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A Revolução Industrial
A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com
profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada na
Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX.
Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se registra até aos nossos
dias), a era agrícola foi superada, a máquina foi suplantando o trabalho humano, uma
nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações entre nações se
estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos.
Essa transformação foi possível devido a uma combinação de fatores, como o
liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de invenções, tais como o
motor a vapor. O capitalismo tornou-se o sistema econômico vigente.
Antes da Revolução Industrial, a atividade produtiva era artesanal e manual (daí o
termo manufatura), no máximo com o emprego de algumas máquinas simples.
Dependendo da escala, grupos de artesãos podiam se organizar e dividir algumas
etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava de todo o
processo, desde a obtenção da matéria-prima até à comercialização do produto final.
Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos próprios artesãos e os
profissionais da época dominavam muitas (se não todas) etapas do processo
produtivo.
• Com a Revolução Industrial os trabalhadores
perderam o controle do processo produtivo, uma
vez que passaram a trabalhar para um patrão
(na qualidade de empregados ou operários),
perdendo a posse da matéria-prima, do produto
final e do lucro. Esses trabalhadores passaram
a controlar máquinas que pertenciam aos donos
dos meios de produção os quais passaram a
receber todos os lucros. O trabalho realizado
com as máquinas ficou conhecido por
maquinofatura.
As condições de trabalho na Revolução Industrial
Depoimentos de época
• (1) Os primeiros dias de setembro foram muito quentes.
Os jornais noticiavam que homens e cavalos caiam
mortos nos campos de produção agrícola. Ainda assim a
temperatura nunca passava de 29°C durante a parte
mais quente do dia. Qual era então a situação das pobre
crianças que estavam condenadas a trabalhar quatorze
horas por dia, em uma temperatura média de 28°C?
Pode algum homem, com um coração em seu peito, e
uma língua em sua boca, não se habilitar a amaldiçoar
um sistema que produz tamanha escravidão e
crueldade?
(William Cobbett fez um artigo sobre uma visita a uma fábrica de
tecidos feita em setembro de 1824)
• (2) Pergunta: Os acidentes acontecem mais no período
final do dia?
• Resposta: Eu tenho conhecimento de mais acidentes no
início do dia do que no final. Eu fui, inclusive,
testemunha de um deles. Uma criança estava
trabalhando a lã, isso é, preparando a lã para a
maquina; Mas a alça o prendeu, como ele foi pego de
surpresa, acabou sendo levado para dentro do
mecanismo; e nós encontramos de seus membros em
um lugar, outro acolá, e ele foi cortado em pedaços;
todo o seu corpo foi mandado para dentro e foi
totalmente mutilado.
(John Allett começou a trabalhar numa fábrica de tecidos quando
tinha apenas quatorze anos. Foi convocado a dar um depoimento
ao parlamento britânico sobre as condições de trabalho nas
fábricas aos 53 anos)
• (3) Eu tive frequentes oportunidades de ver pessoas
saindo das fábricas e ocasionalmente as atendi como
pacientes. No último verão eu visitei três fábricas de
algodão com o Dr. Clough, da cidade de Preston, e com
o sr. Barker, de Manchester e nós não pudemos ficar
mais do que dez minutos na fábrica sem arfar (ficar sem
ar) para respirar. Como é possível para aquelas pessoas
que ficam lá por doze ou quinze horas agüentar essa
situação? Se levarmos em conta a alta temperatura e
também a contaminação do ar; é alguma coisa que me
surpreende: como os trabalhadores agüentam o
confinamento por tanto tempo.
(O Dr. Ward, de Manchester, foi entrevistado a respeito da saúde
dos trabalhadores do setor têxtil em março de 1919)
• (4) Aproximadamente uma semana depois de
me tornar um trabalhador no moinho, fui
acometido por uma forte e pesada doença da
qual poucos escapavam ao se tornarem
trabalhadores nas fábricas. A causa dessa
doença, que é conhecida pelo nome de “febre
dos moinhos”, é a atmosfera contaminada
produzida pela respiração de tantas pessoas
num pequeno e reduzido espaço; também pela
temperatura alta e os gases exalados pela graxa
e óleo necessários para iluminar o ambiente.
