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Carta de amor
                                                                       Daniela Jerónimo -11º I

Esta é a história de dois enamorados que não foram capazes de ter um final feliz, esta é a
nossa história!



Olhaste, olhei! Sorri, sorriste! Continuámos no nosso caminho, tal e qual como dois
desconhecidos, afinal de contas, ainda o éramos.

Começaram as aulas. Voltaste a olhar e eu olhei, mas desta vez desviámos o olhar. Durante
dois meses não te vi. Um dia, de repente, vi-te a entrar na escola, com aquele teu ar sempre
muito atrasado de quem vai para as aulas fazer sabe-se lá o quê. Não reparaste que eu te
observava e seguiste o teu caminho. Horas passaram e o nosso caminho voltou a cruzar-se,
mas desta vez de uma maneira diferente: fomos apresentados, e foi aí que começou o nosso
amor, a nossa luta, e o meu fim. Sim, conheci o meu fim no dia em que te conheci…

Trocas de mensagens, olhares cruzados no meio da escola, encontros às escondidas, e foi
assim que começou o nosso desejado e violento namoro. Contaste-me segredos teus e eu
revelei-te o meu passado, e assim aos poucos fomos criando o nosso mundo, mundo que
julgávamos ser capaz de nos proteger das intrigas e inveja dos outros, mas não. Ainda fomos
felizes, mostraste-me um mundo que eu desconhecia e eu apresentava-te lugares de que
nunca tinhas ouvido falar. Nós éramos assim, apaixonados pelo mundo e pela aventura,
gostávamos de arriscar a passear pelas ruas de Lisboa ignorando comentários invejosos. Foram
manhãs e tardes, dias e noites, contigo do meu lado, cheguei a arriscar dizer que tu, tu… eras o
homem da minha vida, o meu amor perfeito…

Passado algum tempo começou o pesadelo, as intrigas, a inveja, as mentiras alheias
começaram a abalar-nos e já não aguentávamos estar juntos. Aliás, tu afirmavas não conseguir
estar perto de mim...mesmo assim, o nosso amor foi mais forte e provámos ao mundo que
seríamos capazes de ficar juntos (pelo menos, assim julgávamos…).

Mentira! Estávamos tão errados, aliás eu estava tão errada. Tu mudavas a cada dia que
passava e mesmo assim eu amava-te, amava-te como uma mulher ama um homem, e tu?!, tu
nunca me amaste, hoje sei disso…Porquê?!

Fiz por ti o que não faria por mais ninguém, abdiquei dos meus amigos para poder estar
contigo, e tu retribuías isso com traições e mentiras…Porquê?

Lembras-te da semana em que estiveste de cama? Lembras-te de quem foi cuidar de ti? Não te
deves lembrar, aliás tu nem te deves lembrar que existo… para ti nunca passei de uma simples
boneca de quem podias usar e abusar, estava sempre ali para poderes continuar a brincar …

Talvez seja verdade, deixei muito cedo de brincar com bonecas e dediquei-me a amar as
pessoas, a amar-te a ti, que só me soubeste dar desilusões. Gostava que fosse tudo mentira,
ou pelo menos parte de tudo. Se pudesse voltar atrás no tempo tinha duas hipóteses a
escolher: 1-não te ter conhecido ou 2-nunca me ter apaixonado por ti, mas como voltar atrás
no tempo é impossível sou obrigada a viver com a tua sombra a atormentar-me os dias.

Se tu soubesses, mas não sabes, aliás, tu nunca soubeste nada. Não sabes o que é a amizade, o
que é o amor, não sabes a sorte que tiveste… Apesar de tudo, ainda fico feliz com tudo isto,
porque no meio deste pesadelo fizeste-me crescer, por isso ainda te amo, amo-te por seres
uma pessoa tão importante e odeio-te por me teres feito tanto mal.

Fizeste da minha vida uma peça de teatro e nem me avisaste que eu fazia parte do elenco.
Sempre gostaste de representar e usaste-me como tempo de ensaio. Não tens vergonha?! Não
tens vergonha de ter gozado com os sentimentos dos outros?! Pegaste, usaste, abusaste e
largaste. Que idiota! Ah! Como eu te odeio!

Deixaste-me num banco de jardim, sozinha e abandonada, deixaste-me por eu gostar mais de
ti do que tu de mim. Onde é que já se viu?! Mas é crime amar incondicionalmente uma
pessoa?! Tu nunca soubeste aceitar isso muito bem, tu nunca soubeste aceitar o amor que eu
te dava. Cobarde! Idiota! Estúpido!

Sei que um dia mais tarde te vais lembrar de mim, e vais perceber o que perdeste, e quando te
deres conta disso vais ver que já não vou estar à tua espera. Nessa altura já vou ter alguém
que me ame tanto como um dia eu te amei. Espero que tenhas aprendido alguma coisa
comigo, eu contigo aprendi que o amor eterno não existe e que tenho de me amar sempre
primeiro.

Não te esqueço…

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  • 2. escolher: 1-não te ter conhecido ou 2-nunca me ter apaixonado por ti, mas como voltar atrás no tempo é impossível sou obrigada a viver com a tua sombra a atormentar-me os dias. Se tu soubesses, mas não sabes, aliás, tu nunca soubeste nada. Não sabes o que é a amizade, o que é o amor, não sabes a sorte que tiveste… Apesar de tudo, ainda fico feliz com tudo isto, porque no meio deste pesadelo fizeste-me crescer, por isso ainda te amo, amo-te por seres uma pessoa tão importante e odeio-te por me teres feito tanto mal. Fizeste da minha vida uma peça de teatro e nem me avisaste que eu fazia parte do elenco. Sempre gostaste de representar e usaste-me como tempo de ensaio. Não tens vergonha?! Não tens vergonha de ter gozado com os sentimentos dos outros?! Pegaste, usaste, abusaste e largaste. Que idiota! Ah! Como eu te odeio! Deixaste-me num banco de jardim, sozinha e abandonada, deixaste-me por eu gostar mais de ti do que tu de mim. Onde é que já se viu?! Mas é crime amar incondicionalmente uma pessoa?! Tu nunca soubeste aceitar isso muito bem, tu nunca soubeste aceitar o amor que eu te dava. Cobarde! Idiota! Estúpido! Sei que um dia mais tarde te vais lembrar de mim, e vais perceber o que perdeste, e quando te deres conta disso vais ver que já não vou estar à tua espera. Nessa altura já vou ter alguém que me ame tanto como um dia eu te amei. Espero que tenhas aprendido alguma coisa comigo, eu contigo aprendi que o amor eterno não existe e que tenho de me amar sempre primeiro. Não te esqueço…