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“Estar com ela era como ter meu estômago esmagado inúmeras vezes
e gostar disso. Seus olhos verdes me encaravam e desvendavam a
minha alma de uma maneira surreal. A lente da minha câmera a
amava em todos os aspectos. Ela era a minha droga favoritae mais
prejudicial,porque não existiaum manual de como amar alguém. Ela
me destruiu em milhares de pequenos pedaços, tive que juntar meus
restos, ainda assim toda vez que meu corpo se unia ao dela, eu pedia
imensamente por mais.
- Edgar Assis.
Capitulo 1: Não se jogue.
Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo imensamente bem. Ela
repetia inúmeras vezes a frase dita por Bea, sua irmã, no momento mais
difícil da vida. Ela estava se mudando para longe. Uma cidade do interior de
São Paulo, poucos habitantes. Passaria as férias por lá, talvez moraria. Os
olhos verdes olhavam intensamente para fora do carro em movimento, o
cabelo castanho escuro mediano bagunçado, a pele branca sentia o frio mais
rigoroso que estava passando pelo estado em julho de 2016. Beatriz, para os
íntimos Bea, dormia profundamente ao seu lado no banco traseiro do carro,
chegava a roncar em breves momentos. O coração da jovem ao lado estava
pesado como secarregassemilhares de tijolos vermelhos nele, a angústia era
a sua melhor amiga e a tristeza fazia visitas a todo momento.
- Estamos quase chegando. – Mencionou o pai que dirigia atento a estrada
escura. Anna apenas sorriu tentando parecer não forçar muito alguma
simpatia. Não queria estar ali, não queria ter que abandonar Santa Catarina
para morar em uma cidade que até ontem era apenas para passar as férias.
Por outro lado, queria deixar a amarga lembrança da tragédia vivida para
trás. Há uma semana ela tinha visto o paina cama coma tia porparte demãe.
Aquela imagem repetia-se em sua mente da mesma forma que se repetia o
dia em que sua mãe morreu. Era uma história a parte, algo sombrio que
ocorreu há dois anos quando ela estava para completar 17 anos. Naquele
momento chegando aos seus 19 e perdido o ano, não sabia lidar com todos
os sentimentos turvos que o seu coração carregava. Essa era Anna, a garota
pela qual a câmera de um fotógrafo se apaixonou.
...
Monterrey era uma cidade de interior com vislumbres de prédios históricos
dos séculos 18 e 19, o passado fazia contraste com o futuro apresentado em
casas bem planejadas e sofisticadas. No centro da cidade os prédios se
alternavam entre o novo e o velho. Restaurantes ainda usavam a capa das
discotecas e pubs dos anos 80 como decoração, enquanto algumas baladas
reforçavam o eletrônico com decorações futuristas e de última geração. Era
uma cidade única que não ficava tão no interior de São Paulo. Pelo contrário,
não demorava muito para chegar na capital, apenas uma hora de carro. Não
era muito conhecida, mas habitava cerca de 20 mil habitantes e carregava
consigo uma renda muito boa. Antigamente, a família de Anna costumava
passaras férias por lá, pois sua mãe era dessapequena cidade e era mais um
caso da menina que saiu do interior para se deslocar para a capital quando
começou a faculdade. Em algum momento dessa vida maluca seu caminho
se desviou de percurso, ela casoucom o namorado de faculdade e se mudou
de vez para Santa Catarina deixando para trás o pai orgulhoso e uma irmã
que não havia saído da cidade. Olhar para Anna era como ver a imagem de
Cíntia sendo refletida em um espelho de maneira surreal, os mesmos olhos
verdes que escondia segredos da alma, o mesmo sorriso tímido e a pele
branca, mas não tão pálida similar à desua mãe. Era impecável asemelhança.
Cíntia havia partido deixando no mundo suaimagem e semelhança concreta.
Não tinha muito do pai, pra ser mais sincero, não tinha absolutamente nada
do Rodrigo, seu pai, e aquilo não a perturbava nenhum um pouco. Poroutro
lado, Bea era inteira seu pai, cabelo cacheado preto e comprido, pele branca
rosada e olhos castanhos escuro, era simpática ao extremo e tinha o maior
cuidado comAnna porsermais velha queela. Beatriz havia passado naOAB
e estava a todo vapor para passarem um concurso para ser juíza, iria passar
as férias em Monterrey antes de voltar aos estudos constantes.
- Chegamos. – Disse Rodrigo ao estacionar em frente a um sobrado antigo,
porém conservado. Era onde morava Susane, tia de Anna e Bea, e sua filha
de 16 anos, Lorena. As duas estavam esperando na varanda térrea da casa.
Rodrigo chamou por Anna que havia adormecido e em seguida a mesma
acordouBea. Todos desceramdo carro.
- Vocês demoraram. – Disse Susane ao se aproximar de Rodrigo para beijá-
lo, porém ele apenas a abraçou brevemente.
- Não é uma viagem muito curta, diga-se de passagem. – Rodrigo sorriu.
- Tem razão. Vamos, entrem. Fiz um café reforçado para vocês. – Todos
entraram na casa e um silêncio inquietante tomou conta. Sentaram-se a mesa
por alguns minutos e apreciaram o café da manhã feito como uma simples
oferta de paz. Anna mal encostou em sua comida, porém não desistia da
xícara de café, já bebia a sua quarta.
- Eu e o Rodrigo vamos ao centro da cidade resolver algumas pendências
minhas. – Susane se levantou e Rodrigo fez o mesmo. – Fiquem à vontade.
Lorena irá mostrar o quarto de vocês e se poracaso o rapaz das fotos chegar,
entregue o dinheiro para ele, Lore. – Rodrigo tentou se despedir de Anna,
mas ela simplesmente não o olhou. Bea acabou por dizer tchau pelas duas e
assim o casal deixou a casa.
- Aposta quanto que eles vão para um motel. – Reclamou Anna e Bea se
engasgou com o suco.
- Anna! – Brigou Bea e a campainha tocou. Lorena levantou-se para atender
a porta. Era o rapaz das fotos que ficou na sala esperando Lorena buscar o
dinheiro no escritório da mãe. – Você não deveria ter dito aquilo.
- A verdade está aqui para ser dita. – Retrucou Anna.
- A Lorena...
- Você acha que ela se importa? Ele é mil vezes melhor que o pai dela que
traía a tia sempre que podia. Por pouco essa história toda não vira um filme.
