O curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia busca a formação acadêmica ampla e transdisciplinar de sujeitos atentos para o exercício da gestão, da pesquisa e de consultorias na área científica e tecnológica, em geral, superando a barreira das disciplinas na busca constante pela produção e inovação científica e tecnológica. Os estudantes poderão optar por se graduar como Bacharéis em Ciência e Tecnologia com ênfase em Tecnologia Mecânica ou em Tecnologia Mineral.
Base curricular: O curso possui quatro ciclos. Núcleo básico (Três períodos): com disciplinas para compreensão pertinente e crítica da realidade natural, social e cultural; Núcleo Específico (Um período): para o aprofundamento em um dado campo do saber preterido; Núcleo Profissional (Dois Períodos) aprofundamento de conhecimento na área Mecânica ou Mineral; Núcleo Complementar (No decorrer do curso): contempla atividades complementares, disciplinas optativas e atividades profissionais e acadêmicas específicas.
rea de atuação: O profissional formado pelo curso pode atuar no mundo acadêmico e em posições de colaboração e gestão em equipes de Ciência e Tecnologia de órgãos públicos, empresas privadas – especialmente no setor de serviços – e de novos empreendimentos.
Perfil do profissional: Profissionais com expectativas e potencial abertos, flexíveis e atentos para compreender as consequências da acelerada incorporação das conquistas tecnológicas e como elas se relacionam com as novas formas de organização social, cultural, econômica e políticas das instituições, dos indivíduos e da sociedade em geral. Profissionais com uma postura ética e socialmente comprometida na realização de atividades e na solução de problemas.rea de atuação: O profissional formado pelo curso pode atuar no mundo acadêmico e em posições de colaboração e gestão em equipes de Ciência e Tecnologia de órgãos públicos, empresas privadas – especialmente no setor de serviços – e de novos empreendimentos.
Perfil do profissional: Profissionais com expectativas e potencial abertos, flexíveis e atentos para compreender as consequências da acelerada incorporação das conquistas tecnológicas e como elas se relacionam com as novas formas de organização social, cultural, econômica e políticas das instituições, dos indivíduos e da sociedade em geral. Profissionais com uma postura ética e socialmente comprometida na realização de atividades e na solução de problemas.
2. Risco - Perspectiva sociológica
fenômeno contextual, construído
socialmente, que existe tanto no plano
perceptivo como no plano experiencial
categoria importante para analisar a
sociedade contemporânea
Risco – Google/imagens
• Diferentes referenciais ontológicos e
epistemológicos
• Diversas conotações
• Diferentes enquadramentos
3. Risco (engenharias, ciências físicas) (Zinn, 2008)
evento adverso, um atributo físico, com determinadas
probabilidades objetivas de provocar danos
relação funcional entre probabilidades e consequências
calculado pela probabilidade de ocorrência e quantidade de
danos
Riscos (ciências sociais e humanas) (Renn, 2008; Boholm, 2003)
modelos mentais nos quais os diferentes grupos
sociais e culturais atribuem significado às
experiências de perigo e prejuízo
representa aquilo que as pessoas observam e
experienciam
experiências de prejuízos reais (impactos na
saúde e no ambiente, perdas de vidas humanas)
interconexões entre conceito e realidade -
moldadas, na prática, por relações sociais,
relações de poderes e hierarquia, crenças
culturais, confiança nas instituições,
conhecimento científico, experiências, emoções,
discursos, práticas e memórias coletivas
Abordagem tecnicista –
implicações
Metodologias dominantes de
avaliação de risco (neutralidade
científica): reduzir problemas
complexos em parâmetros
científicos e análises de custo-
benefício
Reforça relações de poder,
dominação de grupos; distrai a
atenção sobre vulnerabilidades e
desigualdades
Limita a comunicação de risco ao
modelo de déficit de
conhecimento
Risco –
fenômeno
