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Ciência & Tecnologia, Riscos e controvérsias
Risco - Perspectiva sociológica
fenômeno contextual, construído
socialmente, que existe tanto no plano
perceptivo como no plano experiencial
categoria importante para analisar a
sociedade contemporânea
Risco – Google/imagens
• Diferentes referenciais ontológicos e
epistemológicos
• Diversas conotações
• Diferentes enquadramentos
Risco (engenharias, ciências físicas) (Zinn, 2008)
evento adverso, um atributo físico, com determinadas
probabilidades objetivas de provocar danos
relação funcional entre probabilidades e consequências
calculado pela probabilidade de ocorrência e quantidade de
danos
Riscos (ciências sociais e humanas) (Renn, 2008; Boholm, 2003)
 modelos mentais nos quais os diferentes grupos
sociais e culturais atribuem significado às
experiências de perigo e prejuízo
 representa aquilo que as pessoas observam e
experienciam
 experiências de prejuízos reais (impactos na
saúde e no ambiente, perdas de vidas humanas)
 interconexões entre conceito e realidade -
moldadas, na prática, por relações sociais,
relações de poderes e hierarquia, crenças
culturais, confiança nas instituições,
conhecimento científico, experiências, emoções,
discursos, práticas e memórias coletivas
Abordagem tecnicista –
implicações
Metodologias dominantes de
avaliação de risco (neutralidade
científica): reduzir problemas
complexos em parâmetros
científicos e análises de custo-
benefício
Reforça relações de poder,
dominação de grupos; distrai a
atenção sobre vulnerabilidades e
desigualdades
Limita a comunicação de risco ao
modelo de déficit de
conhecimento
Risco –
fenômeno
contextual
Estudos – ciências sociais e humanas
dar visibilidade aos fatores socioculturais significativos (resistências,
controvérsias, negociações)
identificar e analisar como esses fatores moldam as percepções de
indivíduos e grupos sociais
investigar como os indivíduos respondem aos riscos, quais fatores
interferem em suas respostas, como respondem às dimensões sociais em
suas situações da vida real, como definem os riscos, como se sentem
afetados pelos riscos, como imaginam enfrentá-los
Riscos: incertezas fabricadas, efeitos colaterais do processo de
industrialização, de modernidade e de desenvolvimento científico e tecnológico
(Beck, 2010; Giddens, 1999; Bosco e Di Giulio, 2015; Guivant, 1998)
Riscos contemporâneos diferem dos de outras épocas, menos pelo seu potencial de
destruição, e mais pelas suas características marcantes:
• são institucionalmente produzidos (ciência, mercado, governo)
• desencadeiam danos atemporais e que podem ser irreversíveis
• apresentam-se somente no conhecimento que se tenha deles, podendo ser
diminuídos, aumentados, dramatizados ou minimizados e estão abertos a
processos sociais de definição
• produzem novos desníveis internacionais
• elevam a lógica capitalista de desenvolvimento a outro estágio e expõem crises de
responsabilidades
• definem situações de ameaças sociais
• remodelam relações institucionais (estado, mercado, ciência, sociedade civil)
• (re)estabelecem relações de dominação
Risco – categoria analítica
investigar as implicações da sociedade do risco - “sociedade do medo”
- para se defender da finitude / crise / catástrofe / escassez, os indivíduos
devem adaptar seu comportamento e suas relações
- reverte relações entre passado, presente e futuro - o presente é
controlado por aqueles que controlam o futuro
- reorientação de valores e estratégias
- reorganização de poder e responsabilidade - cultura da precaução
Estudos – ciências sociais e humanas
Riscos – interface ambiente e saúde
a) aqueles associados à dinâmica do domicílio, do
local de moradia como os relacionados à
pobreza, à precariedade das condições
habitacionais e sanitárias e à subnutrição;
b) fatores de risco relacionados às mudanças
ambientais no âmbito da comunidade,
