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RIMA
   RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL




IMPLANTAÇÃO E PAVIMENTAÇÃO DO CONTORNO
 RODOVIÁRIO DO CABO DE SANTO AGOSTINHO
                                         Foto: Hector Diaz




              Março de 2010
SUMÁRIO


1 - O CONTORNO RODOVIÁRIO DO CABO...................................................... 5


2 - O PROJETO DE ENGENHARIA ..................................................................... 9


3 - O DIAGNÓSTICO AMBIENTAL................................................................... 15


4 - AVALIAÇÃO AMBIENTAL........................................................................... 38


5 - MEDIDAS MITIGADORAS, COMPENSATÓRIAS E PBA’S ............................. 50


6 - CONCLUSÕES DO ESTUDO ....................................................................... 58




                                              2 de 61
O RIMA

O presente documento foi elaborado pela empresa A SOLUÇÃO ENGENHARIA,
CONSULTORIA E MEIO AMBIENTE, e corresponde ao Relatório de Impacto Ambiental -
RIMA do projeto de “IMPLANTAÇÃO E PAVIMENTAÇÃO DO CONTORNO
RODOVIÁRIO DO CABO DE SANTO AGOSTINHO”, que está sendo planejado
pela Empresa SUAPE.
Este documento corresponde ao resumo não técnico do Estudo de Impacto
Ambiental - EIA, onde se apresentam de forma mais clara e didática os principais
aspectos relacionados com o empreendimento analisado, de tal forma a permitir
que pessoas interessadas possam entender a proposta e as consequências
ambientais da mesma, sem precisar ter um conhecimento técnico prévio dos
assuntos abordados.
No documento poderão ser consultados os aspectos mais relevantes da etapa de
diagnóstico, os prognósticos futuros com e sem o empreendimento e a avaliação de
impacto ambiental.
Para informações mais detalhadas dos estudos realizados, deverá ser consultado o
estudo principal que é o EIA na biblioteca da CPRH, na Empresa SUAPE ou na
prefeitura do município do Cabo de Santo Agostinho.




Panorâmica da Caninha 51 na BR-101 onde finalizará o Contorno do Cabo




                                        3 de 61
A EQUIPE TÉCNICA
Em atendimento ao Termo de Referência e à Resolução do CONAMA 001/86, foi
conformada uma equipe multidisciplinar de técnicos, conforme se relaciona no
organograma a seguir:




A CONFORMIDADE LEGAL DO EMPREENDIMENTO

O empreendimento em aprecio vem seguindo rigorosamente todos os tramites
legais para implantação, tanto no tocante ao órgão ambiental do estado de
Pernambuco CPRH (onde se encontra na etapa de Licença de Implantação sob o
processo CPRH n° 9866/2009), como também junto a outros órgãos como a
Prefeitura do Município do Cabo, IPHAN, DER e DNIT.
Na análise jurídica requerida no EIA, não foi identificado nenhum aspecto que
confronte com a legislação ambiental em vigor, nas escalas Federal, Estadual e
Municipal.



                                 4 de 61
1 - O Contorno Rodoviário do Cabo
O contorno do Cabo de Santo Agostinho, corresponde a uma ligação viária de
7.940m de comprimento que se inicia no entroncamento da TDR-Norte com a PE-
28 (Acesso a Gaibu, em área do Complexo Industrial Portuário de SUAPE), e finaliza
na rótula existente na BR-101 nas imediações da Companhia Müller de Bebidas
Nordeste (Caninha 51).




                                   5 de 61
Como seu nome o indica, a nova rodovia contornará a cidade do Cabo pelo lado
leste, possibilitando o desvio do fluxo de veículos pesados que se dirigem ou deixam
o Porto de Suape em sentido Recife, evitando a circulação de veículos pesados na
BR-101 e na PE-060 durante a travessia urbana da cidade do Cabo de Santo
Agostinho.




Panorâmica da rotatória da BR-101 nas imediações da Caninha 51. Observe-se na parte alta da foto
a Capela de Santo Antônio do engenho Velho



Concepção e Justificativa
Não é de agora que vem sendo pensada a implantação de uma via expressa que
cumpra a dupla função de facilitar o acesso de veículos pesados ao Porto de SUAPE,
desafogando os seus acessos na PE-060, bem como o intenso tráfego de veículos de
passeio que se direcionam para as praias do litoral sul do estado, e especialmente
para Porto de Galinhas.
A concepção que se tem arquitetada atualmente e que se denomina como “Via
Expressa”, prevê a ligação viária entre a BR-101 e o distrito de Nossa Senhora do Ó,
através da concatenação de eixos viários existentes e novas vias projetadas. Neste
planejamento, o Contorno do Cabo (objeto deste EIA/RIMA) corresponde somente a
uma das suas etapas. Este planejamento já aparece incorporado nos Planos
Diretores dos municípios diretamente beneficiados com esta ligação viária,
notadamente Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, que já consideram no seu
planejamento viário estruturador os diversos trechos que conformam a Via Expressa.




                                         6 de 61
Concepção da Via Expressa – Diagrama Esquemático




Observações: O escopo do presente EIA/RIMA restringe-se ao primeiro segmento da Via Expressa denominado:
Contorno do Cabo.


A Via Expressa reduzirá o percurso entre a rotatória da Caninha 51 e o distrito de
Nossa Senhora do Ó em aproximadamente 5km, mas com notável ganho em tempo
de viagem. A novidade está no modelo de gestão diferenciado que será implantado
                                                   no novo eixo viário. Com efeito,
                                                   a circulação pela Via Expressa
                                                   será precedida de pagamento
                                                   de Pedágio, sendo os recursos
                                                   captados direcionados para o
                                                   Porto de Suape e manutenção
                                                   da       estrada       conforme
                                                   informações     veiculadas   na
                                                   mídia.
                                                 Salienta-se que ainda não se
tem uma definição clara por parte dos gestores de SUAPE e do estado da forma
como será cobrado o pedágio, nem da tarifação do mesmo.


A proposta de duplicação está bem integrada com o restante do
planejamento regional?
Completamente. O projeto do Contorno do Cabo se desenvolve dentro de um
contexto regional em franco crescimento e notória modernização propulsada pelo
crescimento vertiginoso do Porto de Suape. Nessa composição, análise de Planos,
Programas e Projetos (PPPs) com atuação na região, vem evidenciar que o contorno
do Cabo tornar-se-á um dos principais eixos viários de acesso ao Complexo
Industrial de SUAPE, oferecendo maior capacidade de interligação, fluidez e
mobilidade, ampliando, deste modo, a expectativa econômica e o território de
oportunidades na região desse Complexo. Essa via, que também desviará o trânsito
da área urbana do Cabo, servirá ao desenvolvimento estadual, ao mesmo tempo
em que propiciará um maior grau de segurança e menor espaço de tempo de
deslocamento.




                                            7 de 61
O eixo viário proposto, voltando-
                                                   se ao tráfego pesado, que se
                                                   destina à SUAPE – caminhões e
                                                   máquinas –, que chegarão,
                                                   principalmente, à refinaria, ao
                                                   estaleiro, ao pólo petroquímico e
                                                   ao moinho da Bunge, entre as
                                                   outras noventa (90) empresas
                                                   existentes no Complexo, liberará
                                                   o trecho da PE-060 compreendido
                                                   entre a BR-101 e os acessos ao
                                                   porto. A via proposta, portanto,
                                                   amenizará         o       tráfego,
                                                   beneficiando a conectividade
                                                   entre     os   centros   urbanos
existentes no entorno, região de turismo, lazer, unidades e áreas de preservação e
de patrimônio cultural e histórico e, ainda, segunda moradia, que se desenvolve ao
longo da orla do litoral Sul de Pernambuco, ou ainda o acesso ao Litoral Norte de
Alagoas, num processo de expansão da área urbana ou periférica.
Só para a reestruturação do sistema viário de acesso ao Complexo estão previstos
investimentos na ordem de R$ 1 bilhão, distribuído entre a duplicação da PE-060,
construção de via alternativa saindo da malha urbana do Cabo, Via Expressa, a
construção do anel viário da Região Metropolitana do Recife-RMR que integrará a
BR-101, a BR-232 e a BR-408, a recuperação e adequação da Estrada da Batalha e
mais a ampliação dos acessos de Suape – TDR-Norte, Sul e avenida portuária. Tem-
se ainda a melhoria de alguns acessos às praias, a construção de pontes, para a
adequação e construção de vias, e a Via Parque, que visam maior integração entre
os municípios da RMR e essa área de desenvolvimento. Nesse eixo é destacado
como fundamental a Transnordestina e a melhoria e ampliação do sistema de
transportes, com terminais integrados de ônibus/metrô. Até 2010, vinte e três (23)
projetos em Suape absorverão 6,2 bilhões de dólares. São projetos que
inevitavelmente atrairão novas empresas, fornecedores ou clientes. Além destes,
estão em negociação outros 7,5 bilhões de dólares em investimentos, incluindo uma
siderúrgica e uma fábrica de celulose.
Com todo esse crescimento em SUAPE é necessário o ordenamento da distribuição
do fluxo de passageiros e veículos, ficando claro que o projeto viário do Contorno do
Cabo se insere como peça chave no planejamento estratégico do Porto de SUAPE e
do Litoral Sul do Estado.




                                    8 de 61
2 - O PROJETO DE ENGENHARIA
O projeto de engenharia do Contorno do Cabo de Santo Agostinho está sendo
elaborado pela empresa JBR Engenharia, apresentando como principais
especificidades as seguintes:

       A implantação e pavimentação das duas pistas, separadas por barreiras
       duplas tipo New Jersey. Os canteiros existirão apenas ao longo das áreas
       de retorno;
       A implantação de duas áreas de retorno;
       A travessia de segmentos com presença de solos de baixa capacidade de
       suporte e/ou solos moles;
       Travessia elevada sobre a PE-028;
       Travessia das duas pistas sobre a ferrovia em um ponto do traçado;
       Cruzamento em ponte de concreto sobre os Rios Pirapama, e em bueiro
       celular sobre o Riacho Santa Amélia e Afluente do Pirapama;

A seção transversal do contorno do Cabo terá uma largura total de plataforma de
24,65m com pistas de rolamento de 7,00m pavimentadas em concreto asfáltico.
A faixa de domínio será de 20m de lado e lado do novo eixo viário.


                          Seção transversal típica da duplicação




Fonte: Adaptado de JBR Engenharia

A estimativa de movimentação de terra para a implantação do empreendimento,
aponta para um balanço de movimentação de terra próximo positivo, com um
excedente de material próximo de 259.000m³, dos quais aproximadamente
60.000 m³ correspondem a solos moles provenientes das áreas de várzeas
atravessadas pelo eixo viário ao longo do seu traçado.
Os principais pontos de movimentação de terra do projeto estão concentrados em
dois segmentos:




                                       9 de 61
No primeiro quilômetro entre estacas 1280 a 1310 será requerida a
        elevação do greide da rodovia para permitir a passagem por cima do
        primeiro viaduto rodoferroviário previsto. Nesse ponto, a altura do aterro
        poderá atingir alturas próximas dos 18m.
        Após o cruzamento do Rio Pirapama, entre estacas 1.638 e 1.670, onde os
        cortes de escavação atingirão os 26m de altura.
Salienta-se que não foram previstas áreas para empréstimos de solo, sendo a
solução adotada para atender a demanda de aterro, baseada no alargamento
dos cortes em pontos estratégicos do traçado, onde as características dos matérias
de corte eram favoráveis às exigências do material de aterro. Já o atendimento
das demandas de materiais mais nobres como britas e areias, está sendo previsto
pelo projeto a partir de jazidas licenciadas e exploradas comercialmente,
localizadas nos municípios de Cabo, Ipojuca e Jaboatão dos Guararapes.

O projeto da JBR indica dois locais de destinação final de materiais excedentes
das escavações, identificados como bota-fora “sujo” e bota-fora “limpo”. Estes
locais de disposição final apontados pelo projeto são pontos dos bota-fora já
autorizados pelo órgão ambiental do Estado – CPRH e atualmente em atividade
no porto de SUAPE. Assim, considera-se como um aspecto positivo a sinergia que
se estabelecerá entre o Contorno do Cabo e o CIPS em termos da disposição final
de inertes, onde não será requerido impactar novas áreas, mas aproveitar os
locais já existentes. Conforme informações fornecidas pela empresa SUAPE, nove
(9) áreas estão atualmente autorizadas pela CPRH para funcionarem como locais
de bota-fora.
Em termos de Obras de Arte Especiais (OAE) ressalta-se que o projeto prevê dois
(2) viadutos sobre a linha férrea e uma ponte também dupla sobre o Rio
Pirapama, conforme se observa no Quadro a seguir:

                       Características das Obras de Arte Especiais

                                                                        Extensão   Largura
  Estaca       Tipo de Obra            Características Técnicas
                                                                           (m)       (m)
              Viaduto sobre
   1.301                          Fundação em estaca raiz de 410mm,      32,00      13,00
              linha rodoviária
                                  com estrutura em um único vão e
              Viaduto sobre
   1.568                          vigas em concreto protendido. Muros    70,00      13,00
              linha ferroviária
                                  de contenção nas cabeceiras em
              Ponte sobre o rio
   1.628                          alvenaria de pedra argamassada         120,00     13,00
              Pirapama
Fonte: JBR Engenharia


A necessidade de desapropriação
O Relatório de desapropriação fornecido e elaborado pela Empresa SUAPE,
aponta quatro (4) laudos de desapropriação resumidos no Quadro a seguir.




                                         10 de 61
Identificação de Áreas para Desapropriação

     Desapropriado                         Desapropriação                        Área
                           Indenização de plantação de macaxeira e fruteiras
   ELIZABETE SOARES        diversas, situadas no Engenho Boa Vista, entre as
                                                                               19.204 m²
   PEREIRA                 estacas 317 + 9,10m a 9335 + 0,00m, lado direito
                           e lado esquerdo,
                           Indenização de plantação de cana-de-açúcar no
   MEGAÍPE
                           Engenho Cedro, em terra pertencente a Moura
   EMPREENDIMENTOS                                                             24,53 há
                           Dubeux, entre as estacas 550+0,00m a
   AGRÍCOLAS LTDA
                           661+0,00m, lado direito e lado esquerdo.
                           Indenização de plantação de cana de açúcar nos
                           Engenhos Boa Vista, Ilha e Jurissaca, em terras
   USINA IPOJUCA           pertencentes  a    SUAPE,   entre   as  estacas     20,95 ha
                           527+15,00m a 542+5,00m, lado direito e lado
                           esquerdo.
                           Desapropriação de parte da terra a ser
                           desmembrada de uma área maior denominada
   MOURA DUBEUX                                                                24,53 ha
                           Engenho Cedro, entre as estacas 550+0,00m a
                           661+0,00m, lado direito e lado esquerdo

         TOTAL                                                                 71,91 ha
    Fonte: Empresa SUAPE


Salienta-se que a alternativa proposta de traçado não afeta fisicamente nenhuma
comunidade rural e/ou urbana, no entanto, os levantamentos efetuados pela
equipe e a análise posterior de impactos, apontaram como necessário o
remanejamento de aproximadamente quatorze (14) famílias da comunidade do
Engenho Boa Vista, em função da precária qualidade de vida que exibem
atualmente e a previsão de serem pioradas suas condições de vida com a
implantação do projeto.


Os Canteiros de obras
Para a implantação das obras do Contorno do Cabo, está sendo previsto o apoio
logístico através de um canteiro central que atenderá os trabalhos, tanto de
duplicação da TDR-Norte, como os de implantação da obra em apreço.
O canteiro central estará localizado nas proximidades da rotatória que interliga a
TDR Norte, TDR Sul e o acesso principal de SUAPE, ocupando uma área em torno
de 12.000m² que abrangerá as seguintes unidades:

      Escritório Central;
      Laboratório;
      Refeitório 1;
      Escritório de apoio (almoxarifado, EPI’s, Apontadoria, sala dos mestres);
      Refeitório 2;



                                       11 de 61
Escritório da Fiscalização;
      Oficina Mecânica;
      Central de Carpintaria;
      Vestiários;
      Sanitário de Campo;
      Deposito de lubrificantes;
      Guarita;

Adicionalmente serão requeridos três (3) canteiros de apoio para construção das
OAE, notadamente a ponte sobre o Rio Pirapama e os viadutos rodoferroviários.
Estes canteiros auxiliares terão área de aproximadamente 100m², contando com
as seguintes unidades:
      Depósitos;
      Almoxarifado;
      Sala de projetos;
      Sala para fiscais;
      Banheiros químicos;




    Localização do Canteiro Principal do empreendimento



O Cronograma de Implantação
O Cronograma de execução de obras contido no projeto básico da JBR, prevê 540
dias corridos para a implantação dos serviços, dos quais a terraplenagem
representa 420 dias.




                                     12 de 61
As Alternativas Locacionais
Em termos de alternativas locacionais, sempre se partiu da premissa de contornar
a cidade do Cabo de Santo Agostinho
pelo seu lado leste, alternativa esta que
já era prevista pela FIDEM no seu
documento de Metrópole Estratégica.
Dentro desse contexto, foram estudadas
três (3) possibilidades de eixos, levando
em conta a existência de algumas
restrições físicas do terreno, como a
travessia de áreas baixas alagadas com
presença de solos moles, a presença da
linha férrea e a presença de edificações
coloniais que deveriam ser preservadas,
sendo estas especificamente o Engenho
Boa Vista e a antiga estrada de Barreiros
que apresenta um calçamento em pedra
bastante preservado no seu último
trecho. Salienta-se que a proposição de
alternativas na verdade foi um
amadurecimento da solução, que foi
evoluindo na medida que as pesquisas
foram fornecendo mais critérios de
decisão e os diversos atores envolvidos
foram ouvidos.
A Figura ao lado apresenta as três
alternativas     estudadas.     Observe-se
como a Alternativa 1 se afasta
consideravelmente da linha férrea no
seu primeiro trecho, adentrando-se em
áreas     baixas    com     solos    moles,
contornando o vilarejo do Eng. Boa Vista
pela direita, mas cortando a antiga
estrada de Barreiros antes de se tornar
paralela à linha férrea. A Alternativa 2
foi uma tentativa de desviar do vilarejo
do Eng. Boa Vista, já que se acreditava
que a Casa Grande do mesmo
correspondia a uma edificação existente
no Vilarejo datada de 1919. Com o
aprofundamento         das        pesquisas
arqueológicas, foi esclarecido que a
verdadeira Casa Grande do Engenho,
localizava-se no topo de uma colina do lado esquerdo da linha férrea, conforme
se mostra na figura.


                                 13 de 61
Uma vez esclarecido completamente o cenário referente ao patrimônio cultural
existente dentro da AID, foi estruturada uma outra alternativa locacional. Esta
alternativa não prevê o cruzamento da linha férrea no primeiro trecho, mas
diferente da Alternativa 1, o traçado se aproxima o máximo possível da ferrovia,
na tentativa de garantir melhores condições geotécnicas no solo de fundação. A
travessia pelo vilarejo do Engenho Boa Vista seria feita igualmente pelo lado
direito da linha férrea, mas pelo lado esquerdo da casa branca existente, a qual
não seria afetada pelas obras, ao igual que antiga estrada de Barreiros.




(a) Ruínas da Casa grande do Engenho Boa Vista localizada fora da AID do empreendimento (b) Casa
existente localizada no vilarejo do Engenho Boa Vista, e que vinha sendo confundida com a verdadeira casa
grande.




                                            14 de 61
3 - O DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
Os levantamentos efetuados pela equipe técnica estiveram restritos às Áreas de
Influência previamente definidas.
Inicialmente definiu-se uma Área de Abrangência Regional, considerando o
território dos municípios do Cabo de Santo Agostinho até Ipojuca, uma vez que o
contorno do Cabo terá rebatimento direto no tempo de viagem no trecho
rodoviário compreendido entre a rótula da Caninha 51 e à cidade de Ipojuca
para os viajantes que circulam pela PE-060.
Foi considerada como a Área de Influência Direta - AID do empreendimento uma
faixa de 500m de lado a lado da nova rodovia. Isto representa uma faixa de
terreno (para cada lado), vinte (20) vezes maior que a largura total da plataforma
viária prevista para o contorno do Cabo que se situa na faixa de 25m. Para a AII,
esta faixa de terreno ampliou-se para 2000m do eixo no sentido leste, e 2000
para o oeste, considerando como limite físico a PE-060. A figura a seguir ilustra a
concepção de áreas de influência utilizadas no estudo

                   Esquema das Áreas de Influência Adotadas




O meio físico na Região
A região de Suape está inserida na Zona Fisiográfica do Litoral, com clima quente
úmido pseudotropical, classificada como As pelo sistema de Köeppen. Na região
As, o inverno chuvoso se estende no período de março a agosto, com
precipitações entre 200 e 400 mm mensais, com picos em maio, junho e julho; e
com época mais seca nos outros meses, com precipitações em geral menores que
100 mm mensais.
Nesta região se desenvolve o traçado da rodovia expressa do Contorno do Cabo
de Santo Agostinho, atravessando uma região típica da zona da mata
pernambucana, com uma topografia colinosa que domina parte do traçado e que
se alterna com áreas planas de cotas baixas, alagáveis, e que correspondem à
formação geomorfológica de planície costeira. Estas áreas de planície costeira se
verificam principalmente nas imediações da rede de drenagem do Rio Pirapama,
principal curso d’água da área de influência da rodovia expressa do Contorno do
Cabo.




