Leonor passou seu último dia com suas melhores amigas antes de partir para um programa de estudos no exterior por um ano. Ela refletiu sobre como será difícil ficar longe das pessoas que ama e sobre como sua casa de infância em Lisboa representa memórias especiais. No final da noite, uma de suas amigas expressa preocupação com a partida do dia seguinte, mas Leonor decide aproveitar os momentos restantes e não pensar no futuro incerto.

1. Amanhã, talvez…
Fui dormir a pensar em como o dia tinha sido incrível. Praia de manhã,
maratona de séries à tarde, depois o pôr do sol e o mais importante estar com
elas. Elas eram as minhas melhores amigas desde há muito tempo. Há tempo
suficiente para eu quase morrer só de pensar que vou ficar um ano sem as ver.
Desculpem, nem sequer me apresentei, o meu nome é Leonor, tenho 19
anos e ganhei uma bolsa para fazer Erasmus em Nova Iorque. Eu sei que é
uma oportunidade incrível mas estar afastada das pessoas que amo é a pior
sensação do mundo, chama-se saudade.
E por isso mesmo, os meus pais convidaram as minhas amigas para
passarem uma semana connosco na nossa casa de Lisboa. Eu adoro esta
casa, passei o meu primeiro ano de vida a morar lá e por isso ela significa
muito para mim. Ainda me lembro em como fiquei uma semana sem falar com
os meus pais quando eles puseram a casa à venda. Graças a Deus, ou melhor
graças à cena que eu armei com o agente imobiliário a venda foi anulada. Este
foi um dos temas do serão, parece que estou a ver a cara de riso das minhas
amigas, quando lhes contei.
Mas agora algo naquela casa parecia sombrio e eu sabia bem o porquê,
ao lado dela ficava o aeroporto. Aeroporto onde eu amanhã iria entrar e eu
tinha a certeza que quando saísse já não ia ser a mesma pessoa.
- Dorme bem amiga.
Quando a Madalena me disse isto percebi que estava há muito tempo
envolta nestes pensamentos. E ela conhecia-me muito bem, por isso chegou à
mesma conclusão:
- Já devias estar a dormir, amanhã vai ser um dia muito comprido. As
outras já ressonam.
- E tu? Porque não estás a dormir?- perguntei.
Ela sorriu com aqueles olhos tristes que eu adorava e disse:
- Estou a pensar em como o dia de amanhã vai ser difícil.
- Eu sei, mas hoje não quero pensar nisso. Amanhã, talvez.
Leonor Batista
7º B