associados ao desenvolvimento industrial e
riscos ocupacionais, aos serviços urbanos e às
fronteiras agrícolas, entendidos como os riscos
associados à modernidade;
c) as mudanças ambientais associáveis à
globalização, às mudanças de amplitude global,
como a degradação dos ecossistemas e de seus
serviços de suporte à vida, às alterações
climáticas, riscos tecnológicos
sobreposição dessas cargas ambientais
de fatores de risco
Fatores associados ao estudo e à qualidade do conhecimento disponível sobre os
riscos e perigos (Renn, 2008)
 Complexidade se refere à dificuldade de identificar e quantificar as relações de
causa entre potenciais agentes causadores e efeitos específicos observados
 Incerteza envolve erro sistemático ou aleatório na modelagem (baseado em
extrapolações de resultados de pesquisas com animais para humanos ou de doses
grandes para pequenas, aplicações de inferência estatística, dentre outros), sistema
de fronteiras (incertezas provêm de modelos restritos e da necessidade de focar em
uma quantidade limitada de variáveis e parâmetros); ignorância ou falta de
conhecimento
 Ambiguidade é compreendida como dar ascensão a diferentes, significativas e
legítimas interpretações dos resultados aceitáveis da avaliação
 Interpretativa: quando há diferentes interpretações de um mesmo resultado
obtido na avaliação
 Normativa: quando há diferentes concepções sobre o que é tolerável em relação
à ética, qualidade de vida, parâmetros e distribuição de benefícios e riscos
Alimentação no contexto contemporâneo
 Escândalos alimentares
 Controvérsias científicas
 Percepção e publicização dos riscos
 Ideologias alimentares
 Discursos e práticas de consumo consciente
Alimentação
Centro dos debates
políticos
Doença da vaca louca - Encefalopatia espongiforme
bovina (BSE) – doença neurodegenerativa
 sabe-se que é transmissível ao homem (Doença de
Creutzfeldt-Jakob - DCJ)
 pouco conhecimento sobre a incidência da doença
 testes em pacientes vivos não estão disponíveis
 tratamento inexistente
 não se sabe como a doença se espalha entre as pessoas
 se espalhar não está claro se haverá medicamentos
 possibilidades/probabilidades e consequências são
desconhecidas
 Inglaterra, déc 80 e 90
 Reciclagem sem controle de
carne, ossos, sangue e
vísceras usados na
fabricação de ração animal
Organismos geneticamente modificados – organismos que têm seu material
genético modificado pela introdução de um ou mais genes através da técnica
de biologia molecular
Genes oriundos de diferentes vegetais, animais ou microrganismos podem ser
introduzidos em um genoma vegetal receptor, conferindo às plantas novas
características para a otimização de alimentos, fármacos e outros produtos
industriais
Primeiros experimentos – décadas de 1970 e 1980
China – primeiro país a comercializar plantas transgênicas – início da década de
1990
Hoje: variedades transgênicas são cultivadas em 28 países
Em 2012, os países em desenvolvimento plantaram mais transgênicos do que os
países industrializados
Brasil – liberação da soja transgênica em 1995. Hoje, soja, milho, canola, algodão
Lei de Biossegurança que regulamenta decisivamente o plantio e a comercialização das
variedades transgênicas sancionada em 2005
Países que mais plantam OGM: EUA, Argentina e Brasil
Obrigatoriedade da rotulagem – discussão 2015
Segurança – OGM
Duas correntes antagônicas que defendem ou condenam os transgênicos
 Contrários:
• consequências desconhecidas e indesejáveis para a saúde do consumidor,
por causa das ameaças dos transgenes nos genomas de plantas e animais
• efeitos danosos ao ecossistema
• problemas socioeconômicos provenientes do cenário de dependência de
pequenos agricultores em relação às grandes corporações e empresas de
sementes
• aumento do uso de agentes químicos externos
 Favoráveis:
• não existem registros de ocorrências de danos provenientes
• produção alimentícia aumentou; o uso de agrotóxicos (?)
