SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Faculdade de Letras
Resenha sobre a apresentação do Seminário II:
A Ópera de Três Vinténs, de Bertolt Brecht
Teorias do Teatro no Século XX
Luiza dos Santos Silveira
No segundo seminário apresentado na disciplina “Teoria do Teatro no Século
XX”, a respeito da obra de Bertolt Brecht, A Ópera de Três Vinténs, o grupo utilizou
como bibliografia o livro do próprio autor “Escritos sobre o teatro”, além de uma
biografia sobre ele, de Fernando Peixoto: “Brecht - vida e obra”, entre outros textos
teóricos vistos em sala de aula, como “Introdução às grandes teorias do teatro”, de
Jean Jacques Roubine e um artigo de Marli Terezinha Furtado: “Bertolt Brecht e o
teatro épico”.
Bertolt Brecht nasceu em Augsburb, Alemanha, em 1898, e morreu em
Berlim, em 1956. Deixou o legado do teatro social, como expressão da luta contra
capitalismo e o imperialismo, análise do comportamento ético e social do indivíduo
diante da repressão. Desta forma, em 1926, em oposição ao teatro dramático
aristotélico, chama seu teatro de épico.
A obra em questão, A Ópera de Três Vinténs, é um musical, o qual as
canções são cantadas com a função de comentar as ações, ou narrar os
acontecimentos, refletindo criticamente sobre eles. Possui como argumento: o casal
Peachum, empresários de um bando de mendigos, descobrem que a filha está
prestes a se casar com Macheath - McNavalha -, o mais respeitado ladrão de
Londres. O sr. Peachum era conhecido por ser o Rei dos Mendigos, vestia sua
gangue como deficientes ou mendigos e os mandava pedir esmolas. Para impedir a
desgraça da família, Peachum tenta mover as suas influências junto do intendente
da polícia, Tiger Brown, que, por sua vez, é o padrinho de casamento. A peça
desenrola-se em meio a corrupção, sensualidade e ciúme até que, por intermédio
de Jenny, uma prostituta que se envolveu com Macheath no passado, a justiça
acaba por capturar o vilão e condená-lo à morte. Porém, por intervenção da rainha
Victória, ele é salvo da forca e aceito na família Peachum.
Tendo como base o livro “Escritos sobre teatro”, de Brecht, algumas questões
foram pontuadas, importantes para a análise da peça em questão:
a. teatro social como “a reflexão sobre a situação do homem num
mundo dividido em classes”1 ; histórico como ação histórica, no
âmbito da representação, ação historicizada; dialético como oposição,
resistência e contradição;
b. teatro épico: formulado a partir da necessidade de se fazer um teatro
novo, em oposição ao aristotélitco;
c. teatro didático: qualquer tema, por meio das montagens, passa a
tratar sobre os acontecimentos de todo o mundo, com funções sociais
bem definidas, o palco refletindo a vida real, para, por fim, gerir ao
público pensamentos sobre as próprias vidas. Usa de efeitos de
distanciamento e recursos grotescos para desfamilizarizar o mundo e
sucitar estranhamento no espectador.
d. teatro e ciência: o uso de todos os recursos possíveis para subsistir
como artista.
Ainda sustentando no livro citado acima, no capítulo “Notas sobre a Ópera de
Três Vinténs”, o dramaturgo comenta acerca dos títulos e das telas utilizados na
peça, como feição literária a se conferir ao teatro; recursos de oposição ao
ilusionismo do drama aristotélico. Vale ressaltar que estas são as características
científicas mencionadas anteriormente por Brecht. Também discorre sobre a
maneira de se cantar as canções, pensando aqui na função dos atores, em
mostrarem que estão mostrando algo; ou seja, ao fazer o papel de alguém que
canta, denotar que tudo aquilo é teatro.
Por fim, adentrando mais na análise da peça, sobre os personagens, pode-se
afirmar que são heróis às avessas, caricatos, todos corruptíveis. Valores nobres
como amizade, amor e honestidade são questionados a partir dos bens materiais.
Os mendigos apresentam uma função social-mercadológica através da
mendicância, com a exploração capitalista chegando até mesmo a eles, pois
1
Peixoto, Fernando IN: Furtado, Marli Terezinha, p. 9-10
Peachum possui um negócio com profissões definidas. No entanto, o sr. Peachum é
o explorador deles, vendo a pobreza como mercadoria. E, por fim, Macheath é o
anti-herói, perigoso ladrão procurado pela justiça, o qual Brecht recomenda que seu
ator deve representá-lo como um burguês, uma vez que um bandido não é um
burguês, nem um bandido é um burguês, mas um bandido nem sempre é um
covarde.2
Para concluir a apresentação do seminário, o grupo abordou uma análise
mais geral da Ópera dos Três Vinténs. Há a falência das instituições burguesas em
todos os níveis da peça, assim como o plano econômico exerce influência sobre os
demais - encontra-se a frase na obra: “O que é um assalto a um banco comparado à
fundação de um banco?”. Com tudo isso, a força da ideologia é forte e presente em
todos as camadas sociais, apesar dos personagens (bandidos, prostitutas, policiais
corruptos e mendigos profissionais) serem representados com ironia e estranheza.
Ao fim, a Ópera possibilita à construção da naturalização do discurso
dominante uma via de acesso mais acessível à crítica, à denúncia de uma
sociedade amoral, sem ética e sem princípios, que protege o bandido e humilha
quem trabalha honestamente.
Bibliografia
Material disponibilizado pelo grupo do seminário.
FURTADO, Marli Terezinha. Bertolt Brecht e o teatro épico. In: Fragmentos, v. 5. n.
II.
PEIXOTO, Fernando. Brecht - Vida e obra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
2
PEIXOTO, 1979. p. 84
Resenha sobre a "Ópera de Três Vinténs", de Bertolt Brecht