                                      15 de 61
No caso da rodovia de Contorno do Cabo, a relação entre topografia, cobertura
vegetal e uso e ocupação do solo define dois (2) setores diferenciados dentro da
Área Diretamente Afetada – ADA. O primeiro vai do início da rodovia de
Contorno do Cabo na PE-028 (Estaca 1285) até as imediações do vilarejo do
Engenho Boa Vista. Este segmento caracteriza-se por uma cobertura vegetal
densa em estágio avançado de regeneração e uma topografia movimentada com
altitudes máximas da ordem de 35m.
Como aspecto físico importante deste setor destaca-se o alagamento das áreas
baixas que o Riacho Santa Amélia (Riacho Afogadinho segundo os moradores
locais) causa do lado direito da linha férrea, em decorrência de uma pobre
drenagem. Estas áreas baixas alagadas criaram também uma vegetação peculiar
                                                   de várzea adaptada ao
                                                   ambiente      alagado.   Um
                                                   braço deste riacho corta
                                                   novamente a linha férrea
                                                   nas      proximidades     do
                                                   vilarejo do Eng. Boa Vista,
                                                   criando           igualmente
                                                   alagamentos do lado direito
                                                   da linha férrea.

                                                      Salienta-se que, a montante
                                                      da rodovia expressa de
                                                      Contorno do Cabo, o
                                                      Riacho Santa Amélia corta a
                                                      cidade do Cabo aferente a
 Áreas alagadas existentes na AID (279.416,9.080.855)
                                                      PE-060 com sua seção
canalizada em concreto, sendo intensamente impactado pelo lançamento de
esgoto in natura e resíduos sólidos, que comprometem a qualidade das suas
águas. De fato, os alagados formados dentro da AID do projeto, embora
apresentem alguma beleza cênica, são pobres em termos de ictiofauna conforme
depoimentos dos moradores locais.
                                                                                              Foto: Hector Diaz




Panorâmica do vale do Pirapama desde a Capela de Santo Antônio do Engenho Velho (Santo Antônio do
Monte).


                                            16 de 61
O segundo setor se inicia no vilarejo do Engenho Boa Vista e termina na rótula da
Caninha 51 (Estaca 1682). Neste setor, a cobertura vegetal nativa desaparece e a
paisagem é dominada pelos cultivos da cana-de-açúcar. Embora esta
característica seja predominante, este último setor apresenta dois segmentos
diferenciados em topografia: até a margem direita do Rio Pirapama, a estrada
discorre por terrenos de cotas baixas onde os cortes e aterros requeridos serão
pouco expressivos. Após o cruzamento do Rio Pirapama (vertente esquerda), o
relevo torna-se novamente movimentado, com altitudes máximas em torno de
65m e onde a estrada apresentará os cortes máximos, com taludes que podem
superar os 20m de altura.

Geologia – geotecnia - solos
Em termos geológicos, a rodovia insere-se integralmente na Bacia Cabo unidade
geológica pertencente à Província Costeira de Pernambuco, onde ocorrem
                                    sedimentos quaternários e rochas da
                                    sequência vulcano-sedimentar cretácica da
                                    Bacia     de    Pernambuco       (Formações
                                    Algodoais, Província Magmática do Cabo e
                                    Formação Cabo), que foram depositados
                                    sobre um embasamento de rochas
                                    graníticas e migmatíticas de idade pré-
                                    cambriana, que afloram no extremo
                                    noroeste da área de influência da rodovia.
 Arenito fino com intercalado com níveis de
                                       Isto significa que ao longo do eixo viário
 argilito da Formação Cabo
                                       poderão       ser     encontradas         formações
rochosas, ora de arenitos intercalados com folhelhos associados a ambientes
lacustres, ora rochas mais duras, denominadas em terminologia geológica como
traquitos e riolitos. Os afloramentos mais expressivos ocorrem próximos à linha
férrea e na antiga estrada para Barreiros. Contudo, a maior parte do percurso de
8km da rodovia estará dominado pela presença de solos de diversas texturas e
gêneses,     podendo     ser     solos
residuais de formação rochosa nas
encostas e morros, os quais serão
aproveitados como material de
aterro para o corpo estradal, ou
solos de depósitos fluvio-lagunares
que      se     apresentam        com
características mais arenosas nos
denominados aluviões, ou de
características    mais    finas     e
saturadas nos denominados solos
moles, cuja travessia se constitui no
principal desafio técnico do projeto. Afloramento de rochas vulcânicas (traquitos) no leito
Ainda podem ser encontrados do Rio Pirapama próximo ao local onde será
sedimentos      mais    antigos     da construída a ponte da via expressa.
Formação Barreiras, caracterizados


                                              17 de 61
Em termos de solos e de acordo
                                                      com a EMBRAPA (1999) na área de
                                                      influência   do    empreendimento
                                                      ocorrem solos Podzólicos Amarelos
                                                      e Vermelho-Amarelos, Terra Roxa,
                                                      Gleissolos, solos de mangue e
                                                      areias quartzosas.
                                                      Trabalhos     recentes   (Fernandes,
                                                      1999; Teodulo, 2003; Chagas,
                                                      2003) revelam os níveis atuais de
 Contato erosivo entre a Formação Barreiras no topo e metais traço e hidrocarbonetos (HPA
 a Formação Algodoais                                 e HTP) em solos e sedimentos
                                                      superficiais do CIPS. De acordo com
Teodulo (2003) e Chagas (2003) os níveis atuais de metais traço e
hidrocarbonetos (HPA e HTP) em solos e sedimentos superficiais do CIPS
encontram-se abaixo da média dos valores encontrados em outras áreas
portuárias no Brasil e no mundo.

Recursos Hídricos
A área de influência da via expressa a Suape está inserida na bacia do Rio
Pirapama, que juntamente com o Rio Jaboatão, pertencem ao grupo dos
pequenos rios litorâneos (GL 2) denominados no PERH (1998) como UP 15-GL 2.
Além do Rio Pirapama que é cortado pela via expressa do Cabo na Estaca 1.625,
outros dois cruzamentos de cursos de água são verificados ao longo do percurso.
Na altura da estaca 1.323 a rodovia corta o Riacho Santa Amélia, tributário pela
margem direita do Rio Pirapama. Este curso de água é conhecido no setor da via
expressa do Cabo como Afogadinho, e é o responsável pelo alagamento
permanente de áreas a direita da linha férrea, em função das restrições de
drenagem verificadas a jusante da referida ferrovia. Na estaca 1.418
aproximadamente, é verificado um novo cruzamento de um curso de água menor
sem nome na carta de recursos hídricos da SECTMA. Esta rede de drenagem do
Santa Amélia se adentra na AID com a qualidade de suas águas comprometidas
pelo lançamento de esgoto in natura na passagem pela cidade do Cabo.




Lavagem de roupa no Rio Pirapama por moradora do Engenho Velho




                                             18 de 61
As coletas de amostras d’água efetuadas pela equipe, somadas a interpretação
dos registros de monitoramento do Rio Pirapama efetuados periodicamente pela
CPRH, mostram um comprometimento da qualidade das águas em decorrência
principalmente do lançamento de
esgotos.
Com efeito, a integração do
esgotamento sanitário do bairro
COHAB ao Riacho Santa Amélia
aumenta a disponibilidade de
Fósforo    e     Nitrogênio    no
ambiente,      propiciando     um
ambiente      ótimo     para     o
crescimento      excessivo      de
macrófitas     aquáticas.    Estas
afirmações foram confirmadas
com as amostragens de água Amélia até o alagado. sp. no trajeto do Riacho Santa
                                    Presença de Nymphaea

realizadas no Riacho Santa
Amélia, onde o valor do oxigênio dissolvido atingiu um valor de 0,6 mg/l (mínimo
de 5 mg/l para corpo de água classe 2) enquanto que o fósforo (P) foi identificado
com um valor 400% superior ao limite da classe fixado em 0,1mg/l. As condições
do outro córrego que corta a estrada são ainda mais precárias, tendo exibido um
valor de fósforo (P) de 1,21 mg/l e um valor de OD de 0,3 mg/l, ou seja, uma
condição anaeróbia intolerável para a maioria de espécies aquáticas.

Ruídos
Quanto aos níveis de ruídos, a
área onde será a implantação da
via expressa de acesso ao CIPS
apresenta baixo nível de ruído
(inferior a 40dB) condizente com
a ambiência rural que predomina
no trajeto. Já nos pontos de
interseção com PE-028 (acesso a
praia de Gaibu) e com a BR-101,
onde existe transporte rodoviário
intenso, o nível de ruídos se eleva
para valores de 72 dB.
Apesar do baixo nível de ruído
observado na área de influência
direta do empreendimento, é
importante mencionar que na
mesma já existe a linha férrea
que causa alterações periódicas
nos níveis de ruído na área e em
seu entorno. O ruído lateral          Medições de ruído efetuadas na AID
gerado por trens apresenta

                                      19 de 61
algumas características específicas que dependem da velocidade e do tipo de
locomotiva. De modo geral a passagem de um comboio ferroviário gera um nível
de ruído em torno de 85dB a uma distância de 25m.


O meio Biótico nas áreas de Influência
A paisagem da região fisiográfica do Litoral-Mata foi fortemente moldada pela
cultura da cana-de-açúcar que tomou o lugar dos ecossistemas terrestres originais
ao longo dos cinco séculos de desmatamentos. Os remanescentes de vegetação
natural apresentam-se hoje nas suas formas sucessoras, com diferentes graus de
antropismo.
Com efeito, o resultado da alteração da cobertura vegetal pelo homem, embora
seja influenciado pelo clima, por fatores edáficos e topológicos, depende
fundamentalmente do tipo de alteração sofrida, de sua intensidade e duração. A
rigor, todas as fitofisionomias encontradas na área de influência direta são
antropogênicas, diferindo essencialmente se a ação humana foi de degradação
(desmatamentos para cultivo agrícola, aterros, etc) ou perturbação (extração de
madeira com corte seletivo, alteração da drenagem por obras próximas, etc).
Correspondem ao Sistema Secundário, termo usado pelo IBGE (1992) para
designar os sistemas antrópicos que incluem as comunidades secundárias, em
locais onde houve descaracterização da vegetação primária. Encontram-se
trechos considerados como de primeira e quarta fase de sucessão, desde a
colonização inicial de solo desnudo com as primeiras ervas, passando pela
“capoeirinha”, “capoeira rala” e “capoeira” propriamente dita.
Para efeito de mapeamento, convencionou-se adotar seis (6) grandes classes de
cobertura vegetal:
      Vegetação secundária arbórea (VsA): corresponde, na classificação
      proposta pelo EIA/RIMA - SUAPE/CIPS (2000), à “formação florestal aberta”
      (Fa), ou capoeirão. Representa um estágio de sucessão secundária no qual
      há um estrato arbóreo que caracteriza a fisionomia, por vezes com árvores
      emergentes (notadamente praíba, Simarouba amara, e sambaquim,
      Schefflera morototoni, e eventualmente cajá, Spondias mombin).
      Vegetação secundária arbustiva (Vsa): incorpora as categorias
      “vegetação arbustiva” (Va) e parte de “campos antrópicos”, incluindo, por
      vezes, pequenos trechos sítios com vegetação arbustiva e arbórea aberta
      cultivada e vegetação marginal não arbórea de áreas alagadas.
      Campos antrópicos (Ca): caracteriza-se por apresentar vegetação
      predominantemente herbácea, podendo ocorrer ocasionalmente espécies
      arbustivas e arbóreas. Em alguns locais, apresenta-se como início do
      processo sucessional.
      Fruteiras exóticas (Fex): Caracteriza-se por antigos pomares e áreas de
      reflorestamento com mangueiras (Mangifera indica) dominantes, embora
      aí ocorram indivíduos isolados de espécies nativas. Inclui também os
      maciços de S. cumini (azeitona-roxa) onde a espécie é encontrada em


                                     20 de 61
elevada densidade (superior a 80% dos indivíduos), capaz de causar
      impactos ambientais negativos, impedindo a regeneração de outras
      espécies.
      Agricultura(Agr): Fisionomia de Origem Humana – Áreas cultivadas
      (sensu Oliveira Filho), inclui lavouras, pastos e sítios dispostos de forma
      contígua em núcleos de produção familiar.
      Canaviais (Can): caso especial de Agricultura, cuja fisionomia de
      caracteriza por extrema uniformidade e baixíssima diversidade, formada
      por plantios de Saccharum officinarum (cana-de-açúcar).

Evidentemente, a distribuição espacial da vegetação não é discreta, ou seja, não
existem necessariamente limites físicos rígidos entre as fitofisionomias descritas
acima, nem mesmo limites conceituais, ainda mais quando a ação antrópica se
dá por um longo período e de forma não sistemática, criando uma população que
varia amplamente em escala local, tanto em relação à densidade quanto ao porte
e a composição florística. No EIA/RIMA - SUAPE/CIPS (2000) essa variabilidade é
reconhecida quando se informa que a diversidade de condicionantes físicos e
efetiva atuação antrópica são responsáveis por uma cobertura vegetal
extremamente diversificada.
A distribuição destas fisionomias na Área Diretamente Afetada (ADA) pelo
empreendimento (ADA) pode ser conferida no Quadro a seguir. Observe-se como
os canaviais e os campos antrópicos correspondem a mais de 70% da área de
intervenção.

            DISTRIBUIÇÃO ABSOLUTA E PERCENTUAL DO USO DO SOLO NA ADA

                            Uso              Área (há)        %
            Agricultura                         0,3          0,6%
            Campo Antrópico                     9,1         15,7%
            Canaviais                          31,4         54,4%
            Ferrovia                            0,5          1,0%
            Fruteira Exótica                    2,1         3,6%
            Hidrografia                         0,6          1,0%
            Rodovia                             0,5          0,9%
            Solo Exposto                        0,5          0,9%
            Vegetação secundária Arbórea        7,9         13,7%
            Vegetação secundária Arbustiva      1,8         3,1%
            Vicinais                            2,9          5,0%
            TOTAL                              57,7        100,0%




                                     21 de 61
A                                                    B




Primeira (A) e segunda (B) fases da sucessão secundária, com colonização de área degrada por ervas e
subarbustos.




              Aspecto da borda exterior de áreas de “capoeira” (entre a terceira e quarta
              fase de sucessão).




             Vegetação secundária arbórea na área de influência direta da Rodovia
             Contorno do Cabo.




                                               22 de 61
A




                B




         Foto A e B - Áreas classificadas como Fruteiras exóticas, onde Syzygium cumini é
         monodominante, na área de influência direta da Rodovia Contorno do Cabo.

Em termos de flora na AID, as pesquisas de campo identificaram noventa e sete
(97) espécies botânicas, pertencentes a quarenta (40) famílias. A família Fabaceae
foi a que apresentou maior riqueza (vinte e uma (21) espécies), seguida de
Euphorbiaceae e Melastomataceae com sete (7) e seis (6) espécies,
respectivamente. Vinte e três (23) famílias estiveram representadas com apenas
uma (1) espécie. Uma dessas famílias foi a Orchidaceae, representada por
espécie terrestre, encontrada sem floração na área de vegetação arbórea.


                                             23 de 61
Também a Limnocharitaceae, plantas aquáticas, que se encontrou representada
por uma única espécie não determinada, provavelmente dos gêneros Hidrocleys
ou Limnocharis, de ampla distribuição geográfica. A única espécie de pteridófita
reconhecida (família Blechnaceae) também esteve associada à borda de áreas
úmidas, no subosque da vegetação arbórea. Já as espécies de trepadeiras
identificadas são características de áreas abertas, ensolaradas, e foram
encontradas tanto sobre as copas das árvores como nas áreas de vegetação
arbustiva, escalando arbustos. Apenas duas (2) espécies (imbé e jiboia-da-mata)
foram encontradas no interior da vegetação de porte arbóreo e ambas são, na
verdade, hemiparasitas secundárias, e não lianas.
A área de influência direta da Rodovia Contorno do Cabo se apresenta como
fortemente marcada pelas intervenções humanas presentes e pretéritas,
constituindo-se em ambiente pouco provável de abrigar espécies raras,
ameaçadas e/ou protegidas. A relação florística obtida é composta na grande
maioria de espécies ruderais e mesmo as espécies arbóreas nativas da Mata
Atlântica são de larga distribuição geográfica, ocorrentes em outros ecossistemas.
Mesmo diante dessas evidências, para verificar se alguma das espécies
relacionadas encontrava-se em algum grau de vulnerabilidade, consultaram-se
relações de espécies consideradas ameaçadas: Na lista oficial de espécies da flora
ameaçadas de extinção (Instrução Normativa Nº 6, de 23 de setembro de 2008),
o banco de dados de espécies da IUCN (“Redlist” da International Union for
Conservation of Nature and Natural Resources, IUCN, 2009) e os apêndices I, II e
III da CITES (Convention on Internacional Trade en Endangered Species of wild
fauna and flora, CITES, 2009).
Nenhuma das espécies relacionadas nessas três listas foi encontrada na área de
influência direta do empreendimento, assim como não se evidenciou a ocorrência
de espécies endêmicas e de espécies-chave.
Unidades de Conservação
Na área de influência direta e indireta (AID e AII) do empreendimento não foram
identificadas Unidades de Conservação, porém no entorno de 10km constam sim
áreas de Proteção de Mananciais, Reservas Ecológicas, reservas privadas, sendo
as mais próximas a Mata de Duas Lagoas e a Mata do Zumbi, ambas localizadas
no entorno da PE-028, mas distanciadas em torno de 2km do empreendimento, o
que garante que não serão afetadas pela execução das obras.

    Nome da
                                                Descrição
    Reserva
                 Localizada no Cabo de Santo Agostinho, na margem esquerda da PE-028,
MATA DE DUAS
                 tem 140,30ha de mata, tendo sido em parte devastada pelo Loteamento
LAGOAS
                 Enseada dos Corais.
                 Localizada no Cabo de Santo Agostinho, na margem direita da PE-028, esta
                 Reserva ecológica tem 292,40ha de Mata Atlântica, com riachos e lagoas.
MATA DO ZUMBI
                 Apresenta bom estado de conservação, embora tenha sofrido devastação
                 com a implantação do Loteamento Enseada dos Corais.




