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Revista Brasileira de Geociências Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes 38(4): 661-675, dezembro de 2008
Arquivo digital disponível on-line no site www.sbgeo.org.br 661
Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento
Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso
Cláudia do Couto Tokashiki1
& Gerson Souza Saes2
Resumo  O Grupo Cuiabá compreende uma espessa pilha metassedimentar acumulada na margem sudeste
do Craton Amazônico e afetado pelo Ciclo Orogênico Brasiliano-Panafricano (~600 Ma). O estudo de aflo-
ramentos em perfis regionais, minas abertas para exploração de ouro e furos de sondagem no Alinhamento
Cangas-Poconé cosntituem a base para propor uma divisão litoestratigráfica do Grupo Cuiabá nas formações
Campina de Pedras, Acorizal e Coxipó. Ao longo desse alinhamento é reconhecida uma associação de fácies
com predomínio de meta-ritmitos com dropstones, com uma forte assinatura magnética, denominada aqui
como Fácies Cangas na porção média da Formação Acorizal, possuindo uma provável cronocorrelação com a
Fácies Engenho, ambas depositadas sob forte influência glacial. Esta litofácies ocorre associada com (meta)
conglomerados, arenitos e pelitos e horizontes subordinados de diamictitos maciços. Esta sucessão é sugestiva
da acumulação em ambiente marinho glacialmente influenciado. Os meta-ritmitos são interpretados como de-
positados durante um longo período de deglaciação, elevação eustática do nível do mar e liberação de clastos
grosseiros de massas de gelo flutuantes (icebergs). A pilha sedimentar foi afetada pelo metamorfismo regional
em fácies xistos verdes, alcançando Zona da Biotita, deformada em dobras recumbentes e submetida a intensa
atividade hidrotermal durante as ultimas fases de deformação, com remobilizaçao de veios de quartzo, serici-
tizaçao, sulfetação e fluidos carregando ouro. A mineralização aurífera é considerada como o produto de uma
combinação de fatores, todos contribuindo para o trapeamento do fluxo dos fluidos hidrotermais, tais como a
baixa permeabilidade das rochas encaixantes, a posição estrutural transversal à trajetória do fluxo hidrotermal
e o retrabalhamento de um embasamento granito-greenstone fértil na borda sudeste do Cráton Amazônico.
Palavras-chave: neoproterozóico, faixa Paraguai, grupo Cuiabá, ouro.
Abstract  Stratigraphyc revision and facies analysis of Cuiabá Group in the Cangas-Poconé align-
ment, Cuiabá depression (MT), Brazil.  The Cuiabá Group comprises a thick netasedimentary pile ac-
cumulated at the southeastern margin of Amazon Craton and affected by the Brasiliano-Panafrican Orogenic
Cycle (~600Ma). The study of outcrops in regional profiles, open pits for gold exploration and drilling cores at
Cangas-Poconé Alignment provides the basis for proposing a lithostratigraphic division of the Cuiabá Group
into the Campina de Pedras, Acorizal and Coxipó formations. Along this alignment is recognized a facies asso-
ciation with predominance of metaritmites with dropstones, with a very strong magnetic signature denominated
here as Cangas Facies on the midlle portion of the Acorizal Formation, encompassing a probable chronocor-
relation with the glacially influenced Engenho Facies. This lithofacies ocurrs associated with (meta) conglom-
erates, sandstones and pellites and subordinated horizons of massive diamictites. This sucession is suggestive
of a accumulation on a glacially influenced marine setting. The metarimite are interpreted as deposited during
a long period of deglaciation, eustatic rise of sea level and liberation of coarse clasts from floating icemassas
(icebergs). The sedimentary pile was affected by regional metamorphism at the greenschist facies reaching the
Biotite Zone, deformed in recumbent folds and submitted to intensely hydrothermal activity during the last
phases of deformation, with remobilization of quartz veins, sericitization, sulfetation and gold bearing fluids.
The gold mineralization is supposed to be the product of a combination of diverse factors all contributing to the
trapping of hydrothermal fluid flux, such as the very low permeability of host rocks, it’s structural transverse
position to the hydrothermal fluid flow path and a reworking of a fertile granite-greeenstone basement terrain
of the border of southeastern Amazon Craton.
Keywords: neoproterozoic, Paraguai belt, Cuiabá group, gold.
1 - Programa de Pós-graduação em Geociências, UFMT, Cuiabá (MT), Brasil. E-mail: claudiatokashiki@gmail.com
2 - Departamento de Recursos Minerais, PPGEC-UFMT, Cuiabá (MT), Brasil. E-mail: gssaes@gmail.com
Almeida (1948, 1954, 1964, 1965, 1974, 1984, 1985),
Vieira (1965), Figueiredo et al. (1974), Ribeiro Filho
et al. (1975), Olivatti (1976), Luz et al. (1980), Bar-
ros et al. (1982), Alvarenga (1984 e 1988), Alvarenga
& Saes (1992), Alvarenga & Trompette (1993), assim
INTRODUÇÃO  Há muito tempo nota-se o grande
interesse despertado pelas rochas que compõem o Gru-
po Cuiabá, haja vista a farta literatura, iniciada no sé-
culo XIX com o Conde Francis de Castelnau (1857) e
Evans (1894). Estudos posteriores foram realizados por
Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso
662 Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008
como monografias de conclusão do curso de Geologia
da UFMT (Freitas inédito) e (Leão & Dall´Oglio iné-
dito), dissertações de mestrado (Silva 1999), teses de
doutoramento (Alvarenga 1990) e relatórios de pesqui-
sas realizadas por empresas de mineração interessadas
em avaliar o potencial aurífero da região da Baixada
Cuiabana. O Grupo Cuiabá é constituído por metasse-
dimentos clásticos com pequena contribuição química
e vulcânica, afetado por várias fases de deformações e
metamorfizado na fácies xistos verdes.
O trabalho tem como objetivo a revisão e pro-
posição de uma coluna litoestratigráfica para o Grupo
Cuiabá na Baixada Cuiabana e o estudo faciológico de
suas rochas no trecho compreendido entre a cidade de
Poconé e o distrito de Cangas, no denominado Alinha-
mento Cangas-Poconé, orientado N40°E e hospedeiro
das principais mineralizações da Província Aurífera
da Baixada Cuiabana (Paes de Barros 1998) (Fig. 1).
As informações compiladas da literatura aliadas ao le-
vantamento de seções geológicas regionais, lograram a
reconstituição do empilhamento estratigráfico original,
a identificação e interpretação das principais fácies se-
dimentares e o estabelecimento de unidades e superfí-
cies de correlação para a parte intermediária do Grupo
Cuiabá na região. Adicionalmente foram estudados 04
(quatro) testemunhos contínuos de sondagens realiza-
das nas proximidades de Poconé e Cangas, totalizando
cerca de 800m de amostragem de subsuperfície, sendo
Figura 1 - Mapa geológico da Faixa Paraguai em MT, MS e Bolívia e seção estrutural esquemática (A-B) entre
Cuiabá e Mirassol d´Oeste (Alvarenga 1988). O retângulo a sudoeste de Cuiabá assinala a área estudada.
Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 663
Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes
enfocadas as principais estruturas primárias e associa-
ções litológicas, com registro fotográfico e seleção de
amostras para estudos petrográficos e geoquímicos.
Estes estudos visaram a identificação das paragêneses
minerais e composição química ligadas aos protólitos
sedimentares, ao metamorfismo regional e ao intenso
hidrotermalismo que atuou na área.
Contexto Geológico Regional  Os cin-
turões orogênicos do Ciclo Brasiliano-Pan-Africano
(~600 Ma) marcam uma das mais importantes feições
tectônicas do embasamento pré-cambriano do território
brasileiro. A Faixa Paraguai-Araguaia como definida
originalmente por Almeida (1965), constitui um cintu-
rão de dobramentos de destaque na região central do
continente sul-americano, bordejando o leste-sudeste
do Cráton Amazônico e o leste do Bloco Rio Apa. A
descontinuidade geográfica entre os dois segmentos,
além de datações radiométricas (Hasui et al. 1980),
levaram Silva et al. (1974) e Almeida (1974,1984) à
subdivisão deste cinturão em duas unidades: o Cintu-
rão Araguaia/Tocantins, margeando a borda leste do
Cráton Amazônico e o Cinturão Paraguai, ao longo da
sua borda sudeste. Almeida (1984) subdividiu a Faixa
de Dobramentos Paraguai em três zonas estruturais:
Brasilides Metamórficas, Brasilides não Metamórficas
e Coberturas Brasilianas, renomeadas por Alvarenga
(1988) e Alvarenga & Trompete (1992) como Zona Es-
trutural Interna, Zona Estrutural Externa e Coberturas
Sedimentares de Plataforma respectivamente. Alvaren-
ga (1988, 1990) descreve a Faixa Paraguai como um
cinturão de dobramentos polifásicos afetado pelo Ciclo
Brasiliano e constituído por metassedimentos dobrados
e metamorfisados, que em direção ao Cráton Amazôni-
co passam progressivamente a coberturas sedimentares
em parte contemporâneas e estruturalmente onduladas,
falhadas, mas não metamorfisadas. São características
gerais da Faixa Paraguai a forma de um grande arco
convexo para o Cráton Amazônico, a intensa deforma-
ção linear, presença de falhas inversas e empurrões,
dobramento isoclinal e recumbente, escassez de vulca-
nismo e presença de plutões graníticos em suas zonas
internas (Almeida 1984, Alvarenga 1990, Alvarenga &
Trompette 1993).
Um ramo da Faixa Paraguai se estende desde
Corumbá através da Bolívia com direção WNW-ESSE,
sendo conhecido como Cinturão Tucavaca (Litherland
et al. 1986). Este se apresenta como uma grande es-
trutura sinclinal na Bolívia, recentemente interpretado
como um aulacógeno, em contraste com as concepções
que consideravam a existência de um cinturão dobra-
do Brasiliano-Pan-Africano distinto, isolando o Cráton
Amazônico do Bloco Rio Apa (Trompette 1994) (Fig.
1). O contexto geodinâmico da Faixa Paraguai ainda
é tema controverso. Almeida (1984) sugere que as ca-
racterísticas litológicas, estruturais e metamórficas do
Grupo Cuiabá são compatíveis com bacia do tipo mio-
geossinclinal, possivelmente passando a condições eu-
geossinclinais na área hoje oculta sob a Bacia do Paraná.
Alvarenga & Trompette (1992) admitem uma evolução
lateral da sedimentação do Grupo Cuiabá e seus equi-
valentes cratônicos compatível com o desenvolvimento
de uma margem passiva na borda oeste de um oceano
brasiliano, ou acumulação em borda de um aulacógeno/
rift continental. Contudo, conforme já assinalado por
Almeida (1984), o limite arqueado da faixa (convexo
para o antepaís cratônico a oeste), parece incompatível
com a presença de descontinuidade crustal importante
entre as duas unidades geotectônicas, resultando impro-
vável a segunda hipótese aventada por aqueles autores.
