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Com base em conto de mesmo nome, do livro “A Vida escreve”, pelo
Espírito Hilário Silva.
Conta-nos assim o autor espiritual:
Começara Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da mediunidade, em
Sacramento, no Estado de Minas Gerais, a observar-se fora do corpo físico,
em admirável desdobramento, quando, certa feita, à noite, viu a si próprio
em prodigiosa volitação. Embora inquieto, como que arrastado pela vontade
de alguém num torvelinho de amor, subia, subia. Subia sempre. Queria
parar, e descer, reavendo o veículo carnal, mas não conseguia. Braços
intangíveis tutelavam-lhe a sublime excursão.
Respirava outro ambiente. Envergava forma leve, respirando num oceano de
ar mais leve ainda. Viajou, viajou, à maneira de pássaro teleguiado, até que
se reconheceu em campina verdejante. Reparava na formosa paisagem,
quando, não longe, avistou um homem que meditava, envolvido por doce
luz. Como que magnetizado pelo desconhecido aproximou-se. Houve,
porém, um momento, em que estacou, trêmulo. Algo lhe dizia no íntimo
para que não avançasse mais. E num deslumbramento de júbilo,
reconheceu-se na presença do Cristo. Baixou a cabeça, esmagado pela honra
imprevista, e ficou em silêncio, sentindo-se como intruso, incapaz de voltar
ou seguir adiante.
Recordou as lições do Cristianismo, os templos do mundo, as homenagens
prestadas ao Senhor, na literatura e nas artes, e a mensagem dEle a ecoar
entre os homens, no curso de quase vinte séculos. Ofuscado pela grandeza
do momento, começou a chorar. Grossas lágrimas banhavam-lhe o rosto,
quando adquiriu coragem e ergueu os olhos, humilde. Viu, porém, que Jesus
também chorava. Traspassado de súbito sofrimento, por ver-lhe o pranto,
desejou fazer algo que pudesse reconfortar o Amigo Sublime. Afagar-lhe as
mãos ou estirar-se à maneira de um cão leal aos seus pés. Mas estava como
que chumbado ao solo estranho. Recordou, no entanto, os tormentos do
Cristo, a se perpetuarem nas criaturas que até hoje, na Terra, lhe atiram
incompreensão e sarcasmo.
Nessa linha de pensamento, não se conteve. Abriu a boca e falou,
suplicante:
- Senhor, por que choras?
O interpelado não respondeu. Mas desejando certificar-se de que era ouvido,
Eurípedes reiterou:
- Choras pelos descrentes do mundo?
Enlevado, o missionário de Sacramento notou que o Cristo lhe correspondia
agora ao olhar. E, após um instante de atenção, respondeu em voz
dulcíssima:
- Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos amor.
Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam.
Eurípedes não saberia descrever o que se passou então. Como se caísse em
profunda sombra, ante a dor que a resposta lhe trouxera, desceu, desceu. E
acordou no corpo de carne. Era madrugada. Levantou-se e não mais dormiu.
E desde aquele dia, sem comunicar a ninguém a divina revelação que lhe
vibrava na consciência, entregou-se aos necessitados e aos doentes, sem
repouso sequer de um dia, servindo até à morte.
REFLEXÃO (Com base no artigo de Waldenir Aparecido Cuin):
Por certo, não existirá criatura alguma dotada de lucidez e pleno exercício
da razão que não desejará usufruir de felicidade e paz, decorrentes do estado
de serenidade, advindo da vivência prática das sábias e inesquecíveis lições
de Jesus.
No entanto, entre o querer e o poder, existe um imenso e profundo abismo
de superação a ser vencido. Em realidade, almejamos esse oásis de conforto
ainda presos a infindáveis e confusos comportamentos, que evidenciam
nossa caminhada por trilhos tortuosos e distantes dos reais objetivos da
prosperidade espiritual.
Já conhecemos, detalhadamente, o Evangelho de Jesus. Há mais de dois mil
anos esse manual carregado de intensos e valiosos ensinamentos está em
nossas mãos. Já o lemos inúmeras vezes, já o comentamos em várias
oportunidades, já o ensinamos aos outros em muitas ocasiões, mas ainda não
conseguimos vivenciá-lo na prática. E, por essa razão, nos encontramos
atolados no lamaçal da dor, da angústia e das decepções.