contextual
4. Estudos – ciências sociais e humanas
dar visibilidade aos fatores socioculturais significativos (resistências,
controvérsias, negociações)
identificar e analisar como esses fatores moldam as percepções de
indivíduos e grupos sociais
investigar como os indivíduos respondem aos riscos, quais fatores
interferem em suas respostas, como respondem às dimensões sociais em
suas situações da vida real, como definem os riscos, como se sentem
afetados pelos riscos, como imaginam enfrentá-los
5. Riscos: incertezas fabricadas, efeitos colaterais do processo de
industrialização, de modernidade e de desenvolvimento científico e tecnológico
(Beck, 2010; Giddens, 1999; Bosco e Di Giulio, 2015; Guivant, 1998)
Riscos contemporâneos diferem dos de outras épocas, menos pelo seu potencial de
destruição, e mais pelas suas características marcantes:
• são institucionalmente produzidos (ciência, mercado, governo)
• desencadeiam danos atemporais e que podem ser irreversíveis
• apresentam-se somente no conhecimento que se tenha deles, podendo ser
diminuídos, aumentados, dramatizados ou minimizados e estão abertos a
processos sociais de definição
• produzem novos desníveis internacionais
• elevam a lógica capitalista de desenvolvimento a outro estágio e expõem crises de
responsabilidades
• definem situações de ameaças sociais
• remodelam relações institucionais (estado, mercado, ciência, sociedade civil)
• (re)estabelecem relações de dominação
Risco – categoria analítica
6. investigar as implicações da sociedade do risco - “sociedade do medo”
- para se defender da finitude / crise / catástrofe / escassez, os indivíduos
devem adaptar seu comportamento e suas relações
- reverte relações entre passado, presente e futuro - o presente é
controlado por aqueles que controlam o futuro
- reorientação de valores e estratégias
- reorganização de poder e responsabilidade - cultura da precaução
Estudos – ciências sociais e humanas
7. Riscos – interface ambiente e saúde
a) aqueles associados à dinâmica do domicílio, do
local de moradia como os relacionados à
pobreza, à precariedade das condições
habitacionais e sanitárias e à subnutrição;
b) fatores de risco relacionados às mudanças
ambientais no âmbito da comunidade,
associados ao desenvolvimento industrial e
riscos ocupacionais, aos serviços urbanos e às
fronteiras agrícolas, entendidos como os riscos
associados à modernidade;
c) as mudanças ambientais associáveis à
globalização, às mudanças de amplitude global,
como a degradação dos ecossistemas e de seus
serviços de suporte à vida, às alterações
climáticas, riscos tecnológicos
sobreposição dessas cargas ambientais
de fatores de risco
8. Fatores associados ao estudo e à qualidade do conhecimento disponível sobre os
riscos e perigos (Renn, 2008)
Complexidade se refere à dificuldade de identificar e quantificar as relações de
causa entre potenciais agentes causadores e efeitos específicos observados
Incerteza envolve erro sistemático ou aleatório na modelagem (baseado em
extrapolações de resultados de pesquisas com animais para humanos ou de doses
grandes para pequenas, aplicações de inferência estatística, dentre outros), sistema
de fronteiras (incertezas provêm de modelos restritos e da necessidade de focar em
uma quantidade limitada de variáveis e parâmetros); ignorância ou falta de
conhecimento
Ambiguidade é compreendida como dar ascensão a diferentes, significativas e
legítimas interpretações dos resultados aceitáveis da avaliação
Interpretativa: quando há diferentes interpretações de um mesmo resultado
obtido na avaliação
Normativa: quando há diferentes concepções sobre o que é tolerável em relação
à ética, qualidade de vida, parâmetros e distribuição de benefícios e riscos
9. Alimentação no contexto contemporâneo
Escândalos alimentares
Controvérsias científicas
Percepção e publicização dos riscos
Ideologias alimentares
Discursos e práticas de consumo consciente
Alimentação
Centro dos debates
políticos
Doença da vaca louca - Encefalopatia espongiforme
