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JESUS CRISTO COMO O UNIGÊNITO
R. C. Sproul
Verdades essenciais da fé cristã; doutrinas básicas em linguagem simples e prática. v. 1
(São Paulo: Cultura Cristã, 1999), pp. 79-81.
A referência bíblica a Jesus como "o unigênito do Pai" (Jo. 1.14) tem provocado grandes
controvérsias na história da Igreja. Devido ao fato de Jesus ser chamado também de "o
primogênito de toda a criação" (Cl. 1.15), tem-se argumentado que a Bíblia ensina que ele
não é divino, e, sim, uma criatura exaltada.
As Testemunhas de Jeová e os Mórmons negam a divindade de Cristo apelando para esses
conceitos. É principalmente devido a essa negação da divindade de Cristo que esses grupos
são considerados como seitas e não como denominações cristãs.
A divindade de Cristo tornou-se uma questão crucial no século IV, quando o herege Ário
negou a Trindade. O principal argumento dele contra a divindade de Cristo antecipou os
argumentos atuais das Testemunhas de Jeová e dos Mórmons. Ário foi condenado como
herege no Concílio de Nicéia no ano 325 d.C.
Ário alegava que a palavra grega traduzida por "unigênito" significa "acontecer", "tornar-
se", ou "começar a ser". Aquilo que é gerado deve ter um início no tempo. Tem de ser finito
com relação ao tempo, que é um sinal da condição de criatura. Ser o "primogênito de toda a
criação" pressupõe o nível supremo da condição de criatura, uma categoria mais que os
anjos, mas não vai além do nível de criatura. Adorar uma criatura é praticar idolatria.
Nenhum anjo, nem qualquer outra criatura é digna de adoração. Ário via a atribuição de
divindade a Jesus Cristo como uma blasfêmia e rejeição do monoteísmo bíblico. Para Ário,
Deus deve ser considerado como "um", tanto no ser como em pessoa.
O Credo de Nicéia reflete a resposta da Igreja à heresia ariana. Confessa que Jesus era
"gerado, não criado". Nesta fórmula simples a Igreja demonstrava zelo em se proteger
contra a idéia de interpretar o termo unigênito significando ou implicando uma condição de
criatura.
Alguns historiadores têm falhado em relação ao Concílio de Nicéia, engajando-se na defesa
especial ou no exercício de ginástica mental ao fugirem do significado claro e simples da
palavra grega, unigênito, e da frase "primogênito de toda a criação". A Igreja, porém, não
fugiu arbitrariamente do significado simples desses termos. Havia bases justificáveis para
proteger o termo unigênito com o qualificativo "não criado".
Primeiro, a Igreja estava procurando entender esses termos no contexto total do ensino
bíblico concernente à natureza de Cristo. Convencida de que o Novo Testamento
claramente atribui divindade a Cristo, a Igreja se pôs contra lançar uma parte das Escrituras
contra outra.
1
Segundo, embora o Novo Testamento fosse escrito na língua grega, a maioria das formas de
pensamentos e conceitos está saturada de significados hebraicos. Os conceitos hebraicos
são expressos por meio do veículo da língua grega. Este fato soa como uma advertência
contra a interpretação muito literal com base nas difíceis nuanças do grego clássico. Assim
como João usa o termo logos para referir-se a Jesus, seria um erro saturar esse termo
exclusivamente com as idéias gregas associadas ao uso da palavra.
Terceiro, o termo unigênito é usado numa forma modificada no Novo Testamento. Em João
1.14 Jesus é referido como "o unigênito do Pai". Em algumas traduções, em João 1.18 ele é
chamado novamente de o "Filho unigênito". Existem evidências significativas nos
manuscritos que sugerem que o original grego dizia "o Deus unigênito". Tivesse esse texto
sido aceito, acabaria o debate. Entretanto, se tratarmos o texto como redigido "o Filho
unigênito", ainda teremos um modificador crucial. Jesus é chamado o único gerado (gr.,
monogenais). O prefixo mono no grego é mais forte do que a palavra único em nosso
idioma. Jesus é absolutamente singular em sua genitura. Ele é o único gerado. Ninguém ou
nenhum outro é gerado no sentido como Jesus o foi. O fato de a Igreja falar sobre Jesus
como o eterno unigênito é uma tentativa de fazer justiça a isso. O Filho procede
eternamente do Pai, não como criatura, mas como a Segunda Pessoa da Trindade.
O livro de Hebreus, que também refere-se a Jesus como sendo "gerado" (Hb.1.5), talvez
seja a epístola que nos fornece a mais elevada Cristologia encontrada no Novo Testamento.
O único livro que rivaliza com Hebreus nesse aspecto é o Evangelho de João. É João quem
claramente chama Jesus de "Deus". Também é João quem fala de Cristo como o
"unigênito".
Finalmente, a frase "primogênito de toda a criação" deve ser entendida à luz do contexto da
cultura judaica do século I. Deste ponto de vista, podemos ver que o termo primogênito
refere-se à condição exaltada de Cristo como o herdeiro do Pai. Assim como o filho
primogênito geralmente recebia a herança patriarcal, assim Jesus, como o divino Filho,
recebe o reino do Pai como sua herança.
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R. c. sproul jesus cristo como o unigênito

  • 1. JESUS CRISTO COMO O UNIGÊNITO R. C. Sproul Verdades essenciais da fé cristã; doutrinas básicas em linguagem simples e prática. v. 1 (São Paulo: Cultura Cristã, 1999), pp. 79-81. A referência bíblica a Jesus como "o unigênito do Pai" (Jo. 1.14) tem provocado grandes controvérsias na história da Igreja. Devido ao fato de Jesus ser chamado também de "o primogênito de toda a criação" (Cl. 1.15), tem-se argumentado que a Bíblia ensina que ele não é divino, e, sim, uma criatura exaltada. As Testemunhas de Jeová e os Mórmons negam a divindade de Cristo apelando para esses conceitos. É principalmente devido a essa negação da divindade de Cristo que esses grupos são considerados como seitas e não como denominações cristãs. A divindade de Cristo tornou-se uma questão crucial no século IV, quando o herege Ário negou a Trindade. O principal argumento dele contra a divindade de Cristo antecipou os argumentos atuais das Testemunhas de Jeová e dos Mórmons. Ário foi condenado como herege no Concílio de Nicéia no ano 325 d.C. Ário alegava que a palavra grega traduzida por "unigênito" significa "acontecer", "tornar- se", ou "começar a ser". Aquilo que é gerado deve ter um início no tempo. Tem de ser finito com relação ao tempo, que é um sinal da condição de criatura. Ser o "primogênito de toda a criação" pressupõe o nível supremo da condição de criatura, uma categoria mais que os anjos, mas não vai além do nível de criatura. Adorar uma criatura é praticar idolatria. Nenhum anjo, nem qualquer outra criatura é digna de adoração. Ário via a atribuição de divindade a Jesus Cristo como uma blasfêmia e rejeição do monoteísmo bíblico. Para Ário, Deus deve ser considerado como "um", tanto no ser como em pessoa. O Credo de Nicéia reflete a resposta da Igreja à heresia ariana. Confessa que Jesus era "gerado, não criado". Nesta fórmula simples a Igreja demonstrava zelo em se proteger contra a idéia de interpretar o termo unigênito significando ou implicando uma condição de criatura. Alguns historiadores têm falhado em relação ao Concílio de Nicéia, engajando-se na defesa especial ou no exercício de ginástica mental ao fugirem do significado claro e simples da palavra grega, unigênito, e da frase "primogênito de toda a criação". A Igreja, porém, não fugiu arbitrariamente do significado simples desses termos. Havia bases justificáveis para proteger o termo unigênito com o qualificativo "não criado". Primeiro, a Igreja estava procurando entender esses termos no contexto total do ensino bíblico concernente à natureza de Cristo. Convencida de que o Novo Testamento claramente atribui divindade a Cristo, a Igreja se pôs contra lançar uma parte das Escrituras contra outra. 1
  • 2. Segundo, embora o Novo Testamento fosse escrito na língua grega, a maioria das formas de pensamentos e conceitos está saturada de significados hebraicos. Os conceitos hebraicos são expressos por meio do veículo da língua grega. Este fato soa como uma advertência contra a interpretação muito literal com base nas difíceis nuanças do grego clássico. Assim como João usa o termo logos para referir-se a Jesus, seria um erro saturar esse termo exclusivamente com as idéias gregas associadas ao uso da palavra. Terceiro, o termo unigênito é usado numa forma modificada no Novo Testamento. Em João 1.14 Jesus é referido como "o unigênito do Pai". Em algumas traduções, em João 1.18 ele é chamado novamente de o "Filho unigênito". Existem evidências significativas nos manuscritos que sugerem que o original grego dizia "o Deus unigênito". Tivesse esse texto sido aceito, acabaria o debate. Entretanto, se tratarmos o texto como redigido "o Filho unigênito", ainda teremos um modificador crucial. Jesus é chamado o único gerado (gr., monogenais). O prefixo mono no grego é mais forte do que a palavra único em nosso idioma. Jesus é absolutamente singular em sua genitura. Ele é o único gerado. Ninguém ou nenhum outro é gerado no sentido como Jesus o foi. O fato de a Igreja falar sobre Jesus como o eterno unigênito é uma tentativa de fazer justiça a isso. O Filho procede eternamente do Pai, não como criatura, mas como a Segunda Pessoa da Trindade. O livro de Hebreus, que também refere-se a Jesus como sendo "gerado" (Hb.1.5), talvez seja a epístola que nos fornece a mais elevada Cristologia encontrada no Novo Testamento. O único livro que rivaliza com Hebreus nesse aspecto é o Evangelho de João. É João quem claramente chama Jesus de "Deus". Também é João quem fala de Cristo como o "unigênito". Finalmente, a frase "primogênito de toda a criação" deve ser entendida à luz do contexto da cultura judaica do século I. Deste ponto de vista, podemos ver que o termo primogênito refere-se à condição exaltada de Cristo como o herdeiro do Pai. Assim como o filho primogênito geralmente recebia a herança patriarcal, assim Jesus, como o divino Filho, recebe o reino do Pai como sua herança. 2