ESTRATIGRAFIA DO GRUPO CUIABÁ  Almei-
da (1948) descreveu a Série Cuiabá como composta por
metassedimentos de baixo grau metamórfico, predomi-
nantemente filitos com intercalações de quartzitos, am-
bos cortados por veios de quartzo “ligados à intrusão
granítica de São Vicente”. Almeida (1965) ainda identi-
ficou na Faixa Paraguai três estágios tectono-estratigrá-
ficos: inferior, médio e superior, referentes às variações
dos processos de sedimentação influenciados pela evo-
lução miogeossinclinal. O referido autor ainda reportou
as rochas do Grupo Cuiabá, como sendo de depósitos
de flysch, originados por correntes de turbidez relacio-
nadas com deslizamentos submarinhos havidos nos
fundos instáveis do geossinclineo.
Guimarães & Almeida (1972) reconheceram
cinco conjuntos de rochas separáveis e empilhadas es-
tratigraficamente dentro do Grupo Cuiabá, sendo da
base para o topo: Metaconglomerados e quartzitos; Fi-
litos e filitos ardosianos; Quartzitos; Metagrauvacas e
metarcóseos, englobados no Grupo Cuiabá indiferen-
ciado; Metassedimentos periglaciais denominados de
Formação Coxipó.
Segundo Alvarenga (1984,1990) e Alvarenga
& Saes (1992), a Faixa Paraguai pode ser dividida em
quatro grandes grupos cronoestratigráficos: Seqüência
Inferior, Seqüência Média Glácio-marinha Turbidítica,
Seqüência Média Carbonatada e Seqüência Superior.
Estes autores verificaram também os aspectos sedimen-
tológicos presentes nas zonas externa e interna da fai-
xa, mostrando a existência de uma passagem gradual de
um ambiente glácio-marinho com correntes de turbidez
para um ambiente essencialmente turbidítico em sua
zona mais interna, na região de São Vicente (Fig. 2).
Luz et al. (1980) evocam a existência de dois
ambientes deposicionais distintos para o Grupo Cuiabá:
as sub-unidades 1, 2, 3, 5 e 6 sugerem ambiente marinho
onde as instabilidades tectônicas deram origem a corren-
tes de turbidez, e conseqüentes fluxos de lamas. Os turbi-
ditos assim depositados apresentam intercalações de ro-
chas carbonáticas, características dos períodos de quies-
cência tectônica. Propõem ainda que a fácies conglome-
ráticas seja o produto de fluxo de detritos, ocasionado por
correntes de turbidez, enquanto que o material pelítico
evidenciaria períodos de quiescência. Já as sub-unidades
4 e 7 têm sido consideradas como tilitos (Almeida 1965,
Hennies 1966) e por outros (Viera 1965) como “pebbly-
mudstones”, sugestivos de ambiente marinho em clima
frio. Luz et al. (1980) sugeriram para as subunidades 4 e
7 um ambiente glácio-marinho, possivelmente associado
Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso
664 Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008
a grandes massas de gelo flutuantes.
Na porção leste da faixa (Nova Xavantina, Bar-
ra do Garças/MT e Bom Jardim/GO) o Grupo Cuiabá
consiste de rochas metassedimentares finas (filitos) e
quartzitos associados. Rochas vulcânicas máficas, sedi-
mentos químicos (formações ferríferas bandadas, chert)
e camadas de filitos carbonosos limitadas por uma zona
de cisalhamento, são relacionadas ao Grupo Cuiabá
nas cercanias de Nova Xavantina, na área do Garim-
po Araés. Esta associação encontra-se sotoposta e foi
desmembrada do Grupo Cuiabá tendo sido denominada
Seqüência Metavulcanossedimentar Nova Xavantina
por Pinho (1990) e interpretada como uma fase embrio-
nária de abertura de fundo oceânico na Faixa Paraguai
ou uma bacia do tipo retroarco (Lacerda Filho et al.
2004). Martinelli et al. (1997) e Martinelli (1998) ado-
tam a mesma interpretação estratigráfica, tendo Marti-
nelli & Batista (2003) renomeado esta unidade como
Seqüência Metavulcanossedimentar dos Araés, consti-
tuída da base para o topo de uma Associação Metavul-
cânica (metabasaltos, metatufos, xistos, metandesitos e
lápili-tufos); Associação Química (formações ferríferas
bandadas, filitos carbonosos e metacherts); Associação
Clástica (metassiltitos, metargilitos e quartzitos).
Revisão estratigráfica do Grupo Cuiabá proposta
neste trabalho  A coluna estratigráfica apresentada
neste trabalho é proposta como uma tentativa de resgate
das denominações e seções tipo clássicas da literatura
geológica sobre a Faixa Paraguai, sendo abaixo descri-
tas da base para o topo:
A Formação Campina de Pedras é adotada se-
gundo o conceito de Freitas (inédito) englobando as sub-
unidades 1 e 2 de Luz et al. (1980) e correspondendo à
Unidade Inferior de Alvarenga (1988). Sua denomina-
ção foi estabelecida em referência ao vilarejo situado no
núcleo e flanco NW da Antiforme do Bento Gomes no
município de Poconé (Freitas inédito) e é constituída da
base para o topo por espessa (> 2.000m) seqüência depo-
sicional granocrescente de filitos, filitos grafitosos, inter-
calações de metarenitos com ciclos de Bouma incomple-
tos, mármores calcíticos e metagrauvacas feldspáticas. A
análise da faciologia da Formação Campina de Pedras
sugere fortemente um contexto deposicional de lagos
profundos, em clima tropical a semi-árido, assoreados
por deltas que carreavam detritos do Cráton Amazônico
expostos nas ombreiras de bacias tipo rifte, instaladas nos
primórdios da fragmentação do Supercontinente Rodínia
(<1,0Ga) (Unrug 1997, Brito Neves 1999). Esta seqüên-
cia está separada das subunidades sobrepostas por con-
tato brusco e notável mudança litológica, configurando
importante quebra no regime deposicional e climático,
provavelmente envolvendo discordância estratigráfica
(como a que separa os sedimentos lacustres da Fase Rift
daqueles da Fase Drift das bacias cretácicas da margem
atlântica da América), atualmente mascarada pela inten-
sa deformação de ambos os conjuntos.
A Formação Acorizal (Almeida 1964) é correla-
cionada com as sub-unidades 3, 4 e 5 de Luz et al. (1980) e
à Fácies Intermediária da Unidade Média Turbidítica Glá-
cio-marinha de Alvarenga (1988). Empresta o nome da
cidade situada a cerca de 70km a norte de Cuiabá, deno-
minação esta anteriormente adotada por Almeida (1964)
como unidade basal do Grupo Jangada, abrigando ainda
as formações Engenho, Bauxi e Marzagão. É composta
predominantemente por depósitos gradacionais rítmicos
Figura 2 - Comparação entre as colunas estratigráficas propostas para o Grupo Cuiabá e
subdivisão adotada neste trabalho.
Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 665
Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes
de (meta) conglomerados+arenitos+pelitos, com interca-
lações subordinadas de meta-ritmitos com clastos pinga-
dos, quartzitos e metadiamictitos maciços. Os metadia-
mictitos são variados quanto ao seu aspecto, destacando-
se um nível marcante pela coloração cinza-arroxeada da
sua matriz, que se estende desde Jangada, onde apresenta
espessura estimada de cerca de 300m, até próximo ao tre-
vo de Sete Porcos na Br-070, onde possui espessuras da
ordem de alguns metros, desaparecendo por completo nos
arredores de Cuiabá e Poconé. Este nível de metadiamic-
titos foi registrado por Almeida (1964), que lhe atribuiu
a denominação de Formação Engenho (aqui redefinida
como Fácies Engenho), constituinte do Grupo Jangada e
individualizado por Luz et al. (1980) como sub-unidade
4. Os meta-ritmitos com clastos pingados do alinhamento
Cangas-Poconé são aqui denominados de Fácies Cangas e
interpretados como variação faciológica cronocorrelata da
Fácies Engenho, em virtude da sua posição estratigráfica
(contato entre as sub-unidades 3 e 5 de Luz et al. 1980)
e conspícuo caráter glaciogênico de ambas. A Formação
Acorizal recobre a Unidade Campina de Pedras em apa-
rente discordância e representa a pilha sedimentar glácio-
marinha acumulada em uma margem continental do tipo
Atlântico, documentando os depósitos da Fase Drift da
evolução tectônica da Margem Paraguai.
A Formação Coxipó (Guimarães & Almeida
1972) é composta predominantemente de filitos con-
glomeráticos, metarenitos, quartzitos, mármores e me-
tadiamictitos petromíticos, ressaltando-se uma conside-
rável variação litológica em toda a sua extensão. Corres-
ponde parcialmente à Formação Marzagão de Almeida
(1964), às sub-unidades 6 e 7 de Luz et al. (1980) e à
Fácies Proximal da Unidade Turbidítica Glácio-mari-
nha de Alvarenga (1988). Abriga também a Fácies Guia
(mármores calcíticos e dolomíticos aflorantes na Sincli-
nal da Guia) e os quartzitos que formam o alinhamento
de serras que se estende da Serra de São Vicente até
Barão de Melgaço (Fácies Mata-Mata) (Fig. 3).
	
ARCABOUÇO ESTRUTURAL DA BAIXADA
CUIABANA  As feições estruturais observadas nas
rochas do Grupo Cuiabá na Baixada Cuiabana, em es-
cala micro, meso e macroscópica permitiram caracteri-
zar com base em critérios de superposição, o efeito de
quatro fases de deformação. Dentre as estruturas iden-
tificadas na área, destaca-se a foliação principal que ao
longo de uma seção de NW para SE, varia de mergulho
íngreme para SE, passando por vertical, até alcançar
mergulho para NW. Esta variação parece estar acom-
panhada de um aumento na intensidade da deformação
de NW para SE e mudança da orientação da lineação de
estiramento. Com base na variação da atitude da folia-
ção principal a área é dividida em dois domínios para
facilitar a descrição de suas estruturas: Domínio NW
(DNW), onde a foliação Sn mergulha para SE, e Do-
mínio SE (DSE) no qual a foliação mergulha para NW
Figura 3 - Carta estratigráfica da Faixa Paraguai para a região da Baixada Cuiabana. Os
números correspondem às sub-unidades de Luz et al. (1980). 1 e 2 – Filitos intercalando
filitos grafitosos, mármores e metagrauvacas; 3 e 5 – Metaconglomerados, metarenitos e
filitos gradacionais, metarcóseos e quartzitos; 4 – Metadiamictitos (Engenho) e meta-ritmitos
arenopelíticos com “dropstones” (Cangas); 6, 7 e 8 – Filitos, metadiamictitos, quartzitos
(Mata-Mata) e mármores (Guia).
Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso
666 Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008
(Silva 1999). O exame das rochas do Grupo Cuiabá é
dificultado pelo alto grau de alteração, visto que a maior
parte dos afloramentos está alterada ou encoberta, ora
por uma capa de laterita, ora por sedimentos recentes,
sendo extremamente rara a exposição de rocha sã.
