SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
Por que Jane Austen era feminista?
por Alexandra Duarte

Jane Austen, linda na touca.

Sempre leio textos de blogueiras contando a vida de mulheres que foram feministas declaradas, que
lutaram por algum direito da mulher e por sua libertação. A lista é grande, e tem mulheres incríveis. As mais
conhecidas são da turma da “tiuría”: Simone de Beauvoir, francesa – o clássico que todos lembram quando
falam em feminismo -, Rosa Luxemburgo, alemã – os marxistas adoram -, Alexandra Kollontai, minha xará
russa – marxista, mas menos conhecida que a Rosa -, Emma Goldman, nascida na Lituânia – militante
anarquista, que fez contribuições imensas pro movimento, embora só tenha sido devidamente reconhecida
mais tarde -, e, para falar da atualidade, Michelle Perrot, francesa – historiadora bastante influente. Dentre
suas obras eu, particularmente, adoro As mulheres ou os silêncios da história. No âmbito da literatura,
sempre falam em Virginia Woolf, inglesa, que além de escrever diversos romances, também trabalhou como
editora.
Claro que essas escritoras foram militantes e contribuíram de diversas formas para as lutas feministas. Jane
Austen, entretanto, não se declarou feminista nem tampouco escreveu obras teorizando qualquer luta, de
qualquer movimento. Agora, vejamos: ela nasceu em 1775 e morreu em 1817. Nessa época, não havia
nenhum movimento organizado de mulheres e eram poucas as que questionavam direitos e tradições,
embora eu imagino que a maioria delas desejasse isso. É provável que Jane Austen tenha lido uma autora
que é considerada uma das pioneiras no feminismo, a inglesa Mary Wollstonecraft, que escreveu obras
sobre a educação imposta às mulheres, ainda no século XVIII, nas quais ela afirmava ser uma educação
que as tornavam “ignorantes e dependentes”. Porém, a primeira onda do feminismo só aconteceu no final
do século XIX e início do século XX, muito tempo depois de Jane partir. Porque eu acho que ela era
feminista? Porque mesmo sem existir um movimento e mesmo sem haver ainda o clima de luta no período
em que ela viveu, que tenha proporcionado a organização das mulheres, Jane foi revolucionária no modo
como escreveu seus romances.
Eu sou fã de Jane Austen desde muito tempo. Assisti à adaptação mais recente do livro Orgulho e
Preconceito quando tinha uns 14 anos e fiquei louca. Fui atrás do livro e viciei. A partir de então, não parei
mais de ler suas obras, que infelizmente são poucas, e de assistir as adaptações dos livros. Porque eu
gostava naquela época e porque hoje, mais do que gostar, acredito que ela seja um exemplo de feminista?
Porque todas as protagonistas de Jane Austen são mulheres e são fortes, independentes, inteligentes e
cultas. Mulheres que não permitem que as tradições e os preconceitos quebrem sua liberdade.
Elizabeth Bennet, minha preferida, interpretada por Keira Knightley. Inteligente, culta, espirituosa,
sarcástica, irônica e romântica.
Eu já notei que as personagens mais firmes e fortes são também as mais pobres. Talvez porque na
sociedade em que Jane viveu, a pobreza fosse um impecilho muito maior que hoje, especialmente para
mulheres, e ela própria não foi rica, mas tinha em casa uma enorme biblioteca e toda a sua família adorava
ler. A autora criticava veementemente as tradições aristocráticas e isso é perceptível nos livros, onde ela
usa de uma ironia fina para falar dos comportamentos pomposos e preconceituosos da época, bem como
para criticar a educação que era dada às mulheres de seu tempo. Uma das cenas mais interessantes na
obra orgulho e preconceito é quando uma das personagens – muito rica, diga-se de passagem – fala do que
uma mulher precisa para ser considerada prendada: “Nenhuma mulher deve ser considerada prendada se
não superar em muito o que se costuma fazer. Deve ter um conhecimento profundo de música, do canto, do
desenho, da dança e dos idiomas modernos para merecer a qualificação; e, além de tudo isso, deve possuir
algo no modo de ser e na maneira de caminhar, no tom de voz, no trato e nas expressões, para que a
palavra não seja merecida senão em parte”. Elizabeth retruca dizendo que duvida da existência de tal
mulher, e que se ela existe, certamente deve parecer um monstro.

