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CASO 7
PNEUMONIA
COMUNITÁRIA
DR BERNARDO MONTESANTI MACHADO DE ALMEIDA
SERVIÇO DE EPIDEMIOLOGIA – COMPLEXO HOSPITAL DE CLÍNICAS
CURITIBA, 15 DE AGOSTO DE 2017
CASO CLÍNICO
• Masculino, 26 anos, previamente
hígido
• Iniciou há 2 dias com tosse, febre,
tremores e dor torácica. Evoluiu com
dispneia
• FR=32ipm, PA=90x65mmHg, FC =
110bpm, T=38,2oC, SatO2=89%
• MV+ com crepitação em base direita
O QUE PRECISO SABER PARA
INDICAR A TERAPIA
ADEQUADA?
1. Qual a topografia?
2. É grave?
3. Quais são os patógenos mais comumente envolvidos nessa
infecção?
4. Qual o perfil de sensibilidade desses patógenos no meu meio?
5. Há fatores de risco para algum patógeno específico?
RACIOCÍNIO CLÍNICO NA PNEUMONIA
1. Quadro Clínico
2. Exames complementares
3. Epidemiologia
sintomas
sinais
amostras clínicas
radiologia
✓ Sazonalidade
✓ Circulação das doenças
✓ Viagens
✓ Hábitos de vida
✓ Contatos com pessoas com doença
FATORES
DE
RISCO
CLÍNICA
SINTOMAS
• “Febre”
• Calafrios – 40-50%
• Tosse
• Dispneia
• Dor pleurítica – 30%
• Sintomas gastrointestinais
• Alteração no nível de consciência
SINAIS
• Febre – 80%
• Taquipneia – 45-70%
• Taquicardia
• Estertores
LABORATÓRIO
• Leucocitose *
• Desvio à esquerda *
RADIOLOGIA
• RX é considerado o PADRÃO OURO!
• Deve ser pedido SEMPRE que possível
• Causas de falsos-negativos (7%)
1. Desidratação
2. Imunossuprimidos
• Tomografia não deve ser rotina
Não ajuda a definir agente etiológico!
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO
Consciência - nova alteração
Uréia - > 50mg/dl
Respiração – FR ≥ 30 ipm
Blood pressure – PAS < 90
ou PAD ≤ 60mmHg
65 - Idade ≥ 65 anos
CURB 65
0-1 2 ≥3
Mortalidade = 1,5%
Risco Baixo
Mortalidade = 9,2%
Risco intermediário
Mortalidade = 22%
Risco Alto
Considerar
tratamento
ambulatorial
Considerar
internamento
Considerar
internamento em UTI
(pp se ≥ 4)
1. PSI 2. CURB-65 3. CRB-65 4. SCAP
CASO CLÍNICO
• Masculino, 26 anos, previamente hígido
• Iniciou há 2 dias com tosse, febre, tremores e
dor torácica. Evoluiu com dispneia
• FR=32ipm, PA=90x65mmHg, FC = 110bpm,
T=38,2oC, SatO2=89%
• MV+ com crepitação em base direita
ATENTAR PARA SINAIS CRÍTICOS
1. Hipoxemia
• SatO2< 92%
• Gasometria (relação pO2/FIO2 < 300)
2. Sinais sistêmicos
• Alteração nível de consciência
• Disfunções orgânicas (insuf renal; insuf hepática)
• Instabilidade hemodinâmica
• Lactato alto
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO
1. PSI 2. CURB-65 3. CRB-65 4. SCAP
Quem precisa de estratificação?
• Ventilação Mecânica
• Choque + Droga vasoativa
• SatO2 < 90% (ou 92%)
DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO
• Típicas (19,3 – 72,6%)
• S.treptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis
• Atípicas (9,8 – 15,7%)
• Legionella spp, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae
• Vírus (10,1 - 71,4%)
• Influenza (11,3 - 17,3%)
• VSR, Rinovírus
β-lactâmico
Macrolídeo
Oseltamivir
Dx etiológico em 38-87%  Nos estudos clínicos (Vida real é incomum)
ESQUEMASTERAPÊUTICOS
LOCAL DO ATENDIMENTO ESQUEMATERAPÊUTICO Duração
Ambulatorial (VO)
- Amoxicilina 500mg de 8/8h
875mg de 12/12h
+
Azitromicina 500mg/dia*
5 – 7 dias
(afebril por 48h)
3 dias
- Levofloxacino 750mg** 5 dias
Internado
- Ceftriaxona 2g/dia
- Amoxicilina/Clavulanato 500/125mg de 8/8h
- Amoxicilina/Clavulanato 875/125mg de
12/12h
+
Azitromicina 500mg/dia*
5 – 7 dias (afebril por 48h)
3 dias
- Levofloxacino 750mg** 5 dias
Fatores de risco para Pseudomonas
- Cefepima
- Piperacilina/tazobactam
- Ciprofloxacino
- Carbapenêmico
14 dias
* Pode ser substituído por claritromicina ou eritromicina
** Pode ser substituído por outra quinolona respiratória, como moxifloxacino
Em época de influenza  Associar oseltamivir
DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO
INDICAÇÃO = CASOS GRAVES
1. Hemoculturas = 7-16%
• Infecções bacterianas (pp pneumococo)
2. Escarro * = controverso
• Válido somente para coletas bem feitas de via aérea inferior
• Mesmo assim, Sensibilidade e Especificidade são muito variáveis
3. Antígeno urinário
• Pneumococo e Legionella
4. PCR
• Infecções bacterianas
• Vírus
Não há necessidade de investigação etiológica em casos ambulatoriais Terapia empírica
ETIOLOGIA DE PAC EM PACIENTES INTERNADOS
Jain S. et al; Community-Acquired Pneumonia Requiring Hospitalization among U.S.Adults; N Engl J Med
2015;373:415-27. DOI: 10.1056/NEJMoa1500245
0,5 1,7
2,5 8,5
3X
5X 17X
ETIOLOGIA DE PAC EM PACIENTES
INTERNADOS
Jain S. et al; Community-Acquired Pneumonia Requiring Hospitalization among U.S.Adults; N Engl J Med
2015;373:415-27. DOI: 10.1056/NEJMoa1500245
“PISTAS” PARA O DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO
Fator de risco Etiologia Implicação terapêutica
Fatores de risco para BMR
Internamento recente (3 meses)
Uso de antibiótico (3 meses)
Contato frequente com instituições
de saúde (hemodiálise)
Paciente instituicionalizado
De acordo com epidemiologia local
Pneumopatia (bronquiectasia;
fibrose cística; DOC grave)
S. aureus, Pseudomonas
Cefepima OU Piperacilina/Tazobactam OU
Ceftazidima OU Carbapenêmico OU Quinolona
Circulação viral Influenza Oseltamivir
Imunossupressão TB, pneumocistose
RHZE
Sulfametoxazol/trimetropim
Rebaixamento do nível de
consciência (PNM aspirativa)
anaeróbios, BGN
Ceftriaxona
β-lactâmico + inibidor β-lactamase
Ceftriaxona + Clindamicina
Abscesso pulmonar TB, S. aureus, anaeróbios
β-lactâmico + inibidor β-lactamase
RHZE
Contato com morcegos Histoplasmose Itraconazol
Tosse subaguda + gincho +
vômitos
Coqueluche
Sulfametoxazol/trimetropim
Macrolídeo
Viagens
VÍRUS RESPIRATÓRIOS
EMERGENTES
H1N1
H5N1
H7N9
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CoV
MERS-CoV
PNEUMOCISTOSE
S. pneumoniae
INFLUENZA
INFLUENZA
Pneumoimagem.com.br – acesso em 10/06/2016
S. pneumoniae
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Pneumocistose
RAIO-X E QUADRO CLÍNICO
Não ajuda a
definir agente
etiológico!
Infecções Respiratórias
1. Sem alteração de mortalidade
2. Sem alteração de falha terapêutica
3. Redução no tempo de antibiótico
• < 3,47 dias no total
• < 3,98 dias nas PAC
CAUSAS DE AUMENTO
NA PROCALCITONINA
UpToDate, Diagnostic approach to community-acquired
pneumonia in adult, acesso em 14/08/2017
APÓS INÍCIO DETERAPIA
1. Posso descalonar?
2. Posso passar para via oral?
3. Posso dar alta?
4. Posso suspender o ATB?
5. Repetir RX  Após 2-3 meses se fatores de risco para
neoplasia
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  • 1. CASO 7 PNEUMONIA COMUNITÁRIA DR BERNARDO MONTESANTI MACHADO DE ALMEIDA SERVIÇO DE EPIDEMIOLOGIA – COMPLEXO HOSPITAL DE CLÍNICAS CURITIBA, 15 DE AGOSTO DE 2017
  • 2. CASO CLÍNICO • Masculino, 26 anos, previamente hígido • Iniciou há 2 dias com tosse, febre, tremores e dor torácica. Evoluiu com dispneia • FR=32ipm, PA=90x65mmHg, FC = 110bpm, T=38,2oC, SatO2=89% • MV+ com crepitação em base direita
  • 3. O QUE PRECISO SABER PARA INDICAR A TERAPIA ADEQUADA? 1. Qual a topografia? 2. É grave? 3. Quais são os patógenos mais comumente envolvidos nessa infecção? 4. Qual o perfil de sensibilidade desses patógenos no meu meio? 5. Há fatores de risco para algum patógeno específico?
  • 4. RACIOCÍNIO CLÍNICO NA PNEUMONIA 1. Quadro Clínico 2. Exames complementares 3. Epidemiologia sintomas sinais amostras clínicas radiologia ✓ Sazonalidade ✓ Circulação das doenças ✓ Viagens ✓ Hábitos de vida ✓ Contatos com pessoas com doença FATORES DE RISCO
  • 5. CLÍNICA SINTOMAS • “Febre” • Calafrios – 40-50% • Tosse • Dispneia • Dor pleurítica – 30% • Sintomas gastrointestinais • Alteração no nível de consciência SINAIS • Febre – 80% • Taquipneia – 45-70% • Taquicardia • Estertores LABORATÓRIO • Leucocitose * • Desvio à esquerda *
  • 6. RADIOLOGIA • RX é considerado o PADRÃO OURO! • Deve ser pedido SEMPRE que possível • Causas de falsos-negativos (7%) 1. Desidratação 2. Imunossuprimidos • Tomografia não deve ser rotina Não ajuda a definir agente etiológico!
  • 7.
  • 8. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO Consciência - nova alteração Uréia - > 50mg/dl Respiração – FR ≥ 30 ipm Blood pressure – PAS < 90 ou PAD ≤ 60mmHg 65 - Idade ≥ 65 anos CURB 65 0-1 2 ≥3 Mortalidade = 1,5% Risco Baixo Mortalidade = 9,2% Risco intermediário Mortalidade = 22% Risco Alto Considerar tratamento ambulatorial Considerar internamento Considerar internamento em UTI (pp se ≥ 4) 1. PSI 2. CURB-65 3. CRB-65 4. SCAP
  • 9. CASO CLÍNICO • Masculino, 26 anos, previamente hígido • Iniciou há 2 dias com tosse, febre, tremores e dor torácica. Evoluiu com dispneia • FR=32ipm, PA=90x65mmHg, FC = 110bpm, T=38,2oC, SatO2=89% • MV+ com crepitação em base direita
  • 10. ATENTAR PARA SINAIS CRÍTICOS 1. Hipoxemia • SatO2< 92% • Gasometria (relação pO2/FIO2 < 300) 2. Sinais sistêmicos • Alteração nível de consciência • Disfunções orgânicas (insuf renal; insuf hepática) • Instabilidade hemodinâmica • Lactato alto
  • 11. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO 1. PSI 2. CURB-65 3. CRB-65 4. SCAP Quem precisa de estratificação? • Ventilação Mecânica • Choque + Droga vasoativa • SatO2 < 90% (ou 92%)
  • 12. DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO • Típicas (19,3 – 72,6%) • S.treptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis • Atípicas (9,8 – 15,7%) • Legionella spp, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae • Vírus (10,1 - 71,4%) • Influenza (11,3 - 17,3%) • VSR, Rinovírus β-lactâmico Macrolídeo Oseltamivir Dx etiológico em 38-87%  Nos estudos clínicos (Vida real é incomum)
  • 13. ESQUEMASTERAPÊUTICOS LOCAL DO ATENDIMENTO ESQUEMATERAPÊUTICO Duração Ambulatorial (VO) - Amoxicilina 500mg de 8/8h 875mg de 12/12h + Azitromicina 500mg/dia* 5 – 7 dias (afebril por 48h) 3 dias - Levofloxacino 750mg** 5 dias Internado - Ceftriaxona 2g/dia - Amoxicilina/Clavulanato 500/125mg de 8/8h - Amoxicilina/Clavulanato 875/125mg de 12/12h + Azitromicina 500mg/dia* 5 – 7 dias (afebril por 48h) 3 dias - Levofloxacino 750mg** 5 dias Fatores de risco para Pseudomonas - Cefepima - Piperacilina/tazobactam - Ciprofloxacino - Carbapenêmico 14 dias * Pode ser substituído por claritromicina ou eritromicina ** Pode ser substituído por outra quinolona respiratória, como moxifloxacino Em época de influenza  Associar oseltamivir
  • 14. DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO INDICAÇÃO = CASOS GRAVES 1. Hemoculturas = 7-16% • Infecções bacterianas (pp pneumococo) 2. Escarro * = controverso • Válido somente para coletas bem feitas de via aérea inferior • Mesmo assim, Sensibilidade e Especificidade são muito variáveis 3. Antígeno urinário • Pneumococo e Legionella 4. PCR • Infecções bacterianas • Vírus Não há necessidade de investigação etiológica em casos ambulatoriais Terapia empírica
  • 15. ETIOLOGIA DE PAC EM PACIENTES INTERNADOS Jain S. et al; Community-Acquired Pneumonia Requiring Hospitalization among U.S.Adults; N Engl J Med 2015;373:415-27. DOI: 10.1056/NEJMoa1500245
  • 17. ETIOLOGIA DE PAC EM PACIENTES INTERNADOS Jain S. et al; Community-Acquired Pneumonia Requiring Hospitalization among U.S.Adults; N Engl J Med 2015;373:415-27. DOI: 10.1056/NEJMoa1500245
  • 18. “PISTAS” PARA O DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO Fator de risco Etiologia Implicação terapêutica Fatores de risco para BMR Internamento recente (3 meses) Uso de antibiótico (3 meses) Contato frequente com instituições de saúde (hemodiálise) Paciente instituicionalizado De acordo com epidemiologia local Pneumopatia (bronquiectasia; fibrose cística; DOC grave) S. aureus, Pseudomonas Cefepima OU Piperacilina/Tazobactam OU Ceftazidima OU Carbapenêmico OU Quinolona Circulação viral Influenza Oseltamivir Imunossupressão TB, pneumocistose RHZE Sulfametoxazol/trimetropim Rebaixamento do nível de consciência (PNM aspirativa) anaeróbios, BGN Ceftriaxona β-lactâmico + inibidor β-lactamase Ceftriaxona + Clindamicina Abscesso pulmonar TB, S. aureus, anaeróbios β-lactâmico + inibidor β-lactamase RHZE Contato com morcegos Histoplasmose Itraconazol Tosse subaguda + gincho + vômitos Coqueluche Sulfametoxazol/trimetropim Macrolídeo Viagens
  • 26. RAIO-X E QUADRO CLÍNICO Não ajuda a definir agente etiológico!
  • 27. Infecções Respiratórias 1. Sem alteração de mortalidade 2. Sem alteração de falha terapêutica 3. Redução no tempo de antibiótico • < 3,47 dias no total • < 3,98 dias nas PAC
  • 28. CAUSAS DE AUMENTO NA PROCALCITONINA UpToDate, Diagnostic approach to community-acquired pneumonia in adult, acesso em 14/08/2017
  • 29. APÓS INÍCIO DETERAPIA 1. Posso descalonar? 2. Posso passar para via oral? 3. Posso dar alta? 4. Posso suspender o ATB? 5. Repetir RX  Após 2-3 meses se fatores de risco para neoplasia