bovina (BSE) – doença neurodegenerativa
sabe-se que é transmissível ao homem (Doença de
Creutzfeldt-Jakob - DCJ)
pouco conhecimento sobre a incidência da doença
testes em pacientes vivos não estão disponíveis
tratamento inexistente
não se sabe como a doença se espalha entre as pessoas
se espalhar não está claro se haverá medicamentos
possibilidades/probabilidades e consequências são
desconhecidas
Inglaterra, déc 80 e 90
Reciclagem sem controle de
carne, ossos, sangue e
vísceras usados na
fabricação de ração animal
10. Organismos geneticamente modificados – organismos que têm seu material
genético modificado pela introdução de um ou mais genes através da técnica
de biologia molecular
Genes oriundos de diferentes vegetais, animais ou microrganismos podem ser
introduzidos em um genoma vegetal receptor, conferindo às plantas novas
características para a otimização de alimentos, fármacos e outros produtos
industriais
Primeiros experimentos – décadas de 1970 e 1980
China – primeiro país a comercializar plantas transgênicas – início da década de
1990
Hoje: variedades transgênicas são cultivadas em 28 países
Em 2012, os países em desenvolvimento plantaram mais transgênicos do que os
países industrializados
Brasil – liberação da soja transgênica em 1995. Hoje, soja, milho, canola, algodão
Lei de Biossegurança que regulamenta decisivamente o plantio e a comercialização das
variedades transgênicas sancionada em 2005
Países que mais plantam OGM: EUA, Argentina e Brasil
Obrigatoriedade da rotulagem – discussão 2015
11. Segurança – OGM
Duas correntes antagônicas que defendem ou condenam os transgênicos
Contrários:
• consequências desconhecidas e indesejáveis para a saúde do consumidor,
por causa das ameaças dos transgenes nos genomas de plantas e animais
• efeitos danosos ao ecossistema
• problemas socioeconômicos provenientes do cenário de dependência de
pequenos agricultores em relação às grandes corporações e empresas de
sementes
• aumento do uso de agentes químicos externos
Favoráveis:
• não existem registros de ocorrências de danos provenientes
• produção alimentícia aumentou; o uso de agrotóxicos (?)
• são tão seguros para a saúde humana quanto os não transgênicos
• segunda geração de transgênicos potencializaria o valor nutritivo dos
alimentos
12. Nanotecnologia
Inovação contemporânea - escala nanométrica
Dimensões dos objetos investigados com tamanhos da ordem de até alguns
nanômetros, ou seja, com dimensões de um milionésimo de um milímetro
“(...) campo fértil, não apenas para o desenvolvimento de inovações
tecnológicas, devido aos importantes fenômenos e propriedades que se
manifestam a partir de variáveis nessas dimensões, mas também para a análise
e o debate sobre a governança de tecnologias emergentes. Da convergência de
especialidades tecnológicas nessa escalada são esperadas, por um lado,
admiráveis contribuições para a solução dos mais diversos desafios técnicos,
desde a cura do câncer à conversão de energia solar (Salamanca-Buentello et al.,
2005). Por outro lado, a “nanoaturização” de materiais e dispositivos pode
trazer implicações indesejáveis e/ou imprevistas para os seres humanos, como
danos residuais para a saúde e para o meio ambiente devido à liberação de
nanopartículas ou a utilização de dispositivos invisíveis a olho nu para fins
militares ou de opressão (Nanoscience, jul. 2004)” - Fonseca, P.; Pereira, T.S. Pesquisa e
desenvolvimento responsável? Traduzindo ausências a partir da nanotecnologia em Portugal.
História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.24, n.1, jan.-mar. 2017, p.165-185
13. Novas propriedades físico-químicas aos
materiais já conhecidos - criação de
novos produtos:
tecidos que absorvem a transpiração
máquinas de lavar com propriedades
bactericidas
protetores solares e antirrugas mais
eficientes
embalagens mais resistentes
vidros autolimpantes
Consumimos mesmo sem saber, já que
não há obrigatoriedade de rotulagem
Promessas de transformação radicais
nos nossos estilos de vida X possíveis
perigos ???