(Esse depoimento faz parte do livro “Capítulos da vida
de um garoto nas fábricas de Dundee”, de Frank
Forrest)
• (5) Nosso período regular de trabalho ia das cinco da
manhã até as nove ou dez da noite. No sábado, até as
onze, às vezes meia-noite, e então éramos mandados
para a limpeza das máquinas no domingo. Não havia
tempo disponível para o café da manhã e não se podia
sentar para o jantar ou qualquer tempo disponível para o
chá da tarde. Nós íamos para o moinho às cinco da
manhã e trabalhávamos até as oito ou nove horas
quando vinha o nosso café, que consistia de flocos de
aveia com água, acompanhado de cebolas e bolo de
aveia tudo amontoado em duas vasilhas.
Acompanhando o bolo de aveia vinha o leite. Bebíamos
e comíamos com as mãos e depois voltávamos para o
trabalho sem que pudéssemos nem ao menos nos
sentar para a refeição.
(O jornal Ashton Chronicle entrevistou John Birley em maio de
1849)
• (6) Na primavera de 1840, eu comecei a sentir dores no
meu pulso direito, essa dor vinha da fraqueza geral de
minhas juntas, o que vinha acontecendo desde minha
entrada na fábrica. A sensação de dor só aumentava. O
pulso chegava a inchar muito chegando a medir até 12
polegadas ao mesmo tempo em que meu corpo não era
mais do que ossos. Eu entrei no hospital St. Thomas no
dia 18 de julho para operar. A mão foi extraída um
pouco abaixo do cotovelo. A dissecação fez com que os
ossos do antebraço passassem a ter uma curiosa
aparência – algo como uma colméia vazia – com o mel
tendo desaparecido totalmente.
(William Dodd escreveu sobre sua situação como criança
trabalhadora acidentada no trabalho em seu panfleto “Narrativa de
uma criança aleijada” no ano de 1841)
• (7) Quando eu tinha sete anos de idade fui
trabalhar na fábrica do Sr. Marshall em
Shrewsbury. Se uma criança se mostrasse
sonolenta o responsável pelo turno a chamava e
dizia, “venha aqui”. Num canto da sala havia
uma cisterna de ferro cheia de água. Ele pegava
a criança pelas pernas e a mergulhava na
cisterna para depois mandá-la de volta ao
trabalho.
(Jonathan Downe foi entrevistado por um
representante do parlamento britânico em junho
de 1832)
• (8) Eu trabalhava das cinco da manhã até as
nove da noite. Eu vivia a duas milhas do
moinho. Nós não tínhamos relógio. Se eu
chegasse atrasado ao moinho eu seria punido
com descontos em meu pagamento. Eu quero
dizer com isso que se chegasse quinze minutos
atrasado, meia hora de meu pagamento seria
retirado. Eu só ganhava um penny por hora, e
eles iriam tirar metade disso.
(Elizabeth Bentley foi entrevistada por representantes
do parlamento britânico em junho de 1832)
• (9) A tarefa que inicialmente foi dada a Robert
Blincoe era a de pegar o algodão que caía no
chão. Aparentemente nada poderia ser mais
fácil... Mesmo assim ele ficava apavorado pelo
movimento das máquinas e pelo barulho dos
motores. Ele também não gostava da poeira e
do cano que soltava fumaça, pois acabava se
sentindo sufocado. Ele logo ficou doente e em
virtude disso constantemente parava de
trabalhar porque suas costas doíam. Isso
motivou Blincoe a se sentar; mas essa atitude,
ele logo descobriu, era proibida nos moinhos.
(As experiências vividas por John Brown numa fábrica
de tecidos foram publicadas num artigo do jornal The
Lion)
• (10) São constantes as informações sobre
crianças que trabalham em fábricas e que
são cruelmente agredidas pelos
supervisores a ponto de seus membros se
tornarem distorcidos pelo constante ficar
de pé e curvar-se (para apanhar). Por isso
eles crescem e se tornam aleijados. Eles
são obrigados a trabalhar treze, quatorze
ou até quinze horas por dia.