Ante o nosso descaso, pelos reais valores da vida, Jesus ainda chora. Somos
pródigos e fartos em criar necessidades inúteis, quase sempre exagerando
em cuidados exteriores, atendendo aos chamamentos vaidosos e ilusórios do
mundo, mas pouco atentos ao zelo e acuidade com o nosso interior. Tal
deliberação nos mantém distantes das nossas reais finalidades aqui na Terra.
Desprendemos tempo e recursos fartos no cultivo de fantasias e ilusões,
efêmeras e passageiras, e não temos o mesmo ideal e forças para a
concretização de ações seguras e resistentes, no âmbito das conquistas
espirituais, procedimento indispensável que nos indicará, com acerto, a
direção de Jesus. Incontestavelmente, temos o livre-arbítrio. A decisão e a
responsabilidade pelas escolhas serão sempre nossas.
Poderemos pautar os nossos dias sob as acertadas orientações do Cristo,
hoje, ou adiar para o porvir o que, num certo momento, terá que ser feito.
Jesus enalteceu a função terapêutica do perdão, informando os malefícios
decorrentes do ódio, do rancor, da violência e do ressentimento. Sabemos
disso, mas ainda temos intensas dificuldades de colocar tal assertiva em
prática.
Destacou a importância de amarmos uns os outros, esclarecendo o valor da
fraternidade e da compreensão no contexto da família humana, oriunda do
mesmo Pai Celestial. Mas o egoísmo e o orgulho que, descuidadamente,
mantemos em evidência, têm ofuscado a paz social.
Falou da importância e da necessidade daqueles que podem mais, em
auxiliar e proteger os que podem menos. No entanto, a ganância e a sovinice
que ainda predominam na Terra, continuam fazendo nascer rios de lágrimas
e montanhas de dor nos corações torturados. Ressaltou os reconhecidos
valores do amor, como veículo de afetividade e entendimento entre os
homens, na compactação de uma sólida base de solidariedade. Todavia,
infelizmente, a mágoa e a intolerância têm sido mensageiras deletérias de
tragédias e infortúnios de toda ordem, enegrecendo o panorama humano.
Lembrou os malefícios produzidos pelo excessivo apego material, onde
poucos possuem muito e muitos vivem com tão pouco. Mas inda damos
vazão ao sórdido desejo de ter sempre mais e mais bens materiais, não
dando qualquer atenção aos que ficam sem nada.
Portanto, não fica difícil a observação de que, ante a moldura social do
momento, Jesus ainda continue a “chorar por todos os que conhecem o
Evangelho, mas não o praticam”. Esta é uma preocupante advertência.
Reflitamos, maduramente, e nos esforcemos ao máximo, visando contribuir,
dentro das possiblidades que temos, para colocar um sorriso no semblante
de Jesus.
BIOGRAFIA DE EURÍPEDES BARSANULFO:
Eurípedes Barsanulfo foi um educador, político, jornalista, e médium
brasileiro, um dos expoentes do espiritismo no país. Nasceu no dia 1 de
maio de 1880, na pequena cidade de Sacramento, estado de Minas Gerais.
Era filho de Hermógenes Ernesto de Araújo (Seu Mogico) e de Jerônima
Pereira de Almeida (Dona Meca). Terceiro filho de numerosa família de
quinze irmãos. Fisicamente franzino, teve uma infância muito pobre. Desde
muito pequeno mostrou possuir um caráter bondoso e ser dono de uma
inteligência brilhante, características estas que lhe permitiram trabalhar para
ajudar a família desde tenra idade (5/6 anos). Aluno do Colégio Miranda,
auxiliava os professores, explicando as matérias aos colegas de classe.
Egresso do colégio, passou a trabalhar como guarda-livros, no escritório
comercial de seu pai. Autodidata, adquiriu conhecimentos de Medicina e
Direito, além de Astronomia, Filosofia, Matemática, Ciências Físicas e
Naturais e Literatura, mesmo sem ter cursado o ensino superior.
