria Elisa. Como a maioria não conseguiu o
acesso ao livro de Gonçalo Tavares, ela iniciou a reunião apresentando o autor, a coleção O bairro e
a obra escolhida para o referido estudo. Em relação à produção de Gonçalo Tavares, pontuou-se a
ideia de trabalho seriado pelo autor. O romance está inserido na coletânea O bairro, possuidora de
10 volumes. Neles, há a presença de um diagrama em que vemos o mapa do bairro indicando os
nomes dos personagens da coletânea, correspondendo a indivíduos ligados à cultura de um modo
geral.
O romance foi aproximado do conceito de paradigma indiciário, proposto por Carlo Ginzburg. Para
discutir o conceito em questão, o historiador toma como exemplo três casos específicos: o de
Freud, com a sua metodologia de analisar cada fragmento de pensamento do paciente; o de
Morelli, um crítico de arte, desenvolvedor de um método para a atribuição autenticidade ou
falsidade de obras de arte a partir de minúcias no modo como a pintura é elaborada; por fim, o
terceiro exemplo analisado pelo historiador é o do personagem Sherlock Holmes, de Arthur Conan
Doyle, que se tornou amplamente conhecido devido à busca pelo detalhe em sua investigação. Ao
comparar essas três metodologias para averiguar provas – a psicanalítica, a autoria de obras
artísticas e a resolução de crimes –, o historiador aponta para o fato de que Freud, Morelli e Conan
Doyle inseriam-se em um discurso médico, que funciona como um rastro paradigmático desses
casos. Em síntese, o método consiste na busca de pistas, de indícios quanto ao que se busca
discutir, geralmente presentes em detalhes; no caso específico da literatura, há que se pensar nos
vestígios linguísticos, que viabilizam múltiplas discussões.
A reflexão levou a apontamentos sobre o inconsciente e a intencionalidade autoral. Percebeu-se,
mediante as pistas que Gonçalo Tavares oferece ao leitor das obras de Calvino, os indícios que
indicam a relação entre as obras, conforme alguns exemplos apontados por Maria Elisa e Juan. Isso
leva a pensar em que medida Gonçalo Tavares conhece os diferentes “moradores” do Bairro, pois
nas obras os retoma em seu processo autoral. Tal reflexão também apontou a possibilidade de
esses vários elementos da obra do escritor português funcionarem como uma antidiscursividade.
Ao término da reunião foram confirmados os textos da próxima reunião, que será conduzida por
Melissa e Tiago, no dia 11 de junho: o texto literário “Amar um cão”, de Maria Gabriela Llansol,
bem como as discussões teóricas em torno de O prazer do texto, de Roland Barthes, “Um berço de
perguntas: amar um cão I” e “A fraternidade do ímpar: Amar um cão II”, de Lúcia Castello Branco e
Vânia Baeta de Andrade.