Obs.: Os depoimentos e trechos de livros ou jornais reproduzidos nesse artigo foram
obtidos no site educacional Spartacus, da Inglaterra. O endereço eletrônico desse
material, em seu original na língua inglesa é:
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Revolução industrial depoimentos de época

  • 1. A Revolução Industrial A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX. Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se registra até aos nossos dias), a era agrícola foi superada, a máquina foi suplantando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações entre nações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos. Essa transformação foi possível devido a uma combinação de fatores, como o liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de invenções, tais como o motor a vapor. O capitalismo tornou-se o sistema econômico vigente. Antes da Revolução Industrial, a atividade produtiva era artesanal e manual (daí o termo manufatura), no máximo com o emprego de algumas máquinas simples. Dependendo da escala, grupos de artesãos podiam se organizar e dividir algumas etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava de todo o processo, desde a obtenção da matéria-prima até à comercialização do produto final. Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos próprios artesãos e os profissionais da época dominavam muitas (se não todas) etapas do processo produtivo.
  • 2. • Com a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o controle do processo produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão (na qualidade de empregados ou operários), perdendo a posse da matéria-prima, do produto final e do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção os quais passaram a receber todos os lucros. O trabalho realizado com as máquinas ficou conhecido por maquinofatura.
  • 3. As condições de trabalho na Revolução Industrial Depoimentos de época • (1) Os primeiros dias de setembro foram muito quentes. Os jornais noticiavam que homens e cavalos caiam mortos nos campos de produção agrícola. Ainda assim a temperatura nunca passava de 29°C durante a parte mais quente do dia. Qual era então a situação das pobre crianças que estavam condenadas a trabalhar quatorze horas por dia, em uma temperatura média de 28°C? Pode algum homem, com um coração em seu peito, e uma língua em sua boca, não se habilitar a amaldiçoar um sistema que produz tamanha escravidão e crueldade? (William Cobbett fez um artigo sobre uma visita a uma fábrica de tecidos feita em setembro de 1824)
  • 4. • (2) Pergunta: Os acidentes acontecem mais no período final do dia? • Resposta: Eu tenho conhecimento de mais acidentes no início do dia do que no final. Eu fui, inclusive, testemunha de um deles. Uma criança estava trabalhando a lã, isso é, preparando a lã para a maquina; Mas a alça o prendeu, como ele foi pego de surpresa, acabou sendo levado para dentro do mecanismo; e nós encontramos de seus membros em um lugar, outro acolá, e ele foi cortado em pedaços; todo o seu corpo foi mandado para dentro e foi totalmente mutilado. (John Allett começou a trabalhar numa fábrica de tecidos quando tinha apenas quatorze anos. Foi convocado a dar um depoimento ao parlamento britânico sobre as condições de trabalho nas fábricas aos 53 anos)
  • 5. • (3) Eu tive frequentes oportunidades de ver pessoas saindo das fábricas e ocasionalmente as atendi como pacientes. No último verão eu visitei três fábricas de algodão com o Dr. Clough, da cidade de Preston, e com o sr. Barker, de Manchester e nós não pudemos ficar mais do que dez minutos na fábrica sem arfar (ficar sem ar) para respirar. Como é possível para aquelas pessoas que ficam lá por doze ou quinze horas agüentar essa situação? Se levarmos em conta a alta temperatura e também a contaminação do ar; é alguma coisa que me surpreende: como os trabalhadores agüentam o confinamento por tanto tempo. (O Dr. Ward, de Manchester, foi entrevistado a respeito da saúde dos trabalhadores do setor têxtil em março de 1919)