14. Emergência de riscos - produz situações inéditas
desorganizam de forma multidimensional e bastante severa as rotinas das nossas vidas
mobilizam diversas questões, inclusive de sobrevivência - as quais não estão a cargo
unicamente da ciência, mas perpassam o campo político, com disputas entre diferentes
atores, negociações, controvérsias, e demandam a reorientação de valores, de
estratégias e uma reorganização do poder e das responsabilidades
a ciência não perde seu significado na
produção de conhecimento legítimo e
sua credibilidade, mas a sua
autoridade, até então indisputável,
passa a ser questionada
a ciência não pode ser vista como verdade
absoluta, nem pode ser entendida de
forma separada das formas sociais,
culturais, históricas e políticas nas quais
emergem
15. Ciência – como qualquer atividade humana envolve jogos de poder, erros,
fragilidades e impotências
Incertezas – geram necessidade de outros estudos, promovem debates, arenas de
conciliação e disputas
Necessidade: Compreender as dinâmicas sociais e políticas da ciência
Como as verdades atingem esse status?
Como os cientistas dão sentido aos riscos?
Percepção pública de que os peritos não são infalíveis por ter acesso a
metodologias científicas de rigor
Cientistas: representam variedade de grupos de pressão e instituições interessados
nos temas de pesquisa
Controvérsias científicas
Atreladas a certa imprevisibilidade
Questionam pressupostos científicos, factuais, metodológicos ou conceituais
Ampla abrangência e inserção em dimensões interdisciplinares
Polêmicas e geradoras de inovações e discussões criativas
16. Estudo da negação da ciência – produzir dúvida ou ignorância: agnotologia
objetivo de obscurecer a informação e compreensão da população sobre um
tema, colocando em dúvida as pesquisas científicas e os consensos
Estratégia de manter a controvérsia viva – mercadores da dúvida utilizam suas
credenciais científicas para obscurecerem diferenças entre as controvérsias e
as disputas de opinião na mídia
- Negacionismo
- Desordem informacional /
Ecossistema da desinformação
- Fragilidades: educação científica,
educação ambiental, educação
midiática
https://www.youtube.co
m/watch?v=zs8NrJl1GF0
17. Governança do risco:
• envolvimento de representantes dos
diferentes grupos sociais
• empoderamento de todos os atores na
participação e construção do discurso
• processo de construção conjunta do
problema a ser enfrentado
• proposição de uma compreensão comum
da magnitude do risco, das opções de
gerenciamento
• inclusão de uma pluralidade de opções
que representem os diferentes interesses
e valores de todas as partes envolvidas
• condução de um fórum para o processo
decisório que promova oportunidades
justas e iguais para que todas as partes
possam expressar suas preferências
• Estabelecer uma conexão entre aqueles
que participam da decisão e aqueles que
a implementam (nível político)
18. Risk governance in the response to global health emergencies:
Understanding the governance of chaos in Brazil’s handling of the
Covid-19 pandemic (Di Giulio, G.M et al, in press)
19. Parâmetros de
governança de risco
Transparência e acesso
aos dados
Transparência é sinônimo de tomada de decisão aberta por parte de um
governo, incentivando a abertura. Implica o acesso à informação pública,
aumentando a confiança e a responsabilidade dos cidadãos.
Acesso aos dados significa que as informações são compartilhadas,
factualmente precisas e apresentadas publicamente. Aumenta a resiliência da
comunidade e promove a integração do público no sistema público de saúde
Comunicação de risco
Diálogo efetivo e aberto entre todos os atores sociais envolvidos em situações
de risco.
Troca de informações, conselhos e opiniões entre especialistas, líderes
comunitários, funcionários e pessoas em risco.
Negociação entre atores
Adoção de procedimentos justos para evitar o reforço do poder do ator mais
forte.
Equilibrar riscos e benefícios para evitar intervenções de cima para baixo.
Coesão social e
participação pública
A coesão social compreende o grau de conexão social, solidariedade e
confiança entre diferentes grupos comunitários dentro de uma sociedade.
A participação implica a partilha de poderes de decisão, garantindo que as
instituições governamentais atuem de forma responsável perante os cidadãos.
Decisões baseadas em
evidências científicas,
contexto e recursos
Evidência é definida como informação usada para apoiar ou justificar uma
decisão.
O contexto compreende uma gama de fatores internos e externos com base
em onde uma decisão é tomada e aplicada.
Os recursos incluem pessoas, informação, tecnologia e financiamento.