• são tão seguros para a saúde humana quanto os não transgênicos
• segunda geração de transgênicos potencializaria o valor nutritivo dos
alimentos
Nanotecnologia
 Inovação contemporânea - escala nanométrica
 Dimensões dos objetos investigados com tamanhos da ordem de até alguns
nanômetros, ou seja, com dimensões de um milionésimo de um milímetro
“(...) campo fértil, não apenas para o desenvolvimento de inovações
tecnológicas, devido aos importantes fenômenos e propriedades que se
manifestam a partir de variáveis nessas dimensões, mas também para a análise
e o debate sobre a governança de tecnologias emergentes. Da convergência de
especialidades tecnológicas nessa escalada são esperadas, por um lado,
admiráveis contribuições para a solução dos mais diversos desafios técnicos,
desde a cura do câncer à conversão de energia solar (Salamanca-Buentello et al.,
2005). Por outro lado, a “nanoaturização” de materiais e dispositivos pode
trazer implicações indesejáveis e/ou imprevistas para os seres humanos, como
danos residuais para a saúde e para o meio ambiente devido à liberação de
nanopartículas ou a utilização de dispositivos invisíveis a olho nu para fins
militares ou de opressão (Nanoscience, jul. 2004)” - Fonseca, P.; Pereira, T.S. Pesquisa e
desenvolvimento responsável? Traduzindo ausências a partir da nanotecnologia em Portugal.
História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.24, n.1, jan.-mar. 2017, p.165-185
Novas propriedades físico-químicas aos
materiais já conhecidos - criação de
novos produtos:
tecidos que absorvem a transpiração
máquinas de lavar com propriedades
bactericidas
protetores solares e antirrugas mais
eficientes
embalagens mais resistentes
vidros autolimpantes
Consumimos mesmo sem saber, já que
não há obrigatoriedade de rotulagem
Promessas de transformação radicais
nos nossos estilos de vida X possíveis
perigos ???
Emergência de riscos - produz situações inéditas
 desorganizam de forma multidimensional e bastante severa as rotinas das nossas vidas
 mobilizam diversas questões, inclusive de sobrevivência - as quais não estão a cargo
unicamente da ciência, mas perpassam o campo político, com disputas entre diferentes
atores, negociações, controvérsias, e demandam a reorientação de valores, de
estratégias e uma reorganização do poder e das responsabilidades
a ciência não perde seu significado na
produção de conhecimento legítimo e
sua credibilidade, mas a sua
autoridade, até então indisputável,
passa a ser questionada
a ciência não pode ser vista como verdade
absoluta, nem pode ser entendida de
forma separada das formas sociais,
culturais, históricas e políticas nas quais
emergem
Ciência – como qualquer atividade humana envolve jogos de poder, erros,
fragilidades e impotências
Incertezas – geram necessidade de outros estudos, promovem debates, arenas de
conciliação e disputas
Necessidade: Compreender as dinâmicas sociais e políticas da ciência
Como as verdades atingem esse status?
Como os cientistas dão sentido aos riscos?
Percepção pública de que os peritos não são infalíveis por ter acesso a
metodologias científicas de rigor
Cientistas: representam variedade de grupos de pressão e instituições interessados
nos temas de pesquisa
Controvérsias científicas
 Atreladas a certa imprevisibilidade
 Questionam pressupostos científicos, factuais, metodológicos ou conceituais
 Ampla abrangência e inserção em dimensões interdisciplinares
 Polêmicas e geradoras de inovações e discussões criativas
Estudo da negação da ciência – produzir dúvida ou ignorância: agnotologia
objetivo de obscurecer a informação e compreensão da população sobre um
tema, colocando em dúvida as pesquisas científicas e os consensos
Estratégia de manter a controvérsia viva – mercadores da dúvida utilizam suas
credenciais científicas para obscurecerem diferenças entre as controvérsias e
as disputas de opinião na mídia
- Negacionismo
- Desordem informacional /
Ecossistema da desinformação
- Fragilidades: educação científica,
educação ambiental, educação
midiática
https://www.youtube.co
m/watch?v=zs8NrJl1GF0
 Governança do risco:
• envolvimento de representantes dos
diferentes grupos sociais
• empoderamento de todos os atores na
participação e construção do discurso
• processo de construção conjunta do
problema a ser enfrentado
• proposição de uma compreensão comum
da magnitude do risco, das opções de
gerenciamento
• inclusão de uma pluralidade de opções
que representem os diferentes interesses
e valores de todas as partes envolvidas
• condução de um fórum para o processo
decisório que promova oportunidades
justas e iguais para que todas as partes
possam expressar suas preferências
• Estabelecer uma conexão entre aqueles
que participam da decisão e aqueles que
a implementam (nível político)
Risk governance in the response to global health emergencies:
Understanding the governance of chaos in Brazil’s handling of the
Covid-19 pandemic (Di Giulio, G.M et al, in press)
Parâmetros de
governança de risco
Transparência e acesso
aos dados
Transparência é sinônimo de tomada de decisão aberta por parte de um
governo, incentivando a abertura. Implica o acesso à informação pública,
aumentando a confiança e a responsabilidade dos cidadãos.