                                       24 de 61
E a Fauna?
De um modo geral a fauna associada aos diversos ambientes que compõem a
área de abrangência do Empreendimento está representada por espécies ditas
generalistas com capacidade de se adaptar a diferentes feições do ambiente (p.
ex., formações vegetais abertas e fechadas), apresentando ampla distribuição
geográfica, com algumas também ocorrendo no domínio dos Cerrados e das
Caatingas nordestinas. Dentre estas estão o rouxinol (Troglodytes musculus), o
pitiguari (Cyclarhis gujanensis), o sabiá-gongá (Turdus rufiventris) e o bem-te-vi
(Pitangus sulphuratus), da classe das aves, a raposa (Cerdocyon thous), o sagui
(Callithrix jacchus), o timbu (Didelphis albiventris) e o preá (Galea spixii), entre os
mamíferos; e o teju (Tupinambis merianae), a jiboia (Boa constrictor), e o
calanguinho (Cnemidophorus ocellifer) dentre os répteis. Outras, como o bico-
assovelado (Ramphocaenus melanurus), a marianinha-amarela (Capsiempis
flaveola) e a rendeira (Manacus manacus), estão associadas a ambientes com
mata mais fechada.
Constatou-se uma predominância de espécies animais residentes (não
migratórias), e diurnas. Dentre aquelas de hábito noturno, destacam-se a coruja,
algumas serpentes e anfíbios, morcegos, e raposas, sendo poucas aquelas de
hábito subterrâneo (fossorial), como a cobra-de-duas-cabeças (Amphisbaena sp)
e lagartos dos gêneros Ameiva, Cnemidophorus e Iguana, dentre outros.
Inúmeras espécies da fauna terrestre desapareceram da área prospectada,
principalmente mamíferos de médio e grande porte. Alguns representantes, a
exemplo da raposa (Cerdocyon thous) e do tatu-verdadeiro (Dasypus
novemcinctus), estão hoje associados aos poucos fragmentos de remanescentes
da Mata Atlântica localizados principalmente na área de influência indireta (AID)
do Empreendimento.
A reduzida diversidade da biota aquática é consequência da poluição dos rios e
riachos presentes na área analisada. Em um dos riachos (Afogadinho,
coordenadas: 279.223 - 9.081.074) que cruza o traçado da nova rodovia,
atualmente estão presentes poucas espécies de peixes, dentre elas o cascudo
(Hypostomus sp), o caritó (Geophagus sp) e a traíra (Hoplias malabaricus).
Segundo um morador local, ainda ocorre o peixe amoré ou aimoré,
provavelmente uma espécie do gênero Gobioides
Em termos da fauna terrestre, as pesquisas de campo realizadas através de
levantamento bibliográfico, observações e registros, e entrevistas informais com a
população local, permitiram registrar dez (10) espécies de anfíbios, na sua
maioria de hábito noturno, e sempre associadas aos ambientes de maior
umidade, sendo as mais comuns o sapo-cururu (Rhinella jimi), as pererecas
(Hypsiboas albomarginata e Phyllomedusa nordestina), a rã-cachorro
(Physalaemus cuvieri), a perereca-de-banheiro ou raspa-cuia (Scinax x-signatus) e
o caçote (Leptodactylus ocellatus), ocorrendo nas formações arbustivas e
arbóreas.
Entre os répteis, foram anotadas dezesseis (16) espécies, a maioria de hábito
noturno, sendo oito (8) serpentes, seis (6) lagartos, uma (1) amphisbênida (cobra-

                                        25 de 61
de-duas-cabeças) e um (1) quelônio (cágado). Dentre as serpentes, são comuns a
jiboia (Boa constrictor), e a corre-campo (Philodryas nattereri). O tejú (Tupinambis
                                         merianae) é visto ocasionalmente nas
                                         capoeiras e nos capoeirões mais isolados,
                                         na AII do Empreendimento. Cágados
                                         (Phrynops sp), são comuns nos riachos da
                                         ADA e da AID. Desovam nas margens,
                                         geralmente       nas      terras     menos
                                         compactadas das áreas cultivadas.
                                                  De igual forma, foram identificadas
                                                  setenta e quatro (74) espécies de aves,
                                                  sendo a família mais numerosa a
Jiboia (Boa constrictor) em capoeirões do Cabo    Tyrannidae, representada na área com
de Santo Agostinho, PE. Foto Galileu Coelho.      dez (10) espécies.
                                        De um modo geral predominam espécies
adaptadas aos diversos tipos de ambientes florestados, com exceção, por
exemplo, do frei-vicente (Tangara cayana), ave com sensitividade média. Outras
espécies frequentes na ADA e na AID foram: sanhaçu-de-coqueiro (Thraupis
palmarum), carcará (Caracara plancus), beija-flor-tesoura (Eupetomena
macroura), sabiá-gongá (Turdus rufiventris), pitiguari (Cyclarhis gujanensis), sebito
(Coereba flaveola), (COELHO, 1988). Nas áreas mais abertas, com capoeiras e
estrato arbustivo-herbáceo, ocorrem: anu-preto (Crotophaga ani), reloginho
(Todirostrum cinereum), anu-branco (Guira guira), gavião-pega-pinto (Rupornis
magnirostris), o qual é atualmente visitante regular dos centros urbanos; siriri
(Tyrannus melancholicus), bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), rouxinol (Troglodytes
musculus) e tiziu (Volatinia jacarina) dentre outras (COELHO, 2002; COELHO,
2004).
Nas proximidades de riachos e rios, foram anotadas: a lavandeira (Fluvicola
nengeta), garça-vaqueira (Bubulcus ibis), em pequenos bandos; martin-pescador-
pequeno (Chloroceryle americana), socozinho (Butorides striata), ambas de
passagem; jaçanã (Jacana jacana), pinto-d’água (Laterallus exilis), residente,
registrado numa área alagada às margens do Riacho Santa Amélia e a galinha-
d’água (Gallinula chloropus) (COELHO, 1988; 2008).
Cerca de nove (9) espécies de aves estão associadas apenas às formações
fechadas, principalmente aos remanescentes de Mata Atlântica localizados na
área de influência direta (AID) e indireta (AII) do Empreendimento. Entre elas
estão: o besourinho-da-mata (Phaethornis ruber), rendeira (Manacus manacus),
pia-vovó (Thryothorus genibarbis), pinicapau-marrom (Dendroplex picus) e o bico-
assovelado (Ramphocaenus melanurus). Oito (8) espécies estão associadas
apenas às formações abertas, entre elas a rolinha (Columbina minuta),
lavandeira (Fluvicola nengeta) e a patativa-golada (Sporophila albogularis).
Dentre os mamíferos, treze (13) espécies foram anotadas, na sua maioria de
pequeno porte, como roedores, preá, morcegos e marsupiais (LAURANCE et alli,
1996), apresentando ampla distribuição geográfica (Caatingas, Cerrados, além


                                                 26 de 61
dos fragmentos da Mata Atlântica) (VOSS & EMMONS, 1996). Registros de campo
e de laboratório, confirmados por moradores locais, dão conta de que as espécies
mais comuns são os saguis, morcegos, raposas, timbus (CRUZ et alli, 2002), preás
e os guabirus.
Para a área de influência direta e indireta do empreendimento, não foram
identificadas espécies ameaçadas de extinção, tampouco endêmicas stricto sensu,
Que apresentam distribuição bastante ampla, tanto na Mata Atlântica como nas
Caatingas.


O meio Socioeconômico
O empreendimento situa-se no Cabo de Santo Agostinho, o município que
integra a Região de Desenvolvimento Metropolitana–RDM, fato que condiciona o
planejamento e a execução de políticas públicas em nível regional, como se
desprende das diretrizes e ações estabelecidas no Projeto Todos por
Pernambuco/ Plano Plurianual – PPA 2008/2011. A ênfase no planejamento
em nível regional se traduz, igualmente, no Plano Território Estratégico Suape
– Diretrizes para uma Ocupação Sustentável que define normas e
procedimentos visando a expansão ordenada dos espaços incluídos na área de
influência do Complexo Industrial e Portuário de Suape1.
Essa expansão ordenada, a que se refere o parágrafo acima, não vem sendo
simples para o Porto de Suape, muito pelo contrário, desde que a Empresa foi
criada pela Lei Estadual nº
7.763 de 7 de novembro de
1978        vem      tentando
equacionar      os     conflitos
decorrentes da substituição
paulatina de um ecossistema
natural     exuberante     que
outrora dominava a área,
com os requerimentos de
industrialização    da    área
inevitáveis       para         a
consolidação do Complexo.
Mas estes conflitos não
somente vêm-se verificando
nas dimensões físicas –
bióticas de Suape – mas
transcendem para o campo social, principalmente representado pelas
comunidades rurais remanescentes dos antigos engenhos que ainda hoje residem



1
 O Território Estratégico de SUAPE consiste em unidade de planejamento utilizada pela FIDEM,
abrangendo os municípios do Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes,
Moreno e Escada.


                                          27 de 61
na área do CIPS, em locais cada vez mais industrializados e inadequados para
ocupações humanas.
Com efeito, na época de criação do CIPS, foi desapropriada uma ampla faixa de
terra – correspondente a engenhos administrados pela Cooperativa Agrícola Tiriri
-, visando, justamente, a construção das obras relativas ao porto, bem como a
composição dos espaços destinados à instalação de estabelecimentos industriais,
contudo, a desapropriação não significou a desocupação total da área, na
medida em que permaneceram pequenos povoados, produção agrícola
desenvolvida em sítios ocupados por posseiros, equipamentos sociais – como
escolas, templos religiosos, estradas, infraestrutura de energia elétrica etc. – bem
como áreas com lavouras de cana-de-açúcar realizadas com base em contratos
de arrendamento, sendo exploradas por empresas, como a Usina Ipojuca. No
EIA-RIMA referente às ações de modernização e ampliação do porto de Suape, a
pesquisa socioeconômica apontava a presença de aproximadamente, 8.803
habitantes, distribuídos em vinte e dois (22) engenhos localizados no continente e
em terras situadas nas ilhas de Cocaia, Barreiros, Martins e Tatuoca.
O citado levantamento de dados foi de grande importância para construção de
um perfil dessa população, bem como para dimensionar as formas de uso e de
ocupação das terras que haviam sido desapropriadas visando a instalação do
porto de Suape. Em 2003, foi realizada uma nova pesquisa com o objetivo de
atualizar as informações obtidas anteriormente. O produto desse trabalho
revelou, de imediato, o aumento da população residente, havendo-se, então,
computado um total de 9.146 habitantes, o que representa um incremento
populacional médio de 4%.
Contudo, o aumento populacional nos engenhos se deu de forma muito
heterogênea, sendo frequentes os casos em que a população diminuiu
substancialmente entre uma pesquisa e outra. O Engenho Boa Vista cujas terras
serão as mais afetadas com a implantação da rodovia, é um desses exemplos.
Conforme as pesquisas, a população residente caiu de 388 pessoas em 1997
para 89 em 2003, representando isto uma diminuição de 77%. Já nos outros dois
Engenhos que compõem a AID (Jurissaca e Cedro) a tendência foi de crescimento
conforme pode ser observado no Quadro a seguir:

                        POPULAÇÃO DE ENGENHOS INSERIDOS NA AID

                                                    1996-97                    2003-04        Taxa
                         Área                 Habitantes       Ocupações Habitantes Ocupações Cresc.
          Engenhos       (ha)*
                               Localização
                                              No.          %    No.  %    No.   %    No.  % Pop.
  Engenho Boa Vista      1.136   ZPEC         388       4%     181 2%     89    1%   32    0% -77%
  Engenho Cedro/Velho     594     ZAF          53       1%      21   0%   58    1%   20    0%   9%
  Engenho Jurissaca       600    ZPEC         247       3%      83   1% 357 4% 142 2% 45%
  Total                  2.330                688              285        504        194



Sobre os remanescentes populacionais destes três (3) engenhos foram focadas as
pesquisas da equipe social, destacando-se os seguintes aspectos:


                                             28 de 61
Engenho Boa Vista
No vilarejo do Engenho Boa Vista, onde outrora devia funcionar a fábrica, existe
um conjunto remanescente de casas que abriga cerca de quinze (15) famílias,
inclusive o administrador responsável pela área que vem sendo explorada pela
Usina Ipojuca, na condição de arrendatária de parcelas de terras pertencentes à
Empresa Suape. Alguns poucos moradores trabalham para a usina em caráter
permanente, enquanto outros são safristas na época da colheita da cana-de-
açúcar. Há, ainda, os que plantam lavouras de subsistência nas proximidades.




    Panorâmica do Engenho Boa Vista


As pessoas contatadas no local se queixam do abandono da área e das
dificuldades relativas a transporte, segurança e abastecimento. As crianças
precisam caminhar longas distâncias para estudar e não contam com meios de
transporte coletivos. Os alunos (cerca de vinte crianças e adolescentes dessa
localidade) até 5ª série do ensino fundamental frequentam a Escola Maria Tereza
que se situa nas proximidades do SENAI, na cidade do Cabo de Santo Agostinho,
enquanto os da 6ª série em diante estão matriculados em outras unidades de
ensino do município. A falta de transporte – inexistência de linhas regulares de



                                      29 de 61
ônibus, vans ou, mesmo, o acesso de táxi – adquire gravidade maior nos casos
de doença que requerem traslado para assistência hospitalar.
As condições de acesso aos serviços básicos são precárias. As casas dispõem de
energia elétrica, mas o abastecimento de água é feito em poço existente em
terreno que fica em frente ao arruado. Esse poço pertence, segundo o
depoimento de algumas pessoas, à Usina Ipojuca, já que se localiza na área
arrendada por aquela empresa.

Engenho Jurissaca
No Engenho Jurissaca - mais distante que o Boa Vista com relação ao traçado da
nova rodovia – residem mais de setenta (70) famílias. A maior parte da mão-de-
obra local se ocupa de trabalhos na agricultura e na pecuária em áreas vizinhas.
A lavoura da cana-de-açúcar emprega vários desses trabalhadores, sobretudo no
período da colheita, quando são engajados como safristas. A prestação de
serviços, nos vários sítios existentes no perímetro desse engenho, também
constitui uma alternativa de trabalho e renda para a população. Um pouco
abaixo da ruína da igreja pertencente a este engenho, mora um grupo de quatro
(4) famílias que ocupam uma construção que, no passado, serviu como senzala.
Uma escola funciona no Engenho Jurissaca, recebendo alunos de 1ª a 5ª série.
Os estudantes mais adiantados precisam se matricular em unidades de ensino
localizadas na cidade do Cabo de Santo Agostinho. Vizinha a esta unidade de
ensino, funciona a sede da Associação de Produtores. Adiante, seguindo na
estrada que dá acesso à antiga casa grande, há um templo da igreja Assembléia
de Deus.




    Moradias do Engenho Jurissaca que ocupam prédio de antiga senzala.


Os deslocamentos com os objetivos de: educação, atendimento médico,
abastecimento, dentre outros, são feitos, predominantemente, a pé ou de
bicicleta.




                                         30 de 61
Engenho Cedro
O Engenho Cedro constitui outra área que, pela proximidade, pode sofrer algum
tipo de impacto da construção da rodovia. A parte potencialmente afetada
corresponde a terras pertencentes à Usina Bom Jesus, situadas no lado esquerdo
da linha férrea (sentido Cabo-Recife) que serve de limite com as terras inseridas
no CIPS. Há cerca de quinze (15) residências no entorno da sede do Engenho,
onde funciona uma (1) cooperativa (barracão, como é chamado pelos moradores)
que vende alimentos, bebidas e outros produtos para o abastecimento doméstico.
Uma (1) escola do ensino fundamental (Escola Municipal Mista do Cedro) fica ao
lado da referida cooperativa. Dois (2) arruados, ocupados principalmente por
famílias de empregados ou aposentados da usina - integram o conjunto de
construções dessa área – um deles situado na proximidade da linha do trem e o
outro na margem direita do rio, muito embora se deva ressaltar que a distância
entre os dois é muito pequena. No primeiro, residem oito (8) famílias, havendo
laços de parentesco entre elas. O segundo (mais próximo ao rio) é habitado por
cerca de quatro famílias, segundo informações de um dos moradores do local.
Mais ou menos no centro das construções relacionadas, encontra-se um pequeno
plantio de milho, feito pelos moradores. A maioria das casas é de alvenaria, com
apenas uma de taipa, todas elas contando com fornecimento de energia elétrica.

Os moradores entrevistados no Engenho Cedro demonstraram alguma
apreensão, em face da notícia de que a propriedade teria sido vendida ao grupo
Moura Dubeux. Não sabem o destino que terão as pessoas que residem e
trabalham na área.




    Conjunto de casas e moradores do Engenho Cedro (área que pertence à Usina Bom
    Jesus)


Outras comunidades
Além das comunidades rurais dos Engenhos Boa Vista, Cedro e Jurissaca, foram
identificadas outras ocupações como as habitações de baixa renda existentes no
girador da BR-101, onde terminará o projeto.
Igualmente devem-se destacar as ocupações existentes ao longo da estrada que
acompanha a linha férrea, entre a PE-028 e o cruzamento com a antiga estrada
de Gaibu.

                                       31 de 61
Habitações de baixa renda próximas ao girador da BR-101
             (Coordenadas: S 8º15’07.5” / W 35º00’20.8” ).


Os sítios existentes nesse trecho - ocupados por posseiros - estão situados em
terras de propriedade da empresa Suape, verificando-se lavouras de mandioca,
fruteiras, algumas recentemente plantadas. Em um dos locais visitados, há uma
casa de taipa, que, aparentemente, deve funcionar como residência temporária
e/ou abrigo durante o período de trabalho. Por ocasião da visita, não havia
ninguém no local. Estas ocupações por estarem situadas na margem esquerda da
linha férrea não serão fisicamente afetadas pela implantação do
empreendimento.




      Casa em um dos sítios existentes na margem da linha férrea – Engenho Boa Vista


Como aspectos conclusivos da caracterização das comunidades que habitam a
AID, pode-se mencionar o fato de se tratar de terras já desapropriadas no
passado visando formas de uso e ocupação compatíveis com o estabelecido no
Plano Diretor de Suape e no Zoneamento em vigor. Tal situação deveria suscitar
uma discussão mais aprofundada acerca da presença de atividades agrícolas e
habitações em determinadas áreas, como a Zona Industrial-ZI e a Zona de

                                          32 de 61
Preservação Ecológica-ZPEC, com o objetivo de negociar soluções adequadas
para cada caso em particular.
Entrevistas realizadas com habitantes das localidades visitadas não detectaram
expectativas negativas em relação ao empreendimento, visto, ao contrário, como
uma oportunidade de melhoria de qualidade de vida, pelo fato de propiciar
condições de locomoção e transporte mais favoráveis para aquelas comunidades
que enfrentam enormes dificuldades em relação a este aspecto.


O Patrimônio Histórico e Cultural
A região de estudo apresenta uma riqueza histórica e cultural bem reconhecida,
caracterizada por fortes da época da colônia, casarões antigos da época do
esplendor da cana-de-açúcar, e inclusive,
vestígios antigos de ocupações
indígenas.




A reconstrução
etnohistórica da área
aponta para a existência, no litoral
e zona da mata, que hoje corresponde
ao estado de Pernambuco, de uma ocupação
extensa de grupos denominados de Caeté,
Tabajara e Potiguara, todos identificados como
pertencentes ao tronco linguístico Tupi-Guarani. Para estes grupos, a cerâmica
era um elemento cultural importante e estava relacionada tanto com os aspectos
de subsistência como de rituais de morte, de sepultamento e nas festas. Já em
uma época mais recente, especificamente na segunda metade do século XVI,
chega-se à época de colonização do litoral sul de Pernambuco, com a
implantação dos engenhos nas terras baixas e nas áreas de várzeas. De fato, o
núcleo originário de Ipojuca, no século XVI, enquadra-se na ocupação de porto
fluvial. No início da colonização a área foi explorada com a extração do pau-
brasil que era embarcado em Porto de Galinhas. Entre 1550 e 1650 Ipojuca
tornou-se um importante centro açucareiro possuindo mais de trinta (30)
engenhos, dois (2) portos (Suape e Porto de Galinhas) e o Rio Ipojuca.
É nesse contexto que foram direcionados os estudos arqueológicos do EIA, ora na
procura através de prospecção de superfície de vestígios de grupos ceramistas,

                                    33 de 61
ora através da visita aos antigos engenhos para conferência da sua situação
atual.

Uma constatação triste dos levantamentos de campo refere-se ao fato dos
engenhos estarem em ruínas na sua maioria. O desuso como elemento produtor
e pela ocupação desordenada e imprópria, a má conservação das construções, e
a falta de qualquer investimento de preservação levarão, em breve, ao
desaparecimento desse patrimônio. Para os proprietários desses engenhos, na
sua maioria as usinas, não há interesse na permanência da população hoje
residente nas edificações e, a medida que conseguem indenizar o morador que
desocupa o imóvel, este é, imediatamente destruído, para evitar novas
ocupações. Como é o caso da destruição da casa grande e de outras edificações
do Engenho Cedro.
Em relação a vestígios de ocupações pré-históricas, a vistoria realizada na Área
de Influência Direta (AID) do Empreendimento não constatou nenhuma evidência
de sítio ou ocorrência arqueológica desse tipo nessa área, devido a
impossibilidade de inspesionar o solo na presença de vegetação. Para o
percorrimento dessa área, se utilizou o método oportunístico, inspecionando as
áreas sem vegetação ou com plantios de subsistência, onde a visibilidade era
melhor.
Nessas condições, os resultados obtidos nesta etapa de prospecção inicial,
estiveram restritos a identificação e avaliação dos remanescentes dos antigos
Engenhos Jurissaca, Velho, Cedro e Boa Vista por cujas terras discorrerá a futura
rodovia do Contorno do Cabo.

Engenho Jurissaca
Datado do século XVII e pertencente a João Paes Barreto. Fazia parte do segundo
Morgado do Cabo, instituído por João Paes Barreto em 1614, em favor de sua
filha D. Catarina Barreto. Hoje o conjunto desse engenho é formado por capela e
senzala e outras edificações em ruínas, entre as quais uma que poderia ser a
segunda capela São Gonçalo citada nos registros históricos. Sua senzala é um
excelente exemplo arquitetônico dessa tipologia. Situa-se no pé da colina e possui
colunas cilíndricas. A Senzala é constituída por um conjunto de casas conjugadas
que se caracterizam por sua fachada de alvenaria de tijolos maciços, coberta em
duas águas com telha do tipo canal, piso em tijoleira ou chão batido. Possui ainda
alpendre sustentado com colunas de secção circular feitas de tijolos maciços.
Estas edificações localizam-se fora da AID do empreendimento, a uma distância
de aproximadamente 700m do futuro eixo viário e não serão afetadas fisicamente
com a implantação do projeto. A avaliação da equipe arqueológica considera que
se trata de um engenho de grande importância para a história da era da cana-
de-açúcar e da fundação do município do Cabo .