– Anna revirou os olhos.
- O Stevão quer te ver. Ele vai comemorar o aniversário em uma boate no
centro da cidade e nos convidou. – Bea tentou mudar de assunto.
- Dispenso. – Anna levantou-se e serviu mais café para si mesma. Ao desviar
seu olhar para sala notou que alguém a olhava. Era o moço que aguardava
Lorena. Anna não o notou muito bem e voltou seu olhar para Bea.
- Eu não aceito um não como resposta! – Bea levantou. – São nossas férias,
Ann. Não faça isso, não se coloque nesse maldito casulo imaginário
novamente.
- Não acho que tenha algo de errado com a minha solidão, Bea.
- Esteja pronta as noves, Ann. É uma ordem. – Bea saiu da cozinha batendo
o pé sem olhar para trás. Ela tinha dessas coisas, não sabia lidar com os não
de Anna.
- Achei seu dinheiro. – Disse Lorena gritando do escritório e saindo dele. –
Você aceita uma xícara de café? – Perguntou ao rapaz que apenas sorriu e
entrou na cozinha acompanhado dela. Anna tinha seu olhar intacto na parede
do canto da cozinha que estava descascando. Lorena serviu café para o rapaz
que olhava Anna incansavelmente. – Anna! – Gritou Lorena e Anna saiu do
transe. – Você não disse nada de útil até agora. – Riu. - Está se fazendo de
louca de novo?
- Não é dasua conta. – Anna olhou para o rapaz que a encarava comos olhos
castanhos curiosos. Ela reparou brevemente na calça jeans rasgada dele, na
blusa vermelha regata desbotada e no corte profundo em seu braço.
Carregava no antebraço também uma tatuagem de caveira mexicana bem
elaborada e dependurada no pescoço uma câmera fotográfica. Ele sorriu ao
encontrar o olhar deAnna e ambos ficaram sem graça. Ele passouamão pelo
cabelo preto cacheado mediano e pensou em dizer algo, mas foi
interrompido.
- Me diz Anna... Você ainda lembra da maluca da sua mãe? – Questionou
Lorena e Anna estremeceu.
- Lorena. – Disse o rapaz. – Meu pagamento, por favor. – Anna colocou a
xícara cheia de café sobrea mesa e saiu dacozinha em direção ao jardim dos
fundos. Lorena se divertia por dentro por ter causado alguma angústia na
prima.
- Aberração. – Disse Lorena rindo e entregando ao rapaz o dinheiro.
- Você é doente, Lorena. – O rapaz guardou o dinheiro, saiu da casa sem ao
menos se despedir de Lorena e procurou todo instante Anna, subiu em sua
moto e quando ajeitou o capacete conseguiu vê-la chegando na parte da
frente da casa fumando um cigarro. Ele respirou fundo, sua vontade era
largar demão do compromisso quetinha e ficar comaquela menina de olhos
confusos, mas acabou fazendo oposto disso.
...
- Eu queria saber se você podia me emprestar aquela saia de couro preta. –
Disse Bea batendo a porta e entrando no quarto. Anna estava diante do
espelho seolhando e tentando achar bonito aquela calça de couro preta, o top
azul marinho e a bota de cano e salto alto preta. A maquiagem do seu rosto
pesadadava destaqueaos seus olhos que estavam mais verdes do que nunca,
o cabelo bagunçado de um jeito sensual a deixava mais linda do que de
costume. – Uau! – Bea estava maravilhada no quanto Anna tinha se
esforçado. – Você me empresta a saia?
- Claro. – Anna sorriu e Beatriz a abraçou, as duas se olharam diante do
espelho abraçadas.
- Eu fico feliz que você vai com a gente hoje. Nós iremos no Anexo. Você
lembra de quando nós sonhávamos que teríamos idade de ir lá?
- Sim. Éramos idiotas.
- Éramos adolescentes querendo beijar. – Bea sorriu. – Ele está ansioso que
finalmente vocês vão se ver. Você vai encerrar o lance do tempo essa noite,
não é?
- Eu não estou pronta para voltar a ser a namorada dele, Bea. Ou seja lá o
que eu fui.
- Vocês pertencem um ao outro, Ann.
Não, não era isso que Anna sentia pelo Stevão. Um dia, em um verão que ela
passou em Monterrey com os pais, conheceu a família desse jovem rapaz
alto de sorriso largo e cabelo loiro comprido. Ele era filho do prefeito e tinha
a simpatia que muitos elogiavam. Foi paixão à primeira vista, aqueceu o
coração por uma noite ou duas, mas depois esfriou. Eles tentaram conciliar
um namoro a distância, mas os quilômetros longe foram esmagadores para
dois jovens com15 anos cheios de hormônios. Eles prometeram que sempre
ficariam juntos caso se encontrassem e estivessem sozinhos e assim foi
durante um tempo. Ele foi o primeiro a tocá-la, foi o primeiro a beijá-la, o
primeiro a dizer que a amava e não esquecia das noites que havia passado ao
lado dela, de cadatoque, de cadarespiração ofegante compartilhada, de cada
transa, mas o coração de Anna não era mais aquecido pelo amor do Stevão
como antes, pois estava pesado demais desde que perdera a mãe. De fato,
vale dizer que ele estava congelado. Nada mudava aquilo. Anna era incapaz
de sentir qualquer coisa além de dor.
Beatriz e Anna terminaram de se arrumar e foram de encontro a Stevão que
as esperava em seu carro junto comseu amigo Roy. Eles se deslocaram para
um pub no centro da cidade chamado Anexo. O pai delas não se importava
que elas saíssem com eles, ao contrário, esperava que a filha aceitasse as
investidas de Stevão para que se ajeitasse na vida. Durante o trajeto apenas
Bea e Roy falavam alguma coisa. Anna olhava intensamente a paisagem por
fora do carro e se perguntava a todo o momento o que estava fazendo ali, ao
lado daquele menino que um dia ela havia gostado. Ao chegarem no local,
desceram do carro e entraram no pub sem pegar fila. Stevão era conhecido
por todaa cidade porconta do seu pai ser um grande proprietário de terras e
ter parcerias com indústrias, além de ser o prefeito. Por isso ele tinha passe
livre pelos lugares e todos o contemplavam.