Aos 21 anos, participou da fundação do jornal semanal Gazeta de
Sacramento, em que publicava artigos sobre economia, literatura, etc.,
estreando assim como jornalista, e, como jornalista, tinha a esperança de
ajudar o povo culturalmente, e abriu um espaço aos interessados nas letras e
informações. Aos 22 anos, com ilustres figuras da cidade, seus antigos
professores, João Gomes Vieira de Melo, Inácio Martins de Melo e outros,
fundou, em 31 de janeiro de 1902, o Liceu Sacramentano, onde passou a
lecionar diversas matérias, entre elas francês e geografia. Alguns alunos do
Liceu, mais tarde, fundaram um serviço de assistência aos necessitados,
denominado Sociedade dos Amiguinhos dos Pobres.
Tornou-se amigo de Ormênio Gomes, que vindo a residir em Sacramento
trouxe para lá preciosa biblioteca de livros homeopáticos, a qual teve acesso
e absorveu vasta informação. Tornou-se líder em sua cidade por seu trabalho
no magistério e na imprensa. Sua popularidade o fez eleger-se vereador, em
1903, após muita relutância, ocupando, então, quatro postos, com grande
carga de trabalho: jornalista, professor, vereador e secretário da Irmandade
de São Vicente de Paulo. Durante seis anos, beneficiou a população de sua
cidade com luz e bondes elétricos, água encanada e cemitério público. Foi
vereador até 1910, quando renunciou a uma prorrogação de mandato por
discordar do autoritarismo do então mandatário do Estado de Minas Gerais.
Sua vida se manteve neste ritmo até os vinte e cinco anos de idade, 1905,
quando a espiritualidade marcava seu encontro com a doutrina espírita. Em
visita ao padre Maia, recebe a bíblia para ler com algumas recomendações.
Antes de sua conversão ao espiritismo, alguns parentes seus realizavam
sessões mediúnicas em Santa Maria, a 14 km de Sacramento. As reuniões
eram realizadas na casa do Sr. Mariano Ferreira da Cunha (tio de
Eurípedes). Ali, em 28 de agosto de 1.900, foi fundado o Centro Espírita
“Fé e Amor”. Vários médiuns notáveis trabalhavam a serviço do povo, com
passes e remédios homeopáticos, por meio de receitas, psicografia, etc.
Eurípedes sabia disso, mas dava pouca importância. Seu tio, que, além de
explicar ao sobrinho os pontos básicos da doutrina, emprestou-lhe o livro
Depois da Morte, de Léon Denis.
Eurípedes encontra no livro conceitos filosóficos sobre a vida e a morte que
lhe parecem corretos, e encontra, na reencarnação, nas energias e na
responsabilidade de cada um a causa para os desequilíbrios físicos, morais e
sociais. Mesmo com algumas dúvidas, Eurípedes comparece às sessões
espíritas e, ao ver parentes analfabetos, incorporados, falando línguas
diferentes e proferindo conceitos filosóficos com grande amplitude de
conhecimentos. Foi uma noite muito especial, porque nessa sua primeira
reunião, Eurípedes, através da mediunidade psicofônica do seu tio, ouviu o
Dr. Bezerra de Menezes dar-lhe as boas-vindas e dizer-lhe que estava ali um
espírito de alta hierarquia que lhe queria falar. Apresentou-se então esse
espírito, comunicando-lhe que era o seu protetor, que o acompanhava desde
o seu nascimento, e que já tinham sido amigos em muitas vidas.
Eurípedes perguntou-lhe então como se chamava e a resposta foi que na sua
última existência tinha tido o nome de Vicente de Paulo. Insistindo,
Eurípedes Barsanulfo perguntou-lhe se tinha sido São Vicente de Paulo,
tendo ele respondido que sim. Seguidamente, informou-o de que tinha uma
missão a cumprir. Prontifica-se, a partir dali a ser espírita e ajudar no
esclarecimento e amparo aos necessitados, vislumbrando a possibilidades de
ajuda a partir dos adventos que via. Têm início então as manifestações de
seu parapsiquismo (mediunismo-animismo). Ao tentar esclarecer seus ex-
companheiros e familiares católicos, foi rechaçado, contudo perseverou.