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Engenho Jurissaca – (a) senzala, (b) Capela


Engenho Velho
O Engenho Velho, sob a invocação de N. S. da
Guia, padroeira da sua capela, chamado
depois – “Morenos” – e cujo nome ainda
conserva, já existia em 1605. Deste engenho,
referenciado como o mais antigo do Cabo de
Santo Agostinho, resta apenas a Capela de
Santo Antônio do Engenho Velho, conhecida
como Santo Antônio do Monte. Está localizada
em Ponte dos Carvalhos, nas terras do antigo
Engenho Velho, em uma pequena colina nas
proximidades do Rio Pirapama. A edificação
encontra-se em bom estado de conservação.
Foi construída com blocos de arenito da praia
de Gaibu ligados com óleo de baleia
(MORAES, 2002). O Contorno do cabo ficará
localizado a uma distância de 565m deste
patrimônio,     porém     em    uma      cota
consideravelmente mais baixa.

Engenho Cedro                                            Capela de Santo Antônio do Engenho
                                                         Velho (Santo Antônio do Monte)
De acordo com Israel Felipe (1962) o engenho
Cedro foi fundado por João Pais Barreto. A pesquisa de campo comprovou que o
que resta do engenho são as fundações da Casa Grande, derrubada
recentemente pelo dono das terras, um vilarejo com poucas casas, e uma casa
relativamente recente, datada de 1958.




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Engenho Boa Vista
De acordo com Israel Felipe
(1962) o Engenho Boa Vista
pertenceu ao Barão de Campo
Alegre, mas não há dados sobre
a sua fundação. Era formado
pela casa grande, casario,
arruados, estrebaria e uma
capela em louvor a Santana. A
Casa-Grande      pertence     ao
período mais recente do final do
século XIX, cujo programa
arquitetônico contempla um Capela Santana (Coordenadas: 279007/9084078)
pátio interno, que se abre ao
fundo da casa. Na fachada, colunas retorcidas agregam a riqueza dos adornos. A
coberta está ausente, mas percebe-se que eram em telha canal e a estrutura em
madeira, que são confirmadas pelas fotos antigas. É possível observar os tijolos
maciços de secção circular nas colunas.
                                              A importância do Engenho Boa
                                              Vista, no contexto deste estudo,
                                              radica no fato de parte de suas
                                              edificações      remanescentes
                                              estarem situadas dentro da AID
                                              do empreendimento, o que
                                              determinou a necessidade de
                                              aprofundamento das pesquisas
                                              arqueológicas, bem como ao
                                              estudo de alternativas de
 Vilarejo do Engenho Boa Vista
                                              traçado     para   a    rodovia.
                                              Conforme foi apurado pela
equipe arqueológica, este engenho apresenta uma característica singular pouco
comum nos engenhos da sua época, e refere-se ao fato da sua distribuição
espacial, onde a Casa Grande, a Capela e o Vilarejo estão separados um do
outro, abrangendo           um raio de
aproximadamente 800m em torno de
um ponto central.
Com efeito, a casa grande, a capela e o
cemitério conjugado, situam-se do lado
direito da linha férrea, separados entre
si a uma distância aproximada de
800m. Estes equipamentos não serão
afetados fisicamente pela implantação
das obras. Salienta-se que tanto a casa
grande como a capela encontram-se em
ruínas e muito deterioradas.               Casa de 1919 no vilarejo



                                     36 de 61
Já o vilarejo, distanciado em torno de 500m da Casa Grande, é composto de dois
conjuntos de casas conjugadas, uma casa com datação na fachada de 1919, uma
igreja protestante, ruínas de uma casa de grande porte e ruínas de um galpão.
Conforme foi apurado nas pesquisas, este vilarejo está completamente
descaracterizado, não apresentando atributos importantes a sua conservação,
salvo pela casa de 1919. O traçado do Contorno do Cabo prevê o cruzamento
deste vilarejo pelo lado esquerdo, sendo requerida a retirada de um dos blocos
de casas conjugadas. A Casa de 1919, não será afetada.




Casa Grande: Fundos (a) e Fachada principal (b)


Estrada Velha de Barreiros - Recife
A antiga estrada de pedra que
ligava Barreiros ao Recife tem
resistido ao uso intenso. É um
excelente exemplar do patrimônio
que mostra ainda hoje bastante
utilidade além de sua beleza.
Constituída de rochas talhadas,
ainda é visível a malha de
assentamento. Recomenda-se a
sua conservação pelo seu valor
histórico e pela sua utilidade para
os moradores da área.




                                            37 de 61
4 - AVALIAÇÃO AMBIENTAL
A metodologia utilizada neste capítulo atende a RESOLUÇÃO DO CONAMA
001/86, bem como o Termo de Referência da CPRH:




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Como seria o futuro da área sem o empreendimento ?
O futuro ambiental da região com ou sem o empreendimento está diretamente
atrelado as principais vocações da área, que por sua vez têm um rebatimento
direto nas condições de trafegabilidade e oferta de serviço que podem ser
esperadas, arranjo viário atual e futuro, então vejamos cada uma dessas
vocações e suas perspectivas futuras.




Os melhores anos de SUAPE estão por vir
Na próxima década toda essa estruturação que vem sendo alicerçada no CIPS
com a captação de empresas privadas de grande porte que acreditaram no
projeto   SUAPE,    deverá
começar a dar retorno em
termos de geração de
empregos e aumento do
PIB. E não tem como ser de
outra       forma,       os
investimentos de capitais
privados que na última
década         aumentaram
exponencialmente deverão
continuar    crescendo    e
começar a trazer benefícios
para o estado.                                 Investimento Privado
                                                       Investimento União
Diante desse panorama                                  Investimento Estado
                           Histórico de investimentos em SUAPE (1979 – 2007)
altamente  positivo, e




                                    39 de 61
considerando que a contrapartida de SUAPE para os empreendedores é a oferta
da infraestrutura requerida para os seus projetos, fica remota a possibilidade de
não implantação do projeto.

A dinamização das obras de Infraestrutura rodoviária e ferroviária.
O cenário de Não implantação do empreendimento, além de pouco provável,
encontra-se defasado temporalmente, porque a rigor, pode-se considerar que a
implantação já começou. Com efeito, o Contorno do Cabo é só um segmento da
Via Expressa que comunicará a BR-101 com Nossa Senhora do Ó em Ipojuca, e
cujas obras vem caminhando atualmente de forma vertiginosa com a duplicação
das TDR’s Norte e Sul. A estas obras que estão atualmente em andamento
somam-se outras também já iniciadas como a duplicação da PE-060 no trecho de
SUAPE, a duplicação da Estrada da Batalha, a Implantação da Via Parque na
Praia do Paiva, a duplicação do Acesso a Porto de Galinhas, a duplicação da BR-
101, dentre outras.
O território estratégico de
SUAPE atualmente é um
canteiro de obras, a densidade
por metro quadrado de
escavadeiras,        caçambas,
tratores impressiona até os
engenheiros mais experientes.
Contudo, é só o começo, esta
dinamização se estende a rede
ferroviária, senão vejamos:
O       sistema       ferroviário
experimentará nos próximos
anos        um      crescimento
considerável no comprimento Construção de viaduto na duplicação da TDR-Norte
da malha, mas principalmente
na movimentação de carga. Os investimentos a serem realizados iniciam-se com
a construção do ramal rodoferroviário de acesso as ilhas de Tatuoca e Cocaia,
que iniciará na PE-028, no ponto de empalme com o Contorno do Cabo, e em
um percurso de 10km permitirá o acesso até as ilhas supracitadas onde se
construí atualmente o Estaleiro Atlântico Sul e futuramente o terminal de Mineiro
de Ferro. Por outro lado, prevê-se a construção da plataforma de recepção
ferroviária para o óleo de soja, ante a expectativa de início das exportações desse
produto, por via marítima, até países da costa do Pacífico da América do Sul.
Todas essas potencialidades ferroviárias relacionadas acima utilizarão o segmento
de linha férrea que discorre paralelo à rodovia projetada do Contorno do Cabo.
Dessa forma, fica claro que mesmo na hipótese de não implantação do
empreendimento rodoviário, a AID será submetida a impactos ambientais
advindos do fluxo diário de trens que se intensificará progressivamente até se
tornar um elemento muito importante em termos de geração de impactos



                                     40 de 61
sonoros, e vibrações do terreno, e planejamento do uso do solo no entorno
imediato.

O crescimento urbano do Município do Cabo de Santo Agostinho
O Cabo é um dos municípios que mais cresce no estado, e dentro desse cenário,
pode-se observar que o vetor de crescimento predominante da cidade na última
década, é no sentido leste, ocupando as terras limitadas pelas BR-101 e a PE-060,
e comprimindo-se de
encontro à linha
férrea e às terras do
CIPS.
A    direção    desse
processo           de
expansão       urbana
vem a ser ratificado
pela localização da
Cidade Garapu –
loteamento        que
prevê 35 mil pessoas
como habitantes, já
tendo sido vendido o
primeiro módulo do
projeto.
Paralelamente, como Vetor de crescimento da Cidade do Cabo de Santo Agostinho
demanda           não
considerada, tem-se a necessidade de habitação para atender aos empregados
dos empreendimentos de Suape, em instalação ou como previsão para um futuro
próximo. Estimativas (Fiepe/Condepe/Fidem) apontam que essa procura
corresponde a mais de 30 mil domicílios, o que vem a agravar a necessidade, já
existente, de outras 35 mil habitações.
Ressalta-se que a construção do Contorno do Cabo teria pouca significância em
termos de representar uma restrição à expansão urbana da cidade do Cabo no
trecho aferente ao CIPS, uma vez que a linha férrea, da qual o eixo viário
discorrerá de forma paralela, já representa atualmente esse limite físico restritivo.
Já no trecho final do Contorno do Cabo, quando a rodovia sai do território de
SUAPE e se adentra em terrenos de terceiros de propriedade da construtora
Moura Dubeux, (segundo consta no relatório de desapropriação elaborado pela
Empresa SUAPE), o Contorno do Cabo de fato se converte em um ponto de
fragmentação do terreno, com rebatimento direto no planejamento que para esse
recorte de terra está previsto em termos de infraestrutura e ocupação.

O crescimento do setor turístico no litoral sul
Matéria prima para o turismo existe de sobra no litoral sul de Pernambuco. O
Governo do Estado e os empreendedores privados sabem disso e enxergam na



                                       41 de 61
exploração turística do litoral um enorme potencial em termos de captação de
receita provinda de visitantes estrangeiros, e mesmo de brasileiros de outros
estados, do sul principalmente.




A previsão é que até 2020 sejam aplicados em turismo, investimentos públicos e
privados em torno de R$ 18.000.000. Uma parcela bem significativa destes
recursos seria direcionada para o litoral sul do estado, e tem mais: cerca de 70%
da parcela pública destes recursos seria destinada para o saneamento básico e
infraestrutura urbana.
A concretização destas projeções tão alentadoras depende do atendimento por
parte do Estado dos compromissos com os investidores, como é o caso da
revitalização da estrada da batalha, que hoje em dia representa um
estrangulamento no fluxo de veículos para o litoral sul. Esta revitalização da
estrada da Batalha, deixa ainda mais em evidência a necessidade de uma via
expressa de acesso a Porto de Galinhas. Sendo assim, observa-se que desde a
ótica do desenvolvimento turístico da região, com ampla disponibilidade de
recursos para o litoral sul, a hipótese de não implantação do empreendimento
parece distante.


Como se insere o Contorno do Cabo em todo esse contexto?
Todas as considerações discutidas nos parágrafos acima terão como resposta o
aumento de veículos nas rodovias que cercam de SUAPE, principalmente na PE-
060. As projeções de movimento efetuadas permitem visualizar que até o ano de
2020, o volume de tráfego no trecho entre o acesso a SUAPE – Entroncamento
com a PE-038 – terá um aumento de 88%, situando-se perto de 19.000
veículos/dia. Sendo assim, observa-se que o cenário de qualidade ambiental nas
áreas diretamente atendidas pela PE-060 se veria afetado pela ocorrência de
impactos ambientais negativos que acentuariam os graves problemas de
mobilidade verificados hoje no eixo viário, com rebatimento nas dimensões
técnicas, institucionais, econômicas, turísticas e de qualidade de população, não




                                    42 de 61
só dos municípios atingidos, mas do Território de Desenvolvimento de SUAPE
como um todo.
A não implantação do empreendimento representaria uma acentuação
progressiva das dificuldades de trafegabilidade que se verificam nos períodos de
pico da PE-060. Na dimensão institucional a não implantação do
empreendimento representaria um desgaste profundo na relação entre
população, investidores e poder público, criando descrédito e rejeição, uma vez
que o empreendimento já vem sendo anunciado na mídia como peça chave para
aliviar o tráfego de acesso ao litoral sul. Esta situação teria um reflexo direto na
qualidade de vida da população assentada no entorno, uma vez que os impactos
hoje verificados de poluição sonora, atmosférica, estresse e acidentalidade
decorrente dos engarrafamentos nos fins de semana e no período de verão
principalmente, ver-se-iam obviamente acrescentados.

Como seria o futuro da área com o empreendimento?
O cenário com a implantação do empreendimento apresentaria uma
compatibilidade total entre a oferta de infraestrutura de transporte e
investimentos programados na região. Basicamente todos os aspectos negativos
que poderiam acontecer no cenário de não implantação, manifestam-se em
caráter positivo neste cenário.

E a qualidade ambiental?
Em termos gerais, as linhas mestras do futuro da região para qualquer um dos
dois cenários foram estabelecidas nos parágrafos acima, onde ficou claro que a
qualidade ambiental da região deverá aumentar substancialmente. Não tem
como ser diferente, a região passa por um momento excepcional de
oportunidades de desenvolvimento econômico, social e cultural, propulsado
especialmente pela dinamização do Porto de SUAPE, mas também pela
consolidação da vocação turística do Litoral Sul. Os investimentos públicos e
privados previstos nas áreas de infraestrutura, saúde, cultura, segurança, renda
per capita necessariamente terão rebatimento na qualidade de vida da
população, indicador este que passa a ter um peso relevante na hora de definir
uma escala de Qualidade Ambiental, entendida desde uma ótica mais humanista.
No evento de não implantação do empreendimento, e considerando que nenhum
outro fato extraordinário acontecerá na área, pode-se afirmar que esta
continuará transformando-se lentamente, de forma quase imperceptível para
curtos períodos de tempo. Essa dinâmica que acontece atualmente na área, onde
os avanços da cana-de-açúcar e outros cultivos sobre a vegetação nativa, ou a
demolição de prédios seculares dos engenhos, acontecem de forma lenta mais
continuada, de tal forma a nunca se tornarem estranhos na paisagem, como se
nunca tivessem existido, não cessará por conta da não implantação do
empreendimento, muito pelo contrário, nesse ecossistema híbrido que se verifica
atualmente na AID onde se mistura o uso industrial, com agricultura e avanço da
zona urbana, o resultado só pode ser a diminuição do que existe de mais frágil e



                                     43 de 61
desprotegido, notadamente a vegetação nativa. Com efeito, a quantidade e
qualidade da vegetação remanescente vem decaindo progressivamente na área,
tornando-se cada vez menos relevante. As previsões de crescimento da cidade do
Cabo, e o fato de parte da AID ser de propriedade da Construtura Moura Dubeux,
apontam para uma perda progressiva da ambiência rural que ainda se verifica,
tornando a área cada vez mais próxima de um ambiente construído.
No caso do Cenário de Implantação do empreendimento nos moldes previstos no
projeto, a Etapa de implantação com duração de 12 meses, representa a
introdução de uma perturbação no ambiente que causará inevitavelmente uma
diminuição temporária da Qualidade ambiental da AID, uma vez que prevê uma
transformação drástica na paisagem com supressão de parte da vegetação
remanescente, além do aumento de material particulado, ruído e outros impactos
apontados pelo estudo. Com o fechamento das obras na AID começará um
processo de recuperação e de aceitação da nova paisagem, aumentando
progressivamente sua Qualidade Ambiental na proporção que comecem a ser
implantadas as medidas mitigadoras, como o reflorestamento da faixa de domínio
e as obras de paisagismo. A partir daí, e com o início da operação da nova
rodovia, começarão a ser verificados progressivamente todos aqueles impactos
positivos que em conjunto determinaram a necessidade do empreendimento.
Nesse caso, o indicador de Qualidade Ambiental ir-se-á reformulando
acompanhando a evolução do Contorno do Cabo, os parâmetros
socioeconômicos irão se tornando cada vez mais importantes em detrimento dos
fatores físico – bióticos da AII cuja relevância no contexto geral deverá decrescer
na medida que a área adquire com maior celeridade uma característica de
ambiente construído com vocação industrial, o que já de por si está determinado
desde a desapropriação das terras pela empresa SUAPE.
A Figura a seguir idealiza o comportamento da qualidade ambiental nos dois
cenários analisados.




                                     44 de 61
Quais seriam esses impactos positivos?
O projeto, na sua conjuntura integrada, é claro que causará um impacto positivo
na região e no Estado. De fato, a essência de qualquer obra de infraestrutura
construída com recursos públicos não é outra que beneficiar a coletividade, e
nesse sentido o projeto do Contorno do Cabo não é diferente. O principal
impacto positivo que o projeto promoverá será o de facilitar o transporte, a
comunicação e a expansão do comércio intermunicipal e regional, possibilitando
o crescimento de produção e comercialização a partir do fluxo de capitais e de
pessoas. Acelerando a interconexão entre os municípios de forma a proporcionar
melhores condições de vida aos cidadãos e cidadãs. O Contorno do Cabo como
parte da Via Expressa significa um aumento de velocidade, diminuição do tempo
de deslocamento, maior disciplinamento do trânsito, dinamizando o uso e
ocupação do solo e incrementando o valor imobiliário do entorno. Mais ainda, o
projeto promoverá um aumento da segurança e conforto, diminuição do índice de
acidentes, fomento do potencial econômico, cultural e de integração municipal
pelo incremento do valor econômico do solo.


Quais seriam esses impactos Negativos?
A identificação e qualificação dos Impactos Negativos que serão gerados nas três
fases de análise definidas para o projeto (Fase de Planejamento, Fase de
Implantação e Fase de Operação), foi realizada com participação de toda a
equipe técnica, que definiu, a partir de um método numérico ponderativo, uma
escala de importância dos impactos em cinco (5) categorias conforme se mostra a
seguir:


    Categoria                                    Descrição
                  Danos inexpressivos ao meio ambiente. O Máximo que pode ocorrer é
    Muito Baixa   ameaça de impactos que podem ser facilmente eliminadas com a
                  aplicação de medidas mitigadoras.
                  Danos leves a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. Os
    Baixa         impactos são controláveis a um baixo custo e os danos ambientais são
                  facilmente revertidos.
                  Danos moderados a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. Os
    Moderada      impactos são controláveis, mas se não neutralizados oportunamente,
                  podem degenerar em situações de dano mais severos.
                  Danos importantes a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico.
    Alta          Exige ações corretivas imediatas para evitar seu desdobramento em uma
                  condição mais crítica.
                  Danos irreparáveis a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. O
    Muito Alta    restabelecimento das condições primitivas do meio ambiente é lento ou
                  impossível.


Como resultado deste procedimento foram levantados vinte e nove (29) impactos
negativos, distribuídos conforme se mostra na figura a seguir:




                                         45 de 61
Quantidade de Impactos   12

                              10                                     10              10
           Negativos



                               8

                               6                   6
                               4
                                                                                                2
                               2
                                        1
                               0
                                   MUITO BAIXA   BAIXA          MODERADA            ALTA   MUITO ALTA

                                                         Importância dos Impactos


Impactos negativos na componente física

Em termos de meio físico, a análise ambiental do Contorno do Cabo apontou a
ocorrência potencial de treze (13) impactos, que representam 45% do total
relacionado na matriz. A maior parte deles está concentrada na etapa de
escavação e terraplenagem, exploração de jazidas e conformação dos bota-fora.
Trata-se de     atividades que
produzirão            profundas
transformações morfológicas no
terreno e na drenagem natural,
bem como mudanças no uso do
solo que terão desdobramentos
na alteração do nível de ruído,
na qualidade do ar e na
aceleração dos processos de
perda de solo e assoreamento
de cursos de água.
O principal impacto ambiental
no meio físico identificado pela
equipe        técnica       esta
                                  Processo erosivo em área de jazida abandonada na linha férrea
representado pela exposição e
desestruturação dos solos nas
diversas áreas previstas para escavação e/ou aterro, gerando focos de processos
erosivos que intensificam os processos de perda de solo com desdobramento no
assoreamento de cursos de água e de linhas de drenagem.
Impactos negativos na componente Biótica
Em termos de meio biótico, a análise ambiental do Contorno do Cabo apontou a
ocorrência potencial de cinco (5) impactos, que representam 17% do total
relacionado na matriz. A maior parte deles está concentrada como era de se




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esperar, na etapa de supressão de vegetação e limpeza do terreno, nestas
atividades se produzirão profundas transformações na paisagem natural, que
terão desdobramentos diretos na exposição dos solos que como já mencionado
configura a principal perturbação esperada em termos de meio físico.
O principal impacto ambiental identificado no meio biótico, esta representado
pela supressão de vegetação requerida para implantação do projeto, tanto pelo
fato da sua importância ambiental como ecossistema, quanto pelo fato de
envolver vegetação de Mata Atlântica da qual resta no estado menos de 7% da
cobertura original. Este impacto, que outrossim apresentou a maior qualificação
da matriz com um valor de 9,8 sobre 10. O quadro a seguir ilustra as
necessidades de supressão de vegetação em decorrência da implantação do
empreendimento.