  • 6. • (4) Aproximadamente uma semana depois de me tornar um trabalhador no moinho, fui acometido por uma forte e pesada doença da qual poucos escapavam ao se tornarem trabalhadores nas fábricas. A causa dessa doença, que é conhecida pelo nome de “febre dos moinhos”, é a atmosfera contaminada produzida pela respiração de tantas pessoas num pequeno e reduzido espaço; também pela temperatura alta e os gases exalados pela graxa e óleo necessários para iluminar o ambiente. (Esse depoimento faz parte do livro “Capítulos da vida de um garoto nas fábricas de Dundee”, de Frank Forrest)
  • 7. • (5) Nosso período regular de trabalho ia das cinco da manhã até as nove ou dez da noite. No sábado, até as onze, às vezes meia-noite, e então éramos mandados para a limpeza das máquinas no domingo. Não havia tempo disponível para o café da manhã e não se podia sentar para o jantar ou qualquer tempo disponível para o chá da tarde. Nós íamos para o moinho às cinco da manhã e trabalhávamos até as oito ou nove horas quando vinha o nosso café, que consistia de flocos de aveia com água, acompanhado de cebolas e bolo de aveia tudo amontoado em duas vasilhas. Acompanhando o bolo de aveia vinha o leite. Bebíamos e comíamos com as mãos e depois voltávamos para o trabalho sem que pudéssemos nem ao menos nos sentar para a refeição. (O jornal Ashton Chronicle entrevistou John Birley em maio de 1849)
  • 8. • (6) Na primavera de 1840, eu comecei a sentir dores no meu pulso direito, essa dor vinha da fraqueza geral de minhas juntas, o que vinha acontecendo desde minha entrada na fábrica. A sensação de dor só aumentava. O pulso chegava a inchar muito chegando a medir até 12 polegadas ao mesmo tempo em que meu corpo não era mais do que ossos. Eu entrei no hospital St. Thomas no dia 18 de julho para operar. A mão foi extraída um pouco abaixo do cotovelo. A dissecação fez com que os ossos do antebraço passassem a ter uma curiosa aparência – algo como uma colméia vazia – com o mel tendo desaparecido totalmente. (William Dodd escreveu sobre sua situação como criança trabalhadora acidentada no trabalho em seu panfleto “Narrativa de uma criança aleijada” no ano de 1841)
  • 9. • (7) Quando eu tinha sete anos de idade fui trabalhar na fábrica do Sr. Marshall em Shrewsbury. Se uma criança se mostrasse sonolenta o responsável pelo turno a chamava e dizia, “venha aqui”. Num canto da sala havia uma cisterna de ferro cheia de água. Ele pegava a criança pelas pernas e a mergulhava na cisterna para depois mandá-la de volta ao trabalho. (Jonathan Downe foi entrevistado por um representante do parlamento britânico em junho de 1832)
  • 10. • (8) Eu trabalhava das cinco da manhã até as nove da noite. Eu vivia a duas milhas do moinho. Nós não tínhamos relógio. Se eu chegasse atrasado ao moinho eu seria punido com descontos em meu pagamento. Eu quero dizer com isso que se chegasse quinze minutos atrasado, meia hora de meu pagamento seria retirado. Eu só ganhava um penny por hora, e eles iriam tirar metade disso. (Elizabeth Bentley foi entrevistada por representantes do parlamento britânico em junho de 1832)
  • 11. • (9) A tarefa que inicialmente foi dada a Robert Blincoe era a de pegar o algodão que caía no chão. Aparentemente nada poderia ser mais fácil... Mesmo assim ele ficava apavorado pelo movimento das máquinas e pelo barulho dos motores. Ele também não gostava da poeira e do cano que soltava fumaça, pois acabava se sentindo sufocado. Ele logo ficou doente e em virtude disso constantemente parava de trabalhar porque suas costas doíam. Isso motivou Blincoe a se sentar; mas essa atitude, ele logo descobriu, era proibida nos moinhos. (As experiências vividas por John Brown numa fábrica de tecidos foram publicadas num artigo do jornal The Lion)
  • 12. • (10) São constantes as informações sobre crianças que trabalham em fábricas e que são cruelmente agredidas pelos supervisores a ponto de seus membros se tornarem distorcidos pelo constante ficar de pé e curvar-se (para apanhar). Por isso eles crescem e se tornam aleijados. Eles são obrigados a trabalhar treze, quatorze ou até quinze horas por dia. Obs.: Os depoimentos e trechos de livros ou jornais reproduzidos nesse artigo foram obtidos no site educacional Spartacus, da Inglaterra. O endereço eletrônico desse material, em seu original na língua inglesa é: http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/Textiles.htm.