- Eu vou buscar algumas bebidas para nós. – Disse Stevão no ouvido de
Anna. Ela e Bea subiram para o camarote e se sentaram em bancos para
prestigiar o showdeuma bandaquefazia coverde músicas de rock e algumas
pop. A casa noturna estava lotada, pessoas se beijando e dançando ao som
da banda. Anna olhava para elas e se sentia desconfortáveldiante daquilo.
- Olha ali! – Gritou Bea apontando para um rapaz tirando fotos no meio da
multidão. – Ele foi lá em casa hoje, lembra?
- Não. – Gritou Anna.
- Como você não lembra? Ele não tirava os olhos de você. Ouvi dizer que
ele tem 24 anos. – Beatriz riu e Anna deu de ombros olhando para o rapaz. –
Essas músicas não dão para dançar até o chão. – Reclamou.
- Não são para dançar, Bea. São para serem sentidas!
- Desculpa aí. – As duas riram. – Acho que vou beijar o Roy. Ele ficou me
olhando o tempo todo no carro. Assim eu posso esquecer o Leandro. –
Leandro era o namorado de Beatriz desde o colégio, os dois fizeram Direito
juntos e ele havia traído ela com sua melhor amiga que não vale a pena
mencionar o nome.
- Você vai se sentir bem amanhã se fizer isso?!
- Qual é, Ann. Eu não transo há um mês, preciso ser um pouco louca igual a
você, não acha?
- Você é a romântica, não faz seu estilo.
- Quem sabe eu não mude meu estilo. – As duas riram novamente.
Anna entornou algumas doses da vodka que Stevão havia comprado e de
olhos fechados sentia as músicas invadirem seu coração. Em algum
momento a banda tocouHeroes do David Bowie e ela se sentiu em casapela
primeira vez naquele dia. Stevão tentava a todo momento alguma
aproximação, mas Anna permanecia de olhos fechados. Beatriz e Roy
tentavam conversar ao som da música alta, mas era quase impossível. Aos
poucos Beatriz soubequenão iria beijá-lo, porqueele não compartilhava dos
mesmos ideais que ela. Por mais que tentasse dizer a si mesma que podiaser
um caso de uma noite, no final de tudo não iria acontecer. É como Anna
havia dito anteriormente, ela era uma eterna romântica e isso não mudaria
por conta de um ex-namorado idiota.
...
Anna olhava o chão do alto do terraço da casa noturna. Ela estava de pé na
beira e apreciava seu cigarro que estava chegando ao fim. Ela havia fugido
dos olhares cuidadosos deBea e das investidas de Stevão assim que lembrou
de sua mãe durante uma música tocadapela banda. Na beira daquela espécie
de precipício ela se perguntava constantemente o que aconteceria se jogasse
dali. Sua alma descansaria? Queimaria no inferno? Vagaria pelo resto da
eternidade? Ela sentiria alguma coisa? Sua dor e angústia iriam embora?
Sentiriam a sua falta? As vozes dos seus sonhos ainda iriam lhe perseguir?
Sua mente fazia perguntas cuja as respostas eram incertas ou até mesmo
ausentes. Ela simplesmente não sentia vontade de viver.
- Droga! – Disse um rapaz ao notar a altura do lugar. Anna se assustoue ele
segurou sua mão para que ela não caísse. – Quase hein. – Anna se sentou na
beirada, jogou o resto do cigarro fora e voltou seu olhar furioso para o rapaz.
Era o mesmo rapaz que ela havia visto naquele dia mais cedo.
- Você se importa de ir embora? - Esbravejou.
- Sim. Aqui é meu lugar de fumar. – Sorriu e mostrou o baseado aceso. – Eu
preciso de um descanso depois de tirar um monte de foto superficial daquele
bando. Você se importa de se matar depois que eu terminar minha brisa?
- Sim. – Anna retrucou rispidamente.
- Então temos um problema, porque se você se jogar vão achar que eu te
deixei louca e por isso se matou. Não posso ser preso, tenho um filho para
sustentar, moça.
- Dane-se! – Anna gritou.
- Ok. – Ele começoua mexer na câmera fotográfica que estava dependurada
em seu pescoço. – Posso tentar te mostrar uma coisa antes de vocêabraçar a
morte? – Ele jogou o baseado fora.
- O que é? – Ele mostrou uma foto dela na cozinha enquanto ela olhava para
a parede desbotada.
- Não queria dizer nada, mas minha câmera se apaixonou porvocê. – Sorriu.
– Isso não costuma acontecer.
- Por que vocêestá fazendo isso? – Anna olhou para ele sem ódio dessavez.
- Porqueeu queria que você posassepramim, mas não possofazer isso com
um cadáver. – Os dois riram. - Se você quiser se matar depois, eu não dou a
mínima, mas não priva minha câmera de contemplar esses olhos. – Sorriu. –
Vamos embora daqui. Hoje não é o seu dia de morrer, Anna. – Ele ajudou
Anna a descere a segurou em seus braços poralguns segundos. Nesse curto
período detempo ela podesentir um calor gostoso quehá tempos não sentia.
O toque dele havia causado arrepio em cada canto do seu corpo.
- Vamos então. – Disse Anna se afastando dele e passando a mão em seus
braços.
- Sério? – Ele tirou a jaqueta de couro preta e a colocounela que o encarou
surpresa.
- Vamos fazer essas malditas fotos. – Disse Anna revirando os olhos.
- Eu me chamo Edgar, a propósito.
Eles fugiram pelos fundos do lugar, subiram na moto velha do rapaz que
estava estacionada e rodaram pelas ruas da cidade até chegarem ao prédio
antigo em que ele morava um pouco afastado do centro situado na rua
Solitude. Ao entrarem no prédio deram de cara com uma senhora baixinha
de sorriso acolhedor que abraçou o rapaz.
- Finalmente você apareceu, Edgar. – Brigou comele e Anna riu.
- Estive ocupado comalguns trabalhos esses dias, Lucy. – Sorriu.
- Trabalho ou você estava usando aquelas porcarias? – Ela soltou Edgar e
apertou seu rosto com a mão checando para ver se ele estava com os olhos
vermelhos.
- Eu estou bem, querida. – Abraçou Lucy novamente.
- Você sempre diz isso. – Ela apertou Edgar ainda mais. – Marley não parou
de chorar desdeontem. – Eles se soltaram.
- Irei cuidar dele. - Edgar sorriu e Anna poderepararno quanto aquele sorriso
lhe parecia bonito. – Tenha uma boa noite, Lucy. – Ele beijou o rosto da
senhora delicadamente.