Acesso aos dados significa que as informações são compartilhadas,
factualmente precisas e apresentadas publicamente. Aumenta a resiliência da
comunidade e promove a integração do público no sistema público de saúde
Comunicação de risco
Diálogo efetivo e aberto entre todos os atores sociais envolvidos em situações
de risco.
Troca de informações, conselhos e opiniões entre especialistas, líderes
comunitários, funcionários e pessoas em risco.
Negociação entre atores
Adoção de procedimentos justos para evitar o reforço do poder do ator mais
forte.
Equilibrar riscos e benefícios para evitar intervenções de cima para baixo.
Coesão social e
participação pública
A coesão social compreende o grau de conexão social, solidariedade e
confiança entre diferentes grupos comunitários dentro de uma sociedade.
A participação implica a partilha de poderes de decisão, garantindo que as
instituições governamentais atuem de forma responsável perante os cidadãos.
Decisões baseadas em
evidências científicas,
contexto e recursos
Evidência é definida como informação usada para apoiar ou justificar uma
decisão.
O contexto compreende uma gama de fatores internos e externos com base
em onde uma decisão é tomada e aplicada.
Os recursos incluem pessoas, informação, tecnologia e financiamento.
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  • 1. Ciência & Tecnologia, Riscos e controvérsias
  • 2. Risco - Perspectiva sociológica fenômeno contextual, construído socialmente, que existe tanto no plano perceptivo como no plano experiencial categoria importante para analisar a sociedade contemporânea Risco – Google/imagens • Diferentes referenciais ontológicos e epistemológicos • Diversas conotações • Diferentes enquadramentos
  • 3. Risco (engenharias, ciências físicas) (Zinn, 2008) evento adverso, um atributo físico, com determinadas probabilidades objetivas de provocar danos relação funcional entre probabilidades e consequências calculado pela probabilidade de ocorrência e quantidade de danos Riscos (ciências sociais e humanas) (Renn, 2008; Boholm, 2003)  modelos mentais nos quais os diferentes grupos sociais e culturais atribuem significado às experiências de perigo e prejuízo  representa aquilo que as pessoas observam e experienciam  experiências de prejuízos reais (impactos na saúde e no ambiente, perdas de vidas humanas)  interconexões entre conceito e realidade - moldadas, na prática, por relações sociais, relações de poderes e hierarquia, crenças culturais, confiança nas instituições, conhecimento científico, experiências, emoções, discursos, práticas e memórias coletivas Abordagem tecnicista – implicações Metodologias dominantes de avaliação de risco (neutralidade científica): reduzir problemas complexos em parâmetros científicos e análises de custo- benefício Reforça relações de poder, dominação de grupos; distrai a atenção sobre vulnerabilidades e desigualdades Limita a comunicação de risco ao modelo de déficit de conhecimento Risco – fenômeno contextual
  • 4. Estudos – ciências sociais e humanas dar visibilidade aos fatores socioculturais significativos (resistências, controvérsias, negociações) identificar e analisar como esses fatores moldam as percepções de indivíduos e grupos sociais investigar como os indivíduos respondem aos riscos, quais fatores interferem em suas respostas, como respondem às dimensões sociais em suas situações da vida real, como definem os riscos, como se sentem afetados pelos riscos, como imaginam enfrentá-los