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (15)

Figuras de liguagem exercicio 1
Figuras de liguagem   exercicio 1Figuras de liguagem   exercicio 1
Figuras de liguagem exercicio 1
 
Gregório de Matos Guerra
Gregório de Matos GuerraGregório de Matos Guerra
Gregório de Matos Guerra
 
Funções da linguagem no ENEM
Funções da linguagem no ENEMFunções da linguagem no ENEM
Funções da linguagem no ENEM
 
Humanismo
HumanismoHumanismo
Humanismo
 
Microconto
MicrocontoMicroconto
Microconto
 
Cefet/Coltec Aula 2 Variação Linguistica
Cefet/Coltec Aula 2   Variação LinguisticaCefet/Coltec Aula 2   Variação Linguistica
Cefet/Coltec Aula 2 Variação Linguistica
 
Arcadismo no Brasil
Arcadismo no BrasilArcadismo no Brasil
Arcadismo no Brasil
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
Primeiras estórias, de Guimarães Rosa - análise
Primeiras estórias, de Guimarães Rosa - análisePrimeiras estórias, de Guimarães Rosa - análise
Primeiras estórias, de Guimarães Rosa - análise
 
Redação:Texto Dissertativo
Redação:Texto DissertativoRedação:Texto Dissertativo
Redação:Texto Dissertativo
 
Barroco
BarrocoBarroco
Barroco
 
O Alienista - Machado de Assis.
O Alienista - Machado de Assis.O Alienista - Machado de Assis.
O Alienista - Machado de Assis.
 
