O documento discute a prostituição sob uma perspectiva feminista. Apresenta como a prostituição está enraizada no patriarcado e serve para garantir o acesso masculino aos corpos das mulheres. Também discute como a prostituição é uma construção histórica ligada ao capitalismo e como legitima um modelo de sexualidade patriarcal que explora as mulheres.
Cartilha informativa sobre abuso sexual contra a criança e o adolescente. Aline Kelly
Este documento discute o abuso sexual contra crianças e adolescentes no estado de Mato Grosso. Ele fornece definições de crianças, adolescentes e abuso sexual, e descreve onde o abuso ocorre com mais frequência, quais são as categorias de abuso, e as sequelas que podem deixar nas vítimas. O documento foi produzido pelo Ministério Público e Assembleia Legislativa de Mato Grosso para auxiliar na prevenção e denúncia deste crime.
O documento discute o bullying, definindo-o como um fenômeno no qual uma criança ou adolescente é sistematicamente exposta a atos agressivos de forma intencional por um ou mais agressores, caracterizado pelo desequilíbrio de poder entre agressor e vítima. Aborda também as consequências negativas do bullying para as vítimas e agressores, assim como a responsabilidade da escola e da família no enfrentamento desse problema.
O documento discute vários tipos de violência sexual, incluindo violação, abuso sexual infantil, assédio sexual e exploração sexual profissional. Ele também lista sintomas comuns de abuso sexual em crianças, como alterações de sono ou comportamento, e táticas usadas por abusadores, como ganhar a confiança da vítima com presentes antes de cometer o ato.
O documento discute o trabalho infantil no Brasil, definindo-o como qualquer trabalho exercido por crianças e adolescentes com menos de 16 anos, exceto aprendizes. Explora as formas como ocorre, incluindo trabalhos domésticos e rurais, e os fatores que levam as crianças a trabalharem, como a pobreza. Também aborda as leis e organizações que regulamentam e combatem o trabalho infantil.
O documento discute o trabalho infantil no Brasil, definindo-o como qualquer trabalho de crianças e adolescentes menores de 16 anos, exceto aprendizagem. Apresenta estatísticas sobre onde ocorre com mais frequência e tipos de trabalho infantil, como doméstico e exploração sexual. Também discute exceções legais e quando atividades domésticas podem ser consideradas trabalho infantil.
O documento discute conceitos de violência sexual contra crianças e adolescentes, incluindo abuso e exploração sexual. Ele fornece informações sobre sinais de alerta, características dos agressores e ações que podem ser tomadas para ajudar vítimas e denunciar casos.
O documento discute violência sexual contra crianças e adolescentes, definindo abuso sexual, exploração sexual e onde esses atos podem ocorrer. Também descreve sinais físicos e comportamentais de alerta, por que as vítimas nem sempre denunciam, características dos agressores e a importância de denunciar casos de violação de direitos.
Cartilha informativa sobre abuso sexual contra a criança e o adolescente. Aline Kelly
Este documento discute o abuso sexual contra crianças e adolescentes no estado de Mato Grosso. Ele fornece definições de crianças, adolescentes e abuso sexual, e descreve onde o abuso ocorre com mais frequência, quais são as categorias de abuso, e as sequelas que podem deixar nas vítimas. O documento foi produzido pelo Ministério Público e Assembleia Legislativa de Mato Grosso para auxiliar na prevenção e denúncia deste crime.
O documento discute o bullying, definindo-o como um fenômeno no qual uma criança ou adolescente é sistematicamente exposta a atos agressivos de forma intencional por um ou mais agressores, caracterizado pelo desequilíbrio de poder entre agressor e vítima. Aborda também as consequências negativas do bullying para as vítimas e agressores, assim como a responsabilidade da escola e da família no enfrentamento desse problema.
O documento discute vários tipos de violência sexual, incluindo violação, abuso sexual infantil, assédio sexual e exploração sexual profissional. Ele também lista sintomas comuns de abuso sexual em crianças, como alterações de sono ou comportamento, e táticas usadas por abusadores, como ganhar a confiança da vítima com presentes antes de cometer o ato.
O documento discute o trabalho infantil no Brasil, definindo-o como qualquer trabalho exercido por crianças e adolescentes com menos de 16 anos, exceto aprendizes. Explora as formas como ocorre, incluindo trabalhos domésticos e rurais, e os fatores que levam as crianças a trabalharem, como a pobreza. Também aborda as leis e organizações que regulamentam e combatem o trabalho infantil.
O documento discute o trabalho infantil no Brasil, definindo-o como qualquer trabalho de crianças e adolescentes menores de 16 anos, exceto aprendizagem. Apresenta estatísticas sobre onde ocorre com mais frequência e tipos de trabalho infantil, como doméstico e exploração sexual. Também discute exceções legais e quando atividades domésticas podem ser consideradas trabalho infantil.
O documento discute conceitos de violência sexual contra crianças e adolescentes, incluindo abuso e exploração sexual. Ele fornece informações sobre sinais de alerta, características dos agressores e ações que podem ser tomadas para ajudar vítimas e denunciar casos.
O documento discute violência sexual contra crianças e adolescentes, definindo abuso sexual, exploração sexual e onde esses atos podem ocorrer. Também descreve sinais físicos e comportamentais de alerta, por que as vítimas nem sempre denunciam, características dos agressores e a importância de denunciar casos de violação de direitos.
O documento discute a importância da Internet na vida das pessoas e os riscos à segurança de crianças e adolescentes, como a pedofilia e a pornografia infantil. Ele fornece dicas aos pais para protegerem seus filhos, como usar programas bloqueadores, supervisionar o uso da Internet e observar sinais de alerta. Além disso, destaca a importância da família, escola e comunidade na proteção de crianças e adolescentes.
O documento discute os riscos da erotização precoce de crianças e adolescentes, promovida pela mídia e cultura de massa. A erotização precoce pode levar ao desenvolvimento de problemas psicológicos e comportamentos de risco, além de violar os direitos de crianças a uma infância protegida e livre de estímulos sexuais inadequados. Cabe a todos - pais, Estado e veículos de comunicação - garantir que crianças sejam preservadas de conteúdos e situações inapropriadas para sua idade.
O documento discute o trabalho infantil, definindo-o como qualquer trabalho realizado por crianças abaixo da idade mínima legal e descrevendo suas piores formas. É mais comum em países subdesenvolvidos devido à pobreza, trazendo consequências para a saúde das crianças. A lei estabelece 16 anos como idade mínima recomendada para trabalho.
1) A prostituição é uma prática antiga que teve diferentes representações sociais ao longo da história dependendo da época e cultura;
2) Atualmente há um debate sobre a descriminalização da prostituição em muitos países ocidentais, embora continue sendo um problema complexo, especialmente quando envolve exploração e tráfico de pessoas;
3) No Brasil, a prostituição adulta é legalizada, mas existem problemas graves como a prostituição infantil e o tráfico humano.
O documento discute o que é violência sexual, abuso sexual e exploração sexual de crianças e adolescentes. Apresenta sinais físicos e comportamentais de alerta e como o agressor geralmente age. Também fornece orientações sobre como denunciar casos e ajudar vítimas.
O documento discute as formas de violência sexual contra crianças e adolescentes, incluindo abuso e exploração sexual. Ele explica o que são esses tipos de violência, como reconhecer sinais de alerta físicos e comportamentais, efeitos comuns nas vítimas, e a importância de denunciar casos de violência sexual.
O documento discute o movimento LGBT, definindo os termos LGBTQ e identidade de gênero. Apresenta a história do movimento desde os eventos de Stonewall em 1969 até conquistas recentes como a união civil homoafetiva e a proibição de discriminação. Finalmente, discute a ideia de "ideologia de gênero" e a importância da educação sobre diversidade.
Este documento descreve o trabalho da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) em apoiar vítimas de crimes. A APAV é uma organização sem fins lucrativos fundada em 1990 para fornecer informações, proteção e apoio gratuito e confidencial às vítimas de crimes em Portugal.
O documento discute violência doméstica, definindo-a como comportamentos abusivos usados em relacionamentos para controlar outra pessoa. Ele lista tipos de violência doméstica e explica que pode afetar qualquer pessoa, incluindo crianças e idosos. Também discute mitos e sinais de que alguém pode estar sendo vítima, além das consequências legais para agressores.
O documento discute o conceito de gênero, afirmando que se refere às relações entre os sexos moldadas pela sociedade, não à identidade masculina ou feminina em si. A sociedade exerce forte influência sobre homens e mulheres, atribuindo frequentemente às mulheres uma posição subalterna.
O documento descreve a evolução da participação da mulher no mercado de trabalho no Brasil. Historicamente, as mulheres ficaram subordinadas aos homens e limitadas aos papéis de esposa e mãe. No século XX, com avanços sociais e tecnológicos, as mulheres ganharam mais autonomia e acesso ao mercado de trabalho, embora ainda enfrentem desigualdades salariais e de qualidade de emprego em relação aos homens.
O documento discute as causas e consequências da prostituição infantil no Brasil. As principais causas incluem pobreza, famílias disfuncionais, falta de acesso à educação e uso de drogas. Isso leva crianças e adolescentes à prostituição para obter comida, dinheiro ou sustentar vícios. As consequências são danos psicológicos e de saúde graves. Soluções como leis mais rígidas, educação e programas sociais podem ajudar, mas o problema persiste devido à pobre
Os textos descrevem bullying como intimidação intencional e repetida contra outros, causando sofrimento às vítimas. Também apresentam medidas legais para combater o bullying, como capacitar professores, orientar pais e fornecer apoio psicológico às vítimas.
O documento discute o trabalho infantil no Brasil e em outros países. Ele descreve como as crianças são frequentemente exploradas em trabalhos perigosos e abusivos na agricultura, indústria e trabalho doméstico. O documento também mostra estatísticas sobre a distribuição de crianças trabalhadoras no Brasil ao longo do tempo e em diferentes regiões e famílias, bem como fotos históricas ilustrando o trabalho infantil.
O documento discute o abuso sexual de crianças, definindo-o como forçar ou incitar uma criança a participar de atividades sexuais. Detalha os estágios do aliciamento usado por abusadores para ganhar a confiança da criança e prepará-la para o abuso. Também lista sinais comuns de abuso sexual em crianças e dicas sobre o que fazer se uma criança revelar abuso.
O documento discute a violência contra a mulher, como é aprendida e replicada culturalmente e suas consequências. A violência pode ser física, psicológica, sexual ou social e ocorre principalmente contra mulheres entre 0-9 anos e 19-59 anos. O atendimento interdisciplinar é essencial para empoderar mulheres e quebrar o ciclo da violência.
O documento discute o bullying, definindo-o como atos intencionais e repetidos de violência física ou psicológica praticados por um indivíduo ou grupo contra outra pessoa incapaz de se defender. Detalha formas de bullying como bater, empurrar, contar mentiras, ameaçar ou excluir alguém. Também discute como famosos foram vítimas de bullying e as consequências negativas para as vítimas.
Este documento discute exploração e abuso sexual, definindo exploração sexual como o uso de outra pessoa para fins sexuais em troca de dinheiro ou favores. Ele lista vários tipos de exploração sexual como turismo sexual, prostituição, pornografia e pedofilia, e descreve abuso sexual como relações sexuais não consensuais. Finalmente, ele discute as consequências físicas e psicológicas do abuso sexual.
O documento discute a diversidade sexual e orientação sexual, defendendo a educação para a diversidade nas escolas. Aborda temas como identidade de gênero, orientação sexual, estereótipos, preconceitos e discriminação. Defende que respeitar a diversidade é um dever de todos e que a educação para a diversidade é uma questão de democracia e direitos humanos.
1) A cultura do estupro só é possível em um contexto de desigualdade de gênero e objetificação do corpo feminino.
2) A cultura do estupro envolve a desumanização da mulher e a ideia de que seu valor depende do controle de sua
sexualidade.
3) A cultura do estupro começou a ser discutida nos anos 1970 por ativistas feministas como explicação para a alta
incidência de estupros.
Memorial do documentário "Tem Gente na Pista", de 2007, para conclusão do cur...Tatiana Maria Dourado
1. O documentário tem como objetivo humanizar a figura da prostituta mostrando seu cotidiano como qualquer outra pessoa com sonhos, medos e relacionamentos.
2. Acompanha três mulheres prostitutas de Salvador, Babalu, Jucilene e Adilma, para mostrar que apesar da profissão, lidam com temas comuns como amor e família.
3. Pretende desconstruir a visão negativa da prostituta apenas como objeto sexual, analisando também sua história e luta por direitos trabalhistas.
O documento discute a importância da Internet na vida das pessoas e os riscos à segurança de crianças e adolescentes, como a pedofilia e a pornografia infantil. Ele fornece dicas aos pais para protegerem seus filhos, como usar programas bloqueadores, supervisionar o uso da Internet e observar sinais de alerta. Além disso, destaca a importância da família, escola e comunidade na proteção de crianças e adolescentes.
O documento discute os riscos da erotização precoce de crianças e adolescentes, promovida pela mídia e cultura de massa. A erotização precoce pode levar ao desenvolvimento de problemas psicológicos e comportamentos de risco, além de violar os direitos de crianças a uma infância protegida e livre de estímulos sexuais inadequados. Cabe a todos - pais, Estado e veículos de comunicação - garantir que crianças sejam preservadas de conteúdos e situações inapropriadas para sua idade.
O documento discute o trabalho infantil, definindo-o como qualquer trabalho realizado por crianças abaixo da idade mínima legal e descrevendo suas piores formas. É mais comum em países subdesenvolvidos devido à pobreza, trazendo consequências para a saúde das crianças. A lei estabelece 16 anos como idade mínima recomendada para trabalho.
1) A prostituição é uma prática antiga que teve diferentes representações sociais ao longo da história dependendo da época e cultura;
2) Atualmente há um debate sobre a descriminalização da prostituição em muitos países ocidentais, embora continue sendo um problema complexo, especialmente quando envolve exploração e tráfico de pessoas;
3) No Brasil, a prostituição adulta é legalizada, mas existem problemas graves como a prostituição infantil e o tráfico humano.
O documento discute o que é violência sexual, abuso sexual e exploração sexual de crianças e adolescentes. Apresenta sinais físicos e comportamentais de alerta e como o agressor geralmente age. Também fornece orientações sobre como denunciar casos e ajudar vítimas.
O documento discute as formas de violência sexual contra crianças e adolescentes, incluindo abuso e exploração sexual. Ele explica o que são esses tipos de violência, como reconhecer sinais de alerta físicos e comportamentais, efeitos comuns nas vítimas, e a importância de denunciar casos de violência sexual.
O documento discute o movimento LGBT, definindo os termos LGBTQ e identidade de gênero. Apresenta a história do movimento desde os eventos de Stonewall em 1969 até conquistas recentes como a união civil homoafetiva e a proibição de discriminação. Finalmente, discute a ideia de "ideologia de gênero" e a importância da educação sobre diversidade.
Este documento descreve o trabalho da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) em apoiar vítimas de crimes. A APAV é uma organização sem fins lucrativos fundada em 1990 para fornecer informações, proteção e apoio gratuito e confidencial às vítimas de crimes em Portugal.
O documento discute violência doméstica, definindo-a como comportamentos abusivos usados em relacionamentos para controlar outra pessoa. Ele lista tipos de violência doméstica e explica que pode afetar qualquer pessoa, incluindo crianças e idosos. Também discute mitos e sinais de que alguém pode estar sendo vítima, além das consequências legais para agressores.
O documento discute o conceito de gênero, afirmando que se refere às relações entre os sexos moldadas pela sociedade, não à identidade masculina ou feminina em si. A sociedade exerce forte influência sobre homens e mulheres, atribuindo frequentemente às mulheres uma posição subalterna.
O documento descreve a evolução da participação da mulher no mercado de trabalho no Brasil. Historicamente, as mulheres ficaram subordinadas aos homens e limitadas aos papéis de esposa e mãe. No século XX, com avanços sociais e tecnológicos, as mulheres ganharam mais autonomia e acesso ao mercado de trabalho, embora ainda enfrentem desigualdades salariais e de qualidade de emprego em relação aos homens.
O documento discute as causas e consequências da prostituição infantil no Brasil. As principais causas incluem pobreza, famílias disfuncionais, falta de acesso à educação e uso de drogas. Isso leva crianças e adolescentes à prostituição para obter comida, dinheiro ou sustentar vícios. As consequências são danos psicológicos e de saúde graves. Soluções como leis mais rígidas, educação e programas sociais podem ajudar, mas o problema persiste devido à pobre
Os textos descrevem bullying como intimidação intencional e repetida contra outros, causando sofrimento às vítimas. Também apresentam medidas legais para combater o bullying, como capacitar professores, orientar pais e fornecer apoio psicológico às vítimas.
O documento discute o trabalho infantil no Brasil e em outros países. Ele descreve como as crianças são frequentemente exploradas em trabalhos perigosos e abusivos na agricultura, indústria e trabalho doméstico. O documento também mostra estatísticas sobre a distribuição de crianças trabalhadoras no Brasil ao longo do tempo e em diferentes regiões e famílias, bem como fotos históricas ilustrando o trabalho infantil.
O documento discute o abuso sexual de crianças, definindo-o como forçar ou incitar uma criança a participar de atividades sexuais. Detalha os estágios do aliciamento usado por abusadores para ganhar a confiança da criança e prepará-la para o abuso. Também lista sinais comuns de abuso sexual em crianças e dicas sobre o que fazer se uma criança revelar abuso.
O documento discute a violência contra a mulher, como é aprendida e replicada culturalmente e suas consequências. A violência pode ser física, psicológica, sexual ou social e ocorre principalmente contra mulheres entre 0-9 anos e 19-59 anos. O atendimento interdisciplinar é essencial para empoderar mulheres e quebrar o ciclo da violência.
O documento discute o bullying, definindo-o como atos intencionais e repetidos de violência física ou psicológica praticados por um indivíduo ou grupo contra outra pessoa incapaz de se defender. Detalha formas de bullying como bater, empurrar, contar mentiras, ameaçar ou excluir alguém. Também discute como famosos foram vítimas de bullying e as consequências negativas para as vítimas.
Este documento discute exploração e abuso sexual, definindo exploração sexual como o uso de outra pessoa para fins sexuais em troca de dinheiro ou favores. Ele lista vários tipos de exploração sexual como turismo sexual, prostituição, pornografia e pedofilia, e descreve abuso sexual como relações sexuais não consensuais. Finalmente, ele discute as consequências físicas e psicológicas do abuso sexual.
O documento discute a diversidade sexual e orientação sexual, defendendo a educação para a diversidade nas escolas. Aborda temas como identidade de gênero, orientação sexual, estereótipos, preconceitos e discriminação. Defende que respeitar a diversidade é um dever de todos e que a educação para a diversidade é uma questão de democracia e direitos humanos.
1) A cultura do estupro só é possível em um contexto de desigualdade de gênero e objetificação do corpo feminino.
2) A cultura do estupro envolve a desumanização da mulher e a ideia de que seu valor depende do controle de sua
sexualidade.
3) A cultura do estupro começou a ser discutida nos anos 1970 por ativistas feministas como explicação para a alta
incidência de estupros.
Memorial do documentário "Tem Gente na Pista", de 2007, para conclusão do cur...Tatiana Maria Dourado
1. O documentário tem como objetivo humanizar a figura da prostituta mostrando seu cotidiano como qualquer outra pessoa com sonhos, medos e relacionamentos.
2. Acompanha três mulheres prostitutas de Salvador, Babalu, Jucilene e Adilma, para mostrar que apesar da profissão, lidam com temas comuns como amor e família.
3. Pretende desconstruir a visão negativa da prostituta apenas como objeto sexual, analisando também sua história e luta por direitos trabalhistas.
O documento discute o racismo estrutural no Brasil, explicando que: (1) A escravidão beneficiou economicamente os brancos às custas dos negros, que tiveram restrições de acesso; (2) Leis pós-abolição dificultaram o acesso de negros à terra e educação; (3) O mito da democracia racial oculta a hierarquia racial e paralisa a luta antirracista.
Michel Foucault discute a liberação sexual e a criação de novas formas de vida e prazeres. Ele argumenta que ao invés de descobrir a identidade sexual, devemos criar modos de vida gays e experimentar novos prazeres corporais. Também sugere que as práticas sexuais como S/M criam novas possibilidades de prazer ao invés de revelar tendências secretas, e que devemos explorar o corpo como fonte de prazeres diversos e não limitados ao sexo.
1) A cultura brasileira apresenta atitudes contraditórias em relação ao corpo, refletindo uma colonização católica e o desejo de dominação sobre corpos indígenas e negros. 2) A questão do corpo feminino é percebida de forma diferente dependendo da classe social, sendo as mulheres de camadas populares mais à vontade com o próprio corpo. 3) Episódios de expulsão de mulheres que amamentam em público representam um retrocesso e discriminação.
Palestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteoAdriana Sales Zardini
O documento discute o feminismo e a cultura do estupro. Apresenta brevemente a história do feminismo em três ondas e conceitos como machismo, femismo e sexismo. Também aborda a cultura do estupro, como a sociedade tolera e incentiva a violência contra mulheres, e como o empoderamento feminino promove a igualdade de gêneros.
Este documento fornece uma introdução concisa sobre conceitos feministas básicos, incluindo:
1) Feminismo propõe igualdade de direitos entre homens e mulheres e acredita que gênero não determina funções;
2) Machismo prega a superioridade masculina e rejeita a capacidade feminina;
3) Lutas feministas atuais incluem igualdade salarial, fim da cultura do estupro, descriminalização do aborto e combate à violência contra a mulher.
O movimento Mujeres Libres lutou pela autonomia e emancipação feminina na Espanha conservadora e machista da década de 1930. O grupo anarcofeminista defendia a independência das mulheres nos campos do trabalho, educação e vida pessoal, criando cursos, creches e uma revista para disseminar seus ideais de libertação feminina. Suas ações revolucionárias desafiaram as normas de gênero da época e lutaram contra a objetificação e opressão das mulheres.
Este documento fornece um resumo histórico do feminismo e das lutas das mulheres por direitos e igualdade ao longo dos séculos. Aborda conceitos preconceituosos sobre as mulheres ao longo da história, as primeiras ondas feministas na Grécia, Roma e Idade Média, e os avanços conquistados no século XIX e XX, incluindo o voto feminino. Também discute desafios atuais como a igualdade real, violência, emprego e representação política.
1. O documento descreve uma pesquisa realizada pela ONU Mulheres e pelo portal PapodeHomem sobre como engajar homens na discussão sobre igualdade de gênero no Brasil. A pesquisa incluiu entrevistas qualitativas e uma pesquisa quantitativa online com mais de 20 mil respondentes.
2. Os resultados mostraram que a maioria reconhece a existência do machismo no Brasil, porém poucos homens assumem ter atitudes machistas. Há também uma discrepância entre o reconhecimento da violência por mulheres e homens.
3
O documento discute o racismo no Brasil, afirmando que é uma instituição presente na cultura e atitudes brasileiras. A tentativa de omitir o racismo através do mito da democracia racial é mais uma forma de racismo, excluindo a diferença racial e a cultura negra. Apesar da miscigenação, preconceitos e desigualdades raciais permanecem enraizados na sociedade brasileira.
O documento discute a desigualdade histórica entre homens e mulheres, com mulheres tratadas como inferiores devido a crenças religiosas. Ainda discute como as mulheres conquistaram mais independência e espaço no mercado de trabalho após as guerras mundiais, mas o machismo e a violência contra mulheres permanecem problemas na sociedade atual.
Este documento discute a questão da sexualidade sob uma perspectiva marxista. Afirma que a restrição dos direitos sexuais sempre serviu aos interesses das classes dominantes para controlar as classes trabalhadoras. A ideologia burguesa, como a psicanálise, promove a repressão sexual sob o pretexto de que é necessária para a sociedade. Defende a liberdade sexual e o fim da opressão sobre práticas como a homossexualidade.
Artigo: O papel da mulher na sociedade enc.modernaJosiane Costa
O documento discute o papel da mulher na sociedade moderna e o conflito entre machismo e feminismo. Aborda como as mulheres ainda enfrentam preconceitos de uma sociedade machista apesar dos avanços dos movimentos feministas ao longo da história para conquistar igualdade de direitos. Também analisa como a indústria do comércio explora padrões de beleza que perpetuam a opressão às mulheres.
Sororidade apresentacao, dia internacional da mulher, feminism.pptxfagnerlopes11
O documento discute o conceito de sororidade e como ele dissolve as regras patriarcais que veem as mulheres como competidoras. Também aborda a diferença entre machismo e feminismo, explicando que o feminismo luta pela igualdade e não pela supremacia. Por fim, destaca a importância do empoderamento feminino para diminuir desigualdades e dar voz e autonomia às mulheres.
O documento discute a condição feminina na sociedade ao longo da história, desde a antiguidade até os dias atuais. Apresenta como a personalidade feminina foi socialmente construída e como as mulheres foram sistematicamente subjugadas e privadas de direitos. Também aborda como a violência sexual contra crianças, incluindo estupro e incesto, eram problemas comuns que deixavam traumas profundos nas vítimas.
O GENOCÍDIO DO POVO PRETO COMO REFLEXO DA FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DA SOCIABIL...RAPPER PIRATA
O documento discute como o genocídio do povo preto no Brasil está ligado à formação e consolidação do capitalismo no país. A escravização dos africanos foi essencial para a acumulação primitiva de capital desde o período colonial. Após a abolição, as elites implementaram políticas de controle social, branqueamento e genocídio contra os negros para mantê-los marginalizados e explorados como mão de obra barata. Esse racismo estrutural continua justificando a opressão e violência contra a popula
Unidade iii sexualidade e questões de gêneropmarisa
O documento discute questões de sexualidade e gênero, incluindo: 1) A diferença entre sexo e gênero, sendo sexo definido biologicamente e gênero culturalmente; 2) As mudanças nos papéis de gênero ao longo do tempo, com mulheres assumindo papéis mais ativos e homens participando mais das tarefas domésticas; 3) A aceitação maior da homossexualidade na sociedade atual, apesar de persistirem preconceitos.
Este documento discute as relações de género e distribuição de poder entre mulheres e homens ciganos. Apresenta entrevistas com mulheres ciganas sobre o papel do associativismo feminino no seu empoderamento. Defende que, apesar da legislação promover a igualdade de género, continua a haver desigualdades estruturais e dominação patriarcal na comunidade cigana, com o poder expresso sendo maioritariamente masculino. No entanto, as mulheres constróem formas de autonomia relativa e poder oculto para
Semelhante a Prostituição: uma abordagem feminista (20)
Egito antigo resumo - aula de história.pdfsthefanydesr
O Egito Antigo foi formado a partir da mistura de diversos povos, a população era dividida em vários clãs, que se organizavam em comunidades chamadas nomos. Estes funcionavam como se fossem pequenos Estados independentes.
Por volta de 3500 a.C., os nomos se uniram formando dois reinos: o Baixo Egito, ao Norte e o Alto Egito, ao Sul. Posteriormente, em 3200 a.C., os dois reinos foram unificados por Menés, rei do alto Egito, que tornou-se o primeiro faraó, criando a primeira dinastia que deu origem ao Estado egípcio.
Começava um longo período de esplendor da civilização egípcia, também conhecida como a era dos grandes faraós.
Atividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - AlfabetinhoMateusTavares54
Quer aprender inglês e espanhol de um jeito divertido? Aqui você encontra atividades legais para imprimir e usar. É só imprimir e começar a brincar enquanto aprende!
O Que é Um Ménage à Trois?
A sociedade contemporânea está passando por grandes mudanças comportamentais no âmbito da sexualidade humana, tendo inversão de valores indescritíveis, que assusta as famílias tradicionais instituídas na Palavra de Deus.
2. Prostituição:umaabordagemfeminista
1
Prostituição:
umaabordagemfeminista
Apresentação
A SOF atua para construir um feminismo que apresente em sua luta uma visão
integral sobre a opressão das mulheres. As formas como debatemos questões
centrais tem sido redimensionadas, inclusive para compreender e explicitar as
conexões entre classe, raça e patriarcado no atual momento. O tema da prostituição
é exemplar nesse debate.
A reflexão sobre a prostituição exige compreender seu papel estruturante no
patriarcado, nas relações econômicas e nas hierarquias entre as mulheres, marcadas
no Brasil pela desigualdade racial. Precisamos entender como a prostituição foi se
consolidando em nossa sociedade, o que ela representa e a quem ela serve.
Por que a maior parte das pessoas que estão no mercado da prostituição são
mulheres? Como é possível que os homens obtenham prazer de pessoas que se
encontram em uma situação explícita de inferioridade? Essas são algumas
questões importantes para o debate, em um momento em que a indústria do
sexo movimenta bilhões de dólares em todo o mundo, combinando a
pornografia, a prostituição e o tráfico de pessoas. No Brasil, o debate é acentuado
pela proximidade da Copa do Mundo e por propostas de regulamentação das
casas de prostituição, ao mesmo tempo em que a prostituição cresce nos
arredores de grandes obras de desenvolvimento.
Patriarcado
O patriarcado é um sistema
social, político e econômico,
no qual os homens
controlam, individual e
coletivamente, o trabalho,
o corpo e a sexualidade
das mulheres. São
valores, regras, normas e
políticas que se baseiam
na suposição de que existe
uma superioridade natural
dos homens como seres
humanos. Este sistema
consagra o poder masculino,
engendra violências e
exclusões, e imprime ao
capitalismo atual um viés
extremamente sexista.
Assim, capitalismo e
patriarcado se alimentam
reciprocamente e se
fortalecem mutuamente
para manter a grande
maioria das mulheres
em uma situação de
inferioridade cultural,
desvalorização social,
desigualdade econômica,
invisibilidade
de sua existência e de seu
trabalho, mercantilização
de seus corpos.
Publicação da SOF Sempreviva Organização Feminista
Redação: Nalu Faria, Sonia Coelho, Tica Moreno
Projeto gráfico e diagramação: Caco Bisol
Tiragem: 1.500 mil exemplares
Impressão: Pigma
Apoio para esta publicação: Fundação Heinrich Böll
www.sof.org.br
São Paulo, dezembro de 2013
3. Prostituição:umaabordagemfeminista
2
Avisãodominante
sobreaprostituição
Atualmente a visão hegemônica sobre
a prostituição tem buscado reduzi-la a um
trabalho como outro qualquer. Esse é um
dos argumentos utilizados por grupos que
defendem sua regulamentação como se
fosse a venda de mais um serviço, realizado
pela livre escolha e o consentimento das
mulheres prostituídas.
Essa posição simplifica o que é a instituição
da prostituição e a violência cotidiana que
a envolve. O principal argumento é que a
regulamentação em lei passaria a proteger
as mulheres e as livraria da marginalização
e estigma, mesmo que os projetos foquem
explicitamente na legalização do mercado da
prostituição e seus agentes.
Existem muitos atores envolvidos nos
sistemas de prostituição: clientes, empresários,
cafetões e cafetinas, e até Estados. Isso
significa que a prostituição não pode ser
pensada só a partir de um comportamento
individual, mas como uma instituição que está
ancorada nas estruturas econômicas e nas
mentalidades coletivas. Mas, neste sistema, há
um sigilo sobre o papel dos homens, e sobre
as prostitutas recai o peso da estigmatização,
desprezo e confinamento.
Cada vez mais se oculta que são as
mulheres a grande maioria das pessoas
que são prostituídas, como se a existência
de prostituição masculina, de travestis e
transexuais, retirasse o caráter patriarcal
da prostituição. A utilização da arroba
(@) é uma forma de ocultar o gênero da
prostituição, como por exemplo quando
se fala d@s trabalhador@s sexuais. Isso
oculta, principalmente, que a demanda por
prostituição é masculina.
Aprostituiçãocomoparte
dasrelaçõespatriarcais
Nesse debate, precisamos sempre explicitar
como ponto de partida que nossa crítica à
prostituição não é fruto de uma visão
moralista. Ao contrário, queremos resgatar
uma reflexão crítica e afirmar que não há
liberdade e igualdade para as mulheres
enquanto estivermos presas à polaridade
imposta entre santas e putas. Ao mesmo
tempo, o modelo de sexualidade masculina
transforma os homens em demandantes de
sexo, e a prostituição aparece como
uma forma de garantir seu acesso aos corpos
das mulheres.
A filósofa espanhola Ana de Miguel propõe
que a prostituição não seja definida apenas
pela troca de sexo por dinheiro, mas sim como
“uma prática através da qual é garantido aos
homens o acesso grupal e regrado ao corpo
das mulheres”. A prostituição é uma prática
acessível, ainda que mediante uma quantia
de dinheiro. E é também regrada, porque não
é uma prática natural nem espontânea, mas
envolve uma série de normas conhecidas e
respeitadas, desde a localização das mulheres
até a negociação do preço para determinado
“serviço”. Basta perguntar em um ponto de táxi
ou em um hotel para saber um local na cidade
onde encontrar prostituição.
Precisamos explicitar, ainda, que considerar
a prostituição como exploração não faz com
que consideremos as mulheres prostituídas
AnadeMiguel
“Prostitución de
mujeres: una escuela de
desigualdad humana”.
Ana de Miguel, 2012.
4. Prostituição:umaabordagemfeminista
3
como indignas. Ao contrário, consideramos que
o feminismo tem que incorporar a luta pela
superação dos preconceitos, da marginalização
e da estigmatização das mulheres prostituídas.
Queremos questionar o discurso
liberal sobre a prostituição, que justifica a
banalização da sexualidade e a imposição de
novos modelos para a mesma subordinação
das mulheres. Desde uma perspectiva
feminista, acreditamos que a questão da
prostituição não pode se resumir ao grupo
de mulheres envolvidas na indústria do
sexo, mas é relevante para o conjunto das
mulheres, por se tratar de um fenômeno
que legitima e reproduz um modelo de
sexualidade que é patriarcal.
Por isso esta reflexão se insere na luta
para garantir uma vida sem qualquer tipo
de violência para todas as mulheres, em
que o exercício da nossa sexualidade esteja
livre do estigma da mercantilização dos
nossos corpos e também do cerceamento e
moralismo religioso.
Aprostituiçãoé
umaconstruçãohistórica
Quando o assunto é a prostituição, é
comum escutar que esta é a mais antiga das
profissões. Essa é uma forma de naturalizar a
prostituição como algo que sempre existiu
e também de não considerar que podemos
viver em um mundo sem prostituição. Essa
naturalização faz com que não seja vista como
uma forma de exploração e opressão. É tratada
como se fosse uma boa opção para muitas
mulheres, em diferentes épocas. Além disso, a
prostituição é geralmente apresentada como
um comportamento individual, e está ligada
aos estereótipos, reproduzidos por grande
parte da população, que culpam as prostitutas
pela existência da prostituição, com base em
uma concepção moralista.
A prostituição é uma construção histórica,
que foi modificada e adaptada a cada época,
mas podemos dizer que desde o início
combina aspectos da sexualidade, da
família, das relações econômicas e de poder
em cada sociedade.
É importante destacar dois processos
fundamentais nas sociedades ocidentais
que se relacionam com as visões e posições
sobre a prostituição. O primeiro é o papel do
cristianismo e sua influência na constituição
das relações sociais e dos valores que as
orientam. O segundo se refere às mudanças
introduzidas pelo capitalismo, sobretudo
com a mercantilização, a urbanização, a
concentração da propriedade privada e da
acumulação de um lado, e a pobreza de outro.
No Brasil, além das relações patriarcais,
a sociedade se estruturou a partir do
colonialismo, profundamente racista. Como
parte da escravidão da população negra e
extermínio indígena, as mulheres negras e
indígenas tiveram seus corpos com frequência
violados pelo estupro.
Nossa história é contada como se as
indígenas se oferecessem aos brancos, e
ainda hoje o imaginário das mulheres negras
como hiper sexualizadas é muito difundido na
literatura e novelas. Estes são elementos que
marcam a imagem da brasileira como símbolo
de erotismo e sensualidade, e que tem a ver
com a visão que se constrói e se vende fora do
Brasil sobre nós.
concepçãomoralista
É aquela que se baseia
na defesa e afirmação do
que deve e o que não deve
ser feito, de acordo com
os valores dominantes
na sociedade, como
por exemplo os valores
da família e de
comportamento. Ao
lutar pela liberdade
e autonomia das
mulheres, o feminismo
sempre questionou
e transgrediu o
moralismo, defendido
sobretudo por setores
conservadores e
religiosos.
5. Prostituição:umaabordagemfeminista
4
Desigualdadeentrehomens
emulheresnocapitalismo
O capitalismo incorporou o patriarcado
como estruturante das relações sociais.
Para isso, aprofundou a divisão sexual do
trabalho, fortalecendo uma divisão entre
uma esfera pública e outra privada. A
primeira considerada como o lugar onde
se dá a produção e a segunda onde se
dá a reprodução. Essa visão tenta reduzir
o conceito de trabalho ao que tem valor
monetário e oculta todo o trabalho
doméstico e de cuidados como central para
a sustentabilidade da vida humana. Essa visão
sobre a separação entre esferas dicotômicas
esconde a dependência masculina e do capital
do trabalho invisível e não reconhecido das
mulheres. Na verdade são falsas dicotomias
que caracterizam o masculino vinculado as
esferas da produção, do publico, do político
do mercado, da cultura e da razão. O feminino
como a reprodução, o privado, o pessoal, a
família, a natureza e a emoção. São valores
e visão de mundo impostos pelo grupo
dominante, e portanto não são neutras, mas
hierárquicas. (Carrasco, 2003).
A hierarquia aparece quando se valoriza e
prestigia mais os espaços e atividades
consideradas masculinas. O feminino é
representado como frágil, dependente, meigo,
fútil, vinculado à maternidade. Já o masculino
é representado como forte, viril, violento,
independente, livre. Como nos mostrou
Simone de Beauvoir, a própria noção de
feminilidade foi sendo inventada e definida
pelos homens, com uma intenção de auto-
limitação das mulheres. Ela argumentava que
as mulheres tinham que se adequar aos ideais
e interesses masculinos, e que o modelo de
feminilidade as convertia em objetos e presas.
O principal mecanismo de justificativa
para a definição do masculino e feminino é a
naturalização dessa construção como parte de
uma suposta essência masculina e feminina.
Ao fazer parecer que é parte da natureza,
a ideologia dominante trata as relações de
desigualdade entre homens e mulheres como
diferenças que se complementam.
Na consolidação do capitalismo
patriarcal, a família se transformou,
passando do modelo de família extensa
para a mononuclear de pai, mãe e filhos.
A monogamia continuou sendo uma
característica fundamental, seja para
a transmissão da herança, no caso da
burguesia, e de reprodução da força de
trabalho, no caso da classe trabalhadora.
Um dos elementos que estruturou esse
modelo de família foi a imposição da
heterossexualidade como norma obrigatória.
Ou seja, para esse ideal de família existe um
modelo de sexualidade que é considerado
padrão, e que hierarquiza e normatiza.
Olugardaprostituição
nocapitalismopatriarcal
Sabemos que o patriarcado se estrutura
a partir do controle dos homens, individual e
coletivamente, sobre o trabalho, o corpo e a
sexualidade das mulheres. A prostituição se
insere nesses três tipos de controle e há uma
ideologia que legitima sua prática.
A sexualidade foi um terreno a partir do
qual se desenvolveu o controle do corpo
CristinaCarrasco
“Sustentabilidade da
vida humana: um
assunto de mulheres?”.
Cristina Carrasco, 2003.
SimonedeBeauvoir
O segundo sexo. Simone
de Beauvoir, publicado
pela primeira vez em
1949.
6. Prostituição:umaabordagemfeminista
5
das mulheres vinculado a necessidade de se
adequar ao modelo de família centrado no
poder masculino, mas também ao tipo de
trabalho determinado para as mulheres.
Um elemento central no modelo de
sexualidade é sua construção a partir de uma
dupla moral. Durante muito tempo, houve a
exigência de virgindade das mulheres até o
casamento, quando deveriam ser fiéis.
Já os homens eram incentivados a ter
múltiplas experiências.
Uma vez mais, a naturalização marca a
visão sobre a sexualidade, como se fosse
determinada biologicamente. A sexualidade
masculina é viril, e os homens teriam um
desejo insaciável, enquanto as mulheres tem
sua sexualidade marcada pela passividade,
vinculada mais à reprodução que ao prazer.
A hipocrisia dessa dupla moral sempre tratou
a prostituição como algo necessário para
preservar a virgindade das“moças de família”
e garantir a satisfação dos desejos“insaciáveis”
dos homens casados.
Na formação do capitalismo, as relações
de trabalho foram assalariadas, mas também
se consolidou a noção de um ideal de família
baseada em um homem provedor. Por
isso, as mulheres deveriam conseguir um
casamento, e a prostituição, nas mais variadas
modalidades, era uma saída para mulheres
que não estavam casadas.
Na família, há um controle dos homens
sobre as mulheres que se dá a partir da
sexualidade. Ele teve como âncora as restrições
que as mulheres encontram para ter
autonomia econômica, que antes era ainda
mais limitada que nos dias de hoje. A pressão
para o casamento e dedicação para a família
era constante entre as mulheres que foram
incorporadas pela revolução industrial,
inclusive porque houve uma disputa com os
homens trabalhadores. Eles consideravam a
presença das mulheres nas fábricas
uma concorrência que ameaçava seus
postos de trabalho.
O que se oculta é que são os homens que
controlam boa parte do que as mulheres
prostituídas recebem. Ou seja, além da
demanda por sexo, um grupo de homens
organiza a prostituição e se apropria de grande
parte do que as mulheres recebem. O mesmo
se dá no casamento, onde a contribuição
econômica das mulheres é invisibilizada.
São mecanismos utilizados para parecer que
os homens são os provedores, no caso do
casamento. E um mecanismo de controle e
exploração, no caso da prostituição. Mas o
objetivo por trás dessa lógica é sempre que as
mulheres não tenham autonomia.
A prostituição sempre envolveu
uma diversidade de situações, e mesmo
de hierarquias entre as mulheres. Essa
diversidade responde também às diferenças
e desigualdades de classe e raça, além
das relações de poder existentes em cada
momento. Ao longo da história, a instituição
da prostituição cumpriu funções de
manutenção do modelo de sexualidade, de
família, dos papéis ideológicos.
A prostituição também faz parte da
construção de representações para controlar e
julgar as mulheres a partir de sua sexualidade
como honradas ou não, para definir punições,
estigmatizar e dividir as mulheres. Um dos
mecanismos utilizados foi a marginalização e
a construção de muitos estereótipos onde as
7. Prostituição:umaabordagemfeminista
6
prostitutas foram vinculadas ao imoral e ao
indecente. O estigma de puta é usado não só
para mulheres que exercem a prostituição,
mas também para as que se rebelam contra a
moral conservadora e aquelas que
estão fora do modelo de feminilidade
considerado adequado.
Mas a prostituição também cumpre um
papel econômico, seja como um negócio
mundial, seja no controle cotidiano por
cafetões e cafetinas. A ideia de que as
mulheres em situação de prostituição ficam
com parte significativa do dinheiro é falsa.
O esquema da prostituição é diverso, mas
na maioria das vezes as mulheres precisam
pagar aluguel de quarto, lençol, produtos,
roupas e adereços, além de comissões e
segurança. Revelar estes fluxos é importante
para se conhecer os circuitos da prostituição.
É importante compreender que existe uma
institucionalidade, muitas vezes ocultada, na
prostituição, envolvendo hierarquia, relação
com a polícia e outros agentes, e também
com o tráfico de drogas.
Sexualidade
O fato de que vivemos em uma sociedade
patriarcal faz com que as ideias e práticas
dominantes sejam definidas pelos homens
que detêm o poder. Isso significa inclusive
que os discursos sobre o que é ser mulher são
construídos a partir da ideologia patriarcal.
As mulheres introjetam essas percepções
que marcam sua subjetividade e identidade
pessoal e a própria personalidade. Por outro
lado, quando falamos que há uma prática
hegemônica estamos justamente afirmando
que também há resistência e, quanto mais
conhecemos a história, mais sabemos que isso
ocorre há muitos séculos de diversas maneiras.
Em nossa época histórica, com o feminismo,
cresceu essa resistência, assim como a
desconstrução desses discursos e emergência
de novas práticas.
Para discutir a relação entre sexualidade
e a prostituição precisamos resgatar que as
práticas sexuais não são parte de uma natureza
sexual masculina e feminina. A sexualidade é
uma construção social, e o que vivemos hoje é
diferente do que as pessoas viveram em outros
momentos da história.
Ao longo das nossas vidas, a relação com
o corpo e a sexualidade é estimulada de
forma diferente para os meninos e as meninas.
Enquanto os meninos desde pequenos são
estimulados ao desejo, a falar sobre sexo e a
tocar o próprio corpo, as meninas são inibidas,
a descoberta do corpo é reprimida e até entre
as mulheres adultas a masturbação continua
sendo um tabu.
É claro que existe uma diferença entre a
vivência da sexualidade de acordo com cada
geração. Muitas mulheres que nasceram na
primeira metade do século passado passaram
toda sua vida mantendo relações sexuais
forçadas, por obrigação, para servir ao marido.
Ainda hoje elas são estimuladas a agradar aos
homens e, em geral, aparece pouco a satisfação
de seu próprio desejo. As revistas femininas
são exemplares nesse sentido: em todas as
edições vemos manuais sobre como satisfazer
os desejos do parceiro. Por isso, ainda é comum
que realizem práticas sexuais que não desejam,
para não serem consideradas inadequadas.
Muitas vezes, elas têm relações sexuais sem
A sexualidade é uma
construção social
Esse debate foi
apresentado em
“Sexualidade e gênero:
uma abordagem
feminista”. Nalu Faria,
1998.
8. Prostituição:umaabordagemfeminista
7
querer, porque o seu“não”é desconsiderado.
Isso se expressa no ditado machista:“não
existe mulher difícil, e sim a mal cantada”. Para
as adultas casadas, o sexo é visto como uma
necessidade para se conservar o casamento,
para que os homens não busquem mulheres
“lá fora”. Para as jovens solteiras, ainda há a
vergonha de admitir o desejo, de se falar das
vontades, são cheias de dúvidas, mas também
de razões e certezas de que querem ter direito
a sentir prazer.
A ideologia dominante utiliza a ideia de
uma natureza sexual dos homens oposta
à das mulheres para justificar o modelo de
sexualidade e ocultar que é uma construção
social. Dessa forma justifica uma construção do
desejo das mulheres subordinado aos homens
e coloca a heterossexualidade como a única
forma de viver a sexualidade.
Esse modelo nega a expressão da
diversidade, uma vez que ele se baseia na
imposição de uma norma rígida. Discrimina,
pune e estigmatiza todas e todos que
transgridem tais normas. A intolerância
com a sexualidade lésbica é maior, pois essa
sociedade é ainda mais reacionária com a
transgressão feminina e a expressão de seu
desejo sexual.
Entreoperigo
eoprazer
Já afirmamos que os estudos históricos
nos mostram que, em muitos momentos
houve uma disputa em torno do modelo
hegemônico. Em alguns períodos, prevaleceu
um discurso mais liberal e, em outros,
mais conservador.
Sabemos também que por mais que
haja a imposição de um modelo repressor
sobre as mulheres, nem todas vivem a
sexualidade dessa forma. Carol Vance tem uma
formulação que fala da experiência e vivência
das mulheres a partir de uma tensão entre
o perigo e prazer. Ela diz que a sexualidade
é um terreno que coloca as mulheres nessa
tensão entre o perigo e o prazer, por ser
uma experiência que contém ao mesmo
tempo alegria e prazer, mas também tristeza
e humilhação. Não é uma experiência
marcada somente pela subordinação ao
poder masculino, mas também não é uma
experiência de completa satisfação.
Os perigos que as mulheres enfrentam são
externos e internos. Como perigos externos
destacamos a violência sexista (agressões,
estupros, assédio sexual), as diferentes formas
de prepotência masculina de muitos homens,
a exigência de práticas sexuais não desejadas
pelas mulheres. Entre os perigos internos
destacamos a interiorizarão que as mulheres
fazem da feminilidade tradicional, que
contribui para que vivam a sexualidade como
algo perigoso, que traz o medo de viver os
próprios desejos, medo de perder os
limites do corpo, medo que suas fantasias não
sejam adequadas.
Essa formulação também nos permite
analisar as ambiguidades vividas pelas
mulheres. A formação da identidade feminina
a partir da polarização entre santas e putas
coloca as mulheres em permanente tensão.
Elas têm que agradar aos homens, serem
sedutoras, mas de forma indireta, para que
sejam eles quem tomem a iniciativa, pois,
caso contrário, elas ultrapassam a fronteira
CarolVance
“El placer y el peligro”.
Carol Vance, 1989.
9. Prostituição:umaabordagemfeminista
8
das santas. E, ao mesmo tempo, permanece
essa ideia de que as mulheres precisam de um
homem para serem completas. Dessa forma,
é a imposição de uma subjetividade que nega
a autonomia e a legitimidade de seus desejos,
na medida em que eles são atrelados a ser e
estar para o outro e não para si.
Banalizaçãoda
sexualidadefeminina
Hoje, é visível que há uma banalização
da sexualidade feminina, exposta
incansavelmente pelos meios de comunicação
de massa, pela publicidade, ou abordada de
forma pouco respeitosa em diversos âmbitos
da sociedade. Dessa forma, a sexualidade
também passa a ser apresentada como uma
mercadoria disponível.
Essa banalização traz consigo uma
padronização no exercício da sexualidade,
impondo um padrão aceitável de como cada
um e cada uma deve vivenciar a sua, e uma
constante vigilância e controle sobre ela,
demonstrando que, assim como objetos ou
mercadorias, no plano do sexo também as
mulheres devem ser vistas como disponíveis e
pertencentes aos homens.
Dentro desse modelo, a cultura dominante
estimula as mulheres a alterarem seu
comportamento sexual de acordo com as
novas exigências masculinas. Nos últimos
anos se construiu um discurso de que, na
intimidade de um casal, toda mulher pode ser
puta. Isso evidencia uma vez mais quais são
as representações da sexualidade e como ela
está vinculada à ideologia patriarcal e não ao
erotismo segundo o desejo de cada uma.
Atualmente, em nome de uma suposta
liberação das mulheres, há uma permanente
pressão para que estejam sempre disponíveis.
Evidentemente isso tem a ver com o fato
de que as mulheres romperam fronteiras e
estão no mundo público. Pois, muitas vezes,
só o fato de saírem sozinhas faz com que se
considere que estão disponíveis para serem
cantadas. E, se as mulheres questionam ou
respondem, são consideradas moralistas,
puritanas, reprimidas, lésbicas. Não por
acaso, essas são as mesmas características
atribuídas às feministas. Ou seja, existe hoje
um discurso de liberação da sexualidade,
mas que permanece dentro das normas da
sexualidade masculina.
Na questão da prostituição, um dos
elementos que nos assusta é como a
misoginia funciona para que inclusive as
famílias participem na venda de suas filhas.
São conhecidos, mesmo na história recente,
casos de que os pais expulsam suas filhas
de casa porque perderam a virgindade
ou que empurram as filhas para relações
economicamente consideradas interessantes.
Um dado permanente é o grande número
de mulheres que sofreram abusos sexuais ou
estupros e são prostituídas. Todas sabemos
o que significa para a autoestima de uma
menina ser estuprada ou abusada por um
familiar. Mas devemos lembrar que, além
desses casos, é muito comum que a vivência
das meninas seja de humilhação, de maus
tratos, de alusões a sua sexualidade, assédios,
sempre com a ameaça que poderá ser ou será
uma puta. Ou seja, é permanente na vida das
mulheres o julgamento a partir da classificação
como santa ou puta.
Misoginia
A misoginia é uma
forma extrema de
machismo. É o ódio e
a aversão às mulheres,
uma ideologia e prática
que deprecia as mulheres
como sexo e tudo o que é
considerado feminino.
10. Prostituição:umaabordagemfeminista
9
Outro elemento fundamental a ser
considerado é que quase a totalidade das
mulheres chegam a prostituição através de
alguém que atua como agente, muitas vezes
seu próprio namorado ou companheiro. A
entrada na prostituição está marcada pelas
relações de poder patriarcais e pelo que
chamamos de instituição da prostituição.
Em geral, são prostituídas quando ainda são
adolescentes ou mesmo crianças.
Oquemudoucom
arevoluçãosexual?
Um olhar sobre a prostituição em
diferentes períodos e sociedades mostra que,
assim como todos os processos sociais, seu
desenvolvimento tem uma trajetória que
não é linear.
Até os anos 1960, a prostituição tinha
como uma de suas justificativas o modelo
de sexualidade tradicional e a exigência de
virgindade das mulheres. Evidentemente esse
é apenas um discurso de legitimação que não
corresponde à realidade. Também é parte dessa
história o fato de que muitos homens casados
continuassem como prostituidores fora de suas
casas, sob a visão de que o casamento era para
a reprodução e as esposas assexuadas. Assim
como o fato comum no Brasil, e também em
tantos outros países, de que muitos homens
mantinham mais de uma família.
A revolução sexual questionou parte
da hipocrisia da dupla moral, mas como
apontam algumas feministas, como Kate
Millett, uma carga misógina foi mantida, assim
como não se questionou a sexualidade
masculina tradicional.
A revolução sexual inaugurou novas
normas para a sexualidade, afirmando que
sexo é bom e que é bom ter relações sexuais
com muitas pessoas. Isso seria moderno,
transgressor e anti-sistêmico. Daí que surgiu
uma ideia, que prevalece ainda hoje, de que
qualquer crítica relacionada a sexo é repressora
e conservadora. Mas havia também uma ideia
de que, com a revolução sexual, a prostituição
se tornaria algo residual.
Em um momento que se quebrou
uma parte dos tabus da sexualidade,
principalmente o da virgindade, o debate
sobre a livre escolha e o consentimento na
prostituição passou a ganhar espaço.
Nos anos 1970, teve início a organização
de grupos de prostitutas, inicialmente na
Inglaterra e nos Estados Unidos, reivindicando
o reconhecimento da prostituição como
uma profissão.
É importante assinalar que em alguns
países europeus houve um declínio do
número de mulheres em situação de
prostituição, resultado dos avanços em relação
a luta por igualdade e das políticas de bem
estar social. Mas a demanda masculina pela
prostituição não teve o mesmo declínio.
Essa informação é muito importante
para a reflexão sobre as condições de vida
das mulheres e as desigualdades nos países,
e sua relação com a entrada de meninas
e mulheres na prostituição. Para a filósofa
espanhola Amélia Varcacel, a vulnerabilidade, a
pobreza e a marginalização são as causas da
prostituição, e não as suas consequências. Ela
afirma que na Espanha, especialmente antes
da crise, o negócio da prostituição só era
sustentável porque cerca de 90% das mulheres
Revoluçãosexual
O período entre os
anos 1960 e 1970 foi
conhecido como uma
época de “liberação
sexual”, que desafiou
códigos tradicionais
de comportamento
relacionados a
sexualidade humana
e comportamentos
interpessoais. O sexo
além das relações
heterossexuais e
monogâmicas passou
a ter mais aceitação.
No caso das mulheres,
o advento da pílula
anticoncepcional abriu
possibilidades de um
maior controle sobre o
número de filhos e foi
também um momento de
grande questionamento
do tabu da virgindade.
KateMillett
“A política sexual”. Kate
Millett, 1970
AmeliaValcarcel
“¿La prostitución es un
modo de vida deseable?”
Amelia Valcarcel, 2007.
11. Prostituição:umaabordagemfeminista
10
prostituídas naquele país era imigrante. Esse
dado se relaciona ao fluxo migratório dos países
do sul e do leste para os países da Europa. É
preciso considerar que parte significativa das
migrantes se encontra em situação irregular em
um contexto de xenofobia, o que aumenta a
sua vulnerabilidade. Além disso, a prostituição
nos países da Europa também está muito
relacionada com o tráfico de mulheres.
Na Europa, existem cerca de 140 mil
mulheres vítimas do tráfico de pessoas para
o mercado do sexo e, a cada ano, são 70 mil
novas vítimas da indústria do sexo. A estimativa
é que estas mulheres realizem em torno de
50 milhões de programas sexuais ao ano,
representando a movimentação de cerca de
2,5 bilhões de euros. Estimativas internacionais
apontam que 40 milhões e pessoas se
prostituem em todo o mundo, sendo que 75%
são mulheres na faixa etária dos 13 aos 25 anos
e, 90% ligadas a cafetões.
Mercantilizaçãoecontrole
docorpodasmulheres
O controle do corpo das mulheres é mais
complexo hoje, quando imagens opostas do
corpo, coberto por uma burca ou do corpo nu,
podem ter o mesmo sentido opressor.
Uma visão liberal da bandeira nossocorpo
nospertence é de que as mulheres podem
dispor de seu corpo mesmo para vendê-lo na
prostituição. O discurso feminista sobre a
autonomia das mulheres é cooptado pelo
sistema e convertido em “meu corpoémeu
negócio”, em uma clara transformação do corpo
em coisa, em objeto que pode
ser comercializado.
Essa visão está muito associada a de que
a prostituição é um trabalho como outro
qualquer. Mas apesar de ser uma fonte de
sustentação econômica para quem está na
prostituição, há diferenças em alguns aspectos
significativos do contrato de trabalho. A
cientista política Carole Pateman afirma que
“é um cliente do sexo masculino que participa
do contrato de prostituição e não um patrão.
Os serviços de uma prostituta não podem ser
prestados a não ser que ela esteja presente; a
propriedade na pessoa, diferentemente das
propriedades materiais, não podem ser separadas
do seu dono. O capitalista não tem um interesse
intrínseco no corpo e no ser do trabalhador ou,
pelo menos, não o mesmo tipo de interesse que o
homem que participa do contrato da prostituição.
O patrão está interessado no lucro. Os homens
que participam do contrato da prostituição tem
um único interesse: a prostituta e seu corpo. Na
prostituição o corpo da mulher e o acesso sexual
ao seu corpo são os objetos do contrato. Ter
corpos à venda no mercado, enquanto corpos, é
muito parecido com a escravidão.”
Quando os corpos das mulheres estão
à venda como mercadorias no mercado
capitalista, se reafirma mais uma vez, e
publicamente, a força do patriarcado. Isso
porque há um reconhecimento dos homens
como senhores sexuais das mulheres, todos os
homens sobre todas as mulheres – e é isso que
está errado com a prostituição.
No neoliberalismo, a banalização da
prostituição foi ampliada. A lógica consumista
invade todas as esferas da nossa vida, e até
o sexo mercantilizado tornou-se um dado
indiscutível da economia moderna. Em uma
lógica individualista, as relações de dominação
CarolePateman
“O contrato sexual”.
Carole Pateman, 1988.
TatianaFelix
Relatórios revelam
números, origem e
destino do Tráfico de
Pessoas na Europa.
http://migre.me/cXFE0
12. Prostituição:umaabordagemfeminista
11
são negadas e excluídas das formas de
violência contra as mulheres. Além disso, a
diversidade cada vez maior das pessoas em
prostituídas por vezes oculta este lugar da
instituição prostituição na sociedade patriarcal
que privilegia os homens. Estes, seguem sendo
a maioria esmagadora dos clientes, mesmo
quando se trata da prostituição de rapazes
ou de travestis. A indústria do sexo continua
manipulando a sexualidade para encorajar
a demanda, seja pela pornografia ou pelo
turismo sexual.
Propostasderegulamentaçãoem
umcontextodeprecarizaçãodotrabalho
Outro marco para a reflexão,
principalmente a partir dos anos 1990, foi
a epidemia da AIDS e a responsabilização
que recaiu sobre as mulheres em situação
de prostituição. A estratégia utilizada por
organismos internacionais, como o Banco
Mundial, foi atuar a partir das mulheres
prostituídas para conter a epidemia,
transformando-as em agentes de saúde.
Esse dado é bastante relevante. Nos países
do sul, sob o neoliberalismo e redução das
políticas sociais, o Banco Mundial definiu
que seu financiamento teria que passar pelas
ONGs e foram criadas várias organizações
de prostitutas que, em geral, se tornaram a
base social de defesa da regulamentação das
prostituição em nossos países.
Em muitos países da América Latina e
do Caribe, foi no processo de precarização
de direitos que se colocou o debate da
regulamentação da prostituição. Realmente
soava estranho que, em pleno processo de
desmantelamento dos direitos conquistados,
no tema da prostituição se falava na garantia de
direitos, o que evidentemente era uma falácia.
Experiênciasde
outrospaíses
É necessário ainda pesquisar e divulgar
informações sobre como estão e como vivem
as mulheres em situação de prostituição
no nosso país, nos países que legalizaram a
prostituição e naqueles que adotaram políticas
abolicionistas.
“Em Amsterdã, na Holanda, o argumento
para legalização da prostituição era: para tornar
as coisas mais seguras para todos. Tornar esse
um trabalho como outro qualquer. Resultado:
Em vez de proporcionar uma maior proteção
para as mulheres, a legalização simplesmente
expandiu o mercado. Ao invés de terem
adquirido direitos no“local de trabalho”, as
mulheres prostituídas descobriram que os
cafetões eram tão brutais quanto sempre
foram. O sindicato financiado pelo governo
e criado para protegê-las tem sido evitado
pela grande maioria das mulheres, que
permanecem assustadas demais para reclamar.
Os abusos sofridos pelas mulheres são
agora chamados de“risco ocupacional”, da
mesma forma que uma pedra que cai no pé
de um pedreiro. O turismo sexual cresceu
mais rápido, em Amsterdã, do que o turismo
regular: como a cidade se tornou o local
de prostituição da Europa, mulheres são
importadas por traficantes da África, Europa
do Leste e Ásia, de modo a suprir a demanda.
Em outras palavras, os cafetões permaneceram,
mas tornaram-se legítimos – a violência ainda
Amsterdã
“Por que nem
Amsterdã quer as
casas de prostituição
legalizadas?”. Post no
blog da MMM.
13. Prostituição:umaabordagemfeminista
12
é prevalecente, mas se tornou mera parte do
trabalho e o tráfico aumentou. Suporte para
que as mulheres deixem a prostituição é quase
inexistente. A obscuridade inata do trabalho
não foi desmanchada pela benção legal.”
Na Alemanha, a prostituição foi legalizada
em 2002.
Os dados apontam que o negócio do
sexo movimenta anualmente 14,5 bilhões
de euros naquele país e, mesmo com a
regulamentação, não há estatísticas oficiais
sobre a prostituição. A estimativa é de que
atualmente existam entre 200 mil e 400 mil
mulheres vivendo da prostituição. Apesar
de a legislação alemã reconhecer direitos
trabalhistas e previdência social para as
mulheres em situação de prostituição, apenas
44 pessoas – incluindo quatro homens – estão
registradas como“prostitutas”na Agência
Federal de Emprego.
O país se tornou um destino de turismo
sexual. Foram construídos mega-bordéis, nos
quais mais de 90% das mulheres prostituídas
são estrangeiras (a maioria romena e búlgara).
Na Suécia, a prostituição é considerada
uma violência contra as mulheres. Esse é
um dos países considerados abolicionistas,
onde o cliente da prostituição é penalizado.
Lá foi desenvolvido um modelo que oferece
políticas de apoio para as mulheres que
desejam sair da prostituição, além de
campanhas educativas sobre o tema. De
acordo com o governo sueco, desde 1999,
quando se adotou a legislação atual, se
reduziu pela metade o número de pessoas em
situação de prostituição.
Na Noruega, a legislação também é
abolicionista. Lá, inclusive os noruegueses
que consomem serviços sexuais fora do país
são penalizados, como forma de combater
também o turismo sexual.
Outro aspecto comum nos dois países
é que a população demonstra um apoio
significativo a essas medidas. Vale lembrar,
também, que esses países tiveram grandes
avanços em políticas de igualdade sob o
EstadodeBemEstarSocial.
Na França, após ouvir depoimentos de
muitas mulheres prostituídas, uma comissão
parlamentar composta por membros da
delegação em defesa dos direitos das
mulheres, propôs um projeto contra a
exploração da prostituição, inclusive com
a penalização dos clientes. O projeto foi
aprovado na Câmara e agora segue para o
senado francês.
CenáriosdaprostituiçãonoBrasil:
grandesobras
Vemos no território brasileiro um
grande aumento da prostituição nas áreas
de mineração, da construção de usinas
hidrelétricas ou nas obras da Copa do Mundo.
Em uma lógica desenvolvimentista que reduz
o desenvolvimento ao crescimento ilimitado, o
corpo das mulheres amortece os impactos da
superexploração do trabalho e da destruição
do território.
A relação entre a prostituição e o
desenvolvimento de atividades econômicas
vinculadas à obras de infra-estrutura e
mineração no Brasil não é novidade. Os anos
1980 e 90 foram marcados por grandes
movimentos migratórios, na região norte do
Brasil, motivadas por projetos de infra-estrutura,
EstadodeBem-EstarSocial
O Estado de Bem-Estar
Social se refere a
experiência de países que
ampliaram os direitos
de cidadania e políticas
universais em um
momento que o Estado
assumiu um papel de
provedor de direitos e
regulador da economia.
Em alguns países da
Europa, como a Suécia,
esse foi um momento de
ampliação de políticas de
igualdade entre homens e
mulheres, que ampliaram
o compartilhamento do
trabalho de homens e
mulheres.
14. Prostituição:umaabordagemfeminista
13
de mineração e da corrida pelo ouro. O
mercado da prostituição, nestes locais, se
desenvolveu acompanhando os fluxos
migratórios, aumentando e diminuindo de
acordo com o ritmo das obras e
da garimpagem.
Por ser um negócio realizado às margens
da lei, tanto os números quanto a dinâmica
desta indústria são apenas aproximações. Mas
as conexões com as grandes obras são visíveis
e aparecem constantemente em matérias
jornalísticas, a partir das quais recolhemos
elementos que contribuem para nossa reflexão.
Na estrada interoceânica, que foi financiada
pelo BNDES para facilitar a circulação
de mercadorias entre o Brasil e o Peru, a
concentração de garimpeiros envolvidos na
corrida se dá ao mesmo tempo em que a
concentração de jovens que trabalham em
cerca de 400 casas de prostituição clandestinas.
Em 2011, cerca de 300 mulheres (sendo pelo
menos 7 menores de idade) foram resgatadas
de uma situação de exploração sexual nesta
região peruana. Elas foram atraídas por ofertas
de trabalho no comércio e em serviços
domésticos, mas acabaram forçadas a se
prostituir.
Outro exemplo conhecido das reportagens
sobre o tema é a construção das hidrelétricas
Jirau e Santo Antonio, financiadas pelo PAC. As
duas construções somam 35 mil trabalhadores
empregados, em sua maioria homens. Há
alguns quilômetros, Jaci-Paraná é um pequeno
vilarejo que tem mais casas de prostituição que
mercados, padarias e farmácias. As mulheres
que atuam como prostitutas nestes locais
vieram, em sua maioria, de outros estados.
A maioria de Sapezal, no Mato Grosso, mas
também do Acre, Maranhão e de outras
partes de Rondônia.
A situação não é diferente em Altamira, no
Pará, onde o número de casas de prostituição
aumentou com o início da construção da usina
de Belo Monte e a conseqüente ampliação
dos moradores da região. Em abril de 2012,
pelo menos 8 novas casas de prostituição
foram identificadas pela Agência Brasil, e
o discurso sobre a situação das prostitutas
e dos clientes é semelhante. A maioria das
mulheres é de outras regiões do estado,
como Santarém, e tem como objetivo juntar
dinheiro, mas também conseguir emprego
na usina. Já o perfil dos clientes é composto,
majoritariamente, pelos trabalhadores da usina
que se mostram“carentes”e em busca de
“prazer rápido”para aliviar o peso do trabalho
intenso na construção.
Turismosexual
egrandeseventos
A inauguração do primeiro estádio pronto
para a Copa do Mundo, o Castelão, em Fortaleza
(CE), foi marcada pelas denúncias da exploração
sexual de menores, em um contexto de extrema
pobreza. Reportagens relataram casos de
programas em troca de um prato de comida ou
10 reais e, ainda, em troca de acesso à drogas,
como o crack. A rede da prostituição e do tráfico
de drogas caminham juntas, e o poder público
que investiu bilhões para a construção do
estádio, não investe o suficiente no combate à
exploração sexual e na garantia de condições de
vida dignas para a população do entorno, que
não tem o direito a saúde, moradia, alimentação
e educação assegurados.
15. Prostituição:umaabordagemfeminista
14
Com a proximidade da Copa do Mundo,
está colocado o desafio de posicionar este
debate não apenas a partir da constatação
de que, por ser um período com muitos
turistas homens, haverá uma demanda
maior pela prostituição. Este é um fato, mas,
muitas vezes, é justamente o argumento
para se regulamentar a prostituição, para
que se realize em espaços seguros. Mas essa
segurança está voltada aos clientes.
Um dos caminhos para enfrentar o
debate da Copa do Mundo é o de visibilizar
os circuitos estabelecidos da prostituição, de
modo a explicitar que o funcionamento do
turismo no Brasil tem a prostituição como um
pressuposto e uma base de movimentação
de bilhões de reais. Legitimar esta prática, sem
questionar o papel dos homens, do capital e
do Estado, é uma armadilha cuja consequência
é o reforço da opressão das mulheres.
Existe um imaginário social construído
sobre a imagem de cidades como Fortaleza,
mas também em outras do Nordeste, como
locais com uma base erótica muito forte,
combinadas com um suposto apelo exótico
das brasileiras que atrai os turistas.
A realidade no entorno do Castelão mostra
um retrato distinto ao que se quer traçar para
a realização da Copa do Mundo, que se baseia
na glamourização da prostituição. Somada
à situação de desigualdade e pobreza, as
meninas pobres viram alvo fácil das redes de
aliciadores. Mas, não é apenas a pobreza que
leva a essa circunstância. Chama a atenção
o fato de que muitas meninas afirmam ter
no horizonte a expectativa de conhecer um
homem estrangeiro que as tirem de sua
realidade. Isso demonstra, por um lado, que
a realidade da vida destas meninas não é
satisfatória e por isso querem ir para longe e,
por outro lado, que não figura no horizonte
delas a perspectiva de construir suas vidas com
base na autonomia, reforçando um modelo de
mulheres dependentes dos homens.
Tráfico
demulheres
O tráfico de pessoas em geral, e de
mulheres em particular, é uma das expressões
mais fortes da transformação de seres
humanos em mercadoria. No caso do tráfico
de mulheres para a indústria do sexo, fica
evidente que existe uma combinação entre a
lógica capitalista e a lógica patriarcal. Isso
porque este tráfico gera cada vez mais lucros
para quem o dirige, ao mesmo tempo que
nos locais de destino das mulheres traficadas
homens se beneficiam desta
máfia, financiando-a.
Os dados da PESTRAF (Pesquisa sobre
tráfico de mulheres, crianças e adolescentes)
indicam a existência 241 rotas de Trafico
Interno e Internacional de crianças e
adolescentes e mulheres para fins de
exploração sexual, sendo que os principais
destinos são Europa (Espanha, Holanda, Itália
e Portugal), passando pela America Latina
(Paraguai, Suriname, Venezuela e Republica
Dominicana). O Brasil também é pais de
destino para pessoas traficadas da Nigéria,
China, Coréia, Bolívia , Peru e Paraguai.
A Pestraf demonstra que o tráfico de
mulheres, crianças e adolescentes para
a exploração sexual é um fenômeno em
expansão. Com a identificação das rotas do
16. Prostituição:umaabordagemfeminista
15
tráfico, no Brasil, a pesquisa demonstra que
existe uma relação concreta entre a pobreza
das regiões e as rotas. O perfil dos aliciadores
é composto majoritariamente por homens,
ainda que também haja participação de
mulheres (41%). As brasileiras estão entre
as maiores vítimas do tráfico de pessoas
para a exploração sexual, especialmente
as jovens, entre 18 e 21 anos, solteiras e
com baixa escolaridade. Muitas têm filhos
e exercem atividades relativas a prestação
de serviços domésticos ou ao comércio. O
aliciamento dessas vítimas geralmente ocorre
por meio de promessas de emprego, na área
doméstica, para ser dançarina ou modelo por
remunerações maiores.
Os motivos que impedem as mulheres
de denunciar a situação são muitos, entre
eles está o medo, já que o uso da violência
(estupro, surras) e a ameaça contra a família é
comum. Além disso, a vergonha, já que muitas
mulheres que acabam em situações de tráfico
migram sabendo que vão se prostituir. O que
não é dito é que elas terão seus passaportes
confiscados, que serão obrigadas a cumprir
uma“carga horária”extensa e intensa e que,
para suportá-la, serão induzidas ao uso de
drogas, como álcool e cocaína.
Há um crescimento do setor do turismo
e da indústria do entretenimento vinculado
à indústria do sexo. Em muitos lugares, estes
setores são considerados uma estratégia
de desenvolvimento. Instituições como o
Banco Mundial concebem o turismo como
meio de obter crescimento econômico em
países pobres, concedendo empréstimos
para o desenvolvimento deste setor.
Assim, eles contribuem para a criação de
um marco institucional mais amplo que
inclui a indústria do entretenimento que,
indiretamente, fomenta o comércio sexual.
No caso da Costa Rica, recomendada como
exemplo a ser seguido pelos negócios verdes,
diversas florestas foram convertidas em
áreas de preservação e o deslocamento das
comunidades empurrou as mulheres para a
prostituição e o turismo sexual.
As mulheres que estão na indústria do sexo
se tornam um fator crucial para impulsionar
a indústria do entretenimento e do turismo,
gerando lucros para as empresas e divisas
para os governos. Estas conexões são
estruturais e não apenas um efeito colateral
do desenvolvimento econômico. Em
algumas cidades brasileiras, o turismo é um
dos principais setores econômicos.
Aquemservearegulamentação
daprostituição?
Está em debate no Brasil, mais uma vez, a
regulamentação da prostituição.
O que estava, e continua, em jogo nas
propostas de regulamentação da prostituição
é a legalização dos cafetões e empresários
do sexo. Haja visto que o antigo projeto de
lei, proposto por Fernando Gabeira, e o atual
projeto de Jean Wyllys, não visam assegurar
direitos para as mulheres nem formas de
transformar sua realidade, como analisaremos
mais adiante. O projeto de lei atual contém
apenas seis artigos. Entre os principais temas
de debate, destacamos:
o projeto diferencia exploração
sexual de prostituição. O projeto considera
exploração quando não houver pagamento
17. Prostituição:umaabordagemfeminista
16
do“serviço sexual”, quando a prostituição for
forçada, mediante grave ameaça ou violência,
ou quando uma terceira pessoa apreender
entre 50% e 100% do valor do programa. Na
prática, essa categorização legaliza o“cafetão”
como essa terceira pessoa que apreende até
50% do valor do programa, deturpando a ideia
de exploração sexual.
Ao separar a prostituição da exploração
sexual, o serviço sexual livre do serviço sexual
forçado, há uma intenção de legitimar a
prostituição como um serviço que pode ser
comercializado, e o discurso da profissão
do sexo passa a ser um disfarce para
despenalização da cafetinagem. Assim, o
projeto de lei prevê o livre funcionamento
das casas de prostituição.
o projeto dá direito a aposentadoria
especial, após 25 anos de serviço. Hoje a
prostituição, apesar de ser reconhecida como
ocupação regular e ter assegurado o direito
de contribuir para o INSS, não é considerada
prejudicial à saúde ou à integridade física,
condição para a aposentadoria especial. O
projeto continua prevendo que a contribuição
será como autônoma ou cooperativa. Essa
previsão de aposentadoria especial em 25 anos
que parece ser positiva, na verdade legitima
que várias questões enfrentadas pelas mulheres
na prostituição“são riscos da profissão”, desde
riscos a saúde, assédio, coerção.
Considerações
sobreoprojetodelei
No Brasil, a prostituição não é crime, mas
sim induzir à essa prática, algo que, por meio
do projeto de lei 4.211, é descriminalizado.
Ao ler o projeto, fica visível que ele
não visa melhorar a vida das mulheres em
situação de prostituição, não prevê nenhum
tipo de política pública específica, que
contribua para que essas mulheres não
sejam constantemente vítimas de insultos,
violência e marginalização. Ao contrário
de promover os direitos e a autonomia
econômica das mulheres, o projeto visa suprir
uma necessidade da indústria sexual, que
juntamente com as grandes corporações,
buscam utilizar o corpo das mulheres para
faturar altos montantes em grandes eventos
como a Copa do Mundo.
As propostas de regulamentação são
apresentadas a partir do argumento de que
a prostituição é um trabalho como outro
qualquer, que cada pessoa vende algo e,
neste caso, as mulheres vendem o corpo. Por
isso devem ser consideradas trabalhadoras
do sexo. Como já assinalamos, inclusive seus
defensores utilizam a arroba e assim parece
que é algo de homens e mulheres, já de inicio
ocultando o caráter patriarcal da prostituição e
as relações desiguais.
Dessa posição decorrem outras. Uma é
a diferenciação entre prostituição forçada e
voluntária, por reconhecerem que há situações
em que mulheres são obrigadas a se prostituir.
Em geral essa visão está vinculada a posição
de criminalização da exploração sexual infantil
considerando que nesse caso não é voluntária.
Um primeiro fato que chama a atenção
nessa posição é que não se considera o fato
de que a maioria das mulheres chegam à
prostituição ainda crianças como é o caso
do Brasil. Então torna-se apenas um período
de espera para o dia em que fizer 18 anos.
18. Prostituição:umaabordagemfeminista
17
Se ela continua na prostituição, passa a
ser considerada uma decisão por vontade
própria. Ou seja, desconsideram a experiência
de uma jovem de 18 anos, que viveu uma
situação de prostituição desde os 12 anos,
e o significado para sua auto-estima, auto–
confiança de que pode fazer outra coisa,
de que será aceita. Como se a situação de
exploração sexual não ficasse marcada no
corpo, na subjetividade, na forma de ver e
pensar o mundo e a si mesma. Isso tudo se
soma ao estigma que teria que enfrentar
e aos limites que as mulheres encontram
para se inserir no mercado de trabalho. Por
fim, temos que lembrar que a maioria das
mulheres nessa situação está sob o controle
dos cafetões, o que é muito difícil de romper.
Os argumentos em favor da prostituição
como outro emprego qualquer se utilizam da
realidade extremamente desigual do mercado
de trabalho. Utilizam argumentos de que a
prostituição proporciona uma remuneração
maior que muitos outros empregos
majoritariamente femininos, como o emprego
doméstico ou o telemarketing. Escolher entre
o“menos pior”para garantir as condições de
vida não é uma referência para quem atua em
nome da igualdade e da justiça social. Além
disso, esse discurso encobre as desigualdades
de classe e raça que existem entre as próprias
mulheres: parece que estamos em um mundo
em que todas as mulheres tem todas as
condições para“escolher”entre ser médica,
professora universitária, empregada doméstica,
prostituta, advogada...
Dá pra imaginar as diferentes trajetórias
(fuga de situações de abuso, pobreza,
violência, autoritarismo) e rotina (sexo com
vários clientes, uso de drogas pra conseguir
aguentar) das mulheres prostitutas seja
uma “livre escolha”?
Uma coisa é a vontade de sair na rua com
a roupa que for, sem ser importunada, ou
transar com quem desejar. Outra é usar o
corpo e o sexo para sobreviver. Sobreviver,
porque a realidade das prostitutas é bem
diferente do glamour retratado pela mídia,
nas novelas e revistas, e principalmente na
visibilidade que ganham os depoimentos das
mulheres que dizem se prostituir por serem
libertárias e autônomas.
A posição a favor da regulamentação só
se sustenta se for ocultada a realidade e a
essência da prostituição. Uma realidade em
que a grande maioria das mulheres prostituídas
são as mais pobres, as que são expulsas de
suas terras, as que são prostituídas junto aos
canteiros das grandes obras, das mineradoras,
das madereiras, das empresas do agronegócio.
Ou a realidade da prostituição nos países ricos,
em que a maioria das mulheres prostituídas
são dos países do sul e do leste, e migraram ou
foram traficadas para a Europa.
Acríticaàprostituição
comopartedalutafeminista
Uma visão critica à prostituição e seu papel
na estruturação da desigualdade considera que
devemos lutar por formas de desconstruir e
superar tal prática. Logicamente isso passa por
ir construindo ações vinculadas a uma utopia,
com mudanças estruturais.
Não são só as mulheres prostituídas
que estão sem seus direitos garantidos. No
capitalismo a visão de direitos está muito
19. Prostituição:umaabordagemfeminista
18
relacionada à relação com o mercado de
trabalho e isso exclui um grande número de
mulheres que trabalham fora das relações de
mercado. Um primeiro aspecto fundamental
para ampliar os direitos das mulheres, que teria
impacto significativo para as mulheres em
situação de prostituição, é retomar a luta pela
aposentadoria universal. Ou só as prostitutas
que contribuírem por 25 anos devem ter
direito a aposentadoria? A partir de que data?
E as que hoje tem 40, 50, 60 ou até mais anos?
O outro elemento é que devemos
reivindicar políticas e programas específicos
para as mulheres prostituídas como parte
de ações afirmativas, ao mesmo tempo em
que é necessário um amplo trabalho de
conscientização e coibição da marginalização
e estigmatização dessas mulheres. No
Brasil, a prostituição não é crime, e a partir
das legislações existentes e acúmulos na
formulação de políticas para as mulheres, o
Estado já tem condições de ter um papel ativo
para transformar as condições de vida das
mulheres em situação de prostituição.
Revelandoahipocrisiapatriarcal
daregulamentação
Neste debate, ficam nítidos três
elementos cruciais para a naturalização da
prostituição como uma profissão. O primeiro
é a aceitação da banalização da sexualidade
pelo capitalismo patriarcal com o objetivo de
estender e ampliar o mercado e o controle
sobre o corpo e sexualidade das mulheres.
O segundo é tratar a prostituição como
resultado de comportamentos individuais,
e não como parte de uma instituição
organizada. O terceiro é a hipocrisia frente
ao caráter androcêntrico da sexualidade,
quando se fala em uma suposta liberdade
sexual das mulheres, mas onde as mulheres
não tem decisão nem caminho próprio, mas
são pautadas pela norma masculina.
É preciso considerar que a lei regula e
educa as práticas sociais. Regulamentar a
prostituição significa, portanto, legitimar a
prática dos prostituidores. Aqui não se trata
apenas dos agenciadores, mas dos homens
que são os consumidores da prostituição e
se beneficiam neste modelo. O estigma e
marginalização recaem sobre as mulheres,
enquanto os homens prostituidores são
preservados. Assim, a regulamentação
consolida para a sociedade a mensagem
de que o acesso dos homens ao corpo das
mulheres por meio do dinheiro é legítima e
aceita.
Uma pergunta é por qual razão é tão fácil
o convencimento de que a“escolha”pela
prostituição tem a ver com a satisfação do
desejo das mulheres.
Por que acreditamos que o mercado
– que não funciona para cultura, não
funciona para educação, não funciona para
o meio ambiente – vai funcionar para a
emancipação da sexualidade feminina? É
necessário debater sobre o modelo que
orienta a construção da nossa sexualidade,
as premissas que lhes dão sustentação, como
já consideramos anteriormente.
Temos que nos perguntar se, em termos
de política pública, a regulamentação é a
única coisa que se pode oferecer para as
mulheres em situação de prostituição. O
que faz com que tanta gente esteja convicta
20. Prostituição:umaabordagemfeminista
19
de que o que está em jogo é a autonomia
das mulheres de venderem sexo, e não a
garantia e legitimidade do lucro de cafetões e
cafetinas, da legalização da indústria do sexo,
pura e simplesmente?
Será que a voz das mulheres que praticam
sexo por um prato de comida ou por um
real nos cinemas pornôs de São Paulo está
sendo ouvida? As jovens, em sua maioria
adolescentes ou crianças que se prostituem
pelas estradas são simples prestadoras de
serviços? Será que pais que prostituem
suas filhas ainda crianças, estão preparando
profissionais autônomas?
Precisamos, ainda, questionar a imposição
de um padrão de consumo nesta sociedade
de mercado, em que parece que a felicidade
pode ser encontrada em um celular de última
geração ou em uma roupa de marca, o que
também é parte do que faz com que muitas
meninas entrem na prostituição.
Temos que nos desafiar a pensar um
outro mundo possível, sem começar a
fazer concessões no caminho. O debate
é extremante difícil, mas não podemos
escolher o caminho mais fácil, não podemos
incorporar e reproduzir o discurso que
prevalece na mídia só porque na aparência
ele se mostre libertário.
Ao afirmar que“seguiremos em marcha até
que todas sejamos livres”, a Marcha Mundial
das Mulheres se posiciona em um campo que
questiona profundamente as desigualdades
do sistema capitalista, patriarcal e racista.
Propõe um horizonte no qual haja a real
superação da divisão sexual do trabalho, o
fim da violência contra as mulheres e em que
prevaleça a autonomia das mulheres, em
relações de liberdade que só podem se realizar,
para todas as mulheres, com a igualdade.
Esta perspectiva é, portanto, radicalmente
distinta do individualismo liberal que defende
a liberdade de cada mulher para fazer o que
quiser com seu corpo. Fazer o que quiser do
corpo sem uma crítica e rompimento com as
práticas patriarcais não é liberdade. Por isso,
reforçamos a vinculação entre liberdade e
autonomia, buscando realmente decidir sobre
nossa vida e sexualidade, sem a indução pela
vontade dos outros.
Fazemos esse debate e nos posicionamos
como parte de uma luta por transformações
estruturais na sociedade, da luta para garantir
uma vida sem qualquer tipo de violência para
todas as mulheres, em que o exercício da
nossa sexualidade esteja livre do estigma da
mercantilização dos nossos corpos e também
do cerceamento e moralismo religioso.
A experiência histórica mostra que quando
se ampliam as políticas de igualdade e a
autonomia econômica das mulheres, diminui a
prostituição, tal como aconteceu em países da
Europa sob o Estado de Bem Estar Social. Da
mesma maneira, em momentos de crise, de
concentração de riqueza e aumento da
pobreza, como por exemplo no Leste Europeu
após a queda do muro de Berlim, houve um
aumento da prostituição através do tráfico de
mulheres para vários países da Europa, como
Itália, França e Espanha. Outro exemplo é o da
Grécia em que, de 2008 até agora, a
prostituição aumentou bastante.
Por isso uma reivindicação central é a
garantia de políticas que garantam a
autonomia econômica das mulheres. No que
se refere às mulheres prostituídas é urgente a
21. Prostituição:umaabordagemfeminista
20
garantia de aposentadoria como parte de
uma política de seguridade social universal.
Assim como são necessárias políticas de ação
afirmativa decididas em conjunto com as
mulheres prostituídas, seja no campo
econômico ou de direitos sociais. São
necessárias ações efetivas do Estado para por
fim à violência e discriminação das mulheres
em situação de prostituição quando vão a
consultas médicas, ou quando tentam
denunciar nas delegacias alguma violência
que sofreram. Ou seja, o Estado tem que ser
demandado e precisa assumir um papel
ativo na transformação da vida das
mulheres prostituídas.
No Brasil, frente ao turismo sexual e ao
aumento dessa prática na Copa do Mundo,
são necessárias campanhas de prevenção e
denúncia. Por fim é necessário ter políticas
que punam de fato os agenciadores,
aliciadores, empresários do sexo e também
os clientes, como é o exemplo da Suécia e da
lei em debate na França.
Estamosemmarchaatéque
todasasmulheressejamlivres!
Fontesconsultadas:
El placer y el peligro, de Carol Vance. Editora Revolución, 1989.
“¿La prostitución es un modo de vida deseable?”, texto de Amelia Valcarcel, disponível em:
http://elpais.com/diario/2007/05/21/opinion/1179698404_850215.html.
La prostitución de mujeres, una escuela de desigualdad humana. Texto de Ana de Miguel.
Disponível em http://www.mujeresenred.net/spip.php?article2052.
O contrato sexual. Carole Pateman, publicado pela editora Anthropos, 1995.
Sexualidade e gênero: uma abordagem feminista. Nalu Faria. Publicado pela SOF no Caderno
Sempreviva“Sexualidade e gênero”, 1998.
Verbetes sobre prostituição do Dicionário Crítico do Feminismo, publicado pela UNESP, 2009.
Parasabermais:
Posts no blog da Marcha Mundial das Mulheres
www.marchamulheres.wordpress.com
A“regulamentação”da prostituição e a vida das mulheres, por Clarisse Goulart.
Apagar a luz vermelha, acender a chama do feminismo!, por Ana Karoline de Oliveira.
Colocando os homens na roda, por Tica Moreno.
Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios, por Táli Pires.
Por que nem Amsterdã quer as casas de prostituição legalizadas, tradução coletiva.
Prostituição, reconhecimento e outras coisas, por Rafaela Rodrigues.