Edgar e Anna subiram de escada até o segundo andar e entram no
apartamento. Anna olhava ao redor e notava cada detalhe do lugar. Era um
lugar bagunçado, roupas espalhadas pelo chão, fotos dependuradas que
mostravam mulheres nuas, pessoas aleatórias epaisagens tiradas porele. Não
era muito grande, haviam apenas dois quartos, sala, cozinha e banheiro. As
paredes estavam desbotadas e o teto um tanto manchado. No centro da sala
havia uma mesinha de centro com um violão sobre ela assim como havia
cocaínae algumas bitucas de cigarro. Na cozinha a louça suja transbordava
e pedia arrego, sobre a mesa estavam algumas garrafas de whisky. A porta
entre aberta do quarto dele deixava à mostra uma cama por fazer e mais
roupas espalhadas pelo chão. Um filhote de labrador preto apareceu de súbito
e acabou porassustar Anna.
- Marley! – Gritou Edgar pegando o filhote no colo. – Quer dizer que você
esteve chorando todos esses dias? – Ele abraçou bem forte o cachorro.
- É uma referência ao filme? – Questionou Anna.
- Não. Ao cantor mesmo. – Os dois riram e Edgar colocou o cachorro de
volta no chão.
- Você pode se trocar no estúdio, lá existem algumas roupas diferentes ou
você podeficar assim que está ótimo.
- Essas mulheres que estão portoda a parte, elas são modelos?
- São mulheres comquem eu dormi. Elas pediram para que eu tirasse as fotos
e as eternizassem. Algumas eu desenhei em um caderno de rabisco que eu
tenho. – Ele colocouas mãos nos bolsos da calça em um gesto tímido.
- Então você é uma espécie de artista?
- Eu souuma espécie deperdido no mundo. Olha só esse apartamento, Anna.
- Não há nada de errado comele. – Anna caminhou até o estúdio e encostou
a porta. Edgar acendeu um cigarro, preparou a câmera e aguardou até que ela
o chamasse. Ele notou que ela colocou para tocar The XX em seu celular e
sorriu. Anna saiu do quarto apenas vestindo a jaqueta de Edgar que ficou um
tanto surpreso. – Não vamos fugir da regra, vamos? – Ela jogou o celular
sobre o sofá e ele ainda tocava a música, era uma playlist da banda com
música como Together, Angels, Intro, entre outras. – Eu não quero ficar
naquele estúdio. – Anna caminhou até Edgar, pegou o cigarro de sua bocae
passoua fuma-lo. – Eu quero estar em cada canto dessasua bagunça.
As fotos foram tiradas. Anna posou em cada canto daquele pequeno
apartamento, ora usando a jaqueta de Edgar, ora completamente nua. Ela não
precisava se esforçar para parecer algo proibido, os olhos verdes e o cabelo
castanho bagunçado realçavam o que Edgar tentava não sentir. Ele pensava
a todo momento em que havia se metido já que aquela estranha despertava
nele um desejo ardente, mas ele não podia tocá-la a menos que ela pedisse e
Anna dava indícios que estava pouco se importando para o olhar de desejo
dele. Era tudo um jogo para ela, estar ali sendo desejada por ele através da
lente da câmera era algo que a aquecia e aquilo lhe fazia bem. Naquele
momento ela estava feliz de não ter se jogado do alto daquela casa noturna.
Ela sorria, mordia o lábio, jogava seucabelo diante do rosto edepois o tirava
tentando parecer delicada, deitava no sofá, sentava na mesinha de centro,
sentava na bancada da cozinha de pernas abertas e sorria diante da câmera.
Era inegável a paixão que a câmera dele sentia por ela e aquilo massageava
o ego da jovem de 19 anos. A última foto tirada foi na cama de Edgar. Anna
ficou de joelhos sobrea cama, colocouparte do cabelo para cobrir a metade
do rosto e olhou misteriosamente para a câmera mordendo o lábio.
- Acho acabamos. – Edgar tirou a câmera do rosto e a colocoude lado sobre
a cômoda. – As fotos ficaram ótimas.
- Então terminamos?
- Sim.
- Ótimo. – Anna levantou da cama e pegou o celular na sala para checar a
hora, eram 2 horas da manhã.
- Se você quiser, pode dormir aqui e ir embora amanhã. Eu fico na sala e
vocêno quarto. – Edgar sorriu aparecendo na sala. – Eu vou tomar um banho,
tem algumas roupas minhas espalhadas pelo chão, acho que até tem alguma
coisa de uma garota que dormiu aqui há uma semana. Você pode...
- Eu me viro. – Anna sorriu. Edgar caminhou até o banheiro já tirando a
camisa e encostou a porta. Anna sentiu vontade de ir atrás dele, uma
curiosidade que consumia seu corpo. Ela pôde ouvir o barulho do chuveiro
ligado e isso só aumentava o desejo de entrar naquele banheiro. Ela
caminhou até a porta e pensou duas vezes no que aquilo resultaria para
ambos, tirou a jaqueta que usava e a jogou no chão. Entrou no banheiro e
Edgar ficou surpreso ao vê-la, trancou a porta e se aproximou dele que
permanecia imóvel admirando o corpo dela. Ele até tentou dizer algo, mas
ela colocou o dedo em sua boca impedindo que ele dissesse algo. Edgar se
encostouna parede do boxe Anna olhou para o corpo do rapaztodo definido
molhado com aquela água quente formidável. Ela beijou a tatuagem dele
olhando para desespero deEdgar que sequer a tocava. Ele já podia imaginar
o quefaria comela, seu coração estavadisparado eele desejava imensamente
estar dentro dela. Anna o beijou mordendo seu lábio e depois foi para
debaixo do chuveiro. Ao ver Anna nua debaixo da água, Edgar não se
conteve mais e a agarrou sem pudor. Ele a colocoucontra a parede e passou
a mão por cada canto do corpo dela. Anna podia sentir o calor tomar conta
do seu corpo, não estava mais no automático como havia estado com outros
rapazes nos últimos meses. Edgar a mordia, sugava, beijava e a deixava cada
vez mais envolta em um prazer inarrável. Os olhos verdes encontraram os
olhos castanhos e ele finalmente estava dentro dela. Ela estava prontapra ele
e vice-versa. Os gemidos esbravejavam o prazer sentido nos movimentos que
ambos os corpos faziam, chegava a ser uma sinfonia de desejo pulsando em
ambos e sendo colocadapara fora da maneira mais maravilhosa possível. E
foi de pé naquele banheiro grotesco, molhada pela água daquele chuveiro,
comEdgar entrando e saindo dela, fazendo o proibido por muitos com aquele
desconhecido que Anna sentiu seu coração descongelando.