Para Luz et al. (1980) a deformação da faixa mó-
vel foi de natureza polifásica, originando três fases de
deformação holomórfica em escala regional nos metas-
sedimentos do Grupo Cuiabá.Aprimeira, além de dobrar
as rochas desse grupo, provocou o metamorfismo regio-
nal de fácies xistos verdes, com conseqüente segregação
de veios de quartzo que se alojaram paralelamente à fo-
liação S1. A segunda fase originou dobras isoclinais as-
simétricas e recumbentes, envolvendo os acamamentos
transpostos, e as dobras intrafoliais, e também formação
de nova foliação S2 superimposta à primeira. Finalmen-
te a terceira fase manifestou-se fundamentalmente nas
seqüências plásticas, que localmente chega a transpor a
foliação S2, formando uma clivagem de crenulação pro-
nunciada e um novo elemento planar S3.
FACIOLOGIA E ESTRATIGRAFIA DO GRUPO
CUIABÁ AO LONGO DO ALINHAMENTO can-
gas/POCONÉ  Na região de Cangas-Poconé o Gru-
po Cuiabá está representado pelas sub-unidades 3, 4 e 5
(Luz et al. 1980), Fácies Intermediária da Unidade Mé-
dia Turbidítica Glácio-marinha de Alvarenga (1988) ou
Formação Acorizal (Almeida 1964 e este estudo) (Fig.
4). Os dados obtidos em cavas de garimpos e testemu-
nhos de sondagem confirmam a presença das sucessões
rítmicas em várias escalas da Formação Acorizal (Uni-
dade Ribeirão Figueira de Freitas inédito). A imagem
de satélite da figura 5 indica um controle estrutural para
as mineralizações auríferas, vinculadas aos filões de di-
reção NW (direção das cavas), porém distribuídas ao
longo de uma estreita faixa de direção NE, coincidente
com a área de ocorrência da Fácies Cangas, fato suges-
tivo de forte controle estratigráfico na precipitação dos
fluidos hidrotermais.
A macroestruturação do alinhamento Cangas-
Poconé, difere substancialmente das demais regiões
de ocorrência do Grupo Cuiabá, sendo caracterizada
por grandes dobras recumbentes, com a foliação plano
axial S1 normalmente paralela à estratificação primá-
ria e mergulhando com baixos ângulos para SE (Fig.
6), comportamento anômalo este já documentado por
diversos autores (Pires et al. 1986, Silva 2006, Leão &
Dall’Oglio inédito).
Estudos geofísicos realizados na área demons-
traram a presença de uma zona linear NE com fortes
anomalias de suscetibilidade magnética e condutivida-
de elétrica, coincidentes com a zona mineralizada, de-
nominada de Zona Magnética e atribuída por Leão &
Dall’Oglio (inédito) à presença de filitos magnetíticos
em sub-superfície.
Fácies sedimentares  O estudo de cavas de garim-
pos, raros afloramentos e descrição dos testemunhos de
sondagem 3, 5, 8 e 10 (Fig. 4) permitiram a identifica-
ção de uma associação de três litofácies sedimentares
principais, geneticamente relacionadas e que fornecem
elementos de apoio para a proposição de um modelo
deposicional deste intervalo estratigráfico do Grupo
Cuiabá: i) (meta) conglomerados+arenitos+pelitos em
ciclos métricos granodecrescentes; ii) meta-ritmitos
arenopelíticos com clastos pingados; iii) metadiamic-
titos maciços.
(META) CONGLOMERADOS + ARENITOS + PE-
LITOS GRADACIONAIS  Esta litofácies é registrada
em sub-superfície em todos os testemunhos estudados,
especialmente no furo FPO-5 (Fig. 7) no qual é a unidade
dominante e raramente é observada em cavas. É carac-
terizada pela alternância rítmica de conglomerados poli-
míticos, clasto-sustentados, maciços, passando superior-
mente em contato gradacional, para arenitos maciços ou
laminados e culminando com espessos pacotes de pelitos,
maciços e, mais raro, finamente laminados (Fig. 8). Os
clastos maiores têm naturezas diversas, incluindo seixos
de granito, gnaisse, quartzito, metabásica e rocha carbo-
nática. Apresentam variados graus de deformação, desde
horizontes com a forma original dos clastos preservada
(Fig. 8-B e E) até zonas de alto strain, com seixos estira-
dos e sombras de pressão bem desenvolvidas (Fig. 8-D).
Os metapelitos apresentam intervalos calcíferos, textura
mosqueada conferida por fenoblastos de óxido de ferro e
aspecto nodular (Fig. 8-F). Os teores dos principais óxi-
dos mostram pequenas variações, à exceção do intervalo
de 30,5m correspondente a um veio de quartzo sulfetado,
se refletindo nos teores mais altos de sílica, ferro e potas-
sa. O horizonte analisado aos 98m corresponde a filitos la-
minados magnetíticos com o conseqüente enriquecimen-
to em alumina e ferro. As características desta litofácies
permitem sua correlação com as Fácies Intermediárias da
Unidade Média Turbidítica Glaciogenética de Alvarenga
(1988), conforme documentadas nas proximidades de
Acorizal e detalhadamente descrita por Freitas (inédito)
como componente principal da Unidade Ribeirão Figuei-
ra no flanco NW da Antiforme do Bento Gomes. Ambos
os autores admitem sua origem a partir de materiais gla-
ciais retrabalhados por correntes de turbidez.
META-RITMITOS ARENOPELÍTICOS COM CLAS-
TOS PINGADOS Esta litofácies apresenta-se em todas
as cavas de garimpo ao longo do Alinhamento Cangas-
Poconé, além das grandes espessuras amostradas nos
testemunhos FPO-3,8 e 10 (Figs. 9, 10, 11 e 12). É es-
sencialmente constituída por delgadas (~3cm) interca-
lações de finas lâminas de metapelitos escuros (não raro
carbonosos e ferruginosos) e lâminas de metarenitos fi-
nos de cores claras (amarelo, cinza, rosa). Apresentam
em geral poucos clastos pingados, que podem variar de
centimétricos a métricos e incluem fragmentos diver-
sos, predominando os clastos de rochas plutônicas áci-
das (granitos e gnaisses). Na sondagem FPO-10, cerca
de 10km a sudoeste de Cangas (Fig. 4) esta litofácies
intercala níveis delgados de metadiamictitos maciços,
arroxeados e com abundantes clastos angulosos de ro-
cha granítica e carbonática (Fig. 10-B). Os meta-ritmi-
tos apresentam aspecto mosqueado, conferido por por-
Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 667
Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes
firoblastos de óxido de Ferro, em geral limonitizados,
níveis calcíferos e outros ricos em hematita e magnetita
(Figs. 9 e 10). Os níveis ricos em magnetita e hemati-
ta são detectados pela análise química dos principais
óxidos, apresentando teores de Fe2O3 de até ~50% em
algumas amostras ( Figs. 9, 11 e 12).
METADIAMICTITOS MACIÇOS  Os metadiamic-
titos são observados como litofácies subordinadas no
testemunho FPO-10, e FPO-05, porém ocorrendo em
aproximadamente igual proporção aos diamictitos lami-
nados nos testemunhos FPO-03 e 08. Os contatos com
as demais fácies são abruptos e consistem de rochas
com abundante matriz de coloração arroxeada, conteú-
Figura 4 - Esboço geológico de parte da Baixada Cuiabana, destacando a área do alinhamento
Cangas/Poconé (adaptado de Luz et al. 1980 e Alvarenga 1988).
Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso
668 Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008
do variável de clastos de rocha carbonática, granitos e
quartzitos, angulosos e dispersos na matriz areno-silto-
argilosa. (Figs. 9, 10, 11 e 12).
CONTEXTO DEPOSICIONAL  Os meta-ritmitos
grossos (metaconglomerados+arenitos+pelitos) são
interpretados como acumulações torrenciais em debris
aprons na desembocadura de túneis sub-glaciais (su-
baqueous glacial outwash) no contato geleira-oceano.
Os espessos horizontes de metapelitos associados estão
provavelmente relacionados à chuva de detritos finos
colocados em suspensão pelas águas doces de fusão
(Fig. 13). Os meta-ritmitos areno-pelíticos com clastos
pingados podem representar os depósitos distais dos
meta-ritmitos grossos ou alternativamente, períodos
de recrudescimento do recuo das geleiras, com subida
do nível do mar. Os níveis enriquecidos em óxidos de
Ferro podem representar precipitação do metal durante
os períodos de deglaciação, elevação eustática do nível
do mar e liberação pelas geleiras de águas frias ricas em
O2
dissolvido. As camadas de diamictitos maciços são
considerados como depósitos de fluxos gravitacionais
subaquosos, escorregamentos (slumps), fluxos de massa
ou fluxos de detritos em declives submarinos (Coussot
& Meunier 1996, Eyles &Eyles 2000), resultando na res-
sedimentação de uma área fonte heterolítica constituída
por uma variedade de fácies de cascalho, areia e lama.
Figura 5 - Imagem da região aurífera de Cangas,
destacando-se a orientação NE do Alinhamen-
to Cangas Poconé (controle estratigráfico?) e a
orientação NW das cavas de garimpos.
Figura 6 - Meta-ritmitos areno-pelíticos com clastos pingados da Fácies Cangas em cavas
de garimpos na região de Cangas: A) Padrão recumbente (R) das dobras D1 afetadas por
redobramento co-axial D2; B) Estrutura monoclinal com baixo mergulho para SE; C) Deta-
lhe da estrutura rítmica; D) Filão de quartzo aurífero com orientação transversal à estrutura
regional.
Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 669
Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes
Figura 7 - Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-05 mostrando o predomínio das fácies
de metaconglomerados+metarenitos+filitos em ciclos granodecrescentes e variações da porcentagem
dos principais óxidos.
Figura 8 - Principais litofácies no testemunho de sondagem FPO-05: A) Metapelitos laminados; B) Metacon-
glomerados com abundantes clastos de rocha carbonática; C) Metarenitos laminados; D) Metaconglomerados
deformados em zonas de alto strain; E) Estrutura gradacional entre metaconglomerados e metarenitos; F)
Metapelitos com aspecto nodular.
Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso
670 Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008
Figura 10 - Principais litofácies do testemunho de sondagem FPO-10: A, C, H, E - Meta-ritmitos areno-
pelíticos com textura mosqueada; B) Metadiamictitos com abundantes clastos de rocha carbonática; D,G)
Níveis de magnetititos interestratificados com (meta) ritmitos/diamictitos; E) Estrutura gradacional entre
metaconglomerados e metarenitos; F) Metapelitos magnéticos com clasto isolado de granito.
Figura 9 - Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-10, mostrando o predomínio dos meta-
ritmitos com clastos pingados e metadiamictitos maciços e porcentagens dos principais óxidos.
Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 671
Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes
A Formação Port Askaig na Escócia (Aumad & Eyles
2006) e o Grupo Rapitan nas Montanhas MacKenzie no
Alaska (Narbone & Aitken 1995) podem ser considera-
dos exemplos análogos dos depósitos glácio-marinhos
do Grupo Cuiabá na região do Alinhamento Cangas-
Poconé.
Figura 11 - Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-03, caracterizado por intercalações de
diamictitos maciços, laminados e ciclos gradacionais de metaconglomerados, metarenitos, metapeli-
tos e porcentagens dos principais óxidos.
