SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 27
TROVADORISMO
Portugal 1198 - 1418
CONTEXTO HISTÓRICO
 Busca pela independência de Portugal;
 Cruzadas;
 Sistema econônico: feudalismo (unidade de produção);
 Servos: propriedades dos senhores feudais através de contratos;
 Serviços em troca de terras;
 Igreja dona de territórios e o Rei dono das terras
CARACTERÍSTICAS
 Língua: galego português;
 Poesia trovadoresca;
 Troubador: poeta;
 Teocentrismo;
 Visão do homem voltada para a igreja;
 Adoração a Cristo;
CURIOSIDADES
 Trovador = poeta: compunha e cantava;
 Fidalgo decaído;
 Jogral = o músico;
 Segrel = não tinha situação definida (ficava entre o 1º e o
2º;
 Menestrel = cantor da corte (de acordo com níveis sociais).
INÍCIO
Cantiga da Garvaia de Paio Soares de
Taveirós
Cantiga dedicada a Maria Pais
Ribeiro
TIPOS DE CANTIGAS
Lírico amorosas e Satíricas
Cantiga de amor e de amigo.
Cantiga de escárnio e maldizer.
EX. CANTIGA DE AMOR
 Quer’eu em maneira de
proença! fazer agora um cantar d’amor
e querrei muit’i loar lmia senhor a que
prez nem fremosura nom fal, nem
bondade; e mais vos direi ém: tanto a
fez Deus comprida de bem que mais
que todas las do mundo val. Ca mia
senhor quizo Deus fazer tal, quando a
faz, que a fez sabedord e todo bem e
de mui gram valor, e com tod’est[o] é
mui comunal ali u deve; er deu-lhi bom
sém, e desi nom lhi fez pouco de
bem quando nom quis
lh’outra foss’igual Ca mia senhor nunca
Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’e loor e falar
mui bem, e riir melhor que outra
molher; desi é leal muit’, e por esto
nom sei oj’eu quem possa
compridamente no seu bem falar, ca
nom á, tra-lo seu bem, al.
 (D. Dinis )
TRADUÇÃO
 Quero à moda provençal fazer agora
um cantar de amor, e quererei muito aí
louvar minha senhora a quem honra nem
formosura não faltam nem bondade; e mais
vos direi sobre ela: Deus a fez tão cheia de
qualidades
que ela mais que todas do mundo. Pois Deus
quis fazer minha senhora de tal
modo quando a fez, que a fez conhecedora
de todo bem e de muito grande valor, e além
de tudo isto é muito sociável quando deve;
também deu-lhe bom senso, e desde então
lhe fez pouco bem impedindo que nenhuma
outra fosse igual a ela Porque em minha
senhora nunca Deus pôs mal, mas pôs nela
honra e beleza e mérito e capacidade de falar
bem, e de rir melhor que outra mulher
também é muito leal e por isto não sei hoje
quem possa cabalmente falar no seu próprio
bem pois não há outro bem, para além do
seu.
CANTIGA DE AMOR
 Idealista (mulher é idealizada como virgem)
 É falada na 1º cobra(estrofe);
 Confissão dolorosa de sua angustia;
 A dama pertence a linhagem superior a do fidalgo;
 Grande respeito do trovador para a dama;
 Serviçal a mulher;
EX. CANTIGA DE AMIGO
 Ai flores, ai flores do verde pinho
se sabedes novas do meu amigo,
ai deus, e u é?
 Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado,
ai deus, e u é?
 Se sabedes novas do meu amigo,
aquele que mentiu do que pôs comigo,
ai deus, e u é?
 Se sabedes novas do meu amado,
aquele que mentiu do que me há jurado
ai deus, e u é?
 (...)
D. Dinis
CANTIGA DE AMIGO
 Realista;
 Amigo = namorado ou amante;
 Falam na 1º cobra;
 Voz masculina, eu-lírico feminino;
 Núcleo: sofrimento amoroso da mulher;
 Caráter narrativo e descritivo;
 Classe social dominante: populares (pastores e camponesas);
O QUE DESCREVE?
O namoro;