                                                                        ÁREA A SER
                                TIPO DE VEGETAÇÃO                       SUPRIMIDA
                                                                           (ha)
                    Formação fruteira Exótica                              2,10
                    Vegetação secundaria Arbórea                           7,90
                    Vegetação secundaria Arbustiva                         1,80
                    TOTAL                                                 11,80

Dos 11,80 hectares a serem suprimidos, 2,6 ha estão localizados em Áreas de
Preservação Permanente (APP da lei 4775/65), configurando outro impacto
relevante do meio biótico. O quadro a seguir mostra o balanço de supressão de
vegetação em APP, observando-se que só 1,86 correspondem a vegetação nativa.

                                Coordenadas da APP na Faixa de Intervenção     SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO

                                                                                                      Mata
                   Estaca de                                                 Exôtica     Várzea
  Curso de água                       Início                  Final                                 Atlântica
                   Referência                                                 (m²)        (m²)
                                                                                                      (m²)
Rio Santa Amélia     1327       279.669 9.080.687   278.308      9.081.154              25.488,00   18.567,00
Riacho sem nome     1411+10     279.111 9.082.414   279.105      9.082.582   7.575,00   2.166,00
Rio Pirapama         1631       279.434 9.086.271   279.252      9.086.464
                                                               TOTAL (m²) 7.575,00      27.654,00   18.567,00

                                                               TOTAL (ha)      0,76       2,77        1,86

                                                               TOTAL (ha)                  5,38


Impactos negativos na componente Socioeconômica
Os impactos ambientais no meio socioeconômico decorrentes de obras de
engenharia de características lineares como é o caso do Contorno do Cabo, têm
no remanejamento involuntário de populações seus principais efeitos negativos.
No caso do Contorno do Cabo, esta situação se vê minimizada pela ambiência
rural da área, habitada de forma pouco intensiva por comunidades pobres que
dependem ainda da monocultura da cana-de-açúcar que domina a zona da mata