  • 5. Riscos: incertezas fabricadas, efeitos colaterais do processo de industrialização, de modernidade e de desenvolvimento científico e tecnológico (Beck, 2010; Giddens, 1999; Bosco e Di Giulio, 2015; Guivant, 1998) Riscos contemporâneos diferem dos de outras épocas, menos pelo seu potencial de destruição, e mais pelas suas características marcantes: • são institucionalmente produzidos (ciência, mercado, governo) • desencadeiam danos atemporais e que podem ser irreversíveis • apresentam-se somente no conhecimento que se tenha deles, podendo ser diminuídos, aumentados, dramatizados ou minimizados e estão abertos a processos sociais de definição • produzem novos desníveis internacionais • elevam a lógica capitalista de desenvolvimento a outro estágio e expõem crises de responsabilidades • definem situações de ameaças sociais • remodelam relações institucionais (estado, mercado, ciência, sociedade civil) • (re)estabelecem relações de dominação Risco – categoria analítica
  • 6. investigar as implicações da sociedade do risco - “sociedade do medo” - para se defender da finitude / crise / catástrofe / escassez, os indivíduos devem adaptar seu comportamento e suas relações - reverte relações entre passado, presente e futuro - o presente é controlado por aqueles que controlam o futuro - reorientação de valores e estratégias - reorganização de poder e responsabilidade - cultura da precaução Estudos – ciências sociais e humanas
  • 7. Riscos – interface ambiente e saúde a) aqueles associados à dinâmica do domicílio, do local de moradia como os relacionados à pobreza, à precariedade das condições habitacionais e sanitárias e à subnutrição; b) fatores de risco relacionados às mudanças ambientais no âmbito da comunidade, associados ao desenvolvimento industrial e riscos ocupacionais, aos serviços urbanos e às fronteiras agrícolas, entendidos como os riscos associados à modernidade; c) as mudanças ambientais associáveis à globalização, às mudanças de amplitude global, como a degradação dos ecossistemas e de seus serviços de suporte à vida, às alterações climáticas, riscos tecnológicos sobreposição dessas cargas ambientais de fatores de risco
  • 8. Fatores associados ao estudo e à qualidade do conhecimento disponível sobre os riscos e perigos (Renn, 2008)  Complexidade se refere à dificuldade de identificar e quantificar as relações de causa entre potenciais agentes causadores e efeitos específicos observados  Incerteza envolve erro sistemático ou aleatório na modelagem (baseado em extrapolações de resultados de pesquisas com animais para humanos ou de doses grandes para pequenas, aplicações de inferência estatística, dentre outros), sistema de fronteiras (incertezas provêm de modelos restritos e da necessidade de focar em uma quantidade limitada de variáveis e parâmetros); ignorância ou falta de conhecimento  Ambiguidade é compreendida como dar ascensão a diferentes, significativas e legítimas interpretações dos resultados aceitáveis da avaliação  Interpretativa: quando há diferentes interpretações de um mesmo resultado obtido na avaliação  Normativa: quando há diferentes concepções sobre o que é tolerável em relação à ética, qualidade de vida, parâmetros e distribuição de benefícios e riscos
  • 9. Alimentação no contexto contemporâneo  Escândalos alimentares  Controvérsias científicas  Percepção e publicização dos riscos  Ideologias alimentares  Discursos e práticas de consumo consciente Alimentação Centro dos debates políticos Doença da vaca louca - Encefalopatia espongiforme bovina (BSE) – doença neurodegenerativa  sabe-se que é transmissível ao homem (Doença de Creutzfeldt-Jakob - DCJ)  pouco conhecimento sobre a incidência da doença  testes em pacientes vivos não estão disponíveis  tratamento inexistente  não se sabe como a doença se espalha entre as pessoas  se espalhar não está claro se haverá medicamentos  possibilidades/probabilidades e consequências são desconhecidas  Inglaterra, déc 80 e 90  Reciclagem sem controle de carne, ossos, sangue e vísceras usados na fabricação de ração animal
