O documento descreve a evolução do Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC) após a política mandatória de registro de pesquisas clínicas no Brasil em 2012. Após a política, o número de registros no ReBEC aumentou substancialmente e o interesse global na plataforma também cresceu. No entanto, permanecem desafios de qualidade dos registros e sustentabilidade financeira para manter o ReBEC no longo prazo.
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ReBEC em números: reflexos da política mandatória em pesquisa clínica na trajetória do Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos
1. ReBEC em números:
reflexos da política mandatória em pesquisa clínica na trajetória do
Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos
Luiza Rosângela da Silva Pesquisadora LICTS/Icict/Fiocruz Coordenadora do Rebec/Icict/Fiocruz (Brasil)
Josué Laguardia - Pesquisador LIS/Icict/Fiocruz Coordenador do Rebec/Icict/Fiocruz
e Vice-Diretor de Ensino e Pesquisa do Icict/Fiocruz (Brasil)
Marcelo Rodrigo d Avelar Bastos Alves Mestrando Ensp/Icict e revisor no Rebec (Brasil)
Daniel Pereira Eiras Nutricionista e revisor no Rebec (Brasil)
Vanessa Lima - Doutoranda Ensp/Icict e revisora no Rebec (Brasil)
Diego Gomes Tostes – Físico e Gerente de Tecnologia de Informação no ReBEC/Icict/Fiocruz (Brasil)
Eduardo Alves C. Lima Graduando em Comunicação pela Unesa e programador no Rebec (Brasil)
Giancarlo Campos Maturana - Graduando em Comunicação pela Unesa e ex- revisor no Rebec (Brasil)
Alexandre Moretto Ribeiro - Doutor em Sistemas de Informação. Instituto Communitas e Consultor para o Rebec (Brasil)
2. INTRODUÇÃO
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Netherland
s
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Africa
n
Sri
Lanka
O Registro Brasileiro de
Ensaios Clínicos - Rebec é o
único repositório em língua
portuguesa entre os 15
membros da International
Clinical Trials Research
Platform (ICTRP / OMS).
3. INTRODUÇÃO
O ReBEC oferece registro e curadoria de dados científicos em
concordância com as novas tendências do campo da gestão da
informação e/ou do conhecimento - abertura de dados
científicos, publicações ampliadas
(“threaded publications”), reúso da informação por outros
sistemas de outros setores e por sistemas BigData.
Bilíngue: também em inglês - e, ocasionalmente, em espanhol -
, colabora para dar à pesquisa clínica realizada no Brasil uma
nova, peculiar e privilegiada visibilidade no cenário global.
4. INTRODUÇÃO
Faz "ponte" entre as vias verde e dourada de acesso livre à
informação científica, por meio da curadoria precisa e da
interoperabilidade de dados com sistemas do circuito clínico
nacional (Plataforma Brasil) e internacional (ICTRP/OMS).
Concebido segundo a filosofia da abertura (openness) com base no
OpenTrials, desde 2010 dá acesso irrestrito à informação prestada
pelo registrante.
Em 2013 iniciou o ReBEC 2.0, um aperfeiçoamento dos
processos inerentes à sua missão.
5. OBJETIVOS
Analisar a evolução do registro e recuperação nacional e
internacional da informação oferecida em regime de acesso livre
pelo ReBEC identificada, pelos autores, como sendo consequência
da política brasileira específica e mandatória para o registro de
pesquisa clínica.
Os autores levaram em conta que não houve
qualquer recurso orçamentário que pudesse ser
destinado à divulgação da plataforma após o
anúncio da obrigatoriedade.
6. OBJETIVOS
Lançar o alerta para a falta de sustentabilidade inerente
a uma plataforma que nasce como projeto, mas que
passa a atender uma demanda permanente e
mandatória, diretamente referida à soberania.
Exige sua plena institucionalização na
forma de política.
7. METODOLOGIA
A análise consistiu de um estudo comparativo com recorte temporal
de 2 anos compreendendo o período anterior e posterior à
implantação da plataforma, sob as categorias:
(1) número de registros;
(2) alcance geográfico do interesse pela informação do ReBEC no
mundo.
Foram utilizados dados do Google Analytics (o Rebec é cadastrado
desde 2012) e do sistema de controle interno do ReBEC, desenvolvido
(e disponível em código aberto) para prover controles não disponíveis
na plataforma OpenTrials original.
8. METODOLOGIA
Os gráficos gerados a partir das séries históricas, nas duas
ferramentas, puderam então ser analisados, enfatizando-se
ora sua convergência, ora sua complementaridade para
verificar a consistência da hipótese.