Figura 12 - Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-08 mostrando o predomínio de diamic-
titos maciços, laminados, intercalações das fácies de metaconglomerados + metarenitos + filitos, e
variações dos principais óxidos.
Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso
672 Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008
Petrografia  Os componentes petrográficos observa-
dos nos metapsamitos e metapsefitos mostram a tendên-
cia composicional fortemente híbrida arcoseana e lítica
sedimentar destas rochas, tais como a presença de clastos
de granitos, gnaisses e feldspatos, metabásicas, rochas
areníticas e carbonáticas (Figs. 14-A e C), demonstran-
do sua derivação a partir de um embasamento granito-
gnáissico (Cráton Amazônico), recoberto por unidades
(meta?) sedimentares. Estas rochas revelam ainda uma
natureza texturalmente imatura, com grãos angulosos e
matriz argilosa recristalizada como muscovita e biotita.
As texturas observadas foram do tipo palimp-
séstica (blastopsefítica-psamítica), na qual é ainda pos-
sível reconhecer uma distribuição bimodal do tamaho
dos grãos, a moda principal na faixa de 0,4mm e uma
moda secundária com seixos de em média de 4cm. Tex-
tura glanoblástica e lepidoblástica são comuns, com as
palhetas de micas e óxidos de Ferro orientados segundo
S1
redobradas pela crenulação, com discreto desenvol-
vimento de recristalização ao longo do seu plano axial.
Em algumas amostras verifica-se textura flaser ou oftal-
mítica com sombras de pressão nas extremidades dos
porfiroclastos e o desenvolvimento de franjas de biotita
e muscovita ou quartzo nas extremidades menores dos
porfiroclastos (Fig. 14-A e B).
A paragênese metamórfica, constituída por bio-
tita–muscovita–Kfeldspato–plagioclásio–quartzo indi-
ca condições compatíveis com a Fácies Xistos Verdes,
Zona da Biotita (Fig. 14-D e E) e o grau de alteração
por hidrotermalismo é evidenciado pela presença de se
ricita+magnetita+pirita+carbonatos (Fig 14-G). Os ní-
veis caracterizados por aspecto mosqueado apresentam
abundantes porfiroblastos de óxido de Fé sin-cinemáti-
cos, transpostos pela foliação principal S1 (Fig. 14-F).
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES  O estudo permitiu
propor a subdivisão do Grupo Cuiabá em três unidades
litoestratigráficas formais (formações), separadas entre si
por importantes quebras no regime deposicional preser-
vado (discordâncias?), cujas denominações foram resga-
tadas com modificações de seções tipo e descrições clás-
sicas da literatura sobre a Faixa Paraguai, as Formações
Campina de Pedras (Freitas inédito), Acorizal (Almeida
1964) e Coxipó (Guimarães & Almeida 1972). As uni-
dades reconhecidas possuem caráter de seqüências estra-
tigráficas, podendo ser subdivididas em outras de menor
hierarquia com o reconhecimento de ciclos de afogamen-
to e superfícies de erosão internas às unidades maiores.
A Formação Campina de Pedras registra os
primeiros estágios da evolução tectono-sedimentar da
Margem Passiva Paraguai após o início da dispersão do
Supercontinente Rodínia Nesta fase são implantados
sistemas de rifts na borda SE do Cráton Amazônico,
onde se acumularam sedimentos continentais lacustres,
ricos em carbono orgânico. As metagrauvacas do topo
da sucessão representam a progradação de lobos deltái-
cos assoreando a bacia lacustre ao final do soerguimen-
to e erosão das ombreiras dos rifts.
A Formação Acorizal corresponde à às sub-uni-
dades 3, 4 e 5 de Luz et al. (1980), consistindo de meta-
ritmitos em diferentes escalas associados a diamictitos.
Por sua importância econômica foi individualizada
uma associação de fácies sedimentares na porção in-
termediária da Formação Acorizal, denominada Fácies
Cangas. É composta por ritmitos grossos e finos, in-
tercalando diamictitos maciços, com fortes evidências
de sedimentação glacialmente influenciada. A litofácies
de diamictitos laminados corresponde à Zona Magnéti-
ca de Leão & Dall’Oglio (inédito) marcada por níveis
Figura 13 - Modelo deposicional esquemático das principais litofácies da Formação Acorizal no alinhamen-
to Cangas/Poconé (Modificado de Freitas inédito).
Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 673
Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes
de magnetititos, resultado do possível aumento do O²
dissolvido na água do mar durante períodos de degla-
ciação, corroborado pela presença de clastos pingados
a partir de massas de gelo flutuantes. A deposição da
Formação Acorizal no Alinhamento Cangas-Poconé se
deu em ambiente glácio-marinho, mostrando a existên-
cia de uma passagem gradual de um ambiente proximal
na desembocadura de túneis sub-glaciais até distal em
condições de mar aberto com deposição de ritmitos fi-
nos com clastos pingados, movimentos de massa sub-
aquosos e chuva de material fino colocado em suspen-
são pela água doce da fusão das geleiras.
O estudo petrográfico revelou a proveniência
dos detritos a partir de áreas fontes plutônicas (granitos,
Figura 14 - Fotomicrografias dos metassedimentos da Fm. Acorizal no
testemunho de sondagem FPO-05: A) Porfiroclasto de rocha carboná-
tica em matriz lepidoblástica com sericita, quartzo e óxido de Fe; B)
Alternância de bandas sericíticas e bandas ricas em óxido de Fe em
filito ferruginoso; C) Porfiroclasto de plagioclásio e de rocha carboná-
tica (seta) na matriz de metaconglomerado; D) Blastese de biotita na
matriz de metaconglomerado (seta); E) Níveis de biotita sin-cinemática
alternando níveis quartzosos e sericíticos; F) Porfiroblasto de óxido
de Fe, mostrando pré-existência em relação à clivagem metamórfica;
G) Porfiroclasto de rocha carbonática e preenchimento de fraturas por
carbonato hidrotermal.
Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso
674 Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008
gnaisses, metabásicas) e supracrustais (quartzitos e ro-
chas carbonáticas), além da imaturidade mineralógica
dos protólitos, corroborando a hipótese de clima glacial.
O metamorfismo é de Baixo Grau (Fácies Xistos Verdes)
localmente atingindo a Zona da Biotita e a alteração hi-
drotermal é caracterizada por sulfetação, sericitização e
carbonatação acompanhando o alojamento dos veios de
quartzo aurífero. A macroestrutura do Alinhamento Can-
gas-Poconé difere do conjunto da deformação do Grupo
Cuiabá na região, apresentando-se como um front de ca-
valgamentos e dobras recumbentes com foliação plano
axial S1 apresentando baixos mergulhos para SE
A localização preferencial da mineralização na
Fácies Cangas sugere a existência de forte controle li-
tológico para a mesma, em adição ao controle estrutural
já amplamente discutido em trabalhos anteriores (Paes
de Barros 1998, Silva 1999, Silva et al. 2002, 2006, en-
tre outros). Estas concentrações parecem ser o resultado
da combinação de diferentes fatores para a efetividade
do trapeamento dos fluidos hidrotermais sulfetados e
auríferos: i) baixa permeabilidade dos ritmitos; ii) dis-
posição estrutural das barreiras de permeabilidade S0 e
S1 em alto ângulo com relação à trajetória de migração
dos fluidos; iii) presença de níveis ferruginosos funcio-
nando como catalizadores da precipitação dos metais
em solução no fluido. A presença de abundantes clastos
de rochas plutônicas e metabásicas pode indicar que os
fluidos hidrotermais podem ter sido gerados durante a
Orogênese Brasiliana, pelo retrabalhamento térmico de
um substrato fértil, aqui representado pelo CrátonAma-
zônico, seus granitos e seqüências vulcano-sedimenta-
res como o Greenstone Belt do Alto Jauru.
Agradecimentos  Aos geólogos André Luiz da Silva
Molina e José Maria Gorjão da Luz, da Cooperativa dos
Garimpeiros de Poconé (COOPERPOCONÉ), pelo apoio
financeiro, liberação dos testemunhos de sondagem e
acompanhamento na etapa de campo. Acompanhamen-
tos são extensivos ao Sr Jonas Gimenez e sua irmã Sel-
ma pela gentileza pelo auxílio nas atividades de campo.
Agradecemos também ao Departamento de Recursos
Minerais da UFMT e ao discente de graduação Bruno
Vasconcelos pela grande ajuda em trabalhos de reconhe-
cimento geológico e descrição dos testemunhos.
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Petrobrás/DEBSP. Relatório Técnico 303, 58p.