  • 10. Organismos geneticamente modificados – organismos que têm seu material genético modificado pela introdução de um ou mais genes através da técnica de biologia molecular Genes oriundos de diferentes vegetais, animais ou microrganismos podem ser introduzidos em um genoma vegetal receptor, conferindo às plantas novas características para a otimização de alimentos, fármacos e outros produtos industriais Primeiros experimentos – décadas de 1970 e 1980 China – primeiro país a comercializar plantas transgênicas – início da década de 1990 Hoje: variedades transgênicas são cultivadas em 28 países Em 2012, os países em desenvolvimento plantaram mais transgênicos do que os países industrializados Brasil – liberação da soja transgênica em 1995. Hoje, soja, milho, canola, algodão Lei de Biossegurança que regulamenta decisivamente o plantio e a comercialização das variedades transgênicas sancionada em 2005 Países que mais plantam OGM: EUA, Argentina e Brasil Obrigatoriedade da rotulagem – discussão 2015
  • 11. Segurança – OGM Duas correntes antagônicas que defendem ou condenam os transgênicos  Contrários: • consequências desconhecidas e indesejáveis para a saúde do consumidor, por causa das ameaças dos transgenes nos genomas de plantas e animais • efeitos danosos ao ecossistema • problemas socioeconômicos provenientes do cenário de dependência de pequenos agricultores em relação às grandes corporações e empresas de sementes • aumento do uso de agentes químicos externos  Favoráveis: • não existem registros de ocorrências de danos provenientes • produção alimentícia aumentou; o uso de agrotóxicos (?) • são tão seguros para a saúde humana quanto os não transgênicos • segunda geração de transgênicos potencializaria o valor nutritivo dos alimentos
  • 12. Nanotecnologia  Inovação contemporânea - escala nanométrica  Dimensões dos objetos investigados com tamanhos da ordem de até alguns nanômetros, ou seja, com dimensões de um milionésimo de um milímetro “(...) campo fértil, não apenas para o desenvolvimento de inovações tecnológicas, devido aos importantes fenômenos e propriedades que se manifestam a partir de variáveis nessas dimensões, mas também para a análise e o debate sobre a governança de tecnologias emergentes. Da convergência de especialidades tecnológicas nessa escalada são esperadas, por um lado, admiráveis contribuições para a solução dos mais diversos desafios técnicos, desde a cura do câncer à conversão de energia solar (Salamanca-Buentello et al., 2005). Por outro lado, a “nanoaturização” de materiais e dispositivos pode trazer implicações indesejáveis e/ou imprevistas para os seres humanos, como danos residuais para a saúde e para o meio ambiente devido à liberação de nanopartículas ou a utilização de dispositivos invisíveis a olho nu para fins militares ou de opressão (Nanoscience, jul. 2004)” - Fonseca, P.; Pereira, T.S. Pesquisa e desenvolvimento responsável? Traduzindo ausências a partir da nanotecnologia em Portugal. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.24, n.1, jan.-mar. 2017, p.165-185
  • 13. Novas propriedades físico-químicas aos materiais já conhecidos - criação de novos produtos: tecidos que absorvem a transpiração máquinas de lavar com propriedades bactericidas protetores solares e antirrugas mais eficientes embalagens mais resistentes vidros autolimpantes Consumimos mesmo sem saber, já que não há obrigatoriedade de rotulagem Promessas de transformação radicais nos nossos estilos de vida X possíveis perigos ???