As dores do abandono;
As dores causadas pela ausência;
 “O trovador amado pela moça humilde do
campo desvenda-lhe o desgosto de amar e ser
abandonada por causa da guerra ou de outra
mulher.”
Massaud Moisés
REGRAS SOCIAIS
Não mencionar o nome da mulher;
Sentimento quase não era expressado;
Prestação de vassalagem;
Obs: cantigas feitas à mulheres solteiras; raras
eram a mulheres casadas.
MOTIVOS DE SEREM
ESCRITAS PELO HOMEM
Mulher analfabeta;
O homem conhecia a história da mulher
pelo fato de com ela viver;
O homem conhecia as causas do
sofrimento da mulher.
MULHER X HOMEM
Sentimento espontâneo
X
 Sentimento egoísta.
CANTIGA DE ESCÁRNIO
Referências indiretas;
Ironia;
Ambigüidade (vocabulário de duplo sentido);
Não se revela o nome da pessoa satirizada.
EX. CANTIGA DE
ESCÁRNIO
 Ai, dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus mi pardom,
pois avedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero ja loar toda via;
e vedes qual sera a loaçom:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora ja um bom cantrar farei,
em que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
 (Joan Garcia de Guilhade )
TRADUÇÃO
 Ai, dona feia, foste-vos queixar
que nunca vos louvo em meu cantar;
mas agora quero fazer um cantar
em que vos louvares de qualquer modo;
e vede como quero vos louvar
dona feia, velha e maluca!
Dona feia, que Deus me perdoe,
pois tendes tão grande desejo
de que eu vos louve, por este motivo
quero vos louvar já de qualquer modo;
e vede qual será a louvação:
dona feia, velha e maluca!
Dona feia, eu nunca vos louvei
em meu trovar, embora tenha trovado
muito;
mas agora já farei um bom cantar;
em que vos louvarei de qualquer modo;
e vos direi como vos louvarei:
dona feia, velha e maluca!
CANTIGA DE MALDIZER
Sátira direta;
Maledicência;
Uso de palavras obscenas ou de conteúdo
erótico;
Citação nominal da pessoa satirizada.
EX. CANTIGA DE
MALDIZER
 Marinha, o teu folgar tenho eu por
desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha
boca, a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;
com as mãos tapo as orelhas,os olhos e
as sobrancelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,
com os colhões te tapo o cu.
E não rebentas, Marinha?
 (Afonso Eanes de Coton)
CANCIONEIROS
São manuscritos em folhas soltas, rolos ou
rotúlus.
As cantigas eram guardadas em
cancioneiros para que não fossem
extraviadas
TIPOS DE CANCIONEIROS
 Cancioneiro da ajuda, em Lisboa composto no reinado de Afonso
III. Contém 310 cantigas, sendo a maioria de amor.
 Cancioneiro da biblioteca nacional, em Lisboa. Contém 1647
cantigas de todos os tipos, elaboradas por trovadores dos reinados de
Afonso III e D. Dinis.
 Cancioneiro da Vaticana, no Vaticano. Contém 1205 cantigas de
escárnio, entre outras.
PRINCIPAIS TROVADORES
João Soares de Paiva (mais antigo);
Paio Soares de Taveirós (principal);
D. Dinis(´tem mais de 140 cantigas de todos os
tipos).
NOVELAS DE CAVALARIA
 Surgiu no século XIII;
 Originárias da Inglaterra;
 Nasceram da poesia de temas relacionados a guerra;
 Deixaram de serem escritas em versos e passaram a serem escritas em
prosa, portanto deixaram de ser cantadas para serem lidas;
 Uso da ficção;
 Cavaleiros = seres valentes a serviço das damas.
Término do período em 1418
quando Fernão Lopes é nomeado
guarda-mor da Torre do Tombo
por D. Duarte.
PROF.ª ROMERE, SUELLEN
Fim

