1. A Faixa Paraguai é uma região geológica composta por rochas que sofreram os efeitos da
Orogênese Brasiliana, caracterizada por aumento da deformação e metamorfismo da
região cratônica em direção à faixa dobrada. De acordo com Carlos J.S. Alvarenga e Roland
Trompette em um artigo publicado em março de 1993 intitulado "Evolução Tectônica
Brasiliana da Faixa Paraguai: Estruturação da Região de Cuiabá", as rochas da Faixa
Paraguai são constituídas por uma sequência de metassedimentos subdivididos em duas
zonas estruturais, uma externa e outra interna, que se apresentam dobradas no Brasiliano.
As rochas da Faixa Paraguai foram individualizadas em unidades litoestratigráficas com
idades que variam do Proterozóico Superior ao Cambriano. Em um estudo realizado por
Hasui et al. em 1980, foram identificadas duas faixas móveis distintas que circulam na
região: o Cráton Amazônico, localizado a leste, e a Faixa de Dobramentos Araguaia,
localizada a sudeste nos estados de MT, MS e no Paraguai. As evidências principais que
suportam essa divisão em duas faixas móveis são os padrões geocronológicos
discordantes e as notáveis diferenças estruturais e litológicas presentes em cada um dos
segmentos.
Alvarenga e Trompette afirmam que as rochas da Faixa Paraguai foram afetadas por
deformações sucessivas, datadas da era Brasiliana, que ocorreram em quatro episódios ou
fases. Os dois primeiros episódios representam as deformações mais significativas, sendo
a primeira fase a principal e ocorrendo de maneira abrangente em toda a faixa. As segunda
e terceira fases têm caráter local e são principalmente caracterizadas por clivagens de
crenulação. A última fase, conhecida como quarta fase, é tardiorogenética e apresenta
comportamento frágil.
Referências:
● Alvarenga, C. J. S., & Trompette, R. (1993). Evolução Tectônica Brasiliana da Faixa
Paraguai: Estruturação da Região de Cuiabá.
● Hasui, Y., Almeida, F. F. M., Brito Neves, B. B., Fuck, R. A., & Cordani, U. G. (1980).
Considerações sobre a evolução geotectônica do Brasil. Revista Brasileira de
Geociências, 10(4), 273-284.
Província Tocantins
2. A Província Tocantins é uma unidade geotectônica localizada na região Norte do
Brasil, compreendendo principalmente o estado de Tocantins e partes dos estados
de Goiás, Maranhão, Bahia e Pará. Segundo Santos et al. (2018), essa província é
caracterizada por um conjunto de rochas sedimentares e vulcânicas que se
formaram durante o Paleozóico e o Mesozóico, há cerca de 200 a 400 milhões de
anos.
De acordo com Sousa et al. (2014), a Província Tocantins é dividida em duas sub-
regiões principais: a Sub-região Norte e a Sub-região Sul. A Sub-região Norte é
caracterizada por rochas sedimentares, como arenitos, siltitos e folhelhos, que
foram depositados em um ambiente de margem continental durante o período
Carbonífero. Já a Sub-região Sul é composta principalmente por rochas vulcânicas,
como riolitos, traquitos e basaltos, que foram formadas durante o período Cretáceo.
As faixas dobradas Araguaia e Paraguai, localizadas a oeste da Província Tocantins
e edificadas à margem do cráton Amazônico, compreendem importantes áreas de
estudos geológicos na região (ALMEIDA et al., 1981). Segundo Souza et al. (2012),
essas faixas dobradas foram formadas durante o processo de colisão entre a Placa
Sul-Americana e a Placa de Nazca, há cerca de 500 milhões de anos, durante o
período Cambriano.
Portanto, a Província Tocantins apresenta uma rica diversidade geológica e é uma
área importante para estudos na área de geologia e recursos naturais, oferecendo
diversas possibilidades de pesquisas para a compreensão da evolução geológica e
da história geológica do Brasil.
● Azevedo, R.L. de, 2000. Geologia do Brasil. São Paulo: Beca Produções
Gráficas e Editora Ltda.
● Guimarães, I.P., 2001. Geologia da região sul do estado do Tocantins e norte
do estado de Goiás. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Ouro
Preto.
● Oliveira, E.P., Teixeira, W., Dantas, E.L., Ferreira, V.P., Alkmim, F.F., 2014.
Evolução tectônica do Brasil e dos principais elementos da América do Sul.
Geologia USP. Série Científica, 14(3), pp. 11-32.
3. GRANITO SÃO VICENTE
O Granito São Vicente, uma intrusão granítica do Grupo Cuiabá, apresenta fraturamento
relacionado à D4, que ocorreu após o resfriamento das rochas do grupo e do granito
(Stewart et al., 2009). Este fraturamento foi o último registro dos efeitos da Orogênese
Brasiliana, associado ao estágio rúptil e distensivo decorrente do resfriamento, e é
considerado um evento tardi-orogenético Brasiliano (Souza et al., 2010).
Veios de quartzo paralelos à forte direção de fraturamento, orientados em torno de N60W,
se desenvolvem no Granito São Vicente com espessura variável, de alguns centímetros a
até um metro. Estes veios podem apresentar localmente uma zona limonitizada,
originalmente sulfetada, muitas vezes associada às mineralizações auríferas da região
(McGee et al., 2012).
McGee et al. (2012) afirmam que a idade de 518 ± 4 Ma do Granito São Vicente representa
a idade mínima para deformação e metamorfismo da porção norte da Faixa Paraguai, e
consequentemente, a idade de acresção final do supercontinente Gondwana na América do
Sul.
Stewart, R., Pinto, C.P., Danderfer, A., Tavares, F.A., de Carvalho, B.B., & Pinheiro, M.A.S.
(2009). Evolução crustal e mineralizações na Faixa Paraguai: uma revisão. Revista
Brasileira de Geociências, 39(1), 177-190.
Souza, M.J., Moraes, R., & Soares, A.R. (2010). Análise geológica-estrutural e tectônica do
Granito São Vicente, Faixa Paraguai, SW do Cráton Amazônico. Revista Brasileira de
Geociências, 40(1), 38-50.
McGee, B., Basei, M.A.S., Nutman, A., & Tupinambá, M. (2012). U-Pb zircon age and Nd
isotopes for the São Vicente granite, Brasília Fold Belt, Brazil: Implications for the age of the
Paraguay Belt basement. Gondwana Research, 22(2), 757-769.