  • 14. Emergência de riscos - produz situações inéditas  desorganizam de forma multidimensional e bastante severa as rotinas das nossas vidas  mobilizam diversas questões, inclusive de sobrevivência - as quais não estão a cargo unicamente da ciência, mas perpassam o campo político, com disputas entre diferentes atores, negociações, controvérsias, e demandam a reorientação de valores, de estratégias e uma reorganização do poder e das responsabilidades a ciência não perde seu significado na produção de conhecimento legítimo e sua credibilidade, mas a sua autoridade, até então indisputável, passa a ser questionada a ciência não pode ser vista como verdade absoluta, nem pode ser entendida de forma separada das formas sociais, culturais, históricas e políticas nas quais emergem
  • 15. Ciência – como qualquer atividade humana envolve jogos de poder, erros, fragilidades e impotências Incertezas – geram necessidade de outros estudos, promovem debates, arenas de conciliação e disputas Necessidade: Compreender as dinâmicas sociais e políticas da ciência Como as verdades atingem esse status? Como os cientistas dão sentido aos riscos? Percepção pública de que os peritos não são infalíveis por ter acesso a metodologias científicas de rigor Cientistas: representam variedade de grupos de pressão e instituições interessados nos temas de pesquisa Controvérsias científicas  Atreladas a certa imprevisibilidade  Questionam pressupostos científicos, factuais, metodológicos ou conceituais  Ampla abrangência e inserção em dimensões interdisciplinares  Polêmicas e geradoras de inovações e discussões criativas
  • 16. Estudo da negação da ciência – produzir dúvida ou ignorância: agnotologia objetivo de obscurecer a informação e compreensão da população sobre um tema, colocando em dúvida as pesquisas científicas e os consensos Estratégia de manter a controvérsia viva – mercadores da dúvida utilizam suas credenciais científicas para obscurecerem diferenças entre as controvérsias e as disputas de opinião na mídia - Negacionismo - Desordem informacional / Ecossistema da desinformação - Fragilidades: educação científica, educação ambiental, educação midiática https://www.youtube.co m/watch?v=zs8NrJl1GF0
  • 17.  Governança do risco: • envolvimento de representantes dos diferentes grupos sociais • empoderamento de todos os atores na participação e construção do discurso • processo de construção conjunta do problema a ser enfrentado • proposição de uma compreensão comum da magnitude do risco, das opções de gerenciamento • inclusão de uma pluralidade de opções que representem os diferentes interesses e valores de todas as partes envolvidas • condução de um fórum para o processo decisório que promova oportunidades justas e iguais para que todas as partes possam expressar suas preferências • Estabelecer uma conexão entre aqueles que participam da decisão e aqueles que a implementam (nível político)
  • 18. Risk governance in the response to global health emergencies: Understanding the governance of chaos in Brazil’s handling of the Covid-19 pandemic (Di Giulio, G.M et al, in press)
  • 19. Parâmetros de governança de risco Transparência e acesso aos dados Transparência é sinônimo de tomada de decisão aberta por parte de um governo, incentivando a abertura. Implica o acesso à informação pública, aumentando a confiança e a responsabilidade dos cidadãos. Acesso aos dados significa que as informações são compartilhadas, factualmente precisas e apresentadas publicamente. Aumenta a resiliência da comunidade e promove a integração do público no sistema público de saúde Comunicação de risco Diálogo efetivo e aberto entre todos os atores sociais envolvidos em situações de risco. Troca de informações, conselhos e opiniões entre especialistas, líderes comunitários, funcionários e pessoas em risco. Negociação entre atores Adoção de procedimentos justos para evitar o reforço do poder do ator mais forte. Equilibrar riscos e benefícios para evitar intervenções de cima para baixo. Coesão social e participação pública A coesão social compreende o grau de conexão social, solidariedade e confiança entre diferentes grupos comunitários dentro de uma sociedade. A participação implica a partilha de poderes de decisão, garantindo que as instituições governamentais atuem de forma responsável perante os cidadãos. Decisões baseadas em evidências científicas, contexto e recursos Evidência é definida como informação usada para apoiar ou justificar uma decisão. O contexto compreende uma gama de fatores internos e externos com base em onde uma decisão é tomada e aplicada. Os recursos incluem pessoas, informação, tecnologia e financiamento.