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Comparação cantigas trovadorescas e musicas atuais
Comparação cantigas trovadorescas e musicas atuaisComparação cantigas trovadorescas e musicas atuais
Comparação cantigas trovadorescas e musicas atuaisWesley Germano Otávio
 
Trovadorismo impacto
Trovadorismo impactoTrovadorismo impacto
Trovadorismo impactoNeuma Matos
 
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano portuguêsPoesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano portuguêsDark_Neox
 
Cantigas de amor
Cantigas de amorCantigas de amor
Cantigas de amorheleira02
 
Cantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizerCantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizerheleira02
 
Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)
Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)
Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)Sofia Yuna
 
Pnaic 6º encontro 2 ano
Pnaic 6º encontro  2 anoPnaic 6º encontro  2 ano
Pnaic 6º encontro 2 anomichelly
 
Cantigas de escárnio e maldizer - resumo
Cantigas de escárnio e maldizer - resumoCantigas de escárnio e maldizer - resumo
Cantigas de escárnio e maldizer - resumoGijasilvelitz 2
 

Mais procurados (15)

Comparação cantigas trovadorescas e musicas atuais
Comparação cantigas trovadorescas e musicas atuaisComparação cantigas trovadorescas e musicas atuais
Comparação cantigas trovadorescas e musicas atuais
 
Trovadorismo impacto
Trovadorismo impactoTrovadorismo impacto
Trovadorismo impacto
 
O Trovadorismo
O Trovadorismo O Trovadorismo
O Trovadorismo
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano portuguêsPoesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
 
Cantigas de amor
Cantigas de amorCantigas de amor
Cantigas de amor
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Movimento literário Trovadorismo 1º ano D 2013
Movimento literário Trovadorismo 1º ano D 2013Movimento literário Trovadorismo 1º ano D 2013
Movimento literário Trovadorismo 1º ano D 2013
 
Trovadorismo1
Trovadorismo1Trovadorismo1
Trovadorismo1
 
Cantigas trovadorescas
Cantigas trovadorescasCantigas trovadorescas
Cantigas trovadorescas
 
Cantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizerCantigas de escárnio e maldizer
Cantigas de escárnio e maldizer
 
Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)
Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)
Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)
 
Pnaic 6º encontro 2 ano
Pnaic 6º encontro  2 anoPnaic 6º encontro  2 ano
Pnaic 6º encontro 2 ano
 
Cantigas de escárnio e maldizer - resumo
Cantigas de escárnio e maldizer - resumoCantigas de escárnio e maldizer - resumo
Cantigas de escárnio e maldizer - resumo
 
Literatura Piauiense
Literatura PiauienseLiteratura Piauiense
Literatura Piauiense
 

Destaque

Semana de arte moderna brasileira de 1922
Semana de arte moderna brasileira de 1922Semana de arte moderna brasileira de 1922
Semana de arte moderna brasileira de 1922Jease Bernardo
 
ENEM-2015 resolvido e comentado: Artes
ENEM-2015 resolvido e comentado: ArtesENEM-2015 resolvido e comentado: Artes
ENEM-2015 resolvido e comentado: Artesma.no.el.ne.ves
 
Artistas modernistas
Artistas modernistasArtistas modernistas
Artistas modernistasGoreti Santos
 
Arte rupestre
Arte rupestreArte rupestre
Arte rupestreEliete
 
Vanguardas europeias: Futurismo, Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo e Surrealismo
Vanguardas europeias: Futurismo, Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo e SurrealismoVanguardas europeias: Futurismo, Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo e Surrealismo
Vanguardas europeias: Futurismo, Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo e SurrealismoColégio Santa Luzia
 

Destaque (9)