Caroline Bingley, de vermelho, discorrendo para a pobre Elizabeth as qualidades da mulher prendada.

Esse tipo de cena demonstra a crítica de Jane Austen à educação da mulher. Toda a educação delas tinha
uma preocupação com a estética e se baseava numa submissão feminina. Prezava-se por um
comportamento pouco crítico, embora cheio de habilidades artísticas, sem reflexão e sem desenvolvimento
da autonomia. Além disso, era o tipo de educação a qual as mulheres pobres jamais teriam acesso. Não
havia escolas, eram tutores particulares que ensinavam as meninas a serem “ladies” prendadas. As
heroínas de Jane, entretanto, eram cultas porque aprenderam a ler e estavam sempre exercendo a prática,
fazendo reflexões a respeito de sua vida e da sociedade em que viviam, dos costumes e das tradições. Isso
bastava para que elas fossem cultas e não prendadas, o que não as interessava.
Sim, nas histórias de Austen o final é sempre feliz com o casamento. Final que a própria autora não teve.
Jane Austen se recusava, assim como suas pergonagens se recusam, a casar se não for por amor. Casar
por convenção, dinheiro ou tradição é contra a liberdade e a integridade delas. Jane teve um único amor em
toda a sua vida. Mas ele era pobre e dependia do dinheiro do tio para sustentar a mãe e a dezenas de
irmãos. Se casasse com ela, perderia a mesada e deixaria a todos na miséria. Ela nunca se casou e se
tornou escritora conhecida ainda em vida, embora tenha escondido sua identidade durante bom tempo,
assinando “by a lady”. Pelo menos ela dizia que era uma senhora.
Um leitor desavisado e pouco sensível não consegue perceber a ironia presente nas obras de Jane Austen,
nem a rebeldia de suas personagens. Pode achar que suas histórias são românticas e ingênuas demais.
Sim, elas querem se casar. Mas se recusam a casar se não for por amor, odeiam casamentos por dinheiro
ou por sina e isso não as tornam mocinhas de contos de fada. A obra de Austen é, na verdade, bastante
realista. Na época dela, as mulheres não herdavam nem a herança do pai, portanto, o maior objetivo de
vida da maioria era ter um meio de sustento e o casamento era praticamente a única forma de alcançá-lo.
“Só mulheres ricas podem ser solteiras”, é o que diz Emma, protagonista que dá nome ao livro. Tanto as
solteiras ricas podiam se bancar, como eram respeitadas. Emma é a única personagem rica de Austen e
também a única que não pretende se casar – embora case no final. Por amor, claro.

Emma, interpretada por Gwynneth Paltrow. Rica, inteligente e bondosa, porém mimada e egocêntrica. Aprende uma bela lição no final.

Eu considero Jane Austen feminista porque acredito que o feminismo esteja primeiramente ligado à quebra
das correntes dentro de nós mesmas. Tudo começa dentro da gente, dentro de casa, na nossa relação com
outras pessoas, na vida em sociedade. Começa quando questionamos nossa educação, o que Jane fez
com muita inteligência e coerência. Por isso eu considero feministas mulheres que, mesmo sem nunca
terem refletido sobre o feminismo propriamente dito, em casa e na rua se recusam a qualquer tipo de
submissão e são livres e independentes o máximo que podem.
Não podemos supor que é exclusivamente feminista quem levanta cartaz na rua e põe a mão no megafone.
A luta é a organização, a conscientização de outras pessoas e isso é primordial. A maioria das mulheres e
dos homens vive segundo uma lógica imposta, segundo preconceitos enraizados na cultura, por isso é que
se torna imprescindível fazer todo o tipo de ação que leve à conscientização. A literatura e o cinema têm
papel crucial porque são massivos. Devemos fazer uso disso, bem como da música e outras artes. Se
conseguirmos utilizá-los na conscientização de outras pessoas, junto com cartazes e megafone, melhor
ainda. É imprescindível que nossas reflexões e lutas sejam massivas, exploradas em debates e
manifestações, que sejam demonstradas, discutidas, “gritadas”. E Jane Austen gritou e continua gritando
para milhões de fãs ao redor do mundo.