Capitulo 1   não se jogue

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Capitulo 1 não se jogue

  • 1. “Estar com ela era como ter meu estômago esmagado inúmeras vezes e gostar disso. Seus olhos verdes me encaravam e desvendavam a minha alma de uma maneira surreal. A lente da minha câmera a amava em todos os aspectos. Ela era a minha droga favoritae mais prejudicial,porque não existiaum manual de como amar alguém. Ela me destruiu em milhares de pequenos pedaços, tive que juntar meus restos, ainda assim toda vez que meu corpo se unia ao dela, eu pedia imensamente por mais. - Edgar Assis.
  • 2. Capitulo 1: Não se jogue. Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo imensamente bem. Ela repetia inúmeras vezes a frase dita por Bea, sua irmã, no momento mais difícil da vida. Ela estava se mudando para longe. Uma cidade do interior de São Paulo, poucos habitantes. Passaria as férias por lá, talvez moraria. Os olhos verdes olhavam intensamente para fora do carro em movimento, o cabelo castanho escuro mediano bagunçado, a pele branca sentia o frio mais rigoroso que estava passando pelo estado em julho de 2016. Beatriz, para os íntimos Bea, dormia profundamente ao seu lado no banco traseiro do carro, chegava a roncar em breves momentos. O coração da jovem ao lado estava pesado como secarregassemilhares de tijolos vermelhos nele, a angústia era a sua melhor amiga e a tristeza fazia visitas a todo momento. - Estamos quase chegando. – Mencionou o pai que dirigia atento a estrada escura. Anna apenas sorriu tentando parecer não forçar muito alguma simpatia. Não queria estar ali, não queria ter que abandonar Santa Catarina para morar em uma cidade que até ontem era apenas para passar as férias. Por outro lado, queria deixar a amarga lembrança da tragédia vivida para trás. Há uma semana ela tinha visto o paina cama coma tia porparte demãe. Aquela imagem repetia-se em sua mente da mesma forma que se repetia o dia em que sua mãe morreu. Era uma história a parte, algo sombrio que ocorreu há dois anos quando ela estava para completar 17 anos. Naquele momento chegando aos seus 19 e perdido o ano, não sabia lidar com todos os sentimentos turvos que o seu coração carregava. Essa era Anna, a garota pela qual a câmera de um fotógrafo se apaixonou. ... Monterrey era uma cidade de interior com vislumbres de prédios históricos dos séculos 18 e 19, o passado fazia contraste com o futuro apresentado em casas bem planejadas e sofisticadas. No centro da cidade os prédios se alternavam entre o novo e o velho. Restaurantes ainda usavam a capa das discotecas e pubs dos anos 80 como decoração, enquanto algumas baladas reforçavam o eletrônico com decorações futuristas e de última geração. Era uma cidade única que não ficava tão no interior de São Paulo. Pelo contrário, não demorava muito para chegar na capital, apenas uma hora de carro. Não era muito conhecida, mas habitava cerca de 20 mil habitantes e carregava consigo uma renda muito boa. Antigamente, a família de Anna costumava passaras férias por lá, pois sua mãe era dessapequena cidade e era mais um caso da menina que saiu do interior para se deslocar para a capital quando começou a faculdade. Em algum momento dessa vida maluca seu caminho
  • 3. se desviou de percurso, ela casoucom o namorado de faculdade e se mudou de vez para Santa Catarina deixando para trás o pai orgulhoso e uma irmã que não havia saído da cidade. Olhar para Anna era como ver a imagem de Cíntia sendo refletida em um espelho de maneira surreal, os mesmos olhos verdes que escondia segredos da alma, o mesmo sorriso tímido e a pele branca, mas não tão pálida similar à desua mãe. Era impecável asemelhança. Cíntia havia partido deixando no mundo suaimagem e semelhança concreta. Não tinha muito do pai, pra ser mais sincero, não tinha absolutamente nada do Rodrigo, seu pai, e aquilo não a perturbava nenhum um pouco. Poroutro lado, Bea era inteira seu pai, cabelo cacheado preto e comprido, pele branca rosada e olhos castanhos escuro, era simpática ao extremo e tinha o maior cuidado comAnna porsermais velha queela. Beatriz havia passado naOAB e estava a todo vapor para passarem um concurso para ser juíza, iria passar as férias em Monterrey antes de voltar aos estudos constantes. - Chegamos. – Disse Rodrigo ao estacionar em frente a um sobrado antigo, porém conservado. Era onde morava Susane, tia de Anna e Bea, e sua filha de 16 anos, Lorena. As duas estavam esperando na varanda térrea da casa. Rodrigo chamou por Anna que havia adormecido e em seguida a mesma acordouBea. Todos desceramdo carro. - Vocês demoraram. – Disse Susane ao se aproximar de Rodrigo para beijá- lo, porém ele apenas a abraçou brevemente. - Não é uma viagem muito curta, diga-se de passagem. – Rodrigo sorriu. - Tem razão. Vamos, entrem. Fiz um café reforçado para vocês. – Todos entraram na casa e um silêncio inquietante tomou conta. Sentaram-se a mesa por alguns minutos e apreciaram o café da manhã feito como uma simples oferta de paz. Anna mal encostou em sua comida, porém não desistia da xícara de café, já bebia a sua quarta. - Eu e o Rodrigo vamos ao centro da cidade resolver algumas pendências minhas. – Susane se levantou e Rodrigo fez o mesmo. – Fiquem à vontade. Lorena irá mostrar o quarto de vocês e se poracaso o rapaz das fotos chegar, entregue o dinheiro para ele, Lore. – Rodrigo tentou se despedir de Anna, mas ela simplesmente não o olhou. Bea acabou por dizer tchau pelas duas e assim o casal deixou a casa. - Aposta quanto que eles vão para um motel. – Reclamou Anna e Bea se engasgou com o suco.