Semana de arte moderna brasileira de 1922
Semana de arte moderna brasileira de 1922Semana de arte moderna brasileira de 1922
Semana de arte moderna brasileira de 1922
 
ENEM-2015 resolvido e comentado: Artes
ENEM-2015 resolvido e comentado: ArtesENEM-2015 resolvido e comentado: Artes
ENEM-2015 resolvido e comentado: Artes
 
Artistas modernistas
Artistas modernistasArtistas modernistas
Artistas modernistas
 
Arte rupestre
Arte rupestreArte rupestre
Arte rupestre
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Vanguardas europeias
Vanguardas europeias Vanguardas europeias
Vanguardas europeias
 
Vanguardas europeias: Futurismo, Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo e Surrealismo
Vanguardas europeias: Futurismo, Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo e SurrealismoVanguardas europeias: Futurismo, Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo e Surrealismo
Vanguardas europeias: Futurismo, Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo e Surrealismo
 
Trovadorismo I
Trovadorismo ITrovadorismo I
Trovadorismo I
 
Arte Rupestre
Arte Rupestre Arte Rupestre
Arte Rupestre
 

Semelhante a Trovadorismo (20)

Trovadorismo1
Trovadorismo1Trovadorismo1
Trovadorismo1
 
Trovadorismo1
Trovadorismo1Trovadorismo1
Trovadorismo1
 
Literatura portuguesa
Literatura portuguesaLiteratura portuguesa
Literatura portuguesa
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo - professora Vivian Trombini
Trovadorismo - professora Vivian TrombiniTrovadorismo - professora Vivian Trombini
Trovadorismo - professora Vivian Trombini
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo1
Trovadorismo1Trovadorismo1
Trovadorismo1
 
Trovadorismo1
Trovadorismo1Trovadorismo1
Trovadorismo1
 
Trovadorismo1
Trovadorismo1Trovadorismo1
Trovadorismo1
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Literatura medieval prof katty
Literatura medieval    prof kattyLiteratura medieval    prof katty
Literatura medieval prof katty
 
4.-Trovadorismo.pdf
4.-Trovadorismo.pdf4.-Trovadorismo.pdf
4.-Trovadorismo.pdf
 
Poesia trovadoresca e palaciana
Poesia trovadoresca e palacianaPoesia trovadoresca e palaciana
Poesia trovadoresca e palaciana
 
CANTIGAS_LIRICAS_E_SATIRICAS_(e__MPB).pdf
CANTIGAS_LIRICAS_E_SATIRICAS_(e__MPB).pdfCANTIGAS_LIRICAS_E_SATIRICAS_(e__MPB).pdf
CANTIGAS_LIRICAS_E_SATIRICAS_(e__MPB).pdf
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo 2
Trovadorismo 2Trovadorismo 2
Trovadorismo 2
 
Idade média e o trovadorismo
Idade média e o trovadorismoIdade média e o trovadorismo
Idade média e o trovadorismo
 

Mais de suellenromere

Mais de suellenromere (6)