Texto publicado no blog: Descaminho de Leite, escrito por Alexandra Duarte em 04 de maio de 2013.
Link: http://descaminhodeleite.wordpress.com/2013/05/04/porque-jane-austen-era-feminista/comment-page-1/#comment-12

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (20)

O tempo nos maias
O tempo nos maias O tempo nos maias
O tempo nos maias
 
Eusébiozinho
EusébiozinhoEusébiozinho
Eusébiozinho
 
Vergílio Ferreira
Vergílio FerreiraVergílio Ferreira
Vergílio Ferreira
 
A moreninha
A moreninhaA moreninha
A moreninha
 
Análise do poema Nao sei quantas almas tenho
Análise do poema Nao sei quantas almas tenhoAnálise do poema Nao sei quantas almas tenho
Análise do poema Nao sei quantas almas tenho
 
José de Alencar
José de AlencarJosé de Alencar
José de Alencar
 
Bibliografia Rachel de Queiroz (SLIDE)
Bibliografia Rachel de Queiroz (SLIDE)Bibliografia Rachel de Queiroz (SLIDE)
Bibliografia Rachel de Queiroz (SLIDE)
 
Tipos de poesias
Tipos de poesiasTipos de poesias
Tipos de poesias
 
Machado de assis - Biografia
Machado de assis - Biografia Machado de assis - Biografia
Machado de assis - Biografia
 
Romantismo - Prosa
Romantismo - ProsaRomantismo - Prosa
Romantismo - Prosa
 
Orgulho e Preconceito de Jane Austen
Orgulho e Preconceito de Jane AustenOrgulho e Preconceito de Jane Austen
Orgulho e Preconceito de Jane Austen
 
Amor de perdição
Amor de perdiçãoAmor de perdição
Amor de perdição
 
Os Maias - Capítulo X
Os Maias - Capítulo XOs Maias - Capítulo X
Os Maias - Capítulo X
 
Machado de assis análise da obra
Machado de assis análise da obraMachado de assis análise da obra
Machado de assis análise da obra
 
Síntese fernando pessoa
Síntese fernando pessoaSíntese fernando pessoa
Síntese fernando pessoa
 
Os Maias Episódios da Vida Romântica
Os Maias   Episódios da Vida RomânticaOs Maias   Episódios da Vida Romântica
Os Maias Episódios da Vida Romântica
 
Os Maias - análise
Os Maias - análiseOs Maias - análise
Os Maias - análise
 
Tomás de alencar
Tomás de alencarTomás de alencar
Tomás de alencar
 
Ensaio sobre a cegueira - 3ª E - 2011
Ensaio sobre a cegueira - 3ª E - 2011Ensaio sobre a cegueira - 3ª E - 2011
Ensaio sobre a cegueira - 3ª E - 2011
 
Nós, de Cesário Verde
Nós, de Cesário VerdeNós, de Cesário Verde
Nós, de Cesário Verde
 

Semelhante a Como Jane Austen foi uma pioneira feminista através de suas heroínas fortes

A identidade feminina_na_obra_orgulho_e
A identidade feminina_na_obra_orgulho_eA identidade feminina_na_obra_orgulho_e
A identidade feminina_na_obra_orgulho_eJúlia Dantas
 
Feminismo slides II
Feminismo slides IIFeminismo slides II
Feminismo slides IILilianeTesch
 
Luce fabri,o anarquismo e as mulheres (margareth rago)
Luce fabri,o anarquismo e as mulheres (margareth rago)Luce fabri,o anarquismo e as mulheres (margareth rago)
Luce fabri,o anarquismo e as mulheres (margareth rago)Elaine Campos
 
A literatura feita por mulheres no brasil
A literatura feita por mulheres no brasilA literatura feita por mulheres no brasil
A literatura feita por mulheres no brasilTatiane Pessoa
 
REVISTA FLAWLESS
REVISTA FLAWLESSREVISTA FLAWLESS
REVISTA FLAWLESSYan Gurgel
 
13- COC - LIT - 3ºPV - ANGÉLICA FREITAS.pptx
13- COC - LIT - 3ºPV - ANGÉLICA FREITAS.pptx13- COC - LIT - 3ºPV - ANGÉLICA FREITAS.pptx
13- COC - LIT - 3ºPV - ANGÉLICA FREITAS.pptxAnderson da Costa
 
Universo feminino nas obras de austen
Universo feminino nas obras de austenUniverso feminino nas obras de austen
Universo feminino nas obras de austenAdriana Sales Zardini
 
Literatura de Autoria Feminina
Literatura de Autoria FemininaLiteratura de Autoria Feminina
Literatura de Autoria FemininaLetras14
 
O outro lado da moeda_Cleonora Hudson.pdf
O outro lado da moeda_Cleonora Hudson.pdfO outro lado da moeda_Cleonora Hudson.pdf
O outro lado da moeda_Cleonora Hudson.pdfHildaDePaula1
 
Entre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptx
Entre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptxEntre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptx
Entre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptxValéria Shoujofan
 
Jane austen-persuasao
Jane austen-persuasaoJane austen-persuasao
Jane austen-persuasaogurijuba
 
Território (possível) da escrita feminina
Território (possível) da escrita femininaTerritório (possível) da escrita feminina
Território (possível) da escrita femininaCassia Barbosa
 
As relações familiares em grandes esperanças
As relações familiares em grandes esperançasAs relações familiares em grandes esperanças
As relações familiares em grandes esperançasMarta Matos
 
O que as feministas realmente pensam da jane austen
O que as feministas realmente pensam da jane austenO que as feministas realmente pensam da jane austen
O que as feministas realmente pensam da jane austenAdriana Sales Zardini
 
Jane Austen
Jane AustenJane Austen
Jane AustenBeckyine
 
Texto um corpo em ação sobre a ação social.
Texto um corpo em ação sobre a ação social.Texto um corpo em ação sobre a ação social.
Texto um corpo em ação sobre a ação social.Nildes Sena
 

Semelhante a Como Jane Austen foi uma pioneira feminista através de suas heroínas fortes (20)

A identidade feminina_na_obra_orgulho_e
A identidade feminina_na_obra_orgulho_eA identidade feminina_na_obra_orgulho_e
A identidade feminina_na_obra_orgulho_e
 
Feminismo slides II
Feminismo slides IIFeminismo slides II
Feminismo slides II
 
Luce fabri,o anarquismo e as mulheres (margareth rago)
Luce fabri,o anarquismo e as mulheres (margareth rago)Luce fabri,o anarquismo e as mulheres (margareth rago)
Luce fabri,o anarquismo e as mulheres (margareth rago)
 
A literatura feita por mulheres no brasil
A literatura feita por mulheres no brasilA literatura feita por mulheres no brasil
A literatura feita por mulheres no brasil
 
Jane austen voz_feminina
Jane austen voz_femininaJane austen voz_feminina
Jane austen voz_feminina
 
REVISTA FLAWLESS
REVISTA FLAWLESSREVISTA FLAWLESS
REVISTA FLAWLESS
 
13- COC - LIT - 3ºPV - ANGÉLICA FREITAS.pptx
13- COC - LIT - 3ºPV - ANGÉLICA FREITAS.pptx13- COC - LIT - 3ºPV - ANGÉLICA FREITAS.pptx
13- COC - LIT - 3ºPV - ANGÉLICA FREITAS.pptx
 
Mary wollstonecraft 11 a
Mary wollstonecraft 11 aMary wollstonecraft 11 a
Mary wollstonecraft 11 a
 
Universo feminino nas obras de austen
Universo feminino nas obras de austenUniverso feminino nas obras de austen
Universo feminino nas obras de austen
 
Literatura de Autoria Feminina
Literatura de Autoria FemininaLiteratura de Autoria Feminina
Literatura de Autoria Feminina
 
O outro lado da moeda_Cleonora Hudson.pdf
O outro lado da moeda_Cleonora Hudson.pdfO outro lado da moeda_Cleonora Hudson.pdf
O outro lado da moeda_Cleonora Hudson.pdf
 
Entre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptx
Entre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptxEntre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptx
Entre Negociações, Reiterações e Transgressões.pptx
 
Jane austen-persuasao
Jane austen-persuasaoJane austen-persuasao
Jane austen-persuasao
 
Território (possível) da escrita feminina
Território (possível) da escrita femininaTerritório (possível) da escrita feminina
Território (possível) da escrita feminina
 
Apresentação 12.pdf
Apresentação 12.pdfApresentação 12.pdf
Apresentação 12.pdf
 
As relações familiares em grandes esperanças
As relações familiares em grandes esperançasAs relações familiares em grandes esperanças
As relações familiares em grandes esperanças
 
O que as feministas realmente pensam da jane austen
O que as feministas realmente pensam da jane austenO que as feministas realmente pensam da jane austen
O que as feministas realmente pensam da jane austen
 
Jane Austen
Jane AustenJane Austen
Jane Austen
 
ApresentaçãO Tcc
ApresentaçãO TccApresentaçãO Tcc
ApresentaçãO Tcc
 
Texto um corpo em ação sobre a ação social.
Texto um corpo em ação sobre a ação social.Texto um corpo em ação sobre a ação social.
Texto um corpo em ação sobre a ação social.
 

Mais de Adriana Sales Zardini

Referências sobre Jane Austen e Fanfiction
Referências sobre Jane Austen e FanfictionReferências sobre Jane Austen e Fanfiction
Referências sobre Jane Austen e FanfictionAdriana Sales Zardini
 
Teaching english literature in brazilian high school classes adriana sales ...
Teaching english literature in brazilian high school classes   adriana sales ...Teaching english literature in brazilian high school classes   adriana sales ...
Teaching english literature in brazilian high school classes adriana sales ...Adriana Sales Zardini
 
Hospedagens VII Encontro Nacional da JASBRA
Hospedagens VII Encontro Nacional da JASBRAHospedagens VII Encontro Nacional da JASBRA
Hospedagens VII Encontro Nacional da JASBRAAdriana Sales Zardini
 
Programacao oficial do vi encontro nacional da jasbra
Programacao oficial do vi encontro nacional da jasbraProgramacao oficial do vi encontro nacional da jasbra
Programacao oficial do vi encontro nacional da jasbraAdriana Sales Zardini
 
Programação vi encontro nacional da jasbra 2017
Programação vi encontro nacional da jasbra 2017Programação vi encontro nacional da jasbra 2017
Programação vi encontro nacional da jasbra 2017Adriana Sales Zardini
 
Preços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbra
Preços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbraPreços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbra
Preços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbraAdriana Sales Zardini
 
Hoteis encontro 200 anos da morte de jane austen
Hoteis encontro 200 anos da morte de jane austenHoteis encontro 200 anos da morte de jane austen
Hoteis encontro 200 anos da morte de jane austenAdriana Sales Zardini
 
Iv encontro nacional da jasbra 2013 no jornal estado de minas
Iv encontro nacional da jasbra  2013 no jornal estado de minasIv encontro nacional da jasbra  2013 no jornal estado de minas
Iv encontro nacional da jasbra 2013 no jornal estado de minasAdriana Sales Zardini
 
Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016
Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016
Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016Adriana Sales Zardini
 
Palestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteo
Palestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteoPalestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteo
Palestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteoAdriana Sales Zardini
 
Shakespeare in love film education estudy
Shakespeare in love film education estudyShakespeare in love film education estudy
Shakespeare in love film education estudyAdriana Sales Zardini
 
Roteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudia
Roteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudiaRoteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudia
Roteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudiaAdriana Sales Zardini
 
Hipertexto 2015 adriana sales zardini
Hipertexto 2015 adriana sales zardiniHipertexto 2015 adriana sales zardini
Hipertexto 2015 adriana sales zardiniAdriana Sales Zardini
 

Mais de Adriana Sales Zardini (20)

Literausten número 02 - 2017
Literausten número 02 - 2017Literausten número 02 - 2017
Literausten número 02 - 2017
 
Referências sobre Jane Austen e Fanfiction
Referências sobre Jane Austen e FanfictionReferências sobre Jane Austen e Fanfiction
Referências sobre Jane Austen e Fanfiction
 
Teaching english literature in brazilian high school classes adriana sales ...
Teaching english literature in brazilian high school classes   adriana sales ...Teaching english literature in brazilian high school classes   adriana sales ...
Teaching english literature in brazilian high school classes adriana sales ...
 
Primeira circular jasbra 2019
Primeira circular jasbra 2019Primeira circular jasbra 2019
Primeira circular jasbra 2019
 
Hospedagens VII Encontro Nacional da JASBRA
Hospedagens VII Encontro Nacional da JASBRAHospedagens VII Encontro Nacional da JASBRA
Hospedagens VII Encontro Nacional da JASBRA
 
LiterAusten número 02 2017
LiterAusten número 02   2017LiterAusten número 02   2017
LiterAusten número 02 2017
 
Programacao oficial do vi encontro nacional da jasbra
Programacao oficial do vi encontro nacional da jasbraProgramacao oficial do vi encontro nacional da jasbra
Programacao oficial do vi encontro nacional da jasbra
 
Programação vi encontro nacional da jasbra 2017
Programação vi encontro nacional da jasbra 2017Programação vi encontro nacional da jasbra 2017
Programação vi encontro nacional da jasbra 2017
 
Preços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbra
Preços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbraPreços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbra
Preços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbra
 
Hoteis encontro 200 anos da morte de jane austen
Hoteis encontro 200 anos da morte de jane austenHoteis encontro 200 anos da morte de jane austen
Hoteis encontro 200 anos da morte de jane austen
 
Iv encontro nacional da jasbra 2013 no jornal estado de minas
Iv encontro nacional da jasbra  2013 no jornal estado de minasIv encontro nacional da jasbra  2013 no jornal estado de minas
Iv encontro nacional da jasbra 2013 no jornal estado de minas
 
Programaçao jasbra 2016 ouro preto
Programaçao jasbra 2016 ouro pretoProgramaçao jasbra 2016 ouro preto
Programaçao jasbra 2016 ouro preto
 
Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016
Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016
Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016
 
Palestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteo
Palestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteoPalestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteo
Palestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteo
 
Cronograma de atividades 3º ano
Cronograma de atividades 3º anoCronograma de atividades 3º ano
Cronograma de atividades 3º ano
 
Shakespeare in love film education estudy
Shakespeare in love film education estudyShakespeare in love film education estudy
Shakespeare in love film education estudy
 
Cronograma de atividades 3º ano
Cronograma de atividades 3º anoCronograma de atividades 3º ano
Cronograma de atividades 3º ano
 
Roteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudia
Roteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudiaRoteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudia
Roteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudia
 
Shakespeare factpack lives
Shakespeare factpack lives Shakespeare factpack lives
Shakespeare factpack lives
 
Hipertexto 2015 adriana sales zardini
Hipertexto 2015 adriana sales zardiniHipertexto 2015 adriana sales zardini
Hipertexto 2015 adriana sales zardini
 

Último

Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxSamiraMiresVieiradeM
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - DissertaçãoMaiteFerreira4
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 

Último (20)

Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertação
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 

Como Jane Austen foi uma pioneira feminista através de suas heroínas fortes

  • 1. Por que Jane Austen era feminista? por Alexandra Duarte Jane Austen, linda na touca. Sempre leio textos de blogueiras contando a vida de mulheres que foram feministas declaradas, que lutaram por algum direito da mulher e por sua libertação. A lista é grande, e tem mulheres incríveis. As mais conhecidas são da turma da “tiuría”: Simone de Beauvoir, francesa – o clássico que todos lembram quando falam em feminismo -, Rosa Luxemburgo, alemã – os marxistas adoram -, Alexandra Kollontai, minha xará russa – marxista, mas menos conhecida que a Rosa -, Emma Goldman, nascida na Lituânia – militante anarquista, que fez contribuições imensas pro movimento, embora só tenha sido devidamente reconhecida mais tarde -, e, para falar da atualidade, Michelle Perrot, francesa – historiadora bastante influente. Dentre suas obras eu, particularmente, adoro As mulheres ou os silêncios da história. No âmbito da literatura, sempre falam em Virginia Woolf, inglesa, que além de escrever diversos romances, também trabalhou como editora. Claro que essas escritoras foram militantes e contribuíram de diversas formas para as lutas feministas. Jane Austen, entretanto, não se declarou feminista nem tampouco escreveu obras teorizando qualquer luta, de qualquer movimento. Agora, vejamos: ela nasceu em 1775 e morreu em 1817. Nessa época, não havia nenhum movimento organizado de mulheres e eram poucas as que questionavam direitos e tradições, embora eu imagino que a maioria delas desejasse isso. É provável que Jane Austen tenha lido uma autora que é considerada uma das pioneiras no feminismo, a inglesa Mary Wollstonecraft, que escreveu obras sobre a educação imposta às mulheres, ainda no século XVIII, nas quais ela afirmava ser uma educação que as tornavam “ignorantes e dependentes”. Porém, a primeira onda do feminismo só aconteceu no final do século XIX e início do século XX, muito tempo depois de Jane partir. Porque eu acho que ela era feminista? Porque mesmo sem existir um movimento e mesmo sem haver ainda o clima de luta no período em que ela viveu, que tenha proporcionado a organização das mulheres, Jane foi revolucionária no modo como escreveu seus romances. Eu sou fã de Jane Austen desde muito tempo. Assisti à adaptação mais recente do livro Orgulho e Preconceito quando tinha uns 14 anos e fiquei louca. Fui atrás do livro e viciei. A partir de então, não parei mais de ler suas obras, que infelizmente são poucas, e de assistir as adaptações dos livros. Porque eu gostava naquela época e porque hoje, mais do que gostar, acredito que ela seja um exemplo de feminista? Porque todas as protagonistas de Jane Austen são mulheres e são fortes, independentes, inteligentes e cultas. Mulheres que não permitem que as tradições e os preconceitos quebrem sua liberdade.
  • 2. Elizabeth Bennet, minha preferida, interpretada por Keira Knightley. Inteligente, culta, espirituosa, sarcástica, irônica e romântica. Eu já notei que as personagens mais firmes e fortes são também as mais pobres. Talvez porque na sociedade em que Jane viveu, a pobreza fosse um impecilho muito maior que hoje, especialmente para mulheres, e ela própria não foi rica, mas tinha em casa uma enorme biblioteca e toda a sua família adorava ler. A autora criticava veementemente as tradições aristocráticas e isso é perceptível nos livros, onde ela usa de uma ironia fina para falar dos comportamentos pomposos e preconceituosos da época, bem como para criticar a educação que era dada às mulheres de seu tempo. Uma das cenas mais interessantes na obra orgulho e preconceito é quando uma das personagens – muito rica, diga-se de passagem – fala do que uma mulher precisa para ser considerada prendada: “Nenhuma mulher deve ser considerada prendada se não superar em muito o que se costuma fazer. Deve ter um conhecimento profundo de música, do canto, do desenho, da dança e dos idiomas modernos para merecer a qualificação; e, além de tudo isso, deve possuir algo no modo de ser e na maneira de caminhar, no tom de voz, no trato e nas expressões, para que a palavra não seja merecida senão em parte”. Elizabeth retruca dizendo que duvida da existência de tal mulher, e que se ela existe, certamente deve parecer um monstro. Caroline Bingley, de vermelho, discorrendo para a pobre Elizabeth as qualidades da mulher prendada. Esse tipo de cena demonstra a crítica de Jane Austen à educação da mulher. Toda a educação delas tinha uma preocupação com a estética e se baseava numa submissão feminina. Prezava-se por um comportamento pouco crítico, embora cheio de habilidades artísticas, sem reflexão e sem desenvolvimento da autonomia. Além disso, era o tipo de educação a qual as mulheres pobres jamais teriam acesso. Não havia escolas, eram tutores particulares que ensinavam as meninas a serem “ladies” prendadas. As heroínas de Jane, entretanto, eram cultas porque aprenderam a ler e estavam sempre exercendo a prática, fazendo reflexões a respeito de sua vida e da sociedade em que viviam, dos costumes e das tradições. Isso bastava para que elas fossem cultas e não prendadas, o que não as interessava. Sim, nas histórias de Austen o final é sempre feliz com o casamento. Final que a própria autora não teve. Jane Austen se recusava, assim como suas pergonagens se recusam, a casar se não for por amor. Casar por convenção, dinheiro ou tradição é contra a liberdade e a integridade delas. Jane teve um único amor em toda a sua vida. Mas ele era pobre e dependia do dinheiro do tio para sustentar a mãe e a dezenas de
  • 3. irmãos. Se casasse com ela, perderia a mesada e deixaria a todos na miséria. Ela nunca se casou e se tornou escritora conhecida ainda em vida, embora tenha escondido sua identidade durante bom tempo, assinando “by a lady”. Pelo menos ela dizia que era uma senhora. Um leitor desavisado e pouco sensível não consegue perceber a ironia presente nas obras de Jane Austen, nem a rebeldia de suas personagens. Pode achar que suas histórias são românticas e ingênuas demais. Sim, elas querem se casar. Mas se recusam a casar se não for por amor, odeiam casamentos por dinheiro ou por sina e isso não as tornam mocinhas de contos de fada. A obra de Austen é, na verdade, bastante realista. Na época dela, as mulheres não herdavam nem a herança do pai, portanto, o maior objetivo de vida da maioria era ter um meio de sustento e o casamento era praticamente a única forma de alcançá-lo. “Só mulheres ricas podem ser solteiras”, é o que diz Emma, protagonista que dá nome ao livro. Tanto as solteiras ricas podiam se bancar, como eram respeitadas. Emma é a única personagem rica de Austen e também a única que não pretende se casar – embora case no final. Por amor, claro. Emma, interpretada por Gwynneth Paltrow. Rica, inteligente e bondosa, porém mimada e egocêntrica. Aprende uma bela lição no final. Eu considero Jane Austen feminista porque acredito que o feminismo esteja primeiramente ligado à quebra das correntes dentro de nós mesmas. Tudo começa dentro da gente, dentro de casa, na nossa relação com outras pessoas, na vida em sociedade. Começa quando questionamos nossa educação, o que Jane fez com muita inteligência e coerência. Por isso eu considero feministas mulheres que, mesmo sem nunca terem refletido sobre o feminismo propriamente dito, em casa e na rua se recusam a qualquer tipo de submissão e são livres e independentes o máximo que podem. Não podemos supor que é exclusivamente feminista quem levanta cartaz na rua e põe a mão no megafone. A luta é a organização, a conscientização de outras pessoas e isso é primordial. A maioria das mulheres e dos homens vive segundo uma lógica imposta, segundo preconceitos enraizados na cultura, por isso é que se torna imprescindível fazer todo o tipo de ação que leve à conscientização. A literatura e o cinema têm papel crucial porque são massivos. Devemos fazer uso disso, bem como da música e outras artes. Se conseguirmos utilizá-los na conscientização de outras pessoas, junto com cartazes e megafone, melhor ainda. É imprescindível que nossas reflexões e lutas sejam massivas, exploradas em debates e manifestações, que sejam demonstradas, discutidas, “gritadas”. E Jane Austen gritou e continua gritando para milhões de fãs ao redor do mundo. Texto publicado no blog: Descaminho de Leite, escrito por Alexandra Duarte em 04 de maio de 2013. Link: http://descaminhodeleite.wordpress.com/2013/05/04/porque-jane-austen-era-feminista/comment-page-1/#comment-12