Manuscrito ID 11456
Submetido em 13 de junho /2008
Aceito em 17 de dezembro de 2008
Sistema eletrônico de submissão

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  • 1. Revista Brasileira de Geociências Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes 38(4): 661-675, dezembro de 2008 Arquivo digital disponível on-line no site www.sbgeo.org.br 661 Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso Cláudia do Couto Tokashiki1 & Gerson Souza Saes2 Resumo  O Grupo Cuiabá compreende uma espessa pilha metassedimentar acumulada na margem sudeste do Craton Amazônico e afetado pelo Ciclo Orogênico Brasiliano-Panafricano (~600 Ma). O estudo de aflo- ramentos em perfis regionais, minas abertas para exploração de ouro e furos de sondagem no Alinhamento Cangas-Poconé cosntituem a base para propor uma divisão litoestratigráfica do Grupo Cuiabá nas formações Campina de Pedras, Acorizal e Coxipó. Ao longo desse alinhamento é reconhecida uma associação de fácies com predomínio de meta-ritmitos com dropstones, com uma forte assinatura magnética, denominada aqui como Fácies Cangas na porção média da Formação Acorizal, possuindo uma provável cronocorrelação com a Fácies Engenho, ambas depositadas sob forte influência glacial. Esta litofácies ocorre associada com (meta) conglomerados, arenitos e pelitos e horizontes subordinados de diamictitos maciços. Esta sucessão é sugestiva da acumulação em ambiente marinho glacialmente influenciado. Os meta-ritmitos são interpretados como de- positados durante um longo período de deglaciação, elevação eustática do nível do mar e liberação de clastos grosseiros de massas de gelo flutuantes (icebergs). A pilha sedimentar foi afetada pelo metamorfismo regional em fácies xistos verdes, alcançando Zona da Biotita, deformada em dobras recumbentes e submetida a intensa atividade hidrotermal durante as ultimas fases de deformação, com remobilizaçao de veios de quartzo, serici- tizaçao, sulfetação e fluidos carregando ouro. A mineralização aurífera é considerada como o produto de uma combinação de fatores, todos contribuindo para o trapeamento do fluxo dos fluidos hidrotermais, tais como a baixa permeabilidade das rochas encaixantes, a posição estrutural transversal à trajetória do fluxo hidrotermal e o retrabalhamento de um embasamento granito-greenstone fértil na borda sudeste do Cráton Amazônico. Palavras-chave: neoproterozóico, faixa Paraguai, grupo Cuiabá, ouro. Abstract  Stratigraphyc revision and facies analysis of Cuiabá Group in the Cangas-Poconé align- ment, Cuiabá depression (MT), Brazil.  The Cuiabá Group comprises a thick netasedimentary pile ac- cumulated at the southeastern margin of Amazon Craton and affected by the Brasiliano-Panafrican Orogenic Cycle (~600Ma). The study of outcrops in regional profiles, open pits for gold exploration and drilling cores at Cangas-Poconé Alignment provides the basis for proposing a lithostratigraphic division of the Cuiabá Group into the Campina de Pedras, Acorizal and Coxipó formations. Along this alignment is recognized a facies asso- ciation with predominance of metaritmites with dropstones, with a very strong magnetic signature denominated here as Cangas Facies on the midlle portion of the Acorizal Formation, encompassing a probable chronocor- relation with the glacially influenced Engenho Facies. This lithofacies ocurrs associated with (meta) conglom- erates, sandstones and pellites and subordinated horizons of massive diamictites. This sucession is suggestive of a accumulation on a glacially influenced marine setting. The metarimite are interpreted as deposited during a long period of deglaciation, eustatic rise of sea level and liberation of coarse clasts from floating icemassas (icebergs). The sedimentary pile was affected by regional metamorphism at the greenschist facies reaching the Biotite Zone, deformed in recumbent folds and submitted to intensely hydrothermal activity during the last phases of deformation, with remobilization of quartz veins, sericitization, sulfetation and gold bearing fluids. The gold mineralization is supposed to be the product of a combination of diverse factors all contributing to the trapping of hydrothermal fluid flux, such as the very low permeability of host rocks, it’s structural transverse position to the hydrothermal fluid flow path and a reworking of a fertile granite-greeenstone basement terrain of the border of southeastern Amazon Craton. Keywords: neoproterozoic, Paraguai belt, Cuiabá group, gold. 1 - Programa de Pós-graduação em Geociências, UFMT, Cuiabá (MT), Brasil. E-mail: claudiatokashiki@gmail.com 2 - Departamento de Recursos Minerais, PPGEC-UFMT, Cuiabá (MT), Brasil. E-mail: gssaes@gmail.com Almeida (1948, 1954, 1964, 1965, 1974, 1984, 1985), Vieira (1965), Figueiredo et al. (1974), Ribeiro Filho et al. (1975), Olivatti (1976), Luz et al. (1980), Bar- ros et al. (1982), Alvarenga (1984 e 1988), Alvarenga & Saes (1992), Alvarenga & Trompette (1993), assim INTRODUÇÃO  Há muito tempo nota-se o grande interesse despertado pelas rochas que compõem o Gru- po Cuiabá, haja vista a farta literatura, iniciada no sé- culo XIX com o Conde Francis de Castelnau (1857) e Evans (1894). Estudos posteriores foram realizados por
  • 2. Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso 662 Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 como monografias de conclusão do curso de Geologia da UFMT (Freitas inédito) e (Leão & Dall´Oglio iné- dito), dissertações de mestrado (Silva 1999), teses de doutoramento (Alvarenga 1990) e relatórios de pesqui- sas realizadas por empresas de mineração interessadas em avaliar o potencial aurífero da região da Baixada Cuiabana. O Grupo Cuiabá é constituído por metasse- dimentos clásticos com pequena contribuição química e vulcânica, afetado por várias fases de deformações e metamorfizado na fácies xistos verdes. O trabalho tem como objetivo a revisão e pro- posição de uma coluna litoestratigráfica para o Grupo Cuiabá na Baixada Cuiabana e o estudo faciológico de suas rochas no trecho compreendido entre a cidade de Poconé e o distrito de Cangas, no denominado Alinha- mento Cangas-Poconé, orientado N40°E e hospedeiro das principais mineralizações da Província Aurífera da Baixada Cuiabana (Paes de Barros 1998) (Fig. 1). As informações compiladas da literatura aliadas ao le- vantamento de seções geológicas regionais, lograram a reconstituição do empilhamento estratigráfico original, a identificação e interpretação das principais fácies se- dimentares e o estabelecimento de unidades e superfí- cies de correlação para a parte intermediária do Grupo Cuiabá na região. Adicionalmente foram estudados 04 (quatro) testemunhos contínuos de sondagens realiza- das nas proximidades de Poconé e Cangas, totalizando cerca de 800m de amostragem de subsuperfície, sendo Figura 1 - Mapa geológico da Faixa Paraguai em MT, MS e Bolívia e seção estrutural esquemática (A-B) entre Cuiabá e Mirassol d´Oeste (Alvarenga 1988). O retângulo a sudoeste de Cuiabá assinala a área estudada.
  • 3. Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 663 Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes enfocadas as principais estruturas primárias e associa- ções litológicas, com registro fotográfico e seleção de amostras para estudos petrográficos e geoquímicos. Estes estudos visaram a identificação das paragêneses minerais e composição química ligadas aos protólitos sedimentares, ao metamorfismo regional e ao intenso hidrotermalismo que atuou na área. Contexto Geológico Regional  Os cin- turões orogênicos do Ciclo Brasiliano-Pan-Africano (~600 Ma) marcam uma das mais importantes feições tectônicas do embasamento pré-cambriano do território brasileiro. A Faixa Paraguai-Araguaia como definida originalmente por Almeida (1965), constitui um cintu- rão de dobramentos de destaque na região central do continente sul-americano, bordejando o leste-sudeste do Cráton Amazônico e o leste do Bloco Rio Apa. A descontinuidade geográfica entre os dois segmentos, além de datações radiométricas (Hasui et al. 1980), levaram Silva et al. (1974) e Almeida (1974,1984) à subdivisão deste cinturão em duas unidades: o Cintu- rão Araguaia/Tocantins, margeando a borda leste do Cráton Amazônico e o Cinturão Paraguai, ao longo da sua borda sudeste. Almeida (1984) subdividiu a Faixa de Dobramentos Paraguai em três zonas estruturais: Brasilides Metamórficas, Brasilides não Metamórficas e Coberturas Brasilianas, renomeadas por Alvarenga (1988) e Alvarenga & Trompete (1992) como Zona Es- trutural Interna, Zona Estrutural Externa e Coberturas Sedimentares de Plataforma respectivamente. Alvaren- ga (1988, 1990) descreve a Faixa Paraguai como um cinturão de dobramentos polifásicos afetado pelo Ciclo Brasiliano e constituído por metassedimentos dobrados e metamorfisados, que em direção ao Cráton Amazôni- co passam progressivamente a coberturas sedimentares em parte contemporâneas e estruturalmente onduladas, falhadas, mas não metamorfisadas. São características gerais da Faixa Paraguai a forma de um grande arco convexo para o Cráton Amazônico, a intensa deforma- ção linear, presença de falhas inversas e empurrões, dobramento isoclinal e recumbente, escassez de vulca- nismo e presença de plutões graníticos em suas zonas internas (Almeida 1984, Alvarenga 1990, Alvarenga & Trompette 1993). Um ramo da Faixa Paraguai se estende desde Corumbá através da Bolívia com direção WNW-ESSE, sendo conhecido como Cinturão Tucavaca (Litherland et al. 1986). Este se apresenta como uma grande es- trutura sinclinal na Bolívia, recentemente interpretado como um aulacógeno, em contraste com as concepções que consideravam a existência de um cinturão dobra- do Brasiliano-Pan-Africano distinto, isolando o Cráton Amazônico do Bloco Rio Apa (Trompette 1994) (Fig. 1). O contexto geodinâmico da Faixa Paraguai ainda é tema controverso. Almeida (1984) sugere que as ca- racterísticas litológicas, estruturais e metamórficas do Grupo Cuiabá são compatíveis com bacia do tipo mio- geossinclinal, possivelmente passando a condições eu- geossinclinais na área hoje oculta sob a Bacia do Paraná. Alvarenga & Trompette (1992) admitem uma evolução lateral da sedimentação do Grupo Cuiabá e seus equi- valentes cratônicos compatível com o desenvolvimento de uma margem passiva na borda oeste de um oceano brasiliano, ou acumulação em borda de um aulacógeno/ rift continental. Contudo, conforme já assinalado por Almeida (1984), o limite arqueado da faixa (convexo para o antepaís cratônico a oeste), parece incompatível com a presença de descontinuidade crustal importante entre as duas unidades geotectônicas, resultando impro- vável a segunda hipótese aventada por aqueles autores. ESTRATIGRAFIA DO GRUPO CUIABÁ  Almei- da (1948) descreveu a Série Cuiabá como composta por metassedimentos de baixo grau metamórfico, predomi- nantemente filitos com intercalações de quartzitos, am- bos cortados por veios de quartzo “ligados à intrusão granítica de São Vicente”. Almeida (1965) ainda identi- ficou na Faixa Paraguai três estágios tectono-estratigrá- ficos: inferior, médio e superior, referentes às variações dos processos de sedimentação influenciados pela evo- lução miogeossinclinal. O referido autor ainda reportou as rochas do Grupo Cuiabá, como sendo de depósitos de flysch, originados por correntes de turbidez relacio- nadas com deslizamentos submarinhos havidos nos fundos instáveis do geossinclineo. Guimarães & Almeida (1972) reconheceram cinco conjuntos de rochas separáveis e empilhadas es- tratigraficamente dentro do Grupo Cuiabá, sendo da base para o topo: Metaconglomerados e quartzitos; Fi- litos e filitos ardosianos; Quartzitos; Metagrauvacas e metarcóseos, englobados no Grupo Cuiabá indiferen- ciado; Metassedimentos periglaciais denominados de Formação Coxipó. Segundo Alvarenga (1984,1990) e Alvarenga & Saes (1992), a Faixa Paraguai pode ser dividida em quatro grandes grupos cronoestratigráficos: Seqüência Inferior, Seqüência Média Glácio-marinha Turbidítica, Seqüência Média Carbonatada e Seqüência Superior. Estes autores verificaram também os aspectos sedimen- tológicos presentes nas zonas externa e interna da fai- xa, mostrando a existência de uma passagem gradual de um ambiente glácio-marinho com correntes de turbidez para um ambiente essencialmente turbidítico em sua zona mais interna, na região de São Vicente (Fig. 2). Luz et al. (1980) evocam a existência de dois ambientes deposicionais distintos para o Grupo Cuiabá: as sub-unidades 1, 2, 3, 5 e 6 sugerem ambiente marinho onde as instabilidades tectônicas deram origem a corren- tes de turbidez, e conseqüentes fluxos de lamas. Os turbi- ditos assim depositados apresentam intercalações de ro- chas carbonáticas, características dos períodos de quies- cência tectônica. Propõem ainda que a fácies conglome- ráticas seja o produto de fluxo de detritos, ocasionado por correntes de turbidez, enquanto que o material pelítico evidenciaria períodos de quiescência. Já as sub-unidades 4 e 7 têm sido consideradas como tilitos (Almeida 1965, Hennies 1966) e por outros (Viera 1965) como “pebbly- mudstones”, sugestivos de ambiente marinho em clima frio. Luz et al. (1980) sugeriram para as subunidades 4 e 7 um ambiente glácio-marinho, possivelmente associado