Arcadismo
Arcadismo Arcadismo
Arcadismo
 
Humanismo
Humanismo Humanismo
Humanismo
 
Classicismo
Classicismo Classicismo
Classicismo
 
Barroco em Portugal
Barroco em PortugalBarroco em Portugal
Barroco em Portugal
 
Literatura
Literatura Literatura
Literatura
 
Trovadorismo
Trovadorismo Trovadorismo
Trovadorismo
 

Trovadorismo

  • 2. CONTEXTO HISTÓRICO  Busca pela independência de Portugal;  Cruzadas;  Sistema econônico: feudalismo (unidade de produção);  Servos: propriedades dos senhores feudais através de contratos;  Serviços em troca de terras;  Igreja dona de territórios e o Rei dono das terras
  • 3. CARACTERÍSTICAS  Língua: galego português;  Poesia trovadoresca;  Troubador: poeta;  Teocentrismo;  Visão do homem voltada para a igreja;  Adoração a Cristo;
  • 4. CURIOSIDADES  Trovador = poeta: compunha e cantava;  Fidalgo decaído;  Jogral = o músico;  Segrel = não tinha situação definida (ficava entre o 1º e o 2º;  Menestrel = cantor da corte (de acordo com níveis sociais).
  • 5. INÍCIO Cantiga da Garvaia de Paio Soares de Taveirós Cantiga dedicada a Maria Pais Ribeiro
  • 6. TIPOS DE CANTIGAS Lírico amorosas e Satíricas Cantiga de amor e de amigo. Cantiga de escárnio e maldizer.
  • 7. EX. CANTIGA DE AMOR  Quer’eu em maneira de proença! fazer agora um cantar d’amor e querrei muit’i loar lmia senhor a que prez nem fremosura nom fal, nem bondade; e mais vos direi ém: tanto a fez Deus comprida de bem que mais que todas las do mundo val. Ca mia senhor quizo Deus fazer tal, quando a faz, que a fez sabedord e todo bem e de mui gram valor, e com tod’est[o] é mui comunal ali u deve; er deu-lhi bom sém, e desi nom lhi fez pouco de bem quando nom quis lh’outra foss’igual Ca mia senhor nunca Deus pôs mal, mais pôs i prez e beldad’e loor e falar mui bem, e riir melhor que outra molher; desi é leal muit’, e por esto nom sei oj’eu quem possa compridamente no seu bem falar, ca nom á, tra-lo seu bem, al.  (D. Dinis )
  • 8. TRADUÇÃO  Quero à moda provençal fazer agora um cantar de amor, e quererei muito aí louvar minha senhora a quem honra nem formosura não faltam nem bondade; e mais vos direi sobre ela: Deus a fez tão cheia de qualidades que ela mais que todas do mundo. Pois Deus quis fazer minha senhora de tal modo quando a fez, que a fez conhecedora de todo bem e de muito grande valor, e além de tudo isto é muito sociável quando deve; também deu-lhe bom senso, e desde então lhe fez pouco bem impedindo que nenhuma outra fosse igual a ela Porque em minha senhora nunca Deus pôs mal, mas pôs nela honra e beleza e mérito e capacidade de falar bem, e de rir melhor que outra mulher também é muito leal e por isto não sei hoje quem possa cabalmente falar no seu próprio bem pois não há outro bem, para além do seu.
  • 9. CANTIGA DE AMOR  Idealista (mulher é idealizada como virgem)  É falada na 1º cobra(estrofe);  Confissão dolorosa de sua angustia;  A dama pertence a linhagem superior a do fidalgo;  Grande respeito do trovador para a dama;  Serviçal a mulher;
  • 10. EX. CANTIGA DE AMIGO  Ai flores, ai flores do verde pinho se sabedes novas do meu amigo, ai deus, e u é?  Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado, ai deus, e u é?  Se sabedes novas do meu amigo, aquele que mentiu do que pôs comigo, ai deus, e u é?  Se sabedes novas do meu amado, aquele que mentiu do que me há jurado ai deus, e u é?  (...) D. Dinis
  • 11. CANTIGA DE AMIGO  Realista;  Amigo = namorado ou amante;  Falam na 1º cobra;  Voz masculina, eu-lírico feminino;  Núcleo: sofrimento amoroso da mulher;  Caráter narrativo e descritivo;  Classe social dominante: populares (pastores e camponesas);