O substantivo e sua construção de sentidos nos textos..pptx
O substantivo e sua construção de sentidos nos textos..pptxO substantivo e sua construção de sentidos nos textos..pptx
O substantivo e sua construção de sentidos nos textos..pptx
 
Figuras de linguagem
Figuras de linguagemFiguras de linguagem
Figuras de linguagem
 
Ouvidoria e Gestão Pública
Ouvidoria e Gestão PúblicaOuvidoria e Gestão Pública
Ouvidoria e Gestão Pública
 

Semelhante a Resenha sobre a "Ópera de Três Vinténs", de Bertolt Brecht

Costa, iná camargo. A resistência da crítica ao teatro épico
Costa, iná camargo. A resistência da crítica ao teatro épicoCosta, iná camargo. A resistência da crítica ao teatro épico
Costa, iná camargo. A resistência da crítica ao teatro épicoNome Sobrenome
 
Luis de sttau monteiro – vida e obra
Luis de sttau monteiro – vida e obraLuis de sttau monteiro – vida e obra
Luis de sttau monteiro – vida e obraMaria Batista
 
O Teatro como mundo da ilusão e espaço privilegiado do espetáculo II
O Teatro como mundo da ilusão e espaço privilegiado do espetáculo IIO Teatro como mundo da ilusão e espaço privilegiado do espetáculo II
O Teatro como mundo da ilusão e espaço privilegiado do espetáculo IIHca Faro
 
O teatro épico no Brasil: teatro e política nos anos 1960
O teatro épico no Brasil: teatro e política nos anos 1960O teatro épico no Brasil: teatro e política nos anos 1960
O teatro épico no Brasil: teatro e política nos anos 1960Mariana Klafke
 
Felizmente Há Luar- Resumo da Obra
 Felizmente Há Luar- Resumo da Obra Felizmente Há Luar- Resumo da Obra
Felizmente Há Luar- Resumo da Obrananasimao
 
C:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma Romanesca
C:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma RomanescaC:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma Romanesca
C:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma RomanescaEneida da Rosa
 
C:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma Romanesca
C:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma RomanescaC:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma Romanesca
C:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma RomanescaEneida da Rosa
 
Unidade ii tragédias
Unidade ii   tragédiasUnidade ii   tragédias
Unidade ii tragédiasuniversigatas
 
Felizmente há luar
Felizmente há luarFelizmente há luar
Felizmente há luarAna Helena
 
About ‘hamlet, o príncipe da dinamarca
About ‘hamlet, o príncipe da dinamarcaAbout ‘hamlet, o príncipe da dinamarca
About ‘hamlet, o príncipe da dinamarcaTaís Ferreira
 
Texto11 P7
Texto11 P7Texto11 P7
Texto11 P7renatotf
 
O realismo na literatura oitocentista
O realismo na literatura oitocentistaO realismo na literatura oitocentista
O realismo na literatura oitocentistaTina Lima
 
Otelo e Dom Casmurro
Otelo e Dom CasmurroOtelo e Dom Casmurro
Otelo e Dom Casmurroacheiotexto
 
Literatura ( Sônia Guedes)
Literatura   ( Sônia Guedes)Literatura   ( Sônia Guedes)
Literatura ( Sônia Guedes)Sônia Guedes
 

Semelhante a Resenha sobre a "Ópera de Três Vinténs", de Bertolt Brecht (20)

Costa, iná camargo. A resistência da crítica ao teatro épico
Costa, iná camargo. A resistência da crítica ao teatro épicoCosta, iná camargo. A resistência da crítica ao teatro épico
Costa, iná camargo. A resistência da crítica ao teatro épico
 
Luis de sttau monteiro – vida e obra
Luis de sttau monteiro – vida e obraLuis de sttau monteiro – vida e obra
Luis de sttau monteiro – vida e obra
 
O Teatro como mundo da ilusão e espaço privilegiado do espetáculo II
O Teatro como mundo da ilusão e espaço privilegiado do espetáculo IIO Teatro como mundo da ilusão e espaço privilegiado do espetáculo II
O Teatro como mundo da ilusão e espaço privilegiado do espetáculo II
 
Teatro contemporâneo
Teatro contemporâneoTeatro contemporâneo
Teatro contemporâneo
 