  • 4. Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso 664 Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 a grandes massas de gelo flutuantes. Na porção leste da faixa (Nova Xavantina, Bar- ra do Garças/MT e Bom Jardim/GO) o Grupo Cuiabá consiste de rochas metassedimentares finas (filitos) e quartzitos associados. Rochas vulcânicas máficas, sedi- mentos químicos (formações ferríferas bandadas, chert) e camadas de filitos carbonosos limitadas por uma zona de cisalhamento, são relacionadas ao Grupo Cuiabá nas cercanias de Nova Xavantina, na área do Garim- po Araés. Esta associação encontra-se sotoposta e foi desmembrada do Grupo Cuiabá tendo sido denominada Seqüência Metavulcanossedimentar Nova Xavantina por Pinho (1990) e interpretada como uma fase embrio- nária de abertura de fundo oceânico na Faixa Paraguai ou uma bacia do tipo retroarco (Lacerda Filho et al. 2004). Martinelli et al. (1997) e Martinelli (1998) ado- tam a mesma interpretação estratigráfica, tendo Marti- nelli & Batista (2003) renomeado esta unidade como Seqüência Metavulcanossedimentar dos Araés, consti- tuída da base para o topo de uma Associação Metavul- cânica (metabasaltos, metatufos, xistos, metandesitos e lápili-tufos); Associação Química (formações ferríferas bandadas, filitos carbonosos e metacherts); Associação Clástica (metassiltitos, metargilitos e quartzitos). Revisão estratigráfica do Grupo Cuiabá proposta neste trabalho  A coluna estratigráfica apresentada neste trabalho é proposta como uma tentativa de resgate das denominações e seções tipo clássicas da literatura geológica sobre a Faixa Paraguai, sendo abaixo descri- tas da base para o topo: A Formação Campina de Pedras é adotada se- gundo o conceito de Freitas (inédito) englobando as sub- unidades 1 e 2 de Luz et al. (1980) e correspondendo à Unidade Inferior de Alvarenga (1988). Sua denomina- ção foi estabelecida em referência ao vilarejo situado no núcleo e flanco NW da Antiforme do Bento Gomes no município de Poconé (Freitas inédito) e é constituída da base para o topo por espessa (> 2.000m) seqüência depo- sicional granocrescente de filitos, filitos grafitosos, inter- calações de metarenitos com ciclos de Bouma incomple- tos, mármores calcíticos e metagrauvacas feldspáticas. A análise da faciologia da Formação Campina de Pedras sugere fortemente um contexto deposicional de lagos profundos, em clima tropical a semi-árido, assoreados por deltas que carreavam detritos do Cráton Amazônico expostos nas ombreiras de bacias tipo rifte, instaladas nos primórdios da fragmentação do Supercontinente Rodínia (<1,0Ga) (Unrug 1997, Brito Neves 1999). Esta seqüên- cia está separada das subunidades sobrepostas por con- tato brusco e notável mudança litológica, configurando importante quebra no regime deposicional e climático, provavelmente envolvendo discordância estratigráfica (como a que separa os sedimentos lacustres da Fase Rift daqueles da Fase Drift das bacias cretácicas da margem atlântica da América), atualmente mascarada pela inten- sa deformação de ambos os conjuntos. A Formação Acorizal (Almeida 1964) é correla- cionada com as sub-unidades 3, 4 e 5 de Luz et al. (1980) e à Fácies Intermediária da Unidade Média Turbidítica Glá- cio-marinha de Alvarenga (1988). Empresta o nome da cidade situada a cerca de 70km a norte de Cuiabá, deno- minação esta anteriormente adotada por Almeida (1964) como unidade basal do Grupo Jangada, abrigando ainda as formações Engenho, Bauxi e Marzagão. É composta predominantemente por depósitos gradacionais rítmicos Figura 2 - Comparação entre as colunas estratigráficas propostas para o Grupo Cuiabá e subdivisão adotada neste trabalho.
  • 5. Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 665 Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes de (meta) conglomerados+arenitos+pelitos, com interca- lações subordinadas de meta-ritmitos com clastos pinga- dos, quartzitos e metadiamictitos maciços. Os metadia- mictitos são variados quanto ao seu aspecto, destacando- se um nível marcante pela coloração cinza-arroxeada da sua matriz, que se estende desde Jangada, onde apresenta espessura estimada de cerca de 300m, até próximo ao tre- vo de Sete Porcos na Br-070, onde possui espessuras da ordem de alguns metros, desaparecendo por completo nos arredores de Cuiabá e Poconé. Este nível de metadiamic- titos foi registrado por Almeida (1964), que lhe atribuiu a denominação de Formação Engenho (aqui redefinida como Fácies Engenho), constituinte do Grupo Jangada e individualizado por Luz et al. (1980) como sub-unidade 4. Os meta-ritmitos com clastos pingados do alinhamento Cangas-Poconé são aqui denominados de Fácies Cangas e interpretados como variação faciológica cronocorrelata da Fácies Engenho, em virtude da sua posição estratigráfica (contato entre as sub-unidades 3 e 5 de Luz et al. 1980) e conspícuo caráter glaciogênico de ambas. A Formação Acorizal recobre a Unidade Campina de Pedras em apa- rente discordância e representa a pilha sedimentar glácio- marinha acumulada em uma margem continental do tipo Atlântico, documentando os depósitos da Fase Drift da evolução tectônica da Margem Paraguai. A Formação Coxipó (Guimarães & Almeida 1972) é composta predominantemente de filitos con- glomeráticos, metarenitos, quartzitos, mármores e me- tadiamictitos petromíticos, ressaltando-se uma conside- rável variação litológica em toda a sua extensão. Corres- ponde parcialmente à Formação Marzagão de Almeida (1964), às sub-unidades 6 e 7 de Luz et al. (1980) e à Fácies Proximal da Unidade Turbidítica Glácio-mari- nha de Alvarenga (1988). Abriga também a Fácies Guia (mármores calcíticos e dolomíticos aflorantes na Sincli- nal da Guia) e os quartzitos que formam o alinhamento de serras que se estende da Serra de São Vicente até Barão de Melgaço (Fácies Mata-Mata) (Fig. 3). ARCABOUÇO ESTRUTURAL DA BAIXADA CUIABANA  As feições estruturais observadas nas rochas do Grupo Cuiabá na Baixada Cuiabana, em es- cala micro, meso e macroscópica permitiram caracteri- zar com base em critérios de superposição, o efeito de quatro fases de deformação. Dentre as estruturas iden- tificadas na área, destaca-se a foliação principal que ao longo de uma seção de NW para SE, varia de mergulho íngreme para SE, passando por vertical, até alcançar mergulho para NW. Esta variação parece estar acom- panhada de um aumento na intensidade da deformação de NW para SE e mudança da orientação da lineação de estiramento. Com base na variação da atitude da folia- ção principal a área é dividida em dois domínios para facilitar a descrição de suas estruturas: Domínio NW (DNW), onde a foliação Sn mergulha para SE, e Do- mínio SE (DSE) no qual a foliação mergulha para NW Figura 3 - Carta estratigráfica da Faixa Paraguai para a região da Baixada Cuiabana. Os números correspondem às sub-unidades de Luz et al. (1980). 1 e 2 – Filitos intercalando filitos grafitosos, mármores e metagrauvacas; 3 e 5 – Metaconglomerados, metarenitos e filitos gradacionais, metarcóseos e quartzitos; 4 – Metadiamictitos (Engenho) e meta-ritmitos arenopelíticos com “dropstones” (Cangas); 6, 7 e 8 – Filitos, metadiamictitos, quartzitos (Mata-Mata) e mármores (Guia).
  • 6. Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso 666 Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 (Silva 1999). O exame das rochas do Grupo Cuiabá é dificultado pelo alto grau de alteração, visto que a maior parte dos afloramentos está alterada ou encoberta, ora por uma capa de laterita, ora por sedimentos recentes, sendo extremamente rara a exposição de rocha sã. Para Luz et al. (1980) a deformação da faixa mó- vel foi de natureza polifásica, originando três fases de deformação holomórfica em escala regional nos metas- sedimentos do Grupo Cuiabá.Aprimeira, além de dobrar as rochas desse grupo, provocou o metamorfismo regio- nal de fácies xistos verdes, com conseqüente segregação de veios de quartzo que se alojaram paralelamente à fo- liação S1. A segunda fase originou dobras isoclinais as- simétricas e recumbentes, envolvendo os acamamentos transpostos, e as dobras intrafoliais, e também formação de nova foliação S2 superimposta à primeira. Finalmen- te a terceira fase manifestou-se fundamentalmente nas seqüências plásticas, que localmente chega a transpor a foliação S2, formando uma clivagem de crenulação pro- nunciada e um novo elemento planar S3. FACIOLOGIA E ESTRATIGRAFIA DO GRUPO CUIABÁ AO LONGO DO ALINHAMENTO can- gas/POCONÉ  Na região de Cangas-Poconé o Gru- po Cuiabá está representado pelas sub-unidades 3, 4 e 5 (Luz et al. 1980), Fácies Intermediária da Unidade Mé- dia Turbidítica Glácio-marinha de Alvarenga (1988) ou Formação Acorizal (Almeida 1964 e este estudo) (Fig. 4). Os dados obtidos em cavas de garimpos e testemu- nhos de sondagem confirmam a presença das sucessões rítmicas em várias escalas da Formação Acorizal (Uni- dade Ribeirão Figueira de Freitas inédito). A imagem de satélite da figura 5 indica um controle estrutural para as mineralizações auríferas, vinculadas aos filões de di- reção NW (direção das cavas), porém distribuídas ao longo de uma estreita faixa de direção NE, coincidente com a área de ocorrência da Fácies Cangas, fato suges- tivo de forte controle estratigráfico na precipitação dos fluidos hidrotermais. A macroestruturação do alinhamento Cangas- Poconé, difere substancialmente das demais regiões de ocorrência do Grupo Cuiabá, sendo caracterizada por grandes dobras recumbentes, com a foliação plano axial S1 normalmente paralela à estratificação primá- ria e mergulhando com baixos ângulos para SE (Fig. 6), comportamento anômalo este já documentado por diversos autores (Pires et al. 1986, Silva 2006, Leão & Dall’Oglio inédito). Estudos geofísicos realizados na área demons- traram a presença de uma zona linear NE com fortes anomalias de suscetibilidade magnética e condutivida- de elétrica, coincidentes com a zona mineralizada, de- nominada de Zona Magnética e atribuída por Leão & Dall’Oglio (inédito) à presença de filitos magnetíticos em sub-superfície. Fácies sedimentares  O estudo de cavas de garim- pos, raros afloramentos e descrição dos testemunhos de sondagem 3, 5, 8 e 10 (Fig. 4) permitiram a identifica- ção de uma associação de três litofácies sedimentares principais, geneticamente relacionadas e que fornecem elementos de apoio para a proposição de um modelo deposicional deste intervalo estratigráfico do Grupo Cuiabá: i) (meta) conglomerados+arenitos+pelitos em ciclos métricos granodecrescentes; ii) meta-ritmitos arenopelíticos com clastos pingados; iii) metadiamic- titos maciços. (META) CONGLOMERADOS + ARENITOS + PE- LITOS GRADACIONAIS  Esta litofácies é registrada em sub-superfície em todos os testemunhos estudados, especialmente no furo FPO-5 (Fig. 7) no qual é a unidade dominante e raramente é observada em cavas. É carac- terizada pela alternância rítmica de conglomerados poli- míticos, clasto-sustentados, maciços, passando superior- mente em contato gradacional, para arenitos maciços ou laminados e culminando com espessos pacotes de pelitos, maciços e, mais raro, finamente laminados (Fig. 8). Os clastos maiores têm naturezas diversas, incluindo seixos de granito, gnaisse, quartzito, metabásica e rocha carbo- nática. Apresentam variados graus de deformação, desde horizontes com a forma original dos clastos preservada (Fig. 8-B e E) até zonas de alto strain, com seixos estira- dos e sombras de pressão bem desenvolvidas (Fig. 8-D). Os metapelitos apresentam intervalos calcíferos, textura mosqueada conferida por fenoblastos de óxido de ferro e aspecto nodular (Fig. 8-F). Os teores dos principais óxi- dos mostram pequenas variações, à exceção do intervalo de 30,5m correspondente a um veio de quartzo sulfetado, se refletindo nos teores mais altos de sílica, ferro e potas- sa. O horizonte analisado aos 98m corresponde a filitos la- minados magnetíticos com o conseqüente enriquecimen- to em alumina e ferro. As características desta litofácies permitem sua correlação com as Fácies Intermediárias da Unidade Média Turbidítica Glaciogenética de Alvarenga (1988), conforme documentadas nas proximidades de Acorizal e detalhadamente descrita por Freitas (inédito) como componente principal da Unidade Ribeirão Figuei- ra no flanco NW da Antiforme do Bento Gomes. Ambos os autores admitem sua origem a partir de materiais gla- ciais retrabalhados por correntes de turbidez. META-RITMITOS ARENOPELÍTICOS COM CLAS- TOS PINGADOS Esta litofácies apresenta-se em todas as cavas de garimpo ao longo do Alinhamento Cangas- Poconé, além das grandes espessuras amostradas nos testemunhos FPO-3,8 e 10 (Figs. 9, 10, 11 e 12). É es- sencialmente constituída por delgadas (~3cm) interca- lações de finas lâminas de metapelitos escuros (não raro carbonosos e ferruginosos) e lâminas de metarenitos fi- nos de cores claras (amarelo, cinza, rosa). Apresentam em geral poucos clastos pingados, que podem variar de centimétricos a métricos e incluem fragmentos diver- sos, predominando os clastos de rochas plutônicas áci- das (granitos e gnaisses). Na sondagem FPO-10, cerca de 10km a sudoeste de Cangas (Fig. 4) esta litofácies intercala níveis delgados de metadiamictitos maciços, arroxeados e com abundantes clastos angulosos de ro- cha granítica e carbonática (Fig. 10-B). Os meta-ritmi- tos apresentam aspecto mosqueado, conferido por por-
  • 7. Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 667 Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes firoblastos de óxido de Ferro, em geral limonitizados, níveis calcíferos e outros ricos em hematita e magnetita (Figs. 9 e 10). Os níveis ricos em magnetita e hemati- ta são detectados pela análise química dos principais óxidos, apresentando teores de Fe2O3 de até ~50% em algumas amostras ( Figs. 9, 11 e 12). METADIAMICTITOS MACIÇOS  Os metadiamic- titos são observados como litofácies subordinadas no testemunho FPO-10, e FPO-05, porém ocorrendo em aproximadamente igual proporção aos diamictitos lami- nados nos testemunhos FPO-03 e 08. Os contatos com as demais fácies são abruptos e consistem de rochas com abundante matriz de coloração arroxeada, conteú- Figura 4 - Esboço geológico de parte da Baixada Cuiabana, destacando a área do alinhamento Cangas/Poconé (adaptado de Luz et al. 1980 e Alvarenga 1988).
  • 8. Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso 668 Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 do variável de clastos de rocha carbonática, granitos e quartzitos, angulosos e dispersos na matriz areno-silto- argilosa. (Figs. 9, 10, 11 e 12). CONTEXTO DEPOSICIONAL  Os meta-ritmitos grossos (metaconglomerados+arenitos+pelitos) são interpretados como acumulações torrenciais em debris aprons na desembocadura de túneis sub-glaciais (su- baqueous glacial outwash) no contato geleira-oceano. Os espessos horizontes de metapelitos associados estão provavelmente relacionados à chuva de detritos finos colocados em suspensão pelas águas doces de fusão (Fig. 13). Os meta-ritmitos areno-pelíticos com clastos pingados podem representar os depósitos distais dos meta-ritmitos grossos ou alternativamente, períodos de recrudescimento do recuo das geleiras, com subida do nível do mar. Os níveis enriquecidos em óxidos de Ferro podem representar precipitação do metal durante os períodos de deglaciação, elevação eustática do nível do mar e liberação pelas geleiras de águas frias ricas em O2 dissolvido. As camadas de diamictitos maciços são considerados como depósitos de fluxos gravitacionais subaquosos, escorregamentos (slumps), fluxos de massa ou fluxos de detritos em declives submarinos (Coussot & Meunier 1996, Eyles &Eyles 2000), resultando na res- sedimentação de uma área fonte heterolítica constituída por uma variedade de fácies de cascalho, areia e lama. Figura 5 - Imagem da região aurífera de Cangas, destacando-se a orientação NE do Alinhamen- to Cangas Poconé (controle estratigráfico?) e a orientação NW das cavas de garimpos. Figura 6 - Meta-ritmitos areno-pelíticos com clastos pingados da Fácies Cangas em cavas de garimpos na região de Cangas: A) Padrão recumbente (R) das dobras D1 afetadas por redobramento co-axial D2; B) Estrutura monoclinal com baixo mergulho para SE; C) Deta- lhe da estrutura rítmica; D) Filão de quartzo aurífero com orientação transversal à estrutura regional.
  • 9. Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 669 Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes Figura 7 - Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-05 mostrando o predomínio das fácies de metaconglomerados+metarenitos+filitos em ciclos granodecrescentes e variações da porcentagem dos principais óxidos. Figura 8 - Principais litofácies no testemunho de sondagem FPO-05: A) Metapelitos laminados; B) Metacon- glomerados com abundantes clastos de rocha carbonática; C) Metarenitos laminados; D) Metaconglomerados deformados em zonas de alto strain; E) Estrutura gradacional entre metaconglomerados e metarenitos; F) Metapelitos com aspecto nodular.
  • 10. Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso 670 Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 Figura 10 - Principais litofácies do testemunho de sondagem FPO-10: A, C, H, E - Meta-ritmitos areno- pelíticos com textura mosqueada; B) Metadiamictitos com abundantes clastos de rocha carbonática; D,G) Níveis de magnetititos interestratificados com (meta) ritmitos/diamictitos; E) Estrutura gradacional entre metaconglomerados e metarenitos; F) Metapelitos magnéticos com clasto isolado de granito. Figura 9 - Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-10, mostrando o predomínio dos meta- ritmitos com clastos pingados e metadiamictitos maciços e porcentagens dos principais óxidos.
  • 11. Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 671 Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes A Formação Port Askaig na Escócia (Aumad & Eyles 2006) e o Grupo Rapitan nas Montanhas MacKenzie no Alaska (Narbone & Aitken 1995) podem ser considera- dos exemplos análogos dos depósitos glácio-marinhos do Grupo Cuiabá na região do Alinhamento Cangas- Poconé. Figura 11 - Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-03, caracterizado por intercalações de diamictitos maciços, laminados e ciclos gradacionais de metaconglomerados, metarenitos, metapeli- tos e porcentagens dos principais óxidos. Figura 12 - Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-08 mostrando o predomínio de diamic- titos maciços, laminados, intercalações das fácies de metaconglomerados + metarenitos + filitos, e variações dos principais óxidos.
  • 12. Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso 672 Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 Petrografia  Os componentes petrográficos observa- dos nos metapsamitos e metapsefitos mostram a tendên- cia composicional fortemente híbrida arcoseana e lítica sedimentar destas rochas, tais como a presença de clastos de granitos, gnaisses e feldspatos, metabásicas, rochas areníticas e carbonáticas (Figs. 14-A e C), demonstran- do sua derivação a partir de um embasamento granito- gnáissico (Cráton Amazônico), recoberto por unidades (meta?) sedimentares. Estas rochas revelam ainda uma natureza texturalmente imatura, com grãos angulosos e matriz argilosa recristalizada como muscovita e biotita. As texturas observadas foram do tipo palimp- séstica (blastopsefítica-psamítica), na qual é ainda pos- sível reconhecer uma distribuição bimodal do tamaho dos grãos, a moda principal na faixa de 0,4mm e uma moda secundária com seixos de em média de 4cm. Tex- tura glanoblástica e lepidoblástica são comuns, com as palhetas de micas e óxidos de Ferro orientados segundo S1 redobradas pela crenulação, com discreto desenvol- vimento de recristalização ao longo do seu plano axial. Em algumas amostras verifica-se textura flaser ou oftal- mítica com sombras de pressão nas extremidades dos porfiroclastos e o desenvolvimento de franjas de biotita e muscovita ou quartzo nas extremidades menores dos porfiroclastos (Fig. 14-A e B). A paragênese metamórfica, constituída por bio- tita–muscovita–Kfeldspato–plagioclásio–quartzo indi- ca condições compatíveis com a Fácies Xistos Verdes, Zona da Biotita (Fig. 14-D e E) e o grau de alteração por hidrotermalismo é evidenciado pela presença de se ricita+magnetita+pirita+carbonatos (Fig 14-G). Os ní- veis caracterizados por aspecto mosqueado apresentam abundantes porfiroblastos de óxido de Fé sin-cinemáti- cos, transpostos pela foliação principal S1 (Fig. 14-F). DISCUSSÃO E CONCLUSÕES  O estudo permitiu propor a subdivisão do Grupo Cuiabá em três unidades litoestratigráficas formais (formações), separadas entre si por importantes quebras no regime deposicional preser- vado (discordâncias?), cujas denominações foram resga- tadas com modificações de seções tipo e descrições clás- sicas da literatura sobre a Faixa Paraguai, as Formações Campina de Pedras (Freitas inédito), Acorizal (Almeida 1964) e Coxipó (Guimarães & Almeida 1972). As uni- dades reconhecidas possuem caráter de seqüências estra- tigráficas, podendo ser subdivididas em outras de menor hierarquia com o reconhecimento de ciclos de afogamen- to e superfícies de erosão internas às unidades maiores. A Formação Campina de Pedras registra os primeiros estágios da evolução tectono-sedimentar da Margem Passiva Paraguai após o início da dispersão do Supercontinente Rodínia Nesta fase são implantados sistemas de rifts na borda SE do Cráton Amazônico, onde se acumularam sedimentos continentais lacustres, ricos em carbono orgânico. As metagrauvacas do topo da sucessão representam a progradação de lobos deltái- cos assoreando a bacia lacustre ao final do soerguimen- to e erosão das ombreiras dos rifts. A Formação Acorizal corresponde à às sub-uni- dades 3, 4 e 5 de Luz et al. (1980), consistindo de meta- ritmitos em diferentes escalas associados a diamictitos. Por sua importância econômica foi individualizada uma associação de fácies sedimentares na porção in- termediária da Formação Acorizal, denominada Fácies Cangas. É composta por ritmitos grossos e finos, in- tercalando diamictitos maciços, com fortes evidências de sedimentação glacialmente influenciada. A litofácies de diamictitos laminados corresponde à Zona Magnéti- ca de Leão & Dall’Oglio (inédito) marcada por níveis Figura 13 - Modelo deposicional esquemático das principais litofácies da Formação Acorizal no alinhamen- to Cangas/Poconé (Modificado de Freitas inédito).
  • 13. Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 673 Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes de magnetititos, resultado do possível aumento do O² dissolvido na água do mar durante períodos de degla- ciação, corroborado pela presença de clastos pingados a partir de massas de gelo flutuantes. A deposição da Formação Acorizal no Alinhamento Cangas-Poconé se deu em ambiente glácio-marinho, mostrando a existên- cia de uma passagem gradual de um ambiente proximal na desembocadura de túneis sub-glaciais até distal em condições de mar aberto com deposição de ritmitos fi- nos com clastos pingados, movimentos de massa sub- aquosos e chuva de material fino colocado em suspen- são pela água doce da fusão das geleiras. O estudo petrográfico revelou a proveniência dos detritos a partir de áreas fontes plutônicas (granitos, Figura 14 - Fotomicrografias dos metassedimentos da Fm. Acorizal no testemunho de sondagem FPO-05: A) Porfiroclasto de rocha carboná- tica em matriz lepidoblástica com sericita, quartzo e óxido de Fe; B) Alternância de bandas sericíticas e bandas ricas em óxido de Fe em filito ferruginoso; C) Porfiroclasto de plagioclásio e de rocha carboná- tica (seta) na matriz de metaconglomerado; D) Blastese de biotita na matriz de metaconglomerado (seta); E) Níveis de biotita sin-cinemática alternando níveis quartzosos e sericíticos; F) Porfiroblasto de óxido de Fe, mostrando pré-existência em relação à clivagem metamórfica; G) Porfiroclasto de rocha carbonática e preenchimento de fraturas por carbonato hidrotermal.
  • 14. Revisão estratigrafica e faciologia do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, baixada Cuiabana, Mato Grosso 674 Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 gnaisses, metabásicas) e supracrustais (quartzitos e ro- chas carbonáticas), além da imaturidade mineralógica dos protólitos, corroborando a hipótese de clima glacial. O metamorfismo é de Baixo Grau (Fácies Xistos Verdes) localmente atingindo a Zona da Biotita e a alteração hi- drotermal é caracterizada por sulfetação, sericitização e carbonatação acompanhando o alojamento dos veios de quartzo aurífero. A macroestrutura do Alinhamento Can- gas-Poconé difere do conjunto da deformação do Grupo Cuiabá na região, apresentando-se como um front de ca- valgamentos e dobras recumbentes com foliação plano axial S1 apresentando baixos mergulhos para SE A localização preferencial da mineralização na Fácies Cangas sugere a existência de forte controle li- tológico para a mesma, em adição ao controle estrutural já amplamente discutido em trabalhos anteriores (Paes de Barros 1998, Silva 1999, Silva et al. 2002, 2006, en- tre outros). Estas concentrações parecem ser o resultado da combinação de diferentes fatores para a efetividade do trapeamento dos fluidos hidrotermais sulfetados e auríferos: i) baixa permeabilidade dos ritmitos; ii) dis- posição estrutural das barreiras de permeabilidade S0 e S1 em alto ângulo com relação à trajetória de migração dos fluidos; iii) presença de níveis ferruginosos funcio- nando como catalizadores da precipitação dos metais em solução no fluido. A presença de abundantes clastos de rochas plutônicas e metabásicas pode indicar que os fluidos hidrotermais podem ter sido gerados durante a Orogênese Brasiliana, pelo retrabalhamento térmico de um substrato fértil, aqui representado pelo CrátonAma- zônico, seus granitos e seqüências vulcano-sedimenta- res como o Greenstone Belt do Alto Jauru. Agradecimentos  Aos geólogos André Luiz da Silva Molina e José Maria Gorjão da Luz, da Cooperativa dos Garimpeiros de Poconé (COOPERPOCONÉ), pelo apoio financeiro, liberação dos testemunhos de sondagem e acompanhamento na etapa de campo. Acompanhamen- tos são extensivos ao Sr Jonas Gimenez e sua irmã Sel- ma pela gentileza pelo auxílio nas atividades de campo. Agradecemos também ao Departamento de Recursos Minerais da UFMT e ao discente de graduação Bruno Vasconcelos pela grande ajuda em trabalhos de reconhe- cimento geológico e descrição dos testemunhos. Referências Almeida F.F.M. 1948. 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  • 15. Revista Brasileira de Geociências, volume 38 (4), 2008 675 Cláudia do Couto Tokashiki & Gerson Souza Saes Western Australia. Sedimentology, 47:343-356. Evans J.W. 1894. The Geology of Mato Grosso. Quaterly Journal (Geological Society of London), 50:85-104. Figueiredo A.J.A. & Olivatti O. 1974. Projeto Alto Guaporé. Relatório final integrado. DNPM/CPRM Goiânia, v.1, 173p. Hasui Y., Tassinari C.C.G., Siga Jr. O., Teixeira W., Almeida F.F.M. de, Kawashita K. 1980. Datações Rb-Sr e K-Ar do centro-norte do Brasil e seu significado geológico- geotectônico. Congresso Brasileiro de Geologia, 31, Camboriu, Anais, 5:2659-2667. Hennies W.T. 1966. Geologia do centro-norte matogrossen- se. Dissertação de mestrado, Escola Politécnica da Uni- versidade de São Paulo, 65p. Lacerda Filho J.V., Abreu Filho W., Valente C.R., Oliveira C.C., Albuquerque M.C. 2004. Geologia e recursos mi- nerais do estado de Mato Grosso. Programa Geologia do Brasil, CPRM/MME/SICME. Relatório final, 200p. Litherland M., Annells R.N., Appleton J.D., Berrange F., Fletcher C.J.N., Hawkins M.P., Klinck B.A., Llanos A., Mitchell W.I., O´Connor E.A., Pitfield P.E.J., Poer G., Webb B.C. 1986. The geology and mineral resources of the Bolivian Precambrian shield: British Geol. Surv. Overseas Memoir 9, 153p. Luz J.S., Oliveira A.M., Souza J.O., Motta J.J.I.M., Tanno L.C., Carmo L.S., Souza N.B. 1980 - Projeto Coxipó. Relatório Final. Companhia de Pesquisa de Recursos Mi- nerais, Superintendência Regional de Goiânia, DNPM/ CPRM, v. 1, 136p. Martinelli C.D., Xavier R.P. & Batista J.J. 1997. Modelo estrutural e fluidos da mineralização aurífera “Garimpo dos Araés”-Nova Xavantina-MT. In: Simpósio de Geo- logia do Centro-Oeste, 6, Cuiabá, Anais, p.46. Martinelli C.D. 1998. Petrografia, estrutural e fluidos da mineralização aurífera dos Araés-Nova Xavantina-MT. Tese de Doutoramento, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 183p. Martinelli C.D. & Batista J.J. 2003. Estratigrafia da seqüên- cia metavulcanossedimentar dos Araés: Grupo Cuiabá? In: Simpósio de Geologia do Centro-Oeste, 8, Cuiabá, Anais, p.124-125. Narbone G.M. & Aitken J.D. 1995. Neoproterozoic of the Mackenzie Mountains, northwestern Canadá. Precam- brian Research, 73(1-4):101-121. Olivatti O. & Ribeiro Filho W. 1976. Projetos centro-oeste de Mato Grosso, Alto Guaporé e Serra Azul. Relatório Final. CPRM, Goiânia 127p. Paes de Barros A.J., Costa J.L.G., Resende W.M. 1998. Ti- pologia das mineralizações auríferas da Fazenda Salinas, Poconé, MT. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 40, Belo Horizonte, Bol. de Resumos, p. 235. Pinho F.E.C. 1990. Estudo das rochas encaixantes e veios mineralizados a ouro do Grupo Cuiabá, na região deno- minada “Garimpo dos Araés” Nova Xavantina, estado de Mato Grosso. Dissertação de Mestrado, Centro de Pesquisas em Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 114p. Pires F.R.M., Gonçalves F.T.T., Ribeiro L.A.S., Siqueira A.J.B. 1986. Controle das mineralizações auríferas do Grupo Cuiabá, Mato Grosso. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 34, Goiânia, 5:2383-2395. Ribeiro Filho W. & Figueiredo A.J.A. 1974. Reconhecimen- to geológico da região oeste de Mato Grosso. Congresso Brasileiro de Geologia, 28, Porto Alegre, 4:17-35. Ribeiro Filho W. Luz J.S. & Abreu Filho W. 1975. Projeto Serra Azul. Reconhecimento geológico. Relatório Final, DNPM/CPRM, Goiânia, v. 1, 104p. Schobbenhaus Filho C., Oguino G., Ribeiro D.L., Oliva L.A., Takanohashi J.T. 1975. Folha Goiás SD 22. Carta Geológica do Brasil ao milionésimo, DNPM, Brasília, Brasil. Silva G.G., Lima M.J.C.de, Andrade A.R.F.de, Issler R.S., Guimarães G. 1974. Folha SB 22 Araguaia e partes da Folha SC 22 Tocantins. Rio de Janeiro, Projeto RA- DAMBRASIL, Ministério das Minas e Energia, Levan- tamento de Recursos Naturais, v. 4, p. 22-131. Silva C.H. 1999. Caracterização Estrutural de Minerali- zações auríferas do Grupo Cuiabá, Baixada Cuiabana (MT). Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 134p. Silva C.H., Simões L.S.A., Ruiz A.S. 2002. Caracterização estrutural dos veios auríferos da região de Cuiabá, MT. Revista Brasileira de Geociências, 32:407-418. Silva C.H., Simões L.S.A., Ruiz A.S., Barbosa E.S. 2006. Província aurífera Cuiabá-Poconé- estágio atual do co- nhecimento geológico dos depósitos de ouro. In: Fer- nandes C.J. & Viana R.R. (eds.) Coletânea geológica de Mato Grosso. Províncias e distritos auríferos de Mato Grosso. Ed. UFMT, v.2, p.35-51. Trompette R. 1994. Geology of western Gondwana (2000- 500Ma). Pan-African-Brasiliano aggregation of South America and Africa. Balkema, 350p. Unrug R. 1997. Rodinia to Gondwana: The geodynamic map of Gondwana supercontinent assembly. GSA Today, 7(1):1-6. Vieira A.J. 1965. Geologia do Centro-Oeste de Mato Grosso. Petrobrás/DEBSP. Relatório Técnico 303, 58p. Manuscrito ID 11456 Submetido em 13 de junho /2008 Aceito em 17 de dezembro de 2008 Sistema eletrônico de submissão