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  • 1. RIMA RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL IMPLANTAÇÃO E PAVIMENTAÇÃO DO CONTORNO RODOVIÁRIO DO CABO DE SANTO AGOSTINHO Foto: Hector Diaz Março de 2010
  • 2. SUMÁRIO 1 - O CONTORNO RODOVIÁRIO DO CABO...................................................... 5 2 - O PROJETO DE ENGENHARIA ..................................................................... 9 3 - O DIAGNÓSTICO AMBIENTAL................................................................... 15 4 - AVALIAÇÃO AMBIENTAL........................................................................... 38 5 - MEDIDAS MITIGADORAS, COMPENSATÓRIAS E PBA’S ............................. 50 6 - CONCLUSÕES DO ESTUDO ....................................................................... 58 2 de 61
  • 3. O RIMA O presente documento foi elaborado pela empresa A SOLUÇÃO ENGENHARIA, CONSULTORIA E MEIO AMBIENTE, e corresponde ao Relatório de Impacto Ambiental - RIMA do projeto de “IMPLANTAÇÃO E PAVIMENTAÇÃO DO CONTORNO RODOVIÁRIO DO CABO DE SANTO AGOSTINHO”, que está sendo planejado pela Empresa SUAPE. Este documento corresponde ao resumo não técnico do Estudo de Impacto Ambiental - EIA, onde se apresentam de forma mais clara e didática os principais aspectos relacionados com o empreendimento analisado, de tal forma a permitir que pessoas interessadas possam entender a proposta e as consequências ambientais da mesma, sem precisar ter um conhecimento técnico prévio dos assuntos abordados. No documento poderão ser consultados os aspectos mais relevantes da etapa de diagnóstico, os prognósticos futuros com e sem o empreendimento e a avaliação de impacto ambiental. Para informações mais detalhadas dos estudos realizados, deverá ser consultado o estudo principal que é o EIA na biblioteca da CPRH, na Empresa SUAPE ou na prefeitura do município do Cabo de Santo Agostinho. Panorâmica da Caninha 51 na BR-101 onde finalizará o Contorno do Cabo 3 de 61
  • 4. A EQUIPE TÉCNICA Em atendimento ao Termo de Referência e à Resolução do CONAMA 001/86, foi conformada uma equipe multidisciplinar de técnicos, conforme se relaciona no organograma a seguir: A CONFORMIDADE LEGAL DO EMPREENDIMENTO O empreendimento em aprecio vem seguindo rigorosamente todos os tramites legais para implantação, tanto no tocante ao órgão ambiental do estado de Pernambuco CPRH (onde se encontra na etapa de Licença de Implantação sob o processo CPRH n° 9866/2009), como também junto a outros órgãos como a Prefeitura do Município do Cabo, IPHAN, DER e DNIT. Na análise jurídica requerida no EIA, não foi identificado nenhum aspecto que confronte com a legislação ambiental em vigor, nas escalas Federal, Estadual e Municipal. 4 de 61
  • 5. 1 - O Contorno Rodoviário do Cabo O contorno do Cabo de Santo Agostinho, corresponde a uma ligação viária de 7.940m de comprimento que se inicia no entroncamento da TDR-Norte com a PE- 28 (Acesso a Gaibu, em área do Complexo Industrial Portuário de SUAPE), e finaliza na rótula existente na BR-101 nas imediações da Companhia Müller de Bebidas Nordeste (Caninha 51). 5 de 61
  • 6. Como seu nome o indica, a nova rodovia contornará a cidade do Cabo pelo lado leste, possibilitando o desvio do fluxo de veículos pesados que se dirigem ou deixam o Porto de Suape em sentido Recife, evitando a circulação de veículos pesados na BR-101 e na PE-060 durante a travessia urbana da cidade do Cabo de Santo Agostinho. Panorâmica da rotatória da BR-101 nas imediações da Caninha 51. Observe-se na parte alta da foto a Capela de Santo Antônio do engenho Velho Concepção e Justificativa Não é de agora que vem sendo pensada a implantação de uma via expressa que cumpra a dupla função de facilitar o acesso de veículos pesados ao Porto de SUAPE, desafogando os seus acessos na PE-060, bem como o intenso tráfego de veículos de passeio que se direcionam para as praias do litoral sul do estado, e especialmente para Porto de Galinhas. A concepção que se tem arquitetada atualmente e que se denomina como “Via Expressa”, prevê a ligação viária entre a BR-101 e o distrito de Nossa Senhora do Ó, através da concatenação de eixos viários existentes e novas vias projetadas. Neste planejamento, o Contorno do Cabo (objeto deste EIA/RIMA) corresponde somente a uma das suas etapas. Este planejamento já aparece incorporado nos Planos Diretores dos municípios diretamente beneficiados com esta ligação viária, notadamente Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, que já consideram no seu planejamento viário estruturador os diversos trechos que conformam a Via Expressa. 6 de 61
  • 7. Concepção da Via Expressa – Diagrama Esquemático Observações: O escopo do presente EIA/RIMA restringe-se ao primeiro segmento da Via Expressa denominado: Contorno do Cabo. A Via Expressa reduzirá o percurso entre a rotatória da Caninha 51 e o distrito de Nossa Senhora do Ó em aproximadamente 5km, mas com notável ganho em tempo de viagem. A novidade está no modelo de gestão diferenciado que será implantado no novo eixo viário. Com efeito, a circulação pela Via Expressa será precedida de pagamento de Pedágio, sendo os recursos captados direcionados para o Porto de Suape e manutenção da estrada conforme informações veiculadas na mídia. Salienta-se que ainda não se tem uma definição clara por parte dos gestores de SUAPE e do estado da forma como será cobrado o pedágio, nem da tarifação do mesmo. A proposta de duplicação está bem integrada com o restante do planejamento regional? Completamente. O projeto do Contorno do Cabo se desenvolve dentro de um contexto regional em franco crescimento e notória modernização propulsada pelo crescimento vertiginoso do Porto de Suape. Nessa composição, análise de Planos, Programas e Projetos (PPPs) com atuação na região, vem evidenciar que o contorno do Cabo tornar-se-á um dos principais eixos viários de acesso ao Complexo Industrial de SUAPE, oferecendo maior capacidade de interligação, fluidez e mobilidade, ampliando, deste modo, a expectativa econômica e o território de oportunidades na região desse Complexo. Essa via, que também desviará o trânsito da área urbana do Cabo, servirá ao desenvolvimento estadual, ao mesmo tempo em que propiciará um maior grau de segurança e menor espaço de tempo de deslocamento. 7 de 61
  • 8. O eixo viário proposto, voltando- se ao tráfego pesado, que se destina à SUAPE – caminhões e máquinas –, que chegarão, principalmente, à refinaria, ao estaleiro, ao pólo petroquímico e ao moinho da Bunge, entre as outras noventa (90) empresas existentes no Complexo, liberará o trecho da PE-060 compreendido entre a BR-101 e os acessos ao porto. A via proposta, portanto, amenizará o tráfego, beneficiando a conectividade entre os centros urbanos existentes no entorno, região de turismo, lazer, unidades e áreas de preservação e de patrimônio cultural e histórico e, ainda, segunda moradia, que se desenvolve ao longo da orla do litoral Sul de Pernambuco, ou ainda o acesso ao Litoral Norte de Alagoas, num processo de expansão da área urbana ou periférica. Só para a reestruturação do sistema viário de acesso ao Complexo estão previstos investimentos na ordem de R$ 1 bilhão, distribuído entre a duplicação da PE-060, construção de via alternativa saindo da malha urbana do Cabo, Via Expressa, a construção do anel viário da Região Metropolitana do Recife-RMR que integrará a BR-101, a BR-232 e a BR-408, a recuperação e adequação da Estrada da Batalha e mais a ampliação dos acessos de Suape – TDR-Norte, Sul e avenida portuária. Tem- se ainda a melhoria de alguns acessos às praias, a construção de pontes, para a adequação e construção de vias, e a Via Parque, que visam maior integração entre os municípios da RMR e essa área de desenvolvimento. Nesse eixo é destacado como fundamental a Transnordestina e a melhoria e ampliação do sistema de transportes, com terminais integrados de ônibus/metrô. Até 2010, vinte e três (23) projetos em Suape absorverão 6,2 bilhões de dólares. São projetos que inevitavelmente atrairão novas empresas, fornecedores ou clientes. Além destes, estão em negociação outros 7,5 bilhões de dólares em investimentos, incluindo uma siderúrgica e uma fábrica de celulose. Com todo esse crescimento em SUAPE é necessário o ordenamento da distribuição do fluxo de passageiros e veículos, ficando claro que o projeto viário do Contorno do Cabo se insere como peça chave no planejamento estratégico do Porto de SUAPE e do Litoral Sul do Estado. 8 de 61
  • 9. 2 - O PROJETO DE ENGENHARIA O projeto de engenharia do Contorno do Cabo de Santo Agostinho está sendo elaborado pela empresa JBR Engenharia, apresentando como principais especificidades as seguintes: A implantação e pavimentação das duas pistas, separadas por barreiras duplas tipo New Jersey. Os canteiros existirão apenas ao longo das áreas de retorno; A implantação de duas áreas de retorno; A travessia de segmentos com presença de solos de baixa capacidade de suporte e/ou solos moles; Travessia elevada sobre a PE-028; Travessia das duas pistas sobre a ferrovia em um ponto do traçado; Cruzamento em ponte de concreto sobre os Rios Pirapama, e em bueiro celular sobre o Riacho Santa Amélia e Afluente do Pirapama; A seção transversal do contorno do Cabo terá uma largura total de plataforma de 24,65m com pistas de rolamento de 7,00m pavimentadas em concreto asfáltico. A faixa de domínio será de 20m de lado e lado do novo eixo viário. Seção transversal típica da duplicação Fonte: Adaptado de JBR Engenharia A estimativa de movimentação de terra para a implantação do empreendimento, aponta para um balanço de movimentação de terra próximo positivo, com um excedente de material próximo de 259.000m³, dos quais aproximadamente 60.000 m³ correspondem a solos moles provenientes das áreas de várzeas atravessadas pelo eixo viário ao longo do seu traçado. Os principais pontos de movimentação de terra do projeto estão concentrados em dois segmentos: 9 de 61
  • 10. No primeiro quilômetro entre estacas 1280 a 1310 será requerida a elevação do greide da rodovia para permitir a passagem por cima do primeiro viaduto rodoferroviário previsto. Nesse ponto, a altura do aterro poderá atingir alturas próximas dos 18m. Após o cruzamento do Rio Pirapama, entre estacas 1.638 e 1.670, onde os cortes de escavação atingirão os 26m de altura. Salienta-se que não foram previstas áreas para empréstimos de solo, sendo a solução adotada para atender a demanda de aterro, baseada no alargamento dos cortes em pontos estratégicos do traçado, onde as características dos matérias de corte eram favoráveis às exigências do material de aterro. Já o atendimento das demandas de materiais mais nobres como britas e areias, está sendo previsto pelo projeto a partir de jazidas licenciadas e exploradas comercialmente, localizadas nos municípios de Cabo, Ipojuca e Jaboatão dos Guararapes. O projeto da JBR indica dois locais de destinação final de materiais excedentes das escavações, identificados como bota-fora “sujo” e bota-fora “limpo”. Estes locais de disposição final apontados pelo projeto são pontos dos bota-fora já autorizados pelo órgão ambiental do Estado – CPRH e atualmente em atividade no porto de SUAPE. Assim, considera-se como um aspecto positivo a sinergia que se estabelecerá entre o Contorno do Cabo e o CIPS em termos da disposição final de inertes, onde não será requerido impactar novas áreas, mas aproveitar os locais já existentes. Conforme informações fornecidas pela empresa SUAPE, nove (9) áreas estão atualmente autorizadas pela CPRH para funcionarem como locais de bota-fora. Em termos de Obras de Arte Especiais (OAE) ressalta-se que o projeto prevê dois (2) viadutos sobre a linha férrea e uma ponte também dupla sobre o Rio Pirapama, conforme se observa no Quadro a seguir: Características das Obras de Arte Especiais Extensão Largura Estaca Tipo de Obra Características Técnicas (m) (m) Viaduto sobre 1.301 Fundação em estaca raiz de 410mm, 32,00 13,00 linha rodoviária com estrutura em um único vão e Viaduto sobre 1.568 vigas em concreto protendido. Muros 70,00 13,00 linha ferroviária de contenção nas cabeceiras em Ponte sobre o rio 1.628 alvenaria de pedra argamassada 120,00 13,00 Pirapama Fonte: JBR Engenharia A necessidade de desapropriação O Relatório de desapropriação fornecido e elaborado pela Empresa SUAPE, aponta quatro (4) laudos de desapropriação resumidos no Quadro a seguir. 10 de 61
  • 11. Identificação de Áreas para Desapropriação Desapropriado Desapropriação Área Indenização de plantação de macaxeira e fruteiras ELIZABETE SOARES diversas, situadas no Engenho Boa Vista, entre as 19.204 m² PEREIRA estacas 317 + 9,10m a 9335 + 0,00m, lado direito e lado esquerdo, Indenização de plantação de cana-de-açúcar no MEGAÍPE Engenho Cedro, em terra pertencente a Moura EMPREENDIMENTOS 24,53 há Dubeux, entre as estacas 550+0,00m a AGRÍCOLAS LTDA 661+0,00m, lado direito e lado esquerdo. Indenização de plantação de cana de açúcar nos Engenhos Boa Vista, Ilha e Jurissaca, em terras USINA IPOJUCA pertencentes a SUAPE, entre as estacas 20,95 ha 527+15,00m a 542+5,00m, lado direito e lado esquerdo. Desapropriação de parte da terra a ser desmembrada de uma área maior denominada MOURA DUBEUX 24,53 ha Engenho Cedro, entre as estacas 550+0,00m a 661+0,00m, lado direito e lado esquerdo TOTAL 71,91 ha Fonte: Empresa SUAPE Salienta-se que a alternativa proposta de traçado não afeta fisicamente nenhuma comunidade rural e/ou urbana, no entanto, os levantamentos efetuados pela equipe e a análise posterior de impactos, apontaram como necessário o remanejamento de aproximadamente quatorze (14) famílias da comunidade do Engenho Boa Vista, em função da precária qualidade de vida que exibem atualmente e a previsão de serem pioradas suas condições de vida com a implantação do projeto. Os Canteiros de obras Para a implantação das obras do Contorno do Cabo, está sendo previsto o apoio logístico através de um canteiro central que atenderá os trabalhos, tanto de duplicação da TDR-Norte, como os de implantação da obra em apreço. O canteiro central estará localizado nas proximidades da rotatória que interliga a TDR Norte, TDR Sul e o acesso principal de SUAPE, ocupando uma área em torno de 12.000m² que abrangerá as seguintes unidades: Escritório Central; Laboratório; Refeitório 1; Escritório de apoio (almoxarifado, EPI’s, Apontadoria, sala dos mestres); Refeitório 2; 11 de 61
  • 12. Escritório da Fiscalização; Oficina Mecânica; Central de Carpintaria; Vestiários; Sanitário de Campo; Deposito de lubrificantes; Guarita; Adicionalmente serão requeridos três (3) canteiros de apoio para construção das OAE, notadamente a ponte sobre o Rio Pirapama e os viadutos rodoferroviários. Estes canteiros auxiliares terão área de aproximadamente 100m², contando com as seguintes unidades: Depósitos; Almoxarifado; Sala de projetos; Sala para fiscais; Banheiros químicos; Localização do Canteiro Principal do empreendimento O Cronograma de Implantação O Cronograma de execução de obras contido no projeto básico da JBR, prevê 540 dias corridos para a implantação dos serviços, dos quais a terraplenagem representa 420 dias. 12 de 61
  • 13. As Alternativas Locacionais Em termos de alternativas locacionais, sempre se partiu da premissa de contornar a cidade do Cabo de Santo Agostinho pelo seu lado leste, alternativa esta que já era prevista pela FIDEM no seu documento de Metrópole Estratégica. Dentro desse contexto, foram estudadas três (3) possibilidades de eixos, levando em conta a existência de algumas restrições físicas do terreno, como a travessia de áreas baixas alagadas com presença de solos moles, a presença da linha férrea e a presença de edificações coloniais que deveriam ser preservadas, sendo estas especificamente o Engenho Boa Vista e a antiga estrada de Barreiros que apresenta um calçamento em pedra bastante preservado no seu último trecho. Salienta-se que a proposição de alternativas na verdade foi um amadurecimento da solução, que foi evoluindo na medida que as pesquisas foram fornecendo mais critérios de decisão e os diversos atores envolvidos foram ouvidos. A Figura ao lado apresenta as três alternativas estudadas. Observe-se como a Alternativa 1 se afasta consideravelmente da linha férrea no seu primeiro trecho, adentrando-se em áreas baixas com solos moles, contornando o vilarejo do Eng. Boa Vista pela direita, mas cortando a antiga estrada de Barreiros antes de se tornar paralela à linha férrea. A Alternativa 2 foi uma tentativa de desviar do vilarejo do Eng. Boa Vista, já que se acreditava que a Casa Grande do mesmo correspondia a uma edificação existente no Vilarejo datada de 1919. Com o aprofundamento das pesquisas arqueológicas, foi esclarecido que a verdadeira Casa Grande do Engenho, localizava-se no topo de uma colina do lado esquerdo da linha férrea, conforme se mostra na figura. 13 de 61
  • 14. Uma vez esclarecido completamente o cenário referente ao patrimônio cultural existente dentro da AID, foi estruturada uma outra alternativa locacional. Esta alternativa não prevê o cruzamento da linha férrea no primeiro trecho, mas diferente da Alternativa 1, o traçado se aproxima o máximo possível da ferrovia, na tentativa de garantir melhores condições geotécnicas no solo de fundação. A travessia pelo vilarejo do Engenho Boa Vista seria feita igualmente pelo lado direito da linha férrea, mas pelo lado esquerdo da casa branca existente, a qual não seria afetada pelas obras, ao igual que antiga estrada de Barreiros. (a) Ruínas da Casa grande do Engenho Boa Vista localizada fora da AID do empreendimento (b) Casa existente localizada no vilarejo do Engenho Boa Vista, e que vinha sendo confundida com a verdadeira casa grande. 14 de 61
  • 15. 3 - O DIAGNÓSTICO AMBIENTAL Os levantamentos efetuados pela equipe técnica estiveram restritos às Áreas de Influência previamente definidas. Inicialmente definiu-se uma Área de Abrangência Regional, considerando o território dos municípios do Cabo de Santo Agostinho até Ipojuca, uma vez que o contorno do Cabo terá rebatimento direto no tempo de viagem no trecho rodoviário compreendido entre a rótula da Caninha 51 e à cidade de Ipojuca para os viajantes que circulam pela PE-060. Foi considerada como a Área de Influência Direta - AID do empreendimento uma faixa de 500m de lado a lado da nova rodovia. Isto representa uma faixa de terreno (para cada lado), vinte (20) vezes maior que a largura total da plataforma viária prevista para o contorno do Cabo que se situa na faixa de 25m. Para a AII, esta faixa de terreno ampliou-se para 2000m do eixo no sentido leste, e 2000 para o oeste, considerando como limite físico a PE-060. A figura a seguir ilustra a concepção de áreas de influência utilizadas no estudo Esquema das Áreas de Influência Adotadas O meio físico na Região A região de Suape está inserida na Zona Fisiográfica do Litoral, com clima quente úmido pseudotropical, classificada como As pelo sistema de Köeppen. Na região As, o inverno chuvoso se estende no período de março a agosto, com precipitações entre 200 e 400 mm mensais, com picos em maio, junho e julho; e com época mais seca nos outros meses, com precipitações em geral menores que 100 mm mensais. Nesta região se desenvolve o traçado da rodovia expressa do Contorno do Cabo de Santo Agostinho, atravessando uma região típica da zona da mata pernambucana, com uma topografia colinosa que domina parte do traçado e que se alterna com áreas planas de cotas baixas, alagáveis, e que correspondem à formação geomorfológica de planície costeira. Estas áreas de planície costeira se verificam principalmente nas imediações da rede de drenagem do Rio Pirapama, principal curso d’água da área de influência da rodovia expressa do Contorno do Cabo. 15 de 61
  • 16. No caso da rodovia de Contorno do Cabo, a relação entre topografia, cobertura vegetal e uso e ocupação do solo define dois (2) setores diferenciados dentro da Área Diretamente Afetada – ADA. O primeiro vai do início da rodovia de Contorno do Cabo na PE-028 (Estaca 1285) até as imediações do vilarejo do Engenho Boa Vista. Este segmento caracteriza-se por uma cobertura vegetal densa em estágio avançado de regeneração e uma topografia movimentada com altitudes máximas da ordem de 35m. Como aspecto físico importante deste setor destaca-se o alagamento das áreas baixas que o Riacho Santa Amélia (Riacho Afogadinho segundo os moradores locais) causa do lado direito da linha férrea, em decorrência de uma pobre drenagem. Estas áreas baixas alagadas criaram também uma vegetação peculiar de várzea adaptada ao ambiente alagado. Um braço deste riacho corta novamente a linha férrea nas proximidades do vilarejo do Eng. Boa Vista, criando igualmente alagamentos do lado direito da linha férrea. Salienta-se que, a montante da rodovia expressa de Contorno do Cabo, o Riacho Santa Amélia corta a cidade do Cabo aferente a Áreas alagadas existentes na AID (279.416,9.080.855) PE-060 com sua seção canalizada em concreto, sendo intensamente impactado pelo lançamento de esgoto in natura e resíduos sólidos, que comprometem a qualidade das suas águas. De fato, os alagados formados dentro da AID do projeto, embora apresentem alguma beleza cênica, são pobres em termos de ictiofauna conforme depoimentos dos moradores locais. Foto: Hector Diaz Panorâmica do vale do Pirapama desde a Capela de Santo Antônio do Engenho Velho (Santo Antônio do Monte). 16 de 61
  • 17. O segundo setor se inicia no vilarejo do Engenho Boa Vista e termina na rótula da Caninha 51 (Estaca 1682). Neste setor, a cobertura vegetal nativa desaparece e a paisagem é dominada pelos cultivos da cana-de-açúcar. Embora esta característica seja predominante, este último setor apresenta dois segmentos diferenciados em topografia: até a margem direita do Rio Pirapama, a estrada discorre por terrenos de cotas baixas onde os cortes e aterros requeridos serão pouco expressivos. Após o cruzamento do Rio Pirapama (vertente esquerda), o relevo torna-se novamente movimentado, com altitudes máximas em torno de 65m e onde a estrada apresentará os cortes máximos, com taludes que podem superar os 20m de altura. Geologia – geotecnia - solos Em termos geológicos, a rodovia insere-se integralmente na Bacia Cabo unidade geológica pertencente à Província Costeira de Pernambuco, onde ocorrem sedimentos quaternários e rochas da sequência vulcano-sedimentar cretácica da Bacia de Pernambuco (Formações Algodoais, Província Magmática do Cabo e Formação Cabo), que foram depositados sobre um embasamento de rochas graníticas e migmatíticas de idade pré- cambriana, que afloram no extremo noroeste da área de influência da rodovia. Arenito fino com intercalado com níveis de Isto significa que ao longo do eixo viário argilito da Formação Cabo poderão ser encontradas formações rochosas, ora de arenitos intercalados com folhelhos associados a ambientes lacustres, ora rochas mais duras, denominadas em terminologia geológica como traquitos e riolitos. Os afloramentos mais expressivos ocorrem próximos à linha férrea e na antiga estrada para Barreiros. Contudo, a maior parte do percurso de 8km da rodovia estará dominado pela presença de solos de diversas texturas e gêneses, podendo ser solos residuais de formação rochosa nas encostas e morros, os quais serão aproveitados como material de aterro para o corpo estradal, ou solos de depósitos fluvio-lagunares que se apresentam com características mais arenosas nos denominados aluviões, ou de características mais finas e saturadas nos denominados solos moles, cuja travessia se constitui no principal desafio técnico do projeto. Afloramento de rochas vulcânicas (traquitos) no leito Ainda podem ser encontrados do Rio Pirapama próximo ao local onde será sedimentos mais antigos da construída a ponte da via expressa. Formação Barreiras, caracterizados 17 de 61
  • 18. Em termos de solos e de acordo com a EMBRAPA (1999) na área de influência do empreendimento ocorrem solos Podzólicos Amarelos e Vermelho-Amarelos, Terra Roxa, Gleissolos, solos de mangue e areias quartzosas. Trabalhos recentes (Fernandes, 1999; Teodulo, 2003; Chagas, 2003) revelam os níveis atuais de Contato erosivo entre a Formação Barreiras no topo e metais traço e hidrocarbonetos (HPA a Formação Algodoais e HTP) em solos e sedimentos superficiais do CIPS. De acordo com Teodulo (2003) e Chagas (2003) os níveis atuais de metais traço e hidrocarbonetos (HPA e HTP) em solos e sedimentos superficiais do CIPS encontram-se abaixo da média dos valores encontrados em outras áreas portuárias no Brasil e no mundo. Recursos Hídricos A área de influência da via expressa a Suape está inserida na bacia do Rio Pirapama, que juntamente com o Rio Jaboatão, pertencem ao grupo dos pequenos rios litorâneos (GL 2) denominados no PERH (1998) como UP 15-GL 2. Além do Rio Pirapama que é cortado pela via expressa do Cabo na Estaca 1.625, outros dois cruzamentos de cursos de água são verificados ao longo do percurso. Na altura da estaca 1.323 a rodovia corta o Riacho Santa Amélia, tributário pela margem direita do Rio Pirapama. Este curso de água é conhecido no setor da via expressa do Cabo como Afogadinho, e é o responsável pelo alagamento permanente de áreas a direita da linha férrea, em função das restrições de drenagem verificadas a jusante da referida ferrovia. Na estaca 1.418 aproximadamente, é verificado um novo cruzamento de um curso de água menor sem nome na carta de recursos hídricos da SECTMA. Esta rede de drenagem do Santa Amélia se adentra na AID com a qualidade de suas águas comprometidas pelo lançamento de esgoto in natura na passagem pela cidade do Cabo. Lavagem de roupa no Rio Pirapama por moradora do Engenho Velho 18 de 61
  • 19. As coletas de amostras d’água efetuadas pela equipe, somadas a interpretação dos registros de monitoramento do Rio Pirapama efetuados periodicamente pela CPRH, mostram um comprometimento da qualidade das águas em decorrência principalmente do lançamento de esgotos. Com efeito, a integração do esgotamento sanitário do bairro COHAB ao Riacho Santa Amélia aumenta a disponibilidade de Fósforo e Nitrogênio no ambiente, propiciando um ambiente ótimo para o crescimento excessivo de macrófitas aquáticas. Estas afirmações foram confirmadas com as amostragens de água Amélia até o alagado. sp. no trajeto do Riacho Santa Presença de Nymphaea realizadas no Riacho Santa Amélia, onde o valor do oxigênio dissolvido atingiu um valor de 0,6 mg/l (mínimo de 5 mg/l para corpo de água classe 2) enquanto que o fósforo (P) foi identificado com um valor 400% superior ao limite da classe fixado em 0,1mg/l. As condições do outro córrego que corta a estrada são ainda mais precárias, tendo exibido um valor de fósforo (P) de 1,21 mg/l e um valor de OD de 0,3 mg/l, ou seja, uma condição anaeróbia intolerável para a maioria de espécies aquáticas. Ruídos Quanto aos níveis de ruídos, a área onde será a implantação da via expressa de acesso ao CIPS apresenta baixo nível de ruído (inferior a 40dB) condizente com a ambiência rural que predomina no trajeto. Já nos pontos de interseção com PE-028 (acesso a praia de Gaibu) e com a BR-101, onde existe transporte rodoviário intenso, o nível de ruídos se eleva para valores de 72 dB. Apesar do baixo nível de ruído observado na área de influência direta do empreendimento, é importante mencionar que na mesma já existe a linha férrea que causa alterações periódicas nos níveis de ruído na área e em seu entorno. O ruído lateral Medições de ruído efetuadas na AID gerado por trens apresenta 19 de 61