  • 12. O QUE DESCREVE? O namoro; As dores do abandono; As dores causadas pela ausência;
  • 13.  “O trovador amado pela moça humilde do campo desvenda-lhe o desgosto de amar e ser abandonada por causa da guerra ou de outra mulher.” Massaud Moisés
  • 14. REGRAS SOCIAIS Não mencionar o nome da mulher; Sentimento quase não era expressado; Prestação de vassalagem; Obs: cantigas feitas à mulheres solteiras; raras eram a mulheres casadas.
  • 15. MOTIVOS DE SEREM ESCRITAS PELO HOMEM Mulher analfabeta; O homem conhecia a história da mulher pelo fato de com ela viver; O homem conhecia as causas do sofrimento da mulher.
  • 16. MULHER X HOMEM Sentimento espontâneo X  Sentimento egoísta.
  • 17. CANTIGA DE ESCÁRNIO Referências indiretas; Ironia; Ambigüidade (vocabulário de duplo sentido); Não se revela o nome da pessoa satirizada.
  • 18. EX. CANTIGA DE ESCÁRNIO  Ai, dona fea, fostes-vos queixar que vos nunca louv[o] em meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia! Dona fea, se Deus mi pardom, pois avedes [a]tam gram coraçom que vos eu loe, em esta razom vos quero ja loar toda via; e vedes qual sera a loaçom: dona fea, velha e sandia! Dona fea, nunca vos eu loei em meu trobar, pero muito trobei; mais ora ja um bom cantrar farei, em que vos loarei toda via; e direi-vos como vos loarei: dona fea, velha e sandia!  (Joan Garcia de Guilhade )
  • 19. TRADUÇÃO  Ai, dona feia, foste-vos queixar que nunca vos louvo em meu cantar; mas agora quero fazer um cantar em que vos louvares de qualquer modo; e vede como quero vos louvar dona feia, velha e maluca! Dona feia, que Deus me perdoe, pois tendes tão grande desejo de que eu vos louve, por este motivo quero vos louvar já de qualquer modo; e vede qual será a louvação: dona feia, velha e maluca! Dona feia, eu nunca vos louvei em meu trovar, embora tenha trovado muito; mas agora já farei um bom cantar; em que vos louvarei de qualquer modo; e vos direi como vos louvarei: dona feia, velha e maluca!
  • 20. CANTIGA DE MALDIZER Sátira direta; Maledicência; Uso de palavras obscenas ou de conteúdo erótico; Citação nominal da pessoa satirizada.
  • 21. EX. CANTIGA DE MALDIZER  Marinha, o teu folgar tenho eu por desacertado, e ando maravilhado de te não ver rebentar; pois tapo com esta minha boca, a tua boca, Marinha; e com este nariz meu, tapo eu, Marinha, o teu; com as mãos tapo as orelhas,os olhos e as sobrancelhas, tapo-te ao primeiro sono; com a minha piça o teu cono; e como o não faz nenhum, com os colhões te tapo o cu. E não rebentas, Marinha?  (Afonso Eanes de Coton)
  • 22. CANCIONEIROS São manuscritos em folhas soltas, rolos ou rotúlus. As cantigas eram guardadas em cancioneiros para que não fossem extraviadas
  • 23. TIPOS DE CANCIONEIROS  Cancioneiro da ajuda, em Lisboa composto no reinado de Afonso III. Contém 310 cantigas, sendo a maioria de amor.  Cancioneiro da biblioteca nacional, em Lisboa. Contém 1647 cantigas de todos os tipos, elaboradas por trovadores dos reinados de Afonso III e D. Dinis.  Cancioneiro da Vaticana, no Vaticano. Contém 1205 cantigas de escárnio, entre outras.
  • 24. PRINCIPAIS TROVADORES João Soares de Paiva (mais antigo); Paio Soares de Taveirós (principal); D. Dinis(´tem mais de 140 cantigas de todos os tipos).
  • 25. NOVELAS DE CAVALARIA  Surgiu no século XIII;  Originárias da Inglaterra;  Nasceram da poesia de temas relacionados a guerra;  Deixaram de serem escritas em versos e passaram a serem escritas em prosa, portanto deixaram de ser cantadas para serem lidas;  Uso da ficção;  Cavaleiros = seres valentes a serviço das damas.
  • 26. Término do período em 1418 quando Fernão Lopes é nomeado guarda-mor da Torre do Tombo por D. Duarte.