Ocorreu então uma transformação em sua vida: mudou-se da casa de seus
pais e fundou o Grupo Espírita Esperança e Caridade, em 1905, onde, além
de realizar reuniões mediúnicas e doutrinárias, também prestava auxílio aos
mais necessitados. Foi médium inspirado, vidente, audiente, receitista,
psicofônico, psicógrafo, de desdobramento e de bicorporeidade. Como
médium receitista, psicografava prescrições do espírito Bezerra de Menezes.
Diversos fenômenos parapsíquicos marcaram a vida de Eurípedes, que não
se negava a ajudar onde necessário. Em 31 de janeiro de 1907 criou o
primeiro educandário brasileiro com orientação espírita, o Colégio Allan
Kardec, onde os alunos recebiam aulas de Evangelho, Moral Cristã, e,
ainda, instituiu um curso de Astronomia que hoje conta inclusive com
laboratórios.
Foi ainda Diretor do Sanatório Espírita de Uberaba. Além de exercer a
direção do colégio, o próprio ministrava aulas de Matemática, Geometria,
Aritmética, Trigonometria, Ciências naturais, Botânica, Zoologia, Geologia
e Paleontologia, Português, Francês, Astronomia, Inglês e Castelhano.
Barsanulfo foi perseguido por parte do clero que, aliado a um médico
católico de Uberaba, moveu contra ele um processo penal sob a acusação de
exercício ilegal da Medicina, em 1917, que acabou arquivado pelo juiz da
comarca. Um dos fatores que sempre foram a favor de Eurípedes foi a
Educação. O Governo na época estava progredindo na Educação, e os
métodos utilizados por ele eram muito a frente de seu tempo, sendo modelo
para muitos centros educacionais.
Mesmo diante das dificuldades, ele executou um trabalho de
empreendedorismo evolutivo com benefícios não só para Sacramento. As
farmácias, o Colégio Allan Kardec e o Grupo Espírita Esperança e Caridade
foram apenas algumas das obras desse homem que foi chamado "O
Apóstolo do Triângulo Mineiro". Morreu em 1de novembro de 1918, aos 38
anos, vítima da gripe espanhola. Mesmo acometido da moléstia, arrasadora
para boa parte da população brasileira, Eurípedes não parou de atender aos
que necessitavam.
Muita Paz!
Visite meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
A serviço da Doutrina Espírita

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Visão de Eurípedes

  • 1.
  • 2. Com base em conto de mesmo nome, do livro “A Vida escreve”, pelo Espírito Hilário Silva. Conta-nos assim o autor espiritual: Começara Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da mediunidade, em Sacramento, no Estado de Minas Gerais, a observar-se fora do corpo físico, em admirável desdobramento, quando, certa feita, à noite, viu a si próprio em prodigiosa volitação. Embora inquieto, como que arrastado pela vontade de alguém num torvelinho de amor, subia, subia. Subia sempre. Queria parar, e descer, reavendo o veículo carnal, mas não conseguia. Braços intangíveis tutelavam-lhe a sublime excursão.
  • 3. Respirava outro ambiente. Envergava forma leve, respirando num oceano de ar mais leve ainda. Viajou, viajou, à maneira de pássaro teleguiado, até que se reconheceu em campina verdejante. Reparava na formosa paisagem, quando, não longe, avistou um homem que meditava, envolvido por doce luz. Como que magnetizado pelo desconhecido aproximou-se. Houve, porém, um momento, em que estacou, trêmulo. Algo lhe dizia no íntimo para que não avançasse mais. E num deslumbramento de júbilo, reconheceu-se na presença do Cristo. Baixou a cabeça, esmagado pela honra imprevista, e ficou em silêncio, sentindo-se como intruso, incapaz de voltar ou seguir adiante.
  • 4. Recordou as lições do Cristianismo, os templos do mundo, as homenagens prestadas ao Senhor, na literatura e nas artes, e a mensagem dEle a ecoar entre os homens, no curso de quase vinte séculos. Ofuscado pela grandeza do momento, começou a chorar. Grossas lágrimas banhavam-lhe o rosto, quando adquiriu coragem e ergueu os olhos, humilde. Viu, porém, que Jesus também chorava. Traspassado de súbito sofrimento, por ver-lhe o pranto, desejou fazer algo que pudesse reconfortar o Amigo Sublime. Afagar-lhe as mãos ou estirar-se à maneira de um cão leal aos seus pés. Mas estava como que chumbado ao solo estranho. Recordou, no entanto, os tormentos do Cristo, a se perpetuarem nas criaturas que até hoje, na Terra, lhe atiram incompreensão e sarcasmo.
  • 5. Nessa linha de pensamento, não se conteve. Abriu a boca e falou, suplicante: - Senhor, por que choras? O interpelado não respondeu. Mas desejando certificar-se de que era ouvido, Eurípedes reiterou: - Choras pelos descrentes do mundo? Enlevado, o missionário de Sacramento notou que o Cristo lhe correspondia agora ao olhar. E, após um instante de atenção, respondeu em voz dulcíssima: - Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos amor.
  • 6. Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam. Eurípedes não saberia descrever o que se passou então. Como se caísse em profunda sombra, ante a dor que a resposta lhe trouxera, desceu, desceu. E acordou no corpo de carne. Era madrugada. Levantou-se e não mais dormiu. E desde aquele dia, sem comunicar a ninguém a divina revelação que lhe vibrava na consciência, entregou-se aos necessitados e aos doentes, sem repouso sequer de um dia, servindo até à morte. REFLEXÃO (Com base no artigo de Waldenir Aparecido Cuin): Por certo, não existirá criatura alguma dotada de lucidez e pleno exercício da razão que não desejará usufruir de felicidade e paz, decorrentes do estado de serenidade, advindo da vivência prática das sábias e inesquecíveis lições de Jesus.
  • 7. No entanto, entre o querer e o poder, existe um imenso e profundo abismo de superação a ser vencido. Em realidade, almejamos esse oásis de conforto ainda presos a infindáveis e confusos comportamentos, que evidenciam nossa caminhada por trilhos tortuosos e distantes dos reais objetivos da prosperidade espiritual. Já conhecemos, detalhadamente, o Evangelho de Jesus. Há mais de dois mil anos esse manual carregado de intensos e valiosos ensinamentos está em nossas mãos. Já o lemos inúmeras vezes, já o comentamos em várias oportunidades, já o ensinamos aos outros em muitas ocasiões, mas ainda não conseguimos vivenciá-lo na prática. E, por essa razão, nos encontramos atolados no lamaçal da dor, da angústia e das decepções.
  • 8. Ante o nosso descaso, pelos reais valores da vida, Jesus ainda chora. Somos pródigos e fartos em criar necessidades inúteis, quase sempre exagerando em cuidados exteriores, atendendo aos chamamentos vaidosos e ilusórios do mundo, mas pouco atentos ao zelo e acuidade com o nosso interior. Tal deliberação nos mantém distantes das nossas reais finalidades aqui na Terra. Desprendemos tempo e recursos fartos no cultivo de fantasias e ilusões, efêmeras e passageiras, e não temos o mesmo ideal e forças para a concretização de ações seguras e resistentes, no âmbito das conquistas espirituais, procedimento indispensável que nos indicará, com acerto, a direção de Jesus. Incontestavelmente, temos o livre-arbítrio. A decisão e a responsabilidade pelas escolhas serão sempre nossas.
  • 9. Poderemos pautar os nossos dias sob as acertadas orientações do Cristo, hoje, ou adiar para o porvir o que, num certo momento, terá que ser feito. Jesus enalteceu a função terapêutica do perdão, informando os malefícios decorrentes do ódio, do rancor, da violência e do ressentimento. Sabemos disso, mas ainda temos intensas dificuldades de colocar tal assertiva em prática. Destacou a importância de amarmos uns os outros, esclarecendo o valor da fraternidade e da compreensão no contexto da família humana, oriunda do mesmo Pai Celestial. Mas o egoísmo e o orgulho que, descuidadamente, mantemos em evidência, têm ofuscado a paz social.
  • 10. Falou da importância e da necessidade daqueles que podem mais, em auxiliar e proteger os que podem menos. No entanto, a ganância e a sovinice que ainda predominam na Terra, continuam fazendo nascer rios de lágrimas e montanhas de dor nos corações torturados. Ressaltou os reconhecidos valores do amor, como veículo de afetividade e entendimento entre os homens, na compactação de uma sólida base de solidariedade. Todavia, infelizmente, a mágoa e a intolerância têm sido mensageiras deletérias de tragédias e infortúnios de toda ordem, enegrecendo o panorama humano. Lembrou os malefícios produzidos pelo excessivo apego material, onde poucos possuem muito e muitos vivem com tão pouco. Mas inda damos vazão ao sórdido desejo de ter sempre mais e mais bens materiais, não dando qualquer atenção aos que ficam sem nada.
  • 11. Portanto, não fica difícil a observação de que, ante a moldura social do momento, Jesus ainda continue a “chorar por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam”. Esta é uma preocupante advertência. Reflitamos, maduramente, e nos esforcemos ao máximo, visando contribuir, dentro das possiblidades que temos, para colocar um sorriso no semblante de Jesus. BIOGRAFIA DE EURÍPEDES BARSANULFO: Eurípedes Barsanulfo foi um educador, político, jornalista, e médium brasileiro, um dos expoentes do espiritismo no país. Nasceu no dia 1 de maio de 1880, na pequena cidade de Sacramento, estado de Minas Gerais.
  • 12. Era filho de Hermógenes Ernesto de Araújo (Seu Mogico) e de Jerônima Pereira de Almeida (Dona Meca). Terceiro filho de numerosa família de quinze irmãos. Fisicamente franzino, teve uma infância muito pobre. Desde muito pequeno mostrou possuir um caráter bondoso e ser dono de uma inteligência brilhante, características estas que lhe permitiram trabalhar para ajudar a família desde tenra idade (5/6 anos). Aluno do Colégio Miranda, auxiliava os professores, explicando as matérias aos colegas de classe. Egresso do colégio, passou a trabalhar como guarda-livros, no escritório comercial de seu pai. Autodidata, adquiriu conhecimentos de Medicina e Direito, além de Astronomia, Filosofia, Matemática, Ciências Físicas e Naturais e Literatura, mesmo sem ter cursado o ensino superior.
  • 13. Aos 21 anos, participou da fundação do jornal semanal Gazeta de Sacramento, em que publicava artigos sobre economia, literatura, etc., estreando assim como jornalista, e, como jornalista, tinha a esperança de ajudar o povo culturalmente, e abriu um espaço aos interessados nas letras e informações. Aos 22 anos, com ilustres figuras da cidade, seus antigos professores, João Gomes Vieira de Melo, Inácio Martins de Melo e outros, fundou, em 31 de janeiro de 1902, o Liceu Sacramentano, onde passou a lecionar diversas matérias, entre elas francês e geografia. Alguns alunos do Liceu, mais tarde, fundaram um serviço de assistência aos necessitados, denominado Sociedade dos Amiguinhos dos Pobres.
  • 14. Tornou-se amigo de Ormênio Gomes, que vindo a residir em Sacramento trouxe para lá preciosa biblioteca de livros homeopáticos, a qual teve acesso e absorveu vasta informação. Tornou-se líder em sua cidade por seu trabalho no magistério e na imprensa. Sua popularidade o fez eleger-se vereador, em 1903, após muita relutância, ocupando, então, quatro postos, com grande carga de trabalho: jornalista, professor, vereador e secretário da Irmandade de São Vicente de Paulo. Durante seis anos, beneficiou a população de sua cidade com luz e bondes elétricos, água encanada e cemitério público. Foi vereador até 1910, quando renunciou a uma prorrogação de mandato por discordar do autoritarismo do então mandatário do Estado de Minas Gerais.
  • 15. Sua vida se manteve neste ritmo até os vinte e cinco anos de idade, 1905, quando a espiritualidade marcava seu encontro com a doutrina espírita. Em visita ao padre Maia, recebe a bíblia para ler com algumas recomendações. Antes de sua conversão ao espiritismo, alguns parentes seus realizavam sessões mediúnicas em Santa Maria, a 14 km de Sacramento. As reuniões eram realizadas na casa do Sr. Mariano Ferreira da Cunha (tio de Eurípedes). Ali, em 28 de agosto de 1.900, foi fundado o Centro Espírita “Fé e Amor”. Vários médiuns notáveis trabalhavam a serviço do povo, com passes e remédios homeopáticos, por meio de receitas, psicografia, etc. Eurípedes sabia disso, mas dava pouca importância. Seu tio, que, além de explicar ao sobrinho os pontos básicos da doutrina, emprestou-lhe o livro Depois da Morte, de Léon Denis.
  • 16. Eurípedes encontra no livro conceitos filosóficos sobre a vida e a morte que lhe parecem corretos, e encontra, na reencarnação, nas energias e na responsabilidade de cada um a causa para os desequilíbrios físicos, morais e sociais. Mesmo com algumas dúvidas, Eurípedes comparece às sessões espíritas e, ao ver parentes analfabetos, incorporados, falando línguas diferentes e proferindo conceitos filosóficos com grande amplitude de conhecimentos. Foi uma noite muito especial, porque nessa sua primeira reunião, Eurípedes, através da mediunidade psicofônica do seu tio, ouviu o Dr. Bezerra de Menezes dar-lhe as boas-vindas e dizer-lhe que estava ali um espírito de alta hierarquia que lhe queria falar. Apresentou-se então esse espírito, comunicando-lhe que era o seu protetor, que o acompanhava desde o seu nascimento, e que já tinham sido amigos em muitas vidas.
  • 17. Eurípedes perguntou-lhe então como se chamava e a resposta foi que na sua última existência tinha tido o nome de Vicente de Paulo. Insistindo, Eurípedes Barsanulfo perguntou-lhe se tinha sido São Vicente de Paulo, tendo ele respondido que sim. Seguidamente, informou-o de que tinha uma missão a cumprir. Prontifica-se, a partir dali a ser espírita e ajudar no esclarecimento e amparo aos necessitados, vislumbrando a possibilidades de ajuda a partir dos adventos que via. Têm início então as manifestações de seu parapsiquismo (mediunismo-animismo). Ao tentar esclarecer seus ex- companheiros e familiares católicos, foi rechaçado, contudo perseverou.
  • 18. Ocorreu então uma transformação em sua vida: mudou-se da casa de seus pais e fundou o Grupo Espírita Esperança e Caridade, em 1905, onde, além de realizar reuniões mediúnicas e doutrinárias, também prestava auxílio aos mais necessitados. Foi médium inspirado, vidente, audiente, receitista, psicofônico, psicógrafo, de desdobramento e de bicorporeidade. Como médium receitista, psicografava prescrições do espírito Bezerra de Menezes. Diversos fenômenos parapsíquicos marcaram a vida de Eurípedes, que não se negava a ajudar onde necessário. Em 31 de janeiro de 1907 criou o primeiro educandário brasileiro com orientação espírita, o Colégio Allan Kardec, onde os alunos recebiam aulas de Evangelho, Moral Cristã, e, ainda, instituiu um curso de Astronomia que hoje conta inclusive com laboratórios.
  • 19. Foi ainda Diretor do Sanatório Espírita de Uberaba. Além de exercer a direção do colégio, o próprio ministrava aulas de Matemática, Geometria, Aritmética, Trigonometria, Ciências naturais, Botânica, Zoologia, Geologia e Paleontologia, Português, Francês, Astronomia, Inglês e Castelhano. Barsanulfo foi perseguido por parte do clero que, aliado a um médico católico de Uberaba, moveu contra ele um processo penal sob a acusação de exercício ilegal da Medicina, em 1917, que acabou arquivado pelo juiz da comarca. Um dos fatores que sempre foram a favor de Eurípedes foi a Educação. O Governo na época estava progredindo na Educação, e os métodos utilizados por ele eram muito a frente de seu tempo, sendo modelo para muitos centros educacionais.
  • 20. Mesmo diante das dificuldades, ele executou um trabalho de empreendedorismo evolutivo com benefícios não só para Sacramento. As farmácias, o Colégio Allan Kardec e o Grupo Espírita Esperança e Caridade foram apenas algumas das obras desse homem que foi chamado "O Apóstolo do Triângulo Mineiro". Morreu em 1de novembro de 1918, aos 38 anos, vítima da gripe espanhola. Mesmo acometido da moléstia, arrasadora para boa parte da população brasileira, Eurípedes não parou de atender aos que necessitavam. Muita Paz! Visite meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br A serviço da Doutrina Espírita