  • 20. algumas características específicas que dependem da velocidade e do tipo de locomotiva. De modo geral a passagem de um comboio ferroviário gera um nível de ruído em torno de 85dB a uma distância de 25m. O meio Biótico nas áreas de Influência A paisagem da região fisiográfica do Litoral-Mata foi fortemente moldada pela cultura da cana-de-açúcar que tomou o lugar dos ecossistemas terrestres originais ao longo dos cinco séculos de desmatamentos. Os remanescentes de vegetação natural apresentam-se hoje nas suas formas sucessoras, com diferentes graus de antropismo. Com efeito, o resultado da alteração da cobertura vegetal pelo homem, embora seja influenciado pelo clima, por fatores edáficos e topológicos, depende fundamentalmente do tipo de alteração sofrida, de sua intensidade e duração. A rigor, todas as fitofisionomias encontradas na área de influência direta são antropogênicas, diferindo essencialmente se a ação humana foi de degradação (desmatamentos para cultivo agrícola, aterros, etc) ou perturbação (extração de madeira com corte seletivo, alteração da drenagem por obras próximas, etc). Correspondem ao Sistema Secundário, termo usado pelo IBGE (1992) para designar os sistemas antrópicos que incluem as comunidades secundárias, em locais onde houve descaracterização da vegetação primária. Encontram-se trechos considerados como de primeira e quarta fase de sucessão, desde a colonização inicial de solo desnudo com as primeiras ervas, passando pela “capoeirinha”, “capoeira rala” e “capoeira” propriamente dita. Para efeito de mapeamento, convencionou-se adotar seis (6) grandes classes de cobertura vegetal: Vegetação secundária arbórea (VsA): corresponde, na classificação proposta pelo EIA/RIMA - SUAPE/CIPS (2000), à “formação florestal aberta” (Fa), ou capoeirão. Representa um estágio de sucessão secundária no qual há um estrato arbóreo que caracteriza a fisionomia, por vezes com árvores emergentes (notadamente praíba, Simarouba amara, e sambaquim, Schefflera morototoni, e eventualmente cajá, Spondias mombin). Vegetação secundária arbustiva (Vsa): incorpora as categorias “vegetação arbustiva” (Va) e parte de “campos antrópicos”, incluindo, por vezes, pequenos trechos sítios com vegetação arbustiva e arbórea aberta cultivada e vegetação marginal não arbórea de áreas alagadas. Campos antrópicos (Ca): caracteriza-se por apresentar vegetação predominantemente herbácea, podendo ocorrer ocasionalmente espécies arbustivas e arbóreas. Em alguns locais, apresenta-se como início do processo sucessional. Fruteiras exóticas (Fex): Caracteriza-se por antigos pomares e áreas de reflorestamento com mangueiras (Mangifera indica) dominantes, embora aí ocorram indivíduos isolados de espécies nativas. Inclui também os maciços de S. cumini (azeitona-roxa) onde a espécie é encontrada em 20 de 61
  • 21. elevada densidade (superior a 80% dos indivíduos), capaz de causar impactos ambientais negativos, impedindo a regeneração de outras espécies. Agricultura(Agr): Fisionomia de Origem Humana – Áreas cultivadas (sensu Oliveira Filho), inclui lavouras, pastos e sítios dispostos de forma contígua em núcleos de produção familiar. Canaviais (Can): caso especial de Agricultura, cuja fisionomia de caracteriza por extrema uniformidade e baixíssima diversidade, formada por plantios de Saccharum officinarum (cana-de-açúcar). Evidentemente, a distribuição espacial da vegetação não é discreta, ou seja, não existem necessariamente limites físicos rígidos entre as fitofisionomias descritas acima, nem mesmo limites conceituais, ainda mais quando a ação antrópica se dá por um longo período e de forma não sistemática, criando uma população que varia amplamente em escala local, tanto em relação à densidade quanto ao porte e a composição florística. No EIA/RIMA - SUAPE/CIPS (2000) essa variabilidade é reconhecida quando se informa que a diversidade de condicionantes físicos e efetiva atuação antrópica são responsáveis por uma cobertura vegetal extremamente diversificada. A distribuição destas fisionomias na Área Diretamente Afetada (ADA) pelo empreendimento (ADA) pode ser conferida no Quadro a seguir. Observe-se como os canaviais e os campos antrópicos correspondem a mais de 70% da área de intervenção. DISTRIBUIÇÃO ABSOLUTA E PERCENTUAL DO USO DO SOLO NA ADA Uso Área (há) % Agricultura 0,3 0,6% Campo Antrópico 9,1 15,7% Canaviais 31,4 54,4% Ferrovia 0,5 1,0% Fruteira Exótica 2,1 3,6% Hidrografia 0,6 1,0% Rodovia 0,5 0,9% Solo Exposto 0,5 0,9% Vegetação secundária Arbórea 7,9 13,7% Vegetação secundária Arbustiva 1,8 3,1% Vicinais 2,9 5,0% TOTAL 57,7 100,0% 21 de 61
  • 22. A B Primeira (A) e segunda (B) fases da sucessão secundária, com colonização de área degrada por ervas e subarbustos. Aspecto da borda exterior de áreas de “capoeira” (entre a terceira e quarta fase de sucessão). Vegetação secundária arbórea na área de influência direta da Rodovia Contorno do Cabo. 22 de 61
  • 23. A B Foto A e B - Áreas classificadas como Fruteiras exóticas, onde Syzygium cumini é monodominante, na área de influência direta da Rodovia Contorno do Cabo. Em termos de flora na AID, as pesquisas de campo identificaram noventa e sete (97) espécies botânicas, pertencentes a quarenta (40) famílias. A família Fabaceae foi a que apresentou maior riqueza (vinte e uma (21) espécies), seguida de Euphorbiaceae e Melastomataceae com sete (7) e seis (6) espécies, respectivamente. Vinte e três (23) famílias estiveram representadas com apenas uma (1) espécie. Uma dessas famílias foi a Orchidaceae, representada por espécie terrestre, encontrada sem floração na área de vegetação arbórea. 23 de 61
  • 24. Também a Limnocharitaceae, plantas aquáticas, que se encontrou representada por uma única espécie não determinada, provavelmente dos gêneros Hidrocleys ou Limnocharis, de ampla distribuição geográfica. A única espécie de pteridófita reconhecida (família Blechnaceae) também esteve associada à borda de áreas úmidas, no subosque da vegetação arbórea. Já as espécies de trepadeiras identificadas são características de áreas abertas, ensolaradas, e foram encontradas tanto sobre as copas das árvores como nas áreas de vegetação arbustiva, escalando arbustos. Apenas duas (2) espécies (imbé e jiboia-da-mata) foram encontradas no interior da vegetação de porte arbóreo e ambas são, na verdade, hemiparasitas secundárias, e não lianas. A área de influência direta da Rodovia Contorno do Cabo se apresenta como fortemente marcada pelas intervenções humanas presentes e pretéritas, constituindo-se em ambiente pouco provável de abrigar espécies raras, ameaçadas e/ou protegidas. A relação florística obtida é composta na grande maioria de espécies ruderais e mesmo as espécies arbóreas nativas da Mata Atlântica são de larga distribuição geográfica, ocorrentes em outros ecossistemas. Mesmo diante dessas evidências, para verificar se alguma das espécies relacionadas encontrava-se em algum grau de vulnerabilidade, consultaram-se relações de espécies consideradas ameaçadas: Na lista oficial de espécies da flora ameaçadas de extinção (Instrução Normativa Nº 6, de 23 de setembro de 2008), o banco de dados de espécies da IUCN (“Redlist” da International Union for Conservation of Nature and Natural Resources, IUCN, 2009) e os apêndices I, II e III da CITES (Convention on Internacional Trade en Endangered Species of wild fauna and flora, CITES, 2009). Nenhuma das espécies relacionadas nessas três listas foi encontrada na área de influência direta do empreendimento, assim como não se evidenciou a ocorrência de espécies endêmicas e de espécies-chave. Unidades de Conservação Na área de influência direta e indireta (AID e AII) do empreendimento não foram identificadas Unidades de Conservação, porém no entorno de 10km constam sim áreas de Proteção de Mananciais, Reservas Ecológicas, reservas privadas, sendo as mais próximas a Mata de Duas Lagoas e a Mata do Zumbi, ambas localizadas no entorno da PE-028, mas distanciadas em torno de 2km do empreendimento, o que garante que não serão afetadas pela execução das obras. Nome da Descrição Reserva Localizada no Cabo de Santo Agostinho, na margem esquerda da PE-028, MATA DE DUAS tem 140,30ha de mata, tendo sido em parte devastada pelo Loteamento LAGOAS Enseada dos Corais. Localizada no Cabo de Santo Agostinho, na margem direita da PE-028, esta Reserva ecológica tem 292,40ha de Mata Atlântica, com riachos e lagoas. MATA DO ZUMBI Apresenta bom estado de conservação, embora tenha sofrido devastação com a implantação do Loteamento Enseada dos Corais. 24 de 61
  • 25. E a Fauna? De um modo geral a fauna associada aos diversos ambientes que compõem a área de abrangência do Empreendimento está representada por espécies ditas generalistas com capacidade de se adaptar a diferentes feições do ambiente (p. ex., formações vegetais abertas e fechadas), apresentando ampla distribuição geográfica, com algumas também ocorrendo no domínio dos Cerrados e das Caatingas nordestinas. Dentre estas estão o rouxinol (Troglodytes musculus), o pitiguari (Cyclarhis gujanensis), o sabiá-gongá (Turdus rufiventris) e o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), da classe das aves, a raposa (Cerdocyon thous), o sagui (Callithrix jacchus), o timbu (Didelphis albiventris) e o preá (Galea spixii), entre os mamíferos; e o teju (Tupinambis merianae), a jiboia (Boa constrictor), e o calanguinho (Cnemidophorus ocellifer) dentre os répteis. Outras, como o bico- assovelado (Ramphocaenus melanurus), a marianinha-amarela (Capsiempis flaveola) e a rendeira (Manacus manacus), estão associadas a ambientes com mata mais fechada. Constatou-se uma predominância de espécies animais residentes (não migratórias), e diurnas. Dentre aquelas de hábito noturno, destacam-se a coruja, algumas serpentes e anfíbios, morcegos, e raposas, sendo poucas aquelas de hábito subterrâneo (fossorial), como a cobra-de-duas-cabeças (Amphisbaena sp) e lagartos dos gêneros Ameiva, Cnemidophorus e Iguana, dentre outros. Inúmeras espécies da fauna terrestre desapareceram da área prospectada, principalmente mamíferos de médio e grande porte. Alguns representantes, a exemplo da raposa (Cerdocyon thous) e do tatu-verdadeiro (Dasypus novemcinctus), estão hoje associados aos poucos fragmentos de remanescentes da Mata Atlântica localizados principalmente na área de influência indireta (AID) do Empreendimento. A reduzida diversidade da biota aquática é consequência da poluição dos rios e riachos presentes na área analisada. Em um dos riachos (Afogadinho, coordenadas: 279.223 - 9.081.074) que cruza o traçado da nova rodovia, atualmente estão presentes poucas espécies de peixes, dentre elas o cascudo (Hypostomus sp), o caritó (Geophagus sp) e a traíra (Hoplias malabaricus). Segundo um morador local, ainda ocorre o peixe amoré ou aimoré, provavelmente uma espécie do gênero Gobioides Em termos da fauna terrestre, as pesquisas de campo realizadas através de levantamento bibliográfico, observações e registros, e entrevistas informais com a população local, permitiram registrar dez (10) espécies de anfíbios, na sua maioria de hábito noturno, e sempre associadas aos ambientes de maior umidade, sendo as mais comuns o sapo-cururu (Rhinella jimi), as pererecas (Hypsiboas albomarginata e Phyllomedusa nordestina), a rã-cachorro (Physalaemus cuvieri), a perereca-de-banheiro ou raspa-cuia (Scinax x-signatus) e o caçote (Leptodactylus ocellatus), ocorrendo nas formações arbustivas e arbóreas. Entre os répteis, foram anotadas dezesseis (16) espécies, a maioria de hábito noturno, sendo oito (8) serpentes, seis (6) lagartos, uma (1) amphisbênida (cobra- 25 de 61
  • 26. de-duas-cabeças) e um (1) quelônio (cágado). Dentre as serpentes, são comuns a jiboia (Boa constrictor), e a corre-campo (Philodryas nattereri). O tejú (Tupinambis merianae) é visto ocasionalmente nas capoeiras e nos capoeirões mais isolados, na AII do Empreendimento. Cágados (Phrynops sp), são comuns nos riachos da ADA e da AID. Desovam nas margens, geralmente nas terras menos compactadas das áreas cultivadas. De igual forma, foram identificadas setenta e quatro (74) espécies de aves, sendo a família mais numerosa a Jiboia (Boa constrictor) em capoeirões do Cabo Tyrannidae, representada na área com de Santo Agostinho, PE. Foto Galileu Coelho. dez (10) espécies. De um modo geral predominam espécies adaptadas aos diversos tipos de ambientes florestados, com exceção, por exemplo, do frei-vicente (Tangara cayana), ave com sensitividade média. Outras espécies frequentes na ADA e na AID foram: sanhaçu-de-coqueiro (Thraupis palmarum), carcará (Caracara plancus), beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura), sabiá-gongá (Turdus rufiventris), pitiguari (Cyclarhis gujanensis), sebito (Coereba flaveola), (COELHO, 1988). Nas áreas mais abertas, com capoeiras e estrato arbustivo-herbáceo, ocorrem: anu-preto (Crotophaga ani), reloginho (Todirostrum cinereum), anu-branco (Guira guira), gavião-pega-pinto (Rupornis magnirostris), o qual é atualmente visitante regular dos centros urbanos; siriri (Tyrannus melancholicus), bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), rouxinol (Troglodytes musculus) e tiziu (Volatinia jacarina) dentre outras (COELHO, 2002; COELHO, 2004). Nas proximidades de riachos e rios, foram anotadas: a lavandeira (Fluvicola nengeta), garça-vaqueira (Bubulcus ibis), em pequenos bandos; martin-pescador- pequeno (Chloroceryle americana), socozinho (Butorides striata), ambas de passagem; jaçanã (Jacana jacana), pinto-d’água (Laterallus exilis), residente, registrado numa área alagada às margens do Riacho Santa Amélia e a galinha- d’água (Gallinula chloropus) (COELHO, 1988; 2008). Cerca de nove (9) espécies de aves estão associadas apenas às formações fechadas, principalmente aos remanescentes de Mata Atlântica localizados na área de influência direta (AID) e indireta (AII) do Empreendimento. Entre elas estão: o besourinho-da-mata (Phaethornis ruber), rendeira (Manacus manacus), pia-vovó (Thryothorus genibarbis), pinicapau-marrom (Dendroplex picus) e o bico- assovelado (Ramphocaenus melanurus). Oito (8) espécies estão associadas apenas às formações abertas, entre elas a rolinha (Columbina minuta), lavandeira (Fluvicola nengeta) e a patativa-golada (Sporophila albogularis). Dentre os mamíferos, treze (13) espécies foram anotadas, na sua maioria de pequeno porte, como roedores, preá, morcegos e marsupiais (LAURANCE et alli, 1996), apresentando ampla distribuição geográfica (Caatingas, Cerrados, além 26 de 61
  • 27. dos fragmentos da Mata Atlântica) (VOSS & EMMONS, 1996). Registros de campo e de laboratório, confirmados por moradores locais, dão conta de que as espécies mais comuns são os saguis, morcegos, raposas, timbus (CRUZ et alli, 2002), preás e os guabirus. Para a área de influência direta e indireta do empreendimento, não foram identificadas espécies ameaçadas de extinção, tampouco endêmicas stricto sensu, Que apresentam distribuição bastante ampla, tanto na Mata Atlântica como nas Caatingas. O meio Socioeconômico O empreendimento situa-se no Cabo de Santo Agostinho, o município que integra a Região de Desenvolvimento Metropolitana–RDM, fato que condiciona o planejamento e a execução de políticas públicas em nível regional, como se desprende das diretrizes e ações estabelecidas no Projeto Todos por Pernambuco/ Plano Plurianual – PPA 2008/2011. A ênfase no planejamento em nível regional se traduz, igualmente, no Plano Território Estratégico Suape – Diretrizes para uma Ocupação Sustentável que define normas e procedimentos visando a expansão ordenada dos espaços incluídos na área de influência do Complexo Industrial e Portuário de Suape1. Essa expansão ordenada, a que se refere o parágrafo acima, não vem sendo simples para o Porto de Suape, muito pelo contrário, desde que a Empresa foi criada pela Lei Estadual nº 7.763 de 7 de novembro de 1978 vem tentando equacionar os conflitos decorrentes da substituição paulatina de um ecossistema natural exuberante que outrora dominava a área, com os requerimentos de industrialização da área inevitáveis para a consolidação do Complexo. Mas estes conflitos não somente vêm-se verificando nas dimensões físicas – bióticas de Suape – mas transcendem para o campo social, principalmente representado pelas comunidades rurais remanescentes dos antigos engenhos que ainda hoje residem 1 O Território Estratégico de SUAPE consiste em unidade de planejamento utilizada pela FIDEM, abrangendo os municípios do Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Moreno e Escada. 27 de 61
  • 28. na área do CIPS, em locais cada vez mais industrializados e inadequados para ocupações humanas. Com efeito, na época de criação do CIPS, foi desapropriada uma ampla faixa de terra – correspondente a engenhos administrados pela Cooperativa Agrícola Tiriri -, visando, justamente, a construção das obras relativas ao porto, bem como a composição dos espaços destinados à instalação de estabelecimentos industriais, contudo, a desapropriação não significou a desocupação total da área, na medida em que permaneceram pequenos povoados, produção agrícola desenvolvida em sítios ocupados por posseiros, equipamentos sociais – como escolas, templos religiosos, estradas, infraestrutura de energia elétrica etc. – bem como áreas com lavouras de cana-de-açúcar realizadas com base em contratos de arrendamento, sendo exploradas por empresas, como a Usina Ipojuca. No EIA-RIMA referente às ações de modernização e ampliação do porto de Suape, a pesquisa socioeconômica apontava a presença de aproximadamente, 8.803 habitantes, distribuídos em vinte e dois (22) engenhos localizados no continente e em terras situadas nas ilhas de Cocaia, Barreiros, Martins e Tatuoca. O citado levantamento de dados foi de grande importância para construção de um perfil dessa população, bem como para dimensionar as formas de uso e de ocupação das terras que haviam sido desapropriadas visando a instalação do porto de Suape. Em 2003, foi realizada uma nova pesquisa com o objetivo de atualizar as informações obtidas anteriormente. O produto desse trabalho revelou, de imediato, o aumento da população residente, havendo-se, então, computado um total de 9.146 habitantes, o que representa um incremento populacional médio de 4%. Contudo, o aumento populacional nos engenhos se deu de forma muito heterogênea, sendo frequentes os casos em que a população diminuiu substancialmente entre uma pesquisa e outra. O Engenho Boa Vista cujas terras serão as mais afetadas com a implantação da rodovia, é um desses exemplos. Conforme as pesquisas, a população residente caiu de 388 pessoas em 1997 para 89 em 2003, representando isto uma diminuição de 77%. Já nos outros dois Engenhos que compõem a AID (Jurissaca e Cedro) a tendência foi de crescimento conforme pode ser observado no Quadro a seguir: POPULAÇÃO DE ENGENHOS INSERIDOS NA AID 1996-97 2003-04 Taxa Área Habitantes Ocupações Habitantes Ocupações Cresc. Engenhos (ha)* Localização No. % No. % No. % No. % Pop. Engenho Boa Vista 1.136 ZPEC 388 4% 181 2% 89 1% 32 0% -77% Engenho Cedro/Velho 594 ZAF 53 1% 21 0% 58 1% 20 0% 9% Engenho Jurissaca 600 ZPEC 247 3% 83 1% 357 4% 142 2% 45% Total 2.330 688 285 504 194 Sobre os remanescentes populacionais destes três (3) engenhos foram focadas as pesquisas da equipe social, destacando-se os seguintes aspectos: 28 de 61
  • 29. Engenho Boa Vista No vilarejo do Engenho Boa Vista, onde outrora devia funcionar a fábrica, existe um conjunto remanescente de casas que abriga cerca de quinze (15) famílias, inclusive o administrador responsável pela área que vem sendo explorada pela Usina Ipojuca, na condição de arrendatária de parcelas de terras pertencentes à Empresa Suape. Alguns poucos moradores trabalham para a usina em caráter permanente, enquanto outros são safristas na época da colheita da cana-de- açúcar. Há, ainda, os que plantam lavouras de subsistência nas proximidades. Panorâmica do Engenho Boa Vista As pessoas contatadas no local se queixam do abandono da área e das dificuldades relativas a transporte, segurança e abastecimento. As crianças precisam caminhar longas distâncias para estudar e não contam com meios de transporte coletivos. Os alunos (cerca de vinte crianças e adolescentes dessa localidade) até 5ª série do ensino fundamental frequentam a Escola Maria Tereza que se situa nas proximidades do SENAI, na cidade do Cabo de Santo Agostinho, enquanto os da 6ª série em diante estão matriculados em outras unidades de ensino do município. A falta de transporte – inexistência de linhas regulares de 29 de 61
  • 30. ônibus, vans ou, mesmo, o acesso de táxi – adquire gravidade maior nos casos de doença que requerem traslado para assistência hospitalar. As condições de acesso aos serviços básicos são precárias. As casas dispõem de energia elétrica, mas o abastecimento de água é feito em poço existente em terreno que fica em frente ao arruado. Esse poço pertence, segundo o depoimento de algumas pessoas, à Usina Ipojuca, já que se localiza na área arrendada por aquela empresa. Engenho Jurissaca No Engenho Jurissaca - mais distante que o Boa Vista com relação ao traçado da nova rodovia – residem mais de setenta (70) famílias. A maior parte da mão-de- obra local se ocupa de trabalhos na agricultura e na pecuária em áreas vizinhas. A lavoura da cana-de-açúcar emprega vários desses trabalhadores, sobretudo no período da colheita, quando são engajados como safristas. A prestação de serviços, nos vários sítios existentes no perímetro desse engenho, também constitui uma alternativa de trabalho e renda para a população. Um pouco abaixo da ruína da igreja pertencente a este engenho, mora um grupo de quatro (4) famílias que ocupam uma construção que, no passado, serviu como senzala. Uma escola funciona no Engenho Jurissaca, recebendo alunos de 1ª a 5ª série. Os estudantes mais adiantados precisam se matricular em unidades de ensino localizadas na cidade do Cabo de Santo Agostinho. Vizinha a esta unidade de ensino, funciona a sede da Associação de Produtores. Adiante, seguindo na estrada que dá acesso à antiga casa grande, há um templo da igreja Assembléia de Deus. Moradias do Engenho Jurissaca que ocupam prédio de antiga senzala. Os deslocamentos com os objetivos de: educação, atendimento médico, abastecimento, dentre outros, são feitos, predominantemente, a pé ou de bicicleta. 30 de 61
  • 31. Engenho Cedro O Engenho Cedro constitui outra área que, pela proximidade, pode sofrer algum tipo de impacto da construção da rodovia. A parte potencialmente afetada corresponde a terras pertencentes à Usina Bom Jesus, situadas no lado esquerdo da linha férrea (sentido Cabo-Recife) que serve de limite com as terras inseridas no CIPS. Há cerca de quinze (15) residências no entorno da sede do Engenho, onde funciona uma (1) cooperativa (barracão, como é chamado pelos moradores) que vende alimentos, bebidas e outros produtos para o abastecimento doméstico. Uma (1) escola do ensino fundamental (Escola Municipal Mista do Cedro) fica ao lado da referida cooperativa. Dois (2) arruados, ocupados principalmente por famílias de empregados ou aposentados da usina - integram o conjunto de construções dessa área – um deles situado na proximidade da linha do trem e o outro na margem direita do rio, muito embora se deva ressaltar que a distância entre os dois é muito pequena. No primeiro, residem oito (8) famílias, havendo laços de parentesco entre elas. O segundo (mais próximo ao rio) é habitado por cerca de quatro famílias, segundo informações de um dos moradores do local. Mais ou menos no centro das construções relacionadas, encontra-se um pequeno plantio de milho, feito pelos moradores. A maioria das casas é de alvenaria, com apenas uma de taipa, todas elas contando com fornecimento de energia elétrica. Os moradores entrevistados no Engenho Cedro demonstraram alguma apreensão, em face da notícia de que a propriedade teria sido vendida ao grupo Moura Dubeux. Não sabem o destino que terão as pessoas que residem e trabalham na área. Conjunto de casas e moradores do Engenho Cedro (área que pertence à Usina Bom Jesus) Outras comunidades Além das comunidades rurais dos Engenhos Boa Vista, Cedro e Jurissaca, foram identificadas outras ocupações como as habitações de baixa renda existentes no girador da BR-101, onde terminará o projeto. Igualmente devem-se destacar as ocupações existentes ao longo da estrada que acompanha a linha férrea, entre a PE-028 e o cruzamento com a antiga estrada de Gaibu. 31 de 61
  • 32. Habitações de baixa renda próximas ao girador da BR-101 (Coordenadas: S 8º15’07.5” / W 35º00’20.8” ). Os sítios existentes nesse trecho - ocupados por posseiros - estão situados em terras de propriedade da empresa Suape, verificando-se lavouras de mandioca, fruteiras, algumas recentemente plantadas. Em um dos locais visitados, há uma casa de taipa, que, aparentemente, deve funcionar como residência temporária e/ou abrigo durante o período de trabalho. Por ocasião da visita, não havia ninguém no local. Estas ocupações por estarem situadas na margem esquerda da linha férrea não serão fisicamente afetadas pela implantação do empreendimento. Casa em um dos sítios existentes na margem da linha férrea – Engenho Boa Vista Como aspectos conclusivos da caracterização das comunidades que habitam a AID, pode-se mencionar o fato de se tratar de terras já desapropriadas no passado visando formas de uso e ocupação compatíveis com o estabelecido no Plano Diretor de Suape e no Zoneamento em vigor. Tal situação deveria suscitar uma discussão mais aprofundada acerca da presença de atividades agrícolas e habitações em determinadas áreas, como a Zona Industrial-ZI e a Zona de 32 de 61