O teatro épico no Brasil: teatro e política nos anos 1960
O teatro épico no Brasil: teatro e política nos anos 1960O teatro épico no Brasil: teatro e política nos anos 1960
O teatro épico no Brasil: teatro e política nos anos 1960
 
Felizmente Há Luar- Resumo da Obra
 Felizmente Há Luar- Resumo da Obra Felizmente Há Luar- Resumo da Obra
Felizmente Há Luar- Resumo da Obra
 
Felizmente Há Luar
Felizmente Há LuarFelizmente Há Luar
Felizmente Há Luar
 
C:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma Romanesca
C:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma RomanescaC:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma Romanesca
C:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma Romanesca
 
C:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma Romanesca
C:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma RomanescaC:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma Romanesca
C:\Fakepath\ObservaçõEs Sobre A Forma Romanesca
 
Realismo
RealismoRealismo
Realismo
 
Unidade ii tragédias
Unidade ii   tragédiasUnidade ii   tragédias
Unidade ii tragédias
 
Realismo x Romantismo
Realismo x RomantismoRealismo x Romantismo
Realismo x Romantismo
 
Felizmente há luar
Felizmente há luarFelizmente há luar
Felizmente há luar
 
23
2323
23
 
About ‘hamlet, o príncipe da dinamarca
About ‘hamlet, o príncipe da dinamarcaAbout ‘hamlet, o príncipe da dinamarca
About ‘hamlet, o príncipe da dinamarca
 
Texto11 P7
Texto11 P7Texto11 P7
Texto11 P7
 
O realismo na literatura oitocentista
O realismo na literatura oitocentistaO realismo na literatura oitocentista
O realismo na literatura oitocentista
 
Otelo e Dom Casmurro
Otelo e Dom CasmurroOtelo e Dom Casmurro
Otelo e Dom Casmurro
 
Literatura ( Sônia Guedes)
Literatura   ( Sônia Guedes)Literatura   ( Sônia Guedes)
Literatura ( Sônia Guedes)
 
