O documento discute as principais teorias sociais do século XIX, comparando teorias liberais, positivistas, socialistas utópicas e científicas. As teorias liberais defendiam a propriedade privada e a não intervenção do Estado, enquanto as socialistas criticavam a desigualdade do capitalismo e propunham alternativas como a propriedade coletiva. Dentro do socialismo, as utópicas propunham mudanças pacíficas versus as científicas de Marx que defendiam a revolução proletária.
2. Definição
As teorias liberais e positivista podem ser consideradas
teorias favoráveis a organização capitalista da
sociedade. Mesmo, por vezes, reconhecendo problemas
parciais e buscando transformá-las, elas objetivam
manter e melhorar o sistema capitalista.
As teorias socialistas podem ser definidas por um
conjunto de ideias que criticam o modelo capitalista
industrial. Essas críticas concentram-se,
principalmente, na propriedade privada dos meios de
produção e na desigualdade da distribuição das
riquezas.
Algumas ideias socialistas tem uma visão reformista
(moderada) sobre a situação e outras críticas socialistas
tem uma visão mais revolucionária (radical).
4. Aumento da produção de riqueza e
aumento da pobreza: uma
contradição?
A questão social do século XIX:
Muitos analistas perceberam que ó desenvolvimento do
capitalismo, embora produzisse um aumento nunca
visto na produção de riquezas materiais, não significou
a eliminação da pobreza, muito pelo contrário, a
intensificou. O aumento da riqueza não significou a sua
distribuição pelos diversos setores da sociedade, mas
concentrou-se nas mãos dos mais ricos, ou melhor, dos
donos dos meios de produção (ou burguesia, ou
capitalistas).
Desta maneira, diversas teorias sociais no século XIX
buscarão formular respostas para este problema.
5.
6. O Liberalismo
Principais ideias:
— Direitos individuais (ênfase
na liberdade e PROPRIEDADE).
— Liberdade de comércio e
produção.
— Leis naturais da economia
(oferta e procura, livre
concorrência...).
— Liberdade de contrato de
trabalho (salários e jornada).
— NÃO INTERVENÇÃO do
Estado na economia.
— ADAM SMITH (1723 – 1790) –
“A Riqueza das Nações”.
A liberdade de mercado e a
“mão invisível”
— THOMAS MALTHUS (1766 – 1834) –
“Ensaio sobre a população”
— Teórico da “miséria inevitável”.
— Alimentos crescem em proporção
aritmética e população em proporção
geométrica.
— Guerras e epidemias = equilíbrio
entre a população e produção.
— Contenção da natalidade.
— Limitação de assistencialismo.
— Lei dos pobres (1834) – Workhouses
— Confinamento de miseráveis.
— DAVID RICARDO (1772 – 1823) –
“Princípios da economia política e
tributação”
— Lei férrea dos salários: salários =
mínimo para subsistência.
7.
8. Positivismo e Doutrina Cristã
DOUTRINA SOCIAL DA
IGREJA
— Papa Leão XIII.
— Encíclica RERUM
NOVARUM (1891).
— Contra a exploração de
operários.
— Contra a luta de classes e
o marxismo.
— Religião: instrumento de
reforma e justiça social.
— Apelo ao “espírito cristão”
dos empregadores para
respeitassem os operários.
5 – POSITIVISMO
— AUGUSTE COMTE (1798 –
1857).
— Ignorância = fonte dos
problemas.
— Ciência = evolução
(caminho para a resolução
dos problemas).
— Governo: elite intelectual.
— Contra a democracia
(possibilidade dos ignorantes
interferirem politicamente).
— Lema: “ORDEM E
PROGRESSO”.
9.
10. Socialismo Utópico
Ideologia reformista;
Alguns pensadores socialistas tinham uma
visão tão romantizada sobre a sociedade, que
suas ideias foram consideradas uma utopia
(sonho);
Esses pensadores não promoveram análises
“científicas” sobre o processo capitalista e
julgavam que o “bom caráter” da sociedade
em geral, seria suficiente para promover uma
sociedade mais igualitaria. Em outras
palavras, os socialistas utópicos, como
ficaram conhecidos, acreditavam que a
burguesia abdicaria de parte dos seus bens
para a construção de uma sociedade mais
justa.
11. Socialistas Utópicos
Saint-Simon (1760-1825)
Crítica ao “tripé de
dominação”: clero, nobreza e
militares”.
Não crítica a camada de
proprietários;
Não aponta para o fim da
propriedade privada;
Defende um governo de
“sábios” (influência da
“ República” de Platão).
12. Socialistas Utópicos
Charles Fourier (1772-1837)
Criação de fazendas
comunitárias isoladas do
mundo capitalista
(Falanstérios);
Crítica às divisões em classes
sociais;
Os Falanstérios agroindustriais
não obtém êxito.
13. Socialistas Utópicos
Robert Owen (1771-1858)
IDEAL : comunidade com total
igualdade entre os seus
membros;
Criação de uma fábrica com as
seguintes melhorias assistencialistas:
10 horas de jornada de trabalho;
Fundo de pensão;
Creches, centros de recreação;
Apesar de seus esforços, suas
tentativas de estabelecer núcleos
cooperativos na Inglaterra não foram
bem sucedidas.
14. Socialismo Científico
(Marxismo)
Ideologia revolucionária;
Crítica estrutural ao capitalismo
(procuraram compreender a dinâmica
do capitalismo – origem,
desenvolvimento e contradições – para
dessa forma, superá-lo);
Análise “científica” dos mecanismos
de funcionamento do capitalismo;
Para os socialistas científicos, também
conhecidos como marxistas, a única
forma de se atingir uma sociedade
mais igualitária seria através da
revolução proletária.
17. Conceitos Marxistas
Materialismo Histórico: parte do
pressuposto de que todos os grandes
movimentos políticos, sociais e
intelectuais da história têm sido
determinados pela relações sociais de
produção, historicamente determinadas.
Em outras palavras, o modo de produção
da vida material condiciona o conjunto
dos processos da vida social, política e
cultural, enfim, o sistema de valores, a
ideologia.
18. Conceitos Marxistas
Materialismo Dialético: tem como base a ideia de
que o mundo não pode ser considerado um
complexo de fenômenos acabados, mas de
processos em que as relações e os reflexos delas
estão em constante movimento. Isso quer dizer
que cada sistema econômico em particular está
baseado em padrões definidos de produção e de
troca que se expandem até alcançar um ponto de
máxima eficiência. A partir desse momento,
manifestam-se e se desenvolvem contradições
internas que trazem consigo os elementos da sua
destruição e os fundamentos de um sistema novo
que substituirá o antigo, ao mesmo tempo, em
que lhe absorve as características mais valiosas.
19. Conceitos Marxistas
Luta de Classes: era o motor da história. Para Marx e
Engels enquanto houvesse diferença social, haveria a
luta de classes, isto é, o enfrentamento entre setores
sociais antagônicos. No caso do capitalismo industrial,
este enfrentamento coloca em oposição a Burguesia e o
Proletariado.
20. Conceitos Marxistas
Mais-Valia: para Marx e Engels a divisão social
do trabalho na sociedade capitalista levou
uma pequena parcela de pessoas a se
apropriar dos meios de produção. A um outro
grupo, os proletários, restou apenas a
propriedade do corpo e da força de trabalho.
Os detentores dos meios de produção
compram a força de trabalho dos proletários
e impõem condições de trabalho com o
objetivo de gerar lucros. Marx e Engels
acreditavam que uma das formas de
exploração capitalista mais eficiente é a
mais-valia, que seria a diferença expressa
entre o valor do que o trabalhador produz e o
que ele recebe em forma de salário. Segundo
eles, o trabalhador nunca recebe o valor total
do fruto do seu trabalho.
21. Acompanhe o exemplo
Uma fábrica de bolsas contrata um operário
para trabalhar 8 horas por dia. Ele recebe um
salário de R$ 24,00 ao dia, o que equivale a
R$ 3,00 por hora e a R$ 720,00 por mês. Esse
operario fabrica 200 bolsas por mês e o
empresário vende cada uma por R$ 150,00.
Para cada bolsa, vamos admitir que sejam
gastos R$ 100,00 em matéria-prima, energia
elétrica e outros insumos. Ainda sobraria R$
50,00 de lucro por bolsa vendida, ou seja, a
cada 200 bolsas produzidas e vendidas, o
operário ganha R$ 720,00 e o empresário R$
10.000,00. Digamos que esse operário consiga
produzir, em média, 6 bolsas por dia. Ele
recebe R$ 24,00 e o capitalista recebe R$ R$
300,00. Nesse caso a mais-valia
corresponderia a R$ 276,00 por dia.
22. Conceitos Marxistas
Revolução Socialista e Comunismo: para
Marx e Engels, a superação do capitalismo
e a construção de uma sociedade sem
classes só seriam possíveis por meio de
uma revolução socialista, conduzida pelos
trabalhadores. O estágio seguinte da
humanidade seria o comunismo, uma
sociedade sem classes, sem propriedade
privada dos meios de produção e sem
Estado, na qual cada pessoa trabalharia
de acordo com suas capacidades e
receberia um salário proporcional às suas
necessidades.
23. Anarquismo
A palavra anarquismo, de origem grega, não
significa desordem e sim “sem governo”. Por
essa razão, os teóricos anarquistas discutiram
a possibilidade de consolidar uma sociedade
na qual os seres humanos se afirmariam por
meio de uma ação própria em um contexto
sociopolítico de liberdade, sem a opressão da
Igreja e dos governos. Eles rejeitavam
qualquer autoridade porque viam nela a fonte
básica dos males humanos. Também não
admitiam o Estado e sua organização
burocrática, considerando-os responsáveis
pela consolidação da ordem política,
econômica e social da burguesia.
24. Anarquismo
Para o movimento anarquista, o ser
humano deve viver sem Estado, a partir
de uma gestão comunitária, ou seja, por
meio da cooperação. Em livre associação,
os indivíduos seriam capazes de produzir
e distribuir a riqueza produzida de acordo
com suas necessidades.
O movimento conviveu com um sério
paradoxo: mesmo contrários a qualquer
forma de autoritarismo e ao uso da força,
os anarquistas admitiam esse método para
a derrubada da autoridade e a instauração
da condição ideal, ou seja, a sociedade
anarquista.
25. Pensadores Anarquistas
Pierre-Joseph Proudhon (1808-1865):
“ A propriedade é um roubo”;
Destruição do Estado;
Autogoverno dos trabalhadores;
Mikhail Bakunin (1814-1876):
Radicalização da teoria anarquista;
Anarquismo terroristas;
Ataque aos chefes de estado e representantes do poder;
“ O mundo será um lugar melhor quando o último burguês morrer
enforcado nas tripas do último padre e afogado no sangue do último
militar”.
Pensadores mais recentes: Erico Malatesta e Leon Tolstoi.
26. Anarcossindicalismo
Foi a tentativa de organizar
coletivamente o movimento anarquista.
Teve importância no movimento operário
mundial, incluindo o Brasil. Essas ideias
chegaram ao Brasil no início do século XX
através dos imigrantes italianos.
Os seguidores dessa corrente defendiam a
destruição da ordem liberal burguesa e a
construção de uma sociedade de
indivíduos livres. Os anarcossindicalistas
acreditavam que a transformação da
sociedade só seria possível com a ação
direta dos trabalhadores, por meio de
uma greve geral dirigida pelos sindicatos.