  • 33. Preservação Ecológica-ZPEC, com o objetivo de negociar soluções adequadas para cada caso em particular. Entrevistas realizadas com habitantes das localidades visitadas não detectaram expectativas negativas em relação ao empreendimento, visto, ao contrário, como uma oportunidade de melhoria de qualidade de vida, pelo fato de propiciar condições de locomoção e transporte mais favoráveis para aquelas comunidades que enfrentam enormes dificuldades em relação a este aspecto. O Patrimônio Histórico e Cultural A região de estudo apresenta uma riqueza histórica e cultural bem reconhecida, caracterizada por fortes da época da colônia, casarões antigos da época do esplendor da cana-de-açúcar, e inclusive, vestígios antigos de ocupações indígenas. A reconstrução etnohistórica da área aponta para a existência, no litoral e zona da mata, que hoje corresponde ao estado de Pernambuco, de uma ocupação extensa de grupos denominados de Caeté, Tabajara e Potiguara, todos identificados como pertencentes ao tronco linguístico Tupi-Guarani. Para estes grupos, a cerâmica era um elemento cultural importante e estava relacionada tanto com os aspectos de subsistência como de rituais de morte, de sepultamento e nas festas. Já em uma época mais recente, especificamente na segunda metade do século XVI, chega-se à época de colonização do litoral sul de Pernambuco, com a implantação dos engenhos nas terras baixas e nas áreas de várzeas. De fato, o núcleo originário de Ipojuca, no século XVI, enquadra-se na ocupação de porto fluvial. No início da colonização a área foi explorada com a extração do pau- brasil que era embarcado em Porto de Galinhas. Entre 1550 e 1650 Ipojuca tornou-se um importante centro açucareiro possuindo mais de trinta (30) engenhos, dois (2) portos (Suape e Porto de Galinhas) e o Rio Ipojuca. É nesse contexto que foram direcionados os estudos arqueológicos do EIA, ora na procura através de prospecção de superfície de vestígios de grupos ceramistas, 33 de 61
  • 34. ora através da visita aos antigos engenhos para conferência da sua situação atual. Uma constatação triste dos levantamentos de campo refere-se ao fato dos engenhos estarem em ruínas na sua maioria. O desuso como elemento produtor e pela ocupação desordenada e imprópria, a má conservação das construções, e a falta de qualquer investimento de preservação levarão, em breve, ao desaparecimento desse patrimônio. Para os proprietários desses engenhos, na sua maioria as usinas, não há interesse na permanência da população hoje residente nas edificações e, a medida que conseguem indenizar o morador que desocupa o imóvel, este é, imediatamente destruído, para evitar novas ocupações. Como é o caso da destruição da casa grande e de outras edificações do Engenho Cedro. Em relação a vestígios de ocupações pré-históricas, a vistoria realizada na Área de Influência Direta (AID) do Empreendimento não constatou nenhuma evidência de sítio ou ocorrência arqueológica desse tipo nessa área, devido a impossibilidade de inspesionar o solo na presença de vegetação. Para o percorrimento dessa área, se utilizou o método oportunístico, inspecionando as áreas sem vegetação ou com plantios de subsistência, onde a visibilidade era melhor. Nessas condições, os resultados obtidos nesta etapa de prospecção inicial, estiveram restritos a identificação e avaliação dos remanescentes dos antigos Engenhos Jurissaca, Velho, Cedro e Boa Vista por cujas terras discorrerá a futura rodovia do Contorno do Cabo. Engenho Jurissaca Datado do século XVII e pertencente a João Paes Barreto. Fazia parte do segundo Morgado do Cabo, instituído por João Paes Barreto em 1614, em favor de sua filha D. Catarina Barreto. Hoje o conjunto desse engenho é formado por capela e senzala e outras edificações em ruínas, entre as quais uma que poderia ser a segunda capela São Gonçalo citada nos registros históricos. Sua senzala é um excelente exemplo arquitetônico dessa tipologia. Situa-se no pé da colina e possui colunas cilíndricas. A Senzala é constituída por um conjunto de casas conjugadas que se caracterizam por sua fachada de alvenaria de tijolos maciços, coberta em duas águas com telha do tipo canal, piso em tijoleira ou chão batido. Possui ainda alpendre sustentado com colunas de secção circular feitas de tijolos maciços. Estas edificações localizam-se fora da AID do empreendimento, a uma distância de aproximadamente 700m do futuro eixo viário e não serão afetadas fisicamente com a implantação do projeto. A avaliação da equipe arqueológica considera que se trata de um engenho de grande importância para a história da era da cana- de-açúcar e da fundação do município do Cabo . 34 de 61
  • 35. Engenho Jurissaca – (a) senzala, (b) Capela Engenho Velho O Engenho Velho, sob a invocação de N. S. da Guia, padroeira da sua capela, chamado depois – “Morenos” – e cujo nome ainda conserva, já existia em 1605. Deste engenho, referenciado como o mais antigo do Cabo de Santo Agostinho, resta apenas a Capela de Santo Antônio do Engenho Velho, conhecida como Santo Antônio do Monte. Está localizada em Ponte dos Carvalhos, nas terras do antigo Engenho Velho, em uma pequena colina nas proximidades do Rio Pirapama. A edificação encontra-se em bom estado de conservação. Foi construída com blocos de arenito da praia de Gaibu ligados com óleo de baleia (MORAES, 2002). O Contorno do cabo ficará localizado a uma distância de 565m deste patrimônio, porém em uma cota consideravelmente mais baixa. Engenho Cedro Capela de Santo Antônio do Engenho Velho (Santo Antônio do Monte) De acordo com Israel Felipe (1962) o engenho Cedro foi fundado por João Pais Barreto. A pesquisa de campo comprovou que o que resta do engenho são as fundações da Casa Grande, derrubada recentemente pelo dono das terras, um vilarejo com poucas casas, e uma casa relativamente recente, datada de 1958. 35 de 61
  • 36. Engenho Boa Vista De acordo com Israel Felipe (1962) o Engenho Boa Vista pertenceu ao Barão de Campo Alegre, mas não há dados sobre a sua fundação. Era formado pela casa grande, casario, arruados, estrebaria e uma capela em louvor a Santana. A Casa-Grande pertence ao período mais recente do final do século XIX, cujo programa arquitetônico contempla um Capela Santana (Coordenadas: 279007/9084078) pátio interno, que se abre ao fundo da casa. Na fachada, colunas retorcidas agregam a riqueza dos adornos. A coberta está ausente, mas percebe-se que eram em telha canal e a estrutura em madeira, que são confirmadas pelas fotos antigas. É possível observar os tijolos maciços de secção circular nas colunas. A importância do Engenho Boa Vista, no contexto deste estudo, radica no fato de parte de suas edificações remanescentes estarem situadas dentro da AID do empreendimento, o que determinou a necessidade de aprofundamento das pesquisas arqueológicas, bem como ao estudo de alternativas de Vilarejo do Engenho Boa Vista traçado para a rodovia. Conforme foi apurado pela equipe arqueológica, este engenho apresenta uma característica singular pouco comum nos engenhos da sua época, e refere-se ao fato da sua distribuição espacial, onde a Casa Grande, a Capela e o Vilarejo estão separados um do outro, abrangendo um raio de aproximadamente 800m em torno de um ponto central. Com efeito, a casa grande, a capela e o cemitério conjugado, situam-se do lado direito da linha férrea, separados entre si a uma distância aproximada de 800m. Estes equipamentos não serão afetados fisicamente pela implantação das obras. Salienta-se que tanto a casa grande como a capela encontram-se em ruínas e muito deterioradas. Casa de 1919 no vilarejo 36 de 61
  • 37. Já o vilarejo, distanciado em torno de 500m da Casa Grande, é composto de dois conjuntos de casas conjugadas, uma casa com datação na fachada de 1919, uma igreja protestante, ruínas de uma casa de grande porte e ruínas de um galpão. Conforme foi apurado nas pesquisas, este vilarejo está completamente descaracterizado, não apresentando atributos importantes a sua conservação, salvo pela casa de 1919. O traçado do Contorno do Cabo prevê o cruzamento deste vilarejo pelo lado esquerdo, sendo requerida a retirada de um dos blocos de casas conjugadas. A Casa de 1919, não será afetada. Casa Grande: Fundos (a) e Fachada principal (b) Estrada Velha de Barreiros - Recife A antiga estrada de pedra que ligava Barreiros ao Recife tem resistido ao uso intenso. É um excelente exemplar do patrimônio que mostra ainda hoje bastante utilidade além de sua beleza. Constituída de rochas talhadas, ainda é visível a malha de assentamento. Recomenda-se a sua conservação pelo seu valor histórico e pela sua utilidade para os moradores da área. 37 de 61
  • 38. 4 - AVALIAÇÃO AMBIENTAL A metodologia utilizada neste capítulo atende a RESOLUÇÃO DO CONAMA 001/86, bem como o Termo de Referência da CPRH: 38 de 61
  • 39. Como seria o futuro da área sem o empreendimento ? O futuro ambiental da região com ou sem o empreendimento está diretamente atrelado as principais vocações da área, que por sua vez têm um rebatimento direto nas condições de trafegabilidade e oferta de serviço que podem ser esperadas, arranjo viário atual e futuro, então vejamos cada uma dessas vocações e suas perspectivas futuras. Os melhores anos de SUAPE estão por vir Na próxima década toda essa estruturação que vem sendo alicerçada no CIPS com a captação de empresas privadas de grande porte que acreditaram no projeto SUAPE, deverá começar a dar retorno em termos de geração de empregos e aumento do PIB. E não tem como ser de outra forma, os investimentos de capitais privados que na última década aumentaram exponencialmente deverão continuar crescendo e começar a trazer benefícios para o estado. Investimento Privado Investimento União Diante desse panorama Investimento Estado Histórico de investimentos em SUAPE (1979 – 2007) altamente positivo, e 39 de 61
  • 40. considerando que a contrapartida de SUAPE para os empreendedores é a oferta da infraestrutura requerida para os seus projetos, fica remota a possibilidade de não implantação do projeto. A dinamização das obras de Infraestrutura rodoviária e ferroviária. O cenário de Não implantação do empreendimento, além de pouco provável, encontra-se defasado temporalmente, porque a rigor, pode-se considerar que a implantação já começou. Com efeito, o Contorno do Cabo é só um segmento da Via Expressa que comunicará a BR-101 com Nossa Senhora do Ó em Ipojuca, e cujas obras vem caminhando atualmente de forma vertiginosa com a duplicação das TDR’s Norte e Sul. A estas obras que estão atualmente em andamento somam-se outras também já iniciadas como a duplicação da PE-060 no trecho de SUAPE, a duplicação da Estrada da Batalha, a Implantação da Via Parque na Praia do Paiva, a duplicação do Acesso a Porto de Galinhas, a duplicação da BR- 101, dentre outras. O território estratégico de SUAPE atualmente é um canteiro de obras, a densidade por metro quadrado de escavadeiras, caçambas, tratores impressiona até os engenheiros mais experientes. Contudo, é só o começo, esta dinamização se estende a rede ferroviária, senão vejamos: O sistema ferroviário experimentará nos próximos anos um crescimento considerável no comprimento Construção de viaduto na duplicação da TDR-Norte da malha, mas principalmente na movimentação de carga. Os investimentos a serem realizados iniciam-se com a construção do ramal rodoferroviário de acesso as ilhas de Tatuoca e Cocaia, que iniciará na PE-028, no ponto de empalme com o Contorno do Cabo, e em um percurso de 10km permitirá o acesso até as ilhas supracitadas onde se construí atualmente o Estaleiro Atlântico Sul e futuramente o terminal de Mineiro de Ferro. Por outro lado, prevê-se a construção da plataforma de recepção ferroviária para o óleo de soja, ante a expectativa de início das exportações desse produto, por via marítima, até países da costa do Pacífico da América do Sul. Todas essas potencialidades ferroviárias relacionadas acima utilizarão o segmento de linha férrea que discorre paralelo à rodovia projetada do Contorno do Cabo. Dessa forma, fica claro que mesmo na hipótese de não implantação do empreendimento rodoviário, a AID será submetida a impactos ambientais advindos do fluxo diário de trens que se intensificará progressivamente até se tornar um elemento muito importante em termos de geração de impactos 40 de 61
  • 41. sonoros, e vibrações do terreno, e planejamento do uso do solo no entorno imediato. O crescimento urbano do Município do Cabo de Santo Agostinho O Cabo é um dos municípios que mais cresce no estado, e dentro desse cenário, pode-se observar que o vetor de crescimento predominante da cidade na última década, é no sentido leste, ocupando as terras limitadas pelas BR-101 e a PE-060, e comprimindo-se de encontro à linha férrea e às terras do CIPS. A direção desse processo de expansão urbana vem a ser ratificado pela localização da Cidade Garapu – loteamento que prevê 35 mil pessoas como habitantes, já tendo sido vendido o primeiro módulo do projeto. Paralelamente, como Vetor de crescimento da Cidade do Cabo de Santo Agostinho demanda não considerada, tem-se a necessidade de habitação para atender aos empregados dos empreendimentos de Suape, em instalação ou como previsão para um futuro próximo. Estimativas (Fiepe/Condepe/Fidem) apontam que essa procura corresponde a mais de 30 mil domicílios, o que vem a agravar a necessidade, já existente, de outras 35 mil habitações. Ressalta-se que a construção do Contorno do Cabo teria pouca significância em termos de representar uma restrição à expansão urbana da cidade do Cabo no trecho aferente ao CIPS, uma vez que a linha férrea, da qual o eixo viário discorrerá de forma paralela, já representa atualmente esse limite físico restritivo. Já no trecho final do Contorno do Cabo, quando a rodovia sai do território de SUAPE e se adentra em terrenos de terceiros de propriedade da construtora Moura Dubeux, (segundo consta no relatório de desapropriação elaborado pela Empresa SUAPE), o Contorno do Cabo de fato se converte em um ponto de fragmentação do terreno, com rebatimento direto no planejamento que para esse recorte de terra está previsto em termos de infraestrutura e ocupação. O crescimento do setor turístico no litoral sul Matéria prima para o turismo existe de sobra no litoral sul de Pernambuco. O Governo do Estado e os empreendedores privados sabem disso e enxergam na 41 de 61
  • 42. exploração turística do litoral um enorme potencial em termos de captação de receita provinda de visitantes estrangeiros, e mesmo de brasileiros de outros estados, do sul principalmente. A previsão é que até 2020 sejam aplicados em turismo, investimentos públicos e privados em torno de R$ 18.000.000. Uma parcela bem significativa destes recursos seria direcionada para o litoral sul do estado, e tem mais: cerca de 70% da parcela pública destes recursos seria destinada para o saneamento básico e infraestrutura urbana. A concretização destas projeções tão alentadoras depende do atendimento por parte do Estado dos compromissos com os investidores, como é o caso da revitalização da estrada da batalha, que hoje em dia representa um estrangulamento no fluxo de veículos para o litoral sul. Esta revitalização da estrada da Batalha, deixa ainda mais em evidência a necessidade de uma via expressa de acesso a Porto de Galinhas. Sendo assim, observa-se que desde a ótica do desenvolvimento turístico da região, com ampla disponibilidade de recursos para o litoral sul, a hipótese de não implantação do empreendimento parece distante. Como se insere o Contorno do Cabo em todo esse contexto? Todas as considerações discutidas nos parágrafos acima terão como resposta o aumento de veículos nas rodovias que cercam de SUAPE, principalmente na PE- 060. As projeções de movimento efetuadas permitem visualizar que até o ano de 2020, o volume de tráfego no trecho entre o acesso a SUAPE – Entroncamento com a PE-038 – terá um aumento de 88%, situando-se perto de 19.000 veículos/dia. Sendo assim, observa-se que o cenário de qualidade ambiental nas áreas diretamente atendidas pela PE-060 se veria afetado pela ocorrência de impactos ambientais negativos que acentuariam os graves problemas de mobilidade verificados hoje no eixo viário, com rebatimento nas dimensões técnicas, institucionais, econômicas, turísticas e de qualidade de população, não 42 de 61
  • 43. só dos municípios atingidos, mas do Território de Desenvolvimento de SUAPE como um todo. A não implantação do empreendimento representaria uma acentuação progressiva das dificuldades de trafegabilidade que se verificam nos períodos de pico da PE-060. Na dimensão institucional a não implantação do empreendimento representaria um desgaste profundo na relação entre população, investidores e poder público, criando descrédito e rejeição, uma vez que o empreendimento já vem sendo anunciado na mídia como peça chave para aliviar o tráfego de acesso ao litoral sul. Esta situação teria um reflexo direto na qualidade de vida da população assentada no entorno, uma vez que os impactos hoje verificados de poluição sonora, atmosférica, estresse e acidentalidade decorrente dos engarrafamentos nos fins de semana e no período de verão principalmente, ver-se-iam obviamente acrescentados. Como seria o futuro da área com o empreendimento? O cenário com a implantação do empreendimento apresentaria uma compatibilidade total entre a oferta de infraestrutura de transporte e investimentos programados na região. Basicamente todos os aspectos negativos que poderiam acontecer no cenário de não implantação, manifestam-se em caráter positivo neste cenário. E a qualidade ambiental? Em termos gerais, as linhas mestras do futuro da região para qualquer um dos dois cenários foram estabelecidas nos parágrafos acima, onde ficou claro que a qualidade ambiental da região deverá aumentar substancialmente. Não tem como ser diferente, a região passa por um momento excepcional de oportunidades de desenvolvimento econômico, social e cultural, propulsado especialmente pela dinamização do Porto de SUAPE, mas também pela consolidação da vocação turística do Litoral Sul. Os investimentos públicos e privados previstos nas áreas de infraestrutura, saúde, cultura, segurança, renda per capita necessariamente terão rebatimento na qualidade de vida da população, indicador este que passa a ter um peso relevante na hora de definir uma escala de Qualidade Ambiental, entendida desde uma ótica mais humanista. No evento de não implantação do empreendimento, e considerando que nenhum outro fato extraordinário acontecerá na área, pode-se afirmar que esta continuará transformando-se lentamente, de forma quase imperceptível para curtos períodos de tempo. Essa dinâmica que acontece atualmente na área, onde os avanços da cana-de-açúcar e outros cultivos sobre a vegetação nativa, ou a demolição de prédios seculares dos engenhos, acontecem de forma lenta mais continuada, de tal forma a nunca se tornarem estranhos na paisagem, como se nunca tivessem existido, não cessará por conta da não implantação do empreendimento, muito pelo contrário, nesse ecossistema híbrido que se verifica atualmente na AID onde se mistura o uso industrial, com agricultura e avanço da zona urbana, o resultado só pode ser a diminuição do que existe de mais frágil e 43 de 61
  • 44. desprotegido, notadamente a vegetação nativa. Com efeito, a quantidade e qualidade da vegetação remanescente vem decaindo progressivamente na área, tornando-se cada vez menos relevante. As previsões de crescimento da cidade do Cabo, e o fato de parte da AID ser de propriedade da Construtura Moura Dubeux, apontam para uma perda progressiva da ambiência rural que ainda se verifica, tornando a área cada vez mais próxima de um ambiente construído. No caso do Cenário de Implantação do empreendimento nos moldes previstos no projeto, a Etapa de implantação com duração de 12 meses, representa a introdução de uma perturbação no ambiente que causará inevitavelmente uma diminuição temporária da Qualidade ambiental da AID, uma vez que prevê uma transformação drástica na paisagem com supressão de parte da vegetação remanescente, além do aumento de material particulado, ruído e outros impactos apontados pelo estudo. Com o fechamento das obras na AID começará um processo de recuperação e de aceitação da nova paisagem, aumentando progressivamente sua Qualidade Ambiental na proporção que comecem a ser implantadas as medidas mitigadoras, como o reflorestamento da faixa de domínio e as obras de paisagismo. A partir daí, e com o início da operação da nova rodovia, começarão a ser verificados progressivamente todos aqueles impactos positivos que em conjunto determinaram a necessidade do empreendimento. Nesse caso, o indicador de Qualidade Ambiental ir-se-á reformulando acompanhando a evolução do Contorno do Cabo, os parâmetros socioeconômicos irão se tornando cada vez mais importantes em detrimento dos fatores físico – bióticos da AII cuja relevância no contexto geral deverá decrescer na medida que a área adquire com maior celeridade uma característica de ambiente construído com vocação industrial, o que já de por si está determinado desde a desapropriação das terras pela empresa SUAPE. A Figura a seguir idealiza o comportamento da qualidade ambiental nos dois cenários analisados. 44 de 61
  • 45. Quais seriam esses impactos positivos? O projeto, na sua conjuntura integrada, é claro que causará um impacto positivo na região e no Estado. De fato, a essência de qualquer obra de infraestrutura construída com recursos públicos não é outra que beneficiar a coletividade, e nesse sentido o projeto do Contorno do Cabo não é diferente. O principal impacto positivo que o projeto promoverá será o de facilitar o transporte, a comunicação e a expansão do comércio intermunicipal e regional, possibilitando o crescimento de produção e comercialização a partir do fluxo de capitais e de pessoas. Acelerando a interconexão entre os municípios de forma a proporcionar melhores condições de vida aos cidadãos e cidadãs. O Contorno do Cabo como parte da Via Expressa significa um aumento de velocidade, diminuição do tempo de deslocamento, maior disciplinamento do trânsito, dinamizando o uso e ocupação do solo e incrementando o valor imobiliário do entorno. Mais ainda, o projeto promoverá um aumento da segurança e conforto, diminuição do índice de acidentes, fomento do potencial econômico, cultural e de integração municipal pelo incremento do valor econômico do solo. Quais seriam esses impactos Negativos? A identificação e qualificação dos Impactos Negativos que serão gerados nas três fases de análise definidas para o projeto (Fase de Planejamento, Fase de Implantação e Fase de Operação), foi realizada com participação de toda a equipe técnica, que definiu, a partir de um método numérico ponderativo, uma escala de importância dos impactos em cinco (5) categorias conforme se mostra a seguir: Categoria Descrição Danos inexpressivos ao meio ambiente. O Máximo que pode ocorrer é Muito Baixa ameaça de impactos que podem ser facilmente eliminadas com a aplicação de medidas mitigadoras. Danos leves a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. Os Baixa impactos são controláveis a um baixo custo e os danos ambientais são facilmente revertidos. Danos moderados a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. Os Moderada impactos são controláveis, mas se não neutralizados oportunamente, podem degenerar em situações de dano mais severos. Danos importantes a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. Alta Exige ações corretivas imediatas para evitar seu desdobramento em uma condição mais crítica. Danos irreparáveis a qualquer dos meios físico, biótico ou antrópico. O Muito Alta restabelecimento das condições primitivas do meio ambiente é lento ou impossível. Como resultado deste procedimento foram levantados vinte e nove (29) impactos negativos, distribuídos conforme se mostra na figura a seguir: 45 de 61
  • 46. Quantidade de Impactos 12 10 10 10 Negativos 8 6 6 4 2 2 1 0 MUITO BAIXA BAIXA MODERADA ALTA MUITO ALTA Importância dos Impactos Impactos negativos na componente física Em termos de meio físico, a análise ambiental do Contorno do Cabo apontou a ocorrência potencial de treze (13) impactos, que representam 45% do total relacionado na matriz. A maior parte deles está concentrada na etapa de escavação e terraplenagem, exploração de jazidas e conformação dos bota-fora. Trata-se de atividades que produzirão profundas transformações morfológicas no terreno e na drenagem natural, bem como mudanças no uso do solo que terão desdobramentos na alteração do nível de ruído, na qualidade do ar e na aceleração dos processos de perda de solo e assoreamento de cursos de água. O principal impacto ambiental no meio físico identificado pela equipe técnica esta Processo erosivo em área de jazida abandonada na linha férrea representado pela exposição e desestruturação dos solos nas diversas áreas previstas para escavação e/ou aterro, gerando focos de processos erosivos que intensificam os processos de perda de solo com desdobramento no assoreamento de cursos de água e de linhas de drenagem. Impactos negativos na componente Biótica Em termos de meio biótico, a análise ambiental do Contorno do Cabo apontou a ocorrência potencial de cinco (5) impactos, que representam 17% do total relacionado na matriz. A maior parte deles está concentrada como era de se 46 de 61
  • 47. esperar, na etapa de supressão de vegetação e limpeza do terreno, nestas atividades se produzirão profundas transformações na paisagem natural, que terão desdobramentos diretos na exposição dos solos que como já mencionado configura a principal perturbação esperada em termos de meio físico. O principal impacto ambiental identificado no meio biótico, esta representado pela supressão de vegetação requerida para implantação do projeto, tanto pelo fato da sua importância ambiental como ecossistema, quanto pelo fato de envolver vegetação de Mata Atlântica da qual resta no estado menos de 7% da cobertura original. Este impacto, que outrossim apresentou a maior qualificação da matriz com um valor de 9,8 sobre 10. O quadro a seguir ilustra as necessidades de supressão de vegetação em decorrência da implantação do empreendimento. ÁREA A SER TIPO DE VEGETAÇÃO SUPRIMIDA (ha) Formação fruteira Exótica 2,10 Vegetação secundaria Arbórea 7,90 Vegetação secundaria Arbustiva 1,80 TOTAL 11,80 Dos 11,80 hectares a serem suprimidos, 2,6 ha estão localizados em Áreas de Preservação Permanente (APP da lei 4775/65), configurando outro impacto relevante do meio biótico. O quadro a seguir mostra o balanço de supressão de vegetação em APP, observando-se que só 1,86 correspondem a vegetação nativa. Coordenadas da APP na Faixa de Intervenção SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO Mata Estaca de Exôtica Várzea Curso de água Início Final Atlântica Referência (m²) (m²) (m²) Rio Santa Amélia 1327 279.669 9.080.687 278.308 9.081.154 25.488,00 18.567,00 Riacho sem nome 1411+10 279.111 9.082.414 279.105 9.082.582 7.575,00 2.166,00 Rio Pirapama 1631 279.434 9.086.271 279.252 9.086.464 TOTAL (m²) 7.575,00 27.654,00 18.567,00 TOTAL (ha) 0,76 2,77 1,86 TOTAL (ha) 5,38 Impactos negativos na componente Socioeconômica Os impactos ambientais no meio socioeconômico decorrentes de obras de engenharia de características lineares como é o caso do Contorno do Cabo, têm no remanejamento involuntário de populações seus principais efeitos negativos. No caso do Contorno do Cabo, esta situação se vê minimizada pela ambiência rural da área, habitada de forma pouco intensiva por comunidades pobres que dependem ainda da monocultura da cana-de-açúcar que domina a zona da mata 47 de 61