Outros meios foram relacionados à análise, como o
aumento dos atendimentos telefônicos e por email, mas
não foram contabilizados para este trabalho.
9. RESULTADOS
O crescimento dos números nas dimensões escolhidas demonstra
a influência da política mandatória, colocada em vigor em junho de
2012. Esse crescimento se dá tanto entre registrantes da esfera
pública como da indústria.
A média de ensaios novos no período de dezembro de 2010 a
junho de 2012, data de lançamento da obrigatoriedade, era de
35. Em junho de 2102 havia 47 novos ensaios na base, sendo
que em julho registram-se novos 70, e em agosto já eram 93.
10. RESULTADOS
O trabalho dos revisores não foi multiplicado por dois, mas por quatro.
Ao aumento nos registros novos somam-se dois ou três retornos de
cada estudo, com os erros de preenchimento.
11. RESULTADOS
A oferta de informação gerou crescente
tráfego também de fora do país.
Comparação para o indicador “Novos
usuários” no mundo. Considerando que a
política mandatória surge em junho de
2012, apresentamos no primeiro mapa
informação da variação entre maio e
setembro de 2012; o segundo vai de janeiro
a setembro de 2014. Nota-se que além de
aumentar o uso no Brasil, novos focos de
consulta surgem em todo o mundo.
Angola e Moçambique aparecem como
usuários.
12. RREESSUULTLATDAODSOS
Série histórica: de janeiro de 2012 a dezembro de 2012; de dezembro de
2012 a dezembro de 2013; e de dezembro de 2013 a setembro de 2014,
mostrando a evolução do número de novos registros por mês no ReBEC
Gráfico mostra
campos mais
corrigidos pelos
revisores desde o
início da política
mandatória até
setembro de 2014.
13. RESULTADOS
Sem reflexo sobre a qualidade do preenchimento. A
maior variação está em quesitos que não dependem
de competência acadêmica.
Mais clara fica a proporção de erros derivada de
problemas metodológicos no desenho da
pesquisa.
14. RESULTADOS
Nos projetos com financiamentos públicos - que são maioria
no Brasil - o preenchimento geralmente fica a cargo não do
pesquisador responsável, mas de bolsistas e estagiários com
pouca experiência ou formação acadêmica deficiente.
No conjunto, observou-se que a qualidade dos registros
da indústria farmacêutica, que, geralmente mantém
pessoal com formação e experiência na área.
15. CONCLUSÕES
O projeto ReBEC 2.0 foi concebido tendo em mente as novas
tendências do acesso livre e da comunicação e informação
científica, como as threaded publications e a interoperabilidade
com sistemas de Big Data, entre outras.
A dificuldade orçamentária deriva da indefinição no
processo de institucionalização do registro na inter-relação
entre suas entidades criadoras – OPAS, Fiocruz e Ministério
da Saúde, além do papel modulador de demanda da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
16. CONCLUSÕES
Decerto, contribuiu para a obrigatoriedade desta política o arcabouço
legal brasileiro mais amplo, voltado para o acesso à informação de
modo geral e no setor saúde (Lei de Acesso à Informação, Política
Nacional de Informação e Informática em Saúde e outras medidas).
A comunidade acadêmica ainda não está preparada para o bom
preenchimento dos formulários; permanecem dúvidas
conceituais, derivadas de um conhecimento metodológico
insuficiente para o registro.
17. CONCLUSÕES
A política mandatória para aprovação de pesquisa clínica por
comitês de ética é antiga no Brasil, mas a obrigatoriedade de registro
do desenho, desfechos e outras informações - com suas
implicações óbvias para a publicação de resultados - é mais nova:
trata-se de uma Resolução da Diretoria Colegiada da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (RDC36/2012).
Como não houve nenhuma ação de divulgação, por falta de
recursos, dentro ou fora do Brasil, não há outros motivos que
possam justificar o aumento no número de registros.
18. CONCLUSÕES
O desenvolvimento - bem como a contratação de mais
revisores que possam fazer a curadoria dos dados e
atendimento do público por telefone e email - está ameaçado
pelo corte de recursos - um único aporte em 2010, ocorrido no
nascimento do Rebec, como projeto.
Está previsto desde outubro de 2013 um repasse emergencial, mas,
apesar do comprovado sucesso do mandato, não houve, até o momento,
definição de fontes financiadoras que garantam à plataforma
manutenção ou expansão como uma política nacional, afinada com o
progresso da C&T como pilar de soberania.