  • 4. - Anna! – Brigou Bea e a campainha tocou. Lorena levantou-se para atender a porta. Era o rapaz das fotos que ficou na sala esperando Lorena buscar o dinheiro no escritório da mãe. – Você não deveria ter dito aquilo. - A verdade está aqui para ser dita. – Retrucou Anna. - A Lorena... - Você acha que ela se importa? Ele é mil vezes melhor que o pai dela que traía a tia sempre que podia. Por pouco essa história toda não vira um filme. – Anna revirou os olhos. - O Stevão quer te ver. Ele vai comemorar o aniversário em uma boate no centro da cidade e nos convidou. – Bea tentou mudar de assunto. - Dispenso. – Anna levantou-se e serviu mais café para si mesma. Ao desviar seu olhar para sala notou que alguém a olhava. Era o moço que aguardava Lorena. Anna não o notou muito bem e voltou seu olhar para Bea. - Eu não aceito um não como resposta! – Bea levantou. – São nossas férias, Ann. Não faça isso, não se coloque nesse maldito casulo imaginário novamente. - Não acho que tenha algo de errado com a minha solidão, Bea. - Esteja pronta as noves, Ann. É uma ordem. – Bea saiu da cozinha batendo o pé sem olhar para trás. Ela tinha dessas coisas, não sabia lidar com os não de Anna. - Achei seu dinheiro. – Disse Lorena gritando do escritório e saindo dele. – Você aceita uma xícara de café? – Perguntou ao rapaz que apenas sorriu e entrou na cozinha acompanhado dela. Anna tinha seu olhar intacto na parede do canto da cozinha que estava descascando. Lorena serviu café para o rapaz que olhava Anna incansavelmente. – Anna! – Gritou Lorena e Anna saiu do transe. – Você não disse nada de útil até agora. – Riu. - Está se fazendo de louca de novo? - Não é dasua conta. – Anna olhou para o rapaz que a encarava comos olhos castanhos curiosos. Ela reparou brevemente na calça jeans rasgada dele, na blusa vermelha regata desbotada e no corte profundo em seu braço. Carregava no antebraço também uma tatuagem de caveira mexicana bem elaborada e dependurada no pescoço uma câmera fotográfica. Ele sorriu ao encontrar o olhar deAnna e ambos ficaram sem graça. Ele passouamão pelo cabelo preto cacheado mediano e pensou em dizer algo, mas foi interrompido.
  • 5. - Me diz Anna... Você ainda lembra da maluca da sua mãe? – Questionou Lorena e Anna estremeceu. - Lorena. – Disse o rapaz. – Meu pagamento, por favor. – Anna colocou a xícara cheia de café sobrea mesa e saiu dacozinha em direção ao jardim dos fundos. Lorena se divertia por dentro por ter causado alguma angústia na prima. - Aberração. – Disse Lorena rindo e entregando ao rapaz o dinheiro. - Você é doente, Lorena. – O rapaz guardou o dinheiro, saiu da casa sem ao menos se despedir de Lorena e procurou todo instante Anna, subiu em sua moto e quando ajeitou o capacete conseguiu vê-la chegando na parte da frente da casa fumando um cigarro. Ele respirou fundo, sua vontade era largar demão do compromisso quetinha e ficar comaquela menina de olhos confusos, mas acabou fazendo oposto disso. ... - Eu queria saber se você podia me emprestar aquela saia de couro preta. – Disse Bea batendo a porta e entrando no quarto. Anna estava diante do espelho seolhando e tentando achar bonito aquela calça de couro preta, o top azul marinho e a bota de cano e salto alto preta. A maquiagem do seu rosto pesadadava destaqueaos seus olhos que estavam mais verdes do que nunca, o cabelo bagunçado de um jeito sensual a deixava mais linda do que de costume. – Uau! – Bea estava maravilhada no quanto Anna tinha se esforçado. – Você me empresta a saia? - Claro. – Anna sorriu e Beatriz a abraçou, as duas se olharam diante do espelho abraçadas. - Eu fico feliz que você vai com a gente hoje. Nós iremos no Anexo. Você lembra de quando nós sonhávamos que teríamos idade de ir lá? - Sim. Éramos idiotas. - Éramos adolescentes querendo beijar. – Bea sorriu. – Ele está ansioso que finalmente vocês vão se ver. Você vai encerrar o lance do tempo essa noite, não é? - Eu não estou pronta para voltar a ser a namorada dele, Bea. Ou seja lá o que eu fui. - Vocês pertencem um ao outro, Ann.
  • 6. Não, não era isso que Anna sentia pelo Stevão. Um dia, em um verão que ela passou em Monterrey com os pais, conheceu a família desse jovem rapaz alto de sorriso largo e cabelo loiro comprido. Ele era filho do prefeito e tinha a simpatia que muitos elogiavam. Foi paixão à primeira vista, aqueceu o coração por uma noite ou duas, mas depois esfriou. Eles tentaram conciliar um namoro a distância, mas os quilômetros longe foram esmagadores para dois jovens com15 anos cheios de hormônios. Eles prometeram que sempre ficariam juntos caso se encontrassem e estivessem sozinhos e assim foi durante um tempo. Ele foi o primeiro a tocá-la, foi o primeiro a beijá-la, o primeiro a dizer que a amava e não esquecia das noites que havia passado ao lado dela, de cadatoque, de cadarespiração ofegante compartilhada, de cada transa, mas o coração de Anna não era mais aquecido pelo amor do Stevão como antes, pois estava pesado demais desde que perdera a mãe. De fato, vale dizer que ele estava congelado. Nada mudava aquilo. Anna era incapaz de sentir qualquer coisa além de dor. Beatriz e Anna terminaram de se arrumar e foram de encontro a Stevão que as esperava em seu carro junto comseu amigo Roy. Eles se deslocaram para um pub no centro da cidade chamado Anexo. O pai delas não se importava que elas saíssem com eles, ao contrário, esperava que a filha aceitasse as investidas de Stevão para que se ajeitasse na vida. Durante o trajeto apenas Bea e Roy falavam alguma coisa. Anna olhava intensamente a paisagem por fora do carro e se perguntava a todo o momento o que estava fazendo ali, ao lado daquele menino que um dia ela havia gostado. Ao chegarem no local, desceram do carro e entraram no pub sem pegar fila. Stevão era conhecido por todaa cidade porconta do seu pai ser um grande proprietário de terras e ter parcerias com indústrias, além de ser o prefeito. Por isso ele tinha passe livre pelos lugares e todos o contemplavam. - Eu vou buscar algumas bebidas para nós. – Disse Stevão no ouvido de Anna. Ela e Bea subiram para o camarote e se sentaram em bancos para prestigiar o showdeuma bandaquefazia coverde músicas de rock e algumas pop. A casa noturna estava lotada, pessoas se beijando e dançando ao som da banda. Anna olhava para elas e se sentia desconfortáveldiante daquilo. - Olha ali! – Gritou Bea apontando para um rapaz tirando fotos no meio da multidão. – Ele foi lá em casa hoje, lembra? - Não. – Gritou Anna. - Como você não lembra? Ele não tirava os olhos de você. Ouvi dizer que ele tem 24 anos. – Beatriz riu e Anna deu de ombros olhando para o rapaz. – Essas músicas não dão para dançar até o chão. – Reclamou.