Urdimento 5
Urdimento 5Urdimento 5
Urdimento 5
 

Resenha sobre a "Ópera de Três Vinténs", de Bertolt Brecht

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Letras Resenha sobre a apresentação do Seminário II: A Ópera de Três Vinténs, de Bertolt Brecht Teorias do Teatro no Século XX Luiza dos Santos Silveira No segundo seminário apresentado na disciplina “Teoria do Teatro no Século XX”, a respeito da obra de Bertolt Brecht, A Ópera de Três Vinténs, o grupo utilizou como bibliografia o livro do próprio autor “Escritos sobre o teatro”, além de uma biografia sobre ele, de Fernando Peixoto: “Brecht - vida e obra”, entre outros textos teóricos vistos em sala de aula, como “Introdução às grandes teorias do teatro”, de Jean Jacques Roubine e um artigo de Marli Terezinha Furtado: “Bertolt Brecht e o teatro épico”. Bertolt Brecht nasceu em Augsburb, Alemanha, em 1898, e morreu em Berlim, em 1956. Deixou o legado do teatro social, como expressão da luta contra capitalismo e o imperialismo, análise do comportamento ético e social do indivíduo diante da repressão. Desta forma, em 1926, em oposição ao teatro dramático aristotélico, chama seu teatro de épico. A obra em questão, A Ópera de Três Vinténs, é um musical, o qual as canções são cantadas com a função de comentar as ações, ou narrar os acontecimentos, refletindo criticamente sobre eles. Possui como argumento: o casal Peachum, empresários de um bando de mendigos, descobrem que a filha está prestes a se casar com Macheath - McNavalha -, o mais respeitado ladrão de Londres. O sr. Peachum era conhecido por ser o Rei dos Mendigos, vestia sua gangue como deficientes ou mendigos e os mandava pedir esmolas. Para impedir a desgraça da família, Peachum tenta mover as suas influências junto do intendente da polícia, Tiger Brown, que, por sua vez, é o padrinho de casamento. A peça desenrola-se em meio a corrupção, sensualidade e ciúme até que, por intermédio de Jenny, uma prostituta que se envolveu com Macheath no passado, a justiça
  • 2. acaba por capturar o vilão e condená-lo à morte. Porém, por intervenção da rainha Victória, ele é salvo da forca e aceito na família Peachum. Tendo como base o livro “Escritos sobre teatro”, de Brecht, algumas questões foram pontuadas, importantes para a análise da peça em questão: a. teatro social como “a reflexão sobre a situação do homem num mundo dividido em classes”1 ; histórico como ação histórica, no âmbito da representação, ação historicizada; dialético como oposição, resistência e contradição; b. teatro épico: formulado a partir da necessidade de se fazer um teatro novo, em oposição ao aristotélitco; c. teatro didático: qualquer tema, por meio das montagens, passa a tratar sobre os acontecimentos de todo o mundo, com funções sociais bem definidas, o palco refletindo a vida real, para, por fim, gerir ao público pensamentos sobre as próprias vidas. Usa de efeitos de distanciamento e recursos grotescos para desfamilizarizar o mundo e sucitar estranhamento no espectador. d. teatro e ciência: o uso de todos os recursos possíveis para subsistir como artista. Ainda sustentando no livro citado acima, no capítulo “Notas sobre a Ópera de Três Vinténs”, o dramaturgo comenta acerca dos títulos e das telas utilizados na peça, como feição literária a se conferir ao teatro; recursos de oposição ao ilusionismo do drama aristotélico. Vale ressaltar que estas são as características científicas mencionadas anteriormente por Brecht. Também discorre sobre a maneira de se cantar as canções, pensando aqui na função dos atores, em mostrarem que estão mostrando algo; ou seja, ao fazer o papel de alguém que canta, denotar que tudo aquilo é teatro. Por fim, adentrando mais na análise da peça, sobre os personagens, pode-se afirmar que são heróis às avessas, caricatos, todos corruptíveis. Valores nobres como amizade, amor e honestidade são questionados a partir dos bens materiais. Os mendigos apresentam uma função social-mercadológica através da mendicância, com a exploração capitalista chegando até mesmo a eles, pois 1 Peixoto, Fernando IN: Furtado, Marli Terezinha, p. 9-10
  • 3. Peachum possui um negócio com profissões definidas. No entanto, o sr. Peachum é o explorador deles, vendo a pobreza como mercadoria. E, por fim, Macheath é o anti-herói, perigoso ladrão procurado pela justiça, o qual Brecht recomenda que seu ator deve representá-lo como um burguês, uma vez que um bandido não é um burguês, nem um bandido é um burguês, mas um bandido nem sempre é um covarde.2 Para concluir a apresentação do seminário, o grupo abordou uma análise mais geral da Ópera dos Três Vinténs. Há a falência das instituições burguesas em todos os níveis da peça, assim como o plano econômico exerce influência sobre os demais - encontra-se a frase na obra: “O que é um assalto a um banco comparado à fundação de um banco?”. Com tudo isso, a força da ideologia é forte e presente em todos as camadas sociais, apesar dos personagens (bandidos, prostitutas, policiais corruptos e mendigos profissionais) serem representados com ironia e estranheza. Ao fim, a Ópera possibilita à construção da naturalização do discurso dominante uma via de acesso mais acessível à crítica, à denúncia de uma sociedade amoral, sem ética e sem princípios, que protege o bandido e humilha quem trabalha honestamente. Bibliografia Material disponibilizado pelo grupo do seminário. FURTADO, Marli Terezinha. Bertolt Brecht e o teatro épico. In: Fragmentos, v. 5. n. II. PEIXOTO, Fernando. Brecht - Vida e obra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. 2 PEIXOTO, 1979. p. 84