A reunião analisou o conto "Amar um cão" à luz de três textos críticos. Discuteu-se a influência do pós-guerra na escrita fragmentada de Llansol e sua associação ao Novo Realismo. Abordou-se a representação da morte em Llansol e a busca pelo Sublime. Também se destacou a leitura como drama entre leitor e texto e o cão como alegoria da escrita. Concluiu-se que Llansol interage com o mundo de forma contemplativa, não
1. Universidade Federalde Uberlândia/Programa de Pós-Graduação em Letras/Cursode MestradoAcadêmico em Teoria Literária
Criticum – Correntes críticas modernase contemporâneas/ 2015
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Registro da Reunião de 11 de junho de 2015
A presente reunião do Criticum foi destinada à análise do conto “Amar um cão”, de Maria
Gabriela Llansol, à luz dos textos “Um berço de perguntas: Amar um cão I”, de João
Barrento, “A fraternidade do ímpar: Amar um cão II”, de Maria Etelvina Santos e O prazer do
texto, de Roland Barthes. Estiveram presentes os seguintes integrantes: Maria Ivonete Silva,
Marise Gandara, Ana Paula, Mônica Silva e Tiago Eric de Abreu, o qual conduziu a reunião.
Para introduzir as reflexões, Tiago e Maria Ivonete destacaram alguns aspectos biográficos
de Llansol, dentre eles, a experiência da autora no cenário pós-guerra, fator que pode ter
influenciado, em certa medida, sua sensibilidade criativa. Nesse sentido, considerou-se que a
fragmentação da escrita llansoliana, repleta de elementos não verbais e espaços em branco,
teria algo do caos que caracterizou a primeira metade do século XX.
Maria Ivonete acrescentou à discussão alguns tópicos do livro O retorno do Real, de Hall
Foster, a saber: o surgimento do Novo Realismo, entre as décadas de 50 e 60; sua associação
às artes visuais e sua pretensão de despertar a sensibilidade do leitor a partir de uma
linguagemelaborada. Tal tendência, da qual Llansol foi contemporânea, teria se manifestado
em sua produção.
Do texto “Um berço de perguntas”, destacou-se a maneira como o tema da morte figura na
obra llansoliana, levando-se em conta o repertório de leitura da escritora. Percebeu-se que,
enquanto leitora de Espinosa e Nietzsche, Llansol confere à morte uma representação
fronteiriça, entre o místico e o metafísico. Salientou-se também a busca pelo Sublime que
parece ter orientado toda a produção da autora. Abordamos, ainda, a questão do corpo,
situado por Llansol entre o libidinal e visceral.
A partir do texto “A fraternidade do ímpar” os seguintes tópicos foram abordados: a leitura
enquanto drama que se estabelece entre o leitor e o texto; as fronteiras que separam (e
ligam) as subjetividades; o cão Jade como alegoria do processo de escrita; a perspectiva
oriental das identidades, diferenciando o “eu” do “si-mesmo”.
Do livro de Roland Barthes destacou-se a diferença entre o texto de prazer e o texto de
fruição, compreendendo o primeiro enquanto leitura palatável, que não incomoda o leitor,
ao passo que o segundo diz respeito ao texto que desloca o leitor de suas convicções.
Destacou-se também a dicotomia entre o novo e a novidade, associando o primeiro ao
caráter histórico e, a segunda, às experiências individuais.
Dos aspectos levantados, concluímos que Llansol interage com o mundo a partir de uma
postura contemplativa, contudo, longe da passividade.
Ao término da reunião foi confirmado o próximo encontro, previsto para o dia 09 de julho, o
qual se destina à avaliação das atividades do Criticum até a presente data, bem como à
apresentação de propostas para o segundo semestre.