2. O que é Vigorexia?
A vigorexia é uma alteração no
comportamento que se enquadra entre os
transtornos dismórficos corporais. Isso quer dizer
que é uma desordem intimamente ligada a uma
imagem distorcida do próprio corpo. Alguns
autores usam a terminologia Transtorno
Dismórfico Muscular no quadro de transtornos
obsessivo-compulsivos, outros assemelham a
Vigorexia à Anorexia, no sentido de que ambas
seriam patologias narcisistas. Existem, ainda,
autores que atentam para a ausência de critérios
diagnósticos para validar essas denominações.
3. Em resumo, a vigorexia caracteriza-se pela
distorção da autoimagem do corpo voltada para a
questão da força. Os indivíduos vigoréxicos
usualmente se descrevem como fracos, pequenos,
mesmo tendo desenvolvido musculatura acima da
média. O resultado é que acabam desenvolvendo a
dependência pelo exercício físico e uma espécie de
obsessão pelo corpo musculoso, uma vez que
nunca se satisfazem com a condição em que se
encontram, ou seja, nunca se sentem
suficientemente fortes ou musculosos.
4. A preocupação excessiva com a massa
muscular compreende inúmeras alterações
comportamentais significativas na rotina,
como: grandes períodos nas academias,
levantamento de pesos cada vez maiores,
uso de dietas comprometedoras como
aquelas em que alguns alimentos são
priorizados (proteínas, glicídios ou lipídios),
o uso de suplementos alimentares ou ainda
de esteroides anabolizantes.
5. Quais são as causas?
Dificilmente se pode falar em causas para
problemas como a vigorexia, uma vez que são
inúmeras influências atuando na configuração do
quadro. Entre essas influências, podemos citar a
produção cultural de padrões rígidos de corpo belo e
sadio, que exercem uma pressão significativa na
forma como as pessoas se percebem. Além disso,
essa pressão acaba por determinar a inserção ou não
do sujeito na sociedade e nos grupos de seu
interesse, dificultando o desenvolvimento da
autoestima e da sociabilidade sadias.
6. A dependência com relação aos exercícios físicos
pode ser entendida como vício, à medida que a prática de
exercícios eleva o nível de endorfinas. Essa substância é
responsável pela sensação de bem estar, por isso, pode
provocar uma espécie de dependência química e
emocional à prática física. Entre os grupos de risco,
algumas pesquisas indicam que a vigorexia é mais
comum em homens, com idade entre dezoito e trinta e
cinco anos, podendo também ser observada em
mulheres. Alguns tipos de atividade física parecem ter
relação com o desenvolvimento da vigorexia, entre eles, o
fisiculturismo, e é muito comum que as pessoas
confundam esse esporte com o transtorno.
7. Como pode ser o diagnóstico de
Vigorexia?
Não existem critérios descritos para o diagnóstico de
Vigorexia nos manuais psiquiátricos atuais, assim, a
vigorexia ainda não é um transtorno internacionalmente
classificado.
As indicações que se pode fazer para pessoas
próximas de algum suspeito vigoréxico é que atentem
para o grau de comprometimento deste com os
exercícios, suas descrições com relação ao próprio corpo
e os padrões de corpo e comportamento com os quais se
identificam. É importante que todo o círculo social esteja
atento a essas questões, não apenas os familiares, mas
professores, treinadores, colegas de academia, que
precisam ser sensibilizados para essas questões.
8. Quais são os tratamentos?
Como o diagnóstico ainda não está formalizado,
o tratamento acaba sendo o mesmo utilizado em
outros transtornos dismórficos corporais, como a
anorexia. Além disso, dificilmente um indivíduo
vigoréxico, assim como o anoréxico, procura ajuda
especializada, primeiro porque não tem consciência
de seu problema e segundo por medo que as medidas
de tratamento o distanciem do corpo que deseja. A
indicação mais formal, nos casos de vigoréxicos que
fazem uso de anabolizantes é que esse uso seja
imediatamente interrompido, evitando
comprometimento ainda maior da saúde.
9. O acompanhamento psicológico é sempre
indicado e busca auxiliar o indivíduo na
direção do reconhecimento dos padrões
distorcidos de imagem corporal com os
quais tem se identificado, no
reconhecimento dos aspectos positivos de
sua aparência física, no encorajamento de
atitudes mais sadias e no enfrentamento de
possíveis dificuldades com relação à
exposição do corpo como se encontra.