  • 7. - Não são para dançar, Bea. São para serem sentidas! - Desculpa aí. – As duas riram. – Acho que vou beijar o Roy. Ele ficou me olhando o tempo todo no carro. Assim eu posso esquecer o Leandro. – Leandro era o namorado de Beatriz desde o colégio, os dois fizeram Direito juntos e ele havia traído ela com sua melhor amiga que não vale a pena mencionar o nome. - Você vai se sentir bem amanhã se fizer isso?! - Qual é, Ann. Eu não transo há um mês, preciso ser um pouco louca igual a você, não acha? - Você é a romântica, não faz seu estilo. - Quem sabe eu não mude meu estilo. – As duas riram novamente. Anna entornou algumas doses da vodka que Stevão havia comprado e de olhos fechados sentia as músicas invadirem seu coração. Em algum momento a banda tocouHeroes do David Bowie e ela se sentiu em casapela primeira vez naquele dia. Stevão tentava a todo momento alguma aproximação, mas Anna permanecia de olhos fechados. Beatriz e Roy tentavam conversar ao som da música alta, mas era quase impossível. Aos poucos Beatriz soubequenão iria beijá-lo, porqueele não compartilhava dos mesmos ideais que ela. Por mais que tentasse dizer a si mesma que podiaser um caso de uma noite, no final de tudo não iria acontecer. É como Anna havia dito anteriormente, ela era uma eterna romântica e isso não mudaria por conta de um ex-namorado idiota. ... Anna olhava o chão do alto do terraço da casa noturna. Ela estava de pé na beira e apreciava seu cigarro que estava chegando ao fim. Ela havia fugido dos olhares cuidadosos deBea e das investidas de Stevão assim que lembrou de sua mãe durante uma música tocadapela banda. Na beira daquela espécie de precipício ela se perguntava constantemente o que aconteceria se jogasse dali. Sua alma descansaria? Queimaria no inferno? Vagaria pelo resto da eternidade? Ela sentiria alguma coisa? Sua dor e angústia iriam embora? Sentiriam a sua falta? As vozes dos seus sonhos ainda iriam lhe perseguir? Sua mente fazia perguntas cuja as respostas eram incertas ou até mesmo ausentes. Ela simplesmente não sentia vontade de viver. - Droga! – Disse um rapaz ao notar a altura do lugar. Anna se assustoue ele segurou sua mão para que ela não caísse. – Quase hein. – Anna se sentou na
  • 8. beirada, jogou o resto do cigarro fora e voltou seu olhar furioso para o rapaz. Era o mesmo rapaz que ela havia visto naquele dia mais cedo. - Você se importa de ir embora? - Esbravejou. - Sim. Aqui é meu lugar de fumar. – Sorriu e mostrou o baseado aceso. – Eu preciso de um descanso depois de tirar um monte de foto superficial daquele bando. Você se importa de se matar depois que eu terminar minha brisa? - Sim. – Anna retrucou rispidamente. - Então temos um problema, porque se você se jogar vão achar que eu te deixei louca e por isso se matou. Não posso ser preso, tenho um filho para sustentar, moça. - Dane-se! – Anna gritou. - Ok. – Ele começoua mexer na câmera fotográfica que estava dependurada em seu pescoço. – Posso tentar te mostrar uma coisa antes de vocêabraçar a morte? – Ele jogou o baseado fora. - O que é? – Ele mostrou uma foto dela na cozinha enquanto ela olhava para a parede desbotada. - Não queria dizer nada, mas minha câmera se apaixonou porvocê. – Sorriu. – Isso não costuma acontecer. - Por que vocêestá fazendo isso? – Anna olhou para ele sem ódio dessavez. - Porqueeu queria que você posassepramim, mas não possofazer isso com um cadáver. – Os dois riram. - Se você quiser se matar depois, eu não dou a mínima, mas não priva minha câmera de contemplar esses olhos. – Sorriu. – Vamos embora daqui. Hoje não é o seu dia de morrer, Anna. – Ele ajudou Anna a descere a segurou em seus braços poralguns segundos. Nesse curto período detempo ela podesentir um calor gostoso quehá tempos não sentia. O toque dele havia causado arrepio em cada canto do seu corpo. - Vamos então. – Disse Anna se afastando dele e passando a mão em seus braços. - Sério? – Ele tirou a jaqueta de couro preta e a colocounela que o encarou surpresa. - Vamos fazer essas malditas fotos. – Disse Anna revirando os olhos. - Eu me chamo Edgar, a propósito.
  • 9. Eles fugiram pelos fundos do lugar, subiram na moto velha do rapaz que estava estacionada e rodaram pelas ruas da cidade até chegarem ao prédio antigo em que ele morava um pouco afastado do centro situado na rua Solitude. Ao entrarem no prédio deram de cara com uma senhora baixinha de sorriso acolhedor que abraçou o rapaz. - Finalmente você apareceu, Edgar. – Brigou comele e Anna riu. - Estive ocupado comalguns trabalhos esses dias, Lucy. – Sorriu. - Trabalho ou você estava usando aquelas porcarias? – Ela soltou Edgar e apertou seu rosto com a mão checando para ver se ele estava com os olhos vermelhos. - Eu estou bem, querida. – Abraçou Lucy novamente. - Você sempre diz isso. – Ela apertou Edgar ainda mais. – Marley não parou de chorar desdeontem. – Eles se soltaram. - Irei cuidar dele. - Edgar sorriu e Anna poderepararno quanto aquele sorriso lhe parecia bonito. – Tenha uma boa noite, Lucy. – Ele beijou o rosto da senhora delicadamente. Edgar e Anna subiram de escada até o segundo andar e entram no apartamento. Anna olhava ao redor e notava cada detalhe do lugar. Era um lugar bagunçado, roupas espalhadas pelo chão, fotos dependuradas que mostravam mulheres nuas, pessoas aleatórias epaisagens tiradas porele. Não era muito grande, haviam apenas dois quartos, sala, cozinha e banheiro. As paredes estavam desbotadas e o teto um tanto manchado. No centro da sala havia uma mesinha de centro com um violão sobre ela assim como havia cocaínae algumas bitucas de cigarro. Na cozinha a louça suja transbordava e pedia arrego, sobre a mesa estavam algumas garrafas de whisky. A porta entre aberta do quarto dele deixava à mostra uma cama por fazer e mais roupas espalhadas pelo chão. Um filhote de labrador preto apareceu de súbito e acabou porassustar Anna. - Marley! – Gritou Edgar pegando o filhote no colo. – Quer dizer que você esteve chorando todos esses dias? – Ele abraçou bem forte o cachorro. - É uma referência ao filme? – Questionou Anna. - Não. Ao cantor mesmo. – Os dois riram e Edgar colocou o cachorro de volta no chão. - Você pode se trocar no estúdio, lá existem algumas roupas diferentes ou você podeficar assim que está ótimo.
  • 10. - Essas mulheres que estão portoda a parte, elas são modelos? - São mulheres comquem eu dormi. Elas pediram para que eu tirasse as fotos e as eternizassem. Algumas eu desenhei em um caderno de rabisco que eu tenho. – Ele colocouas mãos nos bolsos da calça em um gesto tímido. - Então você é uma espécie de artista? - Eu souuma espécie deperdido no mundo. Olha só esse apartamento, Anna. - Não há nada de errado comele. – Anna caminhou até o estúdio e encostou a porta. Edgar acendeu um cigarro, preparou a câmera e aguardou até que ela o chamasse. Ele notou que ela colocou para tocar The XX em seu celular e sorriu. Anna saiu do quarto apenas vestindo a jaqueta de Edgar que ficou um tanto surpreso. – Não vamos fugir da regra, vamos? – Ela jogou o celular sobre o sofá e ele ainda tocava a música, era uma playlist da banda com música como Together, Angels, Intro, entre outras. – Eu não quero ficar naquele estúdio. – Anna caminhou até Edgar, pegou o cigarro de sua bocae passoua fuma-lo. – Eu quero estar em cada canto dessasua bagunça. As fotos foram tiradas. Anna posou em cada canto daquele pequeno apartamento, ora usando a jaqueta de Edgar, ora completamente nua. Ela não precisava se esforçar para parecer algo proibido, os olhos verdes e o cabelo castanho bagunçado realçavam o que Edgar tentava não sentir. Ele pensava a todo momento em que havia se metido já que aquela estranha despertava nele um desejo ardente, mas ele não podia tocá-la a menos que ela pedisse e Anna dava indícios que estava pouco se importando para o olhar de desejo dele. Era tudo um jogo para ela, estar ali sendo desejada por ele através da lente da câmera era algo que a aquecia e aquilo lhe fazia bem. Naquele momento ela estava feliz de não ter se jogado do alto daquela casa noturna. Ela sorria, mordia o lábio, jogava seucabelo diante do rosto edepois o tirava tentando parecer delicada, deitava no sofá, sentava na mesinha de centro, sentava na bancada da cozinha de pernas abertas e sorria diante da câmera. Era inegável a paixão que a câmera dele sentia por ela e aquilo massageava o ego da jovem de 19 anos. A última foto tirada foi na cama de Edgar. Anna ficou de joelhos sobrea cama, colocouparte do cabelo para cobrir a metade do rosto e olhou misteriosamente para a câmera mordendo o lábio. - Acho acabamos. – Edgar tirou a câmera do rosto e a colocoude lado sobre a cômoda. – As fotos ficaram ótimas. - Então terminamos? - Sim.
  • 11. - Ótimo. – Anna levantou da cama e pegou o celular na sala para checar a hora, eram 2 horas da manhã. - Se você quiser, pode dormir aqui e ir embora amanhã. Eu fico na sala e vocêno quarto. – Edgar sorriu aparecendo na sala. – Eu vou tomar um banho, tem algumas roupas minhas espalhadas pelo chão, acho que até tem alguma coisa de uma garota que dormiu aqui há uma semana. Você pode... - Eu me viro. – Anna sorriu. Edgar caminhou até o banheiro já tirando a camisa e encostou a porta. Anna sentiu vontade de ir atrás dele, uma curiosidade que consumia seu corpo. Ela pôde ouvir o barulho do chuveiro ligado e isso só aumentava o desejo de entrar naquele banheiro. Ela caminhou até a porta e pensou duas vezes no que aquilo resultaria para ambos, tirou a jaqueta que usava e a jogou no chão. Entrou no banheiro e Edgar ficou surpreso ao vê-la, trancou a porta e se aproximou dele que permanecia imóvel admirando o corpo dela. Ele até tentou dizer algo, mas ela colocou o dedo em sua boca impedindo que ele dissesse algo. Edgar se encostouna parede do boxe Anna olhou para o corpo do rapaztodo definido molhado com aquela água quente formidável. Ela beijou a tatuagem dele olhando para desespero deEdgar que sequer a tocava. Ele já podia imaginar o quefaria comela, seu coração estavadisparado eele desejava imensamente estar dentro dela. Anna o beijou mordendo seu lábio e depois foi para debaixo do chuveiro. Ao ver Anna nua debaixo da água, Edgar não se conteve mais e a agarrou sem pudor. Ele a colocoucontra a parede e passou a mão por cada canto do corpo dela. Anna podia sentir o calor tomar conta do seu corpo, não estava mais no automático como havia estado com outros rapazes nos últimos meses. Edgar a mordia, sugava, beijava e a deixava cada vez mais envolta em um prazer inarrável. Os olhos verdes encontraram os olhos castanhos e ele finalmente estava dentro dela. Ela estava prontapra ele e vice-versa. Os gemidos esbravejavam o prazer sentido nos movimentos que ambos os corpos faziam, chegava a ser uma sinfonia de desejo pulsando em ambos e sendo colocadapara fora da maneira mais maravilhosa possível. E foi de pé naquele banheiro grotesco, molhada pela água daquele chuveiro, comEdgar entrando e saindo dela, fazendo o proibido por muitos com aquele desconhecido que Anna sentiu seu coração descongelando.