2. DEFINIÇÃO DE EPIDEMIOLOGIA:
O significado etimológico do termo epidemiologia
deriva do grego:
EPI + Demo + Logos
Sobre População Estudo
De forma simplificada o termo “epidemiologia”
significa o estudo sobre a população, que
direcionado para o campo da saúde pode ser
compreendido como o estudo sobre o que afeta
a população
(PEREIRA, 2013)
3. CONCEITOS DE EPIDEMIOLOGIA – EVOLUÇÃO
HISTÓRICA:
A história poderia se iniciar com os textos
hipocráticos que mostram a relação das doenças
com as águas, ares, lugares...
“Antigamente” a Epidemiologia estudava doenças
epidêmicas, e hoje estuda também doenças
endêmicas e, em geral, agravos a saúde.
Analisar a perspectiva histórica de como se deu a
evolução conceitual e aplicação da disciplina ajuda
a compreender qual o seu “status atual”
4. EVOLUÇÃO HISTÓRICA – MARCOS NO
BRASIL:
Século XIX-
descobertas de
Koch e Pasteur –
agentes de
doenças e seu
ciclo vital
A industrialização e a
expansão das
doenças como a
tuberculose –
passagem do século
e a cólera – início do
século XX -
Campanhas de
saneamento nas
áreas urbanas e
expedições no
interior
Grandes
investimentos em
saúde pública –
Criação dos
Institutos Oswaldo
Cruz (RJ), Adolfo
Lutz e Butantã
(SP) – Sanitarista.
Influência
Européia desloca-
se para os
Estados Unidos
depois da II
Guerra
As campanhas de
controle do
Anopheles
Gambiae no
Nordeste
Brasileiro, criação
do SESP –
controle da
malária e outras
endemias na
Amazônia,
Espírito Santo e
Natal – acordo de
guerra –
Fundação SESP,
DNEru e SUCAM
– única presença
de SS nos
municípios até o
década de 1970
5. EVOLUÇÃO HISTÓRICA – MARCOS NO BRASIL:
Primeiros 20
anos pós-
guerra –
industrializaçã
o,
crescimentos
das cidades –
Medicina
comunitária e
Municipalizaç
ão dos
serviços de
saúde
1964- processo é
abortado pelo
Golpe Militar –
repressão,
censura –
Massacre de
Manguinhos e
desmantelamento
do Grupo de
Pesquisa da USP
– Samuel Pessoa
– excluíram das
nossas
instituições vários
dos nossos
melhores
cientistas
Contexto atual –
declínio da
importância das
doenças
infecciosas –
papel do
ambiente, da
nutrição, dos
modos de vida
sobre o perfil da
morbi-
mortalidade das
populações –
dois perfis – o
das doenças
infecciosas
(países em
desenvolvimento)
e das não
infecciosas -
opulência
Expansão da disciplina
– área da saúde pública
– Incorporação dos
métodos e técnicas da
estatística e das
matemáticas e não
incorporação das
ciências sociais –
atividades de campanha
de combate as doenças
(poliomielite) –
Discussão da equidade
social – Epidemiologia
crítica – saúde do
trabalho e ambiente –
Congressos de
epidemiologia ( 1990,
1992, 1995) –
Diversidades de temas
e métodos da epidemio
atual
6. VÁRIOS CONCEITOS ATRAVÉS DO TEMPO:
Campo da ciência médica preocupado com o inter-
relacionamento de vários fatores e condições que
determinam a frequência e a distribuição do processo
infeccioso...
Campo da ciência que trata dos vários fatores e
condições que determinam a distribuição da saúde,
doença, defeito, incapacidade e morte entre os grupos
de indivíduos
Ocupa-se das circunstâncias em as doenças ocorrem e
nas quais eles tendem ou não a florescer
Estudo da distribuição da frequência e dos
determinantes da frequência de doenças no homem
Estudo da distribuição dos determinante da saúde em
populações humanas
Ciência básica da medicina preventiva e comunitária,
sendo aplicada a uma variedade de problemas, tanto de
serviços de saúde como de saúde
7. DEFINIÇÃO SIMPLIFICADA:
Ciência que estuda o processo saúde-doença em
coletividades humanas, analisando a distribuição e
os fatores determinantes das enfermidades, danos
a saúde e eventos associados à saúde coletiva,
propondo medidas específicas de prevenção,
controle ou erradicação de doenças e fornecendo
indicadores que sirvam de suporte ao
planejamento, à administração e à avaliação dos
serviços de saúde (ROUQUAYROL e SILVA, 2013)
8. CONCEPÇÕES EXPRESSAS NESSA DEFINIÇÃO:
A atenção da epidemiologia está voltada para as ocorrências
em escala massiva de doenças e de não doenças,
envolvendo pessoas agregadas em sociedades,
coletividades, comunidades, grupos demográficos, classes
sociais
Estudado pela epidemiologia sob a forma de doenças
infecciosas (sarampo, difteria, malária, etc) e não infecciosas
(diabetes, bócio endêmico, depressões) e agravos a
integridade física (acidentes, homicídios e suicídio)
Processo saúde-doença
Distribuição – estudo da variabilidade da frequência das
doenças de ocorrência em massa
Análise dos fatores determinantes – método epidemiológico
Prevenção – emprego das medidas de profilaxia. Controle –
visa reduzir a incidência; erradicação – não ocorrência da
doença (ex: varíola)
9. ÁREAS DE CONHECIMENTO E DE ATUAÇÃO:
As áreas de atuação da epidemiologia são bastante amplas e
compreende em linhas gerais:
1. Descrição das condições de saúde da população por meio
da construção de indicadores de saúde. Ex: taxa de
mortalidade, taxa de incidência de uma doença;
2. Investigação dos fatores determinantes da situação de
saúde. Ex: investigação de agentes etiológicos, fatores de
risco;
3. Avaliação do impacto das ações para alterar a situação de
saúde. Ex: avaliação do impacto do saneamento para
diminuir parasitoses na comunidade.
4. Ensino e pesquisa em Saúde.
10. A EPIDEMIOLOGIA VISA:
1- Descrever a magnitude dos problemas de saúde
nas populações humanas
2- Proporcionar dados essenciais para o
planejamento, execução e avaliação das ações de
prevenção, controle e tratamento das doenças,
bem como para estabelecer prioridades
3- Identificar fatores etiológicos na gênese das
enfermidades
11. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1- Identificar a etiologia ou a causa de uma doença e
seus fatores de risco;
2- Determinar a extensão da doença encontrada na
comunidade
3- Estudar a história natural e prognosticar a doença
4- Avaliar medidas preventivas e terapêuticas e
preventivas e modos de assistência à saúde, novos
ou já existentes
5- Providenciar uma base para o desenvolvimento de
políticas públicas e decisões de legislação
relacionadas aos problemas ambientais
12. PILARES DA EPIDEMIOLOGIA ATUAL – ÁREAS DE
CONHECIMENTO:
1- Ciências biológicas – apoia-se em conhecimentos
biológicos encontrados ou desenvolvidos em outras
áreas do próprio campo de saúde, tais como a
clínica, a patologia, a microbiologia, a parasitologia
e a imunologia
2-Ciências sociais – conferem uma dimensão mais
ampla a epidemiologia. A busca do melhor
entendimento da interação social com o biológico,
na produção da doença, passou a ser fundamental
na epidemiologia atual
3- Estatística – fornece o instrumental a ser levado
em conta nas investigações de questões
complexas, como a aleatoriedade dos eventos e o
controle das variáveis que dificultam a
interpretação dos resultados
13. USOS DA EPIDEMIOLOGIA ATUAL:
1- Diagnóstico da situação de saúde
2- Investigação etiológica
3- Determinação de riscos
4- Aprimoramento na descrição dos casos clínicos
5- Determinação dos prognósticos
6- Identificação das síndromes e classificação das
doenças
7- Verificação do valor dos procedimentos
diagnósticos
8- Planejamento e organização dos serviços de
saúde
9- Avaliação de tecnologias, programas ou serviços
10- Análise crítica de trabalhos científicos
14. 1- DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DE SAÚDE :
Consiste em gerar dados quantitativos corretos, sobre a
saúde do conjunto da população ou de seus
segmentos, seja em atividades de rotina, seja em
investigações especiais. Pode está limitado a:
Uma única condição – agravo a saúde, fator de risco, o
uso de serviços, uma característica da população ou
outro evento de interesse
Um grupo de condições – doenças infecciosas ou
cardiovasculares
Eventos subordinados a uma outra forma de
classificação – diagnóstico sobre a saúde da
comunidade
Importante: a abrangência populacional e a apropriada
seleção de indicadores ( morbidade e mortalidade
15. 2- INVESTIGAÇÃO ETIOLÓGICA :
Descoberta das causas das variações que
comumente ocorrem na distribuição de um evento
– fase da magia, fase dos fatores físicos ou
“miasmas”, fase microbiológica, dos germes ou do
contágio e fase da causalidade múltipla
Abordagem unicausal – uma causa – um efeito. Ex:
poliomielite pela imunização, febre tifóide –
saneamento básico, bócio – iodação do sal, cancer
de pulmão – diminuição da frequência do hábito de
fumar
Abordagem multicausal – uma causa – muitos
efeitos. Ex: etiologia da asma brônquica, afecções
das doenças coronarianas, gastrite e Helicobacter
pylori, cárie e microorganismos
16. 3- DETERMINAÇÃO DE RISCOS :
Quantificação da associação entre a exposição a um
determinador fator e o surgimento subsequente da
doença
Risco – grau de probabilidade de ocorrência de um
determinado evento, por exemplo o risco de
alguém acidentar-se ou ter cancer
Risco absoluto (ou taxa de incidência) – mostra
quantos casos novos de doença aparecem num
grupo, num determinado período
Risco relativo – quantas vezes o risco é maior em um
grupo, comparado a um outro
Risco atribuível (à exposição) – indica a diferença de
incidência entre os dois grupos, atribuída pela
exposição ao fator de risco
17. 4- APRIMORAMENTO NA DESCRIÇÃO DOS CASOS
CLÍNICOS
:
A descrição do caso clínico de uma doença segue a
seguinte sequência:
A observação de um caso ou de uns poucos casos
Após isso é confirmada ou refutado pela literatura
ou estudiosos da matéria
18. 5- DETERMINAÇÃO DOS PROGNÓSTICOS
:
Probabilidade de apresentar determinada
complicação ou menor tempo de sobrevida
Fator de prognóstico – fatores que, por sua
presença ou intensidade, no curso da doença, ou
por sua ausência, estão associados a diferentes
prognósticos
Generalização dos resultados – é possível aplicar,
para um indivíduo isoladamente, com a necessária
prudência, os achados relativos ao grupo
19. 6- IDENTIFICAÇÃO DAS SÍNDROMES E
CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS
:
O reconhecimento dos padrões, ou seja, de grupos
homólogos de características, de sinais e sintomas,
e de prognóstico pode fazer com que se distingua
uma condição de outra, até então consideradas em
uma só categoria clínica-patológica
20. 7- VERIFICAÇÃO DO VALOR DOS PROCEDIMENTOS
DIAGNÓSTICOS
:
A utilidade dos resultados de investigação
epidemiológico está subordinado a precisão dos
diagnósticos feitos em nível individual: a soma
destes leva ao diagnóstico coletivo
Dois componentes:
O processo de mensuração e de observação da
condição, em cada pessoa
A reunião das observações isoladas, de modo a
constituir indicadores que informem sobre as
características do grupo observado
21. 8- PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS
DE SAÚDE
As decisões tomadas na fase de planejamento e de
organização dos serviços estão – ou deveriam
estar – baseadas em informações produzidas com
o emprego adequado da epidemiologia. Dentre os
quais, destacam-se:
As informações referente a magnitude e a
distribuição dos problemas de saúde, dos fatores
de risco e das características da população
Os resultados dos estudos epidemiológicos –
principalmente os controlados
A informação sobre os recursos financeiros,
humanos e materiais
22. 9- AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS, PROGRAMAS OU
SERVIÇOS
Avaliação sistemática de novas tecnologias,
programas ou serviços ou ações isoladas, assim
como as atuais existentes, sobre cujos benefícios
ainda pesem controvérsias
23. 10- ANÁLISE CRÍTICA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS
A adequação metodológica de uma investigação é a
base para a credibilidade das suas conclusões.
Aspectos importantes:
Os principais métodos de investigação, suas
aplicações e limitações;
Os indicadores de saúde mais utilizados
As características das fontes de dados
As deturpações que podem ser induzidas
Os erros mais comuns na própria coleta dos dados
A influência das variáveis que confundem a
interpretação dos resultados
24. PRINCIPAIS USUÁRIOS DA EPIDEMIOLOGIA:
1- O sanitarista
2- O planejador
3- O epidemiologista-pesquisador (ou professor)
4- O clínico
25. REFERÊNCIAS:
1- MEDRONHO, Roberto A.. Epidemiologia. Sao Paulo:
Atheneu, 2009.
2- ROQUAYROL, M.Z; SILVA, M.G.C. Epidemiologia &
Saúde. 7ª edição. Rio de Janeiro: Medbook, 2013
3- PEREIRA, M.G. Epidemiologia – Teoria e prática. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012
4- GORDIS, L. Epidemiologia. 2ª edição. Rio de Janeiro,
editora Revinter, 2010.
5- GOMES, E. C. S. Conceitos e ferramentas da
epidemiologia (PDF) Recife: Ed. Universitária da
UFPE, 2015. 83 p. Disponível em:
https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/3355