A reunião discutiu o livro As cidades invisíveis, de Italo Calvino, e o texto "Rizoma", de Gilles Deleuze. Os participantes refletiram sobre como Calvino usa a literatura para explorar temas científicos e como seu livro se assemelha a um rizoma, com ramificações infinitas de histórias. Eles também debateram os conceitos de realidade versus imaginação e conhecimento especializado versus saber amplo.
1. Universidade Federal de Uberlândia / Programa de Pós-Graduação em Letras / Curso de Mestrado Acadêmico em Teoria Literária
Criticum – Correntes críticas modernas e contemporâneas / 2015
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Registro da Reunião do dia 09 de maio de 2015
A presente reunião do Criticum foi destinada à reflexão sobre o livro As cidades invisíveis, de Italo
Calvino, e o texto “Rizoma”, de Gilles Deleuze. Estiveram presentes na reunião as seguintes pessoas:
Maria Ivonete Silva, Juan Fiorini, Marise Gândara, Jorcilene Nascimento, Alina Dario, Tiago Abreu,
Wilson Almeida e Marília Crozara.
A reunião começou com a confirmação do cronograma de atividades do Criticum, definido a partir
de discussão no grupo em 2014 e organizado por meio de votação online. Em seguida, divulgou-se o
novo site do grupo, criado por Tatiele Freitas.
Antes de dar início à reflexão sobre os textos, foi feita a apresentação da dinâmica de trabalho em
cada reunião do Criticum, em virtude de haver novos participantes.
A reflexão sobre os textos foi conduzida por Jorcilene e Maria Ivonete, que apresentaram suas
impressões de leitura de forma dialogada com os demais participantes. Em relação ao romance de
Italo Calvino, pontuou-se a importância da narrativa para a problematização do romance no século
XX, assim como se destacou o fato de que o autor italiano se vale da literatura como veículo para a
ficcionalização de suas experiências (matemática, astronomia, ciência). O livro foi pontuado ainda
como uma nova forma de Il miglione, de Marco Polo: Calvino busca este clássico e, a partir de sua
narrativa, resgata as angústias, os questionamentos e o exotismo contemplados por Marco Polo.
O romance foi aproximado do conceito de rizoma deleuziano: o rizoma, como raiz que se espalha,
que tem ramificações infinitas, adquire sua profundidade justamente a partir do momento em que
se expande e se torna uma rede infinita, no mesmo modo pelo qual Calvino expõe as cidades que
compõem o livro, as quais conformam um território vasto e incompleto de histórias.
A reflexão se expandiu para os temas do real e do imaginário, da ciência (especializada, classificadora)
e do saber (vasto, múltiplo, fluido), da relação entre bibliotecas, coleções, arquivos e atribuições de
valor, sempre à luz da obra calviniana e do conceito de rizoma, o qual permitiria resgatar uma forma
de visão perdida devido aos diversos cerceamentos aos quais o pensamento moderno foi submetido.
O rizoma, nessa perspectiva, deve ser sempre tomado não como instrumento de classificação ou
como uma entidade definida, mas sim como o movimento possibilitado quando a memória gera
outras conexões, outras imagens e outras memórias. Enfim, como uma proposta de reflexão não
hierarquizada, ramificada e múltipla.
Ao término da reunião foi colocada em questão a possibilidade de alteração do cronograma, a qual
foi aceita pela maioria, de modo que a reunião que ocorreria em maio foi adiada para junho e a de
junho, que seria conduzida por Maria Elisa e Juan, em torno do livro O senhor Calvino, de Gonçalo M.
Tavares, e o artigo “Sinais: raízes de um paradigma indiciário”, de Carlo Ginzburg